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TCC Flavia Final
TCC Flavia Final
Belém
2012
1
FLÁVIA ALVES DE MACÊDO
Trabalho de apresentação
como pré-requisito para a
conclusão do curso de
licenciatura plena em
Pedagogia da Universidade
do Estado do Pará.
Belém/PA
2012
2
FLÁVIA ALVES DE MACÊDO
Trabalho de apresentação
como pré-requisito para a
conclusão do curso de
licenciatura plena em
Pedagogia da Universidade
do Estado do Pará.
Data de aprovação:
Banca Examinadora
_________________________________
Profª. Lana Cláudia Macedo da Silva - Orientadora
Drª em Sociologia - UFPA
Universidade do Estado do Pará UEPA
________________________________________
- Examinadora
________________________________________
- Examinadora
3
Agradeço a Deus por ter uma família e um companheiro que sempre
demonstram seu amor por mim. E por ter me dado uma filha que fez me
entender e sentir o amor que minha mãe sente por mim.
4
AGRADECIMENTOS
5
A Lana Macêdo, minha orientadora e referência enquanto educadora,
mulher, mãe e amiga. Professora que me fez crescer muito, tanto na vida
acadêmica como enquanto pessoa. Quando eu crescer, quero ser parecida
com ela.
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Que diferença da mulher o homem tem?
Espera aí que eu vou dizer, meu bem
É que o homem tem cabelo no peito
Tem o queixo cabeludo
E a mulher não tem.
(Durval Vieira)
7
Resumo
8
Abstract
MACÊDO, Flávia Alves de. BLUE IS BOY, PINK IS GIRL? Gender and
education in the family context of Vila da Barca. 68f. Course Final Paper. Pará
State University, Belém, 2012.
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SUMÁRIO
CAPITULO I - INTRODUÇÃO 12
2.4. Educação 26
10
3.2.4. Distribuição dos afazeres domésticos 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS 58
REFERÊNCIAS 61
APÊNDICES 65
11
CAPITULO I - INTRODUÇÃO
1.1. O interesse pelo tema
O estímulo e pretensão de entender de maneira mais aprofundada as
diferenças existentes na educação dos gêneros e assim formular o estudo para
o Trabalho de Conclusão de Curso Intitulado Azul é de menino, rosa é de
menina?: Gênero e educação em contexto familiar na Vila da Barca , surgiu a
partir de fevereiro de 2011, onde fui bolsista do projeto de pesquisa aprovado
pelo CNPq MULHERES DA BARCA: Análise do Programa Bolsa Família
direcionado às mulheres provedoras da Vila da Barca , coordenado pela
professora Lana Claudia Macêdo da Silva, na Universidade do Estado do Pará.
Onde eu, como bolsista, pude ter acesso a textos que falam das mulheres
chefes de família e, assim, adquirir melhor entendimento sobre o tema, como
também a possibilidade de aproximação dessas mulheres através de eventos e
com o trabalho de campo realizado por meio da aplicação de formulários e
entrevistas semi estruturadas com as mulheres provedoras, mulheres que
provém o sustendo seu e de sua família, da Vila da Barca.
Alguns estudos apontam que os filhos das mulheres chefe de família
possuem maior probabilidade de estarem fora da escola por precisarem entrar
no mercado de trabalho para aumentar a renda familiar (NOVELLINO, 2004;
SCOTT, 2002). Pude, no entanto, por meio grupo de pesquisa, observar que
em todas as casas que visitei nas quais as mulheres eram chefes de família, as
mesmas faziam o possível para educar seus filhos tanto em casa, no âmbito
familiar, quanto a mantê-los na escola.
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brincar de peteca e bola porque isso é coisa de menino, devendo se comportar,
saber sentar como uma menina educada, entre outras condutas que a mãe
afirmava serem próprios de meninas e de meninos.
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convivência familiar de meninos e meninas da Vila da Barca. Os objetivos
secundários são: Observar e compreender como são distribuídas as tarefas
de meninos e meninas no lar; Perceber como as diferenças de gênero
contribuem, ou não, para se pensar a educação dos filhos; Verificar se a
diferença de gênero estabelece desigualdades entre meninos e meninas da
Vila da Barca.
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dos sujeitos participantes, o que influencia diretamente na qualidade e no
estudo das informações que possibilitam a construção e a análise para que,
dessa forma, se possa compreender o problema delineado, por permitir o
conhecimento da realidade relatada pelos sujeitos da pesquisa, o que vem
aprofundar o estudo retratando sua complexidade (DUARTE, 2002). A
entrevista é o processo mais usual no trabalho de campo. E por meio dela o
pesquisador busca informes contidos na fala dos atores (NETO, 2004).
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O capítulo três vem mostrar a pesquisa de campo, sendo apresentado: o
lócus de estudo, ou seja, a Vila da Barca com seu surgimento, suas
características geográficas, os moradores e suas dinâmicas de trabalho. A
análise dos dados coletados na pesquisa. A percepção das mulheres-mães da
pesquisa, onde é relatado o roteiro, duração e os imponderáveis ocorridos ao
longo da pesquisa. Em seguida, são analisadas as oito perguntas destinadas
às famílias sobre a educação dos filhos e das filhas. E as conclusões acerca do
estudo.
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CAPITULO II - GÊNERO, SEXUALIDADE, FAMÍLIA E
EDUCAÇÃO
2.1. O surgimento do estudo do gênero
17
de denunciar, possibilitará compreender e explicar a subordinação social e a
invisibilidade política às quais as mulheres foram historicamente submetidas.
18
em que o homem é tido como referência, tentando então produzir teorias e
explicações feministas. O que se procura através de tais teorizações é buscar a
causa da opressão feminina, para que se possa desenvolver uma
fundamentação que poderia eliminar a centralidade dessa causa, levando à
emancipação da mulher.
19
movimento passam chamar a atenção no movimento e reivindicar, para mostrar
as diferenças vivenciadas por mulheres de distintos grupos sociais e étnicos. A
onda também apresentou o Feminismo da Diferença que argumenta haver sim
diferenças significativas entre os sexos. Diferentemente de uma ideia global e
massificadora que dizia ser uma construção social todo tipo de desigualdade
entre homens e mulheres (JUNIOR, 2011)
O movimento se vê também com a necessidade de se manter como
força independente tanto do ponto de vista organizacional quanto nos ideais de
transformação radical da sociedade. Outra questão é o pós-feminismo, vindo
afirmar que o feminismo está ultrapassado, com ideias sem grande
embasamento teórico que serviriam para atender por algum tempo aqueles que
apostam no retrocesso do movimento (TELES, 1999).
O movimento, durante sua trajetória de luta, possibilitou grandes
conquistas às mulheres. Contudo, foi no século XX que sua visibilidade foi
maior em seus papéis enquanto sujeitos históricos, onde começaram a
participar de diferentes espaços públicos da sociedade, principalmente no
cenário político, profissional e no campo da pesquisa científica referente à área
das Ciências Humanas dando destaque às Ciências Sociais (CONCEIÇÃO,
2009).
