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8.

PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO

Um processo de tomada de decisão envolve, regra


geral, quatro etapas:

1ª etapa - Identificação do problema


Um problema ocorre quando há um desfasamento
entre o que foi planeado/previsto e o que é realizado.

A correta e completa identificação do problema é


fundamental para se poderem equacionar
corretamente as alternativas para a sua resolução.

De salientar que as causas do problema podem ser


múltiplas, ou dependerem de diferentes fatores.
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8. PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO

2ª etapa - Formulação de alternativas


Consiste na identificação de formas/estratégias diferentes
para resolver o problema que foi identificado na etapa
anterior.
3ª etapa – Avaliação e seleção de alternativas
Aqui entram as diferentes formas que os processos de
decisão podem assumir. São elas: decisão sob certeza,
decisão sob risco e decisão sob incerteza. A decisão sob
certeza é irrealista, já que parte do pressuposto que os
decisores dispõem de toda a informação sobre o problema
com um grau de fiabilidade total; a decisão sob risco
implica a atribuição de probabilidades de ocorrência aos
vários cenários definidos; e na decisão sob incerteza
recorrem-se aos modelos da teoria dos jogos.
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8. PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO

É escolhida a alternativa que se revela mais vantajosa


para a organização. Pode ser a que minimiza os custos,
a que maximiza as vendas, ou o lucro, a que gera um
maior aumento da quota de mercado, ou seja, a escolha
está indexada ao objetivo que se pretende alcançar.

4ª etapa - Implementação e controlo da decisão


A última etapa é a implementação da alternativa
selecionada e a consideração dos respetivos
mecanismos de controlo dessa mesma implementação.

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8.1. Decisão sob risco

No processo de tomada de decisão a construção das denominadas


árvores de decisão é fundamental para a visualização do
problema.
Etapas a percorrer na construção de uma árvore de
decisão e na tomada de decisão:
1ª etapa – Identificar o problema a resolver, bem como as
alternativas/estratégias possíveis para o resolver, ou seja, as
decisões mais remotas (ou primárias) e identificar as
subsequentes decisões (decisões intermédias) que se definem a
partir das iniciais. Desenhar a árvore de decisão.

2ª etapa – Calcular os valores líquidos atualizados (VLA) ou


valores atualizados líquidos (VAL) dos vários ramos da árvore.

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8.1. Decisão sob risco

3ª etapa – Depois de tomadas todas as decisões intermédias


calcula-se o VAL das estratégias alternativas (as que se apresentam
no início da árvore de decisão).
4ª etapa – Calcular o valor esperado de cada uma das alternativas.
O cálculo do valor esperado (V) obtém-se fazendo o somatório
do produto do VAL de cada ramo da árvore correspondente a
uma dada estratégia pela correspondente probabilidade.
V =  i = 1 VALi × ρi
n

em que i representa cada acontecimento, ou seja, cada ramo da


árvore de uma dada estratégia e  representa a respetiva
probabilidade associada (o somatório de todos os i totaliza a
unidade).
5ª etapa – Escolher a alternativa/estratégia que apresenta um valor
esperado mais elevado.

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8.1. Decisão sob risco

Principais vantagens da utilização de árvores


de decisão:

✓ Permite pôr em evidência hipóteses e respetivas


probabilidades de ocorrência, com a finalidade de as
analisar e discutir;
✓ Fornece um suporte para o planeamento, mostrando
o impacto das escolhas presentes e futuras;
✓ Situa cada escolha num conjunto de opções e permite
clarificar as mesmas e, consequentemente, clarificar
a tomada de decisão final.

