Cópia de L. Crimes de Trânsito 1.1

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL – VINÍCIUS MARÇAL
CRIMES DE TRÂNSITO
[1] CTB (Lei 9.503/97) – Crimes na direção de veículo automotor
•O que é um veículo automotor?
•Nos termos do art. 4º, a definição encontra-se no Anexo I do CTB:
•“Todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e
que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a
tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O
termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não
circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).”
•Abrange:
•automóveis, caminhões, caminhonetes, tratores, vans, motocicletas, ônibus,
ônibus elétricos que não circulem em trilhos etc.
•Não abrange:
•veículos de propulsão humana (bicicletas etc.) e os de tração animal
(carroças). PONTO DO RATEIO - www.pontodorateio.com.br `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
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[2] Denominações: Crime em trânsito, de circulação e de trânsito
•Crime em trânsito: “São aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre
em um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas
que nele vivem. Exemplo: ‘A’, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma
missiva com ofensas a ‘B’, e essa carta passa pelo território brasileiro.” (Masson).
•Crime de circulação: “É o praticado com o emprego de veículo automotor, a

título de dolo ou de culpa, com a incidência do CP ou do CTB.” (Masson).
•Crime de trânsito: São os delitos cometidos na direção de veículos automotores,

sejam de perigo – abstrato ou concreto – ou dano, desde que o elemento subjetivo
constitua culpa. Ou seja, “não se admite a nomenclatura de crime de trânsito
para o crime de dano, cometido com dolo. Portanto, aquele que utiliza seu
veículo para, propositadamente, atropelar e matar seu inimigo comete homicídio –
e não simples crime de trânsito.”PONTO
(Nucci).
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[3] Bem jurídico
•Qual é o bem jurídico tutelado pelos tipos penais do CTB?
•A vida é tutelada primordialmente no art. 302; a integridade física no
art. 303; mas há um bem jurídico comum a todos os tipos:
•a proteção da segurança viária (2 dispositivos):
•CTB, art. 1º, §2º:

•“O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos
órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas
destinadas a assegurar esse direito.”
•CTB, art. 28:

•“O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo,
dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ
do
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trânsito.” vÝÊ*ÀÊ* Ê `ÌÀÊ
[4] Crimes de dano X Crimes de Perigo
Crime de dano Crime de Perigo
• Para boa parte da • A maioria dos tipos previstos no CTB é constituída por
doutrina, só há dois delitos de perigo (abstrato ou concreto).
crimes de dano no • Abstrato: consumam-se com a prática da conduta,
CTB: automaticamente. Não se exige a comprovação da
• 302 e 303. produção da situação de perigo. Há presunção absoluta de
que determinadas condutas acarretam perigo a bens
jurídicos. Ex.: Entregar a direção de veículo automotor a
pessoa não habilitada (art. 310).
• Concreto: consumam-se com a efetiva comprovação, no
caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. Ex.:
Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida
permissão para dirigir ou habilitação, gerando perigo de
dano (art. 309).
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[5] Disposições Gerais: art. 291
•Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores,

previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do CP e do CPP, se
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei 9.099/95, no
que couber.
•Exemplo de aplicação do CP:
•Reincidência.
•Exemplo de aplicação do CPP:
•Processamento do RESE.
•Exemplo de aplicação da LJE:
•§1º. Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa [detenção, de
6 meses a 2anos] o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95 [...]:
•E o art. 89???
[6] Infração Penal “tecnicamente” de M.P.O. sem institutos depenalizadores
•§1º. Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto
nos arts. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95, exceto se o agente estiver [três
casos]:
•I. sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência;
•II. participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; [ainda que
não cause lesão corporal grave]
•III. transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em
50 km/h.
•§2º. Nas hipóteses previstas no §1º deste artigo, deverá ser instaurado
inquérito policial para a investigação
PONTO DO RATEIO -da infração penal.
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[7] Suspensão ou Proibição: permissão ou habilitação [como pena] >>>
•Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor PODE ser imposta isolada ou cumulativamente
com outras penalidades.
•Permissão: Ao candidato aprovado nos exames de habilitação será conferida
Permissão para Dirigir, com validade de um ano (Art. 148, §2º).
•Habilitação: A CNH será conferida “ao condutor no término de um ano, desde que
o mesmo [legislador agindo como algoz do vernáculo!] não tenha cometido
nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou seja reincidente em infração
média.” (Art. 148, §3º).
•Suspensão: pressupõe permissão ou CNH já concedida.
•Proibição: aplica-se para quem ainda não obteve a permissão ou a CNH.
•OB S .: P A R A A L G U N S , A P R O I B I Ç Ã O C O N F I G U R A A S U I G E N E R IS
ESPÉCIE DE “PENA PRIVATIVA DE DIREITO
PONTO ”.
[8] Alguns crimes já estabelecem as penas do art. 292 de forma expressa
•Em alguns casos, o CTB já prevê de forma expressa essas penas,

conjuntamente com a p.p.l. e/ou com a pena de multa:
•arts. 302, 303, 306, 307 (violar a suspensão/proibição) e 308 (racha).
•Portanto:
•O art. 292 incide apenas para os demais crimes, que não estabelecem
previsão específica da pena de suspensão ou proibição de obter a
permissão ou habilitação.
•NOTA IMPORTANTE:
•Apesar da redação legal do art. 292, não se vislumbra a hipótese de
aplicação isolada das penas nele previstas (não dá, pois, para
desconsiderar os preceitos secundários de cada tipo). Uma ressalva:
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•Aplicação isolada por forçaPONTO
de transação penal.
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[9] Suspensão/Proibição: Facultativa ou Obrigatória?
Aplicação facultativa Aplicação obrigatória

• Art. 292. A suspensão ou a • Art. 296. Se o réu for
proibição de se obter a reincidente na prática de crime
permissão ou a habilitação previsto neste Código, O JUIZ
para dirigir veículo automotor APLICARÁ a penalidade de
PODE SER IMPOSTA suspensão da permissão ou
isolada ou cumulativamente habilitação para dirigir veículo
com outras penalidades. automotor, sem prejuízo das
demais sanções penais cabíveis.
• Obs: o art. 296 não impõe a
obrigatoriedade da proibição de
se obter a permissão
ou a CNH.
[10] Suspensão/Proibição: Duração e cumprimento.
•2meses a 5anos:
•Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a
habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de 2 meses a 5 anos.
•Pergunta: Como efetivar a medida?
•§1º. Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a
entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a Permissão para Dirigir ou a
Carteira de Habilitação. + Comunicações aos órgãos mencionados no art. 295.
•Pergunta: e se o condenado não atender ao chamado da Justiça?
•CTB, art. 307, parágrafo único [exemplo no próximo slide]
•Pergunta: e se o réu intimado estiver preso?
•§2º. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado,
por efeito de condenação penal, PONTO
estiver recolhido
DO RATEIO a estabelecimento prisional.
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a

[12] Suspensão/Proibição: fiscalização pelo órgão de trânsito
•Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição
de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada
pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito -
CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou
réu for domiciliado ou residente.
•Duas finalidades:
•1. Fiscalização pelos órgãos administrativos;
•2. Evitar a má-fé do condenado, que poderia entregar a sua CNH em
juízo e providenciar a 2ª via administrativamente.

