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Academia Hermaika

Bahia- Feira de Santana


13/09/2023
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Diálogo sobre a reencarnação, iniciação e a ilusão do mundo no Hermetismo.
Vinicius Pimentel Ferreira

Prof Vinicius Pimentel: Sobre a reencarnação no hermetismo pode-se dizer:

“Porém a alma ímpia permanece na sua própria essência, sendo castigada


por si mesma, e procurando um corpo terreno para no qual entrar, mas em
um corpo humano; pois outro corpo não abriga uma alma humana, nem há
uma lei divina para uma alma humana cair em um corpo de um vivente
irracional.” (Hermes Trismegisto. X-19)1

No Hermetismo, o ser humano tem como propósito a ascensão. Abandonar o corpo


sensível e transcender a um estado de existência não corpórea. O ser humano, porém, que não
consegue abandonar o vício e o apego ao corpo, está fadado à prisão no ciclo de nascimento e
morte , e ao processo de nascer em novos corpos humanos (reencarnação). Outros sistemas da
antiguidade pensavam de forma similar ao Hermetismo sobre essa questão, a exemplo do
Orfismo, Platonismo e Gnosticismo.

Vikhtor Ferreira: Os Pitagóricos também, presumo?

Prof Vinicius Pimentel: Sim, eles também. Porém não estudo o pitagorismo o suficiente para
discorrer deles, me manterei nos que citei.

Vikhtor Ferreira: Tudo bem.

Prof Vinicius Pimentel: No Orfismo a Gabriela Gazzinelli, especialista, diz o seguinte:

"A crença na metempsicose (transmigração das almas) é também


intimamente associada ao orfismo. Uma vez que os seres humanos
nascem manchados por uma impureza (míasma), precisariam reencarnar
várias vezes (inclusive como animais e plantas) para se expiarem do crime
cometido pelos Titãs. As fontes divergem quanto ao período de purificação.
Em alguns textos, diz-se que teríamos de permanecer dez mil anos
reencarnando; em outros, esse período seria de "apenas" três mil anos. Os
órficos defendiam que suas práticas ascéticas seriam a única forma de se
libertar precocemente desse ciclo de vidas, atingindo-se, pois, um estado
de beatitude após uma apoteose." (Gazzinelli. Fragmentos Órficos. p 19)

Platão no livro Fédon, diz que nossas Almas vem dos Mortos e que os Mortos vem dos
vivos, assim reiniciando o ciclo, também propondo uma teoria de reencarnação:

Desse modo, ficamos também de acordo que tanto os vivos provêm dos
mortos como os mortos dos vivos. Sendo assim, quer parecer-me que
apresentamos um argumento bastante forte para afirmar que as almas dos

1
Tradução de David Pessoa de Lira. ἡ δὲ ἀσεβὴς ψυχὴ μένει ἐπὶ τῆς ἰδίας ουσίας, ὑφ᾽ ἑαυτῆς
κολαζομένη, καὶ γήινον σῶμα ζητοῦσα εἰς δ εἰσέλθῃ, εἰς ἀνθρώπινον δέ· ἄλλο γὰρ σῶμα οὐ χωρεῖ
ἀνθρωπίνην ψυχήν, οὐδὲ θέμις ἐστὶν εἰς ἀλόγου ζώου σῶμα ψυχὴν ἀνθρωπίνην καταπεσεῖν.
mortos terão necessariamente de estar em alguma parte, de onde voltam a
viver. (Platão. 72a)2

No gnosticismo afirma-se:

“após a morte aqueles que acreditavam, mas estavam apegados às coisas


transitórias da vida, serão consumidos em sua preocupação com a vida e
serão trazidos novamente para o mundo visível” (Tomé)3

Vemos aí que há uma singularidade no sistema gnóstico, hermético, platônico e órfico


acerca do processo de nascimento e morte ou reencarnação. Quem deseja estudar hermetismo e
os demais sistemas helenos que a ele são próximos, deve ter em mente a ideia na crença da
reencarnação, pois essa ideia vai justificar muito do sistema ético, mágico e teológico do
hermetismo.

