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Liderança Crista

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Liderança Crista

Sumário
Introdução ....................................................................................03
Módulo 1 – Princípios Bíblicos de Liderança Cristã .......................04
1. Mas, Afinal: O Que é Liderança? | 05
2. Aspectos Bíblicos da Liderança Cristã | 12
3. O Líder Que Deus Procura | 21
4. Aprendendo o Conceito de Liderança com Jetro e Moisés | 30
5. Neemias: O Líder Eficaz | 42

Módulo 2 - O Ofício do Presbítero: Uma análise Bíblica ................ 50


1. A Origem do Presbiterato na Bíblia | 51
2. O Ministério do Presbiterato na História | 56
3. As Qualificações do Presbítero a Partir de 1Tm 3.1-7 e Tito 1.5-9 | 66
4. Qualificações Fundamentais | 73
5. O Ministério Prático do Presbítero | 80

Módulo 3 – O Ofício dos Diáconos no Novo Testamento ................88


1. O Ofício do Diácono | 89
2. A Função dos Diáconos na Igreja | 95
3. A Igreja Reformada e o Diaconato | 100

Módulo 4 – A IPB e os Ofícios Bíblicos .........................................106


1. Uma Análise Histórica e Denominacional | 107
2. Classificação dos Oficiais na IPB | 113
3. Os Oficiais da Igreja e a Doutrina da Mordomia Cristã | 119
4. O Papel da Igreja Para Com os Oficiais | 125

Conclusão ....................................................................................131
Apêndice: O Papel da Mulher na Igreja Reformada Calvinista......132
Bibliografia .................................................................................144

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Liderança Crista

Introdução

Bem-vindo ao Curso De Liderança Cristã!


Nas próximas páginas iremos navegar por um mundo
fascinante – o mundo da Liderança. Além de definirmos alguns
termos, estudarmos alguns conceitos e aprendermos sob a base
bíblica da fé reformada, também descobriremos novas ideias e
conceitos que nortearão nossa vida e ministério.
O objetivo deste material é de servir como um manual e
ajudá-lo a encontrar respostas para as mais variadas perguntas
sobre liderança, presbiterato e diaconato na Igreja de Cristo.
Não tenho a pretensão de dizer que o conteúdo deste material
é a última palavra no que diz respeito à liderança cristã. Prefiro
dizer que se trata de apenas um ‘prefácio’ tendo em vista que é
um assunto com uma gama de autores consagrados tanto no
Brasil quanto no exterior, com diversos livros publicados em
nossa língua pátria. Entretanto, posso garantir que não ficará
decepcionado, uma vez que foi praticada uma apurada pesquisa e
aplicado grande esforço para organizar o conteúdo que
apresentamos.
Minha oração é que Deus possa usar este material como
instrumento na construção do saber e na formação de líderes que
possam transformar o mundo com ações organizadas e
planejadas por Deus e aplicadas pelos homens.
Então, vamos em frente!

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Liderança Crista

Módulo 1

Princípios Bíblicos de
Liderança Cristã

“A maior habilidade de um líder é desenvolver


habilidades extraordinárias em pessoas comuns”
John C. Maxwell1

“O maior líder não é necessariamente aquele que faz


as maiores coisas. Ele é aquele que faz as pessoas
fazerem as maiores coisas”
Ronald Reagan2

Capítulo 1
Mas Afinal, o que é
Liderança?
1
in "The 17 Indiscutible Laws of Teamwork: Embrace Them and Empower Your Team"
(Thomas Nelson, 2001), p. 47.
2
, citado em "The Leadership Secrets of Colin Powell" de Oren Harari (McGraw-Hill, 2002), p.
52.
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Ao começar este capítulo, você verá que ele propõe


desvendar o conceito de liderança, respondendo a seguinte
pergunta: “Afinal, o que é liderança?”. Em uma sociedade repleta
de diferentes perspectivas e definições, é importante estabelecer
uma base sólida de compreensão sobre o que realmente
significa ser um líder.
Nesta jornada, exploraremos diversas teorias e concepções
de liderança, desde as mais tradicionais até as mais
contemporâneas, e consideraremos as diversas habilidades,
características e comportamentos que definem um líder eficaz.
Este capítulo é o primeiro passo para uma compreensão
profunda e abrangente do papel e da importância da liderança
em diferentes contextos da vida, seja na esfera pessoal,
profissional ou comunitária. Então, vamos lá!

1. Por Que ‘Liderança Cristã’?

Como já definimos, liderança é habilidade de inspirar as


pessoas a agir. Significa conquistá-las por inteiro: espírito,
coração, mente, braços, pernas.
Ela é exercida eficazmente através da autoridade adquirida.
Autoridade, a qual é a habilidade de levar as pessoas a fazerem
de boa vontade o que você quer devido a sua influência pessoal.
Trazendo para o contexto cristão, ‘Liderança Cristã’ é a
habilidade de inspirar pessoas a fazerem de boa vontade o que
Deus quer, o que a Bíblia ensina, o que a Igreja pratica e o que
você quer pela sua influência pessoal.

2. O que é um ‘Líder’?

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“Líder é aquele que estabelece direção ao trabalho de um
grupo de pessoas, obtendo o compromisso delas de
seguir essa direção, motivando os sócios a alcançar os
resultados de tal direcionamento. Isto é algo que os sócios
não poderiam fazer por si”.3

Líder bom não é líder bonzinho. Seu desafio é fazer o que as


pessoas precisam que você faça, e não o que elas querem que
você faça. Às vezes isso significa bater, às vezes abraçar.
Um bom líder serve, em vez de ser servido. Se liderança é
influência e isso significa inspirar as pessoas a agir, ninguém fez
isso melhor do que Jesus Cristo.
E o que ele tinha a dizer sobre liderança? “Quem quiser ser
líder primeiro deve servir”. O líder tem de servir, sim. Seu papel é
ajudar as pessoas da sua equipe a ser o melhor que elas podem
ser. Se você dá a seu time o que ele precisa, ele também vai lhe
dar o que você precisa.
Bernard Bass4 diz que o líder é um agente transformador que
deve motivar as pessoas a fazerem mais do que esperamos
delas, aumentando a atenção dos diferentes valores, levando-as
a transcendência dos seus próprios interesses, pela causa e pela
ampliação do nosso conjunto de necessidades e vontades.
Assim, descobrimos que um líder transformador é distinto.

 Líderes negociantes trabalham dentro da situação; líderes


transformadores mudam a situação.

3
MAXWELL, J. C. (1998). As 21 Irrefuta veis Leis da Liderança: Siga estas leis, e as
pessoas ira o seguir voce . Nashville, TN: Thomas Nelson. (Tí tulo original em ingle s: The
21 Irrefutable Laws of Leadership: Follow Them and People Will Follow You). 4 BASS, B.
M., & Riggio, R. E. (2006). Liderança Transformacional (2ª ed.). Nova York, NY: Psychology
Press.
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 Líderes negociantes aceitam o que pode ser conversado;
líderes transformadores mudam o que pode ser
conversado.
 Líderes negociantes aceitam as regras e valores; líderes
transformadores os mudam.
 Líderes negociantes falam de acertos de contas; líderes
transformadores falam de objetivos.
 Líderes negociantes barganham; líderes transformadores
simbolizam.

3. As Pessoas se Tornam Líderes Por quê?

A formação de um líder pode levar muito tempo. A pessoa


não é reconhecida como líder num piscar de olhos. É um
processo vagaroso e muitas vezes doloroso. Com o passar do
tempo, sete aspectos fundamentais se revelam na vida dos
líderes, aspectos esses que os destacam como líderes:
▪ Caráter – quem são eles. A verdadeira liderança começa
no íntimo da pessoa.
▪ Relações – quem eles conhecem. Você só é líder se tiver
seguidores, e isso sempre exige o cultivo de relações –
quanto mais estreita as relações, mais forte é o potencial
de liderança.
▪ Conhecimento – o que eles sabem. Informação é vital
para o líder. Você precisa conhecer os fatos,
compreender os fatores envolvidos e ter planos.
▪ Intuição – o que eles sentem. Liderança requer a
capacidade de lidar com numerosos imponderáveis.
▪ Experiência – por onde eles passaram. Quanto maiores
os desafios que você enfrentou no passado, maior a

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probabilidade de as pessoas darem uma oportunidade a
você.
▪ Êxitos passados – o que eles fizeram. Nada passa uma
boa impressão do que uma boa folha corrida.
▪ Capacidade – o que eles podem fazer. O decisivo para as
pessoas é o que o líder é capaz de fazer. Em última
análise, é por isso que as pessoas dão ouvidos a você e o
reconhecem como líder.

4. Liderança é Influência

Liderança é sua habilidade de inspirar as pessoas a agir.


Significa conquistá-las por inteiro: espírito, coração, mente,
braços, pernas... E aí está a diferença entre poder e autoridade.
Quando você tem poder (Poder: É a faculdade de forçar ou
coagir alguém a fazer sua vontade, devido a sua posição ou
força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer), as pessoas
fazem a sua vontade mesmo que não desejem.
Quando você tem autoridade, (Autoridade: É a habilidade de
levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por
sua influência pessoal), as pessoas voluntariamente fazem a sua
vontade, pela sua influência pessoal. Isso é que faz um grande
líder.

5. Liderança é Habilidade
É a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem
entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como
sendo para o bem comum. Habilidade pode ser aprendida e
desenvolvida por alguém que tenha o desejo e pratique as ações
adequadas.

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6. Liderar é Amar
Eu não preciso gostar de você, mas, como seu líder, tenho de
amá-lo. Tenho de querer que você seja o melhor que você pode
ser e ajudá-lo a fazer isso. Tenho de ouvi-lo, respeitá-lo,
reconhecê-lo, inspirá-lo a agir.
O conceito de amor, aqui, significa o que você faz, não o que
você sente. Você pode agir com amor, mesmo que tenha
vontade de estrangular seu colega de trabalho. A chave para a
liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os
relacionamentos.

7. Refletindo e aprendendo
Os princípios e as teorias sobre liderança estão por toda
parte. Todos nós sabemos alguma coisa teórica sobre como
liderar. Mas, também, todos nós sabemos que a essência da
liderança se conquista com a prática.
Temos que nos perguntar: “Sabemos realmente o que
significa liderança? Há alguma característica em nós que nos
permita ser chamados de ‘líderes’”? Pergunte-se:
▪ Minha liderança é influenciadora?
▪ Sou um líder servidor?
▪ Levo as pessoas a trabalharem entusiasticamente na obra
de Deus?
▪ Adoro a Deus, amo as pessoas e gosto das coisas (esta
ordem pode estar invertida na vida de muitas pessoas)?
▪ Tenho algum dos sete aspectos fundamentais para a
liderança?
Conclusão
Nenhum de nós está passeando por este mundo. Estamos
todos numa missão. Você está aqui em missão. Sua missão na
terra é resolver um problema para alguém, em algum lugar, e

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receber uma recompensa por isso. Veja 10 fatos sobre sua
missão:
1. Sua missão sempre será a favor de uma pessoa ou de
um povo – serviço.
2. Sua missão determina os sofrimentos e os ataques que
você irá enfrentar – sacrifício.
3. O que o aflige indica a missão que lhe foi atribuída –
visão. 4. O que você mais ama revela seus maiores dons
– propósito.
5. Sua missão é geográfica – específico.
6. Você somente será bem-sucedido quando sua missão se
tornar uma obsessão – prioridade.
7. Sua missão exigirá fases de preparação – cuidado.
8. Sua missão pode ser mal compreendida pela sua família
e por aqueles próximos de você – renúncia.
9. Sua missão sempre terá um inimigo – coragem.
10. Sua missão coincide com o único lugar em que sua
provisão financeira está garantida – confiança.

Reconhecer sua missão fará secar todas as lágrimas, aliviará


seus fardos e restaurará a alegria em seu semblante.
Deus tocou a força de Jacó (o músculo da coxa é o mais
forte do corpo humano) e a transformou em fraqueza. Daquele
dia em diante, Jacó passou a mancar, para que jamais voltasse
a fugir. Isso o forçou a depender de Deus, quer desejasse, quer
não.
Se você quer que Deus o abençoe e o use de forma
poderosa, deverá estar disposto a mancar pelo resto da vida,
pois Deus usa pessoas fracas. Deus investe em quem não dá
lucro.

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Resumo
O capítulo começa desvendando a essência da liderança,
enfatizando que a liderança é sobre influenciar e inspirar as
pessoas a agirem voluntariamente, e não por coação. A
liderança é apresentada como uma habilidade que pode ser
aprendida e desenvolvida, e não apenas um dom inato.
A liderança também é descrita como um ato de amor, no
sentido de se dedicar ao crescimento e ao sucesso dos outros,
mesmo em situações desafiadoras. No contexto cristão, a
liderança é definida como a capacidade de inspirar as pessoas a
agir segundo os ensinamentos de Deus e da Igreja.
O capítulo destaca que um líder eficaz é aquele que
estabelece a direção do grupo, obtém o comprometimento dos
membros e os motiva a alcançar os objetivos. Um líder não é
necessariamente alguém que é "bonzinho", mas alguém que faz
o que é necessário, seja confortável ou não.
A formação de um líder é um processo lento e muitas vezes
doloroso, que inclui o desenvolvimento de sete aspectos
fundamentais: caráter, relações, conhecimento, intuição,
experiência, êxitos passados e capacidade.
Por fim, o capítulo conclui com uma reflexão sobre a
importância da missão de cada indivíduo, apontando que cada
um de nós está aqui para resolver um problema específico e ser
recompensado por isso. A missão, nesse contexto, inclui serviço,
sacrifício, visão, propósito e confiança, entre outras coisas.

Capítulo 2
Aspectos Bíblicos da Liderança Cristã

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A Bíblia oferece várias perspectivas sobre liderança que
podem ser aplicadas na igreja cristã. Algumas delas incluem:

1. Perspectiva cristã sobre liderança

Integridade e caráter. Líderes cristãos devem ser pessoas


de integridade e caráter, guiados pelos princípios e valores do
Reino de Deus (1Timóteo 3.1-13; Tito 1.5-9). Eles devem ser
honestos, justos, misericordiosos, pacientes e dispostos a admitir
seus erros e buscar o perdão.

Dependência de Deus. Líderes cristãos devem reconhecer


sua dependência de Deus e buscar a orientação e a sabedoria
divina em todas as decisões (Provérbios 3.5-6). Eles devem
estar comprometidos com a oração e a busca do discernimento
através do estudo das Escrituras.

Visão e direção. Líderes cristãos devem ter uma visão clara


do propósito e da missão da igreja (Atos 2.42-47; 1Coríntios
12.1231). Eles devem ser capazes de inspirar e motivar os
membros da igreja a trabalhar juntos em direção a objetivos
comuns.

Desenvolvimento de líderes. Líderes cristãos são


chamados a investir no desenvolvimento de outros líderes e
discípulos (Efésios 4.11-16; 2Timóteo 2.2). Isso inclui identificar
e treinar pessoas com dons e habilidades de liderança, bem
como encorajar e apoiar o crescimento espiritual e o serviço de
todos os membros da igreja.

Coragem e ousadia. Líderes cristãos devem ser corajosos e


ousados na proclamação do Evangelho e na defesa dos valores
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e princípios do Reino de Deus (Atos 4.13, 29-31; Efésios 6.10-
20). Eles devem estar dispostos a enfrentar a oposição e a
perseverar em meio a dificuldades e perseguições.

Responsabilidade e prestação de contas. Líderes


cristãos devem ser responsáveis por suas ações e decisões e
estar dispostos a se submeter à autoridade e prestação de
contas dentro da igreja e da comunidade cristã (Hebreus 13.17;
1Pedro 5.1-4).

Amor e compaixão. Líderes cristãos devem ser movidos


pelo amor de Deus e pela compaixão pelos outros (João 13.34-
35; 1Coríntios 13). Eles devem estar dispostos a cuidar, apoiar e
encorajar os membros da comunidade, demonstrando o amor e
a compaixão de Cristo em suas ações e palavras (1Pedro 3.8;
Colossenses 3.12-14). Os líderes cristãos devem ser sensíveis
às necessidades e dificuldades das pessoas ao seu redor,
oferecendo apoio emocional, espiritual e prático quando
necessário.

2. Jesus ensina sobre liderança servidora

A importância da liderança servidora está presente em todo


Novo Testamento. Jesus é o exemplo máximo de uma liderança
servidora. Ele ensinou que os líderes devem ser servos de todos
(Marcos 10.42-45). Ele demonstrou isso ao lavar os pés de seus
discípulos (João 13.1-17).
Líderes cristãos são chamados a servir com humildade e a
colocar as necessidades dos outros acima de suas próprias.
Vamos analisar o texto de Mateus 20.25-28 e tirar algumas
lições:

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25Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os
governadores dos povos os dominam e que os maiorais
exercem autoridade sobre eles. 26Não é assim entre vós;
pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós,
será esse o que vos sirva; 27e quem quiser ser o primeiro
entre vós será vosso servo; 28tal como o Filho do
Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida em resgate por muitos.

a) O contexto da discussão entre os discípulos sobre


quem seria o maior no Reino dos Céus (20.20-24)
Nos versículos anteriores, os discípulos Tiago e João,
instigados por sua mãe, pedem a Jesus lugares de destaque em
seu Reino. Este pedido provoca descontentamento entre os
demais discípulos, que se sentem injustiçados. A discussão
revela uma compreensão equivocada sobre o que significa ser
líder no Reino de Deus, pois eles estão focados na busca por
posição e poder.

b) Jesus corrige a perspectiva deles sobre liderança,


contrapondo a mentalidade do mundo com a do Reino
de Deus (20.25-27)
Em resposta à discussão, Jesus chama seus discípulos e
ensina uma lição sobre liderança. Ele contrasta o modelo de
liderança dos governantes gentios, que dominam e exercem
autoridade sobre seu povo, com a liderança no Reino de Deus.
Jesus afirma que os líderes cristãos devem adotar uma postura
de serviço e humildade, colocando-se a disposição dos outros,
em vez de buscar poder e autoridade.

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c) Jesus como exemplo supremo de liderança servidora
(20.28)
Para ilustrar seu ensino, Jesus aponta para si como o
exemplo supremo de liderança servidora. Ele, sendo o Filho de
Deus e o Messias, veio para servir e não para ser servido. Jesus
destaca sua missão de dar sua vida em resgate por muitos,
demonstrando a natureza sacrificial e humilde de sua liderança.
A passagem de Mateus 20.25-28 mostra que a liderança no
Reino de Deus é caracterizada pelo serviço, humildade e
sacrifício, em contraste com a busca por poder e autoridade
típicas do mundo. Jesus oferece seu próprio exemplo como um
modelo a ser seguido pelos discípulos e pelos líderes cristãos de
todas as gerações.

3. Jesus demonstra liderança servidora: o lava-pés

a) O contexto da última ceia (João 13.1-2)


O episódio do lava-pés ocorre durante a última ceia de Jesus
com seus discípulos, antes de sua crucificação. Nesse momento,
Jesus sabe que seu tempo na terra está terminando e deseja
deixar uma lição marcante para seus discípulos. Enquanto eles
estão juntos, o diabo já havia colocado no coração de Judas
Iscariotes a intenção de traí-Lo.

b) Jesus humilha-se e lava os pés dos discípulos (13.3-5)


Sabendo que todas as coisas foram entregues a Ele pelo Pai
e que em breve retornaria a Ele, Jesus toma uma atitude
surpreendente: Ele se levanta da mesa, tira sua capa, amarra
uma toalha em volta da cintura e começa a lavar os pés dos
discípulos, um trabalho normalmente realizado por servos. Esse
gesto demonstra a humildade de Jesus e sua disposição em
servir.
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c) A interação entre Jesus e Pedro (13.6-11)


Quando Jesus se aproxima de Pedro para lavar seus pés,
Pedro inicialmente recusa, considerando inapropriado que seu
Mestre realizasse tal tarefa. Jesus, porém, insiste, explicando
que, se Pedro não permitisse que Ele lavasse seus pés, não
teria parte com Ele. Então Pedro, compreendendo a importância
do gesto, pede a Jesus que lave não apenas seus pés, mas
também suas mãos e cabeça. Jesus responde que aquele que já
está limpo não precisa lavar mais do que os pés, referindo-se à
purificação espiritual que já havia ocorrido nos discípulos, exceto
Judas, que o trairia.

d) O ensino de Jesus sobre servir mutualmente


(13.12-17)
Após lavar os pés dos discípulos, Jesus retoma seu lugar à
mesa e usa o episódio como uma oportunidade para ensinar
sobre liderança servidora. Ele pergunta aos discípulos se eles
compreendem o significado do que acabara de fazer e, em
seguida, explica que, se Ele, sendo seu Senhor e Mestre, se
humilhou para servir, os discípulos também deveriam fazer o
mesmo reciprocamente. Jesus enfatiza a importância do serviço
mútuo e da humildade, destacando que eles serão abençoados
se colocarem esses princípios em prática.
A passagem de João 13.1-17 ilustra como Jesus encarnou a
liderança servidora em suas ações e ensinamentos. O exemplo
de Jesus ao lavar os pés dos discípulos reforça a importância do
serviço, da humildade e do amor mútuo como princípios
fundamentais da liderança cristã.

4. A humildade e a abnegação de Jesus

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a) A exortação de Paulo à humildade e unidade na igreja
(Filipenses 2.1-4)
Paulo começa essa seção de sua carta aos Filipenses
incentivando os crentes a viverem em unidade e humildade. Ele
os exorta a terem o mesmo amor, estarem unidos em espírito e
propósito e a não agirem por ambição egoísta ou vaidade. Ao
invés disso, eles devem considerar os interesses dos outros
como mais importantes que os seus próprios, seguindo o
exemplo de Jesus.

b) A descrição da humildade e abnegação de Jesus (2.5-


8)
Paulo usa o exemplo de Jesus para ilustrar a humildade e
abnegação que os crentes devem ter. Ele descreve como Jesus,
sendo Deus, não considerou sua igualdade com Deus, algo a
que deveria se apegar. Em vez disso, Jesus se esvaziou,
assumindo a forma de servo e se tornando humano. Ele viveu
entre nós em total humildade e obediência, indo até a morte na
cruz.

c) A exaltação de Jesus por Deus Pai (2.9-11)


Apesar da humilhação e da morte de Jesus, Deus Pai o
exaltou ao mais alto lugar, dando-lhe um nome que está acima
de todos os nomes. Paulo escreve que, diante do nome de
Jesus, todo joelho deverá se dobrar nos céus, na terra e debaixo
da terra, e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor,
para a glória de Deus Pai. Essa exaltação de Jesus serve como
exemplo do resultado da humildade e abnegação na vida dos
crentes.
Portanto, vimos a importância de uma liderança humilde e
voltada para o serviço aos outros, seguindo o exemplo de Jesus
Cristo. Somos desafiados a colocar os interesses dos outros
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acima dos próprios, ser humildes e dispostos a servir,
demonstrar compaixão e cuidado pelos outros, liderar pelo
exemplo e viver conforme os valores do Reino de Deus.
Essas atitudes são essenciais para uma liderança efetiva e
impactante, que busca o bem-estar e crescimento de todos os
envolvidos. Além disso, essa liderança baseada no serviço e no
exemplo de Jesus Cristo pode transformar vidas e comunidades,
inspirando outras pessoas a também buscar o bem comum e o
serviço aos outros.

5. Liderança Servidora

O livro “O Monge e o Executivo”4, traz algumas definições


importantes acerca da liderança servidora. A ideia central desse
tipo de liderança é que um líder eficaz deve ser um servo em
primeiro lugar. Isso significa colocar as necessidades dos outros
acima das próprias, ser humilde e tratar as pessoas com respeito
e dignidade. Ao longo do livro, Leonard compartilha várias lições
sobre liderança, tais como:
▪ A importância da escolha. um líder deve escolher servir
aos outros e assumir a responsabilidade por suas ações
e decisões.
▪ O poder do amor e da empatia. um líder deve cultivar o
amor e a empatia pelos membros de sua equipe,
preocupando-se genuinamente com seu bem-estar e
sucesso.
▪ A necessidade de autoridade. um líder deve
desenvolver autoridade moral, baseada no respeito e na
confiança, em vez de depender apenas do poder e do
controle.
4
Hunter, J. C. (1998). O Monge e o Executivo: Uma História sobre a
Essência da Liderança. Rio de Janeiro: Sextante.
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▪ A importância da disciplina e da consistência. um
líder deve ser disciplinado e consistente em suas ações e
decisões, estabelecendo um exemplo positivo para os
outros.

Conclusão
Ao concluirmos este capítulo, podemos afirmar que a
liderança dentro do contexto cristão é um chamado divino que
requer compromisso, dedicação e uma vida centrada em Cristo.
Através das Escrituras, vemos que a liderança cristã é marcada
por características como serviço, humildade, integridade,
temperança e amor.
Entendemos que liderar na igreja não é meramente uma
questão de ocupar um cargo, mas de influenciar positivamente a
vida dos outros através de um comportamento piedoso e de um
compromisso inabalável com a verdade do Evangelho.
Em suma, a liderança cristã, conforme apresentada na Bíblia,
é uma jornada de fé e serviço, que visa glorificar a Deus e
contribuir para o crescimento espiritual e a edificação do corpo
de Cristo.