20
justificaria as desigualdades sociais dentre esses sujeitos, estabelecendo quem
domina e quem é dominado. Como afirma Bourdieu (2002) à diferenciação
biológica entre os corpos femininos e masculinos, em especial a diferença
anatômica entre os órgãos sexuais, pode traçar a justificativa natural da
distinção social existentes entre os gêneros principalmente na divisão social do
trabalho.
21
próprio poder. Colocar em questão ou mudar um aspecto ameaça o
sistema por inteiro (SCOTT, 1995, p.8).
22
todas as identidades como as de gênero, sexo, raça, nacionalidade. Somos
sujeitos de identidades transitórias e incertas.
Por meio dos modelos citados acima, nota-se que não há uma definição
exata, fixa, do termo família, já que ela se dispõe de vários arranjos, incluindo
os que não foram ditos acima. Sobre o tema Samara (1987) afirma.
23
[...] mergulhar no passado buscando reconstruir a família é enveredar
por muitos caminhos, é o encontro de uma gama variada de
composições ora simples, ora complexas, que vão da unidade
conjugal à extensa, do grupo de sangue ao núcleo doméstico, que
agrega relações não formalizadas apenas pelo parentesco (SAMARA,
1987, p.31).
24
papéis masculinos e femininos, sendo este um problema-chave para o
surgimento de uma nova estrutura social, porém, não se pode mudar a
instituição familiar sem que mude a sociedade (PRADO, 1981).
25
mãe, isto tornando-se claro ao observar a educação diferenciada das crianças
conforme o sexo (PRADO,1981).
Assim como toda instituição social, a família possui pontos positivos, por
ser um núcleo afetivo e de solidariedade, e negativos quando impõe
comportamentos tidos como normativos pelas leis, usos e costumes que
implicam formas e finalidades rígidas, tornando-se muitas vezes elemento de
coação social, gerador de conflitos e ambíguo. Porém, apesar dos conflitos, a
família é determinante no desenvolvimento da sociabilidade, afetividade e do
bem-estar físico e social dos individuas, principalmente na infância e na
adolescência (PRADO, 1981). Ela é uma instituição essencial na construção do
processo de subjetividade, sendo esta de algum modo construída, elaborada
ou desenvolvida dependendo do ponto de partida, em função de certas
agências, mediante determinadas instituições, a família é uma instituição
privilegiada (VELHO, 1987).
2.4. Educação
26
rege a sua vida. Determina também como e para quê este ou aquele
tipo de educação é pensado, criado e posto a funcionar (BRANDÃO,
2007, p.74 e 75).
27
infante, educando e discípulo (KANT, 1996). Mas essa formação não está
somente na infância, ela é constante, pois a todo o momento estamos
aprendendo algo e com alguém sobre algo ou alguém e também a todo o
momento somos lembrados por pais, mães, professores, amigos etc. ou o
individuo por si mesmo se interessa em aprender algo, (BRANDÃO,2007). Pois
ninguém escapa da educação, seja em casa, na rua, na igreja ou na escola de
um modo ou de muitos, todos passam pelo processo educativo, para aprender,
para ensinar, para aprender e ensinar. Para fazer, para ser ou para conviver,
todos os dias misturamos a vida com a educação.
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A distinção dos gêneros é fato, porém essas diferenciações são
estabelecidas como características superiores e características inferiores, ou
seja, menina educada para ser comportada, doce e obediente, devendo
permanecer em espaços privados e o menino é educado para ser macho ,
dominador e viver na esfera pública. Parece que se está falando de coisas do
passado, educação inexistente no século XXI. Mas ao longo da história, assim
como havia mulheres, ou mesmo quando criança, que se comportavam
diferente do que lhe era estabelecido, ocupando espaços e com atitudes
determinados como masculinos, há também no século XXI famílias em que as
meninas são educadas para viver em âmbito doméstico e com
comportamentos que vêm reafirmar a hierarquia do masculino sobre o
feminino.
29
mulher). Para Louro (2011) a atribuição da diferença está sempre ligada em
relações de poder, sendo ela nomeada de um determinado lugar que se coloca
como referência.
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CAPÍTULO III A PESQUISA DE CAMPO
Branco (2009), afirma que a Vila da Barca conta com mais de 4 mil
pessoas, habitando em sua maioria área de estivas, segundo dados
estatísticos da Prefeitura Municipal de Belém (PMB), através de sua Secretaria
Municipal de Habitação (SEHAB), sendo 49,76% do sexo feminino e 50,24%,
do sexo masculino. O levantamento socioeconômico realizado pela PMB, por
31
meio da SEHAB, no período de julho a agosto de 2003, demonstrou ainda que
a maioria da população obtém baixo poder aquisitivo. O precário nível de
escolaridade dos moradores, somado à crise estrutural do emprego, oriunda da
política neoliberal das últimas administrações da União, impede o ingresso da
maioria dos moradores da área no mercado formal de trabalho.
A Vila da Barca faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) implantado pelo governo federal. O projeto foi pensado para
736 famílias, embora na Vila da Barca existam 4.000 famílias. Até o
ano de 2004 foram remanejadas 136 famílias. Há um decreto federal
que obriga a entrega dos apartamentos pela prefeitura de Belém até
2012. Representantes da Associação dos Moradores da Vila da
Barca falam a respeito do choque social , pois os moradores nas
palafitas não pagavam luz, água, IPTU, DARF, PARF, além dos
reparos, lajotas e outros consertos e coleta de lixo que era inexistente
nas palafitas (SILVA, 2011, p.36)
32
3.2. A percepção das mulheres-mães pesquisadas
33
3.2.1. Educação dos filhos
Foi perguntado às mulheres, primeiramente: Qual seria para elas, a
melhor forma da família educar seus filhos?
Amanda: Olha não existe a melhor forma, porque é como diz assim,
as vez o pessoal diz- A, porque não pode hoje em dia bater em filho -,
mas às vezes uma palmada resolve muito porque tem criança que ela
é assim impulsiva, ela tem um impulso que às vezes tu quer, tem que
dizer pro outro que tem que ser assim, tu tem que falar com ela forte,
tem que saber, tudo tem sua hora, né. Assim que eu criei meus filhos,
tudo tem as suas hora, assim só esse (o filho que mora do lado) que
bebi aqui, assim mas esses outro não fumo não bebi, nem esse daí
(o filho que estava se arrumando para jogar bola) ele fez vinte e três
anos, ontem a gente fizemos um almoço pra ele foi que eu falei que
tava cansada fizemos um almoço pra ele, eles almoçaro. Aí é como
eu te digo, né, tudo tem a sua hora, porque também se tu abandonar,
se tu não tiver diálogo com teu filho, mesmo ele sendo pequeno ele
se torna uma pessoa ignorante, sabia disso? Se torna uma pessoa
ignorante, uma pessoa ignorante que ele não sabe é assim, se
comunicar, falar. Olha o meu filho, é igual como o meu filho ele
faz(com o filho dele), aí se alguém (tocar em você)... só a vovó, a
mamãe e a titia, que pode pegar no seu pintinho ninguém mais, por
que se um homem vem e beija ele, ele fala - Tu é gay é?- (risos)
porque ele já tem aquilo na cabeça né? O pai dele falou aquilo pra
ele, né. Ele já tem tudo informado, porque o pai dele já é grande, né
já é mais interado..... uma vez o tio dele chegou da viagem, deu um
beijo nele (no neto da entrevistada), ele falou - Aí tio tu é gay é? -
Todo mundo achou graça aqui em casa (gargalhada) quer dizer que
já vem com aquilo, do jeito como eu ensinei pra ele, ele vai ensinando
pro filho e assim vai por diante, né? Porque tudo é conversa, tudo é,
porque é como eu te digo educação, é tu já falar pro teu filho, tu
ensinar, por que hoje em dia, é errado. Tu dizer tá vendo meu filho
isso é errado, tu não pode fazer isso. Porque se tu deixar ele fazer
tudo, como é que pode? Tem que ter a hora de dar palmada, você vai
apanhar porque você fez isso tá bom? Da umas palma, entendesse?