[13] Suspensão/Proibição: como Medida Cautelar
•Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo
necessidade para a garantia da ordem pública [slide>], poderá o juiz,
como medida cautelar, de ofício [slide>], ou a requerimento do MP ou
ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir
veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
•Cuidado: ≠ prisão preventiva que pode ter 4 fundamentos:
•CPP, art. 312: garantia da ordem pública, da ordem econômica,
conveniência da instrução criminal, assegurar a aplicação da lei penal.
•Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida

cautelar, ou da que indeferir o requerimento do MP, caberá
•recurso em sentido estrito, sem
PONTO efeito
DO RATEIO suspensivo.
[14] Garantia da ordem pública? Cautelar de ofício?
•Quando a medida será eficaz para tutelar a ordem pública?
•“Possuindo o investigado precedente envolvendo delitos de trânsito,
necessária a imposição da medida cautelar de suspensão da habilitação para
dirigir veículo automotor, a fim de garantir a ordem pública.” (TJMG,
RESE 1.0395.15.001862-4/001, publ. 03/03/2017)
•“É imperiosa a suspensão cautelar da CNH daquele que já foi anteriormente
flagrado na direção de veículo automotor com sinais de embriaguez.” (TJMG,
RESE 1.0481.15.003483-5/001, publ. 22/07/2016)
•O juiz pode mesmo conceder a providência cautelar ex officio?
•Lei 12.403/2011
•CPP, art. 282, §2º. As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício
ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal,
por representação da autoridade policial ou mediante requerimento`Ìi`ÊÜÌ
do MP.
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[15] Efeito Extrapenal e Automático da Condenação
•Art.
160. O CONDUTOR condenado por delito de trânsito
DEVERÁ
•sersubmetido a novos exames para que possa voltar a dirigir, de

acordo com as normas estabelecidas pelo CONTRAN,
•independentemente do reconhecimento da prescrição, em face da

pena concretizada na sentença.
•Obs: A PPE (apenas ela) não apaga esse efeito da condenação.

[1] Multa reparatória
•Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento,
mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia
calculada com base no disposto no §1º do art. 49 do CP, sempre que houver
prejuízo material resultante do crime.
•Pergunta: qual é a natureza jurídica do instituto?
•Efeito da sentença [foi o que entendeu o prof. RB ao escrever sobre o art. 63,
§ún., CPP – fixação do quantum indenizatório mínimo].
•Multa Reparatória não é pena ≠ da multa penal e da prestação pecuniária.
•Pergunta: é necessário expresso pedido ou o efeito é automático?

•RB e ABM: não se faz necessário pedido expresso. Efeito automático!
•STJ e STF: é necessário pedido expresso para que o juiz fixe o valor devido,
sob pena de decisão extra petita. >>>>
a
•“A aplicação do instituto disposto no art. 387, inciso IV, do CPP,

referente à reparação de natureza cível, quando da prolação da sentença
condenatória, requer a dedução de um pedido expresso do querelante ou
do Ministério Público, em respeito às garantias do contraditório e da
ampla defesa. Ao determinar a indenização de ofício, o Juízo de primeiro
grau decidiu fora dos pedidos deduzidos pelo Parquet na peça acusatória,
o que configura violação do princípio da correlação entre o pedido e a
sentença, a justificar o afastamento da indenização.” (AgRg no REsp
1622852/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 14/03/2017).
•CONCLUSÃO:
•Dada a similitude dos institutos previstos nos arts. 297 do CTB e 63,
§ún, c.c 387, IV, do CPP: pode-se concluir que, para a multa reparatória,
também faz-se de rigor expresso pedido.
[3] Multa reparatória: 3ª via do direito penal
•Sistema de dupla via (Masson): admite as penas (1ª via) e as medidas de
segurança (2ª via) como respostas estatais aos violares das suas regras.
•Terceira via do Direito Penal (Greco): “Ulfrid Neumann esclarece que
‘recentemente, a introdução da relação autor-vítima-reparação no
sistema de sanções penais nos conduz a um modelo de três vias, onde a
reparação surge como uma terceira função da pena conjuntamente com a
retribuição e a prevenção’.”
•Nessa perspectiva:
•A instituição da multa reparatória (e a fixação do quanto indenizatório
mínimo do art. 387, IV, do CPP) revela traços desse modelo de três vias
(Justiça Restaurativa), ao viabilizar uma nova forma de composição das
consequências do delito.
[4] Comparativo
Multa Penal Multa Reparatória Prestação Pecuniária
Art. 49. A pena de Art. 297. A penalidade de multa Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I.
multa consiste no reparatória consiste no pagamento, prestação pecuniária;
pagamento ao mediante depósito judicial em favor da Art. 45, §1º. A prestação pecuniária consiste no
fundo vítima, ou seus sucessores, [...] sempre pagamento em dinheiro à vítima, a seus
penitenciário da que houver prejuízo material resultante dependentes ou a entidade pública ou privada
quantia fixada na do crime. com destinação social, de importância fixada
sentença e ≠≠≠ pelo juiz [...].
calculada em
dias-multa. [...]. STJ: “A pena de prestação pecuniária, §2º. No caso do parágrafo anterior, se houver
espécie de p.r.d não se confunde com a aceitação do beneficiário, a prestação
multa reparatória do art. 297 do CTB.” pecuniária pode consistir em prestação de outra
(REsp 772721, DJ 25/09/2006) & natureza.
“Não há qualquer incompatibilidade na Art. 44, §4º. A p.r.d converte-se em privativa de
aplicação cumulativa.” (REsp 736784, liberdade quando ocorrer o descumprimento
DJ 13/03/2006) injustificado. [...]

