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FÁRMACOS DIURÉTICOS

FÁRMACOS
DIURÉTICOS

FARMACOLOGIA 1
FÁRMACOS DIURÉTICOS

FÁRMACOS
DIURÉTICOS

CONTEÚDO: LETÍCIA FRANCO NANO


DA VEIGA
CURADORIA: THAYSSA TAVARES

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

SUMÁRIO
FÁRMACOS DIURÉTICOS ............................................................................. 5

Indicação dos diuréticos .............................................................................................. 5

Efeitos adversos dos diuréticos................................................................................. 5

Classificação dos diuréticos ....................................................................................... 5

DIURÉTICOS OSMÓTICOS ........................................................................... 7

Indicação .......................................................................................................................... 7

Efeitos adversos ............................................................................................................. 7

DIURÉTICOS INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA ........................ 7

Mecanismo de ação ...................................................................................................... 7

Indicação .......................................................................................................................... 8

Efeitos adversos ............................................................................................................. 8

DIURÉTICOS DE ALÇA .................................................................................. 8

Mecanismo de ação ...................................................................................................... 8

Aspectos farmacocinéticos......................................................................................... 9

Indicação .......................................................................................................................... 9

Efeitos adversos ............................................................................................................. 9

DIURÉTICOS TIAZÍDICOS ........................................................................... 10

Indicação ....................................................................................................................... 11

Aspectos farmacocinéticos...................................................................................... 12

Efeitos adversos .......................................................................................................... 12

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO .......................................... 12

Mecanismo de ação ................................................................................................... 12

Aspectos farmacocinéticos...................................................................................... 13

Efeitos adversos .......................................................................................................... 13

TRIANTERENO E AMILORIDA ................................................................... 13

Aspectos farmacocinéticos...................................................................................... 13

Efeitos adversos .......................................................................................................... 14

OUTRAS CLASSES DE DIURÉTICOS ........................................................ 14

USO CRÔNICO DOS DIURÉTICOS ............................................................ 14

RESISTÊNCIA AOS DIURÉTICOS NO EDEMA ........................................ 14

RESUMÃO ...................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 17

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

FÁRMACOS DIURÉTICOS • Glaucoma


• Alcalose metabólica
Os fármacos diuréticos aumentam a elimi-
nação de Na+ e água. Isso ocorre, pois di- Efeitos adversos dos diuréticos
minuem a reabsorção de Na+ e de um
• Depleção de Sódio
ânion acompanhante (em geral de Cl-) do
• Depleção de Potássio
filtrado, sendo o aumento da perda de
• Hipercalemia
água secundário ao aumento da elimina-
• Alteração no Balanço de Cálcio
ção de NaCl (natriurese). Isso pode ser ob-
• Intolerância a Glicose
tido por: ação direta sobre as células do
• Hiperlipidemia
néfron, ou indiretamente, por modificação
• Retenção de Ácido Úrico (50% dos
do conteúdo do filtrado. Dado que uma
pacientes tratados com Tiazídicos
proporção muito grande do sal (NaCl) e da
(30% dos HAS) – 2% quadro de
água que entra no túbulo via glomérulo é Gota).
reabsorvida, até uma pequena diminuição • Impotência (Tiazídicos)
de reabsorção pode causar acentuado au- • Ototoxidade (Diuréticos de Alça)
mento da eliminação de Na+. A maioria dos • Ginecomastia (Espironolactona)
diuréticos com ação direta sobre as células
do néfron atuam a partir do interior da luz
Classificação dos diuréticos
tubular e chegam a seus locais de ação
pelo fato de serem secretados para o tú- Classificação: podem ser classificados de
bulo proximal (com exceção da espirono- acordo com estrutura química, locais de
lactona). ação e potência. A potência não é dada
pelo volume urinário e sim fração de excre-
Indicação dos diuréticos
ção de sódio.
• Hipertensão Arterial Sistêmica
- Classificação pela fração de sódio ex-
• Insuficiência Cardíaca Congestiva
cretada
• Acidente Vascular Encefálico (AVC)
• Insuficiência Renal Alta eficácia (FENa>15%)
• Insuficiência Hepática
• Hiperaldosteronismo • Organomercuriais (não mais utiliza-
• Diabetes Insípido dos): Mersalyl
• Intoxicação por Lítio • Ácidos fenoxiacéticos: Ác. Etacrínico
• Edema

