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Fichamento Alexis de Tocqueville

"Tocqueville: sobre a liberdade e a igualdade" é o título do quinto capitulo da obra "Os


Clássicos da Política" escrita pelo professor e cientista político brasileiro, Francisco
Weffort. O autor desenvolve através deste capítulo um resumo preciso das obras de
Tocqueville, pontuando as principais ideias defendidas pelo pensador.

A princípio, logo no primeiro parágrafo, Weffort explícita a importância de conectar os


debates à respeito da liberdade, igualdade e democracia em Tocqueville, tendo em
vista que estes conceitos são a base de seu pensamento.

A partir disso, Tocqueville desenvolve sua análise sociopolítica estudando as realidades


vividas por diferentes países naquele época. Seu trabalho consistia na análise histórica,
política, social e do presente, por vezes fazendo estimativas de um cenário futuro.
Como pode-se observar em: "Há hoje no mundo dois grandes povos que, tendo partido
de pontos diferentes, parecem avançar para o mesmo fim: esses são os russos e os
americanos... Seu ponto de partida é diferente, seus caminhos são diferentes; no
entanto, cada um deles parece convocado, por um desígnio secreto da Providência, a
deter nas mãos, um dia, os destinos de metade do mundo." (Tocqueville, 1961, p. 4301
apud Wefford, 2002, p. 152). Este trecho é conhecido por ser uma de suas análises
mais famosas, visto que este cenário veio a se concretizar na segunda metade do
século XX.

Por conseguinte, o autor adentra em seu primeiro tópico de discussão, "Democracia:


um processo universal", e continua introduzindo o leitor aos princípios das obras de
Tocqueville, ressaltando a importância das interpretações sociopolíticas para a
compreensão da realidade de um povo. Logo, expõe uma das preocupações de
Tocqueville, que o desenvolvimento sem controle da igualdade impeça ou atrapalhe as
liberdades individuais, e, sobretudo, a partir disso possibilite o exercício de uma
Tirania da Maioria e consecutivamente o nascimento de um Estado autoritário-
despótico.

Para ele, o resultado de um igualitarismo desenfreado seria a criação de uma


sociedade de massa, nesse sentido, seu temor era de que as vontades da maioria se
sobreponha aos das minorias.

No entanto, apesar de deixar evidente sua opinião sobre este assunto, ele esclarece
que tão pouco defende o individualismo: "Individualismo que, para ele, é criado e
alimentado pelo desenvolvimento do industrialismo capitalista, onde o interesse mais
alto é o lucro, a riqueza. Pregando francamente a favor de uma moralidade que se
confunda com a política, Tocqueville procura demonstrar que os cidadãos, à medida
que se dedicam cada vez mais aos seus afazeres enriquecedores, vão
concomitantemente abandonando seu interesse pelas coisas públicas. Dessa forma,
acabam por facilmente deixar-se conduzir. Isto é, terminam por possibilitar, nesse
descaso pelas atividades políticas, o estabelecimento de um Estado que aos poucos
tomará para si todas as atividades. Esse Estado começará por decidir sozinho sobre
todo assunto público, mas aos poucos irá também intervir nas liberdades
fundamentais. É assim que ele vê, no seio da democracia, surgir o germe de um Estado
autoritário e mesmo tirânico ou despótico." (WEFFORT, F. Os Clássicos da Política. São
Paulo: Ática, 2002. Cap 5, p. 155-156).

Em suma, nota-se que para sustentar seu discurso, parece haver uma oposição a
polarização do debate, ele procura não fundamentar seu argumento apenas em um
lado da balança.

Observando este cenário, Tocqueville vai afirmar que, tanto a atividade política por
parte dos cidadãos, quanto a manutenção das Instituições políticas é que serão
responsáveis por evitar a ameaça ao desenvolvimento da democracia, de um Estado
autoritário e de uma sociedade massificada.

O exercício da cidadania, nesse sentido, é fundamental para que não haja


centralização administrativa por parte do Estado. Portanto, a falta de vigilância quanto
aos assuntos públicos somado ao poder centralizado do Estado terá por resultado um
Estado despótico.

O Estado despótico, nesse sentido, estaria governando essa sociedade massificada de


acordo com seus próprios interesses individuais: "apenas preocupado com suas
pequenas atividades particulares de caráter enriquecedor para os mais abastados ou
apenas de sobrevivência para os mais pobres." (WEFFORT, F. Os Clássicos da Política.
São Paulo: Ática, 2002. Cap 5. p, 156).

Logo, o autor ressalta a importância de instituições e associações sociais que


promovam a descentralização do poder e um maior envolvimento dos cidadãos no
asseguramento de seus direitos.

Nesse sentido, a existência de uma Constituição que conteria as leis que irão promover
esses direitos.

Contudo, ele afirma que a igualdade e a liberdade não correm em direções opostas,
pelo contrário, ele faz um relação direta entre igualdade e democracia, no qual, o
desenvolvimento da igualdade ocorre junto com a conservação da liberdade, a
democracia sendo um ato inevitável pois é a vontade divina constituindo a sociedade
humana, "é universal, dúravel e todos os acontecimentos, como todos os homens,
servem ao seu desenvolvimento. Querer parar a democracia pareceria então lutar
contra Deus." (WEFFORT, F. Os Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 2002. Cap 5. p.
154).

Embora admita que seus conceitos de democracia foram desenvolvidos a partir de


observações de processos históricos norte-americanos, ele afirma que cada nação têm
a tendência de avançar para um processo democrático, porém cada um a seu modo,
tudo depende da ação política de seu povo.

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