Mario: Eu em particular, tenho propósito na minha vida, de abandonar os vícios e costumes


humanos, pois, tudo aquilo que nos deixa sem controle, se tornam nossos mestres, e eu gosto
muito de ter meu próprio autocontrole e de ser mestre de mim mesmo. Eu gosto de ter o controle
completo da direção de meus pensamentos.

Prof Vinicius Pimentel: Isso é importante, como mostrarei mais a frente… Voltando ao tópico da
reencarnação e metempsicose, existe no esoterismo contemporâneo, uma defesa de que não
existe reencarnação na antiguidade e que a ideia teria sido inventada por Kardec, o que é falso,
os antigos não só já conheciam a ideia, como acabei de provar, como também partiam dela para
propor seu modo de vida e pensamento.
Para os sistemas citados, é possível alcançar um estado divino, literalmente tornar-se
divino, obter as possibilidades da divindade, porém o corpo se apresenta aí como um empecilho,
nesses autores para o processo, então para alcançar esse estado eles sugerem a separação
entre alma e corpo, aí entra o problema, começa o o abacaxi que temos que descascar. E acho
que esse "como'' é algo que podíamos pensar juntos

Rafael: interessante, essa questão de nós encarnamos como animais e plantas, eu creio que em
"mundos" elementais também antes de sermos humano, Prof vc por acaso teria alguma fonte
onde eu possa estudar mais essa questão de encarnarmos dessas formas?

Prof Vinicius Pimentel: Sim, o próprio material que usei para citação, o Fragmentos órficos, da
Editora UFMG, a autora é a Gabriela Guimarães Gazzinelli.

Rafael: Obrigado!

Thiago: De que forma podemos alcançar essa separação do corpo e alcançar o estado de
divindade?

2
Tradução de Carlos Alberto Nunes. Ὁμολογεῖται ἄρα ἡμῖν καὶ ταύτῃ τοὺς ζῶντας ἐκ τῶν Τα
τεθνεώτων γεγονέναι οὐδὲν ἧττον ἢ τοὺς τεθνεῶτας ἐκ τῶν ζώντων, τούτου δὲ ὄντος ικανόν που
[ἐδόκει] τεκμήριον εἶναι ὅτι ἀναγκαῖον τὰς τῶν τεθνεώτων ψυχὰς εἶναι που, ὅθεν δὴ πάλιν
γίγνεσθαι.72a
3
Tradução de Alaya Dullius de Souza, do códice II, de Tomé, do livro “Nag Hammadi library
international edition”, Marvin Mayer, 2009.
Prof Vinicius Pimentel: Vou apresentar a visão dos diferentes sistemas acima, pra gente pensar
isso com cuidado.

Thiago e Rocha Jr: Tudo bem, faça isso, esperaremos.

Prof Vinicius Pimentel: O Platonismo diz que, podemos nos divinizar, mas isso só é possível
depois da morte. Para isso devemos viver uma vida dedicada a filosofia e a superação dos vícios
do corpo, passando a vida alimentando a alma para que no desencarne a alma esteja
desapegada do corpo e não volte a cair em outro corpo humano ou animal. Porém, para Platão,
durante a vida, não é possível a divinização ou o conhecimento da Verdade.
No orfismo, muito semelhante ao Platão, só é possível conhecer a Verdade e se tornar
divino após a morte, e durante a vida o indivíduo deve passar por uma série de rituais de
purificação da Alma, e viver uma vida equilibrada, cultuando deuses e mortos (a depender da
corrente órfica acerca do culto ao morto), para que no desencarne o sujeito possa ser bem
orientado no mundo dos mortos e chegar ao lugar divino, onde a memória se mantém e a Alma
desapega do corpo. no Gnosticismo não vou comentar muito pq não estudo profundamente, deixo
pra outro. porém no Hermetismo, onde realmente me interessa, o sujeito pode se tornar divino
sem a necessidade de morrer, a defesa é de que isso é possível ainda em vida, que é possível
separar a alma e o corpo sem passar pelo desencarne

Rocha Jr:Como é possível separar a alma e o corpo sem passar pelo desencarne?

Prof Vinicius Pimentel: Chegarei lá!

Rocha Jr: Aguardo.

