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Penso, logo creio...

na ressurreição

1 Coríntios 15.1–58

I. A ressurreição de Cristo é central a nossa fé (1 Coríntios 15.1–20)................................................1

a. A ressurreição é um evento histórico (1 Coríntios 15.1–11).......................................................2

b. Negar a ressurreição é negar o evangelho (1 Coríntios 15.12–20) ............................................5

II. A ressurreição de Cristo é a nossa ressurreição (1 Coríntios 15.21–34) .........................................5

a. O significado da ressurreição de Cristo (1 Coríntios 15.21–28) ................................................6

b. Sem ressurreição, não há esperança (1 Coríntios 15.29–34) .....................................................7

III. A ressurreição impacta nossa antropologia (1 Coríntios 15.35–57) ................................................8

IV. A ressurreição nos move a servir (1 Coríntios 15.58) ...................................................................10

Acampamento Harmonia
Gustavo Santos
Janeiro de 2020
Penso, logo creio... na ressurreição

1 Coríntios 15.1–58

C. S. Lewis, autor de vários livros, incluindo As Crônicas de Nárnia, disse a seguinte frase:

“Se o cristianismo for falso, não tem a menor importância; mas, se for verdadeiro, então não existe

nada mais importante no universo”. Hoje, nós vamos conversar sobre algo sem o qual não há

cristianismo: a ressurreição. Provavelmente mais do que qualquer outra coisa, a ressurreição é

essencial a nossa fé. Alguns anos atrás eu comecei a organizar uma viagem para os Estados Unidos

com dois amigos. Nós sentamos e olhamos todos os parques que queríamos ir, os outlets, hotéis,

passagens, pra ter uma ideia de quanto íamos gastar e nos programar. Tudo certo, roteiro

programado. O que faltava era tirar o passaporte e o visto para conseguir ir viajar. O passaporte foi

tranquilo, mas quando chegou a hora de tirar o visto, a parada ficou ruim. Fui para São Paulo, fiquei

lá na fila, até que chegou minha vez. O cara perguntou meu nome, pra onde eu ia, e só. Ele não me

deu chance de falar nada, só me deu o papelzinho rosa—visto negado. Graças a Deus eu ainda não

tinha comprado nada—passagem, ingressos, etc. Mas o ponto é: sem o visto, não tem viagem. Eu

poderia ter tudo comprado, mas eu não ia entrar nos Estados Unidos. O visto é essencial para a

viagem, assim como a ressurreição é essencial para a nossa fé. Sem ela, não há cristianismo.

Paulo fala sobre isso em 1 Coríntios 15. Nós vamos ler todo o capítulo, conforme vamos

caminhando nas seções. Infelizmente não vamos conseguir falar sobre tudo o que está aí, porque tem

muita coisa mesmo que poderíamos falar. Mas vamos tratar sobre o principal: como a ressurreição

de Cristo é central a nossa fé, e quais as implicações disso para a nossa vida.

I. A ressurreição de Cristo é central a nossa fé (1 Coríntios 15.1–20)

Ler 1 Coríntios 15.1–20.

1
Paulo começa o texto enfatizando a importância do evangelho na vida dos cristãos de

Corinto—e, consequentemente, da nossa. Ele faz isso usando quatro afirmações: (1) eu preguei o

evangelho, (2) vocês receberam o evangelho, (3) vocês permanecem firmes no evangelho, e (4) vocês

são salvos pelo evangelho. Essas quatro afirmações são, de certa forma, uma progressão que Paulo

está desenhando para afirmar a essencialidade do evangelho—não existe salvação sem o evangelho!

Depois, então, de ter afirmado a importância do evangelho, Paulo vai detalhar os principais pontos da

mensagem do evangelho, dando uma ênfase especial na ressurreição, que é o tema central do capítulo

e do nosso estudo hoje.

