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Artigocap Albinesio Duarte
Artigocap Albinesio Duarte
Marituba/Pará
2017
Por que os sinos batem?
O sucesso e o fracasso no II Curso de Operações Especiais da
PMPA/2016.
RESUMO
ABSTRACT
This Scientific Paper intends to investigate the causes of success and failure of the candidates
enrolled in the II Special Police Operations Course of the Military Police of Pará, occurred in
2016. It will also be presented a brief history of the special troops in the world until arriving
at the concept of special police operations in Brazil. To answer the question: what is the main
reason for dropping candidates in this course? A quantitative research was used as
methodological instrument, with the application of questionnaires to the target public, seeking
to elucidate this question. The profile of the candidates in the course was generally military
police officers with 5 to 15 years of effective service in the corporation, mostly married and
with children, who had as motivation in the course a mix between professional improvement
and personal satisfaction and with the opinion, almost in totality, that the psychological factor
was what took them or kept them in course. Finally, a proposal will be presented as an
institutional initiative to be applied in the Military Police of Pará for alleged candidates for the
course of special police operations, since training, focusing on the recruitment, selection and
training of these candidates, aiming to direct and guide the motivation those who have a
profile for this type of specialized service.
1. INTRODUÇÃO
Este conceito remete a uma viagem histórica para a origem destas tropas: no século
XIX, durante os conflitos da Expansão Colonial, os exércitos da Europa foram obrigados a
modificar suas formas de combate, pois se depararam com adversários numericamente
inferiores e menos equipados, porém com estratégias de guerrilha apuradas e bastante eficazes
no terreno. Tratava-se da Comunidade Bôer, descendentes da colônia holandesa, a qual
recusou curvar-se a dominação inglesa, na Guerra dos Bôers¹. Diante das perdas e ações
pontuais os Britânicos tiveram que admitir que estavam lutando contra um novo tipo de
inimigo que levara suas ações pontuais além das linhas britânicas cansando e confundindo o
exército. Tratava-se dos Kommandos Bôers, uma Unidade Militar que tinha em seu efetivo
homens com idade de alistamento. Conforme Denécé (2009, p. 18):
¹ II Guerra dos Bôers (1899 a 1902) Confronto armado ocorrido na África do Sul, onde lutaram contra os
Britânicos os colonos holandeses e franceses. A Grã-Bretanha pretendia tomar o domínio de minas de diamante
descobertas naquela área dos Bôers.
4
Com a aprovação da ideia pelo então Primeiro Ministro Britânico Winston Churchill,
surgia o que seria o cerne da Doutrina dos Comandos Ingleses, alavancada pela necessidade
extrema do momento histórico o que deu início à Mística das Operações Especiais Modernas.
Para Denécé (2009, p. 41):
Para o Churchill de 1940, a solução, com certeza, estava lá: unidades pequenas,
integradas por homens supertreinados, audaciosos, resolutos, equipados apenas com
as melhores armas que pudessem carregar, capazes, principalmente de tomar a
iniciativa. Pouco numerosos, os comandos podiam surgir onde o inimigo não os
esperava e empreender ações pontuais, rápidas, à noite.
número gravado e fixado junto a uma lápide em um cemitério simbólico nas adjacências do
Cerimonial (local de eventos do curso) onde acontecem as instruções. Conforme Storani
(2008, p 74):
Ainda tratando de simbologia, uma outra bastante presente e que fortalece esta mística
é a do Sino, sua origem também remete ao mesmo local e época de Achnacarry, onde o sino
da igreja do local sempre soara para avisar que havia ocorrido um óbito no vilarejo e após a
instalação da Escola de Comandos e das baixas já ocorridas no curso, associou-se as
badaladas do sino à morte dos alunos. Assim, este ato de “bater o sino” por parte do aluno,
ainda hoje nos cursos representa a morte, a libertação e a separação. Morte, agora não mais
física, apenas simbólica para aqueles que desistem e deixam suas almas naquele curso; uma
libertação, pois toda a rigidez e dificuldades do curso cessarão com aquele ato simbólico do
aluno desistente e finalmente uma separação entre os sobreviventes e os que não suportaram
permanecer na busca do objetivo. Ainda com Storani (2008, p 74):
No mastro, preso em uma barra a 1,80 m do solo, pendia um sino de bronze: o sino
era tocado toda vez qur um aluno pedia desligamento, muitas das vezes era tocado
pelo próprio aluno, que declarava sua desistência.
