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Aula 01

PC-SP (Delegado) Legislação Penal


Especial - 2022 (Pós-Edital)

Autor:
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor
De Luca, Equipe Materiais
Carreiras Jurídicas

26 de Fevereiro de 2022
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca, Equipe Materiais Carreiras Jurídicas
Aula 01

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 4

Princípios Processuais e finalidades do Juizado Especial Criminal .................................................................... 7

Critérios para a fixação do Juizado Especial Criminal e Conceito de Infração Penal de Menor Potencial
Ofensivo ............................................................................................................................................................. 9

1 - Causas Modificadoras da Competência do Juizado Especial Criminal ...................................................... 9

2 - Causas Modificadoras da Competência do Juizado Especial Criminal.................................................... 19

Conexão e continência entre crime comum e infração penal de menor potencial ofensivo ......................... 20

Competência do Juizado Especial Criminal e atos processuais ....................................................................... 22

1 - Competência territorial (Ratione Loci) .................................................................................................... 23

2 - Juizados Especiais Itinerantes ................................................................................................................. 23

3 - Horário e Publicidade dos atos processuais ............................................................................................ 24

4 - Validade dos atos processuais ................................................................................................................ 24

5 - Prática de Atos processuais em outra comarca ...................................................................................... 25

6 - Registro de Audiência.............................................................................................................................. 25

7 - Citação .................................................................................................................................................... 25

8 - Intimação ................................................................................................................................................ 26

Fase preliminar................................................................................................................................................. 27

Procedimento comum sumaríssimo ................................................................................................................ 42

Sistema recursal nos Juizados Especiais .......................................................................................................... 47

1 - Turma Recursal ....................................................................................................................................... 47

2 - Apelação nos juizados Especiais Criminais ............................................................................................. 50

3 - Recurso extraordinário nos juizados Especiais Criminais ........................................................................ 52

4 - Recurso especial nos juizados Especiais Criminais .................................................................................. 52

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5 - Embargos de declaração nos juizados Especiais Criminais ..................................................................... 53

6 - Habeas corpus nos juizados Especiais Criminais ..................................................................................... 54

7 - Revisão criminal nos juizados Especiais Criminais .................................................................................. 55

8 - Mandado de Segurança nos juizados Especiais Criminais ...................................................................... 55

9 - Conflito de Competência entre juizado especial criminal e juízo comum ............................................... 56

Da execução nos Juizados Especiais................................................................................................................. 57

Das despesas processuais ................................................................................................................................ 59

Suspensão condicional do processo ................................................................................................................ 59

Caráter retroativo da Lei 9099/95 ................................................................................................................... 72

Aplicação subsidiária do CP e do CPP na esfera dos Juizados Especiais Criminais .......................................... 73

Resumo............................................................................................................................................................. 74

Disposições finais ............................................................................................................................................. 77

Lista de Questões com comentários ................................................................................................................ 77

Magistratura ................................................................................................................................................................... 77

Promotor ........................................................................................................................................................................ 85

Defensor ......................................................................................................................................................................... 90

Procurador ...................................................................................................................................................................... 93

Delegado de Polícia ........................................................................................................................................................ 94

Outros ............................................................................................................................................................................. 97

Lista de Questões ............................................................................................................................................. 99

Magistratura ................................................................................................................................................................... 99

Promotor ...................................................................................................................................................................... 102

Defensor ....................................................................................................................................................................... 103

Procurador .................................................................................................................................................................... 105

Delegado de Polícia ...................................................................................................................................................... 105

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Outros ........................................................................................................................................................................... 107

Gabarito.......................................................................................................................................................... 107

Magistratura ................................................................................................................................................................. 107

Promotor ...................................................................................................................................................................... 108

Defensor ....................................................................................................................................................................... 108

Procurador .................................................................................................................................................................... 108

Delegado de Polícia ...................................................................................................................................................... 108

Outros ........................................................................................................................................................................... 108

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Com o objetivo de conferir maior celeridade e informalidade à prestação jurisdicional aos delitos de menor
potencial ofensivo, revigorar a figura da vítima no processo penal (inúmeras vezes deixadas em segundo
plano na esfera criminal), a Constituição Federal de 1988 determinou em seu art. 98, inciso I:

Art. 98 da CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criação:

I - Juizados especiais, providos por juízes togados e leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor
potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.

De plano, podemos destacar que o legislador constituinte traçou algumas diretrizes acerca dos Juizados
Especiais Criminais:

• Os Juizados Especiais, providos por juízes togados e leigos, serão competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, ficará a cargo desses
Juizados crimes catalogados como de menor gravidade conceituado no art. 61 da Lei 9099/95;

• O procedimento nos Juizados Especiais é oral e sumaríssimo. Com isso, a Constituição Federal aponta que
os primados da celeridade, informalidade, oralidade, economia processual ganham extrema relevância nesse
rito;

• Autorizou nos casos previstos em lei a realização da transação penal, isto é, acordo entabulado entre o
titular da ação penal e o autor do crime de menor potencial ofensivo, com o escopo de evitar a deflagração
de um processo criminal, tendo como contrapartida a aplicação imediata de uma pena restritiva de direitos
ou multa (penas não privativas de liberdade), sendo todo esse negócio jurídico acompanhado por um
advogado ou um defensor público;

• Com a finalidade de desafogar o trabalho dos Tribunais de Justiça/Tribunais Regionais Federais, a


Constituição Federal preconiza que os meios recursais em sede de Juizados Especiais criminais serão
apreciados por turmas formadas de juízes de primeiro grau de jurisdição;

Para dar concretude às linhas gerais traçadas na Constituição Federal, em 26 de novembro de 1995, a Lei
9.099 entra em vigor para inaugurar a denominada jurisdição consensual no âmbito criminal. Reparem que
antes do advento dessa Lei existia no Brasil tão somente a jurisdição contenciosa no aspecto penal, ou seja,
o litígio criminal era solucionado necessariamente por meio de uma sentença após o devido processo legal
e o contraditório entre as partes em regular processo-crime.

A lei 9.099/95 então muda esse paradigma da necessidade de uma jurisdição de conflito para dar luz à uma
jurisdição baseada no consenso, visando evitar a deflagração de um processo criminal, prestigiando a solução
amigável entre os litigantes e a reparação amigável do dano por seu causador.

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Essa jurisdição consensual traz consigo também a alteração de algumas premissas tradicionais da jurisdição
conflitiva. O grande exemplo pode ser observado em relação ao princípio da obrigatoriedade da ação penal
(O Ministério Público devia sempre ajuizar ação penal pública diante de indícios suficientes de autoria e prova
da materialidade delitiva) que cede lugar para o princípio da discricionariedade regrada, ou seja, presentes
os requisitos da transação penal delineados no art. 76 da Lei 9099/95, o Ministério Público pode ofertar uma
proposta de transação penal ao invés de oferecer uma denúncia.

A Lei nº 9.099/95 também inaugura no ordenamento jurídico uma série de medidas despenalizadoras que
inibem a deflagração do processo criminal ou suspendem o prosseguimento da ação penal. Vale dizer, o
Estado cria medidas legais que visam evitar o cumprimento da pena privativa de liberdade, permanecendo
intacta a figura criminosa. Daí a denominação de medidas despenalizadoras1. Foram 4 medidas
despenalizadoras estabelecidas por essa lei:

1) Composição civil dos danos – gera a renúncia ao direito de queixa na ação penal privada ou a renúncia
à representação na ação penal pública condicionada, com a consequente extinção da punibilidade (art. 74,
parágrafo único, da Lei 9099/952). Essa medida inibe a instauração do processo criminal.
2) Transação penal – autoriza o cumprimento imediato de uma pena restritiva de direitos ou multa, em
contrapartida evita a instauração do processo criminal (art. 76 da Lei nº 9099/953).
3) Representação nos delitos de lesões corporais leves e lesões culposas - A lei nº 9099/95 cria essa
condicionante para esses crimes de forma que a não apresentação da representação no prazo de 6 (seis)
meses a contar da ciência do autor dos fatos gera a decadência, que é uma causa extintiva da
punibilidade (art. 88 da Lei nº 9099/95). Antes da Lei 9099/95, os crimes de lesão corporal leve e lesão
culposa eram de ação penal pública incondicionada.
4) Suspensão condicional do processo – Se houver acordo com o acusado, depois de recebida a denúncia,
o magistrado suspende o andamento da ação penal e da prescrição. Em contrapartida, durante
determinado lapso temporal (período de prova), o acusado é submetido a certas condições. Encerrado o
período de prova sem a ocorrência de qualquer alteração, o magistrado declara extinta a punibilidade (art.
89 da Lei 9099/95). Vale ainda destacar que o instituto da suspensão condicional do processo não se limita

1
Não confunda despenalização com descriminalização. Na despenalização o Estado visa evitar a imposição e a execução de uma
pena de prisão (pena privativa de liberdade), permanecendo intacta a figura criminosa. Já na descriminalização o Estado deixa de
estabelecer como crime determinado comportamento. A descriminalização pode se dar por via legislativa (abolitio criminis.
Exemplo de descriminalização: O antigo delito de adultério, que deixou de ser crime com o advento da Lei 11106/2005.) ou por
via judicial ou interpretativa (quando se restringe o âmbito do proibido com fundamento nos princípios limitadores do jus puniendi.
Exemplo: adoção do princípio da insignificância).

2
Art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95: Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal de iniciativa privada
ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.

3
Art. 76, caput, da Lei 9099/95: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública de incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta.

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aos delitos de menor potencial ofensivo da Lei 9099/95, ou melhor, vale para todo e qualquer delito que
preencha os requisitos do art. 89 da Lei 9099/95.

Além das medidas despenalizadoras, a Lei nº 9099/95 também cria uma medida descarcerizadora, ou seja,
medida que evita o encarceramento, que é justamente o termo circunstanciado de ocorrência (TCO),
instrumento investigatório mais simplificado quando comparado com o Inquérito Policial e que versa sobre
delitos de menor potencial ofensivo. Esse termo circunstanciado de ocorrência está previsto no art. 69,
parágrafo único do citado diploma legal4, nos seguintes termos: “O autor do fato que, após a lavratura do
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.”

Questão: A Lei 9099/95 é constitucional?

Com o advento da Lei dos Juizados Especiais Criminais (JECRIM) alguns doutrinadores defendiam a sua
inconstitucionalidade por não concordar com a possibilidade de existir acordos no processo penal. Esses
juristas sustentavam ser totalmente incompatível a aplicação de pena sem a existência de um processo e
sem prévio reconhecimento de culpabilidade, com flagrante violação ao princípio constitucional do devido
processo legal (art. 5º, LIV, da CF5). Todavia, a posição prevalente na doutrina e na jurisprudência6 foi no
sentido de reconhecer a constitucionalidade da Lei 9099/95. Afinal de contas, a criação de um Juizado
Especial Criminal para processar e julgar os delitos de menor potencial ofensivo, com a possibilidade de
realizar transação penal, foi autorizada pela própria Constituição Federal (art. 98, I).

Outra questão: Existe Juizado Especial Criminal apenas no âmbito estadual?

Não. A própria Constituição Federal em seu art. 98, §1º7 ressaltou a criação do juizado especial no âmbito da
Justiça Federal, tema tratado pela lei 10259/2001. No âmbito criminal, a Lei 10259/01 faz expressa remissão
a todos os institutos da Lei 9099/95.

Por fim, é interessante ainda falar sobre a composição dos Juizados Especiais. De acordo com o art. 60, caput,
da Lei 9099/95, o Juizado Especial é provido por juízes togados ou togado e leigos. Cabe ainda destacar que
os juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados dentre advogados com mais de 5 anos de experiência.

4
Art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95: Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
com a vítima.

5
Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

6
Em Questão de Ordem enfrentada no Inquérito 1055/AM, o STF declarou a constitucionalidade da Lei nº 9099/95.

7
Art. 98, §1º, da CF: Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.

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Esses juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no
desempenho de suas funções8.

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS E FINALIDADES DO JUIZADO


ESPECIAL CRIMINAL
Dispõe os artigos 2º e 62, ambos da Lei 9099/95:

Art. 2º da Lei 9099/95: O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,


informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação
ou a transação.

