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APRENDIZAGEM EM FOCO

GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


DE FONTES ALTERNATIVAS
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes
Leitura crítica: Paulo Takao Okigami

A matriz energética brasileira é composta majoritariamente por


fontes renováveis, com destaque para a fonte hidráulica. Porém,
existem outras fontes, chamadas de alternativas, que estão
aumentando a sua participação na matriz energética nacional.
Entre elas, as mais relevantes são a eólica, solar fotovoltaica e de
biomassa. Assim, conhecê-las é um passo fundamental para o
profissional que trabalha com sistemas elétricos de potência.

Apresentando a perspectiva das fontes de energia utilizadas no


País, esta disciplina tem como objetivo apresentar e dar subsídio
para o projeto de sistemas de geração baseados em fontes
alternativas. Dessa forma, serão apresentados as características
de uma central geradora eólica, os tipos de turbinas e os
elementos que constituem um aerogerador utilizado para a
conversão da energia cinética dos ventos em energia elétrica.

Além da energia eólica, a disciplina apresentará os conceitos


que visam permitir o projeto de um sistema de geração solar
fotovoltaico, evidenciando as tecnologias e topologias possíveis,
bem como o dimensionamento desse tipo de sistema. Ainda,
dentro das fontes alternativas, abordaremos o aproveitamento
da biomassa para a geração de eletricidade, apresentando a
estrutura de uma central geradora que utiliza essa fonte, bem
como as fontes de biomassa mais comuns no território nacional.

Uma boa parcela das centrais geradoras que utilizam fontes


alternativas para a geração de energia elétrica é conectada
diretamente à rede de distribuição, caracterizando a chamada

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geração distribuída, que será outro tópico tratado na disciplina.
Assim, além de conhecer como é a geração de energia a partir
de fontes alternativas, falaremos como esses geradores podem
ser ligados à rede e qual a regulamentação aplicada. Portanto,
a disciplina permitirá que você desenvolva conhecimentos
relevantes sobre a operação de diversos tipos de sistemas de
geração e conheça como a geração distribuída funciona, estando
apto a trabalhar com tais tópicos.

Bons Estudos!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

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TEMA 1

Energia eólica

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes
Leitura crítica: Paulo Takao Okigami

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

A utilização de fontes renováveis para a geração de energia


elétrica vem aumentando a cada ano e a utilização da energia
eólica figura como uma das opções desse tipo de fonte. Assim,
com o passar dos anos, foram criadas novas tecnologias para a
utilização dos ventos na geração de eletricidade.

Tudo se iniciou com os moinhos utilizados para o processamento


de alimentos, os quais foram adaptados para a geração de
energia elétrica. A partir daí, os aerogeradores, como conhecemos
atualmente, começaram a ser desenvolvidos e utilizados para a
geração de energia elétrica em grande escala. Uma linha do tempo
com os principais acontecimentos relacionados à energia eólica é
apresentada na Figura 1.

Figura 1 - Linha do tempo do desenvolvimento da energia


eólica mundial

Fonte: adaptada de Pinto (2013).

No processo de evolução dos sistemas eólicos, podem ser citados


alguns grandes inventores, como Charles F. Brush, que criou em

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1888 o primeiro moinho de vento para gerar eletricidade em
grande escala nos EUA, e Poul la Cour, que foi responsável pela
construção de mais de 100 aerogeradores entre 1891 e 1918 na
Dinamarca. Em conjunto com outros inventores, eles conseguiram
consolidar a energia eólica como uma fonte de energia limpa e
sustentável, com impacto ambiental praticamente nulo (PINTO,
2013).

Para a instalação de uma central eólica é necessário o estudo


do local a fim de definir a sua viabilidade. Esse processo tem
como objetivo verificar a velocidade dos ventos na região e
sua constância, para que os aerogeradores possam funcionar
do modo mais eficiente possível. Dessa forma, é necessário
consultar um atlas eólico que indique as características do vento
de forma macrorregional e posteriormente é necessário fazer
uma avaliação in loco, para garantir o potencial eólico da região.
O estudo da velocidade do vento é importante, pois se relaciona
com a potência do vento de forma cúbica e, com isso, o aumento
de 1 m/s na velocidade do vento causa um grande aumento na
potência gerada pelo sistema.

Definido o local de instalação, deve-se escolher o tipo de turbina,


podendo ser de eixo rotacional horizontal, paralelo ao solo, ou
vertical, perpendicular ao solo. Atualmente, devido a sua maior
eficiência, as turbinas horizontais em formato de hélice com três
pás são as mais utilizadas. Um fator importante que contribui para
a utilização desse tipo de turbina é a possibilidade do ajuste do
ângulo das pás, permitindo o controle da velocidade de rotação e
da potência gerada, conforme a velocidade do vento.

As turbinas em conjunto com diversas outras partes compõem


o aerogerador. Uma das principais partes é a nacela, na qual
a turbina é acoplada e que abriga a caixa de engrenagens e o
gerador elétrico. Ela possui ainda um sistema que permite a

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rotação da estrutura para que ela e a turbina fiquem sempre
voltadas para o sentido do vento, como forma de maximizar o
aproveitamento.

Para a conversão da energia mecânica gerada pela turbina eólica


em energia elétrica, é utilizado um gerador elétrico. Podem ser
utilizados geradores de corrente contínua, de imã permanente,
síncronos e de indução (assíncrono) com diversos arranjos
possíveis.

Quanto ao sistema de controle, a turbina eólica pode operar


basicamente de duas formas diferentes, com velocidade fixa
ou variável. Como a intensidade do vento varia com o tempo, o
maior aproveitamento de energia acontece no funcionamento
com velocidade variável. Nesse caso, é necessário um inversor de
frequência na saída do gerador para garantir que a frequência do
sinal de saída seja sempre constante e possa ser aplicada na rede.