No âmbito policial, este conceito de operações especiais surge com o termo SWAT -
Special Weapons and Tactics (armas e táticas especiais), que teve origem no fim da década de
60 (1967), onde houve a necessidade de se fazer frente aos recorrentes incidentes envolvendo
os veteranos de Guerra do Vietnã, que vez ou outra surgiam, nas áreas urbanas, com armas de
guerra e tomados de ataques e surtos psicóticos advindos ainda das experiências marcantes do
combate, oferecendo risco de ferimentos e ou morte à população civil local. Segundo
Betini;Tomazi (2010, p.24): confirmar origem, swat ou brigadista 2ºGM
Inspirados nos grupos militares, no final dos anos 60, surgiram os primeiros grupos
especiais de natureza policial. Isso ocorreu, principalmente, em virtude da
necessidade de combater ameaças causadas por veteranos de guerra, portadores de
algum desequilíbrio emocional que, por vezes e sem razões aparentes, efetuavam
disparos contra civis ou policiais utilizando armamento de grande poder ofensivo.
Um dos primeiros grupos foi a SWAT da Polícia de Los Angeles (EUA).
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A partir de 1967 ocorreram no Brasil vários focos de guerrilha, começando pelo Rio
Grande do Sul, um foco comandado pelo Ten Cel do Exercito Brasileiro, de nome
GARDEN, que na condição de exilado, juntou no exílio outros militares
descontentes com vocação Leninista - Marxista, dando inicio a suas ações pelo sul
do Brasil sendo desmascarada e extinta pelas forças legais do norte do estado de
Santa Catarina.
Com o objetivo de fazer frente aos ataques e investidas da guerrilha que se espalhava
pelo país, com um nível de resposta similar em treinamento, equipamento e preparo, foi
criado na PMESP (Polícia Militar do Estado de São Paulo) o POE - Pelotão de Operações
Especiais. Para isso, foram chamados os policiais militares que possuíam o curso de
paraquedismo ou que haviam servido em outras tropas especializadas do Exército, ocorrendo
então em 1971 o primeiro curso nesta área, no âmbito das polícias militares, com a
denominação ainda de “Curso de Contraguerrilha Rural e Urbana”. Ainda com Rossi (2000, p
4):
7
Foram convocados nesta época todos os Policiais Militares que possuíam o curso de
Paraquedismo ou eram ex integrantes das fileiras da então Brigada Aeroterrestre do
Exército Brasileiro, sedo reunidos um número de aproximadamente 300 (trezentos
homens) no auditório do Quartel General da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Após explanação do objetivo, apresentaram-se 103 (cento e três) voluntários, cuja a
finalidade foi formar um Pelotão de Operações Especiais[...] Após inúmeros testes
psicotécnicos e de aptidão física, foram aprovados apenas 33 (trinta e três)
voluntários surgindo então o POE.
Percebe-se o rigor do treinamento, desde a primeira seleção no Brasil nesta área, pelo
baixo número de concluintes. O curso de contraguerrilha rural e urbana (1971) da PM de São
Paulo foi, assim o embrião e laboratório para motivar outras polícias do país a criarem seus
grupos de operações policiais especiais, conforme suas necessidades peculiares regionais,
porém sempre buscando manter latente a doutrina de comandos, aliada as técnicas policiais já
em uso da SWAT de Los Angeles, também recém-formada em 1967.
