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Direito Material Liberdade de Circulação de Mercadorias
Direito Material Liberdade de Circulação de Mercadorias
Mercadorias
1
• 5. Nas suas relações com o resto do mundo, a União
afirma e promove os seus valores e interesses e
contribui para a protecção dos seus cidadãos.
Contribui para a paz, a segurança, o desenvolvimento
sustentável do planeta, a solidariedade e o respeito
mútuo entre os povos, o comércio livre e equitativo, a
erradicação da pobreza e a protecção dos direitos do
Homem, em especial os da criança, bem como para a
rigorosa observância e o desenvolvimento do direito
internacional, incluindo o respeito dos princípios da
Carta das Nações Unidas.
• 6. A União prossegue os seus objectivos pelos meios
adequados, em função das competências que lhe são
atribuídas nos Tratados.
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• PARTE III AS POLÍTICAS E ACÇÕES INTERNAS DA
UNIÃO TÍTULO I O MERCADO INTERNO
Mercado Comum: liberdades fundamentais
• Artigo 26.º1. A União adopta as medidas destinadas a
estabelecer o mercado interno ou a assegurar o seu TFUE
funcionamento, em conformidade com as disposições • 1. Circulação mercadorias 28º-37
pertinentes dos Tratados.
• 2. O mercado interno compreende um espaço sem • 2. Circulação de trabalhadores 20º, 45º- 48º
fronteiras internas no qual a livre circulação das
mercadorias, das pessoas, dos serviços e dos
capitais é assegurada de acordo com as disposições • 3. Estabelecimento e prestação de serviços
dos Tratados. 49º- 55º / 56º - 62º
• 3. O Conselho, sob proposta da Comissão, definirá as
orientações e condições necessárias para assegurar
um progresso equilibrado no conjunto dos sectores • 4. Capitais 63º - 66º
abrangidos.
3
Mercadorias
4
CAP.3 PROIBIÇÃO DE RESTRIÇÕES Mercado
comum
QUANTITATIVAS ENTRE OS EM
• Artigo 34º São proibidas, entre os Dimensão Dimensão
externa interna
Estados-Membros, as restrições
quantitativas à importação, bem como
todas as medidas de efeito equivalente. PAC
Livre circulação
de mercadorias
• Artigo 35º São proibidas, entre os
Estados-Membros, as restrições Mercadorias
Mercadorias
quantitativas à exportação, bem como produzidas
em livre prática
na UE
todas as medidas de efeito equivalente.
Regimes
especiais
de circulação
Restrições
• Artigo 29.º proibidas
• Artigo 36º
Restrições
• As disposições dos artigos 34.º e 35.º são aplicáveis
proibidas
sem prejuízo das proibições ou restrições à
importação, exportação ou trânsito justificadas por
razões de moralidade pública, ordem pública e
segurança pública; de protecção da saúde e da vida
das pessoas e animais ou de preservação das Pautais Não pautais
plantas; de protecção do património nacional de valor
artístico, histórico ou arqueológico; ou de protecção
da propriedade industrial e comercial. Todavia, tais
proibições ou restrições não devem constituir nem um Encargos Medidas
meio de discriminação arbitrária nem qualquer Direitos Restrições
de efeito de efeito
aduaneiros quantitativas
restrição dissimulada ao comércio entre os Estados- equivalente equivalente
Membros.
Restrições excecionalmente
admissíveis (36º)
5
(Limites às restrições admissíveis)
12º
• Os EM abster-se-ão de introduzir entre si
novos direitos aduaneiros à importação ou
C-26/62 Van Gend en Loos à exportação ou taxas de efeito
equivalente e de aumentar aqueles que
aplicam nas relações comerciais mútuas.