Resumo
A liderança dentro do contexto cristão, oferecendo várias
perspectivas bíblicas que podem ser aplicadas na igreja. A
liderança cristã é caracterizada pela integridade, dependência de
Deus, visão clara, desenvolvimento de líderes, coragem,
responsabilidade e amor.
Sua ideia central é que um líder cristão deve ser um servo em
primeiro lugar, colocando as necessidades dos outros acima das
suas. A liderança servidora, exemplificada por Jesus, é reforçada
em várias passagens bíblicas, como Marcos 10.42-45, João
13.1-17, e Filipenses 2.1-11.
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No contexto da liderança cristã, humildade, serviço,
compaixão e disposição para enfrentar adversidades são
essenciais. Líderes cristãos devem ser responsáveis por suas
ações e estar dispostos a prestar contas, além de serem
movidos pelo amor de Deus e pela compaixão pelos outros.
Além disso, os líderes cristãos são chamados a desenvolver
outros líderes e discípulos, inspirando e motivando os membros
da igreja a trabalhar juntos em direção a objetivos comuns.
Conclui-se que a liderança cristã é uma jornada de fé e serviço,
que visa glorificar a Deus e contribuir para o crescimento
espiritual e a edificação do corpo de Cristo.

Capítulo 3
O líder que Deus Procura
Um líder que impactou sua geração foi Martin Luther King
5
Jr . (1929-1968), um pastor batista e ativista americano que se
5
"A Autobiografia de Martin Luther King, Jr.", editado por Clayborne Carson. Editora
Grand Central, 2001. Este livro apresenta uma visão abrangente da vida e obra de
Martin Luther King Jr., com base em seus próprios escritos, discursos e sermões.
"Parting the Waters: America in the King Years 1954–63", por Taylor Branch. Simon
& Schuster, 1988. Este livro é o primeiro de uma trilogia que narra o movimento dos
direitos civis nos Estados Unidos durante o período em que Martin Luther King Jr.
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tornou a figura mais proeminente do movimento dos direitos civis
nos Estados Unidos durante a década de 1960. Ele lutou pela
igualdade racial e pelo fim da segregação racial através da não
violência e da desobediência civil, inspirado pelas crenças cristãs
e pelos ensinamentos de Mahatma Gandhi.
A liderança de Martin Luther King Jr. inspirou muitos afro-
americanos a lutarem pacificamente pelos seus direitos e, ao
mesmo tempo, atraiu a atenção e o apoio de milhões de pessoas
em todo o mundo. Sua habilidade em comunicar sua mensagem
e mobilizar as massas foi crucial para a aprovação de leis
importantes, como a Lei dos Direitos Civis de 1964 e a Lei de
Direitos de Voto de 1965, que baniram a discriminação racial e
garantiram o direito de voto para afro-americanos nos Estados
Unidos.
King também é lembrado por seu famoso discurso “Eu Tenho
um Sonho” (I Have a Dream), realizado durante a Marcha em
Washington por Empregos e Liberdade em 1963. Nele, ele
expressou sua visão de um futuro em que todos os americanos,
independentemente de sua cor de pele, viveriam juntos em
harmonia e igualdade.
A liderança e o legado de Martin Luther King Jr. tiveram um
impacto duradouro na luta pelos direitos civis e igualdade, não
apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Ele foi
assassinado em 4 de abril de 1968, mas suas ideias e seu
estava ativo.
"Carregando a Cruz: Martin Luther King Jr. e a Conferência de Liderança Cristã do
Sul", por David Garrow. HarperCollins, 1986. Este livro examina a vida de Martin
Luther King Jr. e sua liderança no movimento dos direitos civis.
Além desses recursos, informações adicionais sobre Martin Luther King Jr. e seu
impacto podem ser encontradas em documentários, filmes, artigos de revistas e
periódicos, bem como em websites confiáveis que abordam a história dos direitos civis
nos Estados Unidos.

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Liderança Crista
exemplo de liderança continuam a inspirar e influenciar as
gerações seguintes na busca por justiça e igualdade.

1. Características de um Líder que Deus Valoriza

A Bíblia descreve várias características que Deus valoriza


em um líder. Embora não seja uma lista exaustiva, aqui estão
algumas qualidades importantes de um líder que Deus procura:

Humildade. Um líder deve ser humilde e disposto a servir os


outros:
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por
humildade, considerando cada um os outros superiores a
si mesmo. 4 Não tenha cada um em vista o que é
propriamente seu, senão também cada qual o que é dos
outros” (Filipenses 2.3-4).

Jesus é o exemplo supremo de humildade e liderança


servidora:
“Não será assim entre vós; pelo contrário, quem quiser
tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e
quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal
como o Filho do Homem, que não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”
(Mateus 20.26-28).

Integridade. Um líder deve ser honesto, confiável e viver


uma vida de retidão moral:
“A integridade dos retos os guia, mas a perversidade dos
infiéis os destrói” (Provérbios 11.3).

-22-
Liderança Crista
A integridade é fundamental para ganhar o respeito e a
confiança daqueles que estão sendo liderados.

Coragem. Um líder deve ser corajoso e estar disposto a


enfrentar desafios e adversidades:
“Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não
temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é
contigo por onde quer que andares” (Josué 1.9).

A coragem é necessária para tomar decisões difíceis e


enfrentar a oposição.

Sabedoria. Um líder deve buscar sabedoria e discernimento


para tomar decisões sábias e justas. O sentido de Provérbios
2.6-
11, é este:
“Deus é a fonte da sabedoria e do entendimento. Ele
concede sabedoria aos retos e protege aqueles que
andam em retidão. A sabedoria nos protege de caminhos
maus, nos guia no caminho do bem e nos ajuda a evitar a
companhia de pessoas ímpias. Ao buscar a sabedoria de
Deus, somos abençoados com discernimento e
conhecimento, e somos guardados de se desviar para o
mal”.

A sabedoria de Deus é essencial para liderar eficazmente e


orientar os outros no caminho certo.

Compaixão. Um líder deve ter compaixão e empatia pelos


outros, mostrando preocupação com o bem-estar físico e
espiritual daqueles que lidera:

-23-
Liderança Crista
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão, de longanimidade” (Cl 3.12).

Jesus demonstrou compaixão ao ministrar às necessidades


das pessoas ao seu redor: “E, vendo as multidões, teve grande
compaixão delas, porque andavam cansadas e desamparadas,
como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9.36).

Fé. Um líder deve ter fé em Deus e confiar nele em todas as


circunstâncias:
“Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia
que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam” (Hebreus 11.6).

A fé permite que um líder dependa de Deus para orientação


e provisão.

Visão. Um líder deve ter uma visão clara do propósito e


direção de Deus para seu ministério ou organização:
“Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que
guarda a lei, esse é bem-aventurado” (Provérbios 29.18).

Ter uma visão permite que um líder inspire e motive os


outros a trabalhar juntos em direção a um objetivo comum.

Comunicação eficaz. Um líder deve ser capaz de se


comunicar claramente com os outros, expressando ideias,
ouvindo ativamente e lidando com conflitos de maneira saudável:
“Meus amados irmãos, tenham em mente isto: sejam todos

-24-
Liderança Crista
prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se”
(Tiago 1.19).

Perseverança. Um líder deve ser capaz de perseverar em


meio a dificuldades e desafios:
“Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações,
porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a
perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado,
esperança” (Romanos 5.3-4).

A perseverança demonstra a capacidade de um líder de


permanecer firme em seu chamado e propósito, mesmo quando
enfrenta adversidades.

Oração. Um líder deve ser um homem ou mulher de oração,


buscando constantemente a orientação, sabedoria e força de
Deus em suas vidas e na liderança: “Orai sem cessar”
(1Tessalonicenses 5.17). A oração é fundamental para manter
um relacionamento íntimo com Deus e depender dele para suprir
todas as necessidades.
Ao buscar estas características, um líder pode se tornar mais
eficaz em sua liderança e mais alinhado com o coração e
propósito de Deus.

2. Liderando uma Geração que não quer ser


liderada

Liderar uma geração que não quer ser liderada pode ser um
desafio, mas não é impossível. Aqui estão algumas dicas e
sugestões para liderar efetivamente uma geração resistente à
liderança:

-25-
Liderança Crista

Adote uma abordagem colaborativa. Em vez de impor


regras e tomar decisões unilaterais, envolva os membros da
equipe no processo de tomada de decisão. Busque ouvir suas
opiniões, considerar suas ideias e criar um ambiente onde todos
possam contribuir. Você pode organizar reuniões regulares de
brainstorming onde todos possam compartilhar suas ideias e
opiniões sobre projetos e iniciativas. Isso ajudará a criar um
ambiente mais inclusivo e participativo.

Seja flexível e adaptável. A liderança tradicional, baseada


em hierarquia e autoridade, pode não ser eficaz com uma
geração que valoriza a autonomia e a liberdade. Seja flexível em
suas abordagens e esteja disposto a se adaptar às necessidades
e preferências da equipe. Considere implementar políticas de
trabalho flexíveis, como horários flexíveis, trabalho remoto e
opções de modelo de trabalho, para acomodar as necessidades
e preferências individuais dos membros da equipe.

Estabeleça um propósito compartilhado. Uma geração


resistente à liderança pode ser mais receptiva se a liderança
estiver vinculada a um propósito ou objetivo maior. Envolva a
equipe na definição de metas e objetivos compartilhados que
sejam significativos e inspiradores. Conduza uma sessão de
planejamento estratégico com a equipe para estabelecer metas e
objetivos compartilhados que reflitam os valores e aspirações da
equipe.

Invista no desenvolvimento pessoal e profissional.


Mostre que você se importa com o crescimento e
desenvolvimento dos membros da equipe, oferecendo
oportunidades de aprendizado e desenvolvimento. Ofereça

-26-
Liderança Crista
treinamentos, workshops e oportunidades de mentoria para
ajudar os membros da equipe a desenvolver habilidades e
competências relevantes para suas funções e carreiras.

Liderança pelo exemplo. Seja um líder que inspire


confiança e respeito, demonstrando integridade, empatia e
compromisso com os valores e objetivos da equipe. Seja
transparente e honesto em suas comunicações, admita erros e
aprenda com eles, e demonstre respeito e apreço pelos
membros da equipe e suas contribuições.

Celebre as conquistas e reconheça os esforços. Mostre


apreço e reconhecimento pelas contribuições e esforços da
equipe. Isso pode ajudar a criar um ambiente positivo e encorajar
a colaboração e o engajamento. Implemente um programa de
reconhecimento de funcionários que celebre as conquistas e
esforços individuais e da equipe, como prêmios, elogios públicos
e eventos comemorativos.
Liderar uma geração que não quer ser liderada exige uma
abordagem diferente da liderança tradicional. Ao adotar uma
postura mais colaborativa, flexível e orientada para o propósito,
você pode inspirar e motivar sua equipe a se envolver e trabalhar
em direção a objetivos comuns. Ao se concentrar no
desenvolvimento pessoal e profissional, liderar pelo exemplo e
celebrar as conquistas, você pode construir relacionamentos de
confiança e respeito com sua equipe. Isso os encorajará a
abraçar a liderança e a trabalhar juntos de maneira mais eficaz.
Lembre-se, uma liderança eficaz requer adaptabilidade e
compreensão das necessidades e desejos de sua equipe. Ao
ajustar seu estilo de liderança para atender às preferências desta
geração, você estará mais bem preparado para enfrentar os

-27-
Liderança Crista
desafios e obter sucesso em suas metas e objetivos
compartilhados.

Conclusão
Ao final do Capítulo 3 - O líder que Deus Procura, é evidente
que a liderança que agrada a Deus vai muito além das
habilidades naturais ou do carisma pessoal. O líder que Deus
procura é aquele que, antes de tudo, possui um coração
transformado e moldado à imagem de Cristo.
A Bíblia retrata esse líder como alguém que exerce seu
papel com humildade, integridade, amor, paciência e sabedoria.
Este líder entende que seu papel é servir ao invés de ser
servido, seguindo o exemplo do próprio Cristo.
Ele também reconhece que o verdadeiro sucesso na
liderança não é medido pelo número de seguidores ou pelo
reconhecimento humano, mas pela fidelidade a Deus e à Sua
Palavra. Este líder é comprometido com a verdade, guiado pela
justiça e conduzido pelo amor ao próximo.
Portanto, o líder que Deus procura é aquele que reflete o
caráter de Cristo em suas palavras e ações, que prioriza o
serviço e a edificação do corpo de Cristo acima de interesses
pessoais, e que se esforça para glorificar a Deus em tudo o que
faz. Este é o tipo de liderança que a igreja precisa para nutrir
uma comunidade de fé forte e saudável.

Resumo
Martin Luther King Jr. como um exemplo de líder que
impactou sua geração. King, com seu compromisso com a
igualdade racial e a paz, é um modelo de liderança
comprometida e eficaz.
O capítulo destaca características bíblicas que Deus valoriza
em um líder, incluindo humildade, integridade, coragem,
-28-
Liderança Crista
sabedoria, compaixão, fé, visão, comunicação eficaz,
perseverança e oração. Estas são características que, quando
cultivadas, podem tornar um líder mais eficaz e mais alinhado
com o propósito de Deus.
O capítulo também aborda o desafio de liderar uma geração
que é resistente à liderança, fornecendo sugestões sobre como
abordar esta situação. As dicas incluem a adoção de uma
abordagem colaborativa, ser flexível e adaptável, estabelecer um
propósito compartilhado, investir no desenvolvimento pessoal e
profissional, liderar pelo exemplo e celebrar conquistas e
esforços. A conclusão do capítulo reforça que a liderança que
agrada a Deus vai além de habilidades naturais ou carisma
pessoal. O líder ideal é aquele com um coração transformado,
que reflete o caráter de Cristo em suas palavras e ações, que
busca glorificar a Deus em tudo o que faz.

Capítulo 4
Aprendendo o Conceito de Liderança
com Jetro e Moisés
Êxodo 18.13-27 fornece uma visão valiosa sobre liderança
cristã, destacando a interação entre Moisés e seu sogro, Jetro.
Neste estudo bíblico, examinaremos os princípios de liderança
extraídos dessa passagem e como eles podem ser aplicados à
igreja cristã hoje.

1. O Contexto de Êxodo 18.13-27

a) Jetro visita Moisés (18.1-12)

-29-
Liderança Crista
“Jetro, sogro de Moisés, foi visitá-lo no deserto, levando
consigo a mulher e os dois filhos de Moisés. Quando
chegaram, Moisés e o povo estavam acampados perto do
monte de Deus” (v.5)

Este texto apresenta a figura de Jetro, o sogro de Moisés,


que era sacerdote de Midiã, uma região historicamente
localizada no noroeste da Arábia Saudita. O nome “Jetro”
(também conhecido como Reuel) significa “excelência” ou
“abundância”.
Quando soube de tudo que Deus havia feito por Moisés e
pelos israelitas, libertando-os da escravidão no Egito, Jetro se
encontrou com Moisés, sua esposa Zípora (filha de Jetro) e seus
dois filhos, Gérson e Eliézer, no deserto.
Os nomes dos filhos de Moisés carregam significados
pertinentes à sua jornada. Gérson significa “forasteiro lá”, um
reflexo de como Moisés se sentia em terra estrangeira, enquanto
Eliezer significa “meu Deus ajudou”, um reconhecimento de que
Deus o livrou do Faraó.
Jetro celebra as ações de Deus, proclamando que o Senhor é
o maior de todos os deuses e que não há outro como Ele, por ter
libertado o povo de Israel da opressão egípcia. Ele então oferece
um holocausto e outros sacrifícios a Deus, compartilhando uma
refeição na presença de Deus com Arão e os líderes de Israel.
Sua fé em Deus e sua prontidão em oferecer sacrifícios em
agradecimento pela libertação dos israelitas demonstram sua
profunda religiosidade.
No contexto da liderança de Moisés, Jetro é uma figura
importante, não só porque ele é o sogro de Moisés, mas também
porque ele é um líder religioso e tribal em sua própria
comunidade.

-30-
Liderança Crista
b) Moisés julgando o povo de Israel (v.13)

“No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo;


e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã
até ao pôr do sol”.

Após o Êxodo do Egito e o estabelecimento do povo de Israel


no deserto, Moisés assumiu a responsabilidade de julgar e
resolver disputas entre os israelitas.
Nesse período, ele era a principal autoridade e referência
para questões legais, sociais e espirituais. Todos os dias, Moisés
passava longas horas ouvindo os casos e fornecendo orientação
e julgamento segundo a lei e os mandamentos de Deus (v. 13).
Ele era o mediador entre Deus e o povo, e seu papel como
juiz estava firmemente enraizado em sua relação com Deus.

c) Jetro observando a situação (v.14)

“Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao


povo, disse: Que é isto que fazes ao povo? Por que te
assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde
a manhã até ao pôr do sol?”.

Durante sua visita a Moisés, Jetro, observou o trabalho de


Moisés como juiz e líder do povo e percebeu que a maneira
como Moisés estava lidando com as questões era insustentável.
Jetro notou que Moisés estava sobrecarregado com a
enorme responsabilidade de julgar todos os casos apresentados
a ele e que isso estava esgotando tanto Moisés quanto o povo
que esperava por um julgamento.
A observação cuidadosa de Jetro o levou a questionar
Moisés sobre o motivo de ele estar assumindo sozinho todo o
-31-
Liderança Crista
fardo de liderança e julgamento. Essa conversa preparou o
cenário para o conselho de Jetro sobre como Moisés poderia
melhorar sua abordagem à liderança e ao julgamento, garantindo
que ele e o povo de Israel pudessem prosperar e crescer no
deserto.
O contexto desta passagem destaca a importância de
reconhecer nossas limitações como líderes e estar dispostos a
ouvir e aprender com a sabedoria e a experiência dos outros.
Moisés, apesar de ser um grande líder, estava enfrentando
dificuldades devido à abordagem centralizada da liderança. A
intervenção de Jetro ajudou Moisés a enxergar a situação de
uma perspectiva diferente e a adotar uma abordagem mais
sustentável e eficiente para liderar o povo de Israel.

2. Conselho de Jetro (Êxodo 18.17-23)

a) Jetro reconhece que a abordagem de Moisés é


insustentável (v.17,18)

“17 O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o


que fazes. 18Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu como
este povo que está contigo; pois isto é pesado demais
para ti; tu só não o podes fazer”.

Percebendo que Moisés estava carregando um fardo


insuportável ao julgar todos os casos sozinho, expressou sua
preocupação dizendo que essa abordagem era pesada demais
para ele e que, eventualmente, ele e o povo se desgastariam (v.
17-18).
Ele compreendeu que a abordagem centralizada de Moisés
não era viável a longo prazo e que precisava ser ajustada para

-32-
Liderança Crista
evitar a exaustão de Moisés e garantir o bem-estar do povo de
Israel.

b) Jetro aconselha Moisés a delegar responsabilidades


(v.19-22)

“19Ouve, pois, as minhas palavras; eu te aconselharei, e Deus


seja contigo; representa o povo perante Deus, leva as suas
causas a Deus, 20ensina-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes
saber o caminho em que devem andar e a obra que devem
fazer. 21Procura dentre o povo homens capazes, tementes a
Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos
sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de
cinquenta e chefes de dez; 22para que julguem este povo em
todo tempo. Toda causa grave trarão a ti, mas toda causa
pequena eles mesmos julgarão; será assim mais fácil para ti, e
eles levarão a carga contigo”.

Jetro propôs uma solução para o problema de Moisés:


delegar responsabilidades de liderança e julgamento a outros
líderes qualificados. Quanto a isso, R. Alan Cole, diz que a
prática de delegar tarefas, era uma “límpida tradição bíblica é
que esta instituição israelita seguia as linhas da prática midianita,
como resultado da sugestão feita por Jetro”6. Ele aconselhou
Moisés a ser o representante do povo perante Deus e a ensinar-
lhes os estatutos e leis divinas (v. 19).
Além disso, Jetro sugeriu que Moisés selecionasse homens
capazes, tementes a Deus, íntegros e inimigos do suborno entre
o povo, e os designasse como líderes de grupos de diferentes
tamanhos (mil, cem, cinquenta e dez – v.21). Esses líderes

6
COLE, R. Alan. Êxodo: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova,
2009.
-33-
Liderança Crista
seriam responsáveis por julgar casos menores e trazer apenas
casos mais difíceis a Moisés (v. 22).

c) A promessa de alívio e sustentabilidade (v.23)

“Se isto fizeres, e assim Deus to mandar, poderás, então,


suportar; e assim também este povo tornará em paz ao seu
lugar”.

Jetro concluiu seu conselho assegurando a Moisés que, se


ele seguisse essa abordagem, tanto ele quanto o povo de Israel
seriam capazes de suportar o fardo da liderança e do julgamento
de forma mais eficiente e sustentável.
Perceba que Jetro sugeriu que Moisés conversasse com
Deus sobre o problema e obedecesse ao que Ele dissesse, e
Moisés seguiu essa sugestão. É possível que ele tenha
consultado o Senhor e recebido sua aprovação antes de tomar
uma decisão (v.23).
A implementação do conselho de Jetro permitiria que Moisés
se concentrasse em seu papel como mediador entre Deus e o
povo e em questões de maior importância, enquanto os líderes
designados cuidariam dos casos menos complexos. Isso
proporcionaria alívio a Moisés e estabeleceria uma estrutura de
liderança mais eficaz para o povo de Israel. O conselho de Jetro
a Moisés demonstra a importância da delegação de
responsabilidades e da colaboração na liderança cristã.
Ao compartilhar a responsabilidade com outros líderes
qualificados, Moisés foi capaz de criar um sistema mais
sustentável e eficiente para governar e julgar o povo de Israel.

3. A resposta de Moisés (Êxodo 18.24-27)

-34-
Liderança Crista
a) Moisés ouve e aplica o conselho de Jetro (v.24)
“Moisés atendeu às palavras de seu sogro e fez tudo
quanto este lhe dissera”.

Moisés demonstrou humildade e sabedoria ao ouvir o


conselho de Jetro e reconhecer que sua abordagem de liderança
e julgamento era insustentável.
Ele decidiu aceitar o conselho de Jetro e implementá-lo,
mostrando uma disposição para aprender e crescer como líder.
Essa atitude de Moisés é um exemplo para líderes cristãos, que
devem estar abertos a conselhos sábios e dispostos a ajustar
suas práticas quando necessário.

b) Estabelecimento de líderes (v.25)


“Escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os
constituiu por cabeças sobre o povo: chefes de mil,
chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez”.

A sugestão de Jetro era boa. Moisés devia organizar o


campo, de modo que cada dez pessoas tivessem alguém com
quem discutir seus problemas civis. Se um líder de dez não
conseguisse resolver o problema, poderia levá-lo para um líder
de cinquenta, depois de cem e, então, de mil. Depois disso, se
necessário, a questão seria levada ao próprio Moisés. Talvez
fosse isso que D. L. Moody tinha em mente quando disse:
“Prefiro colocar dez homens para trabalhar do que fazer o
trabalho de dez homens”7.
Seguindo o conselho de Jetro, Moisés escolheu homens
capazes, tementes a Deus, íntegros e inimigos do suborno entre
o povo de Israel. Ele os nomeou como líderes de diferentes
7
WIERSBE, Warren W. Comenta rio Bíblico Expositivo: Antigo Testamento:
Volume I, Pentateuco / Warren W. Wiersbe; traduzido por Susana E. Klassen. - Santo
Andre, SP: Geográfica editora, 2006.
-35-
Liderança Crista
grupos, estabelecendo uma estrutura de liderança hierárquica
que ajudaria a distribuir a responsabilidade do julgamento e do
governo entre vários líderes.

c) Delegação de responsabilidades e julgamento


(v.26)
“Estes julgaram o povo em todo tempo; a causa grave
trouxeram a Moisés e toda causa simples julgaram eles”.

Jetro aconselhou Moisés a não apenas delegar tarefas, mas


também a ensinar ao povo as leis e estatutos, e contar com a
ajuda de líderes escolhidos para tomar decisões sábias.

Os líderes nomeados por Moisés assumiram a


responsabilidade de julgar os casos menores e trazer apenas os
casos mais difíceis a Moisés. Isso permitiu que Moisés se
concentrasse em questões de maior importância e em seu papel
como mediador entre Deus e o povo, como: representar o povo
diante de Deus, orando por eles e pedindo orientação divina para
casos difíceis. Moisés era o líder escolhido por Deus, mas não
precisava trabalhar sozinho.
A delegação de responsabilidades também promoveu a
eficiência e a sustentabilidade na liderança, evitando o
esgotamento de Moisés e garantindo que o povo de Israel
recebesse o apoio e a orientação necessários.

d) Jetro retorna ao seu país (v.27)


“Então, se despediu Moisés de seu sogro, e este se foi
para a sua terra”.

Após ver a implementação bem-sucedida de seu conselho,


Jetro se despediu de Moisés e retornou ao seu país. Essa
-36-
Liderança Crista
partida simboliza a conclusão bem-sucedida da intervenção de
Jetro na liderança de Moisés.
Jetro ajudou Moisés a desenvolver uma estrutura de
liderança mais eficaz e sustentável, e sua partida marca o início
de uma nova fase na jornada do povo de Israel sob a liderança
de Moisés e dos líderes nomeados.
A resposta de Moisés ao conselho de Jetro ilustra a
importância da humildade, da disposição para aprender e da
delegação na liderança cristã. A aplicação do conselho de Jetro
permitiu a Moisés desenvolver uma estrutura de liderança mais
eficiente e sustentável, beneficiando tanto a ele quanto ao povo
de Israel.