E pronto, também não é pra matar, né! Tem gente que pega e mata,
que pegar que já matar os filho (riso).
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eu teve que conversar muito com ela, mas muito mesmo, dizia que eu
ia ficar esperando lá fora, ou então que eu ia comprar alguma coisa,
ao contrario de mães que eu vi lá que (falava) - Tu vai ficar, tu vai
ficar ai, tu vai apanhar- assim mesmo. Então a professora disse assim
- Olha essa criança vai crescer com trauma nunca vai querer ir pra
uma escola-. Eu sei que a filha dela (da mulher que brigou com a
filha) passou a semana todinha é, chorando, chorava, chorava,
chorava, aí vinha a mãe embora, aí tinha que ligar pra mãe a mãe
voltava e ia buscar. Aí, quando foi hoje a menina chorou só um
pouquinho, não chorou muito, ai eu disse lá, quando eu fui buscar -
olha ela ficou hoje direitinho (a mãe da menina respondeu) Não
porque de manhã quando eu fui dar banho nela eu dei logo umas
tapa nela - eu digo assim, acho que essa não é a forma né? Acho
que a melhor forma é a gente conversar mesmo. Eu acho que o forte
de hoje em dia é esse, porque meu pai ca minha mãe me bateram
muito na forma de me educar, né. Queriam que eu aprendesse as
coisas na ignorância, isso é errado(os pais de Ana diziam), ai toma, ai
batia, batia, batia. Ai eu acho que não, acho que a gente ainda tem
que colocar um pouco de castigo. E eu pergunto pra ela - Você vai
ficar de castigo de três a cinco minutos - ai eu pergunto pra ela - você
sabe por que tu tá de castigo? (a mãe responde).Ai, porque você fez
isso, isso, e isso - Mas não bater, é conversar mesmo com as criança.
Ana: Educar? É (não) sai na rua e mexer nas coisa dos outro (risos).
eu acho.
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abertura para compreender o outro, confiança na sua capacidade de
compreensão, disponibilidade para criar novas soluções, considerar os
fundamentos éticos da educação, transmitir o conhecimento e interpretação do
mundo. Não significa ausência de conflitos, eles estão presentes na dialética
entre o vivido e o pensado. É na sua superação (SZYMANSKI, 2000, p.21).
Percebe-se que bater não seria a melhor maneira para educar os filhos,
uma vez que para Kant (1996) não convêm bater, já que quando os castigos
físicos são reproduzidos frequentemente, desenvolvem caracteres obstinados e
intratáveis e se os pais punem os filhos por sua obstinação não fazem mais do
que deixá-los mais obstinados.
Ângela também fala do neto, orientado pelo pai a ter cuidado com alguns
adultos que podem tentar pegar no seu sexo. E que o menino aderindo à
orientação que recebeu, pergunta se é gay o homem que o beija. O que acaba
por reafirmar a determinação da heterossexualidade como algo inato
deduzindo que todos os sujeitos têm aptidão a escolher como objeto de desejo
uma pessoa do sexo oposto, de forma que outras maneiras de sexualidade são
consideradas anormais, sendo curioso o que se considera se inato e natural,
36
alvo de intensa vigilância bem como do mais diligente investimento
(LOURO,2000).
Para Aline, a melhor forma de educar seria pôr os filhos para estudar.
Assim, o filho seria bem educado, porém ela considera mais relevante que os
pais estejam juntos, já que essa união contribuiria na educação dos filhos. Essa
mãe atribui à escola a função e responsabilidade de educar os filhos.
Para Oliveira (2001) a família não pode tão somente justificar sua
ausência e pensar que a escola sozinha conseguirá dar conta do futuro dos
indivíduos. A responsabilidade deve ser compartilhada numa relação de
cooperação, que consentira as duas instituições desempenhar suas funções
com autonomia e respeito mútuo. Pois como aponta Carvalho (2004), para os
pais/mães interessar-se pela educação dos filhos e filhas não denota cuidar
apenas da parte acadêmica, isto é, do sucesso escolar, porque a educação, do
ponto de vista da família, comporta aspectos e dimensões que não estão
abarcadas no currículo escolar.
E, para Ana, a melhor forma de educar seria ensinar os filhos a não ficar
na rua e a não pegar o que não fosse deles. Ela vê na rua um lugar no qual se
pode correr riscos, ameaças onde os filhos podem ser corrompidos e levados a
fazer o que a sociedade declara ser errado. Sobre o assunto Damatta afirma:
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e até mesmo bons pais de família. Do mesmo modo, a rua é local de
individualização, de luta e de malandragem. Zona onde cada um deve
zelar por si, enquanto Deus olha por todos, conforme diz o ditado
tantas vezes citado em situações onde não se pode mais dar sentido
por meio de uma ideologia da casa e da família; contextos, repito,
onde não se pode mais utilizar como moldura moral a vertente
relacional e hierarquizante de nossa constelação de valores
(DAMATTA, 1997, p.39)
Por isso o cuidado da mãe com a estadia do filho na rua. Mesmo não
usando os termos conversa e diálogo ela faz das mesmas o modo para
orientar os filhos sobre o que considera correto.
Alice: Olha, antes sim, agora é tudo igual, porque como eles dizem
que a mulher tem os mesmo direito do homem... E mesmo você
andando na rua você vê, o que um menino de rua faz, a menina faz.
Se ele se droga ela também, se ele é... rouba ela também, porque
andam juntos. Então o que você tem que fazer pra um tem que fazer
pra outro, entendeu? Se o seu filho, se o menino... Se a menina a
gente tem que chamar pra se prevenir, tem que chamar o menino
também. Então é tudo igual, tá tudo igual, não tem, não tem diferença
agora.
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diálogo que ela tinha era assim, quando ela vinha aqui em casa
agente conversava muito eu explicava as coisa pra ela, mas não tinha
aquela convivência do dia a dia, né? Aí se perdeu cedo, cedo teve
filho, o primeiro filho dela, acho que era pra ter quase uns quinze
anos, se ele não morre, ela perdeu, perdeu do rapaz que mexeu com
ela, aí ela perdeu, teve tristeza pra dentro dela, porque ela não tomou
remédio nem nada, né. Era um menino ele morreu com sete meses
dentro dela, deu uma dor nela e pronto. Ele (o pai da criança)
abandonou ela.