5/02/1963
TJCE TJCE
• O texto do artigo 12 enuncia uma proibição clara • Pouco importa saber de que maneira o
e incondicional que é uma obrigação não de aumento dos direitos aduaneiros surgiu.
fazer, mas de não fazer;
• Que não é acompanhada de qualquer reserva • O aumento ilícito pode resultar também de
dos Estados que subordine a sua aplicação a um novo arranjo pautal. Se no mesmo EM
um acto positivo interno;
• Que a execução do artigo 12º não precisa de
o mesmo produto se encontra, depois da
intervenção legislativa dos Estados; entrada em vigor do Tratado, onerado
• Que o facto de este artigo designar os Estados com uma taxa mais elevada, isso equivale
membros como sujeitos da obrigação de a uma majoração da respectiva aduaneira.
abstenção não implica que os nacionais não
possam ser beneficiários.
6
• Taxa de exportação sobre objectos
artísticos, históricos e arqueológicos
C-7/68
• It. “Não são bens na acepção do artigo
Arte Italiana (…) os fins da taxa não são fiscais mas
para protecção do património artístico”
Restrições
proibidas
Restrições excecionalmente
admissíveis (36º)
11/07/74
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Tribunal de 1 instance de Bruxelles
ere
TJCE
• Uma disposição regulamentar nacional
interditando a importação de uma • A proibição de medidas que tenham efeito
mercadoria com denominação de origem equivalente às restrições quantitativas
quando essa mercadoria não é abrange quaisquer regras comerciais
acompanhada de um documento oficial que directa ou indirectamente
emitido pelo Estado exportador atestando actualmente ou potencialmente causem
o direito à denominação de origem é uma entraves ao comércio intracomunitário.
medida de efeito equivalente a uma
restrição quantitativa?
TJCE
• A exigência de um certificado de
autenticidade mais dificilmente acessível
aos importadores de um produto autêntico C-254/98 TK-Heimdienst
em livre prática do que noutro EM que aos
importadores do mesmo produto provindo
directamente do país de origem constitui 13/01/2000
uma medida de efeito equivalente a uma
restrição quantitativa, incompatível com o
tratado.
Oberster Gerichtshof
PROIBIÇÃO DE RESTRIÇÕES
• «O artigo 30.° (=28) do Tratado CE deve ser
QUANTITATIVAS interpretado no sentido de que obsta à validade de
uma legislação segundo a qual os padeiros, talhantes
e comerciantes em produtos alimentares só podem
• Artigo 28º São proibidas, entre os vender de forma ambulante, de localidade em
localidade ou porta-a-porta, as mercadorias que
Estados-Membros, as restrições estejam autorizados a pôr à venda segundo a
quantitativas à importação, bem autorização de comércio de que são titulares, quando
exerçam a mesma actividade comercial num
como todas as medidas de efeito estabelecimento permanente na circunscrição
equivalente. administrativa em que propõem para venda os
produtos em causa na modalidade referida, ou num
município limítrofe, só podendo ser objecto dessa
venda ambulante, de localidade em localidade ou
porta-a-porta, as mercadorias que são igualmente
postas à venda nesse estabelecimento permanente?»
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• Com efeito, uma tal regulamentação impõe aos
padeiros, talhantes e comerciantes de produtos
TJCE alimentícios que já têm um estabelecimento fixo
noutro Estado-Membro e que desejam comercializar
as suas mercadorias através da venda ambulante
• Há que recordar que, segundo jurisprudência numa dada circunscrição administrativa, como uma
constante, qualquer regulamentação Verwaltungsbezirk austríaca, que abram ou adquiram
comercial dos Estados-Membros susceptível outro estabelecimento fixo nessa circunscrição
administrativa ou num município limítrofe, enquanto
de prejudicar, directa ou indirectamente, os operadores económicos locais já satisfazem o
actual ou potencialmente, o comércio critério do estabelecimento fixo.
intracomunitário deve ser considerada como • Em consequência, para que os produtos
uma medida de efeito equivalente a restrições provenientes de outros Estados-Membros
quantitativas e, a este título, proibida pelo artigo possam ter um acesso ao mercado do Estado-
Membro de importação igual ao dos produtos
30.° (=28) do Tratado (Dassonville) nacionais, devem suportar custos suplementares.