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

• Benzoatos sulfamídicos: Furosemida,


Bumetanida e Piretanida.
• Aminopirazolinonas: Muzolimina
• Tiazolidonas: Etozoline Locais de ação dos diuréticos:
Média eficácia (FENa 5 - 10%) Diuréticos osmóticos: alça
• Benzotiadazinas: Clortiazida, Benzotia- descendente de Henle
zida, Hidroclortiazida e Bendrofluozida
Inibidores da anidrase carbônica:
• Heterocíclicos relacionados: Clortali-
túbulo contorcido proximal
dona (Ftalimidinas), Metolazona (Qui-
nazolinonas), Indapamida (Clorobenza- Diuréticos de alça: alça espessa
midas) e Xipamida de Henle
• Ácidos fenoxi-acéticos: Ac. Tienílico
(uricosúrico – precipitação de cristais –
Diuréticos tiazídicos: túbulo
ira) contorcido distal

Baixa eficácia (FENa<5%) Diuréticos poupadores de


potássio: túbulo contorcido distal
• Xantinas: Aminofilina e túbulo coletor
• Osmóticos: Manitol
• Poupadores de Potássio: Espironolac- Inibidores do ADH: ducto coletor
tona – antagonistas competitivos da al-
dosterona; Triantereno, Amilorida.

Figura 1: locais de ação dos diuréticos no néfron

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DIURÉTICOS OSMÓTICOS tratamento de emergência para aumento


súbito da pressão intracraniana ou intrao-
Os diuréticos osmóticos são substâncias cular. Esse tratamento não se relaciona
farmacologicamente inertes (p. ex., mani- com o rim, em absoluto, porém se baseia
tol) filtradas no glomérulo, mas não reab- no aumento da osmolaridade plasmática
sorvidas pelo néfron, aumentando a osmo- por solutos que não penetram no cérebro
laridade do ultrafiltrado. A reabsorção pas- ou nos olhos, o que resulta no efluxo de
siva de água é reduzida pela presença de água desses compartimentos.
soluto não reabsorvível dentro do túbulo
(com maior osmolaridade), pois a água por
osmose tende a ir para o meio mais con-
centrado (luz tubular). Isso resulta no au-
mento de volume de água na urina, au- Indicações dos diuréticos
mentando a diurese. Dentro do néfron, seu osmóticos: glaucoma e
principal efeito é exercido sobre aquelas hipertensão intracraniana
partes do néfron que são livremente per-
meáveis à água: o túbulo proximal, o ramo
descendente da alça e os túbulos coleto- Efeitos adversos
res. Isso tem o efeito secundário de reduzir
a reabsorção de Na+. Portanto, o principal Os efeitos adversos incluem expansão
efeito dos diuréticos osmóticos é aumentar transitória do volume do líquido extracelu-
a quantidade de água eliminada, com me- lar (com risco de causar insuficiência do
nor aumento da eliminação de Na+. ventrículo esquerdo) e hiponatremia. Po-
dem ocorrer cefaleia, náuseas e vômitos.
Indicação
DIURÉTICOS INIBIDORES DA ANI-
Eles são às vezes usados na insuficiência
DRASE CARBÔNICA
renal aguda, que pode ocorrer em decor-
rência de hemorragia, trauma ou infecções Mecanismo de ação
sistêmicas. A taxa de filtração glomerular
se reduz, e a absorção de NaCl e água no Os inibidores da anidrase carbônica inibem
túbulo proximal se torna quase completa, a ação dessa enzima, portanto, impedem a
de modo que partes mais distais do néfron reabsorção de ”bicarbonato”, inicialmente
virtualmente “secam” e cessam o fluxo uri- na forma de H2O+CO2, portanto impedem
nário. Também são utilizados como a formação de ácido carbônico dentro das

