O tratamento na perspectiva da TCC para o TOC tem o propósito de eliminar os sintomas por meio da interrupção dos comportamentos de rituais e evitações, bem como em outros mecanismos de neutralizações utilizados pelos pacientes, pois entende-se que são esses comportamentos os responsáveis por fazer a manutenção e perpetuação dos sintomas. Os exercícios de Exposição e Prevenção de Resposta (EPR) são o foco nas intervenções para modificação de comportamentos. 19 Essa abordagem é comportamental, e com repetidas exposições às situações evitadas e na abstenção (prevenção) da execução de rituais (usados para aliviar sintomas de ansiedade medo), os pacientes aprendem a não realizarem mais os rituais, e com isso, os medos e obsessões vão desaparecendo gradualmente. Outro objetivo é a oportunidade, durante as exposições e as técnicas cognitivas (reestruturar as crenças distorças), testar a realidade dos seus medos por meio de comprovação de que não existe fundamento e de que são na verdade, sintomas de uma doença (Cordioli, 2017). O processo de psicoterapia para tratamento do TOC baseia-se em 8 a 20 sessões breves e focadas (podendo durar de 2 a 6 meses ou até mais), dependendo do grau de comprometimento dos sintomas do paciente (Cordioli, 2017). A seguir vamos apresentar uma visão geral do processo de psicoterapia para o TOC. As primeiras sessões são de avaliação do paciente para diagnosticar ou não o TOC: são utilizadas entrevistas padronizadas tais como o DMS-5 e o SCID, que pretendem identificar os sintomas obsessivo-compulsivos e comorbidades; investiga-se a também nesse processo inicial a história de vida do paciente, aqui podem ser aplicadas a conceitualização cognitiva ou outra entrevista para obtenção do histórico da doença. Após o diagnóstico, inicia-se as sessões de terapia, em que são utilizados técnicas para identificação dos sintomas, com o objetivo de identificar como o TOC se manifesta no perfil do paciente, são usadas as técnicas como a lista de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, o diário de sintomas ou mapa do TOC, a escala Y-BOCS, que pode ser usada para avaliar o grau e auto monitorar a gravidade dos sintomas no começo e ao longo da terapia (Cordioli, 2017; Rangé, 2011; Andretta, 2011). Ao fazer a avaliação diagnóstica com os critérios do DSM-5, deve – se lembrar da especificação do insight (Cordioli, 2017). A segunda etapa do processo de psicoterapia após as sessões iniciais é focada na psicoeducação do paciente sobre o TOC e a finalidade é passar informações ao paciente sobre o transtorno e sobre a TCC. Os principais assuntos abordados são: O que é o TOC; o que são obsessões, compulsões e evitações; prevalência, incidência e curso da doença; impacto na vida pessoal e familiar, e a importância da doença; familiarização com o modelo 20 cognitivo-comportamental; eficácia da TCC e como ela pode ajudar na redução dos sintomas; revisão das tarefas; o que são os exercícios de Exposição e Prevenção de Resposta (EPR); combinação acerca do que é esperado do paciente- realização de atividades fora da sessão, frequência, assiduidade; crias expectativas positivas de mudança e instaurar a confiança do paciente. (Andretta, 2011, p. 379) Outro aspecto abordado está no grau de motivação para o tratamento. O próximo passo após o preenchimento da lista de sintomas é usá-la como ponto de partida para o tratamento (EPR). Essa checagem feita na avaliação do grau dos sintomas do TOC será útil como monitoramento da evolução da terapia e como meta de quais sintomas devem ser eliminados primeiramente, começando pelos sintomas com menor grau de desconforto (Andretta, 2011). As sessões intermediárias marcam o uso dos primeiros exercícios de EPR, as exposições comportamentais (principal técnica comportamental) e as técnicas cognitivas para checagem e monitoramento do humor, lembrando que a parte cognitiva do tratamento no TOC prevê a reestruturação de pensamentos e crenças distorcidas. Na EPR utiliza-se a lista de sintomas como base, e são iniciadas as exposições pelos exercícios considerados mais fáceis ou selecionados aqueles para o qual o paciente acredita ter maior chance de realizar (Rangé, 2011). O objetivo dessas exposições é a prevenção de novos comportamentos (rituais, evitações) e promover a habituação, ou seja, a diminuição gradual e espontânea dos sintomas, permanecendo por um período de tempo em contato com as situações, objetos, lugares ou pessoas que provocam esse sentimento (nojo, medo), mas que na realidade não são perigosos. Por exemplo: em um paciente com medo de contaminação o grau de ansiedade é 2. Ao cumprimentar um amigo no hospital, o exercício de exposição para prevenção seria o de não lavar a mão ao chegar em casa, permitindo assim, que ocorra gradualmente exposição prevenção de resposta habituação (Andretta, 2011 ). Algumas das principais técnicas cognitivas utilizadas nas sessões de tratamento para o TOC são: • O modelo ABC no TOC: (A – situações Ativadoras, B – ativam crenças (Belief), e/ou pensamentos disfuncionais; C= Consequência sentimentos/comportamentos); • RPD (Registro de Pensamentos Disfuncionais); 21 • Questionamento socrático (busca de explicações alternativas ou racionais, questionando o pensamento ao invés de aceitá-lo como verdade absoluta; • Técnica das duas teorias (auxilia o paciente a construir e testar uma explicação alternativa mais coerente e com menos ansiedade para as suas obsessões); • Cartões de enfrentamento (auxiliam o paciente a ter maior controle sobre os rituais, duvidas e ruminações obsessivas- são escritas frases em um cartão que são levados no bolso ou deixados num local de fácil acesso, com o intuito servir como lembrete ao tentar retomar o controle. Um exemplo de comportamento- frase: resista aos seus rituais. As sessões finais são voltadas para avaliar os resultados da terapia, observar as mudanças na intensidade dos sintomas (uso da escola Y-BOCS) e remissão, continuar a monitorar os próprios sintomas, continuação das tarefas de exposição e prevenção de rituais e as atividades cognitivas, avaliar possibilidades de lapsos e de recaída (Cordioli, 2017; Andretta, 2011; Rangé, 2011). Nos vídeos abordaremos os seguintes temas para complementar o estudo sobre o TOC: • Sintomas obsessivo-compulsivos; • TOC e familiares; • Farmacoterapia e TOC; • O uso de algumas das técnicas no tratamento do TOC; • Parte de um caso clínico para exercitar alguns dos conceitos das causas e desenvolvimento do TOC.