Dentro da Polícia Militar do Pará, atualmente existe o Comando de Missões Especiais
(CME), criado pelo Decreto Estadual nº 3.670 de 07 de outubro de 1999 (PARÁ, 1999), um
Grande Comando Intermediário que opera em missões e situações que fujam do caráter
ordinário de atuação da Polícia Militar, sendo uma de suas Unidades integrantes a Companhia
Independente de Operações Especiais – CIOE, criada em 1993, através da Portaria nº 033 de
01 de outubro, publicada no Boletim Geral nº 181, de 04 de outubro do mesmo ano, tendo
como missão precípua a atuação em ocorrências de altíssimo risco tanto para o agente de
Segurança Pública quanto para a sociedade.
No estado do Pará o primeiro curso de operações policiais especiais ocorreu no ano de
2008, tendo como coordenadores e instrutores, caveiras (termo mundialmente utilizado para
definir os militares que são possuidores do curso de operações especiais) já formados em
diversos estados do país que agora seriam responsáveis pelo fortalecimento da doutrina no
Estado. O curso ocorreu entre os meses de setembro a dezembro daquele ano, com uma carga
horária de 1080 (hum mil e oitenta horas aula) distribuídas entre fase rústica, técnica e de
operações.
Oito anos depois, já em 2016, foi realizado novamente na PMPA o II Curso de
Operações Especiais-II COEsp/2016 o qual é o objeto deste artigo. O Plano de Curso foi
publicado no Boletim Geral da PMPA n° 121 de 29 de junho de 2016 e trouxe todas as
informações pertinentes como: período de realização de 13 de agosto a 22 de novembro de
2016, com 16 (dezesseis) semanas de duração, em regime de internato nas dependências da
CIOE-PMPA, com uma malha curricular de 28 (vinte e oito) disciplinas totalizando
1595(hum mil quinhentos e noventa e cinco) horas aula e com um custo total em torno de R$
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800.000,00 (oitocentos mil reais), segundo informações prestadas pelo então comandante da
Companhia Independente de Operações Especiais da PMPA, na época de realização do
referido curso.
Alinhado com este contexto de preparação, treinamento e principalmente formação
deste profissional de operações policiais especiais surge o título deste trabalho: Por que os
sinos batem? O sucesso e o fracasso no II Curso de Operações Especiais da PMPA/2016,
tendo como problemática, neste sentido: Qual o motivo principal de desistência dos
candidatos inscritos neste curso? Este artigo buscará elucidar a principal causa na
discrepância entre o grande investimento financeiro por parte da corporação, de tempo e
treinamento por parte dos candidatos nesta especialização e o resultado não condizente com a
resposta esperada que é a conclusão do curso de um número de candidatos compatível com o
custo investido e para atender as demandas operacionais do serviço.
Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo geral investigar os motivos que
ocasionaram as desistências e identificar também as causas do êxito daqueles que
conseguiram se formar neste curso. Conjuntamente, os objetivos específicos são: conceituar
operações policiais especiais, definir o perfil dos candidatos em geral (concluintes ou não),
procurar a motivação que impulsiona estes candidatos a buscar esta especialização
profissional e propor uma institucionalização de recrutamento e preparação para o referido
curso, visando direcionar tecnicamente os futuros policiais militares interessados em se
candidatar.
A justificativa para este artigo está justamente na busca de um alinhamento entre o
perfil exigido para atuar nesta atividade de operações policiais especiais e um recrutamento
mais técnico e direcionado por parte da instituição dos pretensos candidatos, minimizando
esforços institucionais e recursos financeiros no processo de seleção, otimizando os resultados
com um aumento de efetivo nesta área, que não seria somente numérico, com base na
quantidade, mas principalmente na qualidade dos novos operadores.
Assim, surge como relevância deste estudo a precípua formação de policiais militares
na área de operações policiais especiais e o que ela traz como resultados preventivos e
repressivos para a corporação, além de buscar maior eficiência no custo-benefício desta
especialização, considerando o alto investimento da PMPA para formar especialistas nesta
área, aumentando a efetividade para a sociedade, com atuações técnicas e direcionadas que
irão acrescer o poder de revide da Polícia Militar do Pará às ações criminosas de maiores
vultos, cada vez mais frequentes no Brasil de modo geral e que necessitam de um nível de
resposta altamente especializado e treinado para tais situações.