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• Embora a protecção da saúde pública • CONCLUSÃO
conste do número dos motivos susceptíveis • Há pois que responder à questão submetida
de justificar derrogações ao artigo 30.° do que o artigo 30.° do Tratado se opõe a uma
legislação nacional que determina que os
Tratado, ela pode ser atingida por padeiros, talhantes e comerciantes de produtos
medidas que tenham, sobre o comércio alimentícios só podem efectuar a venda
intracomunitário, efeitos menos ambulante numa dada circunscrição
restritivos do que uma regulamentação administrativa, como uma Verwaltungsbezirk
austríaca, se exercerem também a sua
nacional como a do artigo 53.°a, n.° 2, do actividade comercial num estabelecimento fixo,
GewO, como por exemplo normas relativas no qual também ponham à venda as
ao equipamento em instalações frigoríficas mercadorias objecto da venda ambulante,
situado nessa circunscrição administrativa ou
dos veículos utilizados. num município limítrofe.
Keck e Mithouard
10
TJCE
• É verdade que essa legislação é susceptível de
• Dado que os operadores económicos
restringir o volume das vendas e, por conseguinte,
invocam cada vez mais frequentemente o
o volume das vendas de produtos importados de
artigo 30. do Tratado para impugnar
outros Estados-membros, na medida em que priva
qualquer tipo de regulamentação que
os operadores de um método de promoção.
tenha por efeito limitar a sua liberdade Convém, no entanto, questionarmo-nos sobre se
comercial, mesmo que não abranja os essa eventualidade basta para qualificar a
produtos provenientes de outros Estados- legislação em causa de medida de efeito
membros, o Tribunal de Justiça considera equivalente a uma restrição quantitativa à
necessário reexaminar e precisar a sua importação.
jurisprudência na matéria.
• Com efeito, desde que essas condições se • 18 Assim, há que responder ao órgão
encontrem satisfeitas, a aplicação de jurisdicional nacional que o artigo 30. do
regulamentações desse tipo à venda de Tratado CEE deve ser interpretado no
produtos provenientes de outro Estados-
membro que obedeçam às regras aprovadas
sentido de que não se aplica a uma
por esse Estado não é susceptível de impedir o legislação de um Estado-membro que
seu acesso ao mercado ou de o dificultar mais estabelece uma proibição de carácter
do que dificulta o dos produtos nacionais. geral de revenda com prejuízo.
• Essas regulamentações escapam, portanto, ao
âmbito de aplicação do artigo 30. do Tratado.
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• «1) a) Os artigos 28.° CE a 30.° CE opõem-se a
disposições nacionais que proíbem a utilização de motos
de água em locais que não sejam vias navegáveis
ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE públicas ou águas relativamente às quais a autoridade
local adoptou disposições permitindo tal utilização, como
JUSTIÇA 4 DE JUNHO DE 2009 prevê o regulamento [nacional]?
• b) Se assim não for, os artigos 28.° CE a 30.° CE
opõem-se a que um Estado-Membro aplique disposições
deste tipo de modo a que a utilização de motos de água
seja proibida também em águas que ainda não foram
processo C-142/05 Mickelsson & Roos objecto de decisão da autoridade local sobre a adopção
ou não de disposições permitindo [tal] utilização?
• 2) A Directiva [94/25] opõe-se a disposições nacionais,
como as acima referidas, que proíbem a utilização de
motos de água?»
