Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dengue e ATIVIDADE LARVICIDA DE PRODUTOS NATURAIS E AVALIAÇÃO DA - SUSCEPTIBILIDADE AO INSETICIDA TEMEFÓS
Dengue e ATIVIDADE LARVICIDA DE PRODUTOS NATURAIS E AVALIAÇÃO DA - SUSCEPTIBILIDADE AO INSETICIDA TEMEFÓS
ISSN: 0378-1844
interciencia@ivic.ve
Asociación Interciencia
Venezuela
Guarda, Carin; Lutinski, Junir Antonio; Roman-Junior, Walter Antônio; Busato, Maria
Assunta
ATIVIDADE LARVICIDA DE PRODUTOS NATURAIS E AVALIAÇÃO DA
SUSCEPTIBILIDADE AO INSETICIDA TEMEFÓS NO CONTROLE DO Aedes aegypti
(DIPTERA: CULICIDAE)
Interciencia, vol. 41, núm. 4, abril, 2016, pp. 243-247
Asociación Interciencia
Caracas, Venezuela
RESUMO
A utilização de extratos e substâncias isoladas de plantas larvas de A. aegypti dos 2º e 3º estágios. Os resultados obti-
medicinais são alternativas aos inseticidas sintéticos para o dos após 24h e 48h foram submetidos à análise de variância
controle populacional dos insetos. Neste estudo avaliou-se o (ANOVA) e teste de Duncan (p<0,05). O tratamento realizado
potencial larvicida do flavonoide rutina e dos extratos aquosos com H. aphrodisiaca 500μg·ml-1 apresentou 100% de efeito lar-
de Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (Malpighiaceae), Casea- vicida em 24h enquanto na concentração de 250μg·ml-1 a efi-
ria sylvestris Sw. (Flacourtiaceae), Solidago chilensis Meyen ciência foi 21%. O tratamento com a rutina 750g·ml-1 apresen-
(Asteraceae) e Eugenia uniflora O. Berg. (Myrtaceae) sobre tou eficiência de 97%. A população de A. aegypti apresentou
estágios larvários do mosquito Aedes aegypti. Foi investiga- total susceptibilidade ao temefós 0,1; 0,09; 0,08 e 0,07g·l-1. O
da também a susceptibilidade deste inseto ao inseticida teme- efeito larvicida de H. aphrodisiaca é um resultado promissor
fós. Os extratos aquosos das plantas e da solução de rutina e abre caminhos para novos estudos focados no isolamento e
foram preparados nas concentrações de 125, 250, 500, 750 e teste de compostos bioativos do vegetal. A eficiência da rutina
1000μg·ml-1 (n=3). Os ensaios foram conduzidos em recipientes a qualifica como uma opção para uso em programas de con-
contendo 60ml de cada tratamento, onde foram inseridas nove trole vetorial de A. aegypti.
Introdução e sinais semelhantes, enquanto O Aedes aegypti se desen- principalmente nas fases lar-
a dengue se destaca pelas do- volve por meio de metamorfo- vais, quando se encontra mais
O mosquito Aedes aegypti res nos corpo, a chikungunya se completa (holometabolia) vulnerável. O inseticida orga-
(Linnaeus, 1762) é vetor de é caracterizada por dores e passando pelas fases de ovo, nofosforado temefós tem sido
vírus causadores das enfermi- inchaço nas articulações. Já a lar va (4 estágios), pupa e o produto recomendado e uti-
dades conhecidas como den- zika, apresenta febre mais bai- adulto (Simas et al., 2004; lizado pelo Programa Nacio-
gue, chikungunya e zika xa (ou ausência de febre), Neves, 2011; MS, 2016). As nal de Prevenção à Dengue
(Vasconcelos, 2015). A dengue manchas na pele e coceira no ações para o seu controle po- no Brasil e pela Organização
e a chikungunya têm sintomas corpo (Sesab, 2016). pulacional são realizadas Mundial da Saúde (Carvalho
Carin Guarda. Bióloga e Mestre em Ciências Ambientais, sidade Federal de Santa Catarina, Maria Assunta Busato. Bióloga,
Mestranda em Ciências da Unochapecó), Brasil. Doutor Brasil. Mestre em Ciências Universidade de Passo Fundo,
Saúde, Universidade Comu- em Biodiversidade Animal, Farmacêuticas, Universidade Brasil. Doutora em Biologia,
nitária da Região de Chapecó Universidade Federal de Santa Julio de Mesquita Filho, UNESP, Universidad de Barcelona,
(Unochapecó), Brasil. Maria, Brasil. Professor, Uno- Brasil. Doutor em Ciências Espanha. Professora, Unocha-
Junir Antonio Lutinski. Biólogo, chapecó, Brasil. Farmacêuticas, Universidade pecó, Brasil. e-mail: assunta@
Universidade do Oeste de Santa Walter Antônio Roman-Junior. Federal do Paraná, Brasil. unochapeco.edu.br
Catarina (Unoesc), Brasil. Graduado em Farmácia, Univer- Professor, Unochapecó, Brasil.
