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Hilda TCC Ok Ok
Hilda TCC Ok Ok
CASTANHAL,
2023.
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Graduanda em Direito pela Universidade Está de Sá, campus Castanhal. E-mail:
201902186461@alunos.estacio.br
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Referrências.
INTRODUÇÃO
É sabido que ao homem tornou-se impossível viver isolado, surgindo as chamadas
aldeias ou tribos na antiguidade, que a posteriori vieram a desembocar nos núcleos
familiares no formato hodierno. Tal qual como ocorre na sociedade como um todo,
as relações familiares também podem ocasionar contendas entre os envolvidos,
desencadeando, inclusive, violências no âmbito das relações interpessoais. Um
exemplo de tal dinâmica reside na alienação parental, fenômeno que surge
precipuamente quando da separação de genitores responsáveis pela guarda e
sustento de filhos menores, passando a haver, com a nova condição familiar, uma
verdadeira disputa pela guarda e afeto dos infantes.
De acordo com estudiosos da seara da família, sua origem está ligada à
intensificação das estruturas de convivência familiar, com maior aproximação entre
pais e filhos, sendo aqueles primeiros, com a separação do casal, surpreendidos
com a quebra de uma realidade com a qual se acostumara. Ocorre, porém, que
nesta verdadeira “guerra de braços”, restam os filhos menores, os quais uma vez
que ainda não tenham atingido a capacidade civil plena estão sujeitos ao poder
familiar dos genitores (ALEXANDRIDIS e FIGUEIREDO, 2013).
Assim, submetido, enquanto incapaz, ao jogo de manipulações dos genitores recém-
separados, é sabido que a alienação parental se externa de diversas formas,
inclusive, sobre a assertiva de ter sido o filho vítima de abuso sexual (IBDFAM,
2016).
São diversas as situações em que, visando dificultar ao máximo ou mesmo
impedir o acesso do ex-cônjuge não detentor da guarda com o fito único de destruir
o ex-cônjuge e a relação genitor-filho, o genitor detentor da guarda, submete a
criança ou o adolescente a sofrer alienação parental. Neste caso,
independentemente de gênero do alienante, pode-se caracterizar a síndrome de
alienação parental. Segundo o psiquiatra Richard Gardner, tal síndrome se
consubstancia em uma lavagem cerebral, em programar uma criança ou
adolescente para que venha a odiar ou até mesmo a esquecer seu genitor (mãe ou
pai, conforme o caso concreto) sem qualquer justificativa.
No presente trabalho, visando explicar a síndrome retro mencionada, far-se-á
a conceituação da alienação parental, pretendendo, ainda, demonstrar como ela se
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A família tem especial proteção do Estado, uma vez que constitui a base de
nossa sociedade (ALEXANDRIDIS e FIGUEIREDO, 2013), de forma que seu
reconhecimento, manutenção, desenvolvimento e dissolução devem ter especial
atenção da figura estatal, com a devida regulação de forma a preservar a própria
instituição. Com a evolução da sociedade, é incontestável o surgimento de novas
formas familiares além das tradicionalmente reconhecidas pelo casamento, como o
núcleo familiar advindo de uma união estável, a denominada família monoparental e
a família homoafetiva.
Desta especial proteção do Estado quanto à família, nasceu o chamado poder
familiar em nosso ordenamento jurídico, conceituado por Maria Helena Diniz como:
“Um conjunto de direitos e
obrigações, quanto à pessoa e bens
do filho menor não emancipado,
exercido, em igualdade de condições,
por ambos os pais, para que possam
desempenhar os encargos que a
norma jurídica lhes impõe, tendo em
vista o interesse e a proteção do
filho.”
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adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”.