Mas antes de entrar mais especificamente na ressurreição, quero ressaltar algo que Paulo

deixa claro aqui em 1 Coríntios 15. O evangelho não é sobre nós, é sobre Jesus Cristo. O evangelho é

uma mensagem que conta quem Cristo é e o que ele fez—sua vida, morte e ressurreição. Dá uma

olhada nos versos 3 e 4: “Eu lhes transmiti o que era mais importante e o que também me foi

transmitido: Cristo morreu por nossos pecados, como dizem as Escrituras. Ele foi sepultado e

ressuscitou no terceiro dia, como dizem as Escrituras”. Nós precisamos ter isso claro quando vamos

compartilhar o evangelho com as pessoas. Infelizmente, nós temos a tendência de colocar o homem

no centro de tudo, inclusive da mensagem do evangelho. Nós prometemos uma porção de coisas para

tentar “convencer” as pessoas de que vale a pena. Ou então nós transformamos o evangelho numa

série de regras que precisam ser cumpridas para conquistar nossa salvação. O evangelho não é uma

coisa nem outra. O evangelho é a mensagem simples—e poderosa—de que Jesus Cristo, Deus

homem, veio até nós, viveu a vida que nós não conseguimos viver, morreu a morte que nós

merecíamos, ressuscitou ao terceiro dia, e nos dá a oportunidade de ter uma nova vida.

a. A ressurreição é um evento histórico (1 Coríntios 15.1–11)

Depois de explicar o que é o evangelho, Paulo começa sua defesa à importância da

ressurreição. Nós vamos gastar algum tempo aqui, falando sobre como a ressurreição é um evento

histórico. A gente já falou sobre a Bíblia e a Criação, que são dois grandes questionamentos que o

mundo faz sobre a nossa fé. Agora nós vamos falar de outro ponto de conflito—a ressurreição. As

pessoas têm dificuldade para aceitar isso, e eu consigo entender. Não é algo natural alguém

2
ressuscitar—o natural seria alguém morrer. Nenhum outro deus das outras religiões diz ter

ressuscitado—somente Cristo diz isso de si mesmo. É uma ideia inédita, diferente... mas cheia de

evidências. Então, nós vamos ver algumas dessas evidências e argumentos que afirmam a ressurreição

como um evento histórico.

Primeiro, por mais que seja óbvio, para que haja ressurreição é preciso haver... morte. De fato,

isso é óbvio, mas um dos grandes argumentos para tentar invalidar a ressurreição é dizer que Cristo

não morreu. Porém, falar que Cristo não morreu é impossível. “Os ferimentos de Jesus tornaram a

morte inevitável. Ele não dormiu na noite anterior a ser crucificado; ele foi espancado e açoitado e

desmaiou enquanto carregava a cruz. O que aconteceu antes da crucificação por si só foi devastador

para a vida de um homem”.1 Depois disso veio a crucificação. Ele ficou pendurado por praticamente 6

horas, sangrando das feridas dos açoites, dos pregos e da coroa de espinhos. A posição que ele ficava

na cruz tornava quase impossível a sua respiração. Além disso, embora os soldados romanos não

fossem médicos, eles eram assassinos muito bem treinados, que conseguiam identificar quando

alguém morreu. Finalmente, o lado de Jesus foi trespassado por uma lança. Dessa ferida, brotava uma

mistura de sangue e água (João 19.34), significando uma perfuração no pulmão direito, no pericárdio

e no coração, e uma prova de que a morte física havia ocorrido. De fato, há um artigo no Jornal da

Associação Médica Americana que diz:

A interpretação médica moderna das evidências históricas indica que Jesus estava
morto quando levado da cruz. [...] Consequentemente, interpretações baseadas na
suposição de que Jesus não morreu na cruz parecem estar em desacordo com o
conhecimento médico moderno.2

Segundo, e entrando agora na ressurreição, vamos para o argumento que Paulo usa no início

da sua defesa—testemunhas: Jesus apareceu aos doze, e depois a mais de quinhentas pessoas que

ainda eram vivas naquela época (vv. 5–6). Por que será que Paulo fala isso? Qual a importância de

1 Norman L. Geisler, The Big Book of Christian Apologetics: An A to Z Guide (Grand Rapids: Baker Books, 2012),
76.
2 William D. Edwards, Wesley J. Gabel, and Floyd E. Hosmer, “On the Physical Death of Jesus Christ,” J. Am.
Med. Assoc. 256 (1986).

3
testemunhas? Elas são essenciais para comprovar qualquer coisa onde haja dois lados. Algo

interessante é que normalmente, para processos legais, não são necessárias mais do que 8

testemunhas. Aqui, Paulo fala sobre mais de 500 testemunhas, que estavam vivas naquela época para

quem quisesse perguntar sobre a ressurreição.