Outro elemento que é crítico na operação de um aerogerador


é a caixa de engrenagens, que tem como objetivo multiplicar
a velocidade de rotação do eixo da turbina para ser aplicada
no gerador. Esse elemento possui grandes dimensões e peso,
fazendo com que a sua retirada favoreça o projeto estrutural do
aerogerador. Assim, foram criadas topologias com diferentes
modelos de geradores que eliminam a caixa de engrenagens,
tornando a nacela menor e reduzindo o custo do projeto.

Por ser uma fonte energética em alta, o estudo da energia eólica


e dos parâmetros relacionados ao projeto de aerogeradores e
sua instalação são extremamente importantes para profissionais
que trabalham com eletrotécnica. Com isso, conhecer os tipos de
geradores que são utilizados, as principais topologias existentes
e ter uma visão geral do mercado eólico torna você mais bem
capacitado para o mercado de trabalho.

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Referências bibliográficas

PINTO, M. O. Fundamentos de energia eólica. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

PARA SABER MAIS

A energia eólica figura entre as fontes mais baratas para a


geração de energia elétrica utilizando fonte renovável. Porém,
como todo sistema eletromecânico, os aerogeradores também
necessitam de manutenções periódicas. Tais manutenções,
juntamente com os custos de aquisição e instalação, compõem
o custo de uma central de geração eólica.

Para discutirmos os custos existentes para a implantação


e operação de um sistema de geração eólica, é importante
sabermos que existem dois tipos de centrais eólicas: as onshore,
que ficam instaladas na terra, e as offshore, que são instaladas
em alto-mar. Devido à dificuldade de acesso, entre outros
fatores, a central eólica offshore possui um custo total mais alto
que a onshore. Contudo, ela se beneficia dos ventos constantes
e de alta velocidade que ocorrem em alto-mar.

Quando se trata de centrais eólicas onshore, o custo de


instalação gira em torno de 1.300 a 1.500 EUR/kW, já os custos
operacionais e de manutenção estão entre 33 e 50 EUR/kW.
Para as centrais eólicas offshore, o custo de instalação fica em
torno de 3.000 EUR/kW e de operação e manutenção em 70
EUR/kW. É importante lembrar que os valores apresentados são
aproximados e valem apenas como uma referência em relação
a sua ordem de grandeza, podendo variar com o tempo e com o
surgimento de novas tecnologias.

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Com isso, é possível elencar alguns fatores que afetam
a viabilidade econômica de um projeto de geração de
eletricidade a partir da energia eólica. Um deles é o local de
instalação, que deve apresentar ventos constantes e com alta
velocidade. Além disso, devem ser ponderados o custo do
aluguel do espaço, os gastos com a fundação e a instalação
do aerogerador e a distância do local à rede elétrica, o que
pode gerar custo adicional com linhas de transmissões. Um
outro fator determinante são os parâmetros da máquina,
podendo o custo da turbina ser diminuído razoavelmente com o
dimensionamento correto do tamanho do sistema.

TEORIA EM PRÁTICA

Considere que você foi recém-contratado para trabalhar no


projeto e na instalação de centrais eólicas para a geração de
energia elétrica no Brasil e a empresa em que trabalha ganhou
uma licitação do Governo Federal para realizar um estudo
de viabilidade e projeto para instalação de novas centrais
eólicas onshore no país. Assim, cabe a você determinar quais
áreas do território nacional estão aptas para a instalação de
centrais eólicas e como é possível garantir o potencial eólico
de tais localidades e em quanto tempo. Além disso, você
deve determinar qual a potência dos aerogeradores a serem
utilizados e indicar qual topologia de gerador elétrico será
utilizada. Para esse trabalho, você pode utilizar qualquer área
do território nacional, exceto a região nordeste, pois esta já
possui um grande parque eólico.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

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FUNDAMENTAL
Indicações de leitura
Autoria: Nome do autor da disciplina
Leitura crítica: Nome do autor da disciplina
Indicação 1

A utilização da energia eólica na geração de eletricidade apresenta


diversos pormenores e características únicas. Para ter acesso às
principais informações relacionadas a essa forma de geração,
consulte o Capítulo 8, Energia eólica, da obra de Moreira. Lá você irá
encontrar desde o histórico dessa fonte de energia até os fatores
ambientais e econômicos relacionados a seu uso. Para realizar
a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, disponível na
Biblioteca Virtual da Kroton.

MOREIRA, J. R. S. (Org.) Energias renováveis, geração distribuída e


eficiência energética. Rio de Janeiro: LTC, 2017. cap. 8, p. 160-186.

Indicação 2

Em um parque de geração eólica, vários aerogeradores estão


dispostos próximos uns aos outros; assim, é importante
ter atenção em relação ao fluxo gerado atrás da turbina e à
disposição espacial dos aerogeradores. Para se aprofundar no
assunto, consulte o Capítulo 10, Esteira de uma turbina eólica, da
obra de Pinto. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Minha
Biblioteca, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton.

PINTO, M. O. Fundamentos de energia eólica. Rio de Janeiro:


LTC, 2013. cap. 10, p. 177-185.

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QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes
neste Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em
Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas,
além de questões de interpretação com embasamento no
cabeçalho da questão.

1. Sobre as características dos ventos, considere o trecho


apresentado a seguir:

A energia presente no vento é a energia _______, decorrente


da movimentação das massas de ar. Essa energia será
posteriormente convertida em energia elétrica pelo
aerogerador.

Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna


presente no texto.

a. Cinética.
b. Elétrica.
c. Mecânica.
d. Nuclear.
e. Potencial.

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2. O aerogerador é o conjunto responsável por gerar energia
elétrica a partir dos ventos e possui diversas partes.

Assinale a alternativa que indica o nome dado à estrutura


que abriga os elementos eletromecânicos do aerogerador,
como o gerador e a caixa de engrenagens, e fica alocado
sobre a torre de sustentação.

a. Turbina eólica.
b. Nacela.
c. Freio.
d. Caixa de câmbio.
e. Anemômetro

GABARITO

Questão 1 - Resposta A
Resolução: Substituindo o trecho com a palavra correta,
temos: “A energia presente no vento é a energia cinética,
decorrente da movimentação das massas de ar. Essa energia
será posteriormente convertida em energia elétrica pelo
aerogerador”.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: A nacela é a estrutura que abriga o gerador
elétrico, a caixa de engrenagens da turbina e o gerador. Ela
fica montada sobre a torre e possui também um sistema de
controle de direção.

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TEMA 2

Energia solar fotovoltaica

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes
Leitura crítica: Paulo Takao Okigami

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

Entre os sistemas de geração de energia elétrica renovável, a


geração solar fotovoltaica tem obtido posição de destaque devido
a sua simplicidade, durabilidade e baixa taxa de manutenção.
Isso pode ser comprovado ao se verificar o grande número de
sistemas de microgeração que estão sendo instalados pelos
usuários consumidores com o objetivo de minimizar suas contas
de energia.

Em um sistema fotovoltaico, o elemento que faz a geração da


energia elétrica é o painel fotovoltaico, que é constituído pelo
agrupamento de diversas células fotovoltaicas capazes de gerar
energia elétrica quando expostas à radiação solar. Essas células
são fabricadas com materiais semicondutores dopados, que
geram corrente elétrica ao ficarem expostos à luz solar.

É importante frisar que o painel fotovoltaico gera energia


em corrente contínua (CC), porém a grande maioria dos
equipamentos elétricos existentes comercialmente opera em
corrente alternada (CA). Assim, em um sistema de geração
fotovoltaico, é necessária a utilização de um inversor, que faz a
conversão de corrente CC para CA.

A partir desses dois elementos principais, os sistemas de geração


podem se dividir em dois tipos, os autônomos (offgrid) e os
conectados na rede elétrica (ongrid). Os sistemas ligados na rede
funcionam com o objetivo de gerar energia para o consumo local,
reduzindo ou eliminando o consumo de energia da rede, ou até
gerando excedente de energia. Esse tipo de geração necessita
apenas dos painéis solares e do inversor.

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Já no sistema de geração autônomo, que possui seu diagrama
apresentado na Figura 1, são necessários, além dos painéis e
do inversor, baterias e um controlador de carga, uma vez que
o sistema de geração não opera durante o dia todo e as cargas
ligadas a ele devem ser alimentadas a qualquer momento.

Figura 1 – Sistema solar fotovoltaico autônomo com esquema


de funcionamento do efeito fotovoltaico e carregamento de
baterias de lítio

Fonte: traduzido de ser_igor/iStock.com.

Ainda na Figura 1, é possível perceber a presença do esquema de


funcionamento de uma célula solar, com a forma que os materiais
semicondutores são dispostos, e como é realizado o processo de
carga de uma bateria de lítio, indicando os materiais utilizados e o
fluxo dos elétrons.

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Perceba que os sistemas fotovoltaicos utilizam poucos
componentes e a sua implementação é simples, porém existem
diversos detalhes que devem ser considerados para garantir um
projeto final de qualidade. Assim, conhecer todos os aspectos
relacionados a esse tipo de sistema é fundamental.

PARA SABER MAIS

O sistema fotovoltaico pode operar de forma autônoma ou


conectado à rede elétrica. Quando está ligado à rede (ongrid), o
sistema tem por objetivo injetar energia na rede durante o dia
e consumi-la durante a noite ou em momentos sem radiação
solar, gerando uma fatura de energia elétrica mínima para o
usuário. Essa lógica é utilizada em sistema de microgeração,
que está sendo largamente instalado por pequenos
consumidores residenciais e comerciais do país. Assim, devido
à conjuntura atual, é importante conhecer como é feito o
dimensionamento de um sistema desse tipo.

O primeiro passo no dimensionamento de um sistema ongrid


é determinar quanto de energia deseja-se produzir. Aqui são
levados em conta o consumo médio mensal da instalação e o
quanto da demanda se deseja suprir, o espaço disponível para
a instalação dos painéis e o investimento que o consumidor
pode realizar em seu sistema fotovoltaico. Para isso, é
importante conhecer a fatura de energia elétrica do consumidor
e o local físico de instalação, que já irá auxiliar na determinação
dos parâmetros do próximo passo.

O segundo passo é o dimensionamento do número de painéis


fotovoltaicos que serão necessários para gerar a quantidade de
energia determinada no passo anterior. Selecionado o modelo

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de painel a ser utilizado, podem ser aplicados dois métodos
para a determinação da energia gerada efetivamente por cada
painel. Um deles é o método da insolação, em que se considera
a insolação diária do local de instalação para o cálculo da
energia produzida por painel (Ep), conforme a Equação 1:

Ep 
Es  AM  nm

Em que Es é a insolação diária (Wh/m²/dia); AM é a área da


superfície do painel (m²); e h M é a eficiência do painel.