4. Princípios de liderança em Êxodo 18.13-27

a) Sabedoria na delegação
Reconhecimento das limitações humanas. Moisés admitiu
sua própria fraqueza e cansaço. Ele entendeu a importância de
delegar responsabilidades para líderes capacitados e de caráter,
que sejam tementes a Deus, homens de verdade e que
aborreçam a avareza.
Ele percebeu que não podia fazer tudo sozinho e reconheceu
a necessidade de delegar responsabilidades a outros líderes, o
que permitiu uma distribuição mais equitativa do trabalho e
evitou o esgotamento.
A Igreja primitiva encontrou pessoas para auxiliar os
apóstolos, aliviando-os de deveres secundários, e esses
assistentes deviam ter boa reputação, ser cheios do Espírito e de
sabedoria e ter a aprovação do povo.
Distribuição de responsabilidades. Moisés dividiu a liderança
e o julgamento entre líderes de diferentes níveis, garantindo que
todos tivessem responsabilidades adequadas e gerenciáveis. Ele
-37-
Liderança Crista
também compartilhou o conselho de Jetro com o povo, Quando
Israel entrou na terra prometida, indicaram líderes para cada
cidade a fim de assistir na resolução de conflitos, seguindo a
vontade do Senhor de trazer segurança e justiça ao seu povo.

b) Busca de conselhos sábios


Disposição para ouvir e aprender. Moisés demonstrou
humildade e sabedoria ao ouvir e seguir o conselho de Jetro, em
vez de insistir em sua própria abordagem.
Humildade e abertura à correção. Moisés aceitou a correção
de Jetro e se mostrou disposto a mudar sua abordagem, o que é
um exemplo de humildade na liderança cristã.

c) Estabelecimento de líderes qualificados


Moisés escolheu líderes que possuíam habilidades, tementes
a Deus e de caráter adequados, garantindo que o povo de Israel
fosse liderado por pessoas capazes e íntegras. Moisés instruiu e
orientou os líderes nomeados, garantindo que eles estivessem
preparados e apoiados em suas funções.

d) Foco no serviço
Priorização do bem-estar do povo. Ao delegar
responsabilidades e estabelecer uma estrutura de liderança
eficiente, Moisés demonstrou um compromisso com o bem-estar
do povo de Israel, garantindo que suas necessidades fossem
atendidas e que a justiça fosse aplicada de maneira eficaz.
Evitar a centralização do poder. Ao delegar responsabilidades
e compartilhar a liderança com outros, Moisés evitou concentrar
o poder em suas mãos e promoveu uma abordagem mais
colaborativa e descentralizada na liderança.

-38-
Liderança Crista
e) Confiança em Deus
Moisés confiou em Deus para tomar decisões sábias e justas
em sua liderança. Ele reconheceu a importância de depender de
Deus e buscou Sua orientação. Além disso, Moisés confiou na
provisão divina ao delegar responsabilidades e estabelecer
líderes. Ele tinha certeza de que Deus supriria as necessidades
do povo de Israel e lhes daria sabedoria para enfrentar os
desafios que surgissem.

f) Crescimento e expansão
De acordo com Atos 6.7, quando o ministério e a organização
entram em choque e o ministério é dificultado, o povo de Deus
deve fazer ajustes na organização para que o ministério possa
crescer. A flexibilidade é importante para resolver problemas e
aproveitar oportunidades, enquanto organizações destinadas ao
fracasso se recusam a mudar. Ministérios abertos a mudanças e
que obedecem aos princípios da Palavra de Deus são
abençoados por Ele.

Conclusão
Os princípios da liderança cristã encontrados em Êxodo
18.1327 nos mostra como Moisés e Jetro aplicaram princípios
importantes de liderança que ainda são relevantes para a igreja
cristã hoje. Eles servem como um guia valioso para líderes
cristãos, enfatizando a importância da delegação, busca de
conselhos sábios, estabelecimento de líderes qualificados, foco
no serviço e confiança em Deus.
Como líderes na igreja, devemos buscar a sabedoria na
delegação, estar dispostos a ouvir conselhos sábios, estabelecer
líderes qualificados e manter nosso foco no serviço, sempre
confiando em Deus para nos guiar e prover. Ao aplicar esses
princípios, podemos melhorar a liderança dentro de nossas
-39-
Liderança Crista
comunidades de fé e promover a saúde espiritual e o
crescimento do corpo de Cristo.

Resumo
O capítulo 4 se aprofunda na análise de Êxodo 18.13-27, que
fornece uma visão valiosa sobre a liderança cristã a partir da
interação entre Moisés e Jetro. Moisés, como líder de Israel,
estava sobrecarregado com a responsabilidade de resolver todas
as disputas entre os israelitas.
Jetro, ao observar a situação, sugere que Moisés delegue
responsabilidades para líderes capazes dentro do povo,
permitindo que ele se concentre em questões de maior
importância e em sua função como mediador entre Deus e o
povo.
Moisés aceita o conselho de Jetro, demonstrando humildade
e disposição para aprender. Este capítulo ressalta princípios de
liderança cristã como a sabedoria na delegação, a busca de
conselhos sábios, o estabelecimento de líderes qualificados, o
foco no serviço e a confiança em Deus.

-40-
Liderança Crista

Capítulo 5
Neemias: o Líder Eficaz
Neste capítulo, iremos explorar a figura de Neemias, um líder
extraordinário que exemplifica a eficácia no cumprimento de sua
missão. Sua história, contida no Antigo Testamento, nos traz
lições preciosas sobre liderança, foco, determinação e habilidade
em motivar e unir pessoas em prol de um objetivo comum.
Vamos analisar de perto as ações de Neemias, entender
como ele superou desafios e adversidades e como sua liderança
trouxe reformas significativas para seu povo, destacando assim,
os atributos que o tornaram um líder eficaz.

1. Contexto e propósito do livro de Neemias

O livro de Neemias é um relato histórico situado no período


pós-exílio, após o cativeiro babilônico. Neemias viveu no século
V a.C., durante o reinado do rei Artaxerxes da Pérsia.
Agora, muitos judeus haviam retornado a Jerusalém, mas
encontraram a cidade com seus muros destruídos e em ruínas.
O livro de Neemias tem como propósito narrar a liderança de
Neemias na reconstrução dos muros de Jerusalém e o
fortalecimento espiritual do povo judeu. O livro também destaca
a importância de se voltar a Deus e obedecer à Sua Lei.

2. Neemias como um exemplo de líder eficaz

-41-
Liderança Crista
Neemias é um excelente exemplo de líder eficaz no Antigo
Testamento. Ele demonstrou habilidades excepcionais em
organização, motivação, administração e resolução de
problemas.
Sua liderança foi marcada pela oração, coragem, compaixão,
integridade e foco no bem-estar do povo. Ele também enfrentou
e superou a oposição e os desafios, mostrando determinação e
persistência na busca de seus objetivos.
Ao longo do livro, Neemias exemplifica as qualidades e as
práticas essenciais para a liderança eficaz, sendo um modelo a
ser seguido por líderes cristãos de todas as épocas.

3. Identificação e compreensão do problema

No início do livro de Neemias, é relatado que os muros de


Jerusalém estão destruídos e os portões queimados, deixando o
povo vulnerável e desanimado (Neemias 1.3). Ao tomar
conhecimento dessa situação, Neemias fica profundamente
entristecido e angustiado. Ele se assenta, chora, lamenta e
busca a Deus em jejum e oração (Neemias 1.4).
Neemias reconhece que a condição de Jerusalém é um
reflexo do estado espiritual do povo e, ao invés de ignorar o
problema, ele enfrenta a realidade e busca a restauração
(Neemias 1.4).
Essa habilidade de identificar e compreender o problema é
crucial para a liderança eficaz de Neemias, que busca soluções
baseadas na vontade de Deus e no bem-estar do povo (Ne 1.4).

4. Oração e planejamento (Neemias 1.5-11)

Este texto apresenta uma oração fervorosa a Deus,


reconhecendo Sua grandeza, fidelidade e misericórdia (Neemias
-42-
Liderança Crista
1.5). Ele intercede pelo povo e pela cidade de Jerusalém,
mostrando disposição em assumir a responsabilidade e buscar a
intervenção divina (Neemias 1.5). Neemias confessa os pecados
do povo, admitindo que se desviaram dos mandamentos de
Deus, e reconhece a justiça do Senhor em disciplinar Seu povo
(Ne 1.6-7).
No entanto, ele lembra a misericórdia de Deus e Sua
promessa de restauração para aqueles que se arrependem e
obedecem (Neemias 1.8-9).
A oração de Neemias também inclui um pedido de
sucesso em seu encontro com o rei Artaxerxes, mostrando a
importância de combinar oração e planejamento na liderança
eficaz (Neemias 1.11). Neemias busca a orientação e o favor de
Deus, ao mesmo tempo em que planeja como abordar o rei e
solicitar seu apoio para o projeto de reconstrução. Essa
combinação de confiança em Deus e diligência no planejamento
é essencial para a liderança eficaz.
Em resumo, o texto destaca a importância da oração
sincera e do reconhecimento dos pecados perante Deus, assim
como a confiança na misericórdia e promessas divinas. Além
disso, evidencia a necessidade de combinar a busca pela
orientação de Deus com o planejamento e ação diligente na
liderança.

5. Ação e coragem (Neemias 2.1-10)

No texto, Neemias tem a oportunidade de apresentar o


problema de Jerusalém ao rei Artaxerxes (Neemias 2.1). Ele
mostra coragem ao compartilhar seu desejo de reconstruir
Jerusalém, mesmo diante do medo e do risco (Neemias 2.2-5).
Neemias se prepara com oração e apresenta uma proposta
clara, incluindo um plano detalhado e um pedido de recursos
-43-
Liderança Crista
(Neemias 2.2-5). O rei Artaxerxes não apenas permite que
Neemias vá a Jerusalém, mas também fornece recursos e apoio
para a reconstrução (Neemias 2.6-8).
Isso é uma resposta à oração de Neemias e um sinal da mão
de Deus em sua missão. Neemias demonstra coragem e
determinação, características fundamentais para líderes que
confiam em Deus e enfrentam desafios (Neemias 2.6-8).

6. Inspiração e motivação (Neemias 2.11-18)

Neemias inspeciona secretamente as condições das


muralhas e portões de Jerusalém, demonstrando dedicação e
prudência em avaliar a situação (Neemias 2.11-16).
Após essa análise, ele compartilha sua visão com os líderes
locais e os habitantes de Jerusalém, descrevendo o problema e
revelando o apoio do rei Artaxerxes (Neemias 2.17-18). Neemias
motiva e inspira o povo a se unir na reconstrução, e eles
respondem com entusiasmo e determinação (Neemias 2.18).
Neemias demonstra a importância de inspirar e motivar
outros na liderança eficaz, transmitindo confiança em Deus e no
povo, comunicando uma visão clara e instigando a ação coletiva
(Neemias 2.18). A liderança eficaz requer habilidades de
comunicação, inspiração e motivação para engajar os membros
do grupo em prol de um objetivo comum.

7. Superar a oposição e os desafios (Neemias 4)

Veja que assim que a obra começou, Neemias e o povo


enfrentam oposição de Sambalate, Tobias e outros inimigos que
zombam e tentam desencorajar a reconstrução das muralhas de
Jerusalém (Neemias 4.1-3).

-44-
Liderança Crista
Neemias responde com oração, pedindo a intervenção de
Deus, e toma medidas práticas para proteger o povo e garantir a
continuidade da obra (Neemias 4.4-5, 13-23). Apesar dos
desafios, eles persistem na reconstrução, trabalhando com
determinação e resiliência (Neemias 4.6, 21-23).
Neemias exorta o povo a se lembrar do Senhor e a continuar
trabalhando juntos em unidade (Neemias 4.14). A liderança
eficaz requer enfrentar a oposição com coragem, confiar em
Deus, tomar medidas práticas e perseverar diante dos desafios.

8. Justiça e integridade (Neemias 5)

No capítulo 5 de Neemias, surge um problema de exploração


dos pobres pelos mais ricos. Neemias confronta os líderes e
nobres, exigindo o fim da exploração e a devolução de
propriedades e recursos aos necessitados.
Ele lidera pelo exemplo, recusando-se a cobrar impostos e
usando seus próprios recursos para ajudar os pobres. Neemias
promove a justiça, exigindo um juramento dos líderes diante de
Deus.
Isso destaca a importância da integridade e da justiça na
liderança eficaz, garantindo tratamento justo a todos e
atendendo às necessidades dos mais vulneráveis. A liderança
justa e íntegra constrói confiança e promove uma comunidade
saudável e unida.

9. Motivos de celebração

Há dois motivos de celebração. Primeiro, a conclusão bem-


sucedida da reconstrução das muralhas em apenas 52 dias,
demonstrando a liderança eficaz de Neemias e a bênção de
Deus sobre o projeto. Em segundo lugar, Neemias lidera o povo
-45-
Liderança Crista
em um tempo de fortalecimento espiritual, onde a Lei de Moisés
é lida e explicada, levando o povo ao arrependimento e ao
compromisso de obedecer a Deus.
Esses eventos marcam uma vitória física e espiritual,
destacando a importância de liderar não apenas na realização de
projetos, mas também no crescimento espiritual da comunidade.

Conclusão
As lições de liderança eficaz a partir do exemplo de Neemias:
 A importância de identificar e compreender os problemas
enfrentados.
 A necessidade de oração e planejamento antes de agir.
 A coragem para enfrentar desafios e tomar decisões
difíceis.
 A habilidade de inspirar e motivar outros a trabalhar em
conjunto por um objetivo comum.
 A persistência e resiliência diante da oposição e dos
desafios.
 A busca pela justiça e integridade na liderança e nas
ações.
 O compromisso com o crescimento espiritual e bem-estar
da comunidade.
Ao estudar o exemplo de Neemias, líderes cristãos podem
aprender a aplicar esses princípios em suas próprias vidas e
ministérios, buscando liderar de forma eficaz e honrando a Deus
em suas ações e decisões.

Resumo
Analisamos a liderança exemplar de Neemias, um servo de

-46-
Liderança Crista
Deus do Antigo Testamento. Como líder, Neemias mostrou
eficácia na restauração de Jerusalém após o exílio babilônico, ao
mesmo tempo, em que fortaleceu a fé do povo judeu.
Neemias é retratado como um líder eficaz que conseguiu
identificar e entender os problemas enfrentados por seu povo.
Ele usou a oração como ferramenta para buscar a orientação de
Deus e planejar a ação. Mostrou coragem ao enfrentar o rei
Artaxerxes e solicitar seu apoio para o projeto de reconstrução
de Jerusalém.
Neemias também demonstrou uma habilidade excepcional
para inspirar e motivar outros. Ele liderou o povo na reconstrução
das muralhas de Jerusalém e enfrentou a oposição com
determinação e resiliência. Ele promoveu a justiça e a
integridade, confrontando a exploração dos pobres e usando
seus próprios recursos para auxiliar os necessitados.
Finalmente, a liderança de Neemias foi marcada por
celebrações significativas, incluindo a conclusão bem-sucedida
da reconstrução das muralhas e um tempo de fortalecimento
espiritual do povo.
Em resumo, Neemias é um exemplo de líder eficaz que
combina a oração, o planejamento, a coragem, a capacidade de
inspirar, a determinação, a justiça, a integridade e o cuidado com
o bem-estar espiritual de sua comunidade.

-47-
Liderança Crista

Módulo 2

O Ofício do Presbítero
Uma Análise Bíblia
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu,
presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de
Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser
revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre
vós, não por constrangimento, mas espontaneamente,
como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de
boa vontade; nem como dominadores dos que vos
foram confiados, antes, tornando-vos modelos do
rebanho – 1Pedro 5.1-3

O presbítero é a pessoa a quem é confiada a


supervisão da igreja e a administração dos
sacramentos. Aqueles que são ordenados como
presbíteros são chamados a ensinar, guiar e pastorear o
povo de Deus – João Calvino8

8
Institutas da Religião Cristã, 4.3.1.
-48-
Liderança Crista

Capítulo 1
A Origem do Presbiterato na
Bíblia
A origem do presbiterato na Bíblia pode ser rastreada até o
Novo Testamento, onde a palavra grega πρεσβύ τερος é usada
para se referir aos anciãos ou líderes das igrejas locais. O
conceito de liderança baseada em anciãos também tem raízes
no Antigo Testamento, onde os anciãos desempenhavam papéis
importantes nas comunidades israelitas.
No Novo Testamento, a função do presbítero começa a
tomar forma no contexto da igreja primitiva. Após a ascensão de
Jesus e a efusão do Espírito Santo no Pentecostes, a igreja
primitiva começou a crescer rapidamente. À medida que o
cristianismo se expandia, era necessário estabelecer uma
estrutura de liderança para orientar e governar as comunidades
cristãs emergentes.
Os apóstolos, como líderes da igreja primitiva, nomearam
anciãos em várias igrejas locais para supervisionar e cuidar dos
crentes. Por exemplo, Paulo e Barnabé nomearam anciãos em
cada uma das igrejas que fundaram durante suas viagens
missionárias (Atos 14.23). Além disso, tanto as cartas de Paulo a
Timóteo e Tito quanto a primeira carta de Pedro mencionam o
papel dos anciãos (ou presbíteros) na igreja.
As funções e responsabilidades dos presbíteros na igreja
primitiva incluíam ensinar e pregar a Palavra de Deus, orar pelos
doentes, liderar na adoração e administrar a disciplina na igreja.

-49-
Liderança Crista
Eles também eram responsáveis pela supervisão geral da vida e
do ministério da igreja local.
A origem do presbiterato na Bíblia, portanto, pode ser
encontrada no desenvolvimento da estrutura de liderança da
igreja primitiva no Novo Testamento. Com base nos princípios de
liderança estabelecidos pelos apóstolos e na necessidade de
governar e orientar as comunidades cristãs em crescimento, o
presbiterato surgiu como uma função vital na vida e ministério da
igreja.

1. O Episcopado
“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado,
excelente obra almeja” - 1Timóteo 3.1 (ARA)

Quando Paulo escreveu estas palavras, ele estava afirmando


que desejar ser um líder na igreja, especificamente um bispo ou
supervisor (episcopado), é uma aspiração nobre e digna. Vamos
analisar os aspectos dessa afirmação:

Fiel é a palavra. Paulo começa esta passagem afirmando a


veracidade e confiabilidade do que ele está prestes a dizer. Ele
está garantindo aos leitores que suas palavras são verdadeiras e
merecem atenção.

Aspirar ao episcopado. A palavra “episcopado” vem do


grego “episkopov”, que significa “supervisor” ou “bispo”. No
contexto do Novo Testamento, isso se refere a uma posição de
liderança na igreja, responsável pela supervisão, ensino e
pastoreio dos membros da comunidade cristã.

Excelente obra almeja. Paulo está destacando que o desejo


de servir como líder na igreja é uma aspiração digna e nobre,

-50-
Liderança Crista
pois envolve dedicar-se ao cuidado e edificação do povo de
Deus. A liderança na igreja é considerada uma “excelente obra”
porque é uma oportunidade de servir e contribuir para o
crescimento espiritual dos membros da comunidade.
Paulo, então, passa a descrever as qualificações necessárias
para os líderes da igreja em 1Timóteo 3.2-7, enfatizando a
importância de um caráter íntegro e maduro para aqueles que
desejam servir no episcopado. Essa passagem destaca o valor e
a responsabilidade da liderança na igreja e encoraja aqueles que
têm o desejo de servir como líderes a buscar as qualificações e o
caráter necessários para cumprir esse papel de maneira eficaz e
honrosa.

2. A Liderança e Orientação na Igreja Primitiva

A liderança e orientação na igreja primitiva desempenhou um


papel fundamental no crescimento e desenvolvimento da fé
cristã. Na ausência de uma estrutura formalizada, a liderança era
exercida por apóstolos, profetas e anciãos, que buscavam a
direção do Espírito Santo e se baseavam nos ensinamentos de
Jesus. Essa liderança centrada em Cristo e guiada pelo Espírito
Santo foi essencial para estabelecer a igreja primitiva como um
lugar de adoração, comunhão e testemunho do evangelho.

a) A função dos presbíteros na igreja primitiva


Os Atos dos Apóstolos apresentam os presbíteros exercendo
funções importantes na Igreja primitiva. Em Atos 14.23, Paulo e
Barnabé nomeiam presbíteros em cada igreja que fundaram:

“E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos


em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao
Senhor em quem haviam crido”.
-51-
Liderança Crista

Além disso, os presbíteros também estavam envolvidos na


resolução de conflitos, como exemplificado no Concílio de
Jerusalém:

“Isso desencadeou uma grande discussão e debate entre Paulo e


Barnabé e eles, finalmente, resolveram que Paulo e Barnabé, com
alguns outros, deveriam subir a Jerusalém para discutir essa
questão com os apóstolos e líderes da Igreja. Os apóstolos e
líderes da igreja se reuniram para discutir esse assunto” (At
15.2,6).

b) Os presbíteros nas epístolas paulinas


O apóstolo Paulo menciona os presbíteros em suas cartas às
igrejas. Em 1Timóteo 5.17, ele instrui que os presbíteros que
governam bem sejam considerados dignos de “dupla honra”,
especialmente aqueles que trabalham na pregação e no ensino.
Em Tito 1.5-9, Paulo orienta Tito a nomear presbíteros em
todas as cidades de Creta e fornece uma lista de qualificações
para aqueles que ocuparão essa posição.
Filipenses 1.1 mostra que os presbíteros compartilhavam a
liderança da igreja com os bispos e diáconos. Essa estrutura
reflete uma divisão de responsabilidades entre os líderes da
igreja, garantindo que a comunidade cristã fosse bem
administrada e atendida em suas necessidades espirituais e
materiais.

Conclusão
O presbiterato, como um ministério de liderança estabelecido
por Deus, continua a desempenhar um papel vital na
comunidade de fé, guiando, pastoreando e fortalecendo o povo
de Deus.

-52-
Liderança Crista
Em resumo, o presbiterato é um ministério crucial na vida da
igreja, proporcionando liderança espiritual, cuidado pastoral e
orientação doutrinária. Os presbíteros são chamados a seguir o
exemplo de Cristo, amando e servindo o povo de Deus,
promovendo a unidade e o crescimento espiritual da comunidade
de fé.
Que esses líderes sejam capacitados e encorajados a
cumprir fielmente sua vocação, buscando sempre a glória de
Deus e o bem-estar daqueles a quem servem.

Resumo
Este capítulo discute a origem do presbiterato na Bíblia,
traçando-a de volta ao Novo Testamento, onde "presbíteros" é
usado para se referir aos líderes da igreja. O papel dos
presbíteros começa a tomar forma na igreja primitiva após a
ascensão de Jesus e o Pentecostes, com os apóstolos
nomeando anciãos para liderar as comunidades cristãs
emergentes. Eles tinham várias responsabilidades, incluindo
ensinar e pregar a Palavra de Deus, orar pelos doentes, liderar a
adoração e administrar a disciplina na igreja.
Paulo considerava a aspiração ao episcopado, uma posição
de liderança na igreja, uma obra excelente e nobre. Ele destaca
a importância de um caráter íntegro e maduro para aqueles que
servem no episcopado.
A liderança na igreja primitiva foi crucial para o crescimento
do cristianismo, com presbíteros desempenhando papéis
importantes na resolução de conflitos e na administração da
igreja. As epístolas paulinas também mencionam os presbíteros
e destacam seu papel na pregação, ensino e governo da igreja.
Em conclusão, o presbiterato é um ministério de liderança
estabelecido por Deus que continua a desempenhar um papel
vital na orientação, pastoreio e fortalecimento do povo de Deus.
-53-
Liderança Crista

Capítulo 2
O Ministério do Presbiterato na História
Existem várias citações dos Pais da Igreja que tratam do
ministério do presbítero. Abaixo estão algumas delas:

1. A visão dos Pais da Igreja

Na história, encontramos citações dos Pais da Igreja que


destacam a importância e o papel dos presbíteros na igreja
primitiva. Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Irineu de
Lyon, Cipriano de Cartago e João Crisóstomo enfatizam a
autoridade e a responsabilidade dos presbíteros como líderes
espirituais, com a incumbência de ensinar, guiar e pastorear a
comunidade cristã.
Inácio de Antioquia (c. 35-107 d.C.) enfatiza a necessidade
de se submeter às autoridades designadas por Deus na igreja.
Ele compara a submissão aos bispos, presbíteros e diáconos à
obediência de Jesus Cristo a Deus Pai, mostrando a gravidade
da autoridade desses líderes.
Policarpo de Esmirna (c. 69-155 d.C.), por sua vez, apela ao
reconhecimento e honra dos presbíteros que lideram
diligentemente e pregam a Palavra de Deus.
Irineu de Lyon (c. 130-202 d.C.) destaca o papel dos
presbíteros como pastores e líderes espirituais. Ele destaca a
necessidade de ousadia dos presbíteros ao falar a verdade e
corrigir aqueles sob sua supervisão.