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células tubulares do túbulo proximal. Ini- formação de humor aquoso e também em


bindo a formação de ácido carbônico den- alguns tipos de epilepsia infantil, e para
tro da célula, não há formação dos íons de acelerar a aclimatação a altitudes elevadas.
hidrogênio, necessários para reabsorção Uso em edemas, somente em associação
do sódio (pelo trocador Na+/H+) presente devido à baixa potência na excreção de só-
na borda luminal dessas células. Ou seja, dio.
os inibidores de anidrase carbônica não só
Efeitos adversos
impedem a reabsorção de sódio (como os
outros diuréticos) como também de bicar- A acetazolamida é uma sulfonamida e po-
bonato, causando diurese de NaHCO3. dem ocorrer efeitos indesejáveis comuns
às outras sulfonamidas, como rashes, dis-
Obs.: apesar dos inibidores da anidrase
crasias sanguíneas e nefrites intersticiais.
carbônica terem como local de ação a por-
Efeitos adversos: acidose metabólica, alca-
ção de maior reabsorção de sódio no né-
linização urinaria (que favorece a precipita-
fron (o túbulo contorcido proximal) são
ção de cálculos urinários) e precipitação da
classificados como baixa potência, pois há
encefalopatia hepática (interfere no meta-
mecanismos de compensação fisiológica
bolismo de amônia).
de reabsorção de sódio (ou seja, em locais
a jusante do túbulo contorcido proximal).
DIURÉTICOS DE ALÇA
Também estão envolvidos na secreção de
Mecanismo de ação
íons no ducto coletor, sendo um local de
ação secundário. Essa perda urinária de bi- Os diuréticos de alça são os mais potentes,
carbonato leva à diminuição das reservas capazes de causar a eliminação de 15-
corporais totais de bicarbonato (extracelu- 25% do Na+ filtrado. Esses fármacos
lar), sendo utilizado, portanto, na terapêu- atuam sobre o ramo ascendente espesso,
tica da alcalose metabólica. A eliminação inibindo o transportador Na+ /K+ /2Cl− na
de bicarbonato acompanhado de Na+, K+ e membrana luminal, combinando-se com
água, resultando em aumento do fluxo de seu ponto de ligação para Cl−. As ações
urina alcalina e acidose metabólica leve. vasculares dos diuréticos de alça também
não se compreendem inteiramente.
Indicação
Os diuréticos de alça aumentam a oferta
Esses agentes, embora já não usados
de Na+ ao néfron distal, causando perda de
como diuréticos, ainda são aplicados no
H+ e K+. Considerando que ocorre perda
tratamento de glaucoma para reduzir a

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

urinária de Cl-, mas não de HCO3−, a con- resistentes à ação de diuréticos adminis-
centração plasmática de HCO3− aumenta trados por via oral. Administrados por via
quando o volume plasmático é reduzido – oral atuam em 1 hora; por via intravenosa,
uma forma de alcalose metabólica, por- produzem efeito máximo em 30 minutos.
tanto, denominada “alcalose de contra- Os diuréticos de alça ligam-se fortemente
ção”. Os diuréticos de alça aumentam a eli- às proteínas plasmáticas e não passam di-
minação de Ca 2+
e Mg
2+
e diminuem a eli- retamente ao filtrado glomerular.
minação de ácido úrico.
Indicação
A administração intravenosa de furose-
Os usos clínicos dos diuréticos de alça são:
mida a pacientes com edema pulmonar
edema agudo de pulmão, insuficiência car-
causado por insuficiência cardíaca aguda
díaca crônica, cirrose hepática complicada
provoca um efeito vasodilatador terapeuti-
por ascite, síndrome nefrótica, insuficiência
camente útil, independente do início da
renal e tratamento de hipertensão compli-
diurese. Possíveis mecanismos incluem a
cada por comprometimento renal (os tiazí-
diminuição da responsividade vascular a
dicos são preferidos, caso a função renal
vasoconstritores como a angiotensina II e
estiver preservada).
a norepinefrina; aumento da formação de
prostaglandinas vasodilatadoras; diminui-
ção da produção do hormônio natriurético
endógeno semelhante à ouabaína (inibidor
da Na+ /K+ ATPase), que tem propriedades Principais indicações da
vasoconstritoras; e efeitos de abertura de furosemida: edema agudo
canais de potássio em artérias de resistên- de pulmão, ICC e ascite
cia.