[5] Multa Reparatória: abrange os prejuízos imateriais?
•Enunciado 16 do Fonacrim sobre o CPP, art. 387, IV (... “considerando
os prejuízos sofridos pelo ofendido”):
•“O valor mínimo para reparação dos danos causados pelo crime pode
abranger danos morais.”
•Esse entendimento é extensivo aos crimes do CTB?
•Não! Dada a redação do art. 297:
•“A penalidade de multa reparatória consiste no pagamento, mediante
depósito judicial em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia
calculada com base no disposto no §1º do art. 49 do CP, sempre que
houver prejuízo material resultante do crime.”
•Portanto, o art. 297 só é aplicável aos crimes do CTB do qual decorram
prejuízos materiais para pessoa determinada (302 e 303). Não se aplica aos
delitos de perigo, porque a leiPONTO
somente
DO RATEIO se refere ao dano material. vÝÊ*ÀÊ*
Ê `ÌÀÊ
[6] Multa Reparatória: valor.
•Observação de Nucci:
•“a referência feita ao art. 49, §1º, do CP, é equivocada. Não se pode imaginar a
fixação de uma reparação civil de dano com base em 1/30 do salário mínimo até
o máximo de 5 salários. Seria, nitidamente, insuficiente em várias situações.
Logo, o correto é interpretar ser cabível a fixação da multa reparatória nos
termos do art. 49, caput e § 1º do CP. O magistrado escolhe um montante de
10 a 360 dias-multa. Após, estabelece o valor do dia-multa.”
•Em todo caso:
•§1º. A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo
demonstrado no processo.
•[NF’s de reparos no veículo, gastos hospitalares e com medicamentos >> a
habilitação do assistente não é obrigatória mas é bem-vinda]
•§3º. Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado.
•[a multa reparatória é, pois, umPONTO
adiantamento da indenização]
[7] Multa Reparatória: procedimento de execução
•Art. 297, §2º. Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52
do CP.
•Pagamento dentro de 10 dias depois de transitada em julgado a sentença.
•Possibilidade de parcelamento;
•CUIDADO COM O LEGITIMADO!!!
•Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
•Ação movida pela própria vítima ou sucessor, e não pela
Procuradoria da Fazenda. Não teria sentido retirar a legitimidade do
ofendido, já que essa multa, ao contrário da penal, tem nítido caráter
indenizatório e somente interessa à -vítima
PONTO DO RATEIO ou seus sucessores.vÝÊ*ÀÊ*
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Ê `ÌÀÊ
[8] Sete Agravantes
•Art. 298. São circunstâncias que *sempre agravam as penalidades dos crimes de
trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
•Obs: Faltou (art. 61 do CP): “quando não constituem ou qualificam o crime”.
•I. com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros;
•Obs: Nos crimes (de dano) dos arts. 302 e 303, se o fato atingir duas ou mais
pessoas, será aplicada a regra do art. 70, que implica na exasperação da sanção,
afastando-se a agravante. Contudo, a agravante se aplica se o autor do 302/303,
atingir a vítima e colocar em risco duas ou mais pessoas.
•Obs: Aplica-se aos crimes de perigo?
•1ª corrente: sim ≠ 2ª corrente: não (considerar o dano potencial para pessoas ou
o risco de grave dano patrimonial a terceiros seria bis in idem, haja vista que o
perigo já serviu para a tipificação da infração penal).
[9] Agravantes
•II. utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou

adulteradas;
•Cuidado:
•Se foi o próprio autor do crime de trânsito quem falsificou as
placas do veículo:
•CP, art. 311 do Código Penal + [concurso material] Delito do CTB
(sem a agravante).

[10] Agravantes >>>>
•III. sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;>
•Agravante aos arts. 302 e 303 [c.a.p.]:
•Art. 302, §1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo
automotor, a pena é aumentada de 1/3 à metade, se o agente: I. não
possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; + art. 303, §ún.
•Agravante ao art. 309 [elementar]:
•Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida
Permissão para Dirigir ou Habilitação [...], gerando perigo de dano:
•Agravante ao 310 [o sujeito ativo não é o condutor]:
•Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a
pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou
por embriaguez, não esteja em condições
PONTO de conduzi-lo com segurança:
a
•III. sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de

Habilitação;
•A agravante incide para os demais crimes, ex.:

•embriaguez ao volante (306) e racha (308).
•Nesses casos, o crime do art. 309 (direção sem habilitação):

•fica absorvido.

[12] Agravantes
•IV. com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria
diferente da do veículo;
•Valem aqui as mesmas observações ao inciso III. Ora, dirigir com permissão ou
habilitação diversa da concedida pelo órgão de trânsito é o mesmo que não ter
licença para dirigir.
•CTB, art. 143: estabelece 5 categorias para condução de veículos automotores.
•I. Categoria A - condutor de veículo motorizado de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral;
•II. Categoria B - condutor de veículo motorizado, não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não exceda a três
mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista;
•III. Categoria C - condutor de veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda a três mil
e quinhentos quilogramas;
•IV. Categoria D - condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito
lugares, excluído o do motorista;
•V. Categoria E - condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C ou D e
cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou mais de peso
bruto total, ou cuja lotação exceda a 8 (oito) lugares.
[13] Agravantes
•V. quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o
transporte de passageiros ou de carga;
•Profissão: atividade empregatícia; Atividade: atividade extra, informal.
•Agravante aos arts. 302, §1º, IV e 303, §ún. [c.a.p.]:
automotor, a pena é aumentada de 1/3 à metade, se o agente: IV. no exercício
de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
•Agravante incide nos demais casos. Ex.:
•Art. 306 cometido por motorista de ônibus.
•Pergunta: o autor precisa estar transportando passageiros ou carga no
momento da ação para incidir a agravante? Os cuidados especiais
mencionados no tipo subsistem na hipótese de veículo vazio?
•José Almeida Sobrinho (CTB Comentado): independe da lotação do veículo.
[14] Agravantes
•VI. utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo
com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
•Exemplos: Motor tunado; pneus mais largos que a lataria do veículo;
rebaixamento mediante corte das molas.
•CUIDADO (caso Cristiano Araújo):
•Nos arts. 302 e 303, só incidirá a agravante se a adulteração não tiver sido a
própria causa do acidente. Ex.:
•“A” troca as rodas do veículo X > “A” leva “B” para uma viagem > No
caminho, a roda se solta, exclusivamente em virtude da adulteração > O carro
capota e B falece > A responderá pelo art. 302, sem a agravante.
•Observação processual:
•Reclama perícia (CPP, art. 158)!
[15] Agravantes
•VII. sobre faixa de trânsito temporária [utilizadas em situações
especiais ou emergenciais, com o escopo de proteger pedestres,
trabalhadores etc.] ou permanentemente destinada a pedestres.
•Obs1: Visa aumentar a segurança dos pedestres nos locais

especificamente a eles destinados.
•Obs2: Agravante aos arts. 302, §1º, II e 303, §ún. [c.a.p.]:

automotor, a pena é aumentada de 1/3 à metade, se o agente: II. praticá-
lo em faixa de pedestres ou na calçada;

[1] Art. 300: perdão judicial
•Art. 300. VETADO

•“Nas hipóteses de homicídio culposo e lesão corporal culposa, o juiz
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem, exclusivamente, o cônjuge ou companheiro, ascendente,
descendente, irmão ou afim em linha reta, do condutor do veículo”.
•Pergunta: o veto presidencial significa rejeição à possibilidade de

aplicação de perdão judicial aos arts. 302 e 303 do CTB?
•2 Correntes.