-54-
Liderança Crista
Cipriano de Cartago (c. 200-258 d.C.) vê os presbíteros como
sucessores dos apóstolos, dando continuidade ao trabalho de
ensino e liderança após a morte dos apóstolos originais.
João Crisóstomo (c. 349-407 d.C.) ressalta que os
presbíteros, além de administrar os sacramentos, devem ser
guardiões da tradição apostólica e ensinamentos da Igreja,
garantindo a transmissão da fé cristã de geração em geração.
Essas citações evidenciam a importância e a autoridade dos
presbíteros na liderança espiritual, ensino e preservação da fé na
igreja primitiva.

2. A Visão dos Reformadores quanto ao Presbiterato

A visão dos Reformadores do século XVI sobre o ministério


do presbítero pode ser resumida através das seguintes citações
e referências bíblicas:
João Calvino. “O presbítero é a pessoa a quem é confiada a
supervisão da igreja e a administração dos sacramentos.
Aqueles que são ordenados como presbíteros são chamados a
ensinar, guiar e pastorear o povo de Deus”9. Nessa citação,
Calvino enfatiza a importância do papel dos presbíteros na
liderança da igreja e sua responsabilidade em ensinar, guiar e
pastorear o povo de Deus.
Martinho Lutero. “Os presbíteros são chamados a pregar a
Palavra de Deus e a administrar os sacramentos. Eles são
encarregados de guiar o povo de Deus, na verdade, e de
protegê-los do erro e da heresia”10. Aqui, Lutero destaca o papel
dos presbíteros como pregadores da Palavra de Deus e
administradores dos sacramentos, com a responsabilidade de
9
Institutas da Religião Cristã, 4.3.1.
10
Comenta rios de Lutero, Volume 28: 1 Timoteo, 2 Timoteo, Tito, Filemom -
publicado pela Editora Concordia/RS.
-55-
Liderança Crista
guiar o povo na verdade e protegê-los de ensinamentos
errôneos.

Ulrich Zwinglio. “Os presbíteros são responsáveis por ensinar


a Palavra de Deus e por administrar os sacramentos. Eles
também são responsáveis por disciplinar e corrigir os membros
da igreja quando necessário” (Comentário sobre 1Timóteo, 3.1).
Ele enfatiza o papel dos presbíteros como líderes espirituais
encarregados de ensinar a Palavra de Deus, administrar os
sacramentos e exercer disciplina quando necessário.
Essas citações demonstram a visão dos Reformadores sobre
o ministério do presbítero, destacando sua responsabilidade em
ensinar, administrar sacramentos, guiar o povo na verdade,
protegê-los de falsos ensinamentos e disciplinar quando
necessário. As referências bíblicas mencionadas apoiam essas
perspectivas e fundamentam a autoridade e o papel dos
presbíteros na liderança da igreja.

3. A Igreja Reformada e o Ministério do Presbítero

A visão das Igrejas Reformadas sobre o ministério do


presbítero pode ser resumida da seguinte forma:
Liderança compartilhada. Os presbíteros desempenham um
papel fundamental no governo e na supervisão das igrejas
locais, juntamente com os pastores e outros líderes. A ênfase
está na importância da colaboração e da responsabilidade mútua
na liderança da igreja.
Ministério de palavra e doutrina. Os presbíteros têm a
responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus e garantir que a
doutrina e o ensino da igreja sejam bíblicos. Eles devem ser
capazes de instruir os outros na fé e refutar aqueles que
contradizem a verdade.

-56-
Liderança Crista
Pastoral. Os presbíteros têm a responsabilidade de cuidar do
bem-estar espiritual e emocional dos membros da igreja. Eles
oferecem aconselhamento, apoio e orientação aos crentes,
ajudando-os a enfrentar os desafios da vida e a crescer em sua
fé.
Disciplina eclesiástica. A disciplina é vista como um meio de
manter a pureza e a integridade da igreja. Os presbíteros são
responsáveis por administrar a disciplina na igreja, confrontando
e corrigindo aqueles que se desviam do ensino e da prática
bíblicos.
Governo da Igreja. O sistema de governo das Igrejas
Reformadas é presbiteriano, com liderança e supervisão dos
presbíteros. Os presbíteros são eleitos pelos membros da igreja
e servem em conselhos ou sessões que governam a vida e o
ministério da igreja local.
A visão reformada do ministério do presbítero é
fundamentada na interpretação das Escrituras e nos princípios
teológicos da tradição reformada. Os textos bíblicos, como
1Timóteo 3.1-7, Tito 1.5-9 e 1Pedro 5.1-3, fornecem orientações
para o papel e as responsabilidades dos presbíteros na igreja.
As Igrejas Reformadas buscam aplicar essas orientações,
enfatizando a importância de uma liderança madura,
comprometida e colaborativa na supervisão e no cuidado da
comunidade cristã. Além disso, a visão reformada do ministério
do presbítero também é influenciada pelos ensinamentos e
escritos dos líderes da Reforma, como João Calvino.
Em última análise, a visão reformada do ministério do
presbítero visa promover a saúde espiritual, a unidade e a
maturidade da igreja, garantindo que os líderes estejam
comprometidos com a verdade das Escrituras e com a edificação
e o cuidado do povo de Deus.

-57-
Liderança Crista

4. Os Símbolos de Fé e o Presbiterato

A visão dos Símbolos de Fé, como a Confissão de Fé de


Westminster e os Catecismos de Westminster, sobre o ministério
do presbítero pode ser resumida da seguinte forma:

Confissão de Fé de Westminster
O Capítulo 30 trata do governo da igreja e fornece
informações sobre o ministério do presbítero.
A Seção I afirma que há três ofícios instituídos por Deus na
igreja: pastor, presbítero e diácono.
A Seção II descreve as qualificações necessárias para ser
ordenado como presbítero, incluindo conhecimento das
Escrituras e aptidão para o ministério.
A Seção III afirma que o governo da igreja deve ser
presbiteriano, com o papel dos presbíteros na administração dos
sacramentos e na disciplina dos membros da igreja.

Catecismos de Westminster
Breve Catecismo: Pergunta 37 destaca as funções dos
presbíteros na igreja, como governo, administração dos
sacramentos e ensino da Palavra.
Breve Catecismo: Pergunta 45 aborda as qualificações
necessárias para ser ordenado como presbítero, incluindo
piedade, habilidade para ensinar e conhecimento das Escrituras.
Catecismo Maior: Pergunta 30 destaca que os presbíteros
exercem autoridade na igreja por meio da pregação,
administração dos sacramentos e disciplina eclesiástica.
Catecismo Maior: Perguntas 57 e 158 abordam a natureza
da ordenação do presbítero, enfatizando a habilidade para
ensinar a Palavra, a vida piedosa e a escolha pela igreja.
-58-
Liderança Crista
Em resumo, os Símbolos de Fé, como a Confissão de Fé de
Westminster e os Catecismos de Westminster, afirmam que o
presbítero é um dos três ofícios divinamente instituídos para
governar a igreja. Eles são responsáveis pelo governo,
administração dos sacramentos, ensino da Palavra e disciplina
eclesiástica.
Os presbíteros devem possuir qualificações morais,
espirituais e teológicas, e sua ordenação é vista como um ato
solene de reconhecimento da chamada divina e da chamada da
igreja ao ministério.

5. A Teologia Sistemática e o Presbiterato

Louis Berkhof11 e Herman Bavinck12, abordam o ministério do


presbítero na igreja. Ambos enfatizam a importância dos
presbíteros como líderes espirituais chamados por Deus para
exercer o ministério da Palavra e dos sacramentos.
Segundo Berkhof, o ministério do presbítero deve ser
caracterizado pela fidelidade à Palavra de Deus e pela santidade
de vida. Eles são responsáveis por ensinar a Palavra de Deus,
administrar os sacramentos e pastorear o povo de Deus. Berkhof
destaca que os presbíteros devem trabalhar em comunhão com
outros líderes da igreja, exercendo a liderança em amor e
humildade.
Bavinck também ressalta a importância dos presbíteros na
saúde e crescimento da igreja. Eles são responsáveis por
ensinar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos,
pastorear o povo de Deus e proteger a igreja da falsidade. Ele
destaca a necessidade de exercer a liderança em amor e
11
BERKHOF, Luís. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2013.
12
BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada: Eclesiologia, Os Meios
da Graça, Escatologia. Grand Rapids: Baker Academic, 2008.
-59-
Liderança Crista
humildade, buscando sempre o bem da igreja em comunhão
com outros líderes.
Ambos os autores abordam a questão da ordenação dos
presbíteros como uma cerimônia pública que reconhece a
chamada divina para o ministério. A ordenação não confere
poderes mágicos ou especiais, mas é uma confirmação pública
da chamada de Deus.
Essas perspectivas de Berkhof e Bavinck sobre o ministério
do presbítero refletem a importância dos presbíteros como
líderes espirituais na igreja, responsáveis por ensinar a Palavra
de Deus, administrar os sacramentos, pastorear e proteger o
povo de Deus, sempre exercendo sua liderança em amor,
humildade e comunhão com outros líderes da igreja.

6. O Presbiterato na Visão dos Teólogos Modernos

Os teólogos modernos da tradição reformada enfatizam a


importância e o papel fundamental do ministério do presbítero na
igreja.
Segundo J.I. Packer13, os presbíteros são líderes espirituais
responsáveis por ensinar a Palavra de Deus, administrar os
sacramentos, pastorear o povo de Deus e proteger a igreja de
falsos ensinamentos. John Frame14 destaca que os presbíteros
têm a responsabilidade de preservar a ortodoxia cristã e
disciplinar os membros da igreja quando necessário. Michael
Horton15 ressalta que os presbíteros são responsáveis por
administrar os sacramentos e proteger a igreja de falsos
ensinamentos e práticas.

13
J.I. Packer, "Teologia Concisa: Um Guia para Crenças Cristãs Históricas", p. 191.
14
Teologia Sistemática, p. 957.
15
Santo, Santo, Santo: A Doutrina de Deus, p. 313.
-60-
Liderança Crista
No Brasil, os teólogos brasileiros da tradição reformada,
como Augustus Nicodemus Lopes16 e Hernandes Dias Lopes17,
também enfatizam a importância do ministério do presbítero na
liderança espiritual da igreja. Eles destacam que os presbíteros
são chamados a liderar, pastorear, ensinar o povo de Deus,
administrar os sacramentos e proteger a igreja da falsidade.

A liderança dos presbíteros é vista como essencial para a


edificação da igreja e o cumprimento da missão de Deus.
Esses teólogos também ressaltam a importância da
preparação e treinamento dos presbíteros, bem como da
comunhão entre os líderes da igreja. A liderança da igreja deve
ser exercida em amor, humildade e submissão mútua, buscando
sempre o bem da igreja na totalidade. Além disso, os presbíteros
são vistos como guardiões da doutrina e da tradição reformada,
preservando a ortodoxia e a fidelidade às Escrituras.
Em resumo, os teólogos modernos da tradição reformada
destacam a importância do ministério do presbítero na liderança
espiritual da igreja, ressaltando sua responsabilidade de ensinar,
pastorear, administrar os sacramentos e proteger a igreja da
falsidade. Além disso, eles enfatizam a necessidade de
preparação e treinamento dos presbíteros, bem como da
comunhão entre os líderes da igreja e da preservação da
ortodoxia e fidelidade às Escrituras.

Conclusão
Os presbíteros são chamados a ser homens piedosos,
sábios e comprometidos com a Palavra de Deus, tendo como
objetivo a edificação da igreja. A ordenação é vista como uma

16
Teologia Sistemática, p. 706.
17
Comentário Expositivo do Novo Testamento, p. 489.
-61-
Liderança Crista
confirmação pública da chamada divina, e não como uma
concessão de poderes especiais. Os teólogos e líderes da
tradição reformada no Brasil enfatizam a importância do
ministério dos presbíteros, destacando sua liderança espiritual,
preparação e treinamento, bem como a importância da
comunhão entre os líderes da igreja.

Resumo
Este capítulo examina a função e importância dos
presbíteros ao longo da história da Igreja, desde a era dos Pais
da Igreja até os teólogos modernos.
Os Pais da Igreja, como Inácio de Antioquia e João
Crisóstomo, enfatizaram a autoridade e a responsabilidade dos
presbíteros como líderes espirituais e guardiões da fé cristã. Eles
eram encarregados de ensinar, orientar e pastorear a
comunidade cristã, além de administrar os sacramentos e
preservar a tradição apostólica.
Durante a Reforma do século XVI, líderes como João Calvino
e Martinho Lutero reafirmaram o papel vital dos presbíteros na
liderança da Igreja, ensinando, orientando e protegendo o povo
de Deus de ensinamentos errôneos.
As Igrejas Reformadas, por sua vez, enfatizaram a
necessidade de uma liderança compartilhada, com os
presbíteros desempenhando um papel crucial na supervisão e
cuidado da comunidade cristã. Os presbíteros eram
responsáveis pelo ensino da Palavra de Deus, pela
administração dos sacramentos, pela orientação pastoral e pela
disciplina eclesiástica.
Os Símbolos de Fé, como a Confissão de Fé de Westminster
e os Catecismos de Westminster, reiteraram a importância do
presbiterato como um dos ofícios divinamente instituídos na

-62-
Liderança Crista
Igreja, com responsabilidades específicas no ensino, governo,
administração dos sacramentos e disciplina eclesiástica.
Teólogos sistemáticos como Louis Berkhof e Herman
Bavinck enfatizaram a necessidade de os presbíteros serem
líderes espirituais dedicados, chamados por Deus para exercer o
ministério da Palavra e dos sacramentos.
Finalmente, os teólogos modernos, incluindo J.I. Packer e
John Frame, continuaram a sublinhar a importância do
presbiterato na manutenção da ortodoxia cristã e na liderança
espiritual da igreja.
Em suma, o papel e a responsabilidade dos presbíteros são
uma constante ao longo da história da Igreja, destacando sua
grande importância na liderança, ensino, pastoreio e proteção do
povo de Deus.

Capítulo 3
As Qualificações do Presbítero a partir de
1Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9
-63-
Liderança Crista
1Timóteo 3.2-7
1É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível,
esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto,
hospitaleiro, apto para ensinar; 3não dado ao vinho, não
violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento;
4e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob
disciplina, com todo o respeito 5(pois, se alguém não sabe
governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);
6não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e
incorra na condenação do diabo. 7Pelo contrário, é necessário
que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair
no opróbrio e no laço do diabo.

Tito 1.5-9
5 Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em
ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade,
constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: 6alguém que
seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos
crentes que não são acusados de dissolução, nem são
insubordinados. 7Porque é indispensável que o bispo seja
irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não
irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso, de
torpe ganância; 8antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio,
justo, piedoso, que tenha domínio de si, 9apegado à palavra
fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto
para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o
contradizem.

As qualificações para ser um presbítero na igreja cristã são


estabelecidas em Tito 1.5-9 e 1Timóteo 3.1-7. Estas
qualificações visam garantir que os líderes da igreja sejam
indivíduos de caráter exemplar e espiritualmente maduros.
Vamos examinar cada uma dessas qualificações:

-64-
Liderança Crista
1. Qualificações necessárias para o presbiterato

Essas qualificações apresentadas em 1Timóteo 3.1-7 e Tito


1.59 formam um perfil abrangente do tipo de líder que deve
servir como presbítero na igreja cristã. Estas características
positivas refletem um compromisso com a piedade, a integridade
e o serviço amoroso aos outros, proporcionando um exemplo
sólido para a comunidade cristã seguir.

a) Irrepreensível (1Timóteo 3.2; Tito 1.6-7)


Um presbítero deve ter um caráter e comportamento
exemplar, de modo que não haja base legítima para crítica ou
acusação. Um presbítero deve ser alguém que não possui falhas
morais ou éticas graves em sua vida. Ele deve ser visto como
alguém digno de respeito e admiração pela comunidade.

b) Casado com uma só mulher (1Timóteo 3.2; Tito 1.6)


Um presbítero deve ser fiel em seu casamento,
demonstrando lealdade e compromisso com seu cônjuge. Isso
significa que o presbítero deve ser fiel e comprometido com sua
esposa, demonstrando integridade e fidelidade no casamento.

c) Vigilante e sóbrio (1Timóteo 3.2; Tito 1.8)


Um presbítero deve ser prudente e ter autocontrole, capaz de
tomar decisões sábias e equilibradas.

d) Ter filhos crentes


Um presbítero deve ter filhos que sejam seguidores da fé
cristã, o que indica que ele foi capaz de transmitir e cultivar
valores cristãos dentro de sua própria família.

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Liderança Crista
e) Ordem na própria casa (1Timóteo 3.4-5; Tito 1.6)
Um presbítero deve governar bem sua família, demonstrando
habilidades de liderança e cuidado para com sua esposa e filhos.

f) Não dado ao vinho (1Timóteo 3.3; Tito 1.7)


Um presbítero não deve ter problemas com o consumo
excessivo de álcool ou vício em bebidas alcoólicas.

g) Hospitaleiro (1Timóteo 3.2; Tito 1.8)


Um presbítero deve ser acolhedor e generoso, disposto a
ajudar e apoiar os outros. Os presbíteros devem ser pessoas
acolhedoras e generosas, dispostas a abrir suas casas e
corações para os outros. Ser hospitaleiro envolve ser acolhedor,
generoso e disposto a ajudar os outros que precisam de ajuda,
encorajamento ou apoio.

h) Apto para ensinar (1Timóteo 3.2; Tito 1.9)


Um presbítero deve ter a habilidade e o conhecimento
necessários para instruir e aconselhar os outros na fé cristã. Um
presbítero deve ser capaz de comunicar claramente a Palavra de
Deus e ajudar os membros da igreja a crescer em seu
entendimento e aplicação das Escrituras.

i) Amante do bem (Tito 1.8)


Um presbítero deve amar e buscar o bem em todas as áreas
da vida, promovendo a justiça, a verdade e a retidão. Eles
devem valorizar e promover a bondade em suas vidas e na vida
da comunidade cristã. Isso inclui demonstrar bondade,
compaixão e cuidado pelos outros, além de promover a justiça, a
verdade e a retidão.

-66-
Liderança Crista
j) Possuir domínio próprio (Tito 1.8)
Os presbíteros devem ser capazes de controlar suas
emoções, impulsos e desejos, evitando, comportamentos
impulsivos ou prejudiciais. A moderação refere-se ao
autocontrole e equilíbrio em todas as áreas da vida.

k) Sensatos
Os presbíteros devem possuir sabedoria e discernimento
para tomar decisões sábias e orientar os outros em questões
espirituais e práticas.

l) Justo (Tito 1.8)


Um presbítero deve ser honesto, imparcial e tratar os outros
com justiça e equidade. Ser justo implica em agir com
integridade e retidão em todas as situações; tratar os outros com
justiça e equidade.

m) Piedoso (Tito 1.8)


Um presbítero deve ser profundamente comprometido com Deus
e Sua Palavra, buscando viver de acordo com os princípios
bíblicos. A piedade envolve uma profunda reverência e
compromisso com Deus e Sua Palavra.

n) Retendo firme a palavra fiel (Tito 1.9)


Um presbítero deve ter um compromisso sólido com a
verdade das Escrituras e ser capaz de defender e transmitir
corretamente o ensino bíblico. Ele deve se apegar firmemente
aos ensinamentos da Bíblia e estar preparado para instruir os
outros na fé e refutar aqueles que contradizem a verdade.

-67-
Liderança Crista
o) Não ser acusado de dissolução ou insubordinação
Um presbítero não deve ser conhecido por envolver-se em
comportamentos imorais ou desrespeitar a autoridade
estabelecida na igreja.

2. Características a serem evitadas

Paulo também fornece uma lista de características negativas


que um presbítero não deve possuir. Essas qualidades
indesejáveis são contraproducentes para a função de liderança e
podem ser prejudiciais à igreja. Vamos analisar cada uma delas:

a) Violento (1Timóteo 3.3; Tito 1.7)


Um presbítero deve ser gentil e pacífico, evitando a violência
e a agressão em seu comportamento. Um presbítero não deve
ser violento, pois isso vai contra os princípios do amor e do
cuidado que devem caracterizar a liderança na igreja.

b) Torpe ganância (1Timóteo 3.3; Tito 1.7)


Um presbítero não deve buscar lucro financeiro desonesto ou
se envolver em práticas corruptas para enriquecer.

c) Arrogante (Tito 1.7)


Um presbítero não deve ser soberbo ou orgulhoso, mas sim
humilde e disposto a aprender com os outros. Ser soberbo
implica em ter um sentimento excessivo de orgulho, arrogância
ou superioridade em relação aos outros.

d) Iracundo
Um líder iracundo é alguém que se irrita facilmente,
demonstrando falta de controle emocional. Um presbítero não

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Liderança Crista
deve ser iracundo, pois a raiva pode prejudicar relacionamentos,
criar conflitos e causar divisão dentro da comunidade cristã.

e) Dado ao vinho
A expressão “dado ao vinho” se refere a alguém que
consome álcool em excesso ou que é viciado em bebidas
alcoólicas. Um presbítero não deve ter problemas com o álcool,
pois isso pode afetar seu julgamento, sua capacidade de tomar
decisões e o exemplo que ele estabelece para os membros da
igreja.
A fim de garantir o bem-estar espiritual e moral da
comunidade cristã, a liderança da Igreja deve estar atenta às
pessoas que possuem as características negativas listadas em
Tito 1.7, por exemplo por exemplo. Líderes que exibem essas
características indesejáveis podem causar danos significativos à
igreja e prejudicar seu testemunho perante os de fora.
Portanto, é fundamental que os presbíteros sejam escolhidos
com base em seu caráter e retidão moral, e que eles se
esforcem para evitar essas características negativas em sua vida
e ministério.
Conclusão
Em conclusão, no Capítulo 3, investigamos as qualificações
do presbítero com base nos textos de 1Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-
9. Estes versículos bíblicos nos deram uma visão clara dos
padrões morais, éticos e comportamentais que devem ser
buscados em um presbítero, destacando valores como a
integridade, a temperança e a habilidade de ensinar.
Essa análise nos permite entender a seriedade e a dignidade
do papel do presbítero, reafirmando a importância da virtude e
do caráter na liderança eclesiástica. Este entendimento
proporciona uma base sólida para apreciar a responsabilidade e

-69-
Liderança Crista
a importância dos presbíteros na condução de suas
comunidades.

Resumo
No Capítulo 3, analisamos as qualificações necessárias para
o papel do presbítero na igreja cristã, conforme estabelecido em
1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9. A lista de qualificações é
abrangente e salienta a importância de um comportamento
exemplar, uma vida de integridade e uma postura de serviço
amoroso. Entre as qualificações, destacam-se a
irrepreensibilidade, a fidelidade matrimonial, a sobriedade, a
capacidade de ensinar e a manutenção de uma família crente.
Também analisamos as características que um presbítero
deve evitar, tais como a violência, a ganância desmedida, a
arrogância, a ira e o vício em álcool. Estas características podem
ser prejudiciais à igreja e ao testemunho dos presbíteros.
Este capítulo reforça a importância da virtude e do caráter na
liderança eclesiástica, destacando a seriedade e a dignidade do
papel do presbítero. Ao compreendermos plenamente essas
qualificações e expectativas, podemos apreciar a
responsabilidade que os presbíteros têm em guiar suas
comunidades com sabedoria e integridade.

Capítulo 4
Qualificações Fundamentais
Neste capítulo, “Qualificações Específicas”, iremos
aprofundar nossa exploração das qualificações necessárias para

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Liderança Crista
líderes eclesiásticos, concentrando-nos em atributos e
habilidades particulares essenciais para o desempenho eficaz de
suas funções.
Esta análise detalhada irá realçar a complexidade e a
multidimensionalidade do papel de um líder religioso, enfatizando
como cada qualificação contribui para a capacidade de liderar,
orientar e inspirar uma comunidade de fé.
Vamos examinar tanto as qualificações explicitamente
mencionadas nos textos sagrados, como aquelas que são
inferidas a partir de exemplos e contextos históricos.

1. Aptidão para Ensinar

“É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de


uma só mulher, sóbrio, prudente, decoroso, hospitaleiro, apto para
ensinar” - 1Timóteo 3.2

Quando Paulo afirmou que os presbíteros devem ser “aptos


para ensinar”, ele estava enfatizando a importância do
conhecimento e da habilidade na transmissão das Escrituras e
das doutrinas cristãs. Ser “apto para ensinar” implica que o
presbítero deve ter as seguintes habilidades e qualidades:

Conhecimento sólido das Escrituras. Um presbítero deve


ser bem fundamentado nas Escrituras, entendendo tanto o
Antigo quanto o Novo Testamento. Isso inclui conhecer as
histórias bíblicas, os ensinamentos de Jesus e a teologia cristã.

Capacidade de comunicar claramente. Um presbítero apto


para ensinar deve ser capaz de comunicar as verdades bíblicas
e doutrinas cristãs de maneira clara e compreensível para os
membros da igreja. Isso envolve a habilidade de explicar

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Liderança Crista
conceitos complexos de maneira simples e aplicá-los à vida
cotidiana dos fiéis.

Habilidade para instruir e corrigir. Ser “apto para ensinar”


também significa que o presbítero deve ser capaz de instruir os
membros da igreja e corrigi-los, quando necessário, em amor e
sabedoria. Isso inclui a habilidade de confrontar o erro e ensinar
a sã doutrina.