Art. 62 da Lei 9099/95. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, simpliciadade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando,
sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não
privativa de liberdade (redação dada pela Lei 13603/18).

Como se vê do art. 62 da Lei 9099/95, os Juizados Especiais Criminais têm o condão de atingir a reparação
dos danos causados à vítima, a conciliação (penal e civil) dos conflitos e a não aplicação da pena de prisão
(pena privativa de liberdade). Além disso, o referido dispositivo legal trouxe os princípios (critérios)
norteadores dos Juizados Especiais Criminais, a saber:

• Oralidade: os atos processuais serão, de preferência, orais, sendo os essenciais reduzidos a termo ou
transcritos por quaisquer meios. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser
gravados em fita magnética ou equivalente. Exemplos de atos processuais que podem ser praticados

8 Art. 7º da
Lei 9099/95: Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre
os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 5 (cinco) anos de experiência.

Parágrafo único. Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho
de suas funções.

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oralmente: Peça Acusatória (art. 77, caput, e §3, da Lei 9099/959), Defesa Preliminar (art. 81, caput, da Lei
9099/9510), etc.

• Simplicidade: em virtude desse princípio, o legislador teve como grande finalidade simplificar ao máximo
os atos processuais. Exemplos: O termo circunstanciado substitui o demorado inquérito policial (art. 69,
caput, da Lei 9099/9511); para o oferecimento da denúncia não se exige exame de corpo de delito, podendo
a prova da materialidade delitiva ser substituída por boletim médico ou prova equivalente (art. 77, §1º, da
Lei 9099/9512); se o acusado não for encontrado para ser citado pessoalmente, os autos serão endereçados
ao Juízo Comum (art. 66, parágrafo único13). Esse critério norteador foi incluído pela Lei 13603/18.

• Informalidade: não se exigirá dos atos processuais a observância do rigor formal do processo, sob pena de
nulidade, se a sua finalidade tiver sido alcançada. Exemplos: As sentenças em sede de Juizado Especial
dispensam o relatório (art. 81, §3º, da Lei 9099/9514); se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula de julgamento servirá de acórdão (art. 82, §5º, da Lei 9099/9515).

• Economia processual: Decorrência do princípio da informalidade, de acordo com esse primado os atos
processuais devem ser praticados no maior número possível, no menor espaço de tempo e do modo menos

9 Art. 77, caput, da Lei 9099/95: Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor
do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao juiz, de imediato,
denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.

§3º. Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz verificar se a complexidade e as
circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.

10 Art. 81, caput, da Lei 9099/95: Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o
juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à produção da sentença.

11
Art. 69, caput, da Lei 9099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários.

12
Art. 77, §1º, da Lei 9099/95: Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido
no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame de corpo de delito quando a materialidade do
crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

13
Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao
Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

14
Art. 81, §3º, da Lei 9099/95: A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz.

15Art. 82, §5º, da Lei 9099/95: Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de
acórdão.

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oneroso possível. Exemplo desse princípio: Em audiência de instrução e julgamento, o juiz pode limitar ou
excluir as provas que consideram excessivas, protelatórias ou impertinentes (art. 81, §1º, da Lei 9099/9516).

• Celeridade: esse primado visa uma prestação jurisdicional no menor prazo possível, sem, por óbvio,
atropelar os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.

CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DO JUIZADO ESPECIAL


CRIMINAL E CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL DE MENOR
POTENCIAL OFENSIVO
A competência criminal do Juizado Especial é fixada com base em dois critérios: a) infração penal de menor
potencial ofensivo; b) inexistência de circunstância que desloque a competência para o juízo comum;

Lembre-se que a competência do Juizado Especial se dá com a observância desses dois critérios
concomitantes. Vamos exemplificar para uma melhor compreensão: O delito de desacato (art. 331 do CP) é
um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima não é superior a dois anos). Esse delito será processado
no âmbito do Juizado Especial Criminal? Sim, salvo se existir uma causa que desloque a competência para o
juízo comum. Exemplos: 1) Conexão e continência (art. 60, parágrafo único, da Lei 9099/9517); 2)
Complexidade da causa (art.77, §2º, da Lei 9099/9518); 3) Se o autor estiver em lugar incerto e não sabido,
sendo impossível a sua citação pessoal. Lembre-se que não há citação por edital no JECRIM (art.66, parágrafo
único, da Lei 9099/9519). Nesses três casos, mesmo o delito sendo de menor potencial ofensivo, os autos
serão endereçados ao Juízo Comum.

1 - CAUSAS MODIFICADORAS DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO


ESPECIAL CRIMINAL
O que é infração de menor potencial ofensivo?

16
Art. 81, §1º, da Lei 9099/95: Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o juiz limitar
ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

17
Art. 60, parágrafo único: Na reunião de processos, perante o Juízo comum ou tribunal do Júri, decorrentes da aplicação das
regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.

18 Art. 77, §2º, da Lei 9099/95: Se a complexidade ou circunstância do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério

Público poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

19Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao
Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

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Para responder essa pergunta é necessário fazer uma evolução histórica do conceito de menor potencial
ofensivo.

Em 1995, em sua redação original, o artigo 61 da Lei 9099/95 determinava que as infrações de menor
potencial ofensivo eram as contravenções penais e os crimes em que a lei cominava pena máxima não
superior a 1 ano, excetuados os casos em que a lei previa procedimento especial.

Ocorre que em 2001, com a edição da lei 10259/0120 (lei federal que cria os Juizados Especiais Criminais
Federais), o conceito de infração penal de menor potencial ofensivo sofreu substancial alteração. De acordo
com essa lei, crime de menor potencial ofensivo é aquele em que a lei comine pena máxima não superior a
dois anos, ou multa (art. 2º, parágrafo único, da Lei 10259/0121).

Notem que, ao contrário da Lei 9099/95, a Lei 10259/01 passou a considerar como infração de menor
potencial ofensivo crime cuja pena máxima não fosse superior a 2 anos, ou seja, a lei dos juizados especiais
criminais federais elevou esse patamar para 2 anos. Daí surgiu a seguinte questão na doutrina e
jurisprudência: Há quantas definições para a infração de menor potencial ofensivo? Um conceito para o
Juizado Especial Criminal no âmbito estadual e outro na esfera estadual? Ou a lei 10259/01 alterou as
diretrizes traçadas pela lei 9099/95, revogando-a quanto ao conceito de infração de menor potencial
ofensivo?

À época surgiram 2 correntes.

• Sistema Bipartido – O conceito de infração penal de menor potencial ofensivo da Lei 10259/01 vale apenas
para o Juizado Especial Criminal Federal, em virtude desse diploma legal ter feito essa ressalva no art. 2º,
parágrafo único, da Lei 10259/01 (“para os efeitos desta lei”). Assim existiria dois conceitos de infração de
menor potencial ofensivo, um para os Juizados Especiais Criminais na esfera estadual e outro no âmbito
federal. Essa corrente não foi acolhida pela jurisprudência.

• Sistema Unitário – Em prol do princípio da isonomia, o conceito de infração penal de menor potencial deve
ser igual tanto para o Juizado Especial Federal como o Estadual. O delito de desacato (com pena máxima de
2 anos) ilustra bem a importância de ter um conceito único para a infração de menor potencial ofensivo.
Basta ver o quão desproporcional seria considerar infração penal de menor potencial ofensivo se o agente
cometesse desacato em face de um funcionário federal e não submeter ao Juizado Especial Criminal Estadual
um desacato praticado em face de um funcionário estadual. Essa foi a posição que prevaleceu na doutrina e

20
Art. 2º da Lei 10259/01: Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça
Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo.

Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a dois anos, ou multa.

21Repare que o artigo 2º, parágrafo único, da Lei 10259/01 não menciona as contravenções penais. A razão para tanto é simples.
Juizado Especial Federal não julga contravenção penal. Em outras palavras, em primeiro grau de jurisdição, a Justiça Federal não
tem competência para julgar contravenções penais (art. 109, IV, da CF).

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na jurisprudência como muito bem explicou o professor Luiz Flávio Gomes: Como decorrência do princípio
constitucional da igualdade (ou do tratamento isonômico), do princípio da proporcionalidade ou
razoabilidade, e também porque se tratava de lei nova com conteúdo penal favorável (CP, art. 2º, parágrafo
único), acabou prevalecendo a primeira corrente, no sentido que o conceito de infração de menor potencial
ofensivo trazido pela Lei nº 10259/01 seria extensivo aos Juizados Estaduais, com a consequente derrogação
do art. 61 da Lei nº 9099/9522.

A questão restou resolvida de uma vez por todas com a nova redação do art. 61 da Lei nº 9099/95 dada pela
Lei 11313/06. Eis o teor do art. 61 da Lei nº 9099/95:

Art. 61 da Lei nº 9099/95: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

contravenções penais

Infração de menor
potencial ofensivo
crimes que a lei comine
pena máxima não superior
a 2 anos, cumulada ou
não com multa

OBS: Essa definição unifica o conceito de infração de menor potencial ofensivo. Repare ainda que a ressalva
contida quanto aos crimes sujeitos à procedimento especial delineada na redação original do art. 61 da Lei
nº 9099/95 deixa de existir, ou seja, são infrações de menor potencial ofensivo todas as contravenções
penais e os crimes a que lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa,
submetidos, ou não, os delitos, a procedimento especial.

OBS 2: Lembre-se também que aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9099/95 (art. 41 da Lei 11340/06).

22 GOMES, Luiz Flávio. Juizados Criminais Federais, seus reflexos nos Juizados Estaduais e outros estudos. São Paulo: Editora Revista

dos Tribunais, 2002, p.21.

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Não confunda crime de menor potencial ofensivo com o delito de ofensividade


insignificante. Crime de ofensividade insignificante corresponde ao crime de bagatela, ou
seja, são infrações penais que autorizam a aplicação do princípio da bagatela, gerando a
atipicidade material da conduta, tornando-a atípica. O Supremo Tribunal Federal traçou os 4
vetores para a aplicação do primado da insignificância:

1) Mínima ofensividade da conduta do agente;


2) Nenhuma periculosidade social da ação;
3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Também não confunda crime de menor potencial ofensivo com delito de médio potencial ofensivo. Delito
de médio potencial ofensivo é aquele que autoriza a aplicação da suspensão condicional do processo (art.
89 da Lei 9099/95). Dessa forma, podem ser catalogados como delitos de médio potencial ofensivo os crimes
com pena mínima igual ou inferior a 1 ano, abrangidos ou não pela Lei dos Juizados Especiais. Exemplo de
delito de médio potencial ofensivo: Apropriação indébita simples (art. 168, caput, do CP), em que a pena
mínima é de 1 ano de reclusão.

É importante ainda distinguir crime de menor potencial ofensivo com o delito de ínfimo potencial ofensivo.
Delito de ínfimo potencial ofensivo são crimes as quais não são cominadas penas privativas de liberdade.
Exemplo: Art. 28 da Lei 11343/06 – porte de entorpecente, cujas penas são: advertência sobre os efeitos das
drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo. Em caso de não cumprimento, o juiz poderá submeter o agente a uma admoestação verbal e
multa.

Questão: O art. 94 do Estatuto do Idoso (Lei 10741/03) alterou o conceito de crime de menor potencial
ofensivo?

Dispõe o art. 94 do Estatuto do Idoso:

“ Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4
(quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei 9099, de 26 de setembro de 1995, e,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.”