12
Resulta de jurisprudência igualmente assente que o artigo 34.° TFUE • 51 Por este motivo, é susceptível de entravar, directa ou
reflecte a obrigação de respeitar os princípios da não discriminação e indirectamente, efectiva ou potencialmente, o comércio entre os
do reconhecimento mútuo dos produtos legalmente fabricados e Estados-Membros, na acepção da jurisprudência decorrente do
comercializados noutros Estados-Membros, bem como a de acórdão Dassonville, já referido, a aplicação a produtos
assegurar aos produtos da União um livre acesso aos mercados
provenientes de outros Estados-Membros de disposições
nacionais (v. acórdão Comissão/Itália, já referido, n.° 34 e
jurisprudência referida).
nacionais que limitem ou proíbam determinadas modalidades de
venda, a menos que estas disposições se apliquem a todos os
49 Assim, devem ser consideradas medidas de efeito equivalente
a restrições quantitativas as medidas adoptadas por um
operadores que exercem a sua actividade no território nacional e
Estado-Membro que têm por objectivo ou por efeito tratar de forma afectem da mesma forma, tanto de direito como de facto, a
menos favorável os produtos provenientes de outros comercialização dos produtos nacionais e dos provenientes de
Estados-Membros, bem como as regras relativas às condições a que outros Estados-Membros. Com efeito, a aplicação de
essas mercadorias devem obedecer, mesmo que essas regras sejam regulamentações desse tipo à venda de produtos provenientes
indistintamente aplicáveis a todos os produtos (v. acórdão de outro Estado-Membro que obedeçam às regras aprovadas
Comissão/Itália, já referido, n.os 35 e 37). por esse Estado não é susceptível de impedir o seu acesso ao
50 O mesmo conceito engloba igualmente qualquer outra medida mercado ou de o dificultar mais do que dificulta o dos produtos
que crie obstáculos ao acesso ao mercado de um Estado-Membro de nacionais (v., neste sentido, acórdãos de 24 de Novembro de
produtos originários de outros Estados-Membros (acórdão 1993, Keck e Mithouard, C-267/91 e C-268/91, Colect.,
Comissão/Itália, já referido, n.° 37). p. I-6097, n.os 16 e 17, e Comissão/Itália, já referido, n.° 36).
58 A este respeito, se a referida medida fizer parte do domínio da • As regras nacionais relativas à comercialização de lentes de
saúde pública, importa ter em conta que a saúde e a vida das pessoas contacto estão abrangidas pelo âmbito de aplicação da
ocupam o primeiro lugar entre os bens e interesses protegidos pelo Directiva 2000/31/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,
Tratado e que cabe aos Estados-Membros decidir o nível a que de 8 de Junho de 2000, relativa a certos aspectos legais dos
pretendem assegurar a protecção da saúde pública, bem como o
serviços da sociedade de informação, em especial do comércio
modo como esse nível deve ser alcançado. Dado que o mesmo pode
electrónico, no mercado interno («Directiva sobre o comércio
variar de um Estado-Membro para outro, há que reconhecer aos
Estados-Membros uma margem de apreciação (v. acórdão de 1 de electrónico»), na medida em que respeitam ao acto de venda
Junho de 2010, Blanco Pérez e Chao Gómez, C-570/07 e C-571/07, dessas lentes através da Internet. Em contrapartida, as regras
ainda não publicado na Colectânea, n.° 44 e jurisprudência referida). nacionais relativas à entrega das referidas lentes não estão
59 No caso vertente, a justificação invocada pelo Governo húngaro abrangidas pelo âmbito de aplicação desta directiva.
tem a ver com a necessidade de proteger a saúde dos portadores de • Os artigos 34.° TFUE e 36.° TFUE, bem como a Directiva
lentes de contacto. Esta justificação responde, por conseguinte, a 2000/31, devem ser interpretados no sentido de que se opõem
preocupações de saúde pública admitidas pelo artigo 36.° TFUE, a uma regulamentação nacional que apenas autoriza a
susceptíveis de justificar um entrave à livre circulação de mercadorias. comercialização de lentes de contacto em estabelecimentos
60 Assim, importa examinar se a regulamentação em causa no especializados em dispositivos médicos.
processo principal é adequada para garantir o objectivo assim
prosseguido.