Aspectos farmacocinéticos

Os diuréticos de alça são absorvidos do Efeitos adversos


trato gastrointestinal e geralmente são ad-
São comuns os efeitos indesejáveis: IRA
ministrados por via oral. Também podem
(pré-renal), hiponatremia, hipocalemia, ar-
ser dados por via intravenosa em situações
ritmia cardíaca (intoxicação digitálica), hi-
de urgência (p. ex., edema agudo de pul-
pomagnesemia, hipocalcemia/ hipercalciú-
mão) ou quando a absorção intestinal esti-
ria, ototoxicidade, hiperuricemia,
ver comprometida, e podem se tornar

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

hiperglicemia, hipertrigliceridemia. Perdas


excessivas de Na+ e água são comuns, em
especial em idosos, e causam hipovolemia
e hipotensão. A perda de potássio, resul-
Efeitos adversos dos
tando em K+ baixo no plasma (hipocale-
diuréticos alça:
mia), e a alcalose metabólica também são
comuns. HIPOnatremia
A hipocalemia aumenta os efeitos e a toxi- HIPOcalemia
cidade de vários fármacos (p. ex., digoxina,
e os antiarrítmicos tipo III), de modo que HIPOcalcemia
esta é potencialmente uma fonte impor-
HIPOmagnesemia
tante de interação medicamentosa. Hipo-
magnesemia costuma ser menos vista, HIPERcalciúria
mas também pode ser clinicamente impor-
tante; a hiperuricemia é comum, podendo HIPERuricemia
precipitar gota aguda. A diurese excessiva
HIPERglicemia
leva à redução da perfusão renal e com-
prometimento pré-renal. Não são frequen- HIPERtrigliceridemia
tes os efeitos indesejáveis não relaciona-
dos às ações renais dos fármacos. Ototoxicidade

A perda de audição relacionada à dose


(composta pelo uso concomitante de ou-
tros fármacos ototóxicos, como os antimi-
crobianos aminoglicosídeos) pode resultar DIURÉTICOS TIAZÍDICOS
do transporte prejudicado do íon pela
membrana basolateral da estria vascular Os diuréticos que atuam sobre o túbulo
na orelha interna. Ocorre somente em do- distal incluem tiazídicos (p. ex., bendroflu-
ses muito mais altas das que usualmente metiazida, hidroclorotiazida) e fármacos
são necessárias para produzir diurese. Po- relacionados (p. ex., clortalidona, indapa-
dem ocorrer reações adversas não relacio- mida e metolazona) são mais tolerados
nadas com o efeito farmacológico principal que os diuréticos de alça e, em ensaios clí-
(p. ex., rash, depressão da medula óssea). nicos, demonstram reduzir os riscos de
acidente vascular cerebral (AVC) –

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

indapamina- e de infarto do miocárdio as- esperados benefícios na redução da PA e


sociados à hipertensão. nos riscos de AVE e de mortalidade cardi-
ovascular. Ligam-se ao ponto do Cl− do sis-
São os diuréticos mais comumente utiliza-
tema de cotransporte tubular distal de Na+
dos na prática clínica em monoterapia ou
/Cl−, inibindo sua ação e causando natriu-
em associação com outros fármacos anti-
rese com perda de íons sódio e cloreto na
hipertensivos. Os tiazídicos reduzem de
urina. Os efeitos dos tiazídicos sobre o ba-
forma satisfatória a pressão arterial (PA),
lanço de Na+, K+, H+ e Mg2+ são qualitativa-
quando utilizados em baixas doses, e pos-
mente semelhantes aos dos diuréticos de
suem excelente ação quando associados
alça, mas de menor magnitude. Em con-
aos inibidores da enzima conversora da
traste com os diuréticos de alça, entre-
angiotensina (IECAs), bloqueadores dos
tanto, os tiazídicos reduzem a eliminação
receptores AT1 da angiotensina II (BRAs)
de Ca 2+, o que pode ser vantajoso em pa-
e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC).
cientes mais idosos com risco de osteopo-
Os diuréticos tiazídicos têm ação vasodila-
rose. Embora os tiazídicos sejam diuréticos
tadora. Quando usados no tratamento de
mais suaves que os diuréticos de alça
hipertensão, a queda inicial da pressão ar-
quando usados isoladamente, a coadmi-
terial decorre da diminuição do volume
nistração com diuréticos de alça tem efeito
sanguíneo causada pela diurese, mas a va-
sinérgico, porque o diurético de alça ofe-
sodilatação contribui para a fase tardia. Os
rece maior fração da carga filtrada de Na+
diuréticos tiazídicos têm um efeito parado-
ao local de ação do tiazídico no túbulo dis-
xal no diabetes insípido, no qual reduzem
tal.
o volume de urina por interferência com a
produção de líquido hipotônico no túbulo Indicação
distal e a capacidade do rim de secretar
HAS, Insuficiência cardíaca leve (em geral
urina hipotônica (reduzem a depuração de
preferem-se diuréticos de alça), edema re-
água livre).
sistente grave (metolazona, em especial é
São diuréticos de potência intermediária usada juntamente com diuréticos de alça),
(quanto à taxa de excreção de sódio). prevenção formação recorrente de cálcu-
Apresentam ação prolongada e agem no los na hipercalciúria idiopática, e no diabe-
túbulo distal determinando natriurese mo- tes insípido nefrogênico.
derada, limitada a 5 — 10% do sódio fil-
trado. Os efeitos metabólicos adversos dos
diuréticos tiazídicos não comprometem os