Reparem que o Estatuto do Idoso entrou em vigor no ano de 2003. Pois bem. Do mesmo modo que ocorreu
com a entrada em vigor da Lei 10259/01, alguns doutrinadores passaram a defender que houve elevação do
patamar para 4 anos aos crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, essa corrente defendia que crime de
menor potencial ofensivo era todo aquele em que a pena máxima não era superior a 4 anos. Todavia, não
foi essa tese que prevaleceu na doutrina e na jurisprudência. Afinal de contas, o Estatuto do Idoso foi uma
criação legal para proteger o idoso. Assim, seria um contrassenso autorizar a interpretação acima dada ao
conceito de infração penal de menor potencial ofensivo, porquanto, a rigor, o verdadeiro beneficiário da
norma seria o autor de crime em face de idosos. Essa questão controvertida foi enfrentada pelo Supremo
Tribunal Federal na ADI 3096, ocasião em que o Pretório Excelso entendeu que o artigo 94 do Estatuto do
Idoso não alterou o conceito de infração de menor potencial ofensivo, mas sim fixou o procedimento da
Lei 9099 (mais célere) aos crimes com pena máxima de 4 anos. Vejamos o julgado do STF:

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E 94 DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO


DO IDOSO). RESTRIÇÃO À GRATUIDADE DO TRANSPORTE COLETIVO. SERVIÇOS DE
TRANSPORTE SELETIVOS E ESPECIAIS. APLICABILIDADE DOS PROCEDIMENTOS PREVISTOS NA
LEI 9.099/1995 AOS CRIMES COMETIDOS CONTRA IDOSOS. 1. No julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 3.768/DF, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o art. 39 da Lei
10.741/2003. Não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade nessa parte. 2. Art. 94
da Lei n. 10.741/2003: interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto,
para suprimir a expressão "do Código Penal e". Aplicação apenas do procedimento sumaríssimo
previsto na Lei n. 9.099/95: benefício do idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de
aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do
crime. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para dar
interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução de texto, ao art. 94 da Lei n.
10.741/2003 (ADI 3096, Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 16/06/2010).

Em resumo, 3 situações merecem ser ressaltadas quando o crime é praticado contra


o idoso ou com previsão no Estatuto do Idoso.

1) Se o crime tiver pena máxima não superior a 2 anos – A competência será do Juizado Especial Criminal,
com a possibilidade de serem adotados os institutos despenalizadores da Lei 9099/95 (art. 61 da Lei
9099/95).
2) Se o crime tiver pena máxima não superior a 4 anos – Nesse caso aplica-se o previsto no art. 94 do
Estatuto do Idoso, ou seja, a competência para processar esse crime será do Juízo Comum, porém com o
rito sumaríssimo. Com isso, a resposta estatal a esse crime será dada de forma mais célere.
3) Se o crime tiver pena superior a 4 anos – A competência será do Juízo Comum, com adoção do rito
ordinário.

Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para processar infração de menor potencial ofensivo
cometido por acusado com prerrogativa de função?

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Vamos exemplificar: Se um Senador da República pratica um delito de menor potencial ofensivo, caberá ao
Supremo Tribunal Federal23 aplicar as medidas despenalizadoras (composição civil dos danos, transação
penal, suspensão condicional do processo e representação nos crimes de lesão corporal leve e culposa). De
acordo com o Supremo Tribunal Federal o âmbito de incidência dessas normas legais ultrapassa os limites
formais e orgânicos dos Juizados Especiais Criminais, projetando-se sobre os procedimentos penais
instaurados perante outros órgãos judiciários ou tribunais, porquanto produzem evidente reflexo sobre a
pretensão punitiva do Estado24.

Questão: A lei 9099/95 pode ser aplicada na Justiça Eleitoral para os crimes eleitorais?

É possível a aplicação da lei 9099/95 para os crimes eleitorais, salvo para os crimes que contam com um
sistema punitivo especial. Exemplo: O art. 334 do Código Eleitoral não admite transação penal, pois nesse
delito há a previsão de um sistema punitivo especial. Vejamos o art. 334 do Código Eleitoral:

Art. 334 do Código Eleitoral: Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios
e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores.

Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação de registro se o responsável for candidato. Exemplo
de sistema punitivo especial. A cassação de registro somente é possível por meio de sentença penal
condenatória.

Não confunda também infração de menor potencial ofensivo com instrumentos de menor potencial
ofensivo. O conceito de instrumento de menor potencial ofensivo foi previsto pelo art. 4º da Lei nº
13060/14:

“Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo aqueles projetados
especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar
ou incapacitar temporariamente pessoas.”

Em resumo, instrumentos de menor potencial ofensivo não tem qualquer relação com o Juizado Especial
Criminal. Instrumento de menor potencial ofensivo são armas não letais. Exemplo: arma taser, gás
lacrimogêneo, etc. A Lei 13060/14 foi editada justamente no contexto em que o Brasil vivia inúmeros
protestos nas ruas. Para evitar o emprego de arma letal pelas forças policiais em face dessas manifestações
entra em vigor a Lei 13060/14. Vejamos o previsto no art. 2º da Lei 13060/14:

23
Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I – processar e julgar, originariamente:

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da República;

24
STF, Pleno, Inq. 1055 QO/AM, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 24/05/1996.

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Art. 2º da Lei 13.060/14: Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos instrumentos de
menor potencial ofensivo, desde que o uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos policiais,
e deverão obedecer os seguintes princípios:

I – legalidade;

II – necessidade;

III – razoabilidade e proporcionalidade.

Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:

I – contra a pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de
lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; e

II – contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de
morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros.

Como já mencionamos, a Lei 11340/16 prevê a não aplicação da Lei 9099/95 aos crimes praticados no âmbito
da violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa é a redação do art. 41 da Lei 11340/06:

“Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.”

OBS: Muito embora o artigo 41 da Lei de Violência Doméstica e Familiar mencione apenas “crimes”, é
consenso na doutrina e na jurisprudência que as contravenções penais também não se sujeitam a Lei
9099/95. Assim, por exemplo, não será cabível uma transação penal diante de uma contravenção penal de
vias de fato25 praticado no âmbito doméstico e familiar. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ARTIGO 41 DA LEI Nº 11.340/06 –


ALCANCE. O preceito do artigo 41 da Lei nº 11.340/06 alcança
toda e qualquer prática delituosa contra a mulher, até mesmo
quando consubstancia contravenção penal, como é a relativa a
vias de fato. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ARTIGO 41 DA LEI Nº
11.340/06 – AFASTAMENTO DA LEI Nº 9.099/95 – CONSTITUCIONALIDADE. Ante a opção político-
normativa prevista no artigo 98, inciso I, e a proteção versada no artigo 226, § 8º, ambos da
Constituição Federal, surge harmônico com esta última o afastamento peremptório da Lei nº

25
Art. 21 do Decreto-Lei 3688/41: Praticar vias de fato contra alguém:

Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não constitui crime.

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9.099/95 – mediante o artigo 41 da Lei nº 11.340/06 – no processo-crime a revelar violência


contra a mulher. (HC 106212, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
24/03/2011)

OBS 2: Lembre-se ainda que para saber o real conceito de violência doméstica é necessário conjugar os
artigos 5º e 7º da Lei 11343/06. O art. 5º da Lei 11343/06 cuida do contexto em que é possível visualizar uma
violência doméstica: I – âmbito familiar; II – âmbito doméstico; III – em qualquer relação íntima de afeto.
Pois bem. Se em alguma dessa situação fática ocorrer o emprego de violência (física, patrimonial, psicológica,
moral e sexual) estaremos diante de uma violência doméstica e familiar contra a mulher.

Questão: Pode o legislador vedar a aplicação da lei dos Juizados Especiais Criminais tal como o previsto no
art. 41 da Lei nº 11340/06?

O Supremo Tribunal Federal enfrentou o tema na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 19 e na Ação


Direta de Inconstitucionalidade nº 4424, ocasião em que afirmou existir critério razoável para o
estabelecimento desse tratamento diferenciado ante a vulnerabilidade da mulher (vítima) no âmbito da
unidade familiar, da unidade doméstica e em qualquer relação íntima de afeto.

Esses julgados citados acima também foram importantes para o Supremo Tribunal Federal para reforçar 2
pontos:

1) O delito de lesão corporal leve praticado no âmbito de violência familiar e doméstica contra a
mulher é de ação penal pública incondicionada. Motivo: Se é vedado a aplicação da Lei dos
Juizados Especiais Criminais em sede de violência doméstica, conclui-se ser proibido a aplicação
do art. 88 da Lei 9099/95 (artigo que prevê a necessidade de representação para os crimes de
lesão corporal leve) aos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. OBS: O delito
de lesão corporal culposa ainda necessita de representação ainda que praticada no âmbito
familiar ou doméstico, vez que nesse caso o agente não almeja praticar uma violência em face de
uma mulher, ou seja, o resultado advém a título de culpa. Destaca-se os julgados do STF nos autos
da ADI4424 e a ADC 19:

AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER –


LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é
pública incondicionada – considerações. (ADI 4424, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 09/02/2012)

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO –


TRATAMENTO DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do
tratamento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a Constituição
Federal, no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura

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brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a
conveniência de criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não
implica usurpação da competência normativa dos estados quanto à própria organização
judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95
– AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica
contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo
226 da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que
coíbam a violência no âmbito das relações familiares.
(ADC 19, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2012)

2) Os institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do processo


estão descritos na Lei 9099/95. Logo, não são cabíveis para casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher. Ainda sobre o tema, vale também destacar a súmula 536 do STJ:

Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

É importante ainda abordar outras situações trazidas pela Lei 11340/06 envolvendo os Juizados.

Dispõe o art. 14, caput, da Lei 11340/06: Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito
Federal e nos Territórios, pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
normas de organização judiciária.

Observem que o art. 14, caput, da Lei 11340/06 emprega a expressão Juizados. Diante disso, indaga-se: A Lei
de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher criou Juizados?

A resposta é negativa. A mens legis foi justamente criar Varas Especializadas para cuidar da Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, e não criar Juizados. Onde se lê: Juizados. Entenda-se: Varas
Especializadas.

Ainda sobre esse artigo 14 da Lei 11340/06, é crucial ainda destacar que esse dispositivo legal não cria por
lei federal Varas Especializadas no âmbito da organização da Justiça dos Estados, mas tão somente sugere a
implantação dessas Varas Especializadas no âmbito do Poder Judiciário dos Estados, conforme se infere dos
termos empregados “poderão ser criados” no art.14, caput, da Lei 11340/06. Essa foi a interpretação
conforme dada pelo STF quando do julgamento da ADI 4424 e ADC 19. De tal arte, não há que se falar em
inconstitucionalidade do art. 14 da Lei 11340 por suposta violação à organização judiciária estadual, matéria

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de iniciativa do Tribunal de Justiça Local (art. 125, §1º, da CF26), pois a Lei de Violência Doméstica apenas
recomendou a criação de Varas Especializadas.

Questão: A lei 9099/95 tem aplicação aos crimes militares?

Pessoal, esse é um tema que ainda desperta acalorados debates na doutrina e na jurisprudência.

Com o advento da Lei nº 9.099/95, vários advogados passaram a solicitar aos Juízos Militares a aplicação dos
institutos despenalizadores (transação penal e suspensão condicional do processo) aos processos militares.

Na data de 24/12/96, o Superior Tribunal Militar reagiu a essa nova tese defensiva com a edição do verbete
sumular de nº 9, com os seguintes termos:

Súmula 9 do STM:A Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e
dá outras providências, não se aplica à Justiça Militar da União

Motivo: A aplicação dos institutos da Lei nº 9.099/95 colocaria em situação de vulnerabilidade as premissas
basilares das Instituições Militares (hierarquia e disciplina), com prejuízo direto na regularidade das
atividades conferidas às Forças Armadas, sobretudo em razão da enorme quantidade de delitos com pena
diminuta que seriam englobados pela referida lei.

Para atender as peculiaridades na vida na caserna, o legislador infraconstitucional acrescentou o art. 90-A à
Lei dos Juizados Especiais por meio da Lei de nº 9839, de 27 de setembro de 1999. Tal artigo preconiza:

Art. 90-A da Lei 9099/95: As disposições dessa lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar

E qual é a atual posição do STF sobre o assunto?

No julgamento do HC de nº 99743, o Pleno do Supremo Tribunal confirmou que os institutos


despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais não têm incidência aos crimes militares quando o sujeito da
conduta delituosa for militar.

Todavia, no julgado citado acima realizado no ano de 2011, o STF declarou, em obter dictum (fundamentos
acessórios que não são determinantes para o julgamento), que autorizaria a aplicação da Lei nº 9.099/95 se
o autor da conduta fosse civil. Vale dizer, o STF deixou aberto a possibilidade de aplicar a transação
penal/suspensão condicional do processo em crimes militares quando envolver civil como o autor da prática
delitiva. Esse foi o julgado:

26Art. 125, §1º, da CF: A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária
de iniciativa do Tribunal de Justiça.