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Assim, uma das medidas adotadas para a redução desta violência simbólica foi não ter
contato presencial com os mesmos, justamente para que o entrevistado tivesse a liberdade de
responder os questionários sem limite de tempo e de maneira totalmente voluntária. Outra
medida foi garantir o sigilo da identidade dos entrevistados, uma vez que os mesmos não se
identificaram neles e todas as perguntas elaboradas foram de caráter geral, não havendo
necessidade de direcionamento pessoal, principalmente aos candidatos que não conseguiram
obter êxito no curso, atingindo seu final. Mais uma medida cautelar adotada para diminuir a
violência simbólica foi não revelar ao um dos grupos que o outro seria também consultado,
justamente para evitar comparações e ou constrangimentos por parte dos candidatos que não
conseguiram se formar.
Certamente que para lidar com tais bens do ser humano, o policial necessita
desenvolver um conjunto transversal de conhecimentos e habilidades afim de exercer da
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melhor forma possível sua atividade sem ferir ou infringir o arcabouço jurídico brasileiro.
Aliado a todas estas exigências legais estão os nuances sociais, psicológicos e profissionais
inerentes a função do agente público de segurança e mais ainda dos que buscam se
especializar na modalidade de operações policiais especiais.
O termo motivação deriva da palavra latina motivus (o que move), para indicar
aquilo que faz as pessoas agirem. Ela pode ser considerada, portanto, um estado
interno do organismo que leva a pessoa a agir, deixar de agir ou ficar propensa a
determinado comportamento, como consequência de circunstâncias externas ou
estímulos específicos.
A questão motivacional é um dos temas mais estudados no mundo moderno, quer pela
diversidade e desencadeamento de abordagens possíveis, quer pela sua direta influência em
vários ramos, atividades e direcionamentos do ser humano em suas tomadas de decisão
individual ou em grupo. Ainda com Rodrigues (2012, p. 68):
Dando enfoque para uma das teorias que explica o fenômeno da motivação, vamos
utilizar a Teoria de Maslow, a qual afirma que o ser humano busca satisfazer-se por uma
hierarquização de necessidades de diversas naturezas, sendo materializada esta divisão em
uma pirâmide, vindo desde à base (necessidades fisiológicas) até o topo (autorrealização).
11
Corroboram ainda com este resultado dados advindos de uma pesquisa feita em 2010
com ex alunos do I curso de operações policiais especiais da PMPA e o de mergulhador
autônomo de resgate do Corpo de Bombeiros Militar do Pará (considerado também o mais
difícil e seletivo curso na área bombeiro militar), onde foram obtidos números significativos
de respostas apontando que 48% dos participantes afirmaram que o Treinamento de Preparo
Emocional (TPE), bastante massificado em treinamentos destas áreas, foi o fator de maior
dificuldade e que ele foi desmembrado em situações como: medo de perder o controle,
desconhecimento na área, incerteza do que irá acontecer, etc. (PINHEIRO, 2010, p. 22)
Surge daí a real necessidade do candidato a um curso desta monta buscar se adequar a
rigidez dos treinamentos na sua preparação psicológica para ingressar e mais ainda enquanto
já estiver no curso, buscando se identificar com o objetivo das operações especiais.
Concatenando com Betini e Tomazi (2010, p. 55):
exigências, não devem fazer parte das expectativas de um policial desta área. Soares et al
(2005, p.7):
Qual o antídoto para a corrupção? Na história do BOPE, a resposta foi uma só:
orgulho. Orgulho pessoal e profissional. Respeito ao uniforme negro. Antes a morte
que a desonra. O processo de seleção era tão difícil e doloroso, o ritual de passagem
era tão dramático, que o pertencimento passou a ser o bem mais precioso. Ser
membro do BOPE, partilhar desta identidade, converteu-se no patrimônio mais
valioso. A autoestima não tem preço. Portanto, não se negocia.