[2] 1ª corrente
•TACRIM-SP:
•“É inadmissível a concessão do perdão judicial ao agente condenado
pelo delito do art. 302 da Lei 9.503/97 [...], uma vez que inexiste tal
previsão no Código de Trânsito Brasileiro para os crimes de homicídio
culposo e lesão corporal culposa, sendo certo que o referido benefício
constitui causa extintiva da punibilidade de aplicação restrita aos casos
legais, recaindo somente sobre as infrações especificamente indicadas
na lei, conforme dispõe o inciso IX do art. 107 do CP.” (Ap. 1252261-
2, 2.ª C., rel. Osni de Souza, 28.06.2001, v.u.).

[3] 2ª corrente
•O veto presidencial NÃO significa rejeição à possibilidade de aplicação
de perdão judicial aos arts. 302 e 303 do CTB. É imperativa a aplicação
analógica do §5º do art. 121 e do §8º do art. 129, ambos do CP, que são
normas de caráter geral (CP, art. 12). (Masson)
•O art. 291 também socorre esse entendimento:

•“Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores,
previstos
neste Código, aplicam-se as normas gerais do CP e do CPP, se este
Capítulo não dispuser de modo diverso, [...].”
•Ademais, as razões do veto presidencial foram as seguintes:

•“O artigo trata do perdão judicial, já consagrado pelo Direito Penal.
Deve ser vetado, porém, porque as hipóteses previstas no §5º do art. 121
e §8º do art. 129 do Código Penal disciplinam o instituto de forma `Ìi`ÊÜÌ
mais
abrangente”.
[4] Art. 301: Imunidade ao flagrante!
•Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de
que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança, SE prestar pronto e integral socorro àquela.
•Por outro lado:
•Havendo o crime + omissão de socorro:
•Arts. 302, §1º, II e 303, §ún.:
automotor, a pena é aumentada de 1/3 à metade, se o agente: III. deixar
de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente.
•Pergunta: é cabível a prisão temporária?
•Não. Lei 7.960/89: rol do art. 1º, III.
[5] Art. 301: Imunidade ao flagrante!
•Pergunta: é cabível a prisão preventiva?
•O CTB não veda.
•Mas e o CPP??
•Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva: I. nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
liberdade máxima superior a 4 anos;
•Contudo, a preventiva será excepcionalmente cabível em 2 casos:
•1. Art. 313, parágrafo único.

•“Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade
após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida.” `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
a
•2. Descumprimento da Medida Cautelar (ou de outras cautelares) de

suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo
automotor, ou a proibição de sua obtenção (arts. 294 do CTB c.c 282,
§6º, CPP). Fundamentação:
•EU G Ê N I O PA C E L L I E DO M I N G O S BA R R O S O D A CO S T A :
•“... é de se dizer que não restam dúvidas quanto à existência de
possíveis exceções, a justificar tratamento mais rigoroso em relação às
infrações penais culposas, como ocorre, por exemplo, em delitos de
trânsito, com ou sem embriaguez, mas com comprovada reiteração de
comportamento imprudente. Quantas vidas foram e poderão ser
ceifadas pela contumaz inobservância das regras exigidas para um
tráfego seguro, sobretudo em casos em que o agente é pilhado, repetidas
vezes, em velocidade superior àquela permitida no local, ou, com
mesmo grau de risco, em estado
PONTO DO de embriaguez
RATEIO ao volante?” vÝÊ*ÀÊ*
Ê `ÌÀÊ
[7] Crime do art. 302 (homicídio culposo de trânsito)
•Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas. detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
•Curiosidade:
•Antes do CTB: a provocação de morte culposa, por parte de condutor de
veículo, caracterizava crime de homicídio culposo comum (CP, art. 121, §3º).
•Estatísticas: Brasil como recordista mundial em mortes no trânsito:
•CTB: criação de uma modalidade especial e mais grave de homicídio
culposo (na direção de veículo automotor).
•HOJE, temos: duas modalidades de homicídio culposo.
•Art. 18. Diz-se o crime: II. culposo, quando o agente deu causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia.
[8] Crime do art. 302: elementos do crime culposo (Cleber Masson)

[9] Crime do art. 302: Vias terrestres
•Art. 1º. O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do

território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
•Logo: fatos praticados na condução de veículos motorizados não

terrestres (lanchas, jet-skis, aeronaves) ...
•não rendem ensejo ao art. 302 do CTB, podendo incorrer o autor,

conforme o caso, no CP: arts. 121, §3º ou 261 (agravado pela morte
culposa: art. 258), que trata do crime denominado: atentado contra a
segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo.

[10] Crime do art. 302: em vias particulares.
•Pergunta: Pode haver a prática dos crimes previstos nos arts. 302 e
303 do CTB, se o fato o fato se der em vias particulares [não abertas a
circulação pública]?
•Sim, incidem os arts. 302 e 303 ainda que não ocorram em vias públicas.
•Quando o legislador quis exigir que o fato delituoso fosse caracterizado
apenas quando ocorresse em via pública, o fez expressamente [ex.: racha
(art. 308) e direção sem habilitação (art. 309)].
•Não havendo a mesma ressalva nos arts. 302 e 303, é de se reconhecer que
os crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa na condução de
veículo automotor podem ocorrer independentemente do local do delito
(via pública ou privada).

[11] Crime do art. 302: na direção de veículo aumotor.
•Pergunta: é possível haver morte culposa no trânsito sem a
incidência do art. 302 do CTB?
•Sim. Para incidir o art. 302, é preciso que o agente esteja dirigindo
veículo automotor. Portanto, não há crime do CTB:
•I. Ciclista que atravessa a pista de rolamento em momento e local
inadequados [imprudência no trânsito por quem não estava na condução
de veículo automotor], causando a queda e a morte de um motociclista.
•II. “Caroneiro” que, por imprudência, balança a motocicleta e provoca a
queda e morte do condutor.
•III. Pessoa que:
•a) mata motociclista por abrir a porta de um carro sem olhar para trás;
•b) empurra um carro desligado, perde o seu controle e atropela alguém.
[12] Crime do art. 302: Elemento subjetivo.
•Pergunta: qual é o elemento subjetivo do tipo previsto no art. 302

do CTB?
•Será sempre e sempre: A CULPA!!
•Se, na direção de veículo aumotor, Fulano acelerar seu carro para

atropelar e matar seu desafeto, teremos crime de homicídio doloso (CP).
•Pergunta: é correta a equação: embriaguez + direção + morte =

dolo eventual?