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

idosos. A hipocalemia pode ser causa de


interação medicamentosa adversa e pode
precipitar encefalopatia em pacientes com
Os tiazídicos são os hepatopatia grave. Reações adversas não
diuréticos de escolha na relacionadas com a farmacologia principal
HAS, pois também causam (p. ex., rashes, discrasias sanguíneas) são
vasodilatação raras, mas podem ser graves.

*Diuréticos tiazídicos devem ser evitados


Aspectos farmacocinéticos em pacientes com síndrome metabólica,
pois pode causar intolerância à glicose.
Os tiazídicos e fármacos relacionados são
eficazes por via oral. Todos são eliminados DIURÉTICOS POUPADORES DE
na urina, principalmente por secreção tu-
POTÁSSIO
bular, e competem com o ácido úrico para
o transportador de ânions orgânicos. A Mecanismo de ação
bendroflumetiazida tem seu efeito máximo
em cerca de 4-6 horas, e a duração é de 8- Os poupadores de potássio são diuréticos
12 horas. A clortalidona tem duração de capazes de eliminar sódio e água, porém
ação mais prolongada. poupam o potássio (diferentemente das
outras classes). Agem inibindo os canais
Efeitos adversos condutores de sódio no túbulo coletor,
como a amilorida e triantereno, ou bloque-
Além do aumento na frequência urinária, o
ando a ação da aldosterona, como a espi-
efeito indesejável mais comum dos tiazídi-
ronolactona.
cos, não obviamente relacionado à sua
ação renal principal, é a disfunção erétil, A espironolactona e a eplerenona têm ação
embora reversível. A perda de potássio diurética muito limitada quando usadas
pode ser importante, assim como a perda isoladamente, porque a troca distal de Na+
de Mg2+. A excreção do ácido úrico é redu- /K+ – local em que agem é responsável pela
zida, e pode ocorrer alcalose hipoclorê- reabsorção de apenas 2% do Na+ filtrado.
mica. O diazóxido, um tiazídico não diuré- Competem com a aldosterona por seus re-
tico, também ativa os canais KATP, cau- ceptores intracelulares, assim inibindo a
sando vasodilatação e comprometimento retenção de Na+ e a secreção de K+ em ní-
da secreção de insulina.* A hiponatremia é vel distal. Entretanto, elas têm acentuados
potencialmente grave, especialmente nos efeitos anti-hipertensivos, prolongam a

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

sobrevida em pacientes selecionados com reabsorção de Na+. Atuam sobre também


insuficiência cardíaca (redução da mortali- sobre os túbulos e ductos coletores, ini-
dade cardiovascular) e podem impedir hi- bindo a reabsorção de Na+ por bloqueio
pocalemia quando combinadas aos diuré- dos canais de sódio luminais e diminuição
ticos de alça ou tiazídicos. da eliminação de K+, promovendo a natriu-
rese. Podem ser administrados juntamente
Aspectos farmacocinéticos
com diuréticos de alça ou tiazídicos, com a

A espironolactona é bem absorvida no in- finalidade de manter o balanço de potás-

testino. Sua meia-vida plasmática é de sio.

apenas 10 minutos, mas seu metabólito


Aspectos farmacocinéticos
ativo, canrenona, tem meia-vida plasmá-
tica de 16 horas. Eplerenona tem meia- O triantereno é bem absorvido no trato
vida de eliminação mais curta que a canre- gastrointestinal. Seu início de ação é em 2
nona e não tem metabólitos ativos. É ad- horas, e sua duração de ação, de 12-16
ministrada por via oral uma vez ao dia. horas. É metabolizado, em parte, no fígado,
e em parte eliminado inalterado na urina. A
Efeitos adversos
amilorida é menos bem absorvida e tem