Tão dura e difícil quanto a seleção, também é a atuação pós curso nesta área, uma vez
que esta é a última barreira de proteção do Estado, o último recurso a ser lançado frente uma
ameaça que justifique sua ação, não havendo, portanto, espaço ou justificativa para falhas. Daí
a busca incessante por treinamentos que se aproximem ao máximo da realidade das
ocorrências policiais que irão se apresentar para este tipo de profissional da segurança
pública.
Grossman apud Pinheiro (2010, p.15) destaca as técnicas de condicionamento
operante, bastantes utilizadas pelos atiradores de elite (integrantes de grupos de operações
especiais) que consiste na apresentação de estímulos mais próximos da realidade, permitindo
assim a obtenção de respostas que terão como consequências ações direcionadas nas mais
variadas condições. Isto reforça o direcionamento da preparação psicológica, visto que ela
será preponderante nas instruções mais exigentes dos cursos, procurando instituir um controle
emocional diferenciado aos operadores policiais especiais.
3. METODOLOGIA
problemática levantada, o que ficaria mais difícil se o estudo fosse direcionado ao primeiro
curso, realizado em 2008, pelo extenso decurso do tempo e maior dispersão dos candidatos
participantes.
A partir de então foi enviado através de correio eletrônico (e-mail) para todos, os
referidos questionários e no período de 23 a 31 de agosto de 2017 ocorreram todas as etapas
da busca de dados: o recebimento por parte dos entrevistados, o preenchimento e
esclarecimento de alguma dúvida sobre o questionário e o reenvio dos mesmos já
preenchidos, também via e-mail, sendo feita a coleta dos dados constantes para ulterior
análise.
a) Posto ou graduação
c) Estado civil
Neste item, comum aos dois públicos ainda, foi verificado que dos 50 (cinquenta) que
responderam ao questionário, 22(vinte e dois) ou seja, 44% informaram ser casados, 20(vinte)
viverem em regime de união estável (40%) e somente 08(oito) serem solteiros (16%). Isso
será importante mais adiante para a formação do perfil dos candidatos matriculados e quando
forem separados entre os que formaram e não formaram, verificar qual a influência do estado
civil naquele momento do curso. Até aqui, infere-se que ser casado ou viver em união estável
não são fatores que sejam óbices para a busca de qualificação no curso estudado aqui.
Percebe-se daí que a maioria dos que foram matriculados, têm no curso uma
oportunidade de satisfazer um binômio de satisfação pessoal, pela realização de um objetivo
de busca pessoal aliada ao aprimoramento profissional, o que irá lhes conferir, certamente, um
avanço técnico-profissional ímpar, dada a dificuldade e rigor dos treinamentos envolvidos em
um COEsp. Certamente o “status” profissional conferido a um “caveira” no âmbito da
corporação e até mesmo fora dela, foi um dos fatores que impulsionaram o público deste
estudo a se candidatarem.
Dentro deste item e a partir dele em diante na pesquisa, abriremos um parêntese para
iniciar a separação entre os candidatos que concluíram o curso e os que não concluíram: dos
56(cinquenta e seis) matriculados somente 14(quatorze) – 25%, ou seja um quarto (1/4)
conseguiram chegar ao final do curso. 42(quarenta e dois) – 75% não conseguiram se formar,
por diversos motivos.
Focando entre os que não formaram e que responderam os questionários, sendo estes
36(trinta e seis), 20 (vinte) deles- 55,55% se prepararam entre 06 meses a 01 ano, 10 (dez) -
27,78 % se prepararam de 01 a 02 anos e 06 (seis) - 16,67% tiveram seu preparo entre 02 e 03
anos. Antagonicamente aos números do parágrafo anterior, aqui 83,33 % dos que não
concluíram o curso, podem ter no tempo de preparação inferior a 02 anos, um dos
motivos de suas desistências.