Ângela: Eu ainda acho que há, eu ainda acho que, tem pra gente que
não é, mas pra mim, eu ainda acho, porque olha, o meu menino ele
tem dezesseis anos, né, é... e quando ele completou, quando ele tava
na quinta serie, aí eu já tava com a minha segunda, então eu já
deixava ele ir só ( a escola), né, já deixava ele vim só, mas eu acho
que a minha menina, eu acho que eu não posso fazer isso, deixar ela,
mesmo na quinta série( ir a escola0, pra mim no meu ponto de vista
eu tenho que buscar, deixar porque ela é mulher, agora ele não, eu já
deixava ele ir na quinta série. Levava ia buscar né. Então pra mim
essa é uma diferencia aí, deixar ela muito solta né? Enquanto eu
puder ir buscar e deixar eu vou.
Hoje em dia eu jogo assim mais pra parte da violência, né. Hoje em
dia as mocinha já tão é criando seio, ai fica com o corpo formado, os
home fica mexendo... aí meu medo é esse, mais na parte da
violência, né. Porque eu vejo aqui na nossa comunidade que
acontece, muitos pais assim não vão buscar suas filha (na escola)
elas vem só, vão só e vem só. Inclusive tem um fato aí assim, de uma
criança praticamente, né ela vai só e vem só, e aí outro dia eu peguei
ela namorando com um rapaz, não é nem uma criança namorando
com outra criança é uma criança namorando com um adoles... com
um homem, né! Com um homem! Aí eu disse assim, á eu vou contar
pra mãe dessa menina, será que ela sabe? Aí outro dia ela foi lá no
colégio..... aí é mais pela essa parte, né que eu acho que o homem a
gente sofre um pouquinho mais né, eu acho que tem que acontecer
uma coisa com um homem, né, acontece, mas eu acho que com a
menina acontece mais do que com menino, né. Ainda mais na parte
da violência que eu acho que nós temos que olhar mais pra parte das
meninas, né. Essas parte muito da violência das pessoas tá
seduzindo, que acontece muito. Eu já acho assim que eu só vou
deixar quando ela tiver bem grande, quando eu ver que ela já dá
conta de gritar, correr, aí eu acho assim.
Ana: Olha, eu não sei te dizer não, acho que a mulher, a mulher é
mais diferente de educar que o homem, é porque toda hora ficam
chamando ela é, aí tem muita maldade, aí não gosto muito dela tá na
rua não, aí de vez em quando vem uma menina chamar ela, mas aí
eu não gosto não.
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Olha o Branco (filho) até que não mais, ele não dá trabalho, mas só
quando, quando ele quer sair que ele não fala, e ela não, ela toda
hora tá aqui (pessoas chamando a menina para brincar na rua), aí eu
me preocupo mais, mais com elas do que com eles, eles é home, né.
Ela não, se tu chamar ela pra ir ( a rua), ela vai memo, ela vai memo,
ela vai. Aí eu tenho que tá toda hora em cima dela, só que eu não
gosto dela tá brincando com os moleque, que os moleque são
péssimo, eu não gosto.
40
de educar e que segundo Lima (2010) não é, portanto, uma simples técnica,
amparada por dados científicos, bem amarrada e arrumadinha em um
atraente e colorido manual. Educar homens e mulheres, para uma sociedade
democrática e igualitária, requer reflexão coletiva, dinâmica e permanente. No
decorrer da vida o gênero mostra que as instituições e práticas sociais nos
formam homens e mulheres em uma seqüência que não é linear e harmônica
como também não é finalizada e completa.
41
Amanda: Não, tem que ser diferente, com certeza, né? Ora, menino
não pode brincar de boneca! É que nem menina ficar jogando bola.
Vejo uma aqui que ela brincava bola sempre com meus filhos, hoje
em dia o quê que ela é? Ela é uma sapatão que ela é né, como diz o
um homem (risos) ela já tinha aquele jeito, ela brincava bola com
esses meu filho, pelada mesmo, pelada! Ela sai pro pau com os
moleque (o filho mais novo diz não lembrar o que a mãe conta) A
Bruna? Tá que tu não ti lembra com Marcio e com Marcelo, quem a
Bruna? A Bruna filha do finado Armando? Ô caramba! Ela tá moça
hoje em dia, o quê que ela é? É o que ela é! Fazer o que? Vai fazer o
que? Ela já tinha aquela tendência, né. Ainda vinha a mãe, num
coisava! (não chamava atenção). A mãe dela dava uma boneca ela
(Bruna) dizia - Era tu é doida é?! Toma ai pra ti essas boneca. Que?
Eu vou brincar de boneca?! Eu vou brincar é de bola - e saía pra bola,
ela brincava de bola com os meus filho. Tem que ter (diferença na
maneira de educar), tem que ter... porque, já não pode né?. Porque
vai ver ela já veio com aquele sexo, já virado, ainda teve (risos)... Aí
pronto, aí viro da pá rasgada mesmo.
Ana: Não, não tem mais aquilo, não tem, tinha, mas agora não tem
mais não, tá difícil aqui( na Vila da Barca).
Ela (a filha menor) brinca mais de boneca, bola eles ( os filhos), eles
gosta mais de bola eles e ela de boneca. (mas a senhora se
importaria se a sua filha brincasse de bola?) olha eu acho que não,
por enquanto eu acho que não.
42
netos a respeito das brincadeiras. Fato este evidenciado por Farias (1998) ao
pontuar que a menina até pode jogar bola, desde a família tenha certeza que
isso não irá influenciar sua opção sexual.
43
rapazes e raparigas, os pais, assim como outros adultos tendem a entregar
mais materiais lúdicos típicos do sexo, dando carros e bonecas aos respectivos
gêneros, do que os brinquedos por eles encarados como atípicos, mesmo que
as crianças não os queiram (VIEIRA, 2006 apud ETAUGH e LISS, 1992).
Alice: Olha os meus filhos, todo eles foram criado duma maneira,
porque como eu já disse em outras entrevistas eu trabalhava, não
tinha tempo, então quem tomava conta da minha casa era os meus
filhos e as minhas filhas, tá! Ela, era duas menina, são duas menina e
três menino. Eles me ajudavam lavavam uma louça, arrumava uma
casa, a menina lavava a roupa, esse meu filho mais velho (que
assistia TV), ele vinha fazia o café. Então quer dizer, que o fato de
ajudar dentro da casa não quer... vai tirar a masculinidade de
ninguém, nem vai transformar ele em mulher. Eu acho que cada um
tem que fazer a sua parte, tem que ajudar.
Amanda: Olha a minha filha é difícil ela vir aqui, mas os meus
filho,vamos supor se for preciso lavar, olha é, fulano vai lavar uma
louça, vai limpar o fogão, limpar a geladeira, porque olha... borá, borá
limpar lá em cima, borá varrer, borá arrumar, eles fazem, fazem sim,
se tiverem dentro da casa eles fazem. É se não tiverem fazendo
nada, se tiverem dentro da casa, claro com certeza não vou me matar
sozinha, nem pensar.
Ângela: Eu não dô muito assim pra ele fazer e pra ela fazer, eu acho
que o que eu dô assim, é o que eu dô pra um eu dô pra outro. Porque
eu digo assim olha levanta lava seu prato, então, todos dois tem que
fazer né. Aí eu digo pra ele - Tu vai pro banheiro, lava a tua cueca-.