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Ementa: Penal Militar. Habeas corpus. Deserção – CPM, art. 187. Crime
militar próprio. Suspensão condicional do processo - art. 90-A, da Lei n.
9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Inaplicabilidade,
no âmbito da Justiça Militar. Constitucionalidade, face ao art. 98, inciso
I, § 1º, da Carta da República. Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma em relação a civil processado
por crime militar. O art. 90-A, da n. 9.099/95 - Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais -, com a redação
dada pela Lei n. 9.839/99, não afronta o art. 98, inciso I, § 1º, da Carta da República no que veda a suspensão
condicional do processo ao militar processado por crime militar. In casu, o pedido e a causa de pedir referem-
se apenas a militar responsabilizado por crime de deserção, definido como delito militar próprio, não
alcançando civil processado por crime militar. Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma que veda a
aplicação da Lei n. 9.099 ao civil processado por crime militar. Ordem denegada.(HC 99743, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2011) (destaquei)

2 - CAUSAS MODIFICADORAS 2 DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO


ESPECIAL CRIMINAL
Logo no início desse tópico foi mencionado a existência de 3 hipóteses de alteração da competência do
Juizado Especial Criminal mesmo diante de um delito de menor potencial ofensivo. Vejamos essas hipóteses:

1ª Hipótese: Quando houver conexão e continência entre um delito de menor potencial ofensivo e outro
delito mais grave. Na espécie, haverá a reunião de processos perante o Juízo com força atrativa (Juízo
comum ou do Tribunal do Júri), decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, podendo
ser propostos os institutos despenalizadores da transação penal e da composição dos danos civis (art. 60,
parágrafo único, da Lei nº 9099/95). OBS: Esse assunto será aprofundado no tópico seguinte.
2ª Hipótese: Em caso de o acusado não puder ser citado pessoalmente. É o que estabelece o art. 66 da Lei
nº 9099/95: “A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao
Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.” Por ser totalmente incompatível com o
procedimento célere do Juizado Especial Criminal, não se admite a citação por edital. Assim, não sendo
encontrado o acusado para ser citado pessoalmente, encaminha-se os autos ao Juízo comum para adoção
do rito sumário, segundo determina o art. 538 do Código de Processo Penal27.
3ª Hipótese: Complexidade da causa. É o que determina o art. 77, §2º, da Lei 9099/95: “Se a
complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público
poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art.
66 desta lei.” Em regra, a complexidade da causa estará presente em 2 causas: a) Pluralidade de

27Art. 538 do CPP: Nas infrações de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as
peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.

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acusados. Exemplo: Crime de lesão corporal leve praticado por 15 acusados; b) Necessidade de perícias
de maior complexidade. Nessas circunstâncias o ideal é o encaminhamento dos autos ao Juízo comum
para a adoção do rito sumário.

CONEXÃO E CONTINÊNCIA ENTRE CRIME COMUM E INFRAÇÃO


PENAL DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

Conexão é o instituto processual que liga duas ou mais crimes infrações penais. O principal efeito da conexão
é a reunião de processos para um julgamento simultâneo (simultaneus processus).

Espécies de conexão:
3
Conexão intersubjetiva a) por simultaneidade (duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas,
ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas);
b) por concurso (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas
em concurso, embora diverso o tempo e o lugar);
c) por reciprocidade (duas ou mais infrações praticadas por várias
pessoas, umas contra as outras)
Conexão objetiva a) teleológica – quando um crime for cometido para assegurar a
execução de outro;
b) consequencial – quando um crime for cometido para assegurar a
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro.
Conexão instrumental Ocorre quando a prova de um crime influir na prova de outro.

Continência é o instituto processual marcado pela relação existente entre o continente (aquilo que contém
outra coisa) e o conteúdo (aquilo que é contido). O principal efeito da continência, assim como o da conexão,
é a reunião de processos para um julgamento simultâneo (simultaneus processus).

Espécies de continência:

Continência a) por cumulação subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem


acusadas da mesma infração (concurso de pessoas).

c) por cumulação objetiva: quando uma única pessoa praticar várias


infrações em concurso. (concurso de crimes)

Vamos imaginar a seguinte situação: João da Silva é preso por praticar homicídio doloso e desacato. Pois
bem. O Juízo Natural para julgar o delito de homicídio é o Tribunal Popular do Júri (art. 5º, XXXVIII, ”d”, da
CF), enquanto o delito de desacato é classificado como delito de menor potencial ofensivo. Indaga-se: Haverá
separação de processos ou existirá reunião de processos?

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Fernando Capez defendia que obrigatoriamente deveria ocorrer a cisão dos processos, “uma vez que a regra
da conexão e da continência é de ordem legal, e a sujeição da infração de menor potencial ofensivo ao
procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais é norma de índole constitucional (CF, art. 98, I). Assim,
cada infração deveria seguir um curso diferente, operando -se a cisão entre os processos28.”

Todavia, a Lei 11.313/06, que entrou em vigor 28 de junho de 2006, alterou a redação do art. 60 da Lei
9099/95 para resolveu esse problema, determinando a reunião de processos. Vejamos a redação do art. 60
da Lei 9099/95:

Art. 60 da Lei 9099/95: O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e
leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento, a execução das infrações penais de
menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do Júri,


1
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da
transação penal e da composição dos danos civis.

Então, se existir conexão ou continência entre infração penal de menor potencial ofensivo e outro crime
mais grave, a competência da Justiça Comum prevalecerá, inclusive em relação ao rito processual.
Contudo, isso não afastará a possibilidade de, diante do juízo comum, serem propostos os institutos
despenalizadores (transação penal e composição civil dos danos), devendo a infração de menor potencial
ofensivo ser analisada isoladamente. No exemplo da pergunta, o processo tramitará perante a Vara do Júri,
porém em relação ao delito de desacato será proposta a transação penal, se preenchidos os requisitos legais.

Em resumo, praticada uma infração penal de menor potencial ofensivo, a competência será do Juizado
Especial Criminal. Se, além do crime de menor potencial ofensivo, também for praticado outra infração
penal, aplicar-se-á as regras de conexão ou continência estabelecida no art. 78 do CPP para determinação
do juízo prevalente (juízo com força atrativa). Nesse último caso, embora ocorra o afastamento do
procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, não haverá óbice algum na aplicação dos institutos
despenalizadores da transação penal e da composição civil dos danos no tocante à infração de menor
potencial ofensivo. Acrescente-se ainda que o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que “os
Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das infrações penais de
menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por outro juízo
com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou continência, observados, quanto
àqueles, os institutos despenalizadores, quando cabíveis. (STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 4/12/2020 - Informativo 1001).

Questão: Na hipótese de ocorrência de conexão/continência entre a infração de menor potencial ofensivo e


a infração penal comum, em que momento serão propostos os institutos despenalizadores?

28
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 501

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O Professor Renato Brasileiro de Lima esclarece muito bem essa questão: “O Juízo com força atrativa – juízo
comum ou Tribunal do Júri – deve, pelo menos em regra, designar uma audiência preliminar para fins de
composição dos danos civis ou transação penal quanto à infração de menor potencial ofensivo. Efetivada a
composição civil ou a transação penal, o Ministério Público oferecerá denúncia apenas em relação ao crime
que exerceu a vis atractiva. Frustrada a composição civil ou a transação penal, a denúncia também irá
abranger a infração de menor potencial ofensivo. Se, no entanto, mesmo antes da realização da audiência
preliminar, o Ministério Público oferecer denúncia em face do acusado pela prática de ambos os delitos,
manifestando-se contrariamente à concessão da proposta de transação penal, estará prejudicada a
realização da audiência preliminar, devendo o juiz determinar o prosseguimento do feito de acordo com o
procedimento de maior amplitude.29”

COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL E ATOS


PROCESSUAIS f

Acerca da competência do Juizado Especial Criminal, merece ser destacado que alguns doutrinadores
sustentam ser absoluta a competência do JECRIM, porquanto deflui da própria Constituição Federal (art. 98,
I, da CF), ou seja, a Carta Magna estabelece ser de competência do JECRIM o processamento e julgamento
das infrações penais de menor potencial ofensivo. Para os adeptos dessa corrente minoritária, eventual
violação à competência do JECRIM será causa de nulidade absoluta, pois guiada por interesse público,
podendo ser suscitada em qualquer tempo e cujo prejuízo é presumido. Por oportuno, lembre-se também
que as hipóteses de competência absoluta não admitem qualquer modificação.

Todavia, prevalece na doutrina e na jurisprudência dos Tribunais de que a competência dos Juizados
Especiais Criminais apresenta natureza relativa. Muito embora a competência do JECRIM decorra da
Constituição Federal (art. 98, I, da CF), nota-se que a própria lei nº 9099/95 admite em 3 hipóteses a alteração
de sua competência: a) conexão e continência; b) complexidade da causa; c) impossibilidade de citação
pessoal. Indaga-se: Se a competência do JECRIM é absoluta, como é possível admitir a alteração de
competência pela própria Lei dos Juizados Especiais Criminais?

A resposta foi dada com maestria pelo Professor Renato Brasileiro de Lima: “Ora, por mais que a competência
dos Juizados para o processo e julgamento de infrações de menor potencial ofensivo derive do art. 98, inciso
I, da Constituição Federal, é certo que competência dos Juizados admite modificações. Como será visto nos
comentários à Lei nº 9099/95, a própria Lei dos Juizados prevê 3 (três) hipóteses de modificação de
competência – impossibilidade de citação pessoal do acusado, complexidade da causa e conexão e/ou
continência com crime comum-, do que se infere que a competência dos Juizados tem natureza relativa, e
não absoluta.

De fato, fosse ela de natureza absoluta, não poderia ser modificada pela lei, nem tampouco pela vontade das
partes. Mas não é isso o que ocorre. Imaginando-se a primeira hipótese de modificação de competência dos

29
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Editora Juspdvm, 2018, p.390.

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Juizados – impossibilidade de citação pessoal – basta que o acusado não seja encontrado, que, por
consequência, os autos serão remetidos ao juízo comum. Ora, se a competência dos Juizados possui natureza
absoluta, como então se admitir que a não localização do acusado possa provocar a modificação de
competência para o Juízo Comum? Se assim o é, temos que se trata de uma competência relativa.

Na verdade, não se trata de discutir se a competência dos Juizados é absoluta ou relativa. O que realmente
interessa diz respeito à aplicação (ou não) dos institutos despenalizadores trazidos pela Lei 9099/95.

Sem dúvida alguma, cuidando-se de infração de menor potencial ofensivo, e desde que preenchidos os
requisitos legais, eventual sujeição do agente a processo e julgamento perante o juízo comum, sendo-lhe
negadas a transação penal, a composição dos danos civis e a suspensão condicional do processo, daria ensejo
a evidente nulidade absoluta por violação ao devido processo legal, com a consequente anulação do processo
ab initio. No entanto, se o agente fosse beneficiado por um desses institutos despenalizadores, ainda que
fosse formalizado o consenso perante o juízo comum, não haveria qualquer mácula no processo.30”
f
(destaquei)

1 - COMPETÊNCIA TERRITORIAL (RATIONE LOCI)


Estabelece o artigo 63 da Lei nº 9099/95:

Art. 63 da Lei nº 9099/95: A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi
praticada a infração penal.

Sabemos que o Código de Processo Penal, em seu artigo 7031, determina que a competência, em regra, é
fixada pelo local da consumação do delito.

De forma distinta do CPP, o artigo 63 da Lei dos Juizados Especiais acolheu a teoria da atividade, ou seja, a
competência é fixada pelo lugar em que se deu a ação ou omissão, sendo irrelevante o local da produção
do resultado.

2 - JUIZADOS ESPECIAIS ITINERANTES


A Lei 12726/12 acrescentou um parágrafo único no art. 95 da Lei 9099/95 para deixar bem claro a
possibilidade de um Juizado Especial Itinerante no âmbito criminal. Vejamos.

30 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Editora Juspdvm, 2018, p.388.

31Art. 70 do CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

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Art.95, parágrafo único, da Lei nº 9099/95: No prazo de 6 (seis) meses, contado da publicação
desta Lei, serão criados e instalados os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir,
prioritariamente, os conflitos existentes as áreas rurais ou nos locais de menor concentração
populacional.