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8.1. Decisão sob risco
PROBLEMA
Uma empresa de aluguer de automóveis está a estudar
alternativas para o próximo ano, tendo como objetivo
aumentar a sua margem de lucro na área da grande Lisboa.
Para o efeito ela tem duas estratégias alternativas:
◼ Estratégia A: aumentar a publicidade nos jornais e criar mais
postos de atendimento.
◼ Estratégia B: aumentar a publicidade em cartazes
distribuídos pela cidade e melhorar as facilidades de aluguer
no aeroporto.
Quanto à estratégia A o seu sucesso dependerá do que se irá
passar em termos de decisões governamentais,
designadamente a política relativa às rendas de prédios ou ao
IMI, quando se trata da compra de lojas. Assim, os analistas
da empresa consideram que uma política tributária favorável
poderá gerar uma taxa interna de rentabilidade (TIR) de 15%,
mas um aumento da carga fiscal vai gerar uma TIR de 8%.
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8.1. Decisão sob risco

Quanto à estratégia B o seu sucesso depende do


modo como vai funcionar o tráfego aéreo. Se o
tráfego aéreo aumentar, como se prevê, a TIR será
de 21%. Se o tráfego aéreo for restringido e muitos
aviões forem desviados para o aeroporto Francisco
Sá Carneiro, no Porto, ou se for criado um novo
aeroporto, então a TIR será somente de 7%.
A probabilidade de ocorrência de uma política
tributária favorável é de 20% e a probabilidade de
ocorrência de um aumento do tráfego aéreo é de
60%.
Qual a estratégia a escolher?

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8.1. Decisão sob risco

RESOLUÇÃO
A primeira tarefa a cumprir é construir a árvore de decisão.

0,2 Política tributária favorável TIR=15%


Estratégia A
0,8 Política tributária desfavorável TIR=8%
Decisão

0,6 Aumento do tráfego aéreo TIR=21%


Estratégia B
0,4 Decréscimo do tráfego aéreo TIR=7%

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8.1. Decisão sob risco

Vamos calcular os valores esperados:


◼ VA = 0,2 x 0,15 + 0,8 x 0,08 = 0,094
◼ VB = 0,6 x 0,21 + 0,4 x 0,07 = 0,154

Comparando os valores esperados verifica-se que a


estratégia B é a que apresenta um maior valor
esperado, pelo que será a estratégia escolhida.

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8.2. Decisão sob incerteza

A decisão sob incerteza tem muito menos rigor,


comparativamente à decisão sob risco.
A incerteza requer um julgamento subjetivo e uma maior
interferência da vontade dos gestores/decisores.

Há vários critérios que podem ser utilizados para decidir sob


incerteza. Vamos referir os mais usuais.
a) Regra de Bayes ou análise bayesiana
A análise bayesiana é feita através da atribuição de igual
probabilidade de ocorrência a todas as alternativas e da
escolha da alternativa à qual está associada o melhor
resultado.

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8.2. Decisão sob incerteza

b) Regra do maximin
Esta regra, tal como o nome indica, consiste na escolha da
melhor de entre as piores alternativas, ou seja, da alternativa
“menos má”.
Este critério é utilizado por gestores pessimistas, ou por
analistas que preveem uma evolução desfavorável das condições
económicas, ou por gestores/decisores que têm aversão ao risco.
c) Regra do minimax
Como o nome indica começa-se por escolher os valores
máximos de cada alternativa e depois escolhe-se o mínimo
desses máximos.
Normalmente é identificada como a regra utilizada pelos
gestores prudentes.
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8.2. Decisão sob incerteza
d) Regra do maximax
Consiste na escolha do valor máximo de entre os máximos de
cada alternativa.
Normalmente é identificada como a regra utilizada pelos
gestores otimistas.
e) Regra de Hurwicz
Esta regra consiste numa combinação dos critérios de
maximin e maximax.
Se estamos perante gestores/decisores otimistas a regra do
maximax terá uma ponderação superior à regra do maximin; o
fator de ponderação da regra maximax será superior a 50%.
Se estamos perante gestores/decisores pessimistas a regra do
maximin terá uma ponderação superior à regra do maximax; o
fator de ponderação da regra maximin será superior a 50%.
Depois de feita a ponderação escolhe-se a melhor das
alternativas (leitura em coluna).
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8.2. Decisão sob incerteza

f) Regra de Savage

Na regra de Savage os gestores escolhem a alternativa que


minimiza as suas “penas” por terem escolhido a alternativa
incorreta face aos cenários em causa.
As “penas” ou “penalizações” são calculadas pela
diferença entre o VAL de uma escolha e o VAL da melhor
alternativa possível. São sempre calculadas em função de
cada cenário, ou seja, a leitura é em coluna.
Depois de se ter obtido a matriz das “penas” ou das
“penalizações” escolhe-se o mínimo dos máximos, ou seja,
aplica-se a regra do minimax (a denominada regra do
gestor/decisor prudente).