Desta feita, foram dadas algumas opções como sendo possíveis motivos fundamentais
para a conclusão ou não do curso sendo obtidas as respostas a seguir:
Para os que formaram, 12(doze) - 85,71% garantiram que têm como fundamental a
preparação psicológica para alcançarem o êxito no curso, o que reforça que a preparação e
treinamento devem ser permeados deste item como principal, aliando a resistência física
necessária as várias etapas, desde o teste físico de entrada até a conclusão do curso, à uma
preparação mental para as diversas situações de pressão psicológica sofridas pelos alunos
durante todo o processo de formação.
Ainda neste grupo, 02 (dois) alunos – 14,28 % atribuíram a conclusão do curso ao fato
de os mesmos já possuírem uma experiência anterior em outros cursos operacionais na PM ou
fora dela, o que lhes deu um lastro considerável para enfrentar um curso de operações
policiais especiais. Olhando por esta ótica, sem dúvida, a experiência também vem como um
fator a ser considerado, uma vez que os nuances envolvidos em um COEsp exigem dos
candidatos uma perspicácia apurada pelo nível de cobrança da coordenação do curso e neste
caso, já ter se deparado com situações pelo menos similares, pode ajudar muito.
Já entre os que não formaram, 03 (três) candidatos- 8,33% afirmaram que suas saídas
do curso foi devido a falta de preparação física específica, 05 (cinco) candidatos- 13,89%
atribuíram à falta de uma melhor preparação física e a psicológica, 06 (seis) candidatos –
16,67%, à falta de experiência em outros cursos e a grande maioria, 22(vinte e dois)
candidatos- 61,11% também afirmaram que suas saídas se deram pela falta de
preparação psicológica mais direcionada ao que poderiam passar no curso.
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Nesta pergunta buscou-se verificar até que ponto o fato de possuir família (esposa e
filhos) tem influência positiva, negativa ou neutra na conclusão ou não do curso. As respostas
e análise a seguir:
Esta pergunta foi direcionada somente aos candidatos que se formaram e busca uma
avaliação sob a óptica dos alunos sobre as dificuldades do curso em si. Considerando que a
divisão das instruções, conforme o plano de curso consta de três fases: fase rústica (2
primeiras semanas), fase técnica (10 semanas seguintes) e fase de operações (2 últimas
semanas), foi obtido o seguinte resultado:
Figura 10 – Gráfico demonstrando qual a fase mais difícil do curso segundo os candidatos ao
II Coesp PMPA/2016 que se formaram
Entre os candidatos que não formaram, 22(vinte e dois) – 61,11% também acham
que a instituição poderia direcionar desde a formação os interessados, orientando para a
especificidade de um treinamento necessário para o curso. Contra a opinião de
14(quatorze) – 38,89% candidatos que marcaram que a preparação deve ser individual e não
da PM para este curso.
O perfil dos candidatos, tanto concluintes como desistentes, alvos deste estudo,
conforme o resultado da pesquisa ficou assim definido: policiais militares (oficiais e praças)
com um tempo de serviço entre 05 e 15 anos, na sua maioria casados e com filhos, fato
este que, segundo os mesmos não influenciou negativamente na preparação para o curso.
Estratificando os que concluíram o curso, os mesmos se prepararam física e
psicologicamente por um período entre 2 e 3 anos de maneira específica e direcionada para
aquilo que imaginaram que passariam durante o curso. Os concluintes também foram, em sua
maioria, da opinião que as dificuldades estiveram presentes durante todo o período dos 4
meses de duração do COEsp, sendo que cada uma proporcional a etapa enfrentada, mas
sempre num alto nível de dificuldade. Ambos os candidatos (formados ou não) concordaram,
em sua maioria, que poderia haver uma institucionalização do recrutamento e
preparação para o curso, o que viria a diminuir o índice de evasão recorrente e direcionar os
candidatos desde o ingresso na corporação para as atividades específicas exigidas nesta área.