Os antagonistas da aldosterona predis- início de ação mais lento, com um pico em

põem à hipercalemia, que é potencial- 6 horas e uma duração de cerca de 24 ho-

mente fatal. É bem comum o desconforto ras. A maior parte do fármaco é eliminada

gastrointestinal. As ações da espironolac- inalterada na urina.

tona/canrenona sobre os receptores de


Indicações diuréticos poupadores de po-
progesterona e andrógenos em tecidos
tássio
não renais podem resultar em ginecomas-
tia, distúrbios menstruais e atrofia testicu- Insuficiência cardíaca (aumenta a sobre-
lar. O uso induziu câncer de mama em ra- vida) hiperaldosteronismo primário, (sín-
tos, em humanos não há evidências cientí- drome de Conn) – hipertensão essencial
ficas. resistente (em especial hipertensão com
renina baixa) e hiperaldosteronismo se-
TRIANTERENO E AMILORIDA cundário causado por cirrose hepática
complicada por ascite.
Tem eficácia limitada apenas como diuré-
ticos, pois atuam no néfron distal, onde
ocorre apenas pequena fração de

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

Efeitos adversos Aldosterona e hormônio antidiurético


(ADH), estimulação simpática (exerce efei-
O principal efeito indesejável, a hipercale-
tos diretos de retenção de NaCl nos túbu-
mia, está relacionado à ação farmacológica
los) e também devido à redução da perfu-
desses fármacos e pode ser perigoso. Fo-
são renal e da Filtração Glomerular.
ram relatados distúrbios gastrointestinais,
mas não são frequentes. O triantereno foi Aumento de solutos no túbulo distal: de-
identificado em cálculos renais, mas seu vido ao feedback túbulo-glomerular e a hi-
papel etiológico é incerto. São incomuns as pertrofia do túbulo com aumento da capa-
reações idiossincráticas, como os rashes cidade de reabsorção de sódio.
cutâneos.
RESISTÊNCIA AOS DIURÉTICOS
OUTRAS CLASSES DE DIURÉTI- NO EDEMA
COS
Alguns pacientes com edema podem não
• Antagonistas dos receptores V2 de ter o efeito necessário com o uso de diuré-
vasopressina (aquaporinas). Indica- ticos. Antes de trocar a medicação é im-
ção: hiponatremia euvolêmica e hiper- portante verificar tais tópicos:
volêmica
• Verificar se a causa do edema é não re-
• Bloqueadores de Receptores A1 de
nal (ex: Insuficiência cardíaca conges-
Adenosina. A adenosina endógena
tiva). A hipoalbuminemia é uma causa
inibe a adenil-ciclase no Túbulo proxi-
indireta de edema. Necessário infundir
mal. A inibição da adenosina promove
diuréticos próximos ou junto c/ albu-
maior ação do AMPc e menor ação da
mina (5mg Furosemide/ 1g Albumina).
bomba Na+-HCO3.
• Verificar adequação do paciente: a
• Bloqueadores de Canais de K+
quantidade de ingestão de sódio por
(ROMK): são poupadores de Potássio.
dia e uso de outros medicamentos.
USO CRÔNICO DOS DIURÉTICOS Pode-se verificar colhendo o sódio uri-
nário de 24h.
No uso crônico de diuréticos, o organismo
utiliza mecanismos de compensação e re- Afastando demais diagnósticos ou má
adaptação. Exemplo: adesão do paciente, podemos realizar al-
gumas medidas que favoreçam e potenci-
Contração do volume extracelular: devido alizem o uso de diuréticos no edema.
ao aumento da secreção de Renina-

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

• Recomendar repouso no Leito. A de- Os diuréticos de alça (p. ex., furosemida)