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Restrições
proibidas
Encargos Medidas
Direitos Restrições
de efeito de efeito
aduaneiros quantitativas
equivalente equivalente
Restrições excecionalmente
admissíveis (36º)
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TJCE conclusão
• O EM não pode alegar a moralidade
• Cabe a cada EM determinar as exigências
quanto à moral pública no seu território. pública para proibir a importação de certos
• Tratou-se de uma discriminação arbitrária bens com fundamento na sua
porque a ofensa provocada pelos artigos não é obscenidade se eles puderem ser
suficientemente séria para justificar restrições à livremente produzidos no território e
liberdade de circulação de mercadorias, na
medida em que o EM não adopta, relativamente sujeitos apenas a certas condições de
aos mesmos bens produzidos dentro do seu comercialização.
território, medidas penais ou outras que visem
prevenir o comércio de tais bens no seu
território.
Court of Appeal
• Estas moedas (de prata que já não
circulam) são “capitais” ou são
C-7/78 Thompson mercadorias?
23/11/78
(exportação)
TJCE
• As moedas de prata sem curso legal não podem ser
vistas como meios de pagamento portanto são bens,
sujeitas ao regime dos artigos 30 a 37.
• As medidas do Estado visam proteger a sua própria
C-367/89 Accessoires
cunhagem e evitar a destruição. No RU a fundição de
moedas é proibida, mesmo quando não têm curso legal.
Scientifiques
• A proibição da exportação para prevenir a fundição ou
destruição noutro EM é justificada por razões de ordem (trânsito)
pública, no sentido do artigo 36 do TCEE, porque resulta
da necessidade de proteger a cunhagem que
tradicionalmente é vista como um dos interesses
fundamentais do Estado.
15
Restrições
TJCE proibidas
Restrições excecionalmente
admissíveis (36º)
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TJCE
• Na falta de harmonização ao nível comunitário,
cabe aos EM decidir o nível de protecção da
saúde pública que querem assegurar.
• Mas o art. 36 do TCEE estabelece uma C-120/78 Cassis de Dijon
excepção à regra de que as mercadorias devem
circular livremente na Comunidade, que é um
dos princípios fundamentais do mercado comum 20/02/1979
e por isso, [o art 36] deve ser interpretado
restritivamente.
• A República Helénica não cumpriu as
obrigações do artigo 30 do Tratado.
HESSISCHES FINANZGERICHT
• A fixação de um conteúdo mínimo de álcool para as
bebidas alcoólicas estabelecido na lei alemã -
BRANNTWEINMONOPOLGESETZ- (cujo resultado é que
produtos tradicionais de outros EM cujo conteúdo
alcoólico está abaixo do limite fixado não podem ser
postos em circulação na República Federal Alemã)
também cai no conceito de medidas de efeito equivalente
a restrições quantitativas às importações, contido no
artigo 30 do Tratado CEE?
•
A fixação de um conteúdo mínimo de álcool para as
bebidas alcoólicas estabelecido cabe no conceito de
discriminação relativamente às condições de
abastecimento e comercialização (…) entre nacionais dos
EM contida no art. 37 (actual 31) do Tratado CEE?
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Conclusão
• Não há nenhuma razão válida para que, desde
• O conceito de “medidas de efeito
que tenham sido legalmente produzidas e
comercializadas num dos EM, bebidas
equivalente a restrições quantitativas às
alcoólicas não devam ser introduzidas no
importações”, contido no artigo 30 do
mercado de outro EM. Tratado deve ser interpretada no sentido
de que a fixação de um conteúdo mínimo
de álcool para bebidas alcoólicas pela
• A venda de tais produtos não pode ser sujeita a legislação de um EM cai na proibição
à proibição legal da comercialização de bebidas desde que se trate da importação de
com teor alcoólico mais baixo do que o bebidas alcoólicas legalmente
estabelecido por regras nacionais. produzidas e comercializadas noutro
EM.