1
CU L P A CO N S C I E N T E DOLO EVENTUAL
• Homicídio. Acidente de Trânsito. Embriaguez. • “A embriaguez não foi a única circunstância externa
Presunção simplória de dolo eventual. configuradora do dolo eventual. Assim, na espécie, a
Impossibilidade sem maiores demonstrações que Corte de origem entendeu, com base nas provas dos
levem a concluir pelo elemento volitivo. [...] A autos, que ‘o recorrente não está sendo processado
embriaguez, por si só, sem outros elementos do em razão de uma simples embriaguez ao volante da
caso concreto, não pode induzir à presunção, pura e qual resultou uma morte, mas sim de dirigir em
simples, de que houve intenção de matar [...].” (HC velocidade incompatível com o local, à noite, na
328.426, DJe 25/11/2015) contramão de direção em rodovia’. Tais
• Homicídio na condução de veículo automotor.
circunstâncias indicam, em tese, terem sido os crimes
Embriaguez ao volante. [...] Sendo os crimes de
praticados com dolo eventual.” (HC 303872, DJe
trânsito, em regra, culposos, impõe-se a indicação
02/02/2017)
de elementos concretos que evidenciem a assunção
• “[...] o fato de o réu dirigir embriagado veículo
do risco de produzir o resultado, o dolo eventual.
[...] o contexto fático evidenciaria a culpa automotor em via pública, fazendo zigue-zague na
consciente, por se tratar de motorista profissional pista e, ao atingir a vítima, não prestar socorro, são
que confiara em suas habilidades para impedir o circunstâncias que indicam que o paciente agiu com
resultado.” (AgRg no REsp 1041830, DJe dolo eventual.” (HC 226.338, DJe 28/04/2016) `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
03/11/2015)
[14] Crime do art. 302: 4 Causas de Aumento de Pena.
•§1º.No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor,

a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
•I. não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
•Obs: obviamente, não incidirá na hipótese o crime do art. 309.

•§1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
•II. praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
•Obs1: A conduta é mais grave nesses casos, uma vez que a vítima é atingida
justamente em local destinado a lhe dar segurança.
•Obs2: Crime praticado em faixa de pedestre (já vimos ao estudar as agravantes.

Pode ser temporária?);
•Obs3: Crime praticado na calçada (não previso na agravante do art. 298, VII):
•Anexo I do CTB: “Parte da via, normalmente segregada e em nível diferente,
não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e,
quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e
outros fins.” `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
•§1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a

pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
•III. deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à vítima do acidente;
•3 Requisitos para a c.a.p:
•1. Deixar de prestar socorro o causador do acidente;
•2. Sem risco pessoal para o condutor (ameaça de linchamento etc.);
•3. O condutor deve ter condições para levar a cabo o socorro (se ele – o
condutor – ficou gravemente ferido, não incide a c.a.p.)
•Não incide a c.a.p.:
•A. Socorro imediatamente prestado por terceiros;
•B. Socorro absolutamente inviável (morte evidente). >>Atenção>>
[2]
•“Irrelevante o fato de a vítima ter falecido imediatamente, tendo em vista que não
cabe ao condutor do veículo, no instante do acidente, supor que a gravidade das
lesões resultou na morte para deixar de prestar o devido socorro”. (AgRg no Ag
1140929/MG, Min. Laurita Vaz, 5ª Turma do STJ DJe 08/09/2009) & AgRg no Ag
1371062/SC, Min. Og Fernandes, 6ª Turma do STJ, DJe 03/11/2011)
•CUIDADO 1: Nos precedentes acima, o STJ considerou que, no instante do acidente,
o condutor não poderia “supor” que as lesões causadas na vítima foram de tal monta
que redundaram sua morte. Note-se: Esses casos não tratam de morte evidente!
•CUIDADO 2: Quanto ao crime do art. 304, não há dúvida (ao menos literalmente):
•Art. 304. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do
veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de
vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
•Mas a redação desse dispositivo é muito criticada: “não se auxilia cadáver”!
[3] Art. 302, §1º, III ≠ Art. 304
CTB, art. 302, §1º, III CTB, art. 304
• A c.a.p. se aplica ao condutor do • O crime do art. 304 (omissão de socorro no
veículo que age de forma culposa trânsito) reclama que o condutor tenha
e se omite. causado o acidente sem culpa.
• O condutor do veículo, que • Ou seja, o art. 304 incide quando o
omitiu socorro, é culpado condutor, que não agiu com culpa
(imprudência, negligência ou (imprudência, negligência ou imperícia),
imperícia) pelo acidente. deixa de prestar socorro à vítima.
• O condutor do veículo, que omitiu socorro,
não é culpado pelo acidente.
• Ele deve prestar o socorro mesmo cabendo a
culpa do sinistro à vítima ou a terceiro. Se
não o fizer: CTB, art. 304.
[4] Art. 302, §1º, III ≠ Art. 304
•(PCDF / 2005 / Delegado de Polícia) Quando conduzia veículo

automotor, sem culpa, Fulano atropela um pedestre, deixando de
prestar-lhe socorro, constituindo tal conduta, em tese, a prática de:
•a) omissão de socorro, prevista no art. 135 do Código Penal;
•b) lesão corporal culposa, com o aumento de pena previsto no artigo
129, § 7º, do Código Penal;
•c) lesão corporal culposa na condução de veículo automotor, com o
aumento de pena previsto no artigo 303, § único, da Lei n. 9.503/97;
•d) omissão de socorro, prevista no artigo 304, da Lei n. 9.503/97.

•§1º.No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a

pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
•IV. no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo
veículo de transporte de passageiros. ≠ da agravante:
•Art. 298, V. quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados
especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
•Pergunta: a c.a.p. exige que a pessoa atingida esteja dentro do