ambulação diminui a circulação renal, causam abundante produção de urina. Ini-
apesar de aumentar a pressão intra- bem o cotransportador Na+ /K+ /2Cl− no
glomerular. ramo ascendente espesso da alça de
• Aumentar a dose dos Diuréticos de Henle. São usados no tratamento da insu-
Alça: 240 mg Furosemida, 10mg Bu- ficiência cardíaca e outras doenças compli-
metanida e 100mg de Torsemida. cadas por retenção de sal e água. Hipovo-
• Administrar doses menores e frequen- lemia e hipocalemia são importantes efei-
tes ou infusão contínua: aumenta o tos indesejáveis.
tempo em que a dose é efetiva no sítio
Os tiazídicos (p. ex., bendroflumetiazida)
de ação.
são menos potentes que os diuréticos de
• Apostar em terapias combinadas, de
alça. Inibem o cotransportador Na+ /Cl− no
diuréticos de ação sinérgica, pois ini-
túbulo contorcido distal. São usados no
bem mecanismos adaptativos distais
tratamento da hipertensão. Um efeito ad-
ao primeiro diurético.
verso importante é disfunção erétil. Podem
• Agendar a administração de diuréticos
ocorrer hipocalemia e outros efeitos meta-
antes das refeições: doses efetivas
bólicos.
maiores no momento da maior carga de
sódio. Os diuréticos poupadores de potássio
atuam no néfron distal e túbulos coletores,
são diuréticos muito fracos, mas eficazes
RESUMÃO
em algumas formas de hipertensão e insu-
Elimina-se normalmente menos de 1% do ficiência cardíaca, e podem impedir a hipo-
Na+. Os diuréticos aumentam a eliminação calemia causada por diuréticos de alça e ti-
de sal (NaCl ou NaHCO3) e água. azídicos – a espironolactona e a eplere-
nona competem com a aldosterona por seu
Os diuréticos de alça, os tiazídicos e os diu- receptor – a amilorida e o triantereno
réticos poupadores de K+ são os principais atuam bloqueando os canais de sódio con-
fármacos terapêuticos. trolados pelo mediador proteico a aldoste-
rona.

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

Diuréticos Mecanismo de ação Indicação Efeitos adversos

Inibe irreversivelmente a enzima Glaucoma, edema (em asso- Acidose metabólica e al-
Inibidores Anidrase Carbônica, diminuindo a ciação com outros fárma- calinização ad urina, pre-
anidrase car- entrada de H2O/CO2 e saída de H+ cos), epilepsia, alcalose me- dispõe formação de cál-
bônica no túbulo proximal, diminuindo a tabólica, mal da montanha e culos renais e infecção do
absorção de Na+ Paralisia Familiar Episódica trato urinário

Aumenta a taxa de filtração glo- Edema agudo de pulmão,


merular e causa diluição do ultra- Edema cerebral e glaucoma hiponatremia e Wash-
Osmóticos filtrado distal no túbulo proximal e out medular
alça descendente de Henle

IRA (pré renal), hipona-


Edema agudo de pulmão, tremia, hipocalemia, hi-
Inibe a bomba Na-K-2Cl, inibindo Insuficiência cardíaca con- pomagnesemia, hipocal-
parte do mecanismo contra-cor- gestiva, HAS, edema na sín- cemia, hipercalciúria, oto-
De alça rente urinário, impedindo a reab- drome nefrótica, intoxica- toxicidade, hiperuricemia,
sorção de sódio na alça espessa ção/overdose de drogas e hiperglicemia, hipertrigli-
de Henle hiponatremia ceridemia e hipercoleste-
rolemia

HAS, Insuficiência cardíaca Disfunção sexual, hipoca-


Inibe a bomba Na-Cl do túbulo congestiva, edema na cir- lemia, hiponatremia, hi-
Tiazídicos contornado distal, impedindo a rose, edema na síndrome pocloremia, alcalose me-
reabsorção de sódio nefrótica, litíase renal e dia- tabólica, intolerância a
betes insípidus glicose, dislipidemia

Amilorida e triamterene: inibem Manter níveis séricos de po- Hipercalemia, náusea,


canal de sódio no túbulo distal e tássio, HAS, fibrose cística, vômito, diarreia, acidose
Poupadores coletor. Espironolactona: antago- intoxicação por lítio, diabe- metabólica, ginecomas-
de potássio nista dos receptores de aldoste- tes insípidus nefrogênico e tia, hirsutismo e irregula-
rona, impedindo a reabsorção de hiperaldosteronismo e insu- ridades menstruais.
sódio e potássio ficiência cardíaca congestiva

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FÁRMACOS DIURÉTICOS

REFERÊNCIAS

Curso fisiologia renal (professora Riane Wanzeler) Jaleko Acadêmico. Dis-


ponível em: www.jaleko.com.br.

Brunton, L.L; Chabner BA; Knollmann BC. Goodman & Gilman: As Bases
Farmacológicas da Terapêutica. 12ªedição. Rio de Janeiro, McGraw-Hill,
2012,2112 p.

GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Ja-
neiro: Elsevier, 2011.

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