Restrições
proibidas
Encargos Medidas
Direitos Restrições
de efeito de efeito
aduaneiros quantitativas
equivalente equivalente
Restrições excecionalmente
admissíveis (36º)
• Artigo 36º
• As disposições dos artigos 34.º e 35.º são aplicáveis
sem prejuízo das proibições ou restrições à
importação, exportação ou trânsito justificadas por
razões de moralidade pública, ordem pública e
segurança pública; de protecção da saúde e da vida C-302/86
das pessoas e animais ou de preservação das Comissão/Dinamarca
plantas; de protecção do património nacional de valor
artístico, histórico ou arqueológico; ou de protecção (Danish bottles)
da propriedade industrial e comercial. Todavia, tais 20/09/1988
proibições ou restrições não devem constituir nem
um meio de discriminação arbitrária nem qualquer
restrição dissimulada ao comércio entre os Estados-
Membros.
18
Artigo 17 Decreto n.° 397 de 02/07/1981
• Artigo 17.º • Os produtores têm a obrigação de comercializar a
• 1. A Comissão promove o interesse geral da União e toma as cerveja e os refrigerantes unicamente em
iniciativas adequadas para esse efeito. A Comissão vela pela embalagens susceptíveis de ser reutilizadas.
aplicação dos Tratados, bem como das medidas adoptadas Estas embalagens devem ser aprovadas pela
pelas instituições por força destes. Controla a aplicação do Agência Nacional para a Protecção do Ambiente,
direito da União, sob a fiscalização do Tribunal de Justiça da que pode recusar a aprovação de um novo tipo de
União Europeia. A Comissão executa o orçamento e gere os embalagem, nomeadamente no caso de
programas.
considerar que esta não é tecnicamente adaptada
• Exerce funções de coordenação, de execução e de gestão em a um sistema de recuperação, que o sistema de
conformidade com as condições estabelecidas nos Tratados.
Com excepção da política externa e de segurança comum e recuperação previsto pelos interessados não
dos restantes casos previstos nos Tratados, a Comissão garante o reemprego efectivo de uma
assegura a representação externa da União. percentagem suficiente de embalagens, ou se
• Toma a iniciativa da programação anual e plurianual da União tiver sido aprovada uma embalagem de igual
com vista à obtenção de acordos interinstitucionais. volume acessível e adaptada à mesma utilização.
Artigo 258º
• Se a Comissão considerar que um Estado-Membro Comissão Europeia
não cumpriu qualquer das obrigações que lhe
incumbem por força dos Tratados, formulará um • (Requerimento apresentado na Secretaria do
parecer fundamentado sobre o assunto, após ter Tribunal em 1 de Dezembro de 1986),
dado a esse Estado oportunidade de apresentar as
suas observações. • Ao instituir e aplicar o sistema obrigatório de
recuperação de embalagens de cerveja e
• Se o Estado em causa não proceder em refrigerantes, o Reino da Dinamarca não
conformidade com este parecer no prazo fixado pela cumpriu as obrigações que lhe incumbem por
Comissão, esta pode recorrer ao Tribunal de Justiça força do artigo 30.° do Tratado CEE.
da União Europeia.
• A regulamentação dinamarquesa viola o
Artigo 260º princípio da proporcionalidade, na medida em
• 1. Se o Tribunal de Justiça da União Europeia declarar que o objectivo da salvaguarda do ambiente
verificado que um Estado-Membro não cumpriu qualquer das poderia ser atingido por meios menos restritivos
obrigações que lhe incumbem por força dos Tratados, esse para o comércio intracomunitário.
Estado deve tomar as medidas necessárias à execução do
acórdão do Tribunal.
19
• A obrigação de instalar um sistema de
TJCE depósito e de recuperação das
embalagens vazias é um elemento
• A protecção do ambiente foi já considerada indispensável de um sistema que visa
pelo Tribunal (ADBHU*), como "um dos assegurar a reutilização das embalagens
objectivos essenciais da Comunidade",
• Os limites que esta obrigação impõe à
susceptíveis de justificar certas limitações ao
livre circulação de mercadorias não
princípio da livre circulação das mercadorias.
podem ser considerados como
• Face a essas considerações, deve pois desproporcionados. Tal obrigação é
entender-se que a protecção do ambiente necessária para atingir os fins
constitui uma exigência imperativa prosseguidos pela regulamentação
susceptível de limitar a aplicação do artigo litigiosa.