5. CONCLUSÃO
Todo ingresso na Corporação da Polícia Militar do Pará tem seu cerne nos Cursos de
Formação de Praças (CFP), com duração de 06 meses e de Oficiais (CFO), com duração de 03
anos, neles são repassados diversos conhecimentos nas mais variadas áreas no contexto
segurança pública. Durante este período é comum cada instrução direcionar o interesse de
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determinados alunos que se identifiquem com suas aptidões e interesses de atuação após
formados.
Como proposta deste trabalho, entraria aí, justamente neste período de formação uma
pré-seleção para os que se identificassem com a área de operações policiais especiais, que
poderia ser feita por integrantes da própria Companhia Independente de Operações Especiais,
possuidores do curso, que teriam contato com este público de novos integrantes da PMPA,
durante as instruções e já observariam aqueles que se destacassem ou demonstrassem um
certo perfil e interesse diferenciado pela área. Desta feita, ao final de cada formação, seria
feita uma seletiva física, psicológica e de histórico de conduta disciplinar na formação,
somente com os pré-selecionados anteriormente. Os aprovados nestas seleções iniciais, seriam
separados e transferidos para servirem no quartel da CIOE, iniciando assim, uma preparação
mais completa e direcionada para os cursos da Companhia, tendo como tutores os policiais
militares possuidores do curso, que iriam acompanhar o desempenho dos resultados, até que
os pretensos caveiras estivessem prontos para ingressar e com chances maiores de atingir a
conclusão do curso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BETINI, Eduardo Maia; TOMAZI, Fabiano, COT: Charlie. Oscar. Tango: por dentro do
grupo de operações especiais da Polícia Federal – São Paulo: Ícone, 2010.
BOURDIEU, Pierre, O poder simbólico – Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989.
DENÉCÉ, Eric, A História Secreta das Forças Especiais: de 1939 a nossos dias – São
Paulo: Larousse do Brasil, 2009.
McNAB, Cris. SAS- Forças Especiais curso de admissão. Tradução Paula Antunes.
Ed.: Estampa, Lda. Lisboa, 2002.
PARÁ. Constituição (1989). Constituição do Estado do Pará. Belém (PA): ALEPA, 1989.
RODRIGUES, Fernando Goulart, Ação sob fogo! Fundamentos da motivação para o combate
– Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2012.
ROSSI, Reynaldo Simões, Manual do coeano da Polícia Militar do Estado de São Paulo -
- São Paulo, 2000.
SOARES, Luiz Eduardo. et al. Elite da Tropa – Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.
APÊNDICE “A”
8. Caso você tenha família (esposa e filhos), até que ponto isto influenciou em sua
preparação e conclusão do curso?
a) Influenciou positivamente, pois aumentou minha motivação
b) Influenciou negativamente, pois acabou interferindo na minha preparação
c) Não influenciou, uma vez que consegui executar minha preparação, sem interferir na
vida familiar
9. Na sua avaliação, qual a fase mais difícil do curso?
a) Fase rústica no início (2 primeiras semanas)
b) Fase técnica (10 semanas seguintes)
c) Fase de operações (2 primeiras semanas)
d) Todo o curso foi muito difícil
10. Para você, a preparação para um curso desta natureza:
a) Tem que ser individual, pois existem muitas coisas especificas que fazem a diferença
b) Poderia ser feita pela corporação desde a formação (Academias e Centros de
Formação), já identificando e direcionando os interessados, o que facilitaria esta
preparação
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APÊNDICE “B”
8. Caso você tenha família (esposa e filhos), até que ponto isto influenciou em
sua preparação e saída do curso?
a) Influenciou positivamente, pois aumentou minha motivação
b) Influenciou negativamente, pois acabou interferindo na minha preparação
c) Não influenciou, uma vez que consegui executar minha preparação, sem interferir
na vida familiar
9. Para você, a preparação para um curso desta natureza:
a) Tem que ser individual, pois existem muitas coisas especificas que fazem a
diferença
b) Poderia ser feita pela corporação desde a formação (Academias e Centros de
Formação), já identificando e direcionando os interessados, o que facilitaria esta
preparação