O valor da insolação depende do local e da época do ano,


assim, para efeitos práticos, deve-se ponderar a utilização
da média anual para evitar faltas ou sobras na capacidade
produtiva. Os valores da insolação podem ser encontrados
em ferramentas computacionais, como os softwares PV*SOL,
PVSYST, Helioscope e Solergo, que também auxiliam no projeto
do sistema, ou em atlas solares.

O outro método para o cálculo, porém menos preciso e por


isso pouco utilizado, baseia-se na corrente máxima do painel,
considerando somente a quantidade de horas diárias de
insolação. Para esse método, a energia produzida pelo painel
diariamente é a potência do painel multiplicada pelas horas
diárias de insolação. Tendo em mãos a produção diária de
energia do painel, basta dividir a energia que deve ser gerada
pelo sistema pela energia gerada por painel, em um cálculo que
pode considerar um dia ou um mês. Com isso, será possível
chegar à quantidade de painéis necessária para a instalação.

O terceiro e último passo de dimensionamento é a escolha


do inversor a ser utilizado, considerando a tensão de circuito
aberto da string de painéis e a potência de pico do conjunto
de painéis. Em geral, esses dois parâmetros são levemente

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superdimensionados como uma forma de garantir a segurança
na operação do sistema de geração.

Perceba que o projeto de um sistema fotovoltaico conectado à


rede possui apenas três grandes passos, porém existem alguns
outros detalhes que devem ser levados em consideração. Os
principais são os dispositivos de proteção necessários e a
estrutura mecânica necessária para a instalação dos painéis,
a fim de garantir a maior eficiência possível na produção de
energia.

TEORIA EM PRÁTICA

Analisando o mercado energético atual, você verificou que


existem regiões próximas à cidade onde mora que não
possuem acesso à rede elétrica. Assim, resolveu abrir uma
empresa de projetos e instalação de sistemas fotovoltaicos
autônomos. Para seu primeiro cliente, você deve realizar
o dimensionamento de um sistema para atender a duas
lâmpadas de 30 W ligadas durante 10 horas por dia, um
televisor de 100 W ligado 8 horas por dia e um refrigerador com
consumo médio de 80 W. A tensão da instalação dos aparelhos
é de 127 V e seu cliente quer que o sistema seja autossuficiente
por pelo menos 2 dias em um local com 5 horas diárias de
insolação. Como você pode realizar o projeto desse sistema?
Qual e quantos painéis solares irá utilizar? Qual será o arranjo
dos painéis e do banco de baterias? Qual tipo de controlador
utilizar? Para desenvolver esse projeto, você deve responder a
essa e outras perguntas indicando todos os componentes que
devem ser utilizados nesse sistema para que a necessidade do
cliente seja atendida.

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Para conhecer a resolução comentada proposta pelo
professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Os sistemas fotovoltaicos podem operar de duas formas,


ligados na rede ou de forma autônoma. Cada uma dessas
formas de operação possui seus pormenores, suas vantagens
e suas desvantagens, que implicam em uma maior ou menor
dificuldade de projeto, manutenção e operação. Isso impacta
no custo de instalação e auxilia na identificação do melhor
tipo de sistema para cada usuário. Para saber mais sobre o
assunto, conhecendo a fundo as vantagens e desvantagens de
cada forma de operação, consulte o Capítulo 10, Configurações,
Monitoramento e Teste de Sistemas Fotovoltaicos, do livro
de Balfour, Shaw e Nash. Para realizar a leitura, acesse a
plataforma Minha Biblioteca, disponível na Biblioteca Virtual da
Kroton.

BALFOUR, J.; SHAW, M.; NASH, N. B. Introdução ao projeto de


sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro: LTC, 2016. cap. 10, p.
209-234.

Indicação 2

Além da energia solar ser convertida em energia elétrica


utilizando-se painéis fotovoltaicos, podem ser utilizadas outras

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formas de conversão. Para conhecê-las e para uma consulta
rápida sobre a geração fotovoltaica, consulte o Capítulo 4,
Sistemas Solares para Geração de Eletricidade, do livro de Reis.
Lá você vai encontrar os principais aspectos sobre os sistemas
fotovoltaicos autônomos, além de exemplos de projetos que
podem auxiliá-lo em trabalhos futuros. Para realizar a leitura,
acesse a plataforma Biblioteca Virtual 3.0/Pearson, disponível na
Biblioteca Virtual da Kroton.

REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri, SP:


Manole, 2011. cap. 4, p. 211-240.

QUIZ
Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a
verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Quando a luz, ou a radiação eletromagnética, do sol incide


sobre uma célula composta de materiais _______ com
propriedades específicas, acontece o efeito _______, permitindo
a conversão direta da luz em eletricidade.

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas


presentes no texto, respectivamente.

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a. Condutores; termoelétrico.
b. Semicondutores; fotovoltaico.
c. Isolantes; peltier.
d. Semicondutores; termoelétrico.
e. Condutores; fotovoltáico.

2. A tensão e a corrente de saída de um painel fotovoltaico


dependem de diversos fatores, que irão indicar o seu ponto de
operação e sua eficiência na conversão de radiação solar em
energia elétrica.