Terceiro, essas testemunhas estavam dispostas a morrer por Cristo. Elas preferiam morrer a

negar a ressurreição de Cristo. Pessoal, ninguém se dispõe a morrer por algo que não acredita. Se os

discípulos de Jesus soubessem que a ressurreição era uma farsa, vocês acham mesmo que eles

estariam dispostos a morrer por isso? Você estaria disposto a morrer por uma mentira? Além disso, a

existência da igreja até os dias de hoje, o crescimento do cristianismo, a forma como o evangelho

transforma pessoas, tudo isso aponta para a realidade da ressurreição. Se a base da nossa fé é a

ressurreição, as pessoas só continuariam a crer nela se realmente fosse verdade. Várias ideias já

apareceram ao longo dos anos; e elas morreram justamente por falta de evidências, por não se

mostrarem verdadeiras. Não foi assim com o cristianismo—ele se mantém firme, porque não pode ser

questionado. As pessoas podem não concordar com o que cremos, mas elas não evidências ou

argumentos para falar contra o que cremos.

Finalmente, é importante lembrar que tudo isso foi narrado na Bíblia, o livro mais confiável

que o mundo já conheceu, como vimos no nosso primeiro estudo. Portanto, seria muito incoerente

ignorar as evidências dadas por esse livro, que desde o início falava sobre a vinda, a vida, a morte e a

ressurreição de Cristo. E só para constar, há pelo menos 9 outras fontes em documentos históricos,

fora da Bíblia, confirmando que os apóstolos e outras pessoas viram Jesus após a ressurreição.

As evidências da ressurreição física de Cristo são enormes. Comparada as evidências


de outros eventos do mundo antigo, é algo esmagador. [...] A soma total dessas
evidências é uma confirmação esmagadora de que Jesus ressuscitou e viveu no
mesmo corpo físico visível e tangível de carne e ossos que possuía antes de seu corpo
ressurreto.3

3 Geisler, The Big Book of Christian Apologetics, 494–95.

4
Galera, não há como negar que a ressurreição realmente aconteceu—ela é um fato

histórico. Agora, muito mais importante do que ser um fato histórico, é uma realidade

espiritual—negar a ressurreição não é simplesmente negar um fato, é negar o evangelho e tudo

o que vem com ele.

b. Negar a ressurreição é negar o evangelho (1 Coríntios 15.12–20)

Repetidamente, e de formas diferentes, Paulo diz que sem ressurreição não há cristianismo—

não há perdão dos pecados, não há esperança, não há nada para nos agarrarmos. De fato, ele conclui

essa seção dizendo que sem a ressurreição os cristãos são as pessoas mais dignas de pena do mundo.

Portanto, precisamos crer na ressurreição e defende-la com todas as nossas forças, porque ela não é

um aspecto secundário a nossa fé. Num grupo grande como esse, é certo que nós pensaremos

diferente em diversos assuntos—dons espirituais, modelos de igreja, relação entre Israel e igreja,

milênio e tribulação, etc. No entanto, mesmo com essas diferenças, nós podemos e devemos trabalhar

juntos para expandir o Reino de Deus, levando a mensagem do evangelho as pessoas. Agora, se

alguém aqui decide dizer que a ressurreição não é mesmo verdade, aí nós estamos falando de algo

central a nossa fé, que não pode ser negado. Negar a ressurreição é negar o evangelho.

Depois de uma seção construída com uma argumentação negativa, Paulo começa uma

exposição positiva sobre o significado e as implicações da ressurreição, concluindo que a ressurreição

de Cristo é a nossa ressurreição.

II. A ressurreição de Cristo é a nossa ressurreição (1 Coríntios 15.21–34)

Ler 1 Coríntios 15.20–34.

Paulo começa essa seção no verso 20, afirmando que “Cristo de fato ressuscitou dos mortos”.