Eu digo pra ela - Tu vai pro banheiro lava a tua calcinha -. Então eu
não dô pra um, não porque ele é homem ele vai ter que lavar o
banheiro, tu é mulher tu tem que varrer a casa. Não eu não coloco
44
assim né. Não hoje ela vai varrer amanhã tu varre. Então eu sempre
coloco assim pra eles dois fazer.
Ana: Não, só que eu tenho (medo) de fogão, ai eu não gosto que eles
pegue, nenhum.
Alice ainda enfatiza que o homem cumprindo tarefas do lar não irá negar
sua masculinidade e Amanda diz que não irá cumprir os afazeres sozinha, por
isso coloca os filhos homens para trabalhar. Essas afirmativas acabam por
revelar que, atualmente, a ideia de que o espaço privado, as tarefas do lar, são
destinadas somente ao gênero feminino está sendo dissolvida pelas mulheres,
na criação de suas crianças, no que diz respeito à Vila da Barca. O que vai
confrontar a ideia de VIEIRA (2006) apud BLOCK (1981,1984) e
BANSOW(1992), que no mundo ocidental é normal que os rapazes cumpram
tarefas de lavar carro, por o lixo para fora, cuidar de animais pequenos, levar
recados dos pais nas redondezas, etc. E, para as moças, tarefas de arrumar a
casa, lavar a louça, arrumar a cama, cozinhar, cuidar dos irmãos, onde os
meninos são incumbidos de tarefas externas e as meninas das tarefas do lar. O
menino passa mais tempo com o pai nos afazeres externos à casa, por isso
seu auxílio nas tarefas domésticas acaba sendo menor do que o tempo das
moças, transmitindo implicitamente a mensagem de privilégio masculino no
domínio externo.
45
3.2.5. Comportamento de menino e menina
Alice: Olha minha filha, agora tu me enrasco por quê... Porque dentro
de casa, o comportamento de uma menina é diferente do
comportamento dela na rua, porque tem muitas meninas que dentro
de casa perto do pai, da mãe, do avô, da avó se comporta uma
maneira, mas fora de casa. Tu num tá junto, tu não ta vendo o que,
que eles tão fazendo. O que tu vai saber já é por intermédio de outras
pessoas. A mesma coisa é os meninos, eu tenho o meu neto, aqui
dentro de casa ele conversa comigo normal, ele faz as coisa normal,
mas já me falaram que fora ele quer dá uma de (ela faz um
movimento com a mão sinalizando como se o menino fosse gay), já
chamei atenção, já conversei com ele, que aqui dentro de casa eu
ponho quente em cima dele, entende? Mas lá fora eu não sei, porque
eles vão pro colégio, eles tem a atividade deles do Curro Velho
(Fundação que proporciona cursos e oficinas diversas, localizada
próximo Vila), né! tem outras atividade no colégio. Então eles têm os
amigo deles que eu não conheço, que eu não sei, eu só peço pra eles
não se meterem em confusão fazerem as coisa que não devem, aí
isso eu peço. Até agora graças a Deus já vai fazer doze anos ( o
neto), já é um adolescentezinho, já vai fazer aliás treze anos, até
agora ainda não me deu dor de cabeça a irmã (dez anos) dele me dá
mais dor de cabeça que ele.
46
Ângela: Eu sempre, eu falo pra minha filha né, olha tu não fica
pulando, te senta fecha a tua perna né. Até porque quando ela
estudava numa escola era saia aí a professora ensinava ela a sentar
de pernas cruzadas e coloca a mão assim ( colocar as mãos entre as
pernas para não aparecer a calcinha) né, e ai assim ela faz né,
porque eu falo pra ela, tu não é menino pra tá correndo, tu não é
menino pra tá pulando, então se senta, menina não brinca assim,
menina brinca de boneca, menina brinca sentada, menina assiste na
televisão. Aí, eu sempre falo pra ela assim, né. É menino que fica, aí
as vez ela tem um primo que mora aqui, aí ela fica A, mãe deixa eu
brincar? Não ele é homem, ele tá lá brincando, deixa que a mãe dele
olha ele, você não, eu que tenho que olhar, fique aí -. Às vezes o pai
dela tá bem ali (no canto de casa) A, mãe deixa eu ir lá com o
papai? Negativo! Você tem que ficar do meu lado eu sou a sua mãe,
deixa o seu pai conversar com quem ele tá -. Então eu sempre coloco
isso pra ela. Tu é mulher, tu tem que ficar do meu lado, mulher tem
que fazer as coisas assim dessa forma, eu sempre coloco isso pra
ela. No meu ponto de vista é aí né, até aí assim, eu tento diferenciar
um pouco, mas não tanto!
Eu já acho que ele (o filho homem) é mais agitado, eu acho que ele
tem mais a liberdade de subir, descer, pular. Eu acho que a liberdade
é mais pra homem, né?! Mais pra menino acho que a menina no meu
ponto de vista fica mais quieta, né, não muito quieta, porque a menina
não é muito quieta não, se der a oportunidade pra ela, ela pula, pula
corda aí.
47
Sobre tal comportamento ensinado nas escolas Louro (2000, p.11)
descreve suas lembranças escolares em uma escola pública Ali nos
ensinavam a sermos dóceis, discretas, gentis, a obedecer, a pedir licença, a
pedir desculpas e afirma que um corpo escolarizado pode ficar sentado por
muitas horas e provavelmente possui a habilidade de expressar gestos ou
comportamentos que indicam, até mesmo de maneira falsa, interesse e
atenção.
Aline e Ana acreditam que as meninas não devem estar junto aos
meninos, pois com as meninas os meninos seriam maliciosos.
A preocupação com o comportamento dos filhos e filhas é unânime entre
as mulheres, mas para algumas, a preocupação maior é com as meninas, pois
as mulheres são cobradas pela sociedade a serem obedientes e educadas. Ser
mulher e feminina significa ser dona-de-casa, passiva, maternal, afetiva e
detalhista, e ser homem seria ser forte, profissional, racional, agressivo e
objetivo. Essas características estão enraizadas de forma tão profunda em
cada pessoa que parece ser parte da natureza humana (FARIA,1998).
Alice: Olha, com meus netos eu não vou te dizer que eu já conversei
com eles porque eu ainda não, ainda não sentei pra conversar com
eles. Eu já tentei conversar com ela (neta), com ela já tentei
conversar mais ela não quis me ouvir, ela levantou e foi embora.
Com meus filhos eu já conversei muito com eles, as meninas eu já...
Tanto que quando a menina (filha) teve filho, ela teve filho com vinte e
poucos anos, ela diz que já teve filho velhinha. Por quê? Porque eu
fazia ela vê a vida como é, entendeu? Porque não adianta uma moça,
uma menina principalmente no caso da minha neta, se você vê tem
48
menina de doze anos, onze anos já tudo gestante então eu mostro
pra ela, principalmente pra ela, olha aí olha tu acha que é legal? Tá
empatando o estudo, tá perdendo a oportunidade de ser alguém na
vida. Por quê? Porque já fez o que não devia. Não ouviu pai, não
ouviu mãe, não ouviu ninguém e aí quem vai sofrer? Vai sofrer os
dois, vai sofrer ela, vai sofrer a criança que ela vai ter depois. Aí ela
só fica, ela é igual papagaio, ela fica só escutando, ela não fala nada,
ela fica só escutando, ela não diz sim nem não.
