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O Ambiente Lúdico Como Fator Motivacional Na Aprendizagem Escolar
O Ambiente Lúdico Como Fator Motivacional Na Aprendizagem Escolar
Apoio Financeiro:
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Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.11, n.1, p. 28-36, 2011
ISSN 1809-4139
O ambiente lúdico como fator motivacional.
[...] possibilita que as ações lúdicas tenham um A manipulação do brinquedo leva a criança à
limite mais amplo e assim a criança possa ação, representação e imaginação. Mostra-se
utilizar recursos das substituições que faz com como uma das mais eficientes formas de
os objetos (BISCOLI, 2005, p. 41). comunicação com a criança e proporciona
diversão, relaxamento, diminuição da ansiedade
Biscoli (2005) pondera que a
e meios de expressar os sentimentos
brincadeira é a ação que a criança tem para
(FALEIROS; SADALA; ROCHA, 2002).
desempenhar as regras do jogo na atividade
lúdica. Utiliza-se do brinquedo, mas ambos se A introdução de brinquedos e
distinguem. As crianças, numa perspectiva brincadeiras na escola requer espaço e materiais,
histórico-cultural imitam e reinterpretam o estímulo à interação entre as crianças e
mundo adulto, transformando as relações sociais compreensão por parte dos professores das
e intervindo ativamente. Na idade pré-escolar, a diferentes formas de brincar, relevantes para
brincadeira ocorre em virtude da necessidade da cada criança em determinado momento (LEITE;
criança em se apropriar das ações desse SHIMO, 2007).
universo.
De acordo com Biscoli (2005) no
Segundo Pontes e Magalhães (2003) as brinquedo não há necessariamente regras
brincadeiras tradicionais e populares possuem envolvendo seu uso e funcionamento. O
padrões lúdicos universais, que mesmo com brinquedo é o que permite a materialização das
suas características regionais, têm estruturas de representações que a criança faz, que por sua
regras muito semelhantes. Para eles, a vez é livre para usá-lo como quiser. O
brincadeira também pressupõe aprendizagem brinquedo é o suporte das brincadeiras e “um
social, pois através dela “aprendem-se as substituto dos objetos reais no caso da
formas, os vocabulários típicos, as regras e o brincadeira do faz-de-conta” (p.25).
seu momento de enunciá-las, as habilidades
Lisboa (2007) fez um relato carregado
específicas requeridas para cada brinquedo, os
de emoção com seus resultados obtidos em
tipos de interações condizentes, etc.” (p. 118).
intervenção lúdica focada no esporte e mídia,
Para Vigotski (2008), a participação de que não discorreremos aqui, feita com alunos de
outras pessoas é imprescindível para promover 2ª série (3°) ano, que teve na participação do
o desenvolvimento infantil e o brincar é aluno, no diálogo e a alteridade os pressupostos
essencial para o desenvolvimento cognitivo da para sua pesquisa. Para a autora, opinião da qual
criança, pois os processos de simbolização e nosso grupo também se apropria, considera os
representação a levam ao pensamento abstrato. alunos como parceiros na prática pedagógica.
Eles são agentes ativos no processo de
conhecimento em busca da sua autonomia e
Brinquedo: O instrumento para a ação lúdica emancipação. Como atores sociais ativos
precisam ser considerados e ouvidos. A autora
discorre sobre a euforia demonstrada pelas
Para Oliveira (1986), o brinquedo crianças na intervenção ao perceberem que
constitui-se em um objeto palpável e finito estavam sendo valorizadas em suas
podendo ser constituído por diferentes formas potencialidades e com esta motivação
de criação, desde as artesanais até as contribuíam com a prática investigativa.
industrializadas.
Assim, educadores e pesquisadores
De acordo com Bomtempo (1999), o necessitam embasar sua prática em trilhas
brinquedo é um objeto que reproduz valores e lúdicas que remetam á infância em busca da
conceitos de uma sociedade e deve ser visto formação de seres saudáveis, cognitiva, psíquica
como parceiro da criança na brincadeira. e emocionalmente. Ancorando seus novos
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O ambiente lúdico como fator motivacional.
Por meio deste estudo percebeu-se que Por meio deste estudo pudemos
as definições de brincar, jogo e brincadeira concluir que para que tenhamos um corpo
locados em um ambiente lúdico estão de tal discente automotivado é necessário que
forma imbricadas e sobrepostas que apesar da educadores, gestores e demais profissionais
importância das diferenças conceituais, dentro envolvidos no processo educativo,
do ambiente lúdico elas têm praticamente o compreendam o alunado como ávido pelo novo
mesmo propósito que é possibilitar o e pelo conhecimento, mas que para tanto
desenvolvimento das crianças, pois a infância é precisamos compreender que só ocorrerá um
marcada por muitas brincadeiras que colaboram aprendizado significativo, desestabilizando-o,
para a apreensão de conceitos e para o proporcionando-lhe um ambiente lúdico que
aprendizado global. permita elucubrações, fantasias e uso da
criatividade, sondando, criando situações-
Com a maturação, experiências de vida problema, desafiando-os e provocando-os a
e bagagem teórica são possíveis despertar trazer para o seu cotidiano o uso prático daquele
diversos sentimentos, aguçar a curiosidade, novo conhecimento. Desta maneira, não haverá
apropriar-se de princípios, valores e escola chata, indisciplina e acomodação. Mas,
perspectivas. Ao identificar a importância do uma aprendizagem dinâmica, divertida e perene.
ambiente e atividade lúdica na aprendizagem de
uma criança será possível transformar a
realidade educacional. 5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A brincadeira possibilita o
desenvolvimento de aptidões físicas, mentais e
ANASTASIOU, L. G. C; ALVES, L. P, (Orgs.)
emocionais. Uma infância estimulante com
Processos de ensinagem na universidade:
brincadeiras apropriadas a cada etapa de
pressupostos para as estratégias de trabalho em
desenvolvimento, em um ambiente adequado e
aula. 5. Ed., Joinville: Univille; 2005.
motivador, estabelecerá a qualidade de
experiências que serão vividas pela criança e ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das
contribuirá para a formação de uma múltiplas inteligências. 12. ed. Petrópolis, RJ:
personalidade íntegra e completa. Vozes, 2003.
A possibilidade de brincar deve ser ARANEGA, C. D. T., NASSIM, C. P.,
oferecida a qualquer criança. Portanto, esse CHIAPPETTA, A. L. M. L. A Importância do
pensamento deve estar presente nas reflexões brincar na educação infantil. Rev CEFAC, São
acerca da educação de crianças com Paulo, v.8, n.2, p.141-6, 2006.
desenvolvimento normal ou com crianças que
BISCOLI, I. A. A. Atividade lúdica uma
possuam necessidades especiais de natureza
análise da produção acadêmica brasileira no
motora, de linguagem, sensorial ou cognitiva. A
período de 1995 a 2001. 2005. Dissertação de
privação de experiências lúdicas pode
mestrado, Universidade Federal de Santa
constituir-se em diminuição de oportunidades
Catarina, Florianópolis, 2005.
para o desenvolvimento.
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humanização: fatores de relevância no
tratamento terapêutico e na formação do
profissional em reabilitação. Cad. de Pós-
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Paulo, v.4, n.1, p.13-24, 2004.
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