veículo conduzido pelo autor?
•Não!
•A c.a.p. incidirá ainda que o resultado tenha alcançado pessoa que não
estava no interior do veículo (v.g.: pedestre).
•§1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: V. estiver sob a
influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos.
[Revogado pela Lei 11.705/2008] Pergunta:
•Os arts. 302 e 306 podem ser aplicados em concurso?
•Nucci: “Eliminou-se a causa de aumento com o objetivo de permitir a
aplicação cumulativa de dois crimes: homicídio culposo em concurso formal
com a embriaguez ao volante. Entretanto, não se admite que, concorrendo o
crime de perigo (embriaguez ao volante) com o crime de dano (homicídio
culposo), haja a aplicação cumulativa dos dois tipos penais. Afinal, o delito de
dano sempre absorve o de perigo. Diante disso, a eliminação da causa de
aumento prejudicou o contexto do maior rigor exigível de quem dirige
alcoolizado, causando dano à coletividade. Para consertar o equívoco
legislativo, ... editou-se a Lei 12.971/2014, acrescentando essa circunstância`Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
como qualificadora no § 2.º deste artigo.” vÝÊ*ÀÊ* Ê `ÌÀÊ
[7] Embriaguez ou Racha + Morte Culposa: Confusão legislativa
Art. 302, §2º Art. 308, §2º
• Art. 302, §2º. Se o agente conduz veículo • Art. 308, §2º. Se da prática do crime previsto
automotor com capacidade psicomotora no caput resultar morte, e as circunstâncias
alterada *em razão da influência de álcool ou demonstrarem que o agente não quis o
de outra substância psicoativa que determine resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
dependência ou *participa, em via, de corrida, pena privativa de liberdade é de reclusão de 5
disputa ou competição automobilística ou a 10 anos, sem prejuízo das outras penas
ainda de exibição ou demonstração de perícia previstas neste artigo.
em manobra de veículo automotor, não • Redação dada pela Lei n. 12.971/2014
autorizada pela autoridade competente: Penas. • Antes da Lei 13.281/16, havia uma
reclusão, de 2 a 4 anos, e suspensão ou duplicidade de condutas típicas, pois a
proibição de se obter a permissão ou a parte final do § 2º do art. 302 e o art. 308
habilitação para dirigir veículo automotor. previam o mesmo comportamento com
• Redação dada pela Lei n. 12.971/2014 diferentes sanções.
• Revogado pela Lei 13.281/2016 PONTO DO RATEIO - www.pontodorateio.com.br `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
[8] Embriaguez ou Racha + Morte Culposa: Confusão legislativa
•2 Conclusões:
•1. A morte culposa decorrente de racha configura o crime do art. 308, §2º
[sepultada a divergência, porquanto o §2º do art. 302 foi revogado].
•2. Sobre a 1ª parte do extinto §2º do art. 302, a revogação reabre a discussão
sobre a possibilidade de concurso entre os delitos do art. 302 e 306:
•1ª Corrente: Defende a possibilidade. A Lei 11.705/08 revogou a c.a.p. do
art. 302, §1º, V (embriaguez), a fim de permitir o concurso. Logo, não há
falar em absorção do crime de embriaguez pelo de homicídio culposo, “pois
aquele delito, de perigo abstrato, já estava consumado quando do acidente.”
(TJSP, Ap. 830.821.3/5, 30.03.2006).
•2ª Corrente: O concurso é inviável, porquanto o crime de dano (302)
absorve o crime de perigo (306).
[9] Crime do art. 303 (Lesão corporal culposa de trânsito)
•Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
Penas. detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
•§ único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer
qualquer das hipóteses do §1º do art. 302.
•Observações sobre o art. 303, caput:

•I.P.M.P.O.
•Composição civil
•(LJE, art. 74, §ún. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de
ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação).
•Transação penal. PONTO DO RATEIO - www.pontodorateio.com.br
[10]
•Observações sobre o art. 303, caput e §ún.:
•Suspensão condicional do processo

•(LJE, art. 89, § 5º. Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
extinta a punibilidade.)
•Ação penal pública condicionada à representação ☟

•(LJE, art. 88. Além das hipóteses do CP e da legislação especial,
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas.)
•>>cuidado>>
[11]
•Cuidado com o art. 291, §1º (Infração “tecnicamente” de MPO):
•Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto
nos arts. 74, 76 e 88 da Lei 9.099/95, exceto se o agente estiver:
•I. sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência;
•II. participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição
automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
•III. transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via
em 50 km/h.
•§2º. Nas hipóteses previstas no §1º deste artigo, deverá ser instaurado
inquérito policial para a investigação da infração penal.
[12] Crime do art. 304 (Omissão de socorro sem culpa do condutor)
•Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de
prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente,
por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: Penas.
detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir
elemento de crime mais grave.
•Atipicidade:
•Inviabilidade de socorro direto e de pedido de auxílio à autoridade
pública. Ex.: condutor também lesionado.
•Sujeito Ativo:
•Condutor de veículo envolvido, sem culpa, em acidente.
•Cuidado (CP, art. 135):
•Condutores de veículos não envolvidos no acidente + demais pessoas
que deixem também de prestarPONTOsocorro.
DO RATEIO - www.pontodorateio.com.br
[13] Crime do art. 304 (Omissão de socorro sem culpa do condutor)
•§ único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo,
ainda que a sua omissão seja
•suprida por terceiros
•[somente responderá quando a prestação do socorro não chegar ao seu
conhecimento, por já ter se evadido do local]
•ou que se trate de vítima com morte instantânea
•[Nucci: “Se a vítima morrer instantaneamente, situação nítida e clara,
torna-se ilógico exigir que o condutor do veículo preste socorro. [...].
Haveria condições de punir o condutor se o ofendido (morto
instantaneamente) deixar de ser socorrido, mas não houver certeza acerca
da sua morte.”]
•ou com ferimentos leves.
•[desde que a vítima queria ser socorrida!]
[14] Crime do art. 305
•Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas. detenção, de
seis meses a um ano, ou multa.
•Muitos sustentam a inaplicabilidade do dispositivo. 4 Fundamentos:
•1. A fuga destinada a evitar a responsabilização penal já configura c.a.p. (302 e
303) ou crime autônomo (304);
•2. A fuga destinada a evitar a responsabilização civil afronta o art. 5º, LXVII
[prisão por dívida];
•3. Nemo tenetur se detegere [não se pode obrigar o sujeito a se autoincriminar,
permanecendo no lugar do crime, para sofrer as consequências da sua conduta].
•4. Não há dispositivo semelhante em relação à prática de outros crimes [o ladrão
que foge não é responsabilidade por crime autônomo por ter se evadido].
•Ps.: Julgados de vários TJ’s ePONTO
TRF’s no- www.pontodorateio.com.br
DO RATEIO sentido da inconstitucionalidade>
a
•[15] Em sentido contrário:

•TJDF: “O dever de permanecer no local do acidente de trânsito, por certo, não significa
presunção de culpa, porque a responsabilidade, tanto civil, quanto penal, deverá ser apurada em
procedimento próprio, com todos os direitos e garantias individuais pertinentes. Não menos
certo, o art. 305 do CTB não exclui o exercício do direito ao silêncio, podendo o sujeito, mesmo
presente ao local dos fatos, permanecer calado, se assim lhe convier, sem responder às
indagações das autoridades públicas acerca das circunstâncias do acidente de trânsito, não
estando obrigado, igualmente, a declarar-se culpado, nem a fornecer material biológico que possa
ser utilizado como prova em seu prejuízo. A leitura da norma revela que a única obrigação
imposta à pessoa que se envolve em acidente de trânsito é a de não se ausentar do local dos fatos,
prescrição esta que não limita o direito de permanecer em silêncio e de recusar-se a fornecer
informações ou prover prova conclusiva sobre a existência de culpa, a qual, repita-se, deve ser
apurada por meio do devido processo legal. [...] A norma acaba por dar efetividade a outros
princípios constitucionais e proteger direitos fundamentais inerentes aos cidadãos, tais como
segurança, vida, integridade física, incolumidade pública, indenização por danos provenientes de
ato ilícito, prestação de socorro, dentre outros”
PONTO (Apelação
DO RATEIO 20110510098207, 15.08.2013).
• Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência:
•(3) Penas. detenção, de seis 6 a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
•Pergunta: precisa ser em via pública?
•Não! Até 2008: “Conduzir veículo automotor, na via pública, [...]”
•Atualmente, esse elemento do tipo não existe mais. Logo, há crime:
•Em estradas de fazendas;
•Estacionamento privado; &
•No interior de garagem da própria residência.