Exemplo da aplicação desse dispositivo legal: Em partidas de futebol é muito comum a existência de Juizado
Itinerante para aplicar institutos despenalizadores aos torcedores que cometem infrações de menor
potencial ofensivo.

3 - HORÁRIO E PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

Art.64 da Lei nº 9099/95: Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário
noturno e em qualquer dia da semana, conforme
3 dispuser as normas de organização judiciária.

Como se vê, o artigo 64 da Lei 9099 apenas reforça o princípio da publicidade consagrado no artigo 93, IX,
da Constituição Federal, devendo todos os julgamentos do Poder Judiciário serem públicos, e
fundamentadas todas decisões, sob pena de nulidade, podendo, em hipóteses excepcionais, a lei limitar a
presença às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em situações nas quais a preservação
do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Os atos processuais também podem ser praticados em horário noturno e em qualquer dia da semana. Essa
situação também pode ser facilmente em Juizados instalados em estádios de futebol.

4 - VALIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

Art.65 da Lei nº 9099/95: Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as
finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.

§1º. Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

Para que os atos processuais sejam invalidados, necessária se faz a prova do prejuízo. Isso significa dizer que
não vigora no âmbito dos Juizados Criminais o sistema de nulidades absolutas do Código de Processo Penal,
segundo o qual nessas circunstâncias o prejuízo é presumido. Atingida a finalidade a que se destinava o ato,
bem como não demonstrada qualquer espécie de prejuízo, não há falar em nulidade32.

32
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 506.

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5 - PRÁTICA DE ATOS PROCESSUAIS EM OUTRA COMARCA

Art.65, §2º, da Lei nº 9099/95: A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser
solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.

O dispositivo legal reafirma que não é necessária a expedição de carta precatória para que os atos
processuais dos Juizados Especiais Criminais sejam praticados em outra comarca. O uso de meio eletrônico
para o trâmite de processos judiciais, comunicação de atos, transmissão de peças processuais, inclusive na
esfera dos juizados especiais, são sempre recomendáveis, sobretudo por ser mais célere e econômico, tudo
em consonância com os princípios norteadores dos Juizados Especiais Criminais. É importante ainda alertar
que não é possível a citação pelo meio eletrônico em processos criminais, segundo preconiza o art. 6º da Lei
nº 11419/0633.

6 - REGISTRO DE AUDIÊNCIA
Estabelece o art. 65, §3º, da Lei nº 9099/95:

Art. 65, §3º, da Lei 9099/95: Serão objeto de registro exclusivamente os atos havidos por
essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em
fita magnética ou equivalente.

7 - CITAÇÃO
Preconiza o art. 66 da Lei nº 9.099/95:

Art. 66 da Lei 9099/95: A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível,
ou por mandado.

Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

Citação é o ato processual que tem a missão de chamar o réu em juízo, dando-lhe ciência da ação
penal e oportunidade para se defender dessa acusação.

33Art. 6º da Lei 11419/06: Observadas as formas e as cautelas do art. 5 o desta Lei, as citações, inclusive da Fazenda Pública,
excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e Infracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos
autos seja acessível ao citando.

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Realizada a citação, a relação processual está integrada, com a presença dos sujeitos principais para o
desenvolvimento do feito, ou seja, com o autor que promove a ação penal, com o réu que se defende e com
o juiz que julga o litígio penal.

Como já falamos, no Juizado Especial Criminal a citação sempre será pessoal. Não é possível
a citação por edital no âmbito do Juizado Especial Criminal.

Questão: Em que momento a citação será efetivada no próprio Juizado?

Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que
com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução
e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus
advogados (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).

E se o acusado não estiver na sede do Juizado no momento em que é oferecida a peça acusatória?

Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 da Lei 9099/95 e cientificado da
data de audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar
requerimento para intimação, no mínimo 5 (cinco) dias antes de sua realização (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).
Estamos diante da citação por mandado.

E se não for possível a realização da citação pessoal?

Nessa situação, ante a impossibilidade de citação por edital no Juizado, os autos serão encaminhados ao
juízo comum para adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).

8 - INTIMAÇÃO
Dispõe o art. 67 da Lei nº 9099/95:

Art. 67 da Lei 9099/95: a intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento
pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado
da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça,
independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de
comunicação.

• é ciência dada às partes de um ato processual já


Intimação
realizado.

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• é ciência dada a qualquer pessoa para que compareça


em juízo de forma a participar de um ato procesual. Por
Notificação esse motivo, o correto é dizer que as testemunhas
deverão ser notificadas para prestarem seu testemunho
em juízo.

Deflui do art. 67 da Lei nº 9099/95 de que no Juizado Especial Criminal, em regra, a intimação e notificação
será feita por carta, com aviso de recebimento (AR). No caso de pessoa jurídica, a intimação/notificação
também é feita por carta, com aviso de recebimento. Entretanto, nesse caso, a carta pode ser entregue ao
encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado e assinará o AR.

Caso seja necessário, nada impede a intimação/notificação por oficial de justiça, independentemente de
mandado ou carta precatória.

Por derradeiro, a lei admite, ainda, a intimação/notificação por qualquer outro meio idôneo de
comunicação, tais como e-mail, telefone, fax, etc.

As partes, os interessados e os defensores considerar-se-ão desde logo intimados dos atos praticados nas
audiências das quais participarem.

Cabe ainda apontar que do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará
a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta,
ser-lhe-á designado defensor público (art. 68 da Lei nº 9099/95).

FASE PRELIMINAR
A fase preliminar corresponde ao momento em que antecede o oferecimento da peça acusatória (denúncia
ou queixa-crime) e se desenvolve no âmbito policial e na esfera judicial.

A fase preliminar policial é desenvolvida na esfera da polícia judiciária, ou seja, nas delegacias de polícia.
Praticado um delito de menor potencial ofensivo, a autoridade policial determina a lavratura do termo
circunstanciado de ocorrência (TCO), ou seja, um procedimento muito mais célere e simplificado quando
cotejado com o inquérito policial. Em outras palavras, não há que se falar em instauração de inquérito policial
para apuração de delito de menor potencial ofensivo. Todavia, nada obsta que após a lavratura do Termo
Circunstanciado de Ocorrência seja determinada a instauração de um inquérito policial para a análise da
mesma conduta criminosa diante da complexidade da causa (pluralidade de acusados ou perícia complexa)
ou em caso de conexão ou continência de infração penal de menor potencial ofensivo com infração penal
comum.

Então, o que é o termo circunstanciado de ocorrência?

Merece destaque a definição dada pelos professores Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar. Termo
circunstanciado de ocorrência consiste em uma investigação simplificada, com o resumo das declarações
das pessoas envolvidas e das testemunhas e, eventualmente com a juntada de exame de corpo de delito

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para os crimes que deixam vestígios. Objetiva-se como se infere, coligir elementos que atestem autoria e
materialidade delitiva, ainda que de forma sintetizada. Nos autos do termo circunstanciado de ocorrência,
o delegado tomará o compromisso do autuado de comparecer ao juizado especial em dia e horário
designados previamente.34

Dispõe o artigo 69 da Lei nº 9099/95:

Art. 69 da Lei 9099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão
em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou do local de convivência com a
vítima.

OBS: A parte final do parágrafo único do art. 69 da Lei 9099 foi revogada pelo art. 41 da Lei 11340/06 35, já
que a lei de violência doméstica não admite a aplicação do procedimento da Lei 9099/95 aos crimes
cometido na esfera doméstica e familiar contra a mulher. A Lei 11340/06, por sua vez, trouxe inúmeras
medidas protetivas de urgência que poderão ser aplicadas ao agressor. Assim, mesmo havendo crime, em
tese, de menor potencial ofensivo no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, não será
aplicado o rito do Juizado Especial Criminal. Deve a autoridade policial instaurar inquérito, admitindo-se,
inclusive, a prisão em flagrante do agressor. Em juízo, não haverá a aplicação dos institutos despenalizadores
da transação penal ou da suspensão condicional do processo, cabendo ao Ministério Público, se for o caso,
oferecer a peça acusatória (denúncia), com adoção do rito sumário.

Questão: Qual é o alcance da expressão autoridade policial descrito no art. 69 da Lei nº 9099/95?

Sobre o tema há duas correntes:

1ª Corrente: O Termo circunstanciado de ocorrência é procedimento de caráter investigatório. Assim, a


confecção do TCO pode ser feita apenas pela autoridade de polícia investigativa (polícia judiciária), quais
sejam, Polícias Civis e Polícia Federal, nos termos do art. 144, §1º, I e §4º, da Constituição Federal. Logo, a
polícia militar não teria poder para lavrar termo circunstanciado de ocorrência, pois sua função diz respeito
ao policiamento ostensivo e à preservação da ordem pública. Essa é a posição do professor Julio Fabrini

34TÁVORA, Nestor; RODRIGUES ALENCAR, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 11ª edição. Salvador: Editora JusPodvm:
2016, p. 1186

35 Art. 41 da Lei 11340/06: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei 9099, de 26 de setembro de 1995.

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Mirabete (Juizados Especiais Criminais – comentários, jurisprudência, legislação, 5ª edição. São Paulo:
Atlas, 2002, p. 89) e dos Tribunais Superiores (Ação Direta de Inconstitucionalidade 3614 – STF)
2ª Corrente: Na expressão ‘Autoridade Policial’, contida no art. 69 da Lei n. 9.099/95, estão compreendidos
todos os órgãos encarregados da segurança pública, na forma do art. 144 da Constituição Federal. Essa é
a interpretação que melhor se ajusta aos princípios da celeridade e da informalidade, pois não teria sentido
o policial militar ser obrigado a se deslocar até o distrito policial apenas para que o delegado de polícia
subscrevesse o termo ou lavrasse outro idêntico, até porque se trata de peça mera mente informativa,
cujos eventuais vícios em nada anulam o procedimento judicial36. Essa é a posição dos professores
Fernando Capez e Renato Brasileiro de Lima. Essa posição foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal nos
autos da ADI 3807, em julgamento virtual encerrado pelo Pleno do STF na data de 27 de junho de 2020.

Questão: É possível a lavratura do auto de prisão em flagrante quando estivermos diante de um delito de
menor potencial ofensivo?

A resposta está contida no art. 69, parágrafo único, primeira parte, da Lei 9099/95: Ao autor do fato que,
após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a
ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em outras palavras, esse agente
será capturado e conduzido coercitivamente, porém não será lavrado o auto de prisão em flagrante e nem
será exigível fiança se esse autor do fato comparecer imediatamente ao Juizado ou assumir o compromisso
de a ele comparecer. O auto de prisão em flagrante delito será substituído pelo termo circunstanciado de
ocorrência.

E se o autor de um delito de menor potencial ofensivo não assumir o compromisso de


comparecer ao Juizado Especial Criminal?

Nessa situação será lavrado o auto de prisão em flagrante delito. Todavia, isso não
significa necessariamente que esse agente permanecerá preso, porquanto por
estarmos diante de um delito de menor potencial ofensivo provavelmente será cabível
a concessão de fiança pelo delegado de polícia, se a infração for apenada com pena máxima não superior a
4 anos (art. 322 do CPP37).

Confeccionado o termo circunstanciado de ocorrência, este será encaminhado ao Juizado Especial Criminal
e, sempre que possível, com o autor do fato e da vítima. Importante ainda destacar que a autoridade que
lavrou o referido termo também deve encaminhar ao Juízo os antecedentes do autor do fato para melhor
aferição do instituto da transação penal.

36 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 506.

37
Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.

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Com o encaminhamento dos autos ao JECREM inaugura-se a fase preliminar judicial, com a designação de
audiência preliminar.

Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar,
será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. Na falta do comparecimento de qualquer dos
envolvidos, a Secretaria providenciaria sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos
arts. 67 e 68 da Lei nº 9099/95.

Questão: Qual é a finalidade dessa audiência preliminar?

Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se


possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade da
composição dos danos e da aceitação imediata de pena não privativa de liberdade (art. 72 da Lei 9099/95).
Como se vê, a audiência preliminar antecede o procedimento sumaríssimo, que somente será deflagrado a
depender do resultado da audiência preliminar. A finalidade dessa audiência é obter a conciliação (cível e
penal).