O parágrafo único do artigo 2º traz um rol exemplificativo dos atos de alienação
parental, conforma abaixo relacionado:
Salta aos olhos, por seu turno, a escolha do legislador ao dispor que a prática da
alienação parental ocasiona lesão de direito fundamental da criança sobre a qual
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Segundo Peres (2002), com a Revolução Industrial, a guarda dos filhos passou a
pertencer à mãe, pois, os homens diante deste panorama passavam maior tempo
fora de casa, com a criação da guarda repartida, quebrou-se a tradição de somente
um dos genitores manter a guarda do menor no sistema jurídico inglês, influenciando
outras nações posto que na guarda compartilhada ou repartida ambos os pais
desempenham seus deveres inerentes ao poder familiar.
Neste sentido, dita Peres (2002):
Na Inglaterra, o sistema da Common law teve a iniciativa de
romper com o tradicional deferimento da guarda única que
sempre teve tendência para a figura materna, passando assim
os tribunais a adotarem a conhecida solo ordem, que significa
repartir, dividir, os deveres e obrigações de ambos os cônjuges
sobre seu filho. Dessa maneira, as decisões dos tribunais
ingleses passaram a beneficiar sempre o interesse do menor e
a igualdade parental, abolindo definitivamente a expressão
direito de visita, possibilitando assim maior contato entre
pai/mãe e filho. Tal instituto aos poucos foi ganhando
repercussão na Europa, e aproximadamente no ano de 1976 foi
profundamente assimilado pelo direito Francês, com a mesma
intenção da guarda compartilhada criada no direito inglês; ou
seja; dirimir as malécias que a guarda única provoca para os
cônjuges e seus filhos. Assim, o ordenamento jurídico francês,
após a introdução da Lei 87.570, ratificou o posicionamento dos
tribunais, passando no seu art. 378-2 a mencionar que todos os
direitos inerentes dos país sobre seus filhos irão continuar após
o divórcio.
Não obstante isto, sabe-se que existem contendas, inclusive, nas relações
familiares, podendo ocasionar a própria alienação parental. Com o fito de coibir a
ocorrência de tais atos, o magistrado atuante no caso concreto, observa os aspectos
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Nos casos de incidência de atos de alienação parental, por seu turno, para
que a fixação da guarda compartilhada seja viável e tenha sua eficácia atingida
(assegurando, assim, o bom convívio dos genitores para juntos assegurarem o bem-
estar do filho menor) se faz necessária análise criteriosa, ultrapassando a teoria e
verificando o que de fato é benéfico à criança ou adolescente do caso concreto
(Alecrim, 2020). Assim, o juiz não deve afastar do entendimento de que a formação
moral, social e psicológica do menor é o principal foco e objetivo a ser alcançado.
Apesar de ter sido criada para assegurar o bom convívio da família que
recentemente passou por um processo de dissolução matrimonial, segundo Alecrim
(2020):
Assim, inconteste que, diante de uma análise minuciosa dos casos concretos
a ser feito pelo magistrado, a utilização correta da Lei n.º 12.318/2010 e a guarda
compartilhada, em conjunto, possuem o fito de assegurar o melhor interesse da
criança, mormente o fato deste último instituto assegurar o convívio igualitário a
ambos os genitores na vida do menor. Cabe, portanto, educar a sociedade civil,
coibir os atos de alienação parental desde o seu nascedouro e visar a proteção
integral da criança, possibilitando, desta forma, o desenvolvimento saudável das
relações familiares e do próprio menor.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DIAS, Maria Berenice Dias, 2028. Síndrome da alienação parental, o que é isso?
IBDFAM, 2008. Disponível em: IBDFAM: Síndrome da alienação parental, o que é
isso?.
SILVA, Flávio Augusto da; ONG Todas Marias. Denuncia de violência institucional
doméstica, psicológica, patrimonial e sexual contra crianças adolescentes e
suas mães. Brasília, 08 de agosto de 2018. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1682647&
filename=Tramitacao-PL+10639/2018.
REFERÊNCIAS LESGILATIVAS
Lei n. 12.318, de 26 de agosto de 2010. (27 ago. 2010). Dispõe sobre a alienação
parental e altera o artigo 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário
Oficial da União. Disponível em: L12318 (planalto.gov.br).