Paciência e empatia. Um presbítero apto para ensinar deve


ser paciente e empático ao lidar com os membros da igreja,
reconhecendo que o crescimento espiritual é um processo que
as pessoas aprendem e amadurecem em diferentes ritmos.

Ser um exemplo de vida cristã. Um presbítero deve ser um


exemplo vivo das verdades que ensina, demonstrando em sua
própria vida o caráter e a conduta que espera dos membros da
igreja.

Portanto, ser “apto para ensinar” é uma qualificação crucial


para os presbíteros, pois uma parte significativa de seu papel na
igreja é fornecer orientação espiritual e instrução aos membros.
Ao cumprir essa função, os presbíteros ajudam a edificar a
comunidade cristã na fé e no conhecimento de Deus.

2. Governar bem a Própria Casa


“Ele deve saber governar bem a própria família, tendo seus filhos
em sujeição, com todo o respeito” - 1Timóteo 3.4.

Agora, ele está destacando a importância de um líder cristão


exercer uma liderança adequada e eficaz em seu próprio lar. O
contexto familiar é considerado uma extensão e um reflexo da

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Liderança Crista
vida espiritual e do caráter de um líder. Vamos examinar alguns
aspectos dessa afirmação:

Responsabilidade familiar. Um presbítero deve ser capaz


de cuidar de sua família, assumindo a responsabilidade de suprir
suas necessidades físicas, emocionais e espirituais. Isso inclui
ser um provedor, protetor e líder espiritual dentro do lar.

Relacionamento conjugal saudável. Governar bem a


própria casa também implica em manter um relacionamento
saudável e amoroso com a esposa. Isso envolve ser fiel,
respeitoso e comprometido no casamento.

Educação e disciplina dos filhos. Um presbítero deve ser


capaz de educar seus filhos nos caminhos do Senhor,
ensinando-lhes valores e princípios cristãos. Isso inclui fornecer
instrução, orientação e disciplina apropriada quando necessário.

Exemplo de caráter cristão. Governar bem a própria casa


significa que o presbítero deve ser um exemplo de caráter cristão
em seu lar. Isso envolve demonstrar amor, paciência, humildade,
serviço e outras qualidades cristãs em seu relacionamento com a
família.

Ordem e harmonia. A casa de um presbítero deve ser


caracterizada pela ordem e harmonia, refletindo uma atmosfera
de paz e amor onde os membros da família se sentem seguros e
apoiados.
Paulo argumenta que, se alguém não consegue governar
bem sua própria casa, como poderia cuidar da igreja de Deus
(1Timóteo 3.5 – “Porque, se alguém não sabe governar a sua
própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?”) A habilidade de

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Liderança Crista
um líder em administrar sua família é vista como um indicador de
como ele administrará e liderará a igreja.
Portanto, governar bem a própria casa é uma qualificação
essencial para os presbíteros, pois demonstra a capacidade de
liderar e cuidar efetivamente dos membros da comunidade cristã.

3. Ter bom Testemunho


“ter bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no
opróbrio e no laço do diabo” - 1Timóteo 3.7.

Paulo está enfatizando a importância de os líderes da igreja


manterem uma boa reputação não apenas entre os membros da
comunidade cristã, mas também entre aqueles que estão for a
da igreja. Vamos analisar os aspectos dessa afirmação:

Bom testemunho dos de fora. Ter um bom testemunho dos


de fora significa que um presbítero deve ser respeitado e bem-
visto por pessoas que não fazem parte da igreja. Isso inclui
vizinhos, colegas de trabalho e outros membros da comunidade
em geral.

Opróbrio. A palavra “opróbrio” se refere à vergonha,


desonra ou má reputação. Se um presbítero tiver uma má
reputação entre aqueles de fora da igreja, isso pode trazer
vergonha e desonra tanto para o indivíduo quanto para a igreja
na totalidade.

Laço do diabo. A expressão “laço do diabo” indica uma


armadilha ou cilada colocada pelo diabo para fazer alguém cair
em pecado ou falha moral. Se um presbítero tiver uma má
reputação entre os de for a, isso pode torná-lo mais suscetível a

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Liderança Crista
ataques e tentações do diabo, levando a possíveis
comprometimentos de sua integridade e liderança espiritual.
Portanto, Paulo estava destacando a importância de os
líderes da igreja serem pessoas íntegras e respeitáveis, não
apenas na comunidade cristã, mas também na sociedade em
geral. Ao manter uma boa reputação entre os de for a, os
presbíteros protegem a si e à igreja das armadilhas do diabo e
fortalecem a posição da igreja como um exemplo de retidão e
amor cristão para o mundo ao seu redor.

4. Irrepreensível como Despenseiro de Deus

Quando Paulo escreveu que o bispo deve ser “irrepreensível


como despenseiro de Deus” (Tito 1.7), ele estava enfatizando a
importância de um líder da igreja possuir um caráter e
comportamento exemplar, uma vez que esse líder representa
Deus e é responsável por administrar e cuidar dos assuntos da
Igreja.
A palavra “despenseiro” vem do grego “oikonomov”, que
significa “administrador” ou “mordomo”. Neste contexto, um
despenseiro de Deus é alguém responsável por administrar e
cuidar dos recursos e assuntos da igreja em nome de Deus. Isso
inclui ensinar a palavra de Deus, cuidar dos membros da igreja,
tomar decisões sábias em relação aos recursos da igreja e
garantir que a missão e os objetivos da igreja sejam cumpridos.
Ao dizer que um bispo deve ser “irrepreensível como
despenseiro de Deus”, Paulo estava sublinhando que os líderes
da igreja têm uma grande responsabilidade diante de Deus e da
comunidade cristã que servem.

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Liderança Crista
Conclusão
Neste capítulo 4, “Qualificações Específicas”, mergulhamos
profundamente nas particularidades das qualificações exigidas
para líderes eclesiásticos. Identificamos uma variedade de
atributos e habilidades, todos fundamentais para o exercício
efetivo da liderança religiosa.
Esta análise detalhada reforçou a importância de cada uma
dessas qualificações na formação de líderes capazes de guiar,
aconselhar e inspirar uma comunidade de fé.
Além disso, ao explorar tanto as qualificações explicitamente
mencionadas nos textos sagrados quanto aquelas inferidas dos
exemplos e contextos históricos, ganhamos uma compreensão
mais rica e matizada do papel vital que um líder religioso
desempenha em sua comunidade.
Com essa base, estamos mais preparados para entender e
apreciar o impacto e a responsabilidade desses líderes na vida
de suas comunidades.
Portanto, é crucial que esses líderes sejam pessoas de
integridade e retidão moral, capazes de administrar sabiamente
os assuntos da igreja e de representar Deus de maneira digna e
honrosa.

Resumo
Este capítulo explora as habilidades e atributos essenciais
para líderes eclesiásticos. São identificadas quatro qualificações
principais.
Aptidão para Ensinar: Segundo 1Timóteo 3.2, líderes devem
ser capazes de ensinar as Escrituras e as doutrinas cristãs. Isso
implica possuir um conhecimento sólido das Escrituras,
habilidade de comunicar claramente, capacidade de instruir e
corrigir, paciência, empatia e exemplificar a vida cristã.

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Liderança Crista
Governar bem a Própria Casa: Baseado em 1Timóteo 3.4, os
líderes devem exercer uma liderança eficaz em seu próprio lar,
refletindo sua vida espiritual e caráter. Isso inclui
responsabilidade familiar, manutenção de um relacionamento
conjugal saudável, educação e disciplina dos filhos, exemplo de
caráter cristão e manutenção de ordem e harmonia na casa.
Ter bom Testemunho: De acordo com 1Timóteo 3.7, os
líderes devem manter uma boa reputação, dentro e fora da
igreja. Isso ajuda a proteger a igreja e fortalece sua posição
como um exemplo de retidão e amor cristão para a sociedade
em geral.
Irrepreensível como Despenseiro de Deus: Segundo Tito 1.7,
os líderes devem ter um caráter e comportamento exemplares,
pois representam Deus e administram os assuntos da Igreja.
Em conclusão, essas qualificações enfatizam a importância
de os líderes eclesiásticos serem pessoas de integridade e
retidão moral, capazes de administrar os assuntos da igreja e
representar Deus de maneira digna e honrosa.

Capítulo 5
O Ministério Prático do
Presbítero
Em resumo, enquanto os presbíteros são líderes espirituais
que governam, pastoreiam e ensinam a igreja, os diáconos são
líderes que servem a igreja em suas necessidades práticas e
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Liderança Crista
materiais. Ambos são ofícios importantes e complementares na
liderança da igreja.

1. Analisando a prática do presbiterato

1Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero


como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda
coparticipante da glória que há de ser revelada: 2pastoreai o
rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento,
mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade; 3nem como dominadores dos
que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do
rebanho - 1Pedro 5.1-3, ARA.

Os presbíteros desempenharam um papel crucial na Igreja


primitiva, garantindo uma liderança espiritual e administrativa
sólida. Eles eram responsáveis por ensinar a Palavra de Deus,
governar a comunidade cristã, resolver conflitos e cuidar
pastoralmente dos membros da igreja. As qualificações para os
presbíteros estabelecidas nas Escrituras garantiam que esses
líderes fossem homens de integridade e piedade, capazes de
guiar a igreja no caminho do Senhor.
O texto acima é uma exortação de Pedro aos presbíteros (ou
anciãos) da igreja, destacando a importância de suas
responsabilidades e o modo como devem exercer seu ministério.
Vamos analisar cada versículo e sua relação com o
ministério do presbítero:
a) “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu,
presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de
Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser
revelada”

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Liderança Crista
Neste versículo, Pedro se identifica como um dos presbíteros
e testemunha dos sofrimentos de Cristo, estabelecendo assim
uma conexão direta e pessoal com seus leitores. Ele apela à sua
experiência e autoridade para enfatizar a importância do que
está prestes a ensinar.
O uso do termo “coparticipante da glória que há de ser
revelada” indica uma esperança futura, sugerindo que o trabalho
do presbítero está conectado a uma recompensa eterna.
Líderes da igreja devem se lembrar que eles compartilham a
mesma vocação e responsabilidade dos primeiros presbíteros,
incluindo o próprio Pedro. Eles são chamados a participar dos
sofrimentos e desafios de sua comunidade, assim como a
partilhar na esperança da glória futura.

b) “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por


constrangimento, mas espontaneamente, como Deus
quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade”

Aqui, o apóstolo instrui os presbíteros a pastorear o rebanho


de Deus, ou seja, a cuidar e guiar os membros da igreja. O
cuidado pastoral deve ser motivado pelo amor a Deus e ao povo
de Deus. Eles devem exercer esse ministério voluntariamente,
consoante a vontade de Deus, e não por ganância ou interesses
pessoais.
Além disso, Pedro exorta os presbíteros a exercerem um
cuidado pastoral adequado, pastoreando o rebanho de Deus
com prontidão e não por obrigação. Também, Pedro enfatiza a
importância de agir segundo a vontade de Deus e não por
motivos egoístas ou interesse pessoal. Essas orientações são
fundamentais para o exercício eficaz do ministério do presbítero
na igreja cristã.

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Liderança Crista
O chamado para pastorear o rebanho de Deus implica em
cuidar, orientar e proteger a congregação. Isso deve ser feito
voluntariamente e com boa vontade, nunca por compulsão ou
por ganho pessoal. Líderes de igreja devem estar atentos às
necessidades de sua congregação e servir com um coração
generoso.

c) “nem como dominadores dos que vos foram confiados,


antes, tornando-vos modelos do rebanho”

Os presbíteros não devem exercer seu ministério de maneira


autoritária ou dominadora. Em vez disso, eles devem ser
modelos de conduta e espiritualidade para a comunidade cristã.
Isso implica humildade, serviço e compromisso com a verdade e
o bem-estar do rebanho. Eles devem liderar pelo exemplo, não
como tiranos, mas como pastores humildes que cuidam de suas
ovelhas.
A liderança na igreja não deve ser exercida como uma forma
de dominação, mas como uma oportunidade para servir e
modelar o comportamento cristão. Líderes devem se esforçar
para ser exemplos de fé, amor e humildade, inspirando os outros
através de suas ações e palavras.
d) “E, quando se manifestar o Sumo Pastor, recebereis a
imperecível coroa da glória”

Por fim, Pedro oferece uma promessa de recompensa eterna


para os presbíteros que cumprem bem seus deveres. A menção
do “Sumo Pastor” é uma referência a Jesus Cristo, reforçando a
conexão entre a liderança terrena da igreja e a liderança celestial
de Cristo. A “imperecível coroa da glória” é apresentada como a
recompensa final para aqueles que servem fielmente.

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Liderança Crista
Os líderes da igreja devem manter uma perspectiva eterna.
Embora haja desafios e dificuldades no presente, há uma
promessa de recompensa futura para aqueles que permanecem
fiéis e cumprem bem seus deveres. Isso pode servir como uma
fonte de encorajamento e motivação em tempos difíceis.

2. Harmonia entre Timóteo, Tito e Pedro

Ao analisar 1Timóteo 3.1-7, Tito 1.5-9 e 1Pedro 5.1-3,


podemos identificar várias qualificações, responsabilidades e
características relacionadas ao ministério do presbítero. Vamos
cruzar esses três trechos bíblicos e destacar os aspectos
importantes do ministério do presbítero:

Qualificações. 1Timóteo 3 e Tito 1 fornecem listas


detalhadas de qualificações que os presbíteros devem possuir.
Algumas dessas qualificações incluem ser irrepreensível, casado
com uma só mulher, vigilante, sóbrio, hospitaleiro, apto para
ensinar, não dado ao vinho, não violento e não cobiçoso. Essas
qualificações ajudam a garantir que os presbíteros sejam líderes
espirituais maduros, íntegros e capazes de orientar e ensinar a
comunidade cristã.

Pastoreio e cuidado. 1Pedro 5.2 exorta os presbíteros a


pastorearem o rebanho de Deus, ou seja, a cuidar e guiar os
membros da igreja. Isso implica oferecer ensino, orientação,
apoio e aconselhamento aos crentes, ajudando-os a crescer na
fé e a viver conforme os ensinamentos de Cristo.

Atitude e motivação. Os presbíteros devem exercer seu


ministério de forma voluntária e altruísta, como Deus quer
(1Pedro 5.2). Eles não devem buscar ganhos financeiros ou
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Liderança Crista
pessoais por meio de seu serviço (1Timóteo 3.3; Tito 1.7), nem
agir como dominadores autoritários (1Pedro 5.3). Em vez disso,
os presbíteros devem servir com humildade e boa vontade,
buscando o bem-estar do rebanho.

Exemplo e liderança. Os presbíteros são chamados a ser


modelos para a comunidade cristã (1Pedro 5.3), demonstrando
um compromisso com a piedade, a integridade e o serviço
amoroso aos outros. Eles devem liderar pelo exemplo,
encorajando os crentes a seguir os ensinamentos de Cristo e a
viver uma vida de fé autêntica.

Defesa da verdade. Tito 1.9 enfatiza a importância de os


presbíteros se apegarem firmemente à Palavra de Deus e serem
capazes de instruir os outros na fé. Eles devem estar preparados
para refutar aqueles que contradizem a verdade e proteger a
comunidade cristã de falsos ensinos e influências nocivas.
Ao cruzar 1Timóteo 3.1-7, Tito 1.5-9 e 1Pedro 5.1-3, vemos
um retrato abrangente do ministério do presbítero na igreja
cristã. Os presbíteros são chamados a ser líderes espirituais
maduros e comprometidos, que cuidam, guiam e ensinam os
crentes, enquanto demonstram humildade, integridade e serviço
altruísta.
3. Estrutura de liderança compartilhada

A liderança compartilhada entre presbíteros, bispos e


diáconos permitiu uma divisão de responsabilidades e uma
cooperação eficaz para atender às necessidades da igreja. A
instrução para pastorear o rebanho de Deus com humildade e
diligência ainda é relevante hoje, à medida que líderes cristãos
continuam a guiar suas congregações no caminho de Cristo.

-82-
Liderança Crista
Ao estudar o papel dos presbíteros no Novo Testamento,
somos lembrados da importância da liderança na igreja e da
responsabilidade que os líderes têm em servir e cuidar da
comunidade cristã. Os princípios estabelecidos no Novo
Testamento sobre a função e qualificações dos presbíteros
fornecem uma base sólida para a liderança eclesiástica.

Conclusão
O ministério prático do presbítero, destacando a importância
de homens piedosos, sábios e comprometidos com a Palavra de
Deus nesse papel de liderança. Foi ressaltado que a ordenação
é uma confirmação pública da chamada divina para o ministério,
e não uma concessão de poderes especiais.
A ênfase foi colocada na liderança espiritual, na preparação
e no treinamento dos presbíteros, assim como na importância da
comunhão entre os líderes da igreja.
Em resumo, o ministério prático do presbítero é essencial
para a edificação da igreja, proporcionando orientação espiritual,
cuidado pastoral e um exemplo de vida piedosa. Os presbíteros
desempenham um papel crucial na condução da igreja, seguindo
os princípios bíblicos e buscando a glória de Deus em tudo o que
fazem.

Resumo
O Capítulo 5, intitulado "O Ministério Prático do Presbítero",
discute o papel crucial dos presbíteros na liderança da Igreja.
São líderes espirituais responsáveis por governar, ensinar e
pastorear a igreja, em contraste com os diáconos, que atendem
às necessidades práticas e materiais da igreja.
Este capítulo analisa as funções do presbítero por meio de
vários versículos bíblicos, destacando a importância de suas
responsabilidades e a maneira como devem exercer seu
-83-
Liderança Crista
ministério. Os presbíteros devem liderar pelo exemplo, pastorear
o rebanho de Deus com amor e boa vontade, sem ganância ou
autoritarismo.
O texto também explora a harmonia entre as instruções
dadas a Timóteo, Tito e Pedro sobre o ministério do presbítero.
As qualificações dos presbíteros incluem integridade, maturidade
espiritual e habilidade para ensinar e guiar a comunidade cristã.
Eles devem servir de forma altruísta e humilde, defendendo a
verdade e servindo como modelos para a comunidade.
Além disso, o capítulo destaca a estrutura de liderança
compartilhada na igreja, com presbíteros, bispos e diáconos
trabalhando juntos para atender às necessidades da
congregação.
Por fim, o capítulo reafirma a importância do ministério
prático do presbítero na edificação da igreja, destacando a
necessidade de líderes piedosos e sábios que estão
comprometidos com a Palavra de Deus. A ordenação é vista
como uma confirmação pública da chamada divina para o
ministério, e não como uma concessão de poderes especiais. O
treinamento adequado e a comunhão entre os líderes da igreja
são enfatizados como componentes essenciais para uma
liderança eficaz.

Módulo 3

O Ofício do Diaconato no

-84-
Liderança Crista

Novo Testamento
Uma Análise Bíblica e Histórica

Os diáconos também devem ser dignos


de respeito, sinceros, não inclinados a
muito vinho e não ávidos de lucro
desonesto. 1Timóteo 3.8

Capítulo 1
O Ofício do Diácono

Agora passaremos a explorar o ofício dos diáconos no Novo


Testamento. Veremos como esse ministério foi estabelecido e
qual é o seu propósito na igreja.

-85-
Liderança Crista
Os diáconos desempenham um papel essencial na vida da
comunidade de fé, pois são responsáveis por servir e cuidar das
necessidades práticas do povo de Deus.
Examinaremos as qualificações e responsabilidades dos
diáconos, conforme descrito nas Escrituras, e como eles são
chamados a ser exemplos de serviço e amor sacrificial. Além
disso, abordaremos a importância da cooperação entre os
diáconos e outros líderes da igreja, buscando a unidade e a
edificação do corpo de Cristo.
Ao longo deste capítulo, veremos como o ofício dos diáconos
é um reflexo do exemplo de Jesus Cristo, que veio para servir e
dar sua vida como um sacrifício pelos outros.

1. Definição de termos

A palavra “diácono” vem do termo grego “diáconos”, que


significa “servo” ou “ministro”. No contexto do Novo Testamento,
o termo é usado para descrever aqueles que servem a igreja em
funções práticas e administrativas. O papel do diácono difere do
pastor e do presbítero, com responsabilidades mais relacionadas
ao ensino e liderança espiritual.

2. A origem do ofício de diácono (Atos 6.1-6)

O contexto da origem do diaconato, tem a ver com o


crescimento da igreja e o surgimento de conflitos internos: “Ora,
naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve
murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas
daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (Atos
6.1).

-86-
Liderança Crista
Devido a isso, surgiu a necessidade de líderes para
cuidarem das necessidades materiais dos crentes (Atos 6.2-4):

“Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e


disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra
de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre
vós sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e
de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e,
quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério
da palavra”

Em Atos 6.5,6, vemos a escolha dos primeiros diáconos e


sua ordenação. Foram escolhidos pela comunidade a partir dos
critérios estabelecidos por Deus:

“A proposta agradou a toda a comunidade; e elegeram


Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe,
Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes,
orando, lhes impuseram as mãos”.

3. As qualificações dos diáconos (1Timóteo 3.8-13)

Da mesma forma como a Bíblia apresenta as qualificações


para o presbítero, ela também apresenta para o diácono. Ele
deve ser uma pessoa digna dessa função e, por isso, deve ter
muita seriedade no comportamento:

“Semelhantemente, quanto aos diáconos, é necessário que


sejam respeitáveis e que não sejam de língua dobre, não

-87-
Liderança Crista
sejam dados a muito vinho, nem cobiçosos de sórdida
ganância” (1Tm 3.8).

O Diácono deve ser sincero e claro no seu falar. Controlar


a língua é um dever de todo cristão, mas, quando diz respeito
aos oficiais da Igreja de Cristo, isso tem um peso maior. Por esta
razão, o apóstolo Paulo diz que os diáconos não podem ser “de
língua dobre” (1Tm 3.8).

O Diácono não pode ser dominado pelos vícios,


principalmente o alcoolismo. Pelo contrário, ele deve ter
temperança para exercer, com zelo, o ministério que Deus
confiou a ele: “Semelhantemente, quanto aos diáconos, ... não
sejam dados a muito vinho, (1Timóteo 3.8).

Além disso, ele deve ser fiel à sã doutrina e à fé.


“Conservando o mistério da fé numa consciência pura”
(1Timóteo 3.9). Dessa forma, fica evidente sua espiritualidade
que deve ser refletida em sua experiência e boa reputação. Por
isso, é necessário que “estes sejam primeiro experimentados; e,
se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato”
(1Timóteo 3.10).
A vida familiar do diácono deve ser exemplar para os
membros da comunidade.

“Da mesma sorte, as esposas dos diáconos sejam elas


respeitáveis, não caluniadoras, temperantes, fiéis em tudo.
Os diáconos sejam maridos de uma só mulher e governem
bem seus filhos e suas próprias casas. Pois os que
desempenharem bem o diaconato, alcançam para si
mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em
Cristo Jesus” (1Timóteo 3.11-13).

-88-
Liderança Crista

4. A importância do serviço dentro da igreja cristã

O serviço é uma parte essencial da vida cristã e é


exemplificado por Jesus Cristo, que veio “não para ser servido,
mas para servir” (Marcos 10.45). Dentro da igreja ajuda a
promover a unidade, a comunhão e a cooperação entre os
membros. Ele também é uma forma de testemunhar o amor de
Cristo à comunidade e ao mundo, demonstrando preocupação
prática pelas necessidades das pessoas.
A Igreja sempre teve a necessidade de líderes que sirvam às
necessidades práticas da comunidade. À medida que a igreja
cresce, torna-se cada vez mais importante ter líderes dedicados
a cuidar das necessidades materiais e administrativas da
comunidade.
A presença de diáconos permite que os pastores e
presbíteros se concentrem em suas responsabilidades
espirituais, como ensinar a Palavra de Deus e orar pela
congregação.
Os diáconos também desempenham um papel importante na
promoção da justiça e da equidade dentro da igreja, garantindo
que as necessidades de todos os membros sejam atendidas de
maneira justa e imparcial.

Conclusão
O Capítulo 1 nos proporcionou uma compreensão mais
profunda do ofício dos diáconos no Novo Testamento. Ficou
evidente que os diáconos desempenham um papel crucial na
igreja, servindo e cuidando das necessidades práticas do povo
de Deus.

-89-
Liderança Crista
Suas qualificações e responsabilidades são claramente
delineadas nas Escrituras, destacando a importância de serem
exemplos de serviço e amor sacrificial.
Ao seguir o exemplo de Jesus, os diáconos buscam imitar
seu espírito de serviço humilde e generoso. Além disso, o
trabalho conjunto entre os diáconos e outros líderes da igreja é
essencial para promover a unidade e a edificação do corpo de
Cristo.
O ofício dos diáconos é uma expressão tangível do amor de
Deus em ação, à medida que eles servem e cuidam das
necessidades daqueles que estão ao seu redor.
Que possamos valorizar e apreciar o ministério dos
diáconos, reconhecendo seu papel vital na construção de uma
comunidade de fé saudável e vibrante.