(E os filhos?) Não eu conversava igual com eles, porque como eu tô
te dizendo o problema que aparece em um vai aparecer em outro. Se
não tiver cuidado. Aí ele tudo bem por ser homem, eu não vou dizer
assim, ó por tu ser (homem) tudo bem tu vai faz isso, faz aquilo, não,
porque eu sempre tive um dizer pra mim, o que eu não quero pra mim
eu não quero pra outro, tá? Então o que eu não quero que o homem
fizesse com a minha filha eu não ia querer que o meu filho fizesse
com a filha de ninguém, a gente tem que aprender a ter
responsabilidade, então eu conversava com ele e tudo. Tanto que
esse meu filho mais velho veio arrumar mulher agora, ele ta o que?
Trinta e sete anos ele ta três anos já com a menina, ele tem uma filha
que ta lá em Cametá (município paraense), é pra casa dela que eu
vou, ele tem uma filha, ela tem oito anos, tá. E os outros dois meus
filho também já vieram arranjar mulher, já tudo grandão, todos já
donos do seu nariz, ninguém arranjo mulher em adolescência como a
gente vê agora, as minhas filhas também. E eu acho que o que eu
conversei com eles deu pra eles aprender um pouquinho e levar um
pouquinho a sério
Amanda: Não isso aí, eu acho assim tu entendesse? Pra minha filha
eu até falei é olha é assim e tal, mas pros homens eu nunca tive,
nesse caso porque eu acho que é a vida que tem que ensinar eles
entendeu? É a vida que tem que ensinar ele, ele tem que vir, ele tem
que vê se da pra namorar, a tá a fim de uma menina da pra namorar,
tem que ver se ela pode se ela presta, entendeu? Eu só falava assim,
mas assim... dava aqueles conselhos, eu acho que aí tinha que ter
um pai, né? Como eles nunca tiveram. (E a filha?) Não pra minha
filha, eu ainda falava mais pra ela, mais entreaberto - Olha mulher é
assim Marta, é assim, é assim, mulher é assim -. Agora pros homem
era diferente né. Porque os homens era, sempre foi diferente, o
homem ele é adquire entendesse? Ele adquire pelo seu ser próprio,
pela sua como... Habitação natural dele, por ele ser homem ele tem
que adquirir essas coisas aí. Eu penso assim, né. Não sei se tá
errado, mas eu penso assim.
49
com ela, porque ela ainda não tem pelo né, aí eu sempre falo você
vai criar pelo, você vai menstruar, você vai usar absor... negoço de
namoro eu ainda não converso com ela, eu acho devido a idade dela,
né.
Aline: Com certeza, pra mim ó eu tenho uma filha de nove anos, que
é a Bianca, tenho o Ronaldo que tem onze e tenho um que tá
chegando na pré-adolescência que é o Enrique, é o mais velho, doze
anos, então eu digo pra eles assim: que pra namorar, vai te o
momento, vai chega a hora, pra tudo tem o momento, pra tudo tem
uma hora. Eu digo pra eles que eles tão muito novos, que eles têm
que estudar, aprender uma profissão, ser alguém na vida. Namoro?
Eles tem muito! Muita coisa pela frente ainda, namoro pra deixar um
pouco de lado, nada muito... (Essa orientação?) da mesma forma que
eu do pra eles eu do pra ela, pra tudo tem um momento, pra tudo tem
uma hora.
Ana: Não, não, não. (nem com a menina?) também não, tudo
pequeno. (mas e quando eles crescerem, você pretende?) pretendo.
É diferente, também que a gente não vai tá, né. Como é como num é,
é assim (mostrar o que é certo e errado).
Alice diz ter tentado orientar a neta, mas a menina não ligou. Os filhos,
ela diz ter orientado de maneira igual, onde para ela o fato de a mulher
começar sua vida sexual cedo, implica no risco de engravidar e, dessa
maneira, perder as oportunidades e sofrer. Ou seja, para uma menina, ser mãe
cedo resulta em sofrimento tanto para a jovem mãe, quanto para a criança.
Então o que a menina considerava até pouco tempo como uma brincadeira,
algo divertido, cuidar de bonecas como se cuidasse de um bebê, se torna algo
sofrido, desfazendo o que vem sendo transmitido por emissoras de TV, onde é
visto, segundo Faria (1998, p. 30), que a televisão é um dos veículos de
transmissão e imposição de modelos e vencedora em ambiguidade,
fragmentação na forma de mostrar as mulheres, aparecendo donas de casas
modernas, prontas pra programas modernos; o corpo feminino por partes; as
artistas da Globo expondo sua alegria em ser mãe, as novelas mostrando
adolescentes grávidas onde tudo dá certo e até mesmo uma visão romântica
da prostituição.
Aline também afirma orientar de maneira similar. Primeiramente eles
devem estudar e o namoro pode esperar, já que eles são novos. Ela tenta adiar
a atenção da sexualidade dos filhos, fazendo com que os filhos se interessem
por assuntos escolares, mas, na escola, mesmo que por vezes não seja
trabalhada a questão sexual, ela existe. A escola possui uma tarefa árdua de
equilíbrio, ou seja, incentivar a sexualidade heterossexual, normal , e ao
50
mesmo tempo conter a sexualidade para a vida adulta. Sendo necessário
manter a pureza e inocência da criança e, se possível dos adolescentes,
mesmo que venham negar a curiosidade e os saberes infantis e juvenis sobre
as identidades, fantasias e práticas sexuais (LOURO, 2000).
Amanda diz orientar apenas a filha, por entender que o homem adquire
o conhecimento sozinho ele adquire pelo seu ser próprio . Reafirmando a
imagem de que o homem, com sua superioridade, já nasce com o saber, já que
segundo ela o homem possui o conhecimento pela habitação natural dele ,
referindo-se ao saber que o homem adquire na rua. E que a mulher, ao
contrário, precisa de orientação, pois ela nasce sem esse conhecimento.
Mostrando, na visão da mesma, a dependência e fragilidade da mulher e a
independência e firmeza do homem. Observa-se também que o termo natural
que geralmente é destinado à mulher, por causa da menstruação e da gravidez
e por isso sinônimo de inferioridade, para ela significaria algo masculino e
superior. E o termo cultural, mesmo não sido citado explicitamente, mas esteja
presente nas entrelinhas, é considerado por ela como algo inferior e feminino.
Afirmando que (OSBORNE, 1998 apud ORTNER, 1974) para contar que na
maioria das sociedades avaliam-se como culturais e superiores as atividades
masculinas e como naturais e inferiores as atividades femininas contribuindo na
explicação do status inferior da mulher.