Prof Vinicius Pimentel: No Corpus Hermeticum XIII Hermes se apresenta como um iniciado pelo
seu filho Tat. E diz que apesar de ser visto como um homem dotado de corpo, ele não é mais
assim. Ele diz:

3-Coisas impossíveis e artificiais me dizes, ó pai; por isso, em relação a


essas coisas, quero corretamente refutar: " tenho vindo a ser um filho
estrangeiro do meu próprio país"; não me rejeite, ó pai; sou um filho
legítimo; mostra-me claramente o modo da palingenesia. -Que direi, ó
filho? Não tenho nada a dizer, exceto isto: vendo algo dentro de mim que,
da misericórdia de Deus, veio ser uma visão sem forma, e saí de mim
mesmo para um corpo imortal, e agora não sou aquele que era antes, mas
nasci no nous. Essa coisa não é ensinada, nem com rudimento formado,
por meio do qual se vê; assim também não me incomodo com a primeira
imagem composta. Não toco mais a superfície nem tenho tato nem
medida, mas sou contrário a esses. Agora me vês, ó filho, com olhos, mas
o que sou não compreendes quando olhas com o corpo e a visão. Agora
contemplo não com estes olhos, ó filho.4
4
Tradução do David Pessoa de Lira 3 — Ἀδύνατά μοι λέγεις, ὦ πάτερ, καὶ βεβιασμένα· ὅθεν πρὸς ταῦτα
ὀρθῶς ἀντειπεῖν θέλω "αλλότριος υἱὸς πέφυκα τοῦ πατρικού γένους μή φθόνει μοι, πάτερ γνήσιος υἱός είμι
διάφρασόν μοι τῆς παλιγγενεσίας τὸν τρόπον. — Τί εἴπω, ὦ τέκνον; οὐκ ἔχω λέγειν, πλὴν τοῦτο· ὁρῶν †τι ἐν
ἐμοὶ ἄπλαστον θέαν γεγενημένην ἐξ ἐλέου θεοῦ, καὶ ἐμαυτὸν ἐξελήλυθα εἰς ἀθάνατον σώμα, καὶ εἰμι νῦν οὐχ
ὁ πρίν, ἀλλ' ἐγεννήθην ἐν να' το πράγμα τοῦτο οὐ διδάσκεται, οὐδὲ τῷ πλαστῷ τούτῳ στοιχεία, δι' οὗ ἐστιν
ἰδεῖν· διὸ καὶ ἡμέληταί μοι τὸ πρῶτον σύνθετον εἶδος· οὐκέτι κέχρῳσμαι καὶ ἀφὴν ἔχω καὶ μέτρον, ἀλλότριος
δὲ τούτων εἰμί, νῦν ὁρᾶς με, ὦ τέκνον, ὀφθαλμοῖς, ὅ τι δὲ εἰμι οὐ κατανοεῖς ἀτενίζων σώματι καὶ δράσει, οὐκ
ὀφθαλμοῖς τούτοις θεωροῦμαι νῦν, ὦ τέκνον.
Nessa passagem o filho de Hermes meio que exige ser iniciado nos mistérios do
renascimento. O Renascimento no hermetismo, a palingenesia (παλιγγενεσίας), se refere ao
morrer na vida profana para renascer na vida sagrada, como um homem divino. O ponto em que
Hermes propõe ser divino é quando diz que nasceu no nous, que não possui imagem, forma,
corpo e etc, ou seja, afirma que ele conseguiu separar seu Eu verdadeiro da corporeidade.
Aí entra a parte que irrita o espiritualista moderno, que é quando ele diz: "Essa coisa não é
ensinada", o conhecimento iniciático no Hermetismo não pode ser ensinado de boca a ouvido, não
porque deve-se guardar segredo, ou porque eu sei e não quero contar, nada disso! O
conhecimento iniciático não é dizível, nem por sacerdote, nem por velho de avental e espada e
nem por velho barbudo de camisola preta. Nenhuma pessoa pode efetivamente iniciar outra na
palingenesia (renascimento) dentro do hermetismo. Ninguém pode prometer te tornar divino,
nenhum curso, nenhuma escola iniciática, nenhum templo, essa descoberta do processo iniciático
dentro do hermetismo, é uma caminhada tua. O Sacerdote ou o professor no máximo pode te
preparar para a caminhada, mas não pode te levar ao destino.
Tornar-se um iniciado no hermetismo, em vida, é possível, mas não pode ser feito por
intermédio da autoridade de um terceiro, vou mandar outra citação sobre isso:

“Esse tipo de coisa, ó filho, não é ensinado, mas quando se quer, por Deus é lembrado.”5

Ou seja, o conhecimento iniciático no hermetismo é proveniente de uma recordação


(ἀναμιμνήσκεται). Se é recordado, é pq todos nós, já possuímos, mas não lembramos.
Respondendo então o como o “podemos separar a Alma e o Corpo no Hermetismo”, isso se faz
recordando de nossa condição original, pois no hermetismo (Livro I) o ser humano é originalmente
divino antes de vir habitar o mundo físico.

Thiago: Como recordar? Essa recordação é espontânea?

Prof Vinicius Pimentel: Pela prática da piedade (espiritualidade ou religiosidade), pela busca do
conhecimento da verdade e pela purificação da alma em relação aos vícios.

José Villas Boas:Vinícius, quando você diz "apego ao corpo", ao que você está se referindo
exatamente?

Prof Vinicius Pimentel: O apego ao corpo é identificar a si mesmo pelo que é ilusório, ou seja,
crer que você é o corpo que sua alma veste, que você é o seu nome, que você é o seu título de
sacerdote ou acadêmico, que você é seu gênero ou sexualidade, que você é o dinheiro que você
ganha ou que você não ganha e etc. Essas ilusões o hermetismo também chama de
“possessões”.

José Villas Boas:Ao mesmo tempo que pode ser individual, certo? Há vários caminhos que
podem dar ao mesmo local.

5
Tradução do David Pessoa de Lira. Τοῦτο τὸ γένος, ὦ τέχνον, οὐ διδάσκεται, ἀλλ' ὅταν
θέλῃ, ὑπὸ τοῦ θεοῦ ἀναμιμνήσκεται.
Prof Vinicius Pimentel: O caminho é individual, o fim não. O fim tem de ser o mesmo para todo
mundo, mas nem todos os caminhos vão levar a esse fim. Alguns caminhos levam ao
esquecimento e a morte.

Mario:O que seria o nous?

Prof Vinicius Pimentel: O nous no Hermetismo é a faculdade supra-racional do conhecimento,


que nos informa a Verdade não na medida em que racionalizamos, mas na medida em que
intuitivamente temos recordações de saberes que não nos foram anteriormente apresentados,
seja por meio de insights, sonhos, sincronicidades e experiências religiosas. O nous é abarcado
pelo logos, logos que se coloca entre o nous e a psykhé, o logos só se apresenta por meio de
símbolos, fazendo com que a faculdade do logos esteja entre o nous e a psykhé como um filtro,
que traduz a reminiscência por meio de figuras do mundo que possuam em alguma medida um
caráter analógico dos objetos da experiência religiosa. Com efeito, por conta deste intermediário,
não temos acesso a coisa em si mesma, ao divino em si mesmo, temos acesso ao conhecimento
sagrado vestido pela roupagem do símbolo, ou seja, a gnose que se apresenta não em sua
literalidade, mas através do seu reflexo, cabendo então ao sujeito iniciado não cometer o erro
primordial de confundir a Verdade com a representação. A representação, quando tomada como a
coisa em si (to onton), gera a multiplicidade de opiniões, aos enganos. Conforme o sujeito
caminha no seu processo iniciático, que no Hermetismo não se dá pela autoridade clubista de um
mortal, mas pela graça do Nous-Poimandres¹, a Luz (seu nous) passa a cada vez mais se infiltrar
pelo véu do Logos, o sujeito passa a ter mais facilidade em transcender o símbolo e a literalização
mítica, conforme vai sendo tocado por essa luz vai purificando-se até que por fim adquire a
potência para romper com a mortalidade.

Thiago: Como acessamos o Nous?

Prof Vinicius Pimentel: Pela prática da piedade (espiritualidade ou religiosidade), pela busca do
conhecimento da verdade e pela purificação da alma em relação aos vícios.

João Pedro: No hermetismo, vocês sabem se o Jesus é citado em algum livro ou trecho?