The use of isolated extracts and substances derived from 9 larvae of A. aegypti belonging to the 2nd and 3rd stages
medicinal plants is an alternative to the synthetic insecti- were inserted. The results obtained after 24 and 48h were
cides for the population control of insects. In this study, we submitted to variance analysis (ANOVA) and Duncan test
assessed the larvicidal potential of the flavonoid rutin and of (p<0.05). The treatment with H. aphrodisiaca at 500μg·ml-1
the aqueous extracts of Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. showed 100% larvicidal effect in 24h, whilst the efficiency
(Malpighiaceae), Casearia sylvestris Sw. (Flacourtiaceae), was 21% at 250μg·ml-1. The treatment with rutin 750μg·ml-1
Solidago chilensis Meyen (Asteraceae) and Eugenia uniflora showed 97% efficiency. The A. aegypti population showed to-
O. Berg. (Myrtaceae) on larval stages of the mosquito Ae- tal susceptibility temephos at 0.1, 0.09, 0.08 and 0.07g·l-1. The
des aegypti. The susceptibility of this insect to the insecti- larvicidal effect of H. aphrodisiaca is a promising outcome
cide temephos was also investigated. Aqueous extracts of the and opens pathways for new studies focused on isolation and
plants and rutin solution were prepared at concentrations of test of the bioactive compounds of this plant species. The ef-
125, 250, 500, 750 and 1000μg·ml-1 (n=3). The tests were per- ficiency of rutin makes it an option for use in vector control
formed in test tubes containing 60ml of each treatment, where programs against A. aegypti.
La utilización de extractos y substancias aisladas de plantas de fueron colocadas larvas de A. aegypti de 2º y 3º estadio.
medicinales son alternativas a los insecticidas sintéticos para Los resultados obtenidos a las 24 y 48h fueron sometidos al
el control poblacional de insectos. En este estudio fue evalua- análisis de varianza (ANOVA) y test de Duncan (p<0,05). El
do el potencial larvicida del flavonoide rutina y de extractos tratamiento realizado con H. aphrodisiaca 500μg·ml-1 presentó
acuosos de Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. (Malpighia- 100% de efecto larvicida en 24h, mientras en la concentración
ceae), Casearia sylvestris Sw. (Flacourtiaceae), Solidago chi- de 250μg·ml-1 la eficiencia fue de 21%. El tratamiento con ru-
lensis Meyen (Asteraceae) y Eugenia uniflora O. Berg. (Myrta- tina de750μg·ml-1 presento eficiencia del 97%. La población de
ceae) sobre estadios larvarios de Aedes aegypti. Se investigó A. aegypti presentó total susceptibilidad al temefós 0,1; 0,09;
también la susceptibilidad de la población de este insecto al 0,08 y 0,07μg·l-1. El efecto larvicida de H. aphrodisiaca abre
insecticida temefós. Los extractos acuosos de las plantas y de caminos para nuevos estudios con foco en el aislamiento y test
la solución de rutina fueron preparados en las concentraciones de compuestos bioactivos del vegetal. La eficiencia de la rutina
de 125, 250, 500, 750 y 1000μg·ml-1 (n=3). Los ensayos fueron la califica como una opción para su utilización en programas
conducidos en recipientes con 60ml de cada tratamiento, don- de control vectorial de A. aegypti.
et al., 2004; Crivelenti et al., metabólitos secundários como mais seletivos para o controle aquosos de plantas medicinais
2011; DIVE, 2014). No entan- os f lavonoides, alcaloides e populacional de vetores (Silva abundantes no oeste catarinen-
to, já foram identificadas po- terpenoides que coevoluem et al., 2004; Bobadilla et al., se como a Eugenia uniflora O.
pulações de mosquitos resis- com os insetos e micro-orga- 2005; Santiago et al., 2005; Berg. (Myrtaceae) - pitanguei-
tentes ao inseticida na nismos, tornando-se fontes na- Guissoni et al., 2013). ra, Solidago chilensis Meyen
Colômbia (Maestres et al., turais de substâncias inseticidas A infestação pelo mosquito (Asteraceae) - erva-lanceta,
2009) e em diversos estados (Marangoni et al., 2012; A. aegypti em Chapecó, muni- Casearia sylvestris Sw.
do Brasil, como Ceará, Simões et al., 2010). A utiliza- cípio do Estado de Santa (Flacourtiaceae) - guaçatonga,
Distrito Federal, Minas Gerais ção dessas matérias-primas na Catarina, sul do Brasil, conta a fração acetato de etila de
e Paraíba (Carvalho et al., produção de extratos para o com um histórico de duas dé- Heteropterys aphrodisiaca O.
2004; Lima et al., 2006; controle de vetores apresenta cadas (Lutinski et al., 2013). Mach. (Malpighiaceae) - nó-
Beserra et al., 2007; Horta vantagens em relação aos inse- Nos últimos nove anos o mu- -de-cachorro, e do flavonoide
et al., 2011). Além disso, a ticidas sintéticos. Seus princí- nicípio vem apresentando ele- rutina, presentes nestas espé-
aplicação de inseticidas é de pios ativos apresentam uma vada infestação, alcançando cies, frente ao A. aegypti; e
alto custo e normalmente tem taxa de biodegradabilidade índices de infestação predial 2) avaliar a susceptibilidade de
duração residual de ~60 dias, maior e são geralmente menos (IIP) de 8% (DIVE, 2014). uma população de A. aegypti
o que faz com que seja neces- prejudiciais para a saúde hu- Segundo o Ministério da frente ao inseticida temefós.
sário repetir com frequência a mana e para o meio ambiente Saúde (Funasa, 2001), cidades
sua aplicação para poder man- (Viegas Júnior, 2003; Barreto, com IIP >1% apresentam ris- Material e Métodos
ter o controle do vetor (Rey 2005). É nessa perspectiva que cos reais de transmissão viral
et al., 2010). têm sido desenvolvidas pesqui- da dengue. Neste contexto, As amostras dos materiais
Em resposta aos ataques pa- sas para obtenção de insetici- este estudo visou: 1) avaliar a vegetais (folhas) de Casearia
togênicos, as plantas produzem das naturais menos poluentes e atividade larvicida dos extratos sylvestris (26°58’36,06’’S e