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8.2. Decisão sob incerteza

PROBLEMA
Uma empresa está a estudar a compra de uma máquina.
Existem três modelos diferentes: A, B e C.
A utilização da máquina vai depender da evolução das
condições económicas, tendo sido considerados três cenários
alternativos: X, Y e Z.
No mapa seguinte apresentam-se os valores atualizados
líquidos (VAL) estimados para os próximos cinco anos para
as diferentes estratégias de aquisição da máquina e os
cenários alternativos considerados.
QUESTÃO: Qual o modelo de máquina a adquirir?

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8.2. Decisão sob incerteza

Unidade: milhões de euros


Modelos de Cenários de evolução da conjuntura nacional e
máquinas internacional
X Y Z
A 65 25 10
B 40 5 25
C 40 15 60

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8.2. Decisão sob incerteza

RESOLUÇÃO
Unidade: milhões de euros

Máquinas Regra de Maximin Maximax Minimax Regra de Regra de


X Y Z Bayes Hurwicz Hurwicz
do gestor do gestor
otimista pessimista

A 65 25 10 33,33 10 65 65 43 26,5

B 40 5 25 23,33 5 40 40 26 15,5

C 40 15 60 38,33 15 60 60 42 28,5

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8.2. Decisão sob incerteza

Regra de Bayes
◼ Máquina A: (65 + 25 + 10)/3 = 33,33
◼ Máquina B: (40 + 5 + 25)/3 = 23,33
◼ Máquina C: (40 + 15 + 60)/3 = 38,33
Regra de Hurwicz
Vamos assumir que o ponderador para o gestor otimista é de
60% e para o gestor pessimista é de 70%.
No caso da máquina A temos:
◼ Regra de Hurwicz do gestor otimista: 0,6 x 65 + 0,4 x 10 = 43
◼ Regra de Hurwicz do gestor pessimista: 0,7 x 10 + 0,3 x 65 = 26,5

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8.2. Decisão sob incerteza

No caso da máquina B temos:


◼ Regra de Hurwicz do gestor otimista: 0,6 x 40 + 0,4 x 5 = 26
◼ Regra de Hurwicz do gestor pessimista : 0,7 x 5 + 0,3 x 40 = 15,5

No caso da máquina C temos:


◼ Regra de Hurwicz do gestor otimista: 0,6 x 60 + 0,4 x 15 = 42
◼ Regra de Hurwicz do gestor pessimista: 0,7 x 15 + 0,3 x 60 = 28,5

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8.2. Decisão sob incerteza

Regra de Savage
Em primeiro lugar vai-se determinar a matriz das “penas” ou
“penalizações”. Não esquecer que o cálculo das “penas” é feito
em coluna. Depois calcula-se o mínimo dos máximos
(minimax).

Unidade: milhões de euros


Máquinas X Y Z Minimax
A 0 0 50 50
B 25 20 35 35
C 25 10 0 25

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8.2. Decisão sob incerteza

Em síntese, a decisão numa situação de incerteza seria


a seguinte:
✓ Regra bayesiana: escolhe-se a máquina modelo C.
✓ Regra maximin: escolhe-se a máquina modelo C.
✓ Regra maximax: escolhe-se a máquina modelo A.
✓ Regra minimax: escolhe-se a máquina modelo B.
✓ Regra de Hurwicz do gestor otimista: escolhe-se a
máquina modelo A.
✓ Regra de Hurwicz do gestor pessimista: escolhe-se a
máquina modelo C.
✓ Regra de Savage: escolhe-se a máquina modelo C.

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8.2. Decisão sob incerteza

➢ O modelo A foi selecionado com a utilização de dois


critérios; o modelo B foi selecionado com a utilização
de um só critério; e o modelo C foi selecionado com a
utilização de quatro critérios.
➢ Se não se possuírem mais informações, será
recomendada a aquisição da máquina modelo C,
porque foi o modelo de máquina mais vezes
selecionado na aplicação do conjunto de critérios da
decisão sob incerteza.

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