30.° do Tratado
C-240/83 ADBHU
7/02/1985
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• Artigo 352.º
1. Se uma acção da União for considerada
necessária, no quadro das políticas definidas pelos Directiva 75/439
Tratados, para atingir um dos objectivos
estabelecidos pelos Tratados, sem que estes • Considerando que uma disparidade entre
tenham previsto os poderes de acção necessários as disposições já aplicáveis ou em
para o efeito, o Conselho, deliberando por preparação nos diferentes Estados-
unanimidade, sob proposta da Comissão e após membros, no que diz respeito à
aprovação do Parlamento Europeu, adoptará as
disposições adequadas. Quando as disposições em
eliminação dos óleos usados, pode criar
questão sejam adoptadas pelo Conselho de acordo condições de concorrência desiguais e ter,
com um processo legislativo especial, o Conselho deste modo, uma incidência directa no
delibera igualmente por unanimidade, sob proposta funcionamento do mercado comum.
da Comissão e após consulta ao Parlamento
Europeu.
• Artigo 3o
Os Estados-membros tomarão as medidas Decreto 79/98 sobre óleos usados
necessárias para que, na medida do possível, a
eliminação dos óleos usados seja efectuada por
reutilização (regeneração e/ou combustão com • Dividide o territorio francês em zonas.
fins diferentes da destruição). • Estabelece um sistema para a aprovação
• Artigo 5o
Sempre que os objectivos definidos nos artigos de entidades responsáveis pela recolha e
2o, 3o e 4o não possam ser atingidos por outro eliminação de óleos usados.
meio, os Estados-membros tomarão as medidas
necessárias para que uma várias empresas • Os detentores de óleos usados devem
procedam à recolha dos produtos entregues entregá-los às entidades competentes
pelos detentores e/ou à eliminação desses
produtos, se for caso disso, na área que lhes é (…)
atribuída pela administração competente.
TRIBUNAL DE GRANDE
TJCE
INSTANCE de Creteil
• O princípio da liberdade de comércio não deve ser visto
• A directiva 75/439 é válida à luz do em termos absolutos mas está sujeito a certos limites
justificados pelo objectivo de interesse geral
Tratado? prosseguido pela Comunidade, desde que os direitos em
questão não sejam substancialmente afectados. (...)
• O decreto 79/98 sobre recuperação de
• Não há razão para concluir que a directiva tenha
óleos usados é compatível com o DC? excedido esses limites. (...)
• A directiva deve ser vista na perspectiva da protecção do
ambiente, que é um dos objectivos essenciais da
Comunidade
21
Importa recordar que, segundo jurisprudência assente, toda e qualquer legislação
comercial dos Estados-Membros susceptível de entravar, directa ou indirectamente,
efectiva ou potencialmente, o comércio intracomunitário deve ser considerada uma
medida de efeito equivalente a restrições quantitativas na acepção do artigo 28.° CE
(v., designadamente, acórdão Dassonville, já referido, n.° 5).
ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE 34 Resulta de jurisprudência igualmente assente que o artigo 28.° CE reflecte a
obrigação de respeitar os princípios da não discriminação e do reconhecimento
JUSTIÇA 10 DE FEVEREIRO DE mútuo dos produtos legalmente fabricados e comercializados noutros
Estados-Membros, bem como a de assegurar aos produtos comunitários um livre
2009 acesso aos mercados nacionais (v., neste sentido, acórdãos de 14 de Julho de
1983, Sandoz, 174/82, Recueil, p. 2445, n.° 26; de 20 de Fevereiro de 1979,
Rewe-Zentral, dito «Cassis de Dijon», 120/78, Colect., p. 327, n.os 6, 14 e 15; e Keck
Processo C-110/05 e Mithouard, já referido, n.os 16 e 17).