Prof Vinicius Pimentel: Não.

Thiago: Poderia falar um pouco mais da recordação?

Prof Vinicius Pimentel: Recordamos na medida em que vivemos essa via espiritual. Na minha
experiência pessoal, e aqui eu fujo do texto, certos estalos acontecem e não depende muito de
você fazer acontecer. Apesar de que ritos e etc, auxiliam no processo.

(fez-se uma pausa)

Então resumindo:
* Existe reencarnação no hermetismo.
* O propósito é parar de reencarnar e se tornar divino.
* É possível se divinizar ainda em vida, ao contrário dos sistemas anteriores ao hermetismo.
* Para ser divinizado é necessário ser iniciado na palingenesia (renascimento)
* a iniciação não pode ser ofertada por outra pessoa
* A iniciação se dá pela recordação da divindade que reside em nós e esquecemos.
* Para recordar, é necessário um modo de vida
Nesse sentido cuidado com o tio que promete te iniciar no hermetismo, no máximo ele
pode te iniciar na literatura hermética ( basicamente eu trabalho com isso), cuidado com o tio que
usando o hermetismo promete te transmutar, Principalmente cuidado com o tio que se diz
hermetista e afirma que reencarnação não existe.

João Pedro: Qual o objetivo da reencarnação?

Prof Vinicius Pimentel: No hermetismo é parte da pena, você reencarna por não conseguir subir,
daí sobe até a esfera do ar e cai de novo sem ultrapassar o mundo elemental

João Pedro: Podemos reencarnar em mundos diferentes? (Pluralidade de mundos).

Prof Vinicius Pimentel: No hermetismo tradicional não, só no mundo material, ou elemental (que
é o mesmo). E a razão é bem simples, na doutrina só há "corpo" para entrar no mundo elemental.
Porém a alma pode viver, sem corpo, se conseguir subir através das esferas.

Daniel:Tema que proponho para outro diálogo: A Ilusão dos relacionamentos (casamento,
namoro, etc).

Prof Vinicius Pimentel: Isso foi muito específico, tá tudo bem?

Daniel:Acho um tema bem pertinente, geralmente é o que o pessoal mais sofre. Consultórios
lotados.

Prof Vinicius Pimentel: Posso abordar esse tema, agora para abordar ele eu peço licença pra
extrapolar o hermetismo, e pensar o hermetismo filosoficamente. Vamos pegar o tema: " A Ilusão
dos relacionamentos (casamento, namoro, etc) pela visão hermética". Vou elencar algumas
premissas.

Premissas:

1- Tudo que o ocorre no mundo, ou seja, no campo da natureza e da sociedade é passageiro,


2- tudo que é passageiro é mutável, tudo que é mutável é ilusório.
3- Relacionamentos ocorrem no mundo.
_______________
Conclusão: Relacionamentos são ilusórios

Tudo que é ilusório, na perspectiva do hermetismo não possui permanência, quando


esperamos de algo, aquilo que esse algo não pode ser, esse algo nos decepciona, e a decepção
causa dor. Então, quando esperamos que um relacionamento, que é passageiro, seja eterno, e ele
não cumpre essa esperança, sofremos, pq a ilusão é ilusão na medida em que nos engana e esse
engano no hermetismo sempre leva a um sofrer. A única forma de alegria ou felicidade no
hermetismo é por meio da Verdade( aletheia) e do Conhecimento (gnose), nesse sentido então,
não é que os relacionamentos causem sofrimento, nossa esperança de que eles sejam o que eles
não são, nos ilude, e a ilusão causa.

Felipe Cor Leonis: Ou nossa esperança de que eles sejam o que eles não são, nos ilude, e a
ilusão causa.
Prof Vinicius Pimentel: Daniel esse argumento lhe satisfaz? Ele pode ser aplicado a muitas
coisas, como ao emprego, a uma religião, a um grupo, e etc.

Daniel: É o que eu já penso. Não é o relacionamento em si o problema, mas o nosso


envolvimento, importância.

Prof Vinicius Pimentel: Por isso a importância no hermetismo do homem reconhecer que a vida
corpórea é frágil, já que nada nela permanece, tudo na experiência mundana é fluido, tudo se
dissipa, tudo se vai.

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