E Ângela ainda não conversa com a filha por a mesma ser criança, mas
orienta o filho. Ela diz que o filho é evangélico, e por isso não faz sexo com a
namorada, pois a igreja não permite o troca de carne e sexo só é permitido
depois do casamento, mas a conversa dela seria por causa da liberdade que o
filho perderia caso engravidasse a namorada. Então a sexualidade para o filho
é vista como algo divino, um dogma da igreja, mais uma instituição que, assim
como a família, dita o comportamento desejado, correto para uma pessoa de
bem. Uma vez que homens e mulheres adultos recebem determinados
comportamentos e modos que demonstram ter sido enraizados em suas vidas
por meio da família, escola, igreja, lei que participam dessa produção (LOURO,
2000).
51
Ana não orienta os filhos por serem pequenos mais orientará no futuro
cada um de maneira diferenciada. Porém, ela não revela qual a maneira que irá
orientar cada gênero.
Embora algumas mulheres não orientem os filhos de maneira igual ou
ainda não tenham orientado os filhos, elas se preocupam em orientar os filhos
ou netos sobre o assunto para que eles venham fazer o que elas consideram
ser certo e no tempo que consideram ser ideal para que ocorra o namoro.
Alice: Não, eu sempre conversei com eles assim, que a gente tanto
agora como no tempo que eu criei meus filho, se você não se dedicar,
não estudar, não ter uma profissão você não é ninguém. Então é o
que eu sempre conversei com eles e isso eu converso com meus
netos, então eu faço, às vezes eles tão aqui, eu converso com eles.
Então os meus filhos não foram alguém, porque não quiseram,
porque oportunidade eu dei, não dizer assim eu vou te colocar num
colégio caro eu vou te colocar... porque eu acho que isso não tem
nada haver com quem quer aprender. O colégio caro não tem nada
haver com estudar em colégio de governo, porque vai tudo da sua
força de vontade entendeu? Porque se você vai por colégio pago, se
diz A, eu não vou estudar, o meu pai tem dinheiro se eu quiser ele
paga se eu não passar paro ano - entendeu? Já colégio do governo é
diferente - não eu vou me esforçar mais, por quê? Não é pago é de
graça se eu não passar eu perco - entendeu? Então eu trabalhava,
dizia - olha vocês vão pro colégio, vão estudar - eu saía de manhã e
só chegava à noite, só que ao invés deles irem pro colégio eles iam
brincar. Quando eu pensei que eles tavam estudando eles brincavam,
mas graças a Deus ainda estudaram, teve muitos deles que fizeram
até o segundo grau, esse mais velho ( que estava assistindo TV) e a
menina (uma das filhas) fez até o segundo grau.
Amanda: Não, porque ela não foi criada comigo entendeste? Ela
morava lá (com avós), mas ela teve uma boa formação, né. Porque
criado com avó, eles eram antigo, ela tinha bisavó e tinha a avó,
quem criou mesmo ela foi a bisavó dela, a avó dela quando ela
morreu( a bisavô) me deixou ela aqui com uns quatorze anos, foi
quatorze anos, ela ( avó) me entregou ela, mas o pai veio buscar
depois, disse que não que tinha cuidado dela desde pequena, então
que não ia deixar ela aqui, ia abandonar ele pra vim simbora comigo.
só que ela vive bem né, ela tem o marido dela, se casou, tá bem.
Ângela: Não! É os dois a mesma coisa pra um, a mesma coisa pra
outro. O que eu falo pra um eu falo pra outro, que tem que estudar. Aí
52
geralmente eu falo assim pra ela, porque aí as vez eu to ensinando
ela Olha, tem que estudar muito tá, pra.... porque quando você
estiver na, é adulta... quem estuda muito é que trabalha pouco e
ganha muito -. Eu digo pra ela - Agora se tu estudar pouco quando tu
tiver jovem tu vai trabalhar muito e vai ganhar pouco - eu digo porque
toda pessoa que estuda, se dedica, aí geralmente eu digo pra ela tem
um trabalho no escritório, na caneta, aí quem não estuda trabalha
desse jeito, aí sempre eu falo pra ela e é a mesma coisa eu falo pra
ele, tanto é que ele fala assim muito em fazer vestibular sabe, aí eu
tava até conversando com meu sobrinho, aí eu disse pro meu
sobrinho que eu digo, eu peço a Deus que ele não desista do sonho
dele, porque ele fala de fazer vestibular, porque meus outro sobrinho
não falo de fazer... Inclusive um acabou (de estudar o ensino médio)
ficou por isso mesmo eu peço a Deus que quando ele chegue lá que
ele não desista porque tem muito jovem que terminou o ensino
médio e pronto, já acha que tem tudo, né? Acabei entre aspas, mal
ele sabe que foi só uma etapa da vida dele. Então eu falo assim tanto
pra um, pra outra, pra estudar, porque tem que estudar. Um dia eu
até falo dessa forma, eu digo - Olha, um dia vocês vão estudar, vocês
tem que estudar hoje, vocês tem que estudar, porque pro futuro, não
é eu não é você, não é você que vai cobrar o estudo de ti, quem vai
cobrar é a vida quem vai te cobrar- . Tanto eu falo pra um quanto pra
outro. Eu digo - Hoje em dia é a vida quem me cobra não é meu pai
não é minha mãe quem me cobra porque eu não estudei é á vida que
me cobra - eu digo pra eles. Eu digo por experiência propia, que hoje
em dia a vida me cobra porque eu não estudei, né.
53
escolar, tudo vai bem nas relações família escola. Mas, se os
resultados são insatisfatórios ou deficientes, seja em termos
individuais ou institucionais, ou se há conflitos entre o currículo
escolar e a educação doméstica, então há problemas. Portanto, a
relação família escola basicamente depende de consenso sobre
filosofia e currículo (adesão dos pais/mães ao projeto político-
pedagógico da escola), e de coincidência entre, de um lado,
concepções e possibilidades educacionais da família e, de outro,
objetivos e práticas escolares. A relação família escola também será
variavelmente afetada pela satisfação ou insatisfação de professoras
e de mães/pais, e pelo sucesso ou fracasso do/a estudante
(CARVALHO, 20024, p.45).
Assim como Ângela, que diz para os filhos estudarem para ter um bom
emprego, uma vez que para ela quem estuda muito trabalha pouco e ganha
muito, e enfatiza que o estudo será cobrado pela vida futuramente. Ela não vê
a educação como, (FREIRE, 2010), uma maneira de sair do senso comum, da
ignorância, para uma curiosidade crítica e epistemológica, mas sim, como uma
forma de se possuir ascensão e estabilidade econômica. Notando-se que os
pais educam os filhos para o mundo presente, quando deveriam dar uma
educação melhor para que possa acontecer um estado melhor no futuro
(KANT, 1999). Ou seja, os pais não educam os filhos para o bem social e sim
para o bem particular.
Aline também incentiva os filhos de maneira igual e os ensina a ter
respeito com os colegas de pele mais escura , ou seja, ela conversa com os
filhos sobre o preconceito, ensinando os mesmos a terem respeito pela cor
negra e a não se sentirem superior aos colegas por possuírem melhores
condições financeiras que os mesmos. É importante salientar que o
preconceito aparece como um modo de relacionar-se com o outro diferente, a
partir da negação ou desvalorização da identidade do outro e da
supervalorização ou afirmação da própria identificação (BANDEIRA e
BATISTA, 2002 apud TOROD, 1999).