Comissão vs. Itália 35 Assim, constituem medidas de efeito equivalente a restrições quantitativas os
obstáculos à livre circulação de mercadorias resultantes, na falta de harmonização
das legislações nacionais, da aplicação a mercadorias provenientes de outros
Estados-Membros, onde são legalmente fabricadas e comercializadas, de regras
relativas às condições a que essas mercadorias devem obedecer, mesmo que
essas regras sejam indistintamente aplicáveis a todos os produtos (v., neste
sentido, acórdão Cassis de Dijon, já referido, n.os 6, 14 e 15; de 26 de Junho de
1997, Familiapress, C-368/95, Colect., p. I-3689, n.° 8; e de 11 de Dezembro de
2003, Deutscher Apothekerverband, C-322/01, Colect., p. I-14887, n.° 67).
No que diz respeito, por um lado, ao carácter adequado da 65 No que se refere, por outro lado, à apreciação do carácter necessário da
referida proibição, importa ter em conta o facto de que, em virtude da jurisprudência
proibição estabelecida no artigo 56.° do Código da Estrada, a do Tribunal de Justiça recordada no n.° 61 do presente acórdão, no domínio da
República Italiana alega que introduziu essa medida pelo facto de segurança rodoviária, o Estado-Membro pode decidir sobre o nível a que pretende
não existirem, a nível comunitário ou nacional, regras de garantir essa segurança e sobre a forma como esse nível deve ser atingido. Podendo
homologação que permitam assegurar o carácter não perigoso da esse nível variar de um Estado-Membro para outro, há que reconhecer aos
Estados-Membros uma margem de apreciação e, por conseguinte, o facto de um
utilização de um motociclo com um reboque. Não existindo essa Estado-Membro impor regras menos estritas do que as estabelecidas por outro
proibição, a circulação de um conjunto composto por um Estado-Membro não pode significar que estas últimas sejam desproporcionadas (v.,
motociclo e um reboque não homologados poderia ser perigosa por analogia, acórdãos de 13 de Julho de 2004, Comissão/França, C-262/02, Colect.
tanto para o condutor desse veículo como para outros veículos p. I-6569, n.° 37, e de 11 de Setembro de 2008, Comissão/Alemanha, C-141/07,
ainda não publicado na Colectânea, n.° 51).
em circulação, pois afectaria a estabilidade desse conjunto assim
66 No caso em apreço, a República Italiana sustenta, sem ser contraditada
como a sua travagem. quanto a este ponto pela Comissão, que a circulação de um conjunto composto por
64 A este respeito, deve observar-se que a referida proibição um motociclo e um reboque representa um perigo para a segurança rodoviária. Ora,
embora seja verdade que compete ao Estado-Membro que invoca uma exigência
é apta a realizar o objectivo de garantir a segurança rodoviária.
imperativa para justificar o entrave à livre circulação de mercadorias demonstrar que
a sua regulamentação é adequada e necessária para atingir o objectivo legítimo
prosseguido, este ónus de prova não pode ir até à exigência de que esse
Estado-Membro demonstre, pela positiva, que nenhuma outra medida imaginável
poderia permitir realizar o referido objectivo nas mesmas condições (v., por analogia,
acórdão de 23 de Outubro de 1997, Comissão/Países Baixos, C-157/94, Colect.,
p. I-5699, n.° 58).
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• Atendendo a estes elementos, impõe-se
concluir que a proibição de tracção de
reboques por motociclos, reboques esses
especialmente concebidos para os mesmos e
legalmente produzidos e comercializados em
Estados-Membros diferentes da República
Italiana, deve ser considerada justificada por
razões relativas à protecção da segurança
rodoviária.
• 70 Por conseguinte, há que julgar a acção
da Comissão improcedente.
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