Sobre o assunto, assinale a alternativa correta:

a. A corrente de curto-circuito ocorre quando os terminais do


painel estão em aberto.
b. A tensão de circuito aberto é obtida com a medição dos
terminais do painel em curto-circuito.
c. Até certo limite e dependendo do ponto de operação,
quanto maior for a radiação solar recebida pelo painel,
maior será a potência gerada.
d. O aumento da temperatura do painel solar causa um
aumento na tensão de saída.
e. A geração de energia solar por um painel fotovoltaico é a
mesma durante o dia e a noite.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: Completando as lacunas presentes no texto,
tem-se: “Quando a luz, ou a radiação eletromagnética,
do sol incide sobre uma célula composta de materiais

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semicondutores com propriedades específicas, acontece o
efeito fotovoltaico, permitindo a conversão direta da luz em
eletricidade”.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: A tensão de circuito aberto é obtida com a
medição dos terminais do painel sem carga ligada a eles.
A corrente de curto-circuito do painel ocorre quando seus
terminais são curto-circuitados. O aumento da temperatura
do painel solar causa uma redução da tensão de saída deste,
sendo algo indesejado. A geração de energia eletricidade
pelo painel fotovoltaico varia conforme a radiação solar,
sendo nula à noite, quando não há sol. Até certo limite e
dependendo do ponto de operação, quanto maior for a
radiação solar recebida pelo painel, maior será a potência
gerada.

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TEMA 3

Biomassa e Energia geotérmica

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes
Leitura crítica: Paulo Takao Okigami

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

Aquilo que é considerado resíduo em algumas situações pode


ser utilizado na geração de energia elétrica. É justamente nessa
afirmação que se baseia a utilização da biomassa para a geração de
eletricidade.

A biomassa é definida como sendo toda matéria orgânica, de origem


vegetal ou animal, aplicada na geração de energia elétrica, podendo
ser aproveitada nos mais diversos processos industriais. A Figura 1
ilustra algumas das fontes de biomassa que podem ser encontradas
e como se baseia o seu ciclo de uso, podendo algumas delas ser
utilizadas diretamente como combustíveis, enquanto outras devem
passar por algum tipo processamento, como ocorre com o biogás.

De acordo com a Figura 1, as principais fontes de biomassa são


a agroindústria, em especial a sucroalcooleira com o bagaço de
cana; a indústria de papel e celulose, com o licor negro e as cascas
de árvores; e a pecuária, com os resíduos orgânicos das criações
de animais. Tais resíduos são utilizados como combustível em
uma usina termoelétrica e alimentam consumidores industriais e
residenciais. Contudo, deve ficar claro que nem todos os resíduos,
sejam industriais ou urbanos, são combustíveis e podem ser
aproveitados na geração de energia elétrica.

As usinas termoelétricas que operam com a biomassa como fonte


de energia podem apresentar diversas etapas e formas de operação.
A mais comum é utilizar a queima do combustível para a geração de
vapor, que movimenta uma turbina acoplada a um gerador elétrico.
A queima pode ser feita ainda em uma turbina a gás ou então dentro
de um motor a combustão. A escolha da melhor forma de operação
depende da biomassa utilizada e seu poder calorífico.

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A principal biomassa utilizada atualmente no Brasil é o bagaço
de cana-de-açúcar, que é utilizado em sistemas de cogeração em
indústrias sucroalcooleiras. Nesses locais, a queima do bagaço gera
calor, o qual é aproveitado no processo produtivo e na geração de
energia elétrica. A eletricidade gerada é consumida pela própria
indústria e o excedente é injetado na rede elétrica.

Figura 1 – Fontes de biomassa para a geração


de energia elétrica

Fonte: adaptada de armckw/iStock.com.

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Além da biomassa, outra fonte de energia renovável que merece
destaque é a geotérmica, que aproveita o calor presente no
subsolo terrestre para a geração de energia elétrica. Essa fonte
de energia possui um impacto ambiental mínimo e utiliza o vapor
gerado pelo calor do solo para movimentar uma turbina, de forma
semelhante ao que acontece em uma usina termoelétrica. Apesar
de suas qualidades, essa fonte não é explorada no Brasil devido
à falta de pontos no território nacional com temperatura alta o
suficiente para ser aproveitada para a geração de eletricidade
(REIS, 2011).

Referências bibliográficas

REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri, SP:


Manole, 2011.

PARA SABER MAIS

Como já foi abordado, o bagaço de cana é uma das biomassas mais


utilizadas no Brasil para a geração de energia elétrica. Ele é utilizado
em um sistema de aquecimento e geração de energia de forma
combinada, operação chamada de cogeração. Nesse processo, as
usinas geram eletricidade suficiente para seu consumo e injetam o
excedente na rede.

As primeiras usinas que implantaram sistemas de geração utilizando


o bagaço tinham como objetivo somente sua autossuficiência,
empregando turbinas a vapor de média pressão (18 a 22 bar).
Dessa forma, o excedente de produção era muito pequeno. Porém,
com a liberalização do setor elétrico e com os incentivos às fontes
renováveis, houve um aumento do excedente na geração de

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energia, já que a disponibilidade de bagaço sempre foi maior que a
quantidade consumida. Para aumentar a eficiência na geração de
energia, houve um aumento na pressão de operação do sistema
para até 40 bar e em alguns casos para até 100 bar a partir de uma
mudança na tecnologia de tratamento do ciclo a vapor (MOREIRA,
2019).

Porém, um problema nessa forma de geração é que sua operação


ocorre com grande intensidade somente na safra da cana, com uma
grande redução no período de entressafra. Contudo, já existem
algumas usinas que além do bagaço estão aproveitando a palha da
cana para a geração de energia, aumentando o período de geração
de excedentes. Outras usinas já estudam formas de utilizar o bagaço
para a geração de biogás para então aproveitarem o gás durante
todo o ano (MOREIRA, 2019).

A forma mais utilizada para a produção de biogás ocorre


com a quebra biológica do material orgânico na ausência de
oxigênio, conhecida como digestão anaeróbica. Nesse processo,
microrganismos digerem a matéria-prima em um biodigestor,
produzindo biogás com uma concentração de 40% a 80% de metano.