A mensagem do evangelho é real, nossa esperança é real, a salvação que temos em Cristo é real. Nós

não estamos em uma situação lamentável e digna de pena, e sim numa situação desejável e invejável;

nós não estamos perdidos, mas salvos; nós não estamos condenados em nossos pecados, mas

perdoados e justificados; [...] nós não temos apenas esperança para esta vida, mas esperamos

5
ansiosamente a glória eterna que acompanhará a nossa ressurreição dentre os mortos.4 E é exatamente

isso que Paulo começa a desenvolver, o significado da ressurreição de Cristo para nós.

a. O significado da ressurreição de Cristo (1 Coríntios 15.21–28)

Provavelmente, se eu tivesse que resumir o significado da ressurreição de Cristo com base no

que Paulo escreve aqui em 1 Coríntios 15, eu diria união com Cristo. A ressurreição de Cristo quebra

tudo aquilo que carregávamos por estar em Adão. Em Romanos 5.12, o próprio apóstolo Paulo diz:

“Quando Adão pecou, o pecado entrou no mundo, e com ele a morte, que se estendeu a todos, porque

todos pecaram”. Todos nascemos pecadores por causa do pecado de Adão. Não é uma escolha que

temos—nós nascemos assim, mortos em nossos pecados. Porém, a ressurreição de Cristo nos oferece

uma solução, uma saída. É verdade que por um só homem o pecado veio e nos destruiu. Mas também

é verdade que por um só homem a salvação veio. A ressurreição de Cristo marca a sua vitória sobre a

morte e o pecado, o que significa que todos aqueles que creem nele também recebem, entre outras

coisas, vitória sobre a morte e o pecado.

Sabe quando você ia fazer um trabalho em grupo, e tinha aquela pessoa que nunca fazia

nada, mas recebia a nota por causa do trabalho do grupo? Jesus faz a mesma conosco. Ele fez todo o

trabalho, mas ele divide a sua nota conosco.

Então, a ressurreição de Cristo é o que garante nossa união com Cristo—com isso, nossa

salvação, santificação e futura glorificação. Olha o que Paulo diz nos versos 22 e 23: “Assim como

todos morremos em Adão, todos que são de Cristo receberão nova vida. Mas essa ressurreição tem

uma sequência: Cristo ressuscitou como o primeiro fruto da colheita, e depois todos que são de

Cristo ressuscitarão quando ele voltar”. É importante ressaltar aqui que a nossa união com Cristo

garante não só a nossa ressurreição futura para a vida eterna, mas também garante a realidade de uma

nova vida presente. Olha de novo o versículo 22: “Assim como todos morremos em Adão, todos que

são de Cristo receberão nova vida”. Essa afirmação de Paulo tem claramente aspectos presentes. Nós

4 Roy E. Ciampa and Brian S. Rosner, The First Letter to the Corinthians, The Pillar New Testament Commentary
(Grand Rapids: Eerdmans, 2010), 759–60.

6
não podemos ignorar esse aspecto presente da ressurreição. Nós estávamos mortos, mas Cristo nos

deu vida (Efésios 2.4). “Se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Coríntios 5.17). “E ele morreu

por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles

morreu e ressuscitou” (2 Coríntios 5.15). Portanto, a ressurreição de Cristo significa, para os que

creem nele, sua união com Cristo—perdão dos pecados, justificação, santificação e glorificação. Nós

não podemos deixar de lado o aspecto presente da ressurreição!

Paulo conclui essa seção falando sobre uma grande consequência de se negar a ressurreição:

sem ela, não há esperança.

b. Sem ressurreição, não há esperança (1 Coríntios 15.29–34)

Eu não sei quantos de vocês já foram em velórios. Eu já estive em velórios tanto de pessoas

incrédulas quanto de pessoas crentes, e é impressionante a diferença que vemos em cada um dos

casos. Para pessoas que não creem em Cristo, não há a esperança da ressurreição. As pessoas ficam

perto do corpo, não querendo deixar que seja enterrado, porque o que está acontecendo ali é o fim

para eles. Mais do que isso, elas se colocam naquela situação, pensando: “Isso é o que vai acontecer

comigo, não há como fugir, e eu não consigo enxergar um pingo de esperança ou uma saída”. Não

há nada para se agarrar. Por outro lado, o velório de um cristão é praticamente um culto de gratidão

a Deus pela vida da pessoa. É claro que as pessoas estão tristes, porque a perda para nós é real, mas

existe também a alegria e a esperança de que é só o começo, de que nos encontraremos novamente, e

de que a pessoa está num lugar muito melhor do que nós estamos.