Resumo
Este capítulo explora a função dos diáconos no contexto do
Novo Testamento. O papel de um diácono é prestar serviços e
atender às necessidades práticas da comunidade cristã,
refletindo o exemplo de serviço e sacrifício de Jesus Cristo.
A origem da palavra "diácono" vem do termo grego
"diáconos", que significa "servo" ou "ministro". A função do
diácono é distinta daquela do pastor ou presbítero, cujas
responsabilidades estão mais ligadas ao ensino e liderança
espiritual.
O capítulo destaca a importância do serviço na igreja, uma
prática exemplificada por Jesus Cristo, que veio para servir, não
para ser servido. O serviço dentro da igreja promove a unidade,
a comunhão e a cooperação entre os membros, além de ser uma
forma tangível de demonstrar o amor de Cristo à comunidade e
ao mundo.

-90-
Liderança Crista
A necessidade de estabelecer o cargo de diácono surgiu da
necessidade de líderes que poderiam atender às necessidades
práticas da crescente comunidade cristã. A presença de
diáconos permite que pastores e presbíteros se concentrem em
suas responsabilidades espirituais.
O capítulo também aborda a origem do ofício de diácono,
como descrito em Atos 6.1-6, e destaca as qualificações para ser
diácono, conforme estabelecido em 1Timóteo 3.8-13. Para ser
um diácono, a pessoa deve ser respeitável, sincera, temperante,
fiel à sã doutrina e à fé, e ter uma vida familiar exemplar.
Em conclusão, os diáconos desempenham um papel crucial
na igreja, servindo e cuidando das necessidades práticas do
povo de Deus. Eles são um exemplo tangível do amor de Deus
em ação e desempenham um papel vital na construção de uma
comunidade de fé saudável e vibrante.

Capítulo 2
A função dos Diáconos na Igreja
A função dos Diáconos é de grande importância para a vida
da Igreja. Ele ajuda na administração da igreja e nas suas
atividades, como também, apoia o ministério dos pastores e
presbíteros.

-91-
Liderança Crista
O diácono é aquele responsável por cuidar dos órfãos e das
viúvas, assistir aos necessitados e cuidar das ofertas da Igreja:

“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos,


houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque
suas viúvas eram desprezadas no ministério diário. Então, os
doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é
razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às
mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa
reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais
encarregaremos deste serviço” (Atos 6.1-3).

As diretrizes bíblicas para os diáconos, não ficam atrás das


exigidas aos presbíteros:

“Da mesma forma, os diáconos devem ser dignos de respeito, não


dados a muito vinho, nem gananciosos, mas sim cheios de
sinceridade. Eles devem guardar o mistério da fé com a
consciência limpa. Antes de tudo, devem ser testados; e, se não
houver nada contra eles, sirvam como diáconos. Da mesma
forma, as mulheres devem ser dignas, não caluniadoras, mas
prudentes e confiáveis em tudo” (1Timóteo 3.8-10).
Esses versículos mostram que os diáconos têm a
responsabilidade de cuidar das necessidades materiais dos
membros da igreja, ajudar na administração da igreja e apoiar
o ministério dos pastores e presbíteros.

1. Exemplos de diáconos no Novo Testamento

a) Estêvão, o mártir (Atos 6.8-7.60)


“Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes
sinais entre o povo. [...] E todos quantos estavam
assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram

-92-
Liderança Crista
o seu rosto como o rosto de um anjo. Então, o sumo
sacerdote perguntou: São estas coisas assim? [...] Então, se
levantaram e arrastaram-no para for a da cidade e
começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram suas
vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram
Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu
espírito!”.

b) Filipe, o evangelista (Atos 8.4-40)


“Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a
Cristo. [...] Então, Filipe, ouvindo-o e vendo os sinais que
fazia, ficou admirado. Pois os espíritos imundos saíam de
muitos endemoninhados, dando gritos, e muitos paralíticos e
coxos foram curados. [...] O anjo do Senhor, porém, falou a
Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o sul, no caminho que
desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se
levantou e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo-mor
de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente
de todos os seus tesouros, vindo adorar em Jerusalém,
regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías”.

Esses versículos mostram exemplos de diáconos no Novo


Testamento, como Estêvão, o primeiro mártir cristão, Filipe, o
evangelista que pregou em Samaria e batizou o eunuco etíope.

2. O impacto do serviço dos diáconos na igreja

Vejamos, pelo menos, três formas como o serviço dos


diáconos pode impactar a Igreja.

-93-
Liderança Crista
a) Promovendo Unidade e Paz: Através do serviço dos
diáconos, a igreja experimenta um aumento na unidade e na paz
na comunidade, como mencionado em Atos 6.7.
b) Permitindo a Focalização no Ministério Espiritual: Os
diáconos facilitam a concentração dos líderes espirituais no
ministério da Palavra e da oração, conforme Atos 6.4.
c) Demonstrando o Amor de Cristo: Através de seu
serviço, os diáconos demonstram o amor e cuidado de Cristo
por aqueles em necessidade.
Assim, os diáconos promovem a unidade e a paz, permitem
que os líderes espirituais se concentrem no ministério da Palavra
e da oração, e testemunham o amor de Cristo aos necessitados.
A importância de seu papel na igreja cristã é reafirmada em
1Timóteo 3.13. Este chamado para servir requer humildade,
conforme Mateus 20.26-28, e todos na igreja devem respeitar,
apoiar e encorajar os diáconos em seu ministério, seguindo
Gálatas 6.9-10: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a
seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso,
enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas
principalmente aos da família da fé”.

Conclusão
Nos dias atuais, a função dos diáconos na igreja continua
sendo de fundamental importância. Numa era marcada por
rápidas mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, o papel
dos diáconos na manutenção da unidade e paz na igreja é mais
vital do que nunca. Eles são essenciais para a construção de
uma comunidade eclesiástica forte, que responda efetivamente
às necessidades de seus membros e do mundo à sua volta.
Com a crescente complexidade das necessidades sociais, os
diáconos têm a responsabilidade de identificar e responder às
demandas materiais e espirituais de seus membros,
-94-
Liderança Crista
especialmente os mais vulneráveis. Seja no cuidado com idosos,
auxílio a famílias em dificuldades, ou orientação a jovens, a
sensibilidade e a ação dos diáconos podem fazer uma grande
diferença.
Além disso, o papel do diácono como um apoiador do
ministério dos pastores e presbíteros é crucial. Em um tempo em
que os desafios ministeriais são cada vez maiores, os diáconos
liberam os líderes espirituais para se concentrarem mais
plenamente na oração e na ministração da Palavra.
No mundo de hoje, onde as pessoas buscam autenticidade e
ações concretas, o serviço dos diáconos pode ser uma poderosa
testemunha do amor de Cristo. Através de seu trabalho prático e
de sua atitude de serviço, eles demonstram o coração de Deus e
Seu cuidado para com todos.
Portanto, a igreja moderna deve valorizar seus diáconos,
apoiando-os e encorajando-os em seu ministério. Cada membro
da igreja tem a responsabilidade de contribuir para um ambiente
que reconheça e celebre o trabalho vital que os diáconos
desempenham. A igreja como um todo será fortalecida quando o
ministério dos diáconos for plenamente apreciado e apoiado.
Resumo
O capítulo 2 foca na função vital dos diáconos na Igreja,
retratando o papel essencial que desempenham na
administração eclesiástica e no apoio aos ministérios dos
pastores e presbíteros.
A função dos diáconos, conforme descrita na Bíblia, estende-
se para além da gestão da igreja, envolvendo também o cuidado
com os membros mais vulneráveis da comunidade, como os
órfãos, viúvas e necessitados. O capítulo apresenta exemplos
notáveis de diáconos do Novo Testamento, como Estêvão e
Filipe, destacando o impacto significativo do serviço diaconal na
vida da Igreja.
-95-
Liderança Crista
O papel dos diáconos na promoção da unidade e da paz na
Igreja é enfatizado, assim como a sua função em permitir que os
líderes espirituais se concentrem mais plenamente no ministério
da Palavra e da oração. Através de seu serviço, os diáconos
demonstram o amor e o cuidado de Cristo por aqueles em
necessidade.
O capítulo também explora as qualificações bíblicas para os
diáconos, que incluem integridade moral e devoção espiritual,
sublinhando a seriedade do ofício diaconal. Além disso, ressalta
a responsabilidade da igreja como um todo em valorizar,
respeitar e apoiar seus diáconos, seguindo as exortações de
Paulo em Gálatas.
Em suma, o capítulo 2 enfatiza a importância dos diáconos
para a vida e o ministério da Igreja, e encoraja todos os
membros da igreja a reconhecer e apoiar o valioso serviço que
os diáconos prestam.

Capítulo 3
A Igreja Reformada e o
Diaconato
A Igreja Reformada valoriza o diaconato como um ofício
importante na vida da igreja, baseado nas Escrituras. Os
diáconos são responsáveis por atender às necessidades práticas
e materiais da comunidade cristã, cuidando dos pobres, doentes,
idosos e viúvas. Eles também administram os recursos
financeiros da igreja e auxiliam na organização de atividades.

-96-
Liderança Crista
Trabalham em conjunto com presbíteros e pastores, buscando
um governo equilibrado e colaborativo.
A seleção para o diaconato é baseada em qualificações
morais e espirituais, incluindo integridade, fé genuína,
autocontrole, hospitalidade e habilidade de gerenciar a própria
família.

1. Os Símbolos de Fé e o Diaconato

a) Confissão de Fé de Westminster:
A Confissão de Fé de Westminster reconhece o diaconato
como um dos ofícios instituídos por Cristo na Igreja, destacando
que os diáconos têm a responsabilidade de promover a paz e a
edificação da igreja, segundo a Bíblia Sagrada.

Os oficiais que Cristo instituiu na sua Igreja, debaixo do


nome de bispos ou presbíteros e diáconos, são
especialmente encarregados de promover a paz e edificação
da igreja, conforme a Bíblia Sagrada os descreve.18

b) Catecismo Maior de Westminster:


O Catecismo Maior de Westminster, menciona o diaconato
como um dos ofícios especiais instituídos por Cristo na Igreja
sob o Novo Testamento, juntamente com o ofício de bispos
(presbíteros). No entanto, ele não aprofunda as
responsabilidades e qualificações específicas dos diáconos.

Os ofícios especiais que Cristo instituiu na sua Igreja


debaixo do Novo Testamento são os de bispos, ou
presbíteros, e diáconos19.
18
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 25, Seção 3.
19
Catecismo Maior de Westminster, Pergunta 63.
-97-
Liderança Crista

Ambos os documentos, a Confissão de Fé de Westminster e


o Catecismo Maior de Westminster, reconhecem e valorizam o
diaconato como um ofício importante na Igreja. É importante
ressaltar que os detalhes específicos sobre as responsabilidades
e qualificações dos diáconos podem ser encontrados em outros
documentos confessionais e regulamentos das igrejas
presbiterianas, bem como nas Escrituras.

2. O Ofício do Diaconato na Constituição da Igreja


Presbiteriana do Brasil
A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil aborda o
ministério do diácono principalmente no Livro de Ordem. Os
artigos relevantes incluem:
Capítulo V - Dos Oficiais da Igreja: Apresenta os dois ofícios
permanentes da igreja: presbíteros e diáconos. (Artigo 5)
Capítulo VI - Dos Presbíteros: O Artigo 14 descreve que os
presbíteros devem supervisionar o trabalho dos diáconos.
Capítulo VII - Dos Diáconos: Trata especificamente do ofício
do diácono. Os artigos relevantes incluem:
a) Artigo 18: Define o diácono como um oficial da igreja
responsável pelo cuidado com a congregação, especialmente
em relação às necessidades materiais dos membros e à
administração dos bens da igreja.
b) Artigo 19: Explica como os diáconos são eleitos,
sendo necessário o voto da maioria da congregação, e que, após
serem eleitos e ordenados, permanecem no exercício do cargo
enquanto forem fiéis.
c) Artigo 20: Descreve as funções específicas dos
diáconos, como cuidar das pessoas necessitadas, visitar os
doentes, administrar os recursos da igreja e assistir no culto
público e na celebração da Ceia do Senhor.
-98-
Liderança Crista
Capítulo VIII - Da Ordenação e Instalação dos Oficiais: O
Artigo 26 menciona a ordenação e instalação dos diáconos como
parte do processo pelo qual os oficiais são admitidos em seus
cargos na igreja.
Esses são os artigos principais da Constituição da Igreja
Presbiteriana do Brasil que tratam do ministério do diácono na
igreja. Eles fornecem uma visão geral das responsabilidades,
funções e processo de eleição e ordenação dos diáconos.

Conclusão
No contexto atual, o papel dos diáconos na Igreja Reformada
continua a ser um pilar essencial na manutenção e promoção do
bem-estar da comunidade cristã. A sua responsabilidade de
cuidar dos necessitados, gerir os recursos da igreja e apoiar na
organização de atividades é ainda mais relevante em um mundo
que enfrenta desafios sociais e econômicos significativos.
A pandemia de COVID-19, por exemplo, aumentou as
necessidades materiais e espirituais dentro das comunidades, e
os diáconos têm sido fundamentais para responder a essas
demandas. Eles têm servido como pontos de ligação entre a
igreja e as pessoas em situação de vulnerabilidade,
coordenando a distribuição de alimentos e assistência financeira,
oferecendo apoio emocional e espiritual, e trabalhando em
conjunto com outras organizações para maximizar o impacto da
ajuda.
Além disso, o avanço da tecnologia tem desafiado a Igreja
Reformada a adaptar seus métodos de trabalho e ministério. Os
diáconos têm um papel crucial nesse processo, pois podem
liderar iniciativas para utilizar a tecnologia de maneira eficaz na
igreja, como a implementação de plataformas digitais para
doações e comunicação com a comunidade, e o

-99-
Liderança Crista
desenvolvimento de programas online para educação cristã e
discipulado.
O diaconato também tem uma importância simbólica na
atualidade. A presença e o trabalho dos diáconos na igreja
demonstram o compromisso da Igreja Reformada com a justiça
social e a compaixão, valores centrais do Evangelho de Cristo.
Eles são um lembrete vivo da vocação da igreja para servir ao
próximo, especialmente aos mais vulneráveis.
Em conclusão, o diaconato na Igreja Reformada tem um
papel crucial nos dias de hoje, tanto na prática do cuidado
comunitário quanto na demonstração do amor de Cristo através
do serviço. Assim, é fundamental que as igrejas continuem a
valorizar, apoiar e investir neste ofício, para que possam cumprir
sua missão da melhor maneira possível.

Resumo
O Capítulo 3 enfoca o papel dos diáconos dentro do contexto
da Igreja Reformada. Ele destaca a importância do diaconato
como um ofício essencial que atende às necessidades práticas e
materiais da comunidade cristã. O diácono não apenas
administra os recursos financeiros da igreja e auxilia na
organização de atividades, mas também se dedica ao cuidado
dos mais vulneráveis, como os pobres, doentes, idosos e viúvas.
Os diáconos trabalham em harmonia com presbíteros e
pastores, buscando um governo equilibrado e colaborativo
dentro da igreja. Sua seleção baseia-se em qualificações morais
e espirituais, que incluem integridade, fé genuína, autocontrole,
hospitalidade e habilidade de gerenciar a própria família.
O capítulo também destaca o reconhecimento do diaconato
em documentos importantes da Igreja Reformada, como a
Confissão de Fé de Westminster e o Catecismo Maior de

-100-
Liderança Crista
Westminster. O diaconato é reconhecido como um ofício
instituído por Cristo na Igreja, cujo objetivo é promover a paz e a
edificação da igreja.
Além disso, o capítulo examina a Constituição da Igreja
Presbiteriana do Brasil, que detalha o ofício do diácono, suas
responsabilidades, funções e o processo de eleição e
ordenação.
No contexto atual, o papel dos diáconos é ainda mais
relevante, principalmente devido aos desafios sociais e
econômicos significativos que o mundo enfrenta. Eles têm
servido como pontos de ligação entre a igreja e as pessoas em
situação de vulnerabilidade, coordenando a distribuição de
assistência, oferecendo apoio emocional e espiritual e
trabalhando em conjunto com outras organizações para
maximizar o impacto da ajuda. O diaconato é crucial para
demonstrar o compromisso da Igreja Reformada com a justiça
social e a compaixão, valores centrais do Evangelho de Cristo.
Conclusão
Em conclusão, o curso de liderança cristã que
desenvolvemos juntos abordou vários aspectos importantes da
liderança na igreja, focando no exemplo bíblico, na prática desse
ministério atualmente. Ao longo do curso, analisamos a vida e o
ministério de Neemias, um líder que demonstrou grande
habilidade e sabedoria no processo de reconstrução de
Jerusalém. Também examinamos o exemplo de liderança
servidora de Jesus Cristo e como Ele encorajou seus discípulos
a seguirem esse modelo.
Discutimos também o papel dos oficiais na Igreja
Presbiteriana do Brasil, incluindo os presbíteros e diáconos, e
como suas funções contribuem para o funcionamento eficiente e
harmonioso da igreja. Adicionalmente, abordamos as

-101-
Liderança Crista
qualificações e responsabilidades desses oficiais, bem como a
importância de serem fiéis dizimistas.
Ao longo do curso, vimos que a liderança cristã envolve uma
combinação de habilidades, conhecimento bíblico, humildade e
serviço aos outros. Líderes cristãos devem estar dispostos a
aprender, crescer e se adaptar, a fim de conduzir efetivamente
suas congregações em um mundo em constante mudança. Além
disso, líderes devem ser exemplos de integridade, justiça e
amor, refletindo o caráter de Cristo em suas ações e atitudes.
Esperamos que este curso de liderança cristã tenha
fornecido aos participantes uma base sólida para seu
desenvolvimento contínuo como líderes em suas igrejas e
comunidades. Que todos possam aplicar os princípios e lições
aprendidas neste curso para exercer uma liderança eficaz,
impactando positivamente as vidas daqueles que servem e
glorificando a Deus em tudo que fizerem.

Módulo 4

A IPB e os

Ofícios Bíblicos
Uma Visão Denominacional

Tudo, porém, seja feito com decência


e ordem.
1Coríntios 14.40

-102-
Liderança Crista

Capítulo 1
Uma Análise Histórica e
Denominacional
Compreenderemos o papel e a importância desses líderes
na estrutura e no funcionamento da igreja. A Igreja Presbiteriana
do Brasil tem uma rica tradição e história, e os presbíteros
desempenham um papel vital nessa comunidade de fé.
Veremos como a liderança dos presbíteros é exercida, suas
responsabilidades e a importância de seu ministério para o
crescimento espiritual e a edificação da igreja.
Vamos explorar os princípios teológicos e práticos que
fundamentam o ministério dos presbíteros na Igreja Presbiteriana
do Brasil, destacando o compromisso com a Palavra de Deus, a
oração, o discipulado e o cuidado pastoral.

-103-
Liderança Crista
Ao longo deste capítulo, iremos examinar como os
presbíteros se envolvem na vida da igreja, orientando, ensinando
e liderando o povo de Deus em seu caminho de fé.

1. A Origem do Presbiterianismo

A origem do presbiterianismo está ligada à Reforma


Protestante do século XVI, um movimento que buscava purificar
e reformar a Igreja Católica Romana de práticas e doutrinas
consideradas corrompidas ou não-bíblicas. O presbiterianismo,
em particular, tem suas raízes na Reforma Escocesa liderada
por John Knox, um discípulo de João Calvino, o reformador suíço
que desenvolveu a teologia calvinista.
“Presbiteriano” é um termo que vem do grego “Presbuterov”,
que significa “ancião” ou “presbítero”. O sistema de governo
presbiteriano é baseado na liderança dos presbíteros, eleitos
pelos membros da igreja para supervisionar e tomar decisões em
conjunto. Essa estrutura de governo foi desenvolvida a partir da
interpretação das Escrituras e do exemplo das igrejas do Novo
Testamento.
No século XVI, a Escócia adotou o presbiterianismo como
sua forma oficial de governo eclesiástico. John Knox, o líder da
Reforma Escocesa, influenciou a criação da Igreja da Escócia,
que se tornou a primeira igreja presbiteriana do mundo. A partir
da Escócia, o presbiterianismo se espalhou para outros países,
como Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, Canadá e,
eventualmente, para outras partes do mundo, incluindo a
América Latina e a África.
Hoje, o presbiterianismo é uma das principais denominações
protestantes, com uma rica história e tradição que remonta à
Reforma Protestante e aos ensinamentos de João Calvino e
John Knox.
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Liderança Crista

2. O Sistema de Governo da IPB


O governo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) é
considerado conciliar no sentido de que é baseado na
colaboração, na tomada de decisões em conjunto e na
supervisão mútua entre os líderes da igreja em diferentes níveis.
O termo “conciliar” refere-se ao fato de que as decisões são
tomadas em conselhos, que são órgãos colegiados compostos
por presbíteros eleitos.
A Igreja Presbiteriana do Brasil adota um sistema de governo
presbiteriano, que se baseia no modelo de liderança e
organização encontrados no Novo Testamento. Esse sistema de
governo destaca a autoridade coletiva e a responsabilidade
compartilhada entre os líderes da igreja, como pastores e
presbíteros, em vez de uma liderança centralizada ou
hierárquica.
O sistema de governo presbiteriano da Igreja Presbiteriana
do Brasil enfatiza a cooperação e a colaboração entre os
presbíteros docentes e regentes, reconhecendo as funções
distintas e complementares que cada um desempenha na vida
da igreja. Juntos, eles buscam promover a saúde espiritual e a
maturidade da congregação, além de fornecer liderança, ensino
e cuidado pastoral adequados.
As principais características do sistema de governo
presbiteriano da IPB incluem:

a) Sistema representativo e escalonado


O sistema de governo presbiteriano da IPB reflete o
compromisso com os princípios bíblicos e reformados de
liderança servidora, cooperação, responsabilidade compartilhada
e fidelidade à Palavra de Deus, buscando sempre o bem-estar

-105-
Liderança Crista
espiritual e material de suas congregações e o avanço do Reino
de Deus.
A IPB adota um sistema representativo e escalonado de
governo, em que os membros da igreja local elegem seus
presbíteros, que por sua vez participam das instâncias regionais
e nacionais de governo da igreja. Isso garante a participação e a
representatividade das igrejas locais em todos os níveis de
decisão.
O sistema de governo presbiteriano da IPB busca promover
a colaboração, a responsabilidade compartilhada e a supervisão
mútua entre os líderes da igreja, buscando sempre o bem-estar
espiritual e material de suas congregações e a fidelidade à
Palavra de Deus e aos princípios reformados que fundamentam
sua fé e prática.
Esse modelo de governo enfatiza a importância do trabalho
em equipe e do comprometimento conjunto dos líderes na
tomada de decisões e na condução das atividades da igreja. Os
pastores e presbíteros, juntos no conselho da igreja local,
colaboram e compartilham responsabilidades no planejamento,
na organização e na supervisão de todos os aspectos da vida da
igreja.
Através das instâncias regionais e nacionais (presbitérios,
sínodos e Assembleia Geral), a Igreja Presbiteriana do Brasil
garante que a liderança e a administração da igreja sejam
conduzidas de maneira democrática e representativa, permitindo
a participação dos membros e a comunicação entre as diferentes
igrejas locais.

b) Conselho da Igreja
Em cada igreja local, há um conselho formado pelo pastor e
pelos presbíteros regentes. Esse conselho é responsável por

-106-
Liderança Crista
administrar a igreja, cuidar de sua vida espiritual e exercer a
disciplina quando necessário.

c) Presbitério
As igrejas locais são agrupadas em presbitérios, que são
órgãos regionais compostos por pastores e presbíteros regentes
das igrejas sob sua jurisdição. O presbitério tem a
responsabilidade de supervisionar as igrejas locais, cuidar da
formação e ordenação de novos ministros e presbíteros, e zelar
pela doutrina e prática das igrejas em sua região.

d) Sínodo
Os presbitérios são agrupados em sínodos, que são órgãos
de abrangência estadual ou regional. Os sínodos são compostos
por pastores e presbíteros regentes com a função de
supervisionar os presbitérios, promover a cooperação entre eles
e cuidar de questões administrativas e doutrinárias em seu
âmbito.

e) Supremo Concílio
Na IPB a Assembleia Geral é o órgão máximo da Igreja,
composto por pastores e presbíteros regentes de todo o país.
Essa Assembleia Geral se reúne a cada quatro anos para tomar
decisões importantes para a igreja na totalidade, revisar a
Constituição, tratar de questões doutrinárias e administrativas e
coordenar a atuação da IPB em âmbito (inter)nacional.
A supervisão mútua entre os líderes da igreja e as instâncias
de governo contribui para a manutenção da integridade
doutrinária, a promoção da justiça e a prevenção de abusos de
poder ou de desvios na condução dos ministérios. Essa
supervisão é exercida por meio de visitas pastorais, relatórios e

-107-
Liderança Crista
encontros regulares entre os líderes das igrejas locais,
presbitérios, sínodos e da Assembleia Geral.

Conclusão
Ficou claro que os presbíteros desempenham um papel vital
nessa comunidade de fé, exercendo liderança, orientação e
ensino fundamentados nos princípios teológicos e práticos da
Palavra de Deus.
Sua responsabilidade vai além de meramente ocupar uma
posição, mas envolve um compromisso com o cuidado pastoral,
o discipulado e o crescimento espiritual dos membros da igreja.
Os presbíteros se engajam ativamente na vida da igreja,
promovendo a edificação do corpo de Cristo através do ensino
da Palavra, da oração e do pastoreio do povo de Deus. É por
meio desse ministério dos presbíteros que a igreja se fortalece e
caminha em direção à maturidade espiritual.