Amanda e Ana, não compreenderam o sentido da pergunta e as
responderam de forma que não correspondia com a questão.
54
3.2.8. Sobre o futuro dos (as) filhos (as)
55
(E os filhos?) Olha, eu acho que eles são umas boas pessoas, não
bebe, não fumam, são estruturados entendeste? E esse é um (um
dos filhos que estava na pia esfriando uma mamadeira) esse é
gêmeo com o outro, tu falando, tu tá pensando que ta falando com a
mesma pessoa, que eles são igualzinho. Então é como eu te digo né
é assim eles são bom, são estruturado não fumo, não bebe,
entendeste? Porque o Marcio (um dos filhos) diz que ele só vai ter a
família dele o dia que ele tiver condições de vida pra família dele, ele
pensa totalmente diferente, esse (o filho que mora ao lado) também
pensa a mesma coisa, esse aí é meio coisa, esse daí arrumou
(família), mas ele trabalha, vive a vida dele, né. Já viste o filho dele,
já? Ha eles, são bonito os filho dele é igual a bebê ( neta mais nova)
eu só tenho neto bonito é o mais velho nasceu de sete meses eu
tomei conta dele desde quando ele tinha três anos, mas ele é um
bom pai tá estruturado também igual os meus outros filho, a mulher
dele também trabalha, tudo bem.
É porque eu vou te dizer eu sou filha, olha, acho que eu já nasci
mesmo assim porque olha, eu sou filha de pais alcoólatras eles
brigavam, e não sobrava uma panela em cima da casa, não sobrava
uma panela inteira, então era assim, eles brigavam, ele bebia( o pai),
ela bebia( a mãe). Eu sou filha de alcoólatra eu tenho pra mim que
ele era diabético e não sabia entendeu, eu acho isso, aí eu acho que
pra eu ser uma pessoa, não sei diferente né? Porque tu já pensasse
uma pessoa que os pais o tempo todo bebendo eu acho que não era
pra eu ter essa estrutura, e eu vou te dizer eu não tenho muito estudo
não ainda tem mais esse ok, esse porém, não tenho, não tenho, se
eu te disser que eu tenho bem pouco estudo esses meus filhos todos
tem estudo, eu não tenho. Se tu disser, se eu pegar nesse celular
aqui( em cima da mesa), eu sei só pra mim acender, pra deixar gravar
alguma coisa, fazer alguma coisa, tecnologia moderna eu não sei
nada, entendeu. Eu não sei nada de tecnologia moderna todo mundo
pensa que eu assim... não. Eu ia pa escola assistia debate ia pra
debate, olha é quando eu ia pra escola pra reuniões né eu nunca
faltava do trabalho eu vinha do trabalho pedia pra eu sair cedo, era
complicado pra mim.
Aline: Ai, isso é uma pergunta bem difícil pra mim responder, porque a
gente num prevê né? O futuro de ninguém, eu, quero assim que a
minha filha, termine o estudo dela, entre pruma faculdade, tenha um
bom emprego não dependa de homem algum, dependa de si mesmo,
si próprio, é muito importante pruma mulher, pro homem também é,
ter os seus direito próprio é lutar pelo aquilo que quer, e conseguir e
vencer (o q faz pensar dessa forma?). A, é, eu num tive estudo não
terminei meus estudo, não foi por falta de oportunidade, oportunidade
eu tive bastante, mas tudo que eu não tive oportunidade, que eu não
tive, porque teve algumas oportunidade que eu não tive realmente e
eu quero passar tudo isso pro meus filhos, eu quero ter o que eu não
pude ter quando eu era criança e poder dá pra eles o que eu não tive
e isso eu sei que eu posso, eu e o meu marido. (como vê os
56
meninos?) Bem, eu vejo eles também, da mesma forma, todos dois
trabalhando, terminando o estudo, entra numa faculdade, se fô
possível, e eu acredito em Deus que seja possível é, tendo seu
emprego, tendo uma moradia digna, poder viver bem, com todos,
com todo mundo, sabe, na sociedade, ser umas criança, passar de
criança pra adolescente, um adulto feliz.
Ana: Eu não sei dizer. Sonho assim deles tive rapaz já é trabalho. É
assim é ser médio é qualquer coisa, ai assim que eu quero. Ai queria
que ela fosse assim, médica, enfermeira que é mais melhor, eu acho.
Para Alice o futuro dos filhos não mudará porque eles não continuaram
os estudos e enfatiza que oportunidade de estudo foi dada aos filhos por ela,
mas não foi aproveitada pelos mesmos, e agora adultos eles não têm
disposição para estudar por causa do cansaço do trabalho. Logo, ela não vê
melhorias nesse sentido, e incentiva os netos a estudarem para que o futuro
deles possa vir a ser diferente. Pois há muitos cursos onde você pode melhorar
sua condição financeira.
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS
58
pela família para que siga a linha educada, doce e atenciosa, por isso mais
vulnerável aos males existentes na vida. Ao homem é destinada uma educação
como foi dito por uma das mães mais solta , onde ele tem mais liberdade para
expor seus desejo e vontades. Esse cuidado se estende ao namoro, com as
informações necessárias sobre o comportamento que cada gênero deve
exercer.
Sobre os estímulos dado aos filhos no estudo é igual, pois na visão das
mulheres não existe diferença, ou preferência, na hora de estimular os filhos
aos estudos, ou seja, a permanência na escola independe se o filho é do
gênero masculino ou feminino. Para elas, o acesso e a permanência à escola
representam a condição necessária para um futuro bem sucedido social e
financeiramente.
59
estipuladas pelas redes de poder e cobradas pela sociedade que as famílias
seguem, quase sempre de forma inconsciente. É relevante também se
entender que muitas das diferenciações estão sendo dissolvidas no que se
refere à educação familiar e na atribuição dos afazeres domésticos que são
destinados aos gêneros de maneiras iguais.
60
REFERÊNCIAS
61
FINCO, Daniela. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e
meninas na educação infantil. Pro-Posições. v. 14, n. 3 (42) - set./dez. 2003
NETO, Otavio Cruz. O trabalho de campo como descoberta. In: SOUZA, Maria Cecília
de e MINAYO, Maria Cecília de Souza (Orgs). Pesquisa social : teoria, método e
criatividade. 23. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
62
NOVELLINO, Maria Salet Ferreira Novellino. Chefia feminina de domicílio
como indicador de feminização da pobreza e políticas públicas para
mulheres pobres. Escola Nacional de Ciências Estatísticas/ instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística 2004.
63
http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/153/152. Acesso
em: 18/05/2012.
64
65
Apêndices A: Roteiro de Entrevista direcionado ás mulheres da Vila da
Barca
8- Como você vê o futuro de seu filho e filha, ou seja, como você pensa
que estará à vida de sua filha e seu filho quando forem adultos? O que
faz você pensar dessa forma?
66
Centro de Ciências Sociais e Educação
Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia
Rua do Una, 156 entre Djalma Dutra e José Pio.
66050.540 - Belém-Pará
WWW@.uepa.br
67