Esse exemplo fala especificamente da morte, mas a esperança da ressurreição é o que nos

sustenta em meio a qualquer dificuldade. Por mais que tenhamos que lidar com tanto sofrimento, o

plano de Deus está em andamento e a nossa esperança não deve ser colocada no “aqui e agora”, mas

no momento em que Cristo voltará para consumar e restaurar todas as coisas. Isso é o que João

descreve em Apocalipse 21.1–4:

Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra já não
existiam, e o mar também não mais existia. E vi a cidade santa, a nova Jerusalém,
que descia do céu, da parte de Deus, como uma noiva belamente vestida para seu

7
marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Vejam, o tabernáculo de
Deus está no meio de seu povo! Deus habitará com eles, e eles serão seu povo. O
próprio Deus estará com eles. Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e não
haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. Todas essas coisas passaram
para sempre.

A ressurreição é a única esperança que podemos apresentar para o sofrimento e a morte. A

esperança cristã é uma esperança ligada à ressurreição dos mortos.5 Sem ressurreição, não há

esperança.

Depois de falar sobre a esperança que a ressurreição traz, Paulo volta a falar sobre como a

ressurreição impacta a nossa vida presente. Nos versos 35 a 57, o apóstolo enfatiza que nossos corpos

serão restaurados, que a ressurreição é de fato corpórea, e que isso impacta a nossa antropologia, a

forma como enxergamos o valor do homem—não pelo valor do homem em si, mas pelo fato do

homem ter sido criado a imagem e semelhança de Deus.

III. A ressurreição impacta nossa antropologia (1 Coríntios 15.35–57)

Ler 1 Coríntios 15.35–57.

A ressurreição nos mostra a importância e o valor da vida. Jesus poderia ter ressuscitado

simplesmente em espírito e voltado para a presença do Pai, mas ele ressuscitou corporalmente, e isso

nos diz algo sobre a dignidade do homem, que não está ligada necessariamente a nós, mas ao fato de

termos sido criados a imagem de Deus. Deus poderia ter enviado o seu Filho de alguma outra forma,

mas ele enviou o seu Filho como Homem. Deus poderia ter enviado Jesus simplesmente para morrer

na cruz, mas ele não o fez. Todos os aspectos da vida de Cristo como Homem são significantes e

essenciais para que a ressurreição de fato tivesse o valor e o impacto que ela tem. A morte e a

ressurreição de Cristo sem a sua vida perfeita não valeriam de nada. Por isso, Jesus vem ao mundo

através de uma virgem e experimenta todas as fases da vida humana de forma perfeita, nos mostrando,

5 Ciampa and Rosner, The First Letter to the Corinthians, 758.

8
desde o momento da sua concepção, que a vida humana é digna de honra. O fato de Jesus Cristo ter

ressuscitado corporalmente reforça isso.

Paulo deixa claro nos versos 35–44 que a glória do homem é diferente da glória dos animais e

dos seres celestiais, e é interessante como nós reconhecemos isso. Nós não reagimos da mesma forma

ao vermos um cachorro atropelado na rua e um homem atropelado na rua. Nós não reagimos da

mesma forma ao vermos um vira-lata buscando comida no lixo e um mendigo procurando algo para

comer no lixo. Você pode estar rindo e conversando dentro do carro, mas ao ver um acidente,

instantaneamente essa alegria some, independente de você conhecer ou não as pessoas que estão

envolvidas no acidente. Há um valor e uma dignidade diferentes no homem que todos nós

reconhecemos.

Imagina a seguinte situação. Você tem uma família. Filhos. E um cachorro. Um cachorro

super querido, que passou muito tempo com vocês. Um dia, você passa por uma crise financeira, e é

obrigado a abrir mão de alguém. Quem vai ser? O cachorro! É lógico! Não há dúvida sobre isso.

Não estou dizendo que você não pode gostar de cachorro. O que eu estou querendo dizer é que nós

somos muito diferentes dos animais no mais profundo da nossa essência, e que nós sabemos isso—

está impresso na nossa mente, quer a gente ignore ou não.

Esse entendimento de que o homem possui um valor diferente traz grandes implicações para a

forma como nos relacionamos com outras pessoas e como iremos cuidar das outras pessoas—porque

todos nós, igualmente, carregamos a imagem de Deus. Entender o valor e a dignidade do homem à luz

das Escrituras é a base para a luta contra o racismo, aborto, homossexualidade, e qualquer outro

problema de relacionamento entre duas pessoas, porque nos mostra que todos temos exatamente o

mesmo valor, e que esse valor não tem nada a ver com a nossa capacidade, cor de pele,

comportamento, etc. Nosso valor está no fato de termos sido criados à imagem de Deus.