Um biodigestor é composto por um local que abriga a matéria a ser


digerida, a qual é protegida do contato com o ar atmosférico. Ele
possui ainda sistemas para a entrada do material que será digerido
e para a descarga do efluente e um armazenador de biogás. Para
que a degradação da matéria-prima aconteça e o biogás seja gerado,
é necessário que fatores como temperatura, pH e umidade sejam
garantidos, a fim de maximizar a atividade das bactérias. O tempo
que o material orgânico fica no biodigestor varia de acordo com a
atividade das bactérias e o volume de matéria-prima inserido.

27
Referências bibliográficas
MOREIRA, J. R. S. (Org.). Energias renováveis, geração distribuída e
eficiência energética. Rio de Janeiro: LTC, 2019.

TEORIA EM PRÁTICA

Um dos setores que mais utilizam a biomassa para a geração de


energia elétrica é o sucroalcooleiro. Assim, considere que você faz
parte de uma empresa de instalação de sistemas de geração de
eletricidade utilizando fontes alternativas que foi contratada por uma
usina de açúcar e álcool. Você deve fazer um planejamento e indicar
a topologia do sistema de geração que pode ser utilizada nessa usina,
a fim de aproveitar melhor o bagaço da cana, que até então tinha
uma parcela queimada para o fornecimento de energia térmica para
os processos internos da própria usina, enquanto o restante era
descartado. Qual tipo de sistema de geração de eletricidade deve ser
utilizado? É possível aproveitar o sistema térmico já existente? Qual
ciclo de trabalho será utilizado nesse sistema de geração?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Devido à característica agroindustrial que o Brasil possui, é


possível encontrar muitas indústrias desse tipo por aqui. Havendo

28
uma grande quantidade de indústrias, há uma grande quantidade
de resíduos sendo gerados, os quais podem ser aproveitados para
a geração de energia elétrica. Para conhecer mais sobre o assunto,
consulte o Capítulo 1, Panorama do Uso da Bioenergia no Brasil, no
livro de Villela, Rosa e Freiras. Lá você irá encontrar como é feito o
aproveitamento do bagaço de cana para a geração de eletricidade
e o papel do etanol e dos óleos vegetais na matriz energética
brasileira. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca
Virtual 3.0/Pearson, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton.

VILLELA, A. A.; ROSA, L. P.; FREIRAS, M. A. V. (Org.). O uso de


energia de biomassa no Brasil. Rio de Janeiro: Interciência, 2015.
cap. 1, p. 1-40.

Indicação 2

A biomassa pode ter diversas origens, a partir de diversos tipos


de resíduos, sejam eles urbanos, rurais ou agroindustriais.
Dependendo do tipo de resíduo, existe uma forma melhor de
aproveitá-lo para a geração de energia elétrica. Para ter uma visão
geral sobre o que é a biomassa e como ela pode ser aproveitada
para a geração de eletricidade, consulte o Capítulo 2, Biomassa
como fonte de energia, do livro de Goldemberg e Paletta. Lá
você terá um ótimo material sobre o tema, de forma objetiva e
completa, e sobre os principais pontos dessa fonte de energia.
Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual 3.0/
Pearson, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton.

GOLDEMBERG, J.; PALETTA, F. C. (Org.). Energias Renováveis. São


Paulo: Blucher, 2012. cap. 2, p. 23-32.

29
QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes
neste Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em
Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas,
além de questões de interpretação com embasamento no
cabeçalho da questão.

1. A biomassa é muito conhecida devido ao seu potencial de


geração de energia elétrica e por ser facilmente obtida,
tornando-se uma opção altamente rentável energeticamente.

Sobre a biomassa, assinale a alternativa correta.

a. A biomassa é todo ser vivo, desde insetos até o ser humano,


que geram calor para o ambiente, o qual é aproveitado para a
geração de eletricidade.
b. A biomassa é definida como sendo todo resíduo industrial
gerado pela indústria petroquímica, como óleos e gases
variados derivados do petróleo.
c. A biomassa é definida como sendo toda matéria orgânica, de
origem vegetal ou animal, existente na natureza ou gerada
pelo homem/animais.
d. A biomassa tem como característica a utilização de madeira
de alta qualidade para geração de energia, causando o
desmatamento de grandes áreas.

30
e. A biomassa é gerada a partir da decomposição durante
centenas de anos de matéria orgânica dentro de rochas
sedimentares no fundo dos oceanos, tendo coloração preta e
alta viscosidade.

2. A energia geotérmica não é utilizada como uma fonte de


geração de energia elétrica no Brasil. Porém, em outros países,
ela é aproveitada para esse fim, tornando-se uma opção
renovável para a geração de eletricidade, com um impacto
ambiental mínimo.

Sobre a energia geotérmica e como ela pode ser utilizada para


a geração de energia elétrica, assinale a alternativa correta.

a. A energia geotérmica é aquela energia presente na luz solar


que pode ser convertida em eletricidade por meio de painéis
fotovoltaicos.
b. A energia geotérmica é gerada pelos ventos criados com o
aquecimento da terra pelo sol.
c. A utilização da energia geotérmica acontece com o
aproveitamento dos restos de animais mortos devido ao calor
do subsolo terrestre.
d. A energia geotérmica é produzida com o aproveitamento do
calor gerado no subsolo terrestre para a geração de energia
elétrica.
e. Para que a energia geotérmica seja utilizada na geração de
energia elétrica, deve haver uma temperatura de pelo menos
-15º C no solo, para haver o congelamento da turbina e a
consequente geração de energia.