A primeira fase da audiência preliminar destina-se à conciliação cível, ou seja, composição civil
dos danos. Já a conciliação penal se dá na segunda fase da audiência preliminar e diz respeito à
transação penal, isto é, um acordo penal formulado entre o titular da ação penal e o autor dos
fatos que aceita cumprir imediatamente uma pena não privativa de liberdade (pena restritiva de
direitos e multa), em contrapartida não é deflagrada a ação penal.

Na composição civil dos danos (primeira fase da audiência preliminar), o Ministério Público não participa,
salvo se a vítima for incapaz. Essa composição civil pode abranger danos materiais, morais e estéticos. A
conciliação nessa etapa será realizada pelo juiz ou por colaborador sob sua orientação38. A composição dos
danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95). Se o valor for de até 40
salários mínimos executa-se no próprio Juizado Especial Cível.

Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à


representação, o acordo homologado acarreta renúncia ao direito de queixa ou
representação (art. 74, § único, da Lei 9099/95).

38
Art. 73 da Lei nº 9099/95: A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Parágrafo único. Os
conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os
que exerçam funções na administração da Justiça Criminal.

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Reparem que a regra estampada no art. 74, § único, da Lei 9099/95 difere da norma descrita no art. 104, §
único do Código Penal39. Enquanto o mero acordo homologado gera a renúncia ao direito de queixa no
âmbito do Juizado Especial Criminal, no Código Penal há menção expressa que a indenização do dano
causado pelo crime não implica em renúncia tácita ao direito de queixa.

Questão: Apesar da homologação do acordo diante de um crime de menor potencial ofensivo e de ação
penal de iniciativa privada, o que sucede se não existir o cumprimento do acordo para a reparação do dano
pelo autor do delito?

O não pagamento do acordo não autoriza o restabelecimento do direito de queixa. Lembre-se que a mera
homologação do acordo já acarreta na renúncia do direito de queixa. A única saída para a vítima será a
execução desse título judicial no juízo competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95).

Questão: É cabível a composição civil dos danos em crimes de menor potencial ofensivo de ação penal
pública incondicionada?

A resposta é positiva. Em nenhum momento o art. 74, caput, da Lei 9099/95 restringiu a possibilidade de
composição civil dos danos às ações penais de iniciativa privada e pública condicionada, abrangendo também
as ações penais públicas incondicionadas. Indaga-se: Qual será a consequência na esfera penal de quem
realizar a composição civil do dano em ação penal pública incondicionada? Será possível aplicar o instituto
do arrependimento posterior (art. 16 do CP40), que é uma causa de diminuição de pena, se estiver diante de
um delito cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa.

Em resumo:

39Art. 104, parágrafo único, do Código Penal: Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a
vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.

40 Art. 16 do Código Penal: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa,
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

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A composição civil do dano acarreta a renúncia ao direito de


Ação penal de
queixa (art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95), ou seja, causa
inciativa privada
extintiva de punibilidade.

Ação penal pública A composição civil do dano acarreta a renúncia ao direito de


condicionada à representação (art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95), ou
representação seja, causa extintiva de punibilidade.

A composição ciivl do dano pode autorizar a aplicação do


Ação penal pública instituto do arrependimento posterior (ponte prata) descrito no
incondiconada art. 16 do Código Penal, se preenchidos os requisitos legal para
tanto, ou seja, causa de diminuição de pena.

Vamos imaginar agora a seguinte situação: Um delito de lesão corporal leve praticado fora do contexto da
violência doméstica e familiar contra a mulher. Como sabemos, cuida-se de um crime de ação penal pública
condicionada à representação do ofendido (art. 88 da Lei 9099/9541). Pois bem. Não obtida a composição
dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de
representação verbal, que será reduzida a termo” (art. 75, caput, da Lei 9099/95). Não o fazendo em
audiência preliminar ou em momento anterior (exemplo: quando da lavratura do termo circunstanciado de
ocorrência), não há falar em decadência, devendo-se aguardar o decurso do prazo decadencial de que trata
o art. 38 do CPP42, ou seja, 6 meses a contar do conhecimento da autoria. Com isso, ainda que não oferecida
na audiência preliminar ou em momento antecedente, a vítima terá ainda o prazo legal de 6 meses a contar
do conhecimento da autoria para fazer, sob pena de decadência (causa extintiva de punibilidade)43.

A segunda fase da audiência preliminar refere-se à transação penal, que tem fundamento no art. 98, I, da
Constituição Federal. Dispõe o artigo 76 da Lei nº 9099/95:

41
Art. 88 da Lei 9099/95: Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

42
Art. 38, caput, do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou
de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime,
ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

43
Art. 75 da Lei 9099/95: “Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de
exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. Parágrafo único. O não oferecimento da representação na
audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

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Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública


incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a
metade.

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação
do Juiz.

§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará
a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada
apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.

§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta


Lei.

§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de


antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Conceito de Transação Penal. É um acordo penal estabelecido entre o titular da ação penal e o autor do fato,
que concorda em cumprir imediatamente uma pena não privativa de liberdade (multa ou pena restritiva de
direitos), tendo como contrapartida a não deflagração da ação penal. O autor do fato deve estar
acompanhado de um advogado ou defensor público para realizar a transação penal.

A transação penal é um exemplo de mitigação ao princípio da obrigatoriedade. Na esfera dos Juizados


Especiais Criminais, ainda que preenchidos os requisitos legais para o ajuizamento de uma ação penal
(indícios de autoria e prova da materialidade delitiva), o Promotor de Justiça pode deixar de oferecer a
denúncia e oferecer a proposta de transação penal. É o que doutrina denomina de princípio da
discricionariedade regrada. O professor Fernando Capez assim lecionou sobre o princípio da
discricionariedade regrada: no lugar do tradicional e inflexível princípio da legalidade, segundo o qual o
representante do Ministério Público tem o dever de propor a ação penal pública, só podendo deixar de fazê -
lo quando não verificada a hipótese de atuação, caso em que promoverá o arquivamento de modo
fundamentado (CPP, art. 28), o procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais é informado pela

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discricionariedade acusatória do órgão ministerial. Com efeito, preenchidos os pressupostos legais, o


representante do Ministério Público pode, movido por critérios de conveniência e oportunidade, deixar de
oferecer a denúncia e propor um acordo penal com o autor do fato, ainda não acusado. Tal
discricionariedade, contudo, não é plena, ilimitada, absoluta, pois depende de estarem preenchidos os
requisitos legais, daí ser chamada pela doutrina “discricionariedade regrada44”.

Pressupostos para a transação penal:

A) Infração penal de menor potencial ofensivo: contravenções e crime em que a pena máxima não seja
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, sujeita ou não a procedimento especial, ressalvada a hipótese
de violência doméstica e familiar contra a mulher (súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo
e a transação penal não se aplica na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei da Maria da Penha).

B) Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado: A proposta de transação penal somente deve
ser ofertada se for caso de oferecimento de denúncia. Seria um contrassenso ser oferecida a transação penal
pelo titular da ação penal que implica no cumprimento de pena restritiva de direito ou multa se ele não
vislumbrar a prática de um crime de menor potencial ofensivo. OBS: O Juiz não participa da negociação da
transação penal. A atuação do Juiz na transação se limitará a homologação do acordo. Na negociação da
transação penal a lei permite apenas uma única atuação do juiz, qual seja, na hipótese de ser a pena de multa
a única aplicável, o magistrado poderá reduzi-la até a metade (art. 76, §1º, da Lei 9099/95).

C) Não ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
sentença definitiva (art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95). Onde se lê: sentença definitiva. Leia-se: sentença
irrecorrível.

Questão: Se o autor do fato tiver sido condenado à pena de prisão simples pela prática de contravenção
penal?

Pode ser concedida a transação penal, porquanto o autor da infração não pode ter sido condenado pela
prática de crime por sentença irrecorrível.

Outra questão: Pode fazer jus à transação penal alguém condenado à pena de multa/restritiva de direitos
por sentença irrecorrível?

A resposta é positiva. Afinal de contas o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95 coloca como obstáculo aqueles
condenados à pena privativa de liberdade.

D) Não ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos, pela transação penal (art. 76, §2º,
II, da Lei 9099/95): O agente não poderá fazer jus a transação penal se ele, no prazo de 5 anos, já celebrou
outra transação penal. Vale ainda destacar que o acordo de transação penal não implica no reconhecimento
de culpabilidade, haja vista que nessa situação sequer há o enfrentamento do mérito do fato, além de não

44
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 511/512.

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existir processo criminal. Pensamento diverso malferiria o princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, da
CF45) e da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF46). Nesse sentido, o acordo de transação penal não
constará da certidão de antecedentes criminais e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor
ação cabível no juízo cível (art. 76, §6º, da Lei 9099/9547).

Assim, o único efeito concreto da transação penal é o impedimento de celebração de novo acordo de
transação penal nos próximos 5 (cinco) anos.

Questão: É possível o confisco de bens numa transação penal?

A resposta é negativa. O confisco é efeito secundário de uma sentença penal condenatória (art. 91, II, do
Código Penal). Logo, a transação penal não pode cuidar de confisco de bem, notadamente em razão da dita
medida despenalizadora não gerar reconhecimento de culpabilidade, não servir como maus antecedentes e
tampouco ser motivo para reincidência. Sobre o assunto, insta ressaltar a posição do Supremo Tribunal
Federal:

CONSTITUCIONAL E PENAL. TRANSAÇÃO PENAL. CUMPRIMENTO DA PENA RESTRITIVA DE


DIREITO. POSTERIOR DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE CONFISCO DO BEM APREENDIDO COM
BASE NO ART. 91, II, DO CÓDIGO PENAL. AFRONTA À GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
CARACTERIZADA.

1. Tese: os efeitos jurídicos previstos no art. 91 do Código Penal são decorrentes de sentença
penal condenatória. Tal não se verifica, portanto, quando há transação penal (art. 76 da Lei
9.099/95), cuja sentença tem natureza homologatória, sem qualquer juízo sobre a
responsabilidade criminal do aceitante. As consequências da homologação da transação são
aquelas estipuladas de modo consensual no termo de acordo.

2. Solução do caso: tendo havido transação penal e sendo extinta a punibilidade, ante o
cumprimento das cláusulas nela estabelecidas, é ilegítimo o ato judicial que decreta o confisco
do bem (motocicleta) que teria sido utilizado na prática delituosa. O confisco constituiria efeito

45
Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

46 Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

47 Art. 76, §6º, da Lei 9099/95: A imposição da sanção de que trata o §4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes
criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível
no juízo cível.

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penal muito mais gravoso ao aceitante do que os encargos que assumiu na transação penal
celebrada (fornecimento de cinco cestas de alimentos).

3. Recurso extraordinário a que se dá provimento. (RE 795567, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI,
Tribunal Pleno, julgado em 28/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-177 DIVULG 08-09-2015 PUBLIC 09-09-2015)

E) Antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias do delito
favoráveis ao agente (art. 76, §2º, III, da Lei 9099/95): As circunstâncias judiciais devem ser favoráveis ao
agente para que a proposta de transação penal seja ofertada pelo titular da ação penal.

F) Aceitação da proposta por parte do autor da infração de menor potencial ofensivo e de seu advogado
(constituído ou dativo) ou defensor público: O autor da infração penal de menor potencial ofensivo pode
recusar a transação penal e ter como objetivo a obtenção de uma sentença absolutória.

E se houver divergência entre autor do fato e advogado? Havendo divergência entre o autor do fato e seu
defensor, deve prevalecer a vontade daquele, aplicando-se subsidiariamente o quanto disposto na Lei dos
Juizados em relação à suspensão condicional do processo, que prevê expressamente que se o acusado não
aceitar a proposta, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. Afinal, o único destinatário da
transação é o autor do fato, que, aliás, deverá cumprir de imediato pena não privativa de liberdade. Tanto é
verdade que o próprio art. 76, §4º, da Lei 9099/95, faz menção apenas à aceitação do autor da infração, sem
ressalvar a manifestação do defensor.48

Para os crimes ambientais de menor potencial ofensivo, além dos requisitos acima, o art. 27
da Lei 9605/9849 exige mais um pressuposto para a transação penal, qual seja, a prévia
composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Legitimidade para propor a transação penal: Primeiramente, devemos pontuar que atualmente
é pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento da transação penal tanto para as ações
penais públicas (incondicionadas e condicionadas) como para as ações penais de iniciativa privada.