Resumo
O Capítulo 1 apresenta uma análise histórica e
denominacional do papel dos presbíteros na Igreja Presbiteriana
do Brasil. Esses líderes têm funções vitais na comunidade,
incluindo ensino, orientação e liderança, fundamentadas nos
princípios teológicos e práticos da Palavra de Deus. Além disso,
eles têm responsabilidades que incluem o cuidado pastoral,
discipulado e promoção do crescimento espiritual dos membros
da igreja.
O texto diferencia os papéis de presbíteros e diáconos,
destacando que os primeiros são líderes espirituais
encarregados de ensinar a Palavra de Deus, pastorear o povo e
governar a igreja, enquanto os diáconos são responsáveis pelo
cuidado prático e material da comunidade.
-108-
Liderança Crista
A origem do presbiterianismo é rastreada até a Reforma
Protestante do século XVI, com raízes específicas na Reforma
Escocesa liderada por John Knox, um discípulo de João Calvino.
O presbiterianismo se espalhou a partir da Escócia para muitos
outros países, incluindo o Brasil.
O sistema de governo da Igreja Presbiteriana do Brasil é
conciliar, baseado na colaboração, na tomada de decisões em
conjunto e na supervisão mútua entre os líderes da igreja em
diferentes níveis. Esse sistema de governo presbiteriano destaca
a autoridade coletiva e a responsabilidade compartilhada entre
os líderes da igreja. A estrutura de governo é representativa e
escalonada, envolvendo conselhos locais da igreja, presbitérios,
sínodos e a Assembleia Geral, a qual é o órgão máximo da IPB.
O papel dos presbíteros, portanto, é crucial na Igreja
Presbiteriana do Brasil, não apenas como ocupantes de uma
posição, mas como comprometidos com o cuidado pastoral e o
crescimento espiritual da igreja.
Capítulo 2
Classificação dos Oficiais na Igreja
Presbiteriana do Brasil
Neste capítulo, exploraremos a classificação dos oficiais na
Igreja Presbiteriana do Brasil. A Igreja Presbiteriana do Brasil
tem uma estrutura organizacional bem definida, baseada em
princípios e valores reformados.
Dentro dessa estrutura, existem diferentes oficiais que
desempenham papéis distintos na liderança e na administração
da igreja. Esses oficiais incluem presbíteros, diáconos e ministros
do evangelho.
Cada um desses oficiais tem responsabilidades específicas,
definidas pela Palavra de Deus e pelos princípios
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Liderança Crista
denominacionais. Nesta exploração, veremos como esses oficiais
são classificados, suas funções e como trabalham juntos para
promover o crescimento espiritual e a edificação da igreja.
A classificação dos oficiais na Igreja Presbiteriana do Brasil é
uma parte importante de sua estrutura organizacional e contribui
para a efetividade do ministério e do serviço cristão.

1. A Diferença entre o Presbítero e o Diácono

Na Bíblia, os presbíteros (ou anciãos) e os diáconos são


apresentados como dois ofícios distintos e complementares na
liderança da igreja. A Igreja Presbiteriana do Brasil, segue o
ensinamento bíblicos quanto aos oficiais presbíteros e diáconos.

a) Os Presbíteros
Os presbíteros são líderes espirituais e administrativos com a
responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus, pastorear o povo
de Deus, administrar os sacramentos e governar a igreja. Eles são
chamados a guiar a igreja na verdade e protegê-la de falsos
ensinamentos e ensinamentos heréticos.
Os presbíteros são descritos como “aqueles que governam
bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda
a modéstia” (1Timóteo 3.4-5) e como “aqueles que trabalham na
palavra e no ensino” (1Timóteo 5.17). Os presbíteros são
divididos em presbíteros docentes (pastores) e presbíteros
regentes
(anciãos).

b) Os Diáconos
Já os diáconos são líderes com a responsabilidade de servir a
igreja em suas necessidades práticas e materiais. Eles são

-110-
Liderança Crista
chamados a cuidar dos pobres e necessitados, distribuir recursos
e ajudar em outras questões práticas da Igreja (ver Módulo 3).
Eles são descritos como “homens de boa reputação, cheios do
Espírito Santo e de sabedoria” (Atos 6.3) e como “ministradores
dos diversos dons de Deus” (1Pedro 4.10); membros leigos eleitos
para servir na assistência e no cuidado dos necessitados,
coordenando atividades de caridade, ajuda mútua e promoção da
comunhão entre os membros da igreja, além de auxiliarem em
questões administrativas e de manutenção das instalações da
igreja.

2. O Presbítero Docente

O presbítero docente, ou pastor, tem um papel crucial na


igreja local e na denominação, exercendo funções de autoridade,
liderança e ensino dentro do sistema de governo conciliar
presbiteriano. Ele é responsável pela pregação, ensino, orientação
espiritual e administração dos sacramentos, além de cuidar
pastoralmente dos membros. Sua liderança não é autoritária, mas
de um líder-servo que orienta e prepara a congregação para servir
a Deus e aos outros. Ele lidera:

a) Ensinando e pregando, o pastor é responsável por


instruir a congregação sobre a fé, doutrina e vida cristã,
contribuindo para o crescimento espiritual dos membros e
fortalecimento da comunidade de fé.
b) Ele administra os sacramentos do batismo e da Ceia do
Senhor, rituais fundamentais na teologia presbiteriana.
c) O pastor também oferece orientação espiritual e
pastoral, fornecendo aconselhamento, apoio emocional, e
assistência prática, incluindo visitas a enfermos e enlutados.

-111-
Liderança Crista
d) No governo da igreja, o pastor trabalha em parceria
com os presbíteros regentes para supervisionar o ministério e as
atividades da congregação, garantindo a aderência aos princípios
e práticas da Constituição da IPB.
e) Com os presbíteros regentes, o pastor é responsável
por manter a disciplina na igreja, promovendo a santidade, a
unidade e a saúde espiritual da congregação.
Em resumo, o papel do presbítero docente é essencial para
nutrir, guiar e cuidar da congregação, promovendo a saúde
espiritual, a unidade e o crescimento da igreja.

3. O Presbítero Regente

A Igreja Presbiteriana do Brasil, que opera sob um sistema de


governo presbiteriano, define na sua Constituição, as funções e
responsabilidades dos seus líderes, incluindo os presbíteros
regentes. Aqueles que são presbíteros regentes são membros
leigos eleitos, que trabalham em conjunto com o pastor no
governo da igreja local, participam de conselhos e presbitérios, e
orientam e cuidam pastoralmente dos membros.
As funções do presbítero regente conforme a Constituição da
Igreja Presbiteriana do Brasil incluem:

a) No governo e administração da Igreja, os presbíteros


regentes, juntamente com os presbíteros docentes (pastores),
formam o Conselho da Igreja. Eles são responsáveis por decisões
conjuntas sobre o ministério, finanças, propriedades e outras
questões relevantes.
b) Eles também têm a responsabilidade de supervisão e
cuidado pastoral dos membros da igreja, que podem envolver
visitas pastorais, aconselhamento, ensino e apoio nas
necessidades espirituais e emocionais da congregação.

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Liderança Crista
c) Juntamente com os presbíteros docentes, os
presbíteros regentes mantêm a disciplina na igreja, lidando com
questões de disciplina eclesiástica conforme necessário.
d) Podem ser eleitos como representantes de sua igreja
local em tribunais superiores, contribuindo para a tomada de
decisões e supervisão das igrejas em níveis regionais e nacionais.
e) Auxiliam os presbíteros docentes no culto público e na
administração dos sacramentos, e podem ser chamados a liderar
a adoração, orar, ler as Escrituras e participar de outras
atividades relacionadas ao culto.
f) Podem desempenhar um papel na educação cristã e no
discipulado, ensinando classes da Escola Dominical, liderando
estudos bíblicos e ajudando a treinar e equipar os membros da
igreja.
Em resumo, as funções do presbítero regente refletem o
compromisso da Igreja Presbiteriana do Brasil com um sistema
de governo presbiteriano e a importância de uma liderança
compartilhada e responsável. Juntos, os presbíteros regentes e
docentes trabalham para promover a saúde espiritual, a unidade
e o crescimento da Igreja.

4. A Forma de Escolha dos Presbíteros e


Diáconos

Na Igreja Presbiteriana do Brasil, os presbíteros e os


diáconos, são selecionados por meio de um processo que inclui a
indicação, eleição e ordenação. Os candidatos são escolhidos
pelos membros da igreja, considerando os requisitos bíblicos para
o presbítero (1Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9). O processo de seleção
dos presbíteros é conduzido pelos membros em comunhão, que
votam nos candidatos mais adequados para o ministério.

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Liderança Crista
Após uma avaliação teológica e pastoral, os candidatos são
apresentados à igreja para a eleição. Os oficiais eleitos são então
ordenados em uma cerimônia pública, reconhecendo sua
chamada divina e conferindo autoridade para exercer o
ministério na igreja.

Conclusão
A classificação dos oficiais na Igreja Presbiteriana do Brasil é
um aspecto fundamental de sua estrutura organizacional. Os
presbíteros regentes e docentes desempenham papéis vitais na
liderança e na administração da igreja, enquanto os diáconos têm
a responsabilidade de servir e cuidar das necessidades práticas do
povo de Deus.
A classificação desses oficiais é baseada em princípios
bíblicos e é conduzida por meio de um processo que envolve a
indicação, eleição e ordenação. Os oficiais são escolhidos pela
comunidade da igreja, que busca candidatos piedosos, sábios e
qualificados para o ministério.
Através dessa classificação dos oficiais, a Igreja Presbiteriana
do Brasil busca seguir os princípios bíblicos e promover a
efetividade do ministério e serviço cristão.

Resumo
O Capítulo 2 descreve a classificação dos oficiais na Igreja
Presbiteriana do Brasil, destacando sua estrutura organizacional
baseada em princípios reformados. Os oficiais são divididos em
presbíteros e diáconos, cada um com funções específicas.
Os presbíteros são subdivididos em docentes (pastores) e
regentes (anciãos), ambos com papéis de liderança espiritual e
administrativa, mas com responsabilidades diferenciadas. Tem os
presbíteros docentes que focam em pregação, ensino, orientação
espiritual e administração dos sacramentos. Os presbíteros
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Liderança Crista
regentes, membros leigos eleitos, colaboram na governança da
igreja local, participam de conselhos e presbitérios, e orientam e
cuidam pastoralmente dos membros.
Diáconos são membros leigos eleitos para assistir e cuidar dos
necessitados, coordenando atividades de caridade, ajuda mútua e
promoção da comunhão, além de auxiliar em questões
administrativas e de manutenção da igreja.
O processo de seleção dos presbíteros envolve indicação,
eleição e ordenação, com candidatos selecionados pelos membros
da igreja com base em requisitos bíblicos. A classificação de
oficiais é um aspecto fundamental da estrutura organizacional da
Igreja Presbiteriana do Brasil, focada em seguir princípios
bíblicos e promover a efetividade do ministério e serviço cristão.

Capítulo 3
Os Oficiais da Igreja e a
Doutrina da Mordomia Cristã
Na Igreja Presbiteriana do Brasil, os oficiais, incluindo
pastores (presbíteros docentes) e anciãos (presbíteros regentes),
são chamados a ser exemplos de vida cristã e compromisso com a
igreja.
Como oficiais da IPB, os pastores e anciãos têm a
responsabilidade de liderar a igreja e promover o crescimento do
Reino de Deus, sendo exemplos de mordomia para os demais
membros da Igreja.

1. A doutrina da mordomia cristã

-115-
Liderança Crista
A doutrina da mordomia cristã, em sua essência, é o
entendimento de que tudo que temos e somos pertence a Deus e
somos administradores temporários desses recursos na terra. Ela
inclui nossas habilidades, tempo, dinheiro, posses e até mesmo
nossas vidas.
Nesse contexto, os oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil
(IPB), sejam eles presbíteros ou diáconos, podem ser exemplo
para os demais membros da igreja de diversas maneiras.

a) Vida pessoal
Os oficiais devem buscar viver uma vida que reflita a doutrina
da mordomia cristã. Isso envolve ser generoso, usar bem o tempo,
cuidar de sua saúde física e mental, desenvolver seus dons e
talentos para a glória de Deus, e ser um bom administrador de
suas posses.
b) Ensino
Como líderes da igreja, os oficiais têm a responsabilidade de
ensinar sobre a doutrina da mordomia cristã. Eles podem fazer
isso por meio de sermões, estudos bíblicos, grupos pequenos, e
outros contextos de ensino.

c) Discipulado
Os oficiais também podem modelar a mordomia cristã por
meio do discipulado pessoal. Ao gastar tempo com outros
membros da igreja, eles podem demonstrar como viver essa
doutrina no dia a dia.

d) Serviço
O serviço é uma parte importante da mordomia cristã. Os
oficiais podem mostrar como servir aos outros em amor e
humildade, seja dentro da igreja ou na comunidade mais ampla.

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Liderança Crista
e) Generosidade
Os oficiais podem dar o exemplo de generosidade financeira,
contribuindo para a igreja e para outras causas de maneira
sacrificial e alegre.

f) Administração da Igreja
Como administradores da igreja, os oficiais podem modelar a
boa mordomia cuidando bem dos recursos da igreja, sejam eles
financeiros, materiais ou humanos.

g) Oração
A mordomia cristã também envolve a oração. Os oficiais
podem encorajar e modelar uma vida de oração, lembrando-se de
que nosso tempo e nossas preocupações também pertencem a
Deus.
Por fim, é importante lembrar que ninguém é perfeito e todos
estamos em um processo de crescimento. Os oficiais da igreja,
como todos os cristãos, precisam da graça de Deus e do poder do
Espírito Santo para viver a mordomia cristã de maneira fiel.

2. Exemplo de vida cristã

Ser um oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil requer não


apenas uma chamada e qualificação teológica, mas também uma
vida exemplar como seguidor de Cristo. Os oficiais da igreja
devem ser exemplos em todos os aspectos de suas vidas. Vejamos
alguns desses aspectos:

a) Dízimos e ofertas
A IPB ensina que o dízimo é um princípio bíblico e uma
prática que deve ser seguida pelos cristãos. Ser um dizimista fiel é

-117-
Liderança Crista
uma forma de os oficiais permanecerem coerentes com essa
teologia e aplicá-la em suas próprias vidas.
Ao serem dizimistas fiéis, os oficiais contribuem para o
suprimento das necessidades da igreja, como a manutenção do
templo, os projetos evangelísticos, o apoio a missionários, a
educação cristã, o ministério pastoral e o auxilia aos necessitados.
O dízimo, mais as ofertas, são a única fonte de recursos para a
igreja. Através dos dízimos e ofertas, a Igreja mantém seu
funcionamento e sua expansão.
O dízimo é uma forma prática de investir no avanço da obra de
Deus. Ser um dizimista fiel mostra aos membros da congregação
a importância de apoiar financeiramente a igreja e suas
atividades. Fazendo assim o oficial demonstra de forma prática o
seu compromisso e fidelidade a Deus.
Além disso, ao dar o dízimo, o oficial da IPB demonstra uma
vida de integridade, obediência e confiança nas promessas de
Deus; uma expressão de gratidão a Deus pelo que Ele tem
proporcionado e um reconhecimento de que tudo o que temos
vem d'Ele.

b) Exercício da confiança em Deus


Ser um dizimista fiel como oficial da IPB envolve um exercício
prático de mordomia e confiança em Deus. Os oficiais são
chamados a administrar fielmente os recursos que Deus lhes
confiou, reconhecendo que tudo pertence a Ele.
Ao dar o dízimo, os oficiais demonstram sua confiança na
provisão divina e reconhecem que Deus é o provedor de todas as
coisas. Essa atitude de confiança e dependência em Deus é
essencial para liderar a igreja com sabedoria e discernimento.
Através desse ato de fé e obediência, os membros são animados
pelo exemplo dos seus líderes.

-118-
Liderança Crista
c) Assiduidade nos trabalhos da Igreja
Assiduidade nas atividades da igreja é uma parte fundamental
da mordomia cristã, pois reflete o compromisso do indivíduo com
a comunidade de fé. Isso inclui não apenas os cultos dominicais,
mas também outras atividades, como estudos bíblicos, reuniões
de oração, ensaios de música, atividades de serviço e eventos
sociais.
Os oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), como
presbíteros e diáconos, têm um papel importante ao modelar a
assiduidade nas atividades da igreja para os demais membros:
Participação nos cultos. Os oficiais devem ser um
exemplo de frequência regular e participação ativa nos cultos da
igreja.
Envolvimento em outras atividades. Além dos cultos,
os oficiais devem estar envolvidos em outras atividades da igreja,
seja um estudo bíblico, um grupo de oração, ou um evento de
serviço.
Compromisso com a pontualidade. A pontualidade
demonstra respeito pelos outros e pelo tempo deles. Os oficiais
devem se esforçar para chegar no horário em todas as atividades
da igreja.
Encorajamento dos outros. Os oficiais podem encorajar
os demais membros da igreja a serem assíduos, seja por meio de
palavras de incentivo, seja pelo próprio exemplo.
Flexibilidade. Embora a assiduidade seja importante,
também é essencial reconhecer que as pessoas têm diferentes
capacidades e compromissos. Os oficiais podem modelar uma
abordagem flexível e compreensiva, que valoriza a participação de
cada pessoa de acordo com suas possibilidades.
Portanto, a assiduidade nas atividades da igreja é uma
maneira importante de os oficiais da IPB modelarem a mordomia
cristã para os demais membros da igreja.

-119-
Liderança Crista

Conclusão
Neste capítulo, exploramos a influência vital e o papel
modelador que os oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) -
presbíteros e diáconos - têm na prática e na compreensão da
doutrina da mordomia cristã.
Por meio de suas ações, ensinamentos e compromisso com a
vida da igreja, esses líderes são chamados a exemplificar a
mordomia de tempo, talentos, recursos e participação regular na
vida da comunidade de fé.
Como modelos de mordomia cristã, os oficiais da IPB têm a
oportunidade de guiar outros membros da igreja para uma
relação mais profunda e responsável com os dons de Deus.
Assim, a doutrina da mordomia cristã não apenas se torna
um elemento fundamental da vida da igreja, mas também uma
expressão prática do amor de Deus vivido em comunidade.

Resumo
O Capítulo 3 aborda os papéis dos oficiais na Igreja
Presbiteriana do Brasil (IPB), focando na doutrina da mordomia
cristã. Os oficiais, incluindo pastores e anciãos, são responsáveis
por liderar a igreja e promover o crescimento do Reino de Deus,
sendo exemplos de mordomia cristã para os membros da igreja.
A mordomia cristã envolve o entendimento de que tudo
pertence a Deus e somos apenas administradores temporários
desses recursos na Terra. Os oficiais da IPB devem exemplificar
essa doutrina através de sua vida pessoal, ensino, discipulado,
serviço, generosidade, administração da igreja e vida de oração.
Além disso, os oficiais devem ser exemplos de vida cristã em
vários aspectos. Eles são incentivados a serem fiéis, na prática do
dízimo, contribuindo para as necessidades da igreja e investindo

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Liderança Crista
na obra de Deus. O dízimo também é visto como uma expressão
de integridade, obediência, confiança e gratidão a Deus.
O exercício da confiança em Deus é ressaltado, especialmente
através do ato de dizimar. Os oficiais
A assiduidade nos trabalhos da igreja é outro aspecto
importante da mordomia cristã. Os oficiais devem ser exemplos
de frequência regular e participação ativa nos cultos e outras
atividades da igreja, comprometimento com a pontualidade,
encorajamento dos outros membros e flexibilidade para
acomodar diferentes capacidades e compromissos.
Em resumo, os oficiais da IPB têm a tarefa de liderar pelo
exemplo, demonstrando o compromisso com a igreja e a prática
da mordomia cristã em todas as áreas de suas vidas.

Capítulo 4
O papel da Igreja para com os Oficiais
O papel da igreja em relação aos oficiais da igreja - pastores,
presbíteros e diáconos - deve ser baseado na Palavra de Deus. A
Bíblia nos dá orientações claras sobre como a igreja deve interagir
e apoiar esses líderes em seu ministério.

1. Honrar e respeitar os oficiais da Igreja

Honrar e respeitar os líderes da igreja é um princípio bíblico


essencial. A carta aos Tessalonicenses nos exorta a reconhecer e
honrar aqueles que nos lideram no Senhor. A Bíblia diz: “Agora
rogamos a vocês, irmãos, que reconheçam aqueles que se
esforçam entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham.

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Liderança Crista
Tenham-nos em mais alta estima com amor, por causa do
trabalho deles” (1Tessalonicenses 5.12-13a).
O autor de Hebreus também ressalta a importância de honrar
e obedecer aos líderes da igreja. Ele declara: “Obedeçam aos seus
líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês
como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o
trabalho deles seja uma alegria, não um peso, pois isso não seria
proveitoso para vocês” (Hebreus 13.17).
Ao praticarmos esse princípio, contribuímos para um
ambiente saudável de liderança e crescimento espiritual na
comunidade cristã, demonstrando nossa obediência a Deus e
valorizando o papel desses líderes na edificação da igreja.

2. Oração e apoio espiritual.

A oração e o apoio espiritual aos líderes da igreja são cruciais


para fortalecer o relacionamento entre os membros e os líderes. A
Bíblia nos orienta a orar pelos líderes e interceder por eles em
todas as ocasiões: “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com
toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e
perseverem na oração por todos os santos, também por mim,
para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de
que, destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho”
(Efésios 6.18-20).
A oração fortalece os líderes espiritualmente e promove a
unidade na comunidade da igreja. Além da oração, é importante
encorajar e apoiar os líderes em seu crescimento espiritual,
promovendo a busca pela santidade e proporcionando suporte
emocional e espiritual. A igreja também deve expressar gratidão e
orar para que Deus abra portas para a proclamação do

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Liderança Crista
Evangelho: “Dediquem-se à oração, estejam alertas e sejam
agradecidos. E orem também por nós, para que Deus abra uma
porta para a nossa mensagem, a fim de que possamos proclamar
o mistério de Cristo” (Colossenses 4.2-3).
Além da oração, a Igreja deve manifestar seu apoio aos seus
líderes. Os líderes da igreja enfrentam desafios e pressões, e é
importante que a igreja esteja ao lado deles, oferecendo
encorajamento e apoio constante.
Em conclusão, a oração e o apoio espiritual são elementos
essenciais no relacionamento entre a igreja e seus líderes. Ao orar
por eles e oferecer encorajamento e apoio em seu crescimento
espiritual, a igreja demonstra seu compromisso em fortalecer e
equipar seus líderes para o cumprimento de sua missão.

3. Cooperação e unidade

A cooperação e a unidade dentro da igreja são fundamentais


para o bom funcionamento do corpo de Cristo. A igreja deve
trabalhar em conjunto com seus oficiais, buscando a unidade e a
harmonia para cumprir a missão de Deus. Essa cooperação e
unidade são orientadas pelas Escrituras: “Façam todo o esforço
para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um
só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual
vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um
só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por
meio de todos e em todos” (Efésios 4.3-6).
Essa unidade requer uma disposição de servir e apoiar uns
aos outros, reconhecendo que cada membro do corpo de Cristo
tem um papel vital a desempenhar. Paulo usa a analogia do corpo
humano para ilustrar essa ideia. Assim como o corpo é composto
por muitos membros, cada um com uma função única, assim
também a igreja é composta por diferentes membros com dons e

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Liderança Crista
talentos diversos. Essa diversidade deve ser valorizada e
direcionada para a edificação e o serviço mútuo.
Quando a igreja trabalha em cooperação e unidade, reflete o
amor de Cristo e cumpre sua missão de impactar o mundo com o
Evangelho.

4. Cuidado material e financeiro

O cuidado material e financeiro dos líderes da igreja é uma


responsabilidade da comunidade de fé. O apóstolo Paulo ensina
que aqueles que pregam o evangelho devem viver do evangelho,
sendo sustentados pela Igreja: “Da mesma forma, o Senhor
ordenou que os que pregam o evangelho vivam do evangelho”
(1Coríntios 9.14). Isso significa que aqueles que dedicam seu
tempo e esforço para ministrar e ensinar devem ser cuidados e
sustentados pela igreja.
Ele também destaca a importância de compartilhar recursos
com aqueles que ministram na palavra: “Aquele que está sendo
instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas
aquele que o instrui” (Gálatas 6.6). Isso destaca a necessidade de
a igreja compartilhar seus recursos materiais e financeiros com
aqueles que a ministram.
Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo enfatiza que os
líderes que trabalham na pregação e no ensino devem receber
digna honra e um salário adequado: “Os presbíteros que
presidem bem sejam tidos por dignos de duplicada honra,
principalmente os que trabalham na pregação e no ensino. Pois a
Escritura diz: 'Não amordaces o boi quando ele pisa o trigo'. E 'o
trabalhador merece o seu salário'” (1Timóteo 5.17-18). Esses
versículos destacam a importância de reconhecer o trabalho e o
esforço dos líderes da igreja, cuidando de suas necessidades
financeiras.

-124-
Liderança Crista
Cuidar das necessidades materiais e financeiras dos líderes
permite que eles se dediquem ao ministério sem preocupações
financeiras. É um ato de amor e gratidão da igreja em
reconhecimento ao trabalho e dedicação dos líderes.
Ao cuidar dos líderes dessa forma, a igreja fortalece o
ministério e demonstra seu compromisso em apoiar aqueles que
servem a Deus e à comunidade cristã.