31
GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: A biomassa é definida como sendo toda matéria
orgânica, de origem vegetal ou animal, existente na natureza
ou gerada pelo homem/animais, que pode ser utilizada na
geração de energia elétrica. Ela pode ser obtida a partir de
resíduos de processos industriais variados e pelos resíduos
urbanos, sejam eles sólidos ou líquidos.
Questão 2 - Resposta D
Resolução: A energia geotérmica é produzida com o
aproveitamento do calor gerado no subsolo terrestre
para a geração de energia elétrica. Nesse processo, pode
ser utilizada a própria água ou o vapor presente em um
reservatório natural ou pode-se aplicar água por meio de
tubulações no interior das rochas que são aquecidas pelo
calor do centro da Terra.

32
TEMA 4

Geração distribuída

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes
Leitura crítica: Paulo Takao Okigami

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

A topologia de um sistema elétrico de potência, que


normalmente possui uma estrutura composta por centrais
geradoras de grande porte e distantes dos centros de
consumo, está mudando. A principal mudança ocorre devido
à geração distribuída, em que a geração é feita próxima aos
consumidores, com os geradores ligados diretamente na
rede de distribuição, sem a necessidade de longas linhas de
transmissão.

Essa mudança de paradigma ocorre impulsionada pelas fontes


de geração renováveis, que possibilitam ao consumidor se
tornar também um gerador de energia elétrica, injetando-a
na rede. Assim, a microgeração e minigeração distribuída
se tornam cada vez mais comuns, permitindo que esses
consumidores utilizem o sistema de compensação de energia
elétrica e até mesmo o autoconsumo remoto.

No Brasil, existem 188.110 unidades consumidoras (UCs)


com geração distribuída, que geram créditos no sistema de
compensação para um total de 249.226 UCs. Elas utilizam
diferentes formas de geração, distribuídas conforme
apresentado na Tabela 1. Analisando a tabela, percebe-se
que a fonte mais utilizada na geração distribuída é a solar
fotovoltaica. Além disso, é possível perceber que a utilização
da geração termoelétrica conta com somente 8 UCs utilizando
gás natural como fonte para a geração de eletricidade, já que
as demais utilizam fontes renováveis, em sua grande maioria o
biogás (BRASIL, 2020).

34
Tabela 1 – Tipos de unidades consumidoras com geração
distribuída

Quantidade de
Potência
Tipo Quantidade UCs que recebem
instalada (kW)
créditos

Hidroelétrica 101 8.473 97.681,80

Eólica 61 105 10.401,86

Fotovoltaica 187.732 236.117 2.176.206,22

Termoelétrica 216 4.531 67.335,54

Fonte: adaptada de Brasil (2020).

Para regulamentar a minigeração e a microgeração distribuída,


a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) criou diversas
regras que determinam a forma de operação desse tipo de
geração e como é feito o processo de tarifação. A partir dessas
regras, as concessionárias de distribuição tornam possível que
o excedente de energia produzida por um consumidor seja
injetado na rede elétrica, gerando uma rede de distribuição com
fluxo bidirecional.

Porém, a geração distribuída não traz somente benefícios para


o setor elétrico, ela causa alguns problemas, como no sistema
de proteção da rede de distribuição, que passa a ter um fluxo
bidirecional, e na qualidade da energia, que fica dependente da
característica da energia injetada pelos geradores. Para lidar com
tais problemas, as distribuidoras estão realizando investimentos
em tecnologia e desenvolvendo as redes inteligentes (smart
grids), que permitirão um monitoramento e uma gestão mais
eficientes do sistema de distribuição.

35
Referências bibliográficas

BRASIL. ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Outorgas


e Registros de Geração: Unidades Consumidoras com
Geração Distribuída. 2020. Disponível em: https://www.aneel.
gov.br/outorgas/geracao/-/asset_publisher/mJhnKIi7qcJG/
content/registro-de-central-geradora-de-capacidade-re
duzida/655808?inheritRedirect=false&redirect=https://
www.aneel.gov.br/outorgas/geracao%3Fp_p_id%3D101_
INSTANCE_mJhnKIi7qcJG%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_
state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_
id%3Dcolumn-2%26p_p_col_pos%3D1%26p_p_col_count%3D2.
Acesso em 9 fev. 2020.

PARA SABER MAIS

Devido às características que possui, a geração distribuída


também pode ser chamada de geração dispersa (Dispersed
Generation), geração local (On Site Generation) e geração embutida
(Embedded Generation), sendo uma tendência em diversos
países. A sua expansão se deve à facilidade de instalação de
sistemas de microgeração e minigeração distribuídos, tornando
os consumidores também geradores de energia elétrica, além de
evitar investimentos em sistema de transmissão.

Quando são considerados os projetos de geração distribuída


conectados à rede elétrica, eles podem ser classificados da
seguinte forma, conforme o possuidor e o responsável pela
operação (REIS, 2011):

• Geração distribuída isolada (Stand Alone Distributed


Generation – SADG): refere-se à geração distribuída que

36
terá sua operação de forma isolada em relação ao sistema
elétrica interligado.

• Geração distribuída interconectada (Interconnected


Distributed Generation – IDG): refere-se à geração distribuída
que será conectada ao sistema elétrico interligado, com
sua operação em paralelo a ele. Esse tipo de geração
pode ser dividido em três tipos: geração distribuída da
concessionária (Utility-owned IDG), que tem sua operação
e é possuída pela concessionária; geração distribuída do
consumidor (Costumer-Initiated IDG), possuída e operada pelo
consumidor, que se torna investidor; e geração distribuída
do consumidor e operada pela concessionária.