48
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora JusPodvm,
2018, p.421.

49 Art. 27 da Lei 9605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicaçãoimediata de pena restritivas
de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei 9099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

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Assim, nas ações penais públicas a legitimidade de oferecer a transação penal recai sobre o Ministério
Público, titular da ação penal pública, consoante preconiza o art. 129, I, da Constituição Federal50.

Já nas ações penais privadas há 2 correntes doutrinárias.

1ª Corrente: Mesmo em caso de ação penal privada, a legitimidade seria do Ministério Público. Nesse
sentido há inclusive o enunciado 112 do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais): Na ação penal
de iniciativa privada, cabem transação penal e suspensão condicional do processo, mediante proposta do
Ministério (XXVII Encontro de Juízes realizado na cidade de Palmas/TO).
2ª Corrente: A legitimidade para oferecer a transação penal é do querelante, ou seja, é do titular da ação
penal de iniciativa privada. Essa é a posição do Superior Tribunal de Justiça (Ação Penal de nº634):

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA. TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO
PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA.
RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.

I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata de direito público
subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes desta e. Corte e do c.
Supremo Tribunal Federal).

II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às ações penais
privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do ofendido, e o silêncio do querelante
não constitui óbice ao prosseguimento da ação penal.

III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas, assenta-se nos princípios
da disponibilidade e da oportunidade, o que significa que o seu implemento requer o mútuo
consentimento das partes.

IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de valor, exteriorizando-se
qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje ou vilipêndio de alguém.

V - O exame das declarações proferidas pelo querelado na reunião do Conselho Deliberativo evidenciam,
em juízo de prelibação, que houve, para além do mero animus criticandi, conduta que, aparentemente, se
amolda ao tipo inserto no art. 140 do Código Penal, o que, por conseguinte, justifica o prosseguimento da
ação penal.

Queixa recebida.

(APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/03/2012, DJe 03/04/2012)

50 Art. 129 da CF: São funções institucionais do Ministério Público:

I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

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Questão: Qual é o procedimento a ser adotado se, embora preenchidos os requisitos legais, o titular da ação
penal se recusar a apresentar proposta de transação penal ao autor da infração de menor potencial ofensivo?

Se o crime de menor potencial ofensivo for de ação penal de iniciativa privada, nada poderá ser feito, ou
seja, o Ministério Público não pode oferecer a transação penal e tampouco o magistrado pode assim
proceder, porquanto a ação penal privada é regida pelos princípios da oportunidade e da conveniência. Em
outras palavras, deve-se aguardar então o oferecimento de uma queixa-crime.

De outro lado, se o crime de menor potencial ofensivo for de ação penal pública, aplica-se o raciocínio da
súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas
se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral,
aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. OBS: Embora a súmula mencione suspensão
condicional do processo, a doutrina e a jurisprudência entendem também pela sua aplicabilidade ao instituto
da transação penal.

Vale dizer, se a recusa for nos crimes de ação penal pública, o juiz não poderá de oficio apresentar a proposta
de transação penal, mas sim, por analogia, deve invocar o princípio da devolução consagrado no art. 28 do
CPP51, remetendo os autos ao Procurador-Geral (chefe do MP) para dirimir essa controvérsia jurídica. OBS:
Lembre-se que no âmbito da justiça federal, o magistrado, ao invés de encaminhar os autos diretamente ao
Procurador-Geral, enviará à Câmara de Coordenação e Revisão (art. 62, IV, da Lei complementar nº 75/93)

Questão: O juiz pode de ofício propor a transação penal?

A proposta de transação penal não pode ser oferecida de ofício pelo Juiz. Afinal de contas, o juiz não é parte
na relação jurídica processual e tampouco titular da ação penal. Na transação penal ao magistrado cabe a
sua homologação se preenchidos os requisitos legais (art.76, §3º, da Lei nº 9099/95). Acolhendo a proposta
do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena restritivas de direitos ou multa, que
não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no
prazo de 5 (cinco) anos (art. 76, §4º, da Lei 9099/95).

51 Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão
do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Se a
vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias
do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser
a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em
detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do
órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) OBS: Na ADIs 6299, 6298,
6300 e 6305 o Min. Fux deferiu medida cautelar para suspender a eficácia do art. 28, caput, do CPP, por entender que viola a
autonomia do MP (art. 127 da CF) e a prévia dotação orçamentária para a realização de despesas (art. 169 da CF).

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Momento para propor a transação penal: Em regra, a transação penal é oferecida antes do início do
processo. Todavia, nada impede a concessão da transação ao longo do processo criminal nas duas hipóteses
abaixo:

A) Desclassificação para um crime de menor potencial ofensivo. Exemplo: O Ministério Público oferece
denúncia em face de alguém pela prática delitiva de lesão corporal grave (art. 129, I, do Código Penal). No
momento de sentenciar, o magistrado entende ser caso de desclassificar para delito de lesão corporal
leve, que é um crime de menor potencial ofensivo. Nesse caso, preenchidos os requisitos legais da
transação penal, em virtude da emendatio libelli, por estar diante de um delito de menor potencial
ofensivo, o magistrado não deve sentenciar, mas sim proferir decisão interlocutória para determinar o
encaminhamento do feito ao Juizado Especial Criminal para aplicação do instituto despenalizador
transação penal, ou seja, na esfera do JECRIM será designada audiência preliminar para que o titular da
ação penal (MP ou querelante) ofereça à transação penal. Há inclusive doutrinadores que entendem
desnecessária essa remessa dos autos ao JECRIM, porquanto é perfeitamente possível a aplicação dos
institutos despenalizadores mesmo em sede do juízo comum, vez que o que realmente importa é a
possibilidade de serem aplicados os institutos despenalizadores trazidos pela Lei nº 9099/95 e não o local
em que são ofertados tais medidas, sobretudo pela competência do JECRIM ser de natureza relativa e não
absoluta (Posição do Professor Renato Brasileiro de Lima). Cabe ainda apontar que na espécie aplica-se o
mesmo raciocínio estampado na súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
B) Procedência Parcial da Pretensão punitiva.

Descumprimento injustificado da transação penal: O Supremo Tribunal Federal asseverou que o acordo de
transação penal, embora homologado, não gera coisa julgada material, sendo uma decisão de natureza
homologatória. Dessa forma, o descumprimento injustificado da transação penal retorna ao status quo, ou
seja, volta ao seu estado de origem, podendo o titular da ação penal (MP ou ofendido) oferecer a peça
acusatória ou pode ser deflagrada a instauração de inquérito policial, enfim, a persecução penal pode
retomar o seu curso normal. Sobre o tema, vale destacar a súmula vinculante de nº 35: A homologação da
transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

Questão: Qual é o recurso cabível da decisão que homologa a transação penal?

A resposta está contida no artigo 76, §5°, da Lei 9099/95, ou seja, da sentença homologatória da transação
penal será cabível o recurso de apelação no prazo de 10 dias (art. 82 da Lei 9099/95).

Concurso de crimes e transação penal. Concurso de crimes e transação penal. Se existir concurso de
infrações penais de menor potencial ofensivo, o resultado desse concurso deve obedecer ao limite de dois
anos para ser mantida a competência do Juizado Especial Criminal. Dessa forma, não será da competência
do Juizado Especial Criminal se, no concurso material, a soma das penas máximas cominadas for superior a
2 anos ou se, no concurso formal, a exasperação da pena ultrapassar dois anos. OBS: No momento da
exasperação para o concurso formal e para o crime continuado será levado em conta a fração máxima.
Assim, na análise do cabimento da transação penal para o concurso formal emprega-se a ½ - metade - (fração
máxima) e 2/3 – dois terços – para o crime continuado. Segundo leciona o professor Renato Brasileiro de
Lima: Se uma infração penal de menor potencial ofensivo for praticada em conexão/e ou continência com

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outro crime, e se as penas máximas somadas ultrapassarem o limite de 2 (dois) anos, devem ser observadas
as regras do art. 78 para saber qual será o juízo competente, nos exatos termos do art. 60, caput, da Lei nº
9.099/95, com redação determinada pela Lei nº11.313/06. Caso, em virtude da aplicação das regras do art.
78 do CPP, venha a ser estabelecida a competência do juízo comum ou do Tribunal do Júri para julgar também
a infração de menor potencial ofensivo, afastando, portanto, o procedimento sumaríssimo da Lei nº
9.099/95, isso não impedirá a aplicação dos institutos da transação penal e da composição dos danos civis
em relação à infração de menor potencial ofensivo (Lei mº 9.099/95, art. 60, parágrafo único). Portanto, com
as modificações introduzidas na Lei dos Juizados Especiais pela Lei nº 11.313/06, pode-se dizer que, para
efeito de incidência da composição dos danos civis e da transação penal, a pena da infração de menor
potencial ofensivo não deve ser somada com a do delito conexo (e/ou continente). Em outras palavras, ainda
que haja conexão e/ou continência, os crimes devem ser analisados isoladamente para efeito da incidência
de tais institutos despenalizadores, nos moldes do que ocorre com a prescrição (CP, art. 119)52.Vejamos a
posição do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:

PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL


PRIVADA. CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. AUDIÊNCIA PRÉVIA DE CONCILIAÇÃO. NÃO
REALIZAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. CONCURSO MATERIAL DE INFRAÇÕES DE MENOR
POTENCIAL OFENSIVO. SOMA DAS PENAS EM ABSTRATO SUPERIOR A DOIS ANOS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. ATIPICIDADE DO FATO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
IMPOSSIBILIDADE. DESCRIÇÃO RAZOÁVEL DOS FATOS IMPUTADOS. TESES DEFENSIVAS QUE
DEPENDEM DE INSTRUÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. RECURSO
IMPROVIDO.

1. As instâncias ordinárias reconheceram que por diversas vezes foi tentado efetivar a intimação
do recorrente sobre a designação da audiência de conciliação, restando todos aqueles atos
judiciais frustrados. Ademais, o querelante, em duas oportunidades, manifestou perante o
Togado que não tinha interesse em conciliar-se com o ofensor. Tais fatos, demonstram a
prescindibilidade da realização da audiência prévia de conciliação, inexistindo ofensa ao art. 520
do CPP.

2. A despeito dos delitos em apuração serem de menor potencial ofensivo, deve-se considerar
a soma das penas máximas em abstrato em concurso material, ou, ainda, a devida
exasperação, na hipótese de crime continuado ou concurso formal, e ao se verificar que o

52
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora JusPodvm,
2020, p.604.

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resultado da adição é superior a dois anos, afasta-se a competência do Juizado Especial


Criminal.

3. Há na inicial razoável descrição dos fatos imputados ao recorrente, tendo sido devidamente
discriminadas as condutas relativas a cada crime e apontadas as respectivas normas penais
infringidas, com, inclusive, o detalhamento das circunstâncias de modo, tempo e local
concernentes a cada delito, como se denota das fls. 4/6 do apenso.

4. O Tribunal a quo, valendo-se dos fundamentos de trecho extraído do Parecer da Procuradoria-


Geral de Justiça, consignou que "a inicial relata a possibilidade da ocorrência dos crimes narrados,
não havendo, portanto, razão para impedir a continuidade do feito, já que o relato das condutas
realizadas e das palavras proferidas pode, sim, caracterizar os crimes pelos quais o paciente está
sendo processado". (fl. 57) 5. Com efeito, atestar que a conduta em questão se amolda ao
exercício regular de direito e que houve consunção da difamação pela injúria implicam necessária
dilação probatória a ser realizada no curso da ação penal.

6. Recurso em Habeas Corpus improvido.(RHC 60.883/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 09/08/2016, DJe 19/08/2016)

(CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017). Analise o item abaixo:

Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material de crimes, a soma
das penas máximas cominadas para cada crime não pode exceder a dois anos.