5. Responsabilização e correção

A responsabilização e correção dos líderes da igreja são


essenciais para manter a integridade e a santidade do ministério.
A igreja deve estar disposta a acompanhar e corrigir seus líderes,
seguindo os princípios bíblicos.
Paulo enfatiza a importância de um processo justo para lidar
com acusações contra os líderes da igreja: “Contra um presbítero
não aceites acusação, senão só com duas ou três testemunhas.
Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que
também os outros tenham temor” (1Timóteo 5.19-20). Ela
destaca a necessidade de um processo justo e fundamentado para
lidar com acusações contra os líderes da igreja, garantindo a
justiça e a correção adequadas.
Ele também destaca a responsabilidade dos líderes em serem
irrepreensíveis e exemplos para a congregação: “Por essa razão,
deixei-te em Creta, para que pusesses em ordem o que ainda não
o está e que, de cidade em cidade, constituísses presbíteros, como
já te mandei” (Tito 1.5). Essa nomeação cuidadosa e a expectativa
de liderança exemplar demonstram a importância da
responsabilidade dos líderes da igreja.
A responsabilização e correção devem ser guiadas pelo amor,
graça e discernimento, buscando a restauração e correção. É
importante ter um processo transparente e imparcial,

-125-
Liderança Crista
acompanhado de um plano de restauração. Ao seguir essas
diretrizes, a igreja preserva a credibilidade e a eficácia do
testemunho cristão, fortalecendo o ministério dos líderes e
promovendo um ambiente saudável para o crescimento espiritual
e o avanço do Evangelho.

Conclusão
Em conclusão, o papel da igreja em relação aos seus oficiais é
amplo e abrangente. Envolve honrar e respeitar os líderes da
igreja, apoiá-los por meio da oração e do suporte espiritual,
cooperar e buscar a unidade com eles, cuidar de suas
necessidades materiais e financeiras, e, quando necessário,
exercer a responsabilização e correção de acordo com os
princípios bíblicos.
Ao seguir essas diretrizes, a igreja fortalece seus líderes,
promove um ambiente saudável e propício para o crescimento
espiritual e o avanço do Evangelho. O relacionamento entre a
igreja e seus líderes é essencial para o cumprimento da missão de
Deus e para o testemunho eficaz do amor e da graça de Cristo.
Que cada igreja seja encorajada a viver esses princípios,
baseando-se nas orientações bíblicas, para que os oficiais da
igreja sejam capacitados, a igreja seja edificada e o nome de Deus
seja glorificado.

Resumo
No capítulo 4, a função dos Diáconos na Igreja Reformada é
explorada em detalhes. Diáconos, conforme descritos na Bíblia,
têm um papel fundamental na administração da igreja, apoiando
os ministérios dos pastores e presbíteros, e cuidando dos órfãos,
viúvas e necessitados. Foram apresentados exemplos de diáconos
do Novo Testamento, como Estêvão e Filipe, destacando seu
impacto na igreja.
-126-
Liderança Crista
O papel dos diáconos em promover a unidade e a paz,
permitir uma maior concentração no ministério espiritual e
demonstrar o amor de Cristo, também é enfatizado. A Igreja
Reformada vê o diaconato como um ofício importante e os
diáconos são escolhidos com base em qualificações morais e
espirituais.
Os Símbolos de Fé, como a Confissão de Fé de Westminster e
o Catecismo Maior de Westminster, valorizam o diaconato, assim
como a Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, que
fornece orientações detalhadas sobre o papel e as
responsabilidades dos diáconos.
Por fim, o capítulo aborda a responsabilidade da igreja em
honrar, apoiar e cooperar com seus oficiais, incluindo diáconos,
reconhecendo a importância de seu papel na promoção do bem-
estar da comunidade, na manutenção da harmonia dentro da
igreja e no apoio aos ministérios essenciais para o crescimento e a
vitalidade da fé cristã.

Conclusão
Em conclusão, o curso de liderança cristã que desenvolvemos
juntos abordou vários aspectos importantes da liderança na
igreja, focando no exemplo bíblico, na prática desse ministério
atualmente. Ao longo do curso, analisamos a vida e o ministério
de Neemias, um líder que demonstrou grande habilidade e
sabedoria no processo de reconstrução de Jerusalém. Também
examinamos o exemplo de liderança servidora de Jesus Cristo e
como Ele encorajou seus discípulos a seguirem esse modelo.
Discutimos também o papel dos oficiais na Igreja
Presbiteriana do Brasil, incluindo os presbíteros e diáconos, e
como suas funções contribuem para o funcionamento eficiente e
harmonioso da igreja. Adicionalmente, abordamos as

-127-
Liderança Crista
qualificações e responsabilidades desses oficiais, bem como a
importância de serem fiéis dizimistas.
Ao longo do curso, vimos que a liderança cristã envolve uma
combinação de habilidades, conhecimento bíblico, humildade e
serviço aos outros. Líderes cristãos devem estar dispostos a
aprender, crescer e se adaptar, a fim de conduzir efetivamente
suas congregações em um mundo em constante mudança. Além
disso, líderes devem ser exemplos de integridade, justiça e amor,
refletindo o caráter de Cristo em suas ações e atitudes.
Esperamos que este curso de liderança cristã tenha fornecido
aos participantes uma base sólida para seu desenvolvimento
contínuo como líderes em suas igrejas e comunidades. Que todos
possam aplicar os princípios e lições aprendidas neste curso para
exercer uma liderança eficaz, impactando positivamente as vidas
daqueles que servem e glorificando a Deus em tudo que fizerem.

Apêndice
A Mulher na Igreja Reformada Calvinista:
Contribuições, Desafios e Cooperação
Introdução

O papel da mulher na Igreja Reformada Calvinista tem sido


um tópico de discussão vibrante e é importante explorar esta
questão à luz da Escritura, a qual é a autoridade última em todas
as questões de fé e prática. Ao longo da história da igreja, as
mulheres têm sido fundamentais, contribuindo de maneiras
significativas para o crescimento e a edificação da igreja.

-128-
Liderança Crista
1. A Importância da Mulher no Plano da Redenção

Desde a criação do mundo, as mulheres desempenham


papéis fundamentais no plano divino da redenção. As Escrituras
Sagradas estão repletas de exemplos que ilustram a participação
feminina na construção e perpetuação da fé cristã, a começar
pela mãe de todos os viventes, Eva, passando por figuras como
Sara, Rute, Ester, e culminando em Maria, a mãe de Jesus.
Comecemos com Eva. Conforme o livro de Gênesis, Eva é a
primeira mulher criada por Deus, sendo “mãe de todos os
viventes” (Gênesis 3.20). Embora Eva tenha sido coautora do
pecado original, ela também participou diretamente do plano
redentor de Deus. Ao anunciá-lo, Deus falou à serpente: “Porei
inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a
dela; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”
(Gênesis 3.15). Esta passagem é conhecida como o
“Protoevangelho”, a primeira promessa da vinda do Redentor,
que viria da descendência da mulher.
Outra figura importante é Sara, esposa de Abraão. Através
dela e de Abraão, Deus estabeleceu Sua aliança, prometendo
que suas descendências seriam incontáveis como as estrelas
(Gênesis 17.16). Sara, mesmo sendo estéril, foi parte
fundamental desse pacto divino que conduziria à redenção.
Raabe é, de fato, uma figura feminina fundamental no plano
da redenção. O papel de Raabe na Bíblia é um exemplo notável
de como Deus pode usar qualquer pessoa, independentemente
de sua origem ou situação, para cumprir Seus propósitos. Ela
era uma prostituta que vivia na cidade de Jericó, que estava
prestes a ser atacada pelos israelitas sob a liderança de Josué
(Josué 2.1-7). Ela confessou sua fé no Deus de Israel, dizendo:
“O SENHOR, o vosso Deus, é Deus em cima nos céus e
embaixo na terra” (Josué 2.11). Em troca, os espiões

-129-
Liderança Crista
prometeram proteger ela e sua família quando Jericó fosse
conquistada. A inclusão de Raabe na genealogia de Jesus
ressalta a universalidade da graça divina.
Rute, uma mulher moabita, também exemplifica a
importância da mulher no plano de Deus. Apesar de ser
estrangeira, Rute decidiu seguir sua sogra Noemi e adotar o
Deus de Israel como seu próprio. Sua lealdade e devoção
fizeram dela a bisavó do rei Davi (Rute 4.13-17), estabelecendo
assim a linhagem que culminaria em Jesus.
A rainha Ester também exerceu um papel crucial na salvação
do povo judeu, e por extensão, no plano da redenção. Ester
arriscou sua vida para salvar seu povo da exterminação,
demonstrando coragem e fé inabaláveis. Por sua intercessão, a
linhagem do povo de Deus foi preservada (Ester 4.14).
Por fim, Maria, a mãe de Jesus, ocupa um lugar
incomparável nesse plano redentor. Ela foi escolhida para
conceber e dar à luz o Filho de Deus, o Salvador da
humanidade. Sua aceitação e submissão à vontade de Deus são
retratadas em Lucas 1.26-38: “Não temas, Maria, porque achaste
graça diante de Deus; eis que conceberás em teu ventre e darás
à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus”. Maria
responde com fé e submissão, dizendo: “Aqui está a serva do
Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra”. Ela
desempenha um papel crucial como mãe de Jesus, o Salvador
do mundo.
Estas mulheres, juntamente com muitas outras nas
Escrituras, demonstram a grande importância da mulher no
plano da redenção de Deus. Elas desempenharam papéis
significativos e únicos, que contribuíram para a realização da
promessa divina de salvação.

-130-
Liderança Crista
2. A visão dos Pais da Igreja quanto ao papel das
mulheres na Igreja

Os Pais da Igreja, os primeiros teólogos e líderes cristãos


dos primeiros séculos depois de Cristo, tinham diversas visões
sobre o papel das mulheres na Igreja. Suas visões eram
informadas não apenas pela Bíblia, mas também pelos contextos
culturais e sociais em que viviam.
Em geral, a maioria dos Pais da Igreja mantinha uma visão
complementarista, argumentando que homens e mulheres eram
igualmente valorizados por Deus, mas tinham papéis distintos.
Eles frequentemente baseavam essa visão em passagens
bíblicas, como a criação de Adão e Eva no Gênesis, e as
instruções dadas por Paulo nas suas cartas.
Alguns dos Pais da Igreja, como Tertuliano e Clemente de
Alexandria, expressaram preocupações sobre as mulheres
ocuparem papéis de liderança na igreja, com base em sua
interpretação das instruções de Paulo. Outros, como João
Crisóstomo, elogiaram o envolvimento das mulheres na igreja e
reconheceram o papel vital que elas desempenhavam no serviço
e na evangelização.
Apesar dessas restrições, as mulheres desempenharam um
papel importante na igreja primitiva. Evidências históricas
sugerem que as mulheres atuavam como diaconisas (Febe),
contribuíam financeiramente para a igreja, abrigavam reuniões
da igreja em suas casas (Lídia) e desempenhavam um papel
significativo no cuidado dos pobres e necessitados (Dorcas).
Logo, a opinião dos Pais da Igreja sobre o papel das
mulheres na igreja era variada, mas, em geral, reconheciam o
valor das mulheres e o papel crucial que elas desempenhavam
na vida da igreja, mesmo que, muitas vezes, não as

-131-
Liderança Crista
enxergassem como iguais aos homens em termos de autoridade
eclesiástica.

3. Os Símbolos de Fé da Igreja Reformada e o Papel das


Mulheres na Igreja

Os Símbolos de Fé da Igreja Reformada, que incluem a


Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos Maior e Breve,
foram escritos no século XVII e, portanto, refletem o contexto
cultural e as normas de gênero conforme as Escrituras
Sagradas. Eles não abordam especificamente o papel das
mulheres na igreja.
No entanto, estes documentos oferecem princípios
teológicos aplicados à questão do papel das mulheres na Igreja
Reformada atual. Por exemplo, eles afirmam a igualdade
fundamental de todos os seres humanos, pois todos são criados
à imagem de Deus20. Além disso, eles afirmam que tanto
homens como mulheres são chamados para o serviço de Deus e
para o exercício dos dons espirituais21.
No que diz respeito ao ministério ordenado, os Símbolos de
Fé falam sobre os ofícios de presbíteros e diáconos, se
aplicando apenas a homens, com base em outras passagens da
Bíblia, como as epístolas paulinas.

4. Contribuições das Mulheres na Igreja

Desde os tempos bíblicos, as mulheres têm desempenhado


papéis cruciais na igreja. Um exemplo marcante é a ressurreição
de Cristo, em que as mulheres foram as primeiras testemunhas.

20
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 4.
21
Catecismo Maior, Pergunta 18.
-132-
Liderança Crista
De acordo com Mateus 28.1-10, “No findar do sábado, ao
entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria
foram ver o sepulcro. E eis que houve um grande terremoto;
porque um anjo do Senhor desceu do céu e, chegando ao
sepulcro, rolou a pedra e assentou-se sobre ela… Então, disse
às mulheres: Não temais; pois sei que buscais a Jesus,
crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito.
Vinde ver o lugar onde ele jazia”.
No Novo Testamento, mulheres como Priscila, Lídia e Febe
são mencionadas como colaboradoras importantes na missão da
igreja. Em Atos 16.14-15, Lídia, uma negociante de púrpura, foi
convertida e batizada, com a sua casa, oferecendo hospitalidade
a Paulo e seus companheiros: “Certa mulher, chamada Lídia, da
cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos
escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas
que Paulo dizia. Depois de se batizar, ela e a sua casa, nos
rogou, dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em
minha casa e aí ficai. E nos constrangeu a isso”.

Em Romanos 16.1-2 e 3-5, Paulo refere-se a Febe e Priscila:


“Recomendo-vos Febe, nossa irmã, a qual é diaconisa da igreja
em Cencréia, para que a recebais no Senhor, como convém aos
santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar;
porque tem sido protetora de muitos, como também de mim.
Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os
quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; aos
quais não só eu dou graças, mas também todas as igrejas dos
gentios”.
Na tradição da Igreja Reformada Calvinista, as mulheres
continuam a servir de maneira valiosa em diversos ministérios,
tais como a educação cristã, a assistência aos necessitados, a
liderança de grupos pequenos, entre outros.

-133-
Liderança Crista
5. Limitações à Ordenação de Mulheres

Ainda que as mulheres contribuam significativamente para a


vida e ministério da igreja, a ordenação de mulheres para os
ofícios de pastoras, presbíteras e diaconisas é um tópico que
suscita debates na tradição reformada calvinista.
Tais limitações frequentemente têm suas bases em
passagens bíblicas como 1Timóteo 2.11-12 e 1Coríntios 14.34-
35, interpretadas por muitos como restrições à autoridade
feminina na igreja.
Em 1Timóteo 2.11-12, está escrito: “A mulher aprenda em
silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher
ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em
silêncio”. Em 1Coríntios 14.34-35, encontramos: “As vossas
mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é
permitido falar; mas estejam submissas, como também ordena a
lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a
seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar
na Igreja”.
Essas passagens são comumente interpretadas no contexto
da visão complementarista dos papéis de gênero, que
argumenta que homens e mulheres foram criados iguais aos
olhos de Deus, mas designados com diferentes papéis e
responsabilidades tanto na igreja quanto na família. Em outras
palavras, a igualdade de valor não nega a diferenciação de
papéis.
Esta visão é também sustentada por outras passagens,
como 1Timóteo 3.1-13 e Tito 1.5-9, que fornecem orientações
para a seleção de oficiais da igreja e, em suas instruções, Paulo
se refere aos candidatos a estes ofícios usando pronomes e
títulos masculinos, indicando que ele tinha em mente homens
para essas posições de liderança. Portanto, certos ofícios,

-134-
Liderança Crista
particularmente aqueles que exercem autoridade doutrinária e
pastoral, como o pastor e o presbítero, devem ser reservados
apenas para os homens. Essa visão é baseada em passagens
como 1Timóteo 2.1112 e 1Co 14.34-35.
Embora homens e mulheres possam ter papéis diferentes no
complementarismo, é importante ressaltar que esses papéis não
são considerados intrinsecamente melhores ou piores, mais
importantes ou menos importantes. Em vez disso, eles são vistos
como diferentes maneiras de servir a Deus e à igreja, cada uma
com seu próprio valor e importância.

6. A visão dos principais teólogos modernos acerca da


ordenação feminina

Os teólogos calvinistas modernos apresentam uma


variedade de pontos de vista sobre a questão da ordenação
feminina, assim como a comunidade cristã, em geral. Existem
aqueles que defendem a ordenação feminina e aqueles que se
opõem, com muitos argumentos e contra-argumentos mútuo.

a) Contra a Ordenação Feminina


Muitos teólogos calvinistas modernos, como John Piper e
Wayne Grudem, adotam uma visão complementarista dos papéis
de gênero. Eles argumentam que a liderança da igreja,
especialmente o ofício pastoral, é reservada aos homens
segundo
as Escrituras (1Timóteo 2.12; 1Coríntios 14.34-35). Esses
teólogos acreditam que homens e mulheres são criados
igualmente à imagem de Deus e igualmente valorizados por
Deus, mas foram designados com diferentes papéis e
responsabilidades na igreja e na família.

-135-
Liderança Crista
Augustus Nicodemus, teólogo presbiteriano, se posiciona
contrário à ordenação feminina. Em seu artigo “A Ordenação de
Mulheres para o Ministério Pastoral”, publicado no blog
“Tempora-Mores” em 14 de janeiro de 2010, ele argumenta que
a ordenação feminina não é permitida pela Bíblia, com base
1Timóteo 2.12, quando Paulo proíbe as mulheres de “exercer
autoridade sobre os homens”. Além disso, que Jesus escolheu
apenas homens para serem seus apóstolos, e que isso deve
servir como modelo para a Igreja.
Hernandes Dias Lopes, também se posiciona contrariamente
à ordenação de mulheres para o pastorado. Ele argumenta que,
enquanto as mulheres desempenham muitos papéis importantes
na Igreja, a liderança pastoral foi reservada por Deus para os
homens. Em uma entrevista em seu canal no YouTube em 25 de
julho de 2019, Dias Lopes afirmou: “A Bíblia não permite a
ordenação de mulheres ao pastorado. Isso não significa
inferioridade, mas sim diferença de papel”. Ele citou as
passagens de 1Timóteo 2.12 e 1Coríntios 14.34-35, para
respaldar seu ponto de vista.

b) A Favor da Ordenação Feminina


Por outro lado, há teólogos calvinistas, como Gordon Fee e
Richard Mouw, que defendem a ordenação de mulheres. Eles
adotam uma visão igualitarista, argumentando que as restrições
do Novo Testamento à liderança das mulheres foram
contingentes ao contexto cultural daquela época e não são
normativas para a igreja hoje. Eles apontam para outros textos
bíblicos que parecem permitir e mesmo elogiar o ministério das
mulheres (Romano 16.1; Atos 18.26).

-136-
Liderança Crista
c) Posições Moderadas
Além disso, há aqueles que adotam uma posição moderada,
permitindo que as mulheres sirvam em certos ofícios
eclesiásticos, mas não em todos. Por exemplo, alguns podem
permitir que as mulheres sejam diaconisas, mas não pastoras ou
presbíteras.
Em resumo, a questão da ordenação feminina é complexa e
continua sendo um assunto de intenso debate entre os teólogos
calvinistas modernos. Cada lado apresenta argumentos bíblicos,
teológicos e históricos para apoiar sua posição. A decisão final
sobre essa questão, em última análise, depende de como uma
determinada igreja ou denominação interpreta a Bíblia e aplica
seus ensinamentos à prática contemporânea.

7. Cooperação no Ministério dos Oficiais

Na Igreja Reformada Calvinista, mesmo que as mulheres


geralmente não sejam ordenadas para posições formais de
liderança, elas podem cooperar de maneira profunda e
significativa no ministério dos oficiais. Elas têm participação ativa
em uma série de atividades e ministérios, incluindo ensino na
Escola Dominical, liderança de grupos de oração, envolvimento
na música de adoração, e auxílio aos necessitados, entre outros.
Para além destas contribuições práticas, muitas mulheres
desempenham um papel importante na mentoria e
aconselhamento, contribuindo para o crescimento espiritual dos
membros da comunidade. Elas podem orientar outras mulheres,
jovens e crianças, servindo como modelos e orientadoras em
questões de fé e vida.
Esta é uma parte essencial do plano de redenção de Deus, e
é significativo que as mulheres tenham sido as primeiras a
testemunhar e proclamar essa verdade.
-137-
Liderança Crista
Assim, as mulheres, embora muitas vezes não ordenadas a
posições formais de liderança na Igreja de confissão de fé
Reformada, desempenham um papel fundamental no plano de
Deus para a redenção e na vida e ministério da igreja.

Conclusão
Em resumo, o papel das mulheres na Igreja Reformada
Calvinista é complexo e multifacetado. Apesar das restrições à
ordenação em cargos de liderança, as mulheres desempenham
papéis vitais e contribuem significativamente para a vida e a
missão da igreja. Através de seu serviço, ensino e oração, elas
demonstram o amor de Cristo e ajudam a edificar o corpo de
Cristo. É essencial que a igreja continue a reconhecer e valorizar
as diversas maneiras pelas quais as mulheres contribuem para a
vida da igreja.
Na era moderna, o diálogo sobre o papel da mulher na igreja
deve continuar, sempre com a Escritura como guia principal. O
desafio é reconhecer as contribuições valiosas das mulheres,
enquanto se adere à interpretação bíblica tradicional. Embora
possa haver desacordo sobre certos papéis, a necessidade de
cooperação, amor mútuo e respeito é fundamental para a saúde
e o crescimento da igreja.
A Igreja Reformada Calvinista, como qualquer comunidade
de crentes, é composta de membros com uma variedade de
dons e habilidades. As mulheres, com seus talentos e
habilidades únicos, são uma parte indispensável do corpo de
Cristo. Através de seu compromisso com o serviço, o ensino e a
assistência aos necessitados, as mulheres demonstram o amor
de Cristo e exemplificam o chamado de todos os crentes para
servir uns aos outros em amor.
Embora o debate sobre a ordenação de mulheres possa
continuar, é crucial que as igrejas reformadas calvinistas
-138-
Liderança Crista
continuem a afirmar a dignidade, o valor e a importância das
mulheres em todos os aspectos da vida da igreja. Ao fazer isso,
elas refletirão mais plenamente a imagem de Cristo, que
valorizava todas as pessoas, independentemente de gênero, e
deu a todos nós o mandamento de amar e servir uns aos outros.

Resumo
O papel da mulher na Igreja Reformada Calvinista é um tema
debatido e complexo. Este apêndice explorou essa questão à luz
das Escrituras, considerando as contribuições das mulheres, as
limitações à sua ordenação e as visões dos principais teólogos
modernos.
O apêndice começou destacando que a discussão sobre o
papel das mulheres na igreja deve ser baseada na autoridade da
Palavra de Deus. Em seguida, analisou a visão dos Pais da
Igreja, que variava desde uma visão complementarista até uma
valorização do envolvimento das mulheres na igreja.
Os Símbolos de Fé da Igreja Reformada foram mencionados,
destacando que embora não abordem especificamente o papel
das mulheres na igreja, eles afirmam a igualdade fundamental de
todos os seres humanos perante Deus.
Em seguida, o apêndice abordou as contribuições das
mulheres na igreja ao longo da história, desde as mulheres na
igreja primitiva até as mulheres na tradição reformada calvinista
atual. Destacou-se que as mulheres têm desempenhado papéis
cruciais, especialmente no serviço, no ensino e no cuidado dos
necessitados.
Em relação à ordenação de mulheres, o apêndice
apresentou diferentes posições teológicas, desde aqueles que se
opõem à ordenação feminina com base na interpretação de
passagens bíblicas até aqueles que a defendem, argumentando

-139-
Liderança Crista
que as restrições do Novo Testamento eram contingentes ao
contexto cultural da época.
Por fim, o apêndice concluiu que, independentemente das
diferentes posições teológicas, é essencial que a igreja
reconheça e valorize as contribuições das mulheres em todos os
aspectos da vida da igreja. A cooperação, o amor mútuo e o
respeito são fundamentais para o crescimento saudável da
igreja.
Em última análise, o objetivo é refletir a imagem de Cristo,
valorizando todas as pessoas, independentemente de seu
gênero, e cumprindo o mandamento de amar e servir uns aos
outros.

Bibliografia

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Santo André, SP : Geográfica editora, 2006.

Sites consultados

1. Mentorlink International: www.mentorlink.org.


2. www.airpower.maxwell.af.mil/apjinternational/apj-p/2005/1tri05/
foglesong.html
3. www.mackenzie.br/teologia/docentes_r.htm
4. www.mackenzie.com.br/teologia/fides/vol03/num01/resenhas/Stanley.pdf
5. www.mapi-sepal.org.br.
6. www.mapi-sepal.org.br/
7. www.tempora-mores.blogspot.com/2014/01/respostas-argumentos-usados-
emfavor-da.html
8. www.topicbrasil.org - TOPIC Brasil (Trainers of Pastors International Coalition ou
Aliança Internacional de Capacitadores de Pastores - AICP):
9. www.youtube.com/watch?v=AZHdvWFP4h4

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