•Pergunta: como se comprova o cometimento deste delito?
•§1º. As condutas previstas no caput serão constatadas por:
•I. concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou
igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
•II. sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade
psicomotora.
•Pergunta: de quais meios o Estado pode se valer para obter essas constatações?
•Resposta: 5 meios típicos + cláusula geral.
•§2º. A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de
alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou
outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
•§3º. O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou
toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.`Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
•[norma processual em branco] vÝÊ*ÀÊ* Ê `ÌÀÊ
[3] Crime do art. 306 – evolução legislativa
•Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de
álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem:
•Em 2008, o legislador retirou do tipo a expressão “expondo a dano
potencial a incolumidade de outrem” e passou a considerar perigosa
para a segurança viária a direção do veículo da seguinte forma:
•Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com
concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis)
decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência: [Redação dada pela Lei 11.705/2008]
•Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa
que determine dependência: [Redação dada
PONTO DO RATEIO pela Lei 12.760/2012] vÝÊ*ÀÊ*
Ê `ÌÀÊ
[4] Crime do art. 306 – pergunta
•Pergunta: é crime de perigo abstrato ou de perigo concreto?
•STF:
•“A jurisprudência é pacífica no sentido de reconhecer a aplicabilidade do
art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro delito de embriaguez ao volante,
não prosperando a alegação de que o mencionado dispositivo, por se referir a
crime de perigo abstrato, não é aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro”
(ARE 985532 AgR, DJe-214 de 6.10.2016)
•STJ:
•“O delito previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro é de perigo
abstrato, sendo suficiente para a sua caracterização que o condutor do
veículo esteja com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou outra substância entorpecente, dispensada a demonstração da
potencialidade lesiva da conduta. (HC
PONTO DO RATEIO 342.422, DJe 09/03/2016)
[5] Crime do art. 306 – revogação do art. 34 da LCP?
•Pergunta: está revogada a infração prevista no art. 34 da LCP

[“Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas,
pondo em perigo a segurança alheia:”]?
•Derrogada!
•Na parte relativa aos veículos automotores (para alguns, ainda vige o
art. 34 com relação a algumas manobras radicais).
•Permanece o art. 34 no tocante às embarcações.

[6] Crime do Art. 307
•Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento
neste Código: [3] Penas. detenção, de 6 meses a 1 ano e multa, com nova
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
•Obs1: Não reclama condução anormal (basta a direção).
•Obs2: A pena de suspensão pode ser imposta judicial ou
administrativamente às pessoas legalmente habilitadas.
•Obs3: A pena de proibição (pressupõe que o agente não possua a
permissão ou habilitação) somente é aplicável judicialmente às pessoas
que cometam crime do CTB.
•Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de
entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para
Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
[7] Crime do art. 308 [Redação dada pela Lei 12.971/2014]
•Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública,
de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela
autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada: [3] Penas. detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.
•Obs1: com a Lei 12.971/14: o racha deixou de ser I.P.M.P.O.
•Obs2: Crime de perigo concreto (≠ do art. 306):
•Mas é desnecessário provar que pessoa certa e determinada tenha sido
exposta a perigo.
•Na realidade, a disputa entre dois veículos em altíssima velocidade na
via pública, na imensa maioria das vezes, por si só, rebaixará o nível de
segurança viária, de modo aPONTO
caracterizar a infração penal.
[8] Crime do art. 308 – formas qualificadas
•§1º. Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de
natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é
de reclusão, de 3 a 6 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
•Racha doloso + Lesão culposa grave – dolo direto ou eventual = art. 308, §1º.
•§2º. Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as

circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5
a 10 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
•Racha doloso + Morte culposa – dolo direto ou eventual = art. 308, §2º.
•Ps: Presente o dolo direto ou eventual: CP, arts. 121 ou 121 c.c `Ìi`ÊÜÌ
14, II >>
[9] muitas vezes reconhece-se o dolo eventual
•“É cediço na Corte que, em se tratando de homicídio praticado na direção de
veículo automotor em decorrência do chamado “racha”, a conduta configura
homicídio doloso. [...]. A conclusão externada nas instâncias originárias no sentido
de que o paciente participava de “pega” ou “racha”, empregando alta
velocidade, momento em que veio a colher a vítima em motocicleta, impõe
reconhecer a presença do elemento volitivo, vale dizer, do dolo eventual no
caso concreto.” (HC 101698, 1ª T.STF, DJe-227 de 30-11-2011)
•“RACHA. [...] COMPATIBILIDADE COM O DOLO EVENTUAL. [...] Na

hipótese, os réus, no auge de disputa automobilística em via pública, não
conseguiram efetuar determinada curva, perderam o controle do automóvel e o ora
Paciente atingiu, de súbito, a vítima, colidindo frontalmente com a sua motocicleta,
ocasionando-lhe a morte.” (HCPONTO120.175/SC, 5ªT.STJ, DJe 29/03/2010)
•Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão
para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano: Penas. detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa.
•Pergunta: há crime na condução perigosa de veículo de categoria diversa?
•Pergunta: está revogado o art. 32 da LCP [“Dirigir, sem a devida habilitação,
veículo na via pública, ou embarcação a motor em aguas públicas:”]?
•Derrogado! Súmula 720 do STF: “O art. 309 do CTB, que reclama decorra do
fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no
tocante à direção sem habilitação em vias terrestres.”
•Portanto: Remanesce a contravenção relativa às embarcações.
•Pergunta: no caso de habilitação vencida, o crime se verifica?
•Sim, mas apenas se o vencimento ocorreu há mais de 30 dias (art. 162, V),
pois, antes disso, o fato nem sequer configura ilícito administrativo. `Ìi`ÊÜÌ ÊÌ iÊìÊÛiÀÃÊvÊ
•Pergunta: há crime na conduta de dirigir veículo pela via pública com o
direito de dirigir cassado [Ps.: o art. 310 fala expressamente em habilitação
cassada, ao contrário do art. 309]?
•Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á: I. quando,
suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo; II. no caso de
reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art.
162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; III. quando condenado judicialmente
por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160. §1º [...]
•§2º. Decorridos 2 anos da cassação da CNH, o infrator poderá requerer sua
reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma
estabelecida pelo CONTRAN.
•Pergunta: para a consumação típica é necessário a identificação de
determinada pessoa exposta a risco?
•Não! Trata-se de crime que lesa o bem jurídico “segurança viária”, de forma que o
sujeito passivo é toda a coletividade.
•Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor

a *pessoa não habilitada, *com habilitação cassada ou *com o direito
de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, *por seu estado de saúde, física
ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo
com segurança: Penas. detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
•Obs:
•Se o motorista, nas hipóteses do artigo, dirigir de forma prudente e
regular, não pratica ilícito nenhum.
•Entretanto...
•Quem lhe emprestou o veículo, independentemente da causação do
perigo de dano, comete o crime do art. 310.

•Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades
de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros,
logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de
pessoas, gerando perigo de dano: Penas. detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa.
•Pergunta: O tipo penal somente abrange o excesso de velocidade. Mas e a
prática de outras manobras perigosas, constitui fato atípico?
•Não. [LCP, art. 34. Dirigir veículos na via pública ... pondo em perigo a segurança
alheia:]. Nesse sentido, DAMÁSIO:
•“Realizar ‘cavalo de pau’, acrobacias, zigue-zague e ‘empinar’ motocicleta em
praça pública, em alta velocidade: Constitui a contravenção,
independentemente da produção de perigo concreto à incolumidade alheia.”
•Obs: O crime exige “perigo de dano”:
•Ex: dirigir em alta velocidade, de madrugada,
PONTO na porta de escola. vÝÊ*ÀÊ*
Ê `ÌÀÊ
[14] CTB, art. 312 ≠ CP, art. 347
CTB, art. 312 CP, art. 347 (fraude processual)
• Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de • Art. 347. Inovar artificiosamente, na
acidente automobilístico com vítima, pendência de processo civil ou
• na pendência do respectivo procedimento administrativo, o estado de lugar, de
policial preparatório, inquérito policial ou coisa ou de pessoa, com o fim de
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de induzir a erro o juiz ou o perito:
pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o • Pena. detenção, de 3 meses a 2
perito, ou juiz: anos, e multa.
• Penas. detenção, de seis 6 meses a 1 ano, ou multa. • Parágrafo único. Se a inovação se
• Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, destina a produzir efeito em processo
ainda que não iniciados, quando da inovação, o penal, ainda que não iniciado, as
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo penas aplicam-se em dobro.
aos quais se refere.
• [Ps.: em regra, a fraude processual especial ocorre
logo após o acidente, antes da chegada de
testemunhas e peritos] PONTO DO RATEIO - www.pontodorateio.com.br
•3 Exemplos:
•limpar marcas de frenagem indicativa de excesso de velocidade;
•retirar placas de sinalização para causar dúvida sobre a via preferencial;
•alterar a posição dos veículos ou o local do corpo da vítima do art. 302.
•CUIDADO: A simples fuga do local do acidente pode configurar [3]:
•crime específico do art. 305 (para quem entende pela constitucionalidade);
•c.a.p. (302 e 303).
•crime autônomo (304).
•Nota sobre o Sujeito Ativo:
•Pode ser cometido pelo condutor causador do acidente ou por outrem. Ex.:
esposa embriagada liga para o marido e avisa sobre o acidente. Este, por sua
vez, corre até o local e frauda a cena do crime.
•Autonomia do crime em relação ao delito previamente cometido:
•Ex: CTB, arts. 302 ou 303 + 312, em concurso material.
[16] Art. 312-A (Redação dada pela Lei 13.281/2016): prestação de serviço
•Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas
situações em que o juiz aplicar a substituição de p.p.l. por p.r.d.,
•esta DEVERÁ ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas, em uma das seguintes atividades:
•I. trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e
em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de
trânsito;
•II. trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que
recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados;
•III. trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de
acidentados de trânsito;
•IV. outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de
vítimas de acidentes de trânsito.

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL – VINÍCIUS MARÇAL

•Crime de circulação: “É o praticado com o emprego de veículo automotor, a

•Crime de trânsito: São os delitos cometidos na direção de veículos automotores,

•CTB, art. 1º, §2º:

•CTB, art. 28:

•Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores,

•Em alguns casos, o CTB já prevê de forma expressa essas penas,

Aplicação facultativa Aplicação obrigatória

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•Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida

•sersubmetido a novos exames para que possa voltar a dirigir, de

•independentemente do reconhecimento da prescrição, em face da

•Obs: A PPE (apenas ela) não apaga esse efeito da condenação.

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•Pergunta: é necessário expresso pedido ou o efeito é automático?

•“A aplicação do instituto disposto no art. 387, inciso IV, do CPP,

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•II. utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou

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•III. sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de

•A agravante incide para os demais crimes, ex.:

•Nesses casos, o crime do art. 309 (direção sem habilitação):

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•Obs1: Visa aumentar a segurança dos pedestres nos locais

•Obs2: Agravante aos arts. 302, §1º, II e 303, §ún. [c.a.p.]:

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•Art. 300. VETADO

•Pergunta: o veto presidencial significa rejeição à possibilidade de

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•O art. 291 também socorre esse entendimento:

•Ademais, as razões do veto presidencial foram as seguintes:

•Contudo, a preventiva será excepcionalmente cabível em 2 casos:

•1. Art. 313, parágrafo único.

•2. Descumprimento da Medida Cautelar (ou de outras cautelares) de

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•Art. 1º. O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do

•Logo: fatos praticados na condução de veículos motorizados não

•não rendem ensejo ao art. 302 do CTB, podendo incorrer o autor,

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•Pergunta: qual é o elemento subjetivo do tipo previsto no art. 302

•Será sempre e sempre: A CULPA!!

•Se, na direção de veículo aumotor, Fulano acelerar seu carro para

•Pergunta: é correta a equação: embriaguez + direção + morte =

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•§1º.No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor,

•I. não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

•Obs: obviamente, não incidirá na hipótese o crime do art. 309.

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•Obs2: Crime praticado em faixa de pedestre (já vimos ao estudar as agravantes.

•§1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a

•(PCDF / 2005 / Delegado de Polícia) Quando conduzia veículo

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•§1º.No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a

•Pergunta: a c.a.p. exige que a pessoa atingida esteja dentro do

•Observações sobre o art. 303, caput:

•Suspensão condicional do processo

•Ação penal pública condicionada à representação ☟

•[15] Em sentido contrário:

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•Pergunta: está revogada a infração prevista no art. 34 da LCP

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