As classificações apresentadas podem trazer poucas diferenças no


ponto de vista técnico, mas implicam em impactos econômicos e
regulamentações diferentes para cada caso. Tal ponto fica claro
quando se leva em consideração que o operador do sistema de
distribuição é a concessionária; assim, quando o consumidor
tem um sistema de geração distribuído, ele passa a prestar um
serviço para a concessionária, o que não existe no fluxo normal
unidirecional do sistema elétrico.

Referências bibliográficas
REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2011.

TEORIA EM PRÁTICA

Os sistemas de geração distribuída estão aumentando cada vez


mais. De olho nessa demanda, você abriu uma empresa que
presta serviços para esse tipo de sistema, oferecendo consultorias

37
e projetos de sistemas de geração. Um de seus clientes é uma
concessionária de distribuição de energia elétrica que tem
como objetivo conhecer melhor essa forma de geração, que
está sendo cada vez mais instalada pelos consumidores. Como
o conhecimento da diretoria da empresa sobre o assunto é
pequeno, você foi contratado para apresentar os benefícios e os
custos que serão gerados para garantir a operacionalização da
geração distribuída. Quais informações você irá apresentar? Quais
são os benefícios da geração distribuída? Quais são os custos
associados para a concessionária e como eles estão divididos?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

A geração distribuída tem avançado a cada dia com o aumento dos


sistemas de microgeração e minigeração. Isso causa um impacto
nos sistemas de distribuição, que passam a ter uma mudança
no fluxo de potência, indo de unidirecional para bidirecional.
Assim, as concessionárias de distribuição estão investindo em
tecnologias para melhorar a gestão de seus sistemas e aumentar a
confiabilidade de suas redes. Uma dessas tecnologias são as redes
inteligentes. Para saber mais sobre o tema, consulte o Capítulo 7,
Geração Distribuída e Redes Inteligentes, da obra de Moreira. Para
realizar a leitura, acesse a plataforma Minha Biblioteca, disponível na
Biblioteca Virtual da Kroton.

38
MOREIRA, J. R. S. (Org.). Energias renováveis, geração distribuída e
eficiência energética. Rio de Janeiro: LTC, 2019. cap. 7, p. 146-159.

Indicação 2

A maioria dos sistemas de geração distribuída utiliza energias


renováveis para a geração de energia elétrica. Porém, isso não
é uma regra, já que também existem sistemas de tal tipo que
utilizam combustíveis fósseis como fonte energética. Em um
sistema elétrico, essa variabilidade é necessária para compensar a
intermitência existente em algumas fontes renováveis e garantir o
suprimento contínuo da demanda. Para conhecer a fundo o tema,
consulte o Capítulo 9, Aspectos Técnicos e Econômicos da Integração
da Geração aos Sistemas Elétricos de Potência, em especial as seções
sobre técnicas para melhorar a utilização de geração a partir de
fontes renováveis e sobre geração distribuída, do livro de Reis.
Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual 3.0/
Pearson, disponível na Biblioteca Virtual da Kroton.

REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri, SP: Manole,


2011. cap. 9, p. 309-440.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco

39
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. A geração distribuída tem avançado a cada dia com o aumento


dos sistemas de microgeração e minigeração instalados pelos
consumidores. Essa nova topologia do sistema elétrico traz
suas vantagens e desvantagens.

Sobre a geração distribuída, assinale a alternativa correta.

a. A geração distribuída se caracteriza pela presença de


geradores distantes dos consumidores, sendo necessárias
linhas de transmissão extensas para levar a energia elétrica
até os locais de consumo.
b. Na geração distribuída, os geradores ficam localizados
próximos aos consumidores, ligados diretamente no sistema
de distribuição, o que evita investimentos na expansão dos
sistemas de transmissão.
c. Com a geração distribuída, há um aumento no porte dos
geradores, ficando geradores com potência acima de 500
MW ligados diretamente na rede de baixa tensão, mesmo
distantes dos polos consumidores.
d. A geração distribuída traz somente vantagens ao sistema
de distribuição, que não precisa se adequar à mudança do
fluxo de carga.
e. A geração distribuída tem como principal vantagem a
eliminação do sistema de distribuição, uma vez que todos os
consumidores possuem seu sistema de geração, tornando-
se a rede elétrica desnecessária.

40
2. Para a tarifação da energia elétrica, os consumidores são
divididos em diferentes grupos e subgrupos. O grupo
_______ é tarifado somente pelo consumo efetivo da
energia (tarifa monômia), em kWh ou MWh, e é composto
por unidades consumidoras alimentadas com tensão
inferior a 2,3 kV. No grupo _______, composto por unidades
consumidoras atendidas com tensão maior ou igual a
2,3 kV, além do consumo, também é tarifada a demanda
contratada (tarifa binômia).

Assinale a alternativa que completa corretamente as


lacunas presentes no texto, respectivamente.

a. A; B.
b. R; I.
c. C; G.
d. I; R.
e. B; A.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: A geração distribuída apresenta diversas
vantagens e desvantagens para o setor elétrico. A principal
vantagem está nos custos de expansão do sistema de
transmissão, que são evitados, já que os geradores estão
próximos aos consumidores. As desvantagens estão
relacionadas à qualidade da energia presente na rede,
como a presença de harmônicos, que podem ser causados
por inversores de sistemas fotovoltaicos sem filtragem, por
exemplo, e possíveis variações de tensão. Além disso, torna-

41
se necessário um reforço na rede de distribuição, que passa a
ter um fluxo bidirecional.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: Os consumidores enquadrados no grupo B são
atendidos por uma tensão inferior a 2,3 kV e são taxados
somente pela energia consumida. Já os consumidores do
grupo A são atendidos por tensão acima de 2,3 kV e são
taxados sobre o consumo e a demanda contratada.

42
BONS ESTUDOS!

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