A alternativa está correta. Como vimos, para que seja fixada a competência do JECRIM leva-se em
consideração o resultado do concurso de crimes.

Questão: Celebrado o acordo de transação penal, o autor dos fatos pode impetrar habeas corpus para
questionar a legitimidade da persecução penal?

Segundo entendimento da 2ª Turma do Pretório Excelso, a aceitação do acordo de transação penal não
impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o sistema
negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a barganha no
processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o controle
judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para evitar possíveis
abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei
que imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso
à Justiça. STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (Informativo 964
do STF).

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PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO


A) Peça Acusatória

Dispõe o art. 77, caput, da Lei nº 9099/95:

Art. 77, caput, da Lei 9099/95: Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação
de pena, pela ausência do autor, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei,
o Ministério Público oferecerá ao juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de
diligências imprescindíveis.

A primeira observação a ser feita no rito sumaríssimo diz respeito à possibilidade de a peça acusatória
(denúncia e queixa-crime) ser ofertada de maneira verbal, podendo ser arrolada até 5 testemunhas (em
analogia ao procedimento comum sumário). É claro que nessa situação deverá o ato processual ser reduzido
a termo de forma a garantir ao acusado a observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa.

Não comparecendo o autor do fato à audiência preliminar, ou, tendo comparecido, não aceitando a proposta
de transação, oferecerá o Ministério Público denúncia oral. Se o acusado estiver presente, será citado no
próprio ato. Se estiver ausente, a citação será feita por mandado.

Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo circunstanciado de ocorrência,
com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame de corpo de delito quando a materialidade do
crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente (art. 77, §1º, da Lei 9099/95).

Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público


poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes ao Juízo comum para adoção do rito
sumário (art. 77, §2º, da Lei 9099/95).

Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz verificar se a
complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo
acima, ou seja, encaminhamento das peças ao Juízo comum, que seguirá o rito sumário.

B) Citação

No Juizados Especiais Criminais, em regra a citação será feita de modo pessoal.

Na secretaria do
Juizado
Citação pessoal no
Juizado
Mandado (oficial de
Justiça)

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A citação pessoal por mandado somente ocorrerá se o autor dos fatos não comparecer na sede do Juizado
Especial Criminal. É o que determina o art. 66, caput, da Lei nº 9099/95: A citação será pessoal e far-se-á no
próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.

No Juizado Especial não há que se falar em citação por edital. Assim, não encontrado o
acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção
do procedimento sumário (art. 66, parágrafo único, da Lei nº 9099/95). Em outras palavras, a
impossibilidade de citação pessoal do acusado é causa de modificação da competência do
JECRIM, com encaminhamento dos autos ao Juízo comum. Registre-se, por oportuno, que
no rito sumário do Juízo Comum será possível a realização citação por edital.

Questão: Cabe citação por hora certa nos Juizados Especiais?

É certo que são consideradas citações fictas a citação por edital e a citação por hora certa. Apesar de não
admitir a citação por edital, a doutrina e a jurisprudência têm admitido a citação por hora certa nos Juizados
Especiais Criminais, pois, apesar de presumida, a citação por hora certa é célere, o que não contraria os
princípios norteadores dos Juizados Especiais Criminais.

Lembre-se a citação por hora certa exige dois requisitos:

a) O autor do fato tem que procurado em 2 oportunidades e não tiver sido localizado;
b) Existência de suspeita de ocultação;

Nesse sentido vale a pena destacar o Enunciado 110 do FONAJE: No Juizado Especial Criminal é cabível a
citação por hora certa (XXV Encontro de Juízes realizado na cidade de São Luís/MA).

Todavia, esse não foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos.

RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A HONRA PRATICADO POR ADVOGADO.


DIFAMAÇÃO. AUSÊNCIA DE ANIMUS DIFAMANDI. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. DENÚNCIA
QUE DESCREVE O FATO COM AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS. RÉU FORAGIDO. AUSÊNCIA DE
CITAÇÃO POR EDITAL. NULIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Nos crimes contra a honra, incumbe ao acusador, na denúncia ou queixa, narrar o fato com as
todas as suas circunstâncias, de tal modo que se possa, a partir dessa narrativa, depreender o
elemento subjetivo da conduta do acusado, o que ocorreu na espécie.

2. Inviável afastar o dolo da conduta difamatória imputada ao advogado, sem um exame


aprofundado da causa, dada a limitação cognitiva do habeas corpus.

3. Iniciado o processo perante o Juizado Especial Criminal, com a denúncia oferecida pelo
Ministério Público, e justificada a ausência de proposta porque o réu estava foragido, não se

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apresenta adequado o uso da citação por hora certa, como meio idôneo para chamar o acusado
para a audiência de instrução e julgamento.

4. Recurso Ordinário de Habeas Corpus parcialmente provido, com o fim de apenas anular a
citação realizada no juízo de origem, para que, mantido o status de foragido, seja o paciente
citado pelo meio próprio, ou seja, por edital, com o encaminhamento dos autos ao juízo
criminal comum, se for o caso.

(RHC 39.059/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE),


Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe
01/07/2014)

C) Defesa Preliminar

A defesa preliminar é uma peça apresentada pela defesa técnica do acusado entre o oferecimento da
denúncia e o recebimento da peça exordial, com o escopo de reagir à acusação.

Não confunda essa defesa preliminar com a resposta à acusação. A defesa preliminar, na verdade, instaura
um contraditório prévio ao juízo de admissibilidade da peça acusatória. Em outros termos, é uma
oportunidade conferida à defesa de influenciar ao Estado-Juiz no sentido de rejeitar à peça acusatória.

Reparem que essa defesa preliminar não tem previsão nos ritos ordinário e sumário, mas sim apenas em
alguns procedimentos especiais (Lei de Drogas, Procedimento originário dos Tribunais, Crimes funcionais
afiançáveis e Juizados Especiais).

Vejamos o previsto no art. 81, caput, da Lei 9099/95:

Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o
que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima
e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.

§1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

§1-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato
deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e
administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto no art. 81, §1º-A, da Lei nº
9.099/95, vedadas:

I – a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos
autos;

II – a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima


ou de testemunhas.

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§2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes,
contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.

§3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz.

Questão: Apresentada a defesa preliminar, ainda assim será necessária a apresentação de resposta à
acusação?

A resposta à acusação está descrita no art. 396-A do Código de Processo Penal53 e é apresentada depois do
recebimento da peça acusatória, ou seja, a resposta à acusação é efetuada após a citação. Pois bem. Não é
caso de se admitir resposta à acusação depois de a defesa técnica apresentar defesa preliminar, devendo
a defesa concentrar todas as teses defensiva já na defesa preliminar. Admitir tanto a defesa preliminar e
resposta à acusação é caminhar em sentido oposto ao primado da celeridade que dirige a Lei dos Juizados
Especiais Criminais.

Questão: É possível a absolvição sumária no Juizado Especial Criminal?

A absolvição sumária foi introduzida pela Lei 13719/08, que alterou o art. 397 do CPP, para reconhecê-la no
procedimento comum. Antes do advento dessa lei, a absolvição sumária somente era possível na primeira
fase do rito do Júri. Atualmente é cabível a absolvição sumária em 4 oportunidades: I – a existência manifesta
de causa excludente da ilicitude do fato; II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade; III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; IV – extinta a
punibilidade do agente. Pois bem. É cabível também a absolvição sumária no Juizado Especial Criminal, com
fundamento no art. 394, §4º, do CPP: As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados pelo Código.

A) Testemunha:

O rol de testemunha deve ser apresentado pela defesa dentro do prazo de 5 dias antes da realização da
audiência de instrução, sob pena de o Juizado ficar dispensado de intimá-las (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).

B) Audiência

53
Art. 396-A do CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.

§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.

§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.

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Não existindo absolvição sumária, será ouvida em 1º lugar a vítima. Em seguida, serão ouvidas as
testemunhas, a começar pelas indicadas pela acusação, podendo os depoimentos serem gravados por meios
eletrônicos. Encerradas as oitivas das testemunhas, o acusado será interrogado. Ato contínuo, os debates
orais terão início com a acusação (MP ou querelante) e depois a defesa, pelo prazo que o magistrado fixar.
A sentença, que está dispensada do relatório, será publicada na própria audiência. Excepcionalmente, por
razão justificada, o magistrado pode determinar a conclusão dos autos para proferir posteriormente a
sentença.

É importante ainda mencionar a Lei Mariana Ferrer, que entrou em vigor na data de 22 de novembro de
2.021, com o propósito de vedar atos que atentem contra a integridade física ou psicológica da vítima
durante a instrução criminal. Como é consabido, a vitimização primária ocorre no instante da prática
delituosa. Por sua vez, a revitimização (vitimização secundária) surge do tratamento inadequado conferido
pelo Poder Público às vítimas de um fato delituosa, mormente quando provocadas a relembrar aquele fato
criminoso para auxiliar os órgãos estatais na persecução penal (ex: reconhecimento de criminoso,
depoimentos nas esferas policial e judicial, etc). Para proteger a vítima e obstar a revitimização, a Lei nº
14.245/21 visa combater a violência processual, impondo uma conduta regular e previsível na condução dos
processos criminais.

Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão respeitar a
dignidade da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o
cumprimento do disposto no art. 81, §1º-A, da Lei nº 9.099/95, vedadas:

I – a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos autos. A
mens legis é evitar que questões alheias à causa sejam suscitadas ao longo da instrução criminal, v.g., vida
pregressa da vítima. Frise-se que o que realmente importa para o julgador é o comportamento da vítima ao
tempo do crime.

II – a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima ou de


testemunhas. De tal sorte, sob o pretexto da busca pela verdade real, não se pode, em momento algum,
autorizar comportamentos desrespeitosos pelas partes para humilhar vítimas ou testemunhas.

OBS: A Lei nº 14.245/21 também majorou a pena de 1/3 (um terço) até ½ (metade) do delito de coação no
curso do processo (art. 344, parágrafo único, do CP) se o processo no qual tal crime ocorreu envolver crime
contra a dignidade sexual.

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SISTEMA RECURSAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS

1 - TURMA RECURSAL
Inicialmente, cumpre destacar que a Constituição Federal em seu art. 98, I54, autoriza que os meios recursais
em sede dos Juizados Especiais Criminais sejam apreciados por Turmas Recursais, que é composta por juízes
de primeiro grau de jurisdição. Em síntese, a Turma Recursal é um órgão colegiado formado por juízes de
primeiro grau que tem competência para julgar os recursos na esfera dos Juizados Especiais Criminais. Turma
Recursal não é Tribunal! O Órgão do Ministério Público que atua como custos legis (fiscal da lei) nos Juizados
Especiais não é um Procurador de Justiça (ou Procurador Regional da República), mas sim um Promotor de
Justiça (Procurador da República), enfim, órgãos ministeriais que atuam em 1º grau de jurisdição.

É importante mencionar que a Turma Recursal apenas julgará os recursos em face de decisões proferidas
em sede dos Juizados Especiais Criminais. Vale dizer, em situações em que ocorre o deslocamento para o
Juízo Comum (exemplos: complexidade da causa, impossibilidade de citação pessoal, conexão e continência),
os recursos dessas decisões serão apreciados pelo Tribunal de Justiça/Tribunal Regional Federal, ainda que
o tema verse sobre infração penal de menor potencial ofensivo.

Turma Recursal também não analisa recursos advindos dos Juizados (Varas) da Violência Doméstica e
Familiar contra a mulher. Assim, os recursos interpostos de decisões proferidas nas Varas de Violência
Doméstica e Familiar contra a mulher serão analisados pelo Tribunal de Justiça.

De acordo com o art. 82, §4º, da Lei 9099/9555, as partes serão intimadas das sessões de julgamento das
Turmas Recursais pela imprensa. Com isso, resta dizer não há necessidade de notificação pessoal de
membro do Ministério Público, da Defensoria Pública e de advogado, porquanto a lei do JECRIM funciona
como norma especial quando em conflito com as regras gerais do art. 370 do CPP56 e do art. 5º, §5º, da Lei

54
Art. 98 da CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togado e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução
de causas cíveis de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos, por turmas de juízes de primeiro grau;

55
Art. 82, §