Quando começamos a pensar dessa forma, vemos que a doutrina da ressurreição é

extremamente prática, inclusive para os dilemas que lidamos hoje. Se eu entendo o valor do

homem, como eu vou ignorar alguém que está passando por uma necessidade que eu posso

suprir? Se eu entendo o valor do homem, como eu vou me julgar superior a alguém em

9
qualquer forma que seja de preconceito? Se eu entendo o valor do homem, como eu posso ser a

favor do aborto? Se eu entendo o valor do homem como Deus o criou, como eu posso ser a favor

do homossexualismo, que é uma perversão completa do plano de Deus para o homem? Se eu

entendo o valor do homem, como eu vou continuar com o meu vício em pornografia, que

contribui para a destruição de milhares de pessoas através do tráfico sexual e de abusos? Se eu

entendo o valor do homem, como eu vou olhar para alguém que está indo para o inferno e não

compartilhar o evangelho? As pessoas precisam saber que há uma saída para a vida sem

esperança que elas têm vivido, e essa esperança é Jesus Cristo, e a ressurreição que ele nos

oferece.

Então, depois de abordar todas essas coisas, depois de mostrar como a ressurreição é central a

mensagem do evangelho, depois de mostrar que a ressurreição de Cristo é a nossa ressurreição, depois

de mostrar que a ressurreição não impacta somente o nosso futuro, mas também deve impactar nosso

presente, depois de nos mostrar que a ressurreição revela a dignidade da vida por ter sido criada a

imagem de Deus, Paulo conclui de uma forma maravilhosa e, de certa forma, natural. Cristo

ressuscitou, a mensagem do evangelho é real, ele nos deu uma nova vida e a esperança de uma vida

eterna, portanto, sirva a esse Deus que já lhe deu tudo, sabendo que o seu trabalho, quando feito para

o Senhor, não é em vão. A ressurreição, então, nos move a servir.

IV. A ressurreição nos move a servir (1 Coríntios 15.58)

Ler 1 Coríntios 15.58.

Se Cristo já fez tudo por nós, o mínimo que podemos fazer é servi-lo. E como tudo o que ele

promete para nós é certo, podemos servir com confiança e alegria, sabendo que nada do que fazemos

para o Senhor será em vão.

Agora, é importante pensar um pouco sobre o que são essas boas obras. Qual é esse trabalho

que não é em vão? Há dois aspectos aqui. Primeiro, está relacionado a proclamação do evangelho.

Segundo, o trabalho que não é em vão também inclui uma vida de santidade. Paulo fala sobre isso nos

versos 30–34: “E nós, por que arriscamos a vida o tempo todo? Pois eu afirmo, irmãos, que enfrento a

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morte diariamente, assim como afirmo meu orgulho daquilo que Cristo Jesus, nosso Senhor, fez em

vocês. E, se não haverá ressurreição dos mortos, de que me adiantou ter lutado contra feras, isto é,

aquela gente de Éfeso? Se não há ressurreição, ‘comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!’.

Não se deixem enganar pelos que dizem essas coisas, pois ‘as más companhias corrompem o bom

caráter’. Pensem bem sobre o que é certo e parem de pecar”.

Galera, isso é um encorajamento para todos nós. Por vezes—e não poucas vezes—a vida

cristã pode parecer que não vale a pena. Você abre mão de tantas coisas e nada parece

acontecer. Você lê a Bíblia, ora, mas continua lutando com os mesmos pecados. Você é obediente

aos seus pais, frequenta a igreja todos os domingos, mas seus amigos do mundo parecem se

divertir muito mais do que você. Você não cola, não fica com as meninas, e tudo o que você

recebe é zombaria da galera. As vezes nós achamos que não dá mais, que não vale mais a pena,

que é muito pesado. Mas pessoal, nós não podemos nos esquecer do porquê nós fazemos o que

fazemos. Deus nos chama a perseverar e buscar uma vida de santidade, a nos esforçar e a

dedicar nossas vidas para fazer a sua obra, com a garantia de que nada disso será em vão.

Cristo veio, viveu uma vida perfeita no nosso lugar, e morreu... mas a história não acaba aí. Ele

venceu a morte, ressuscitou e voltará. Não há nada mais importante do que isso. E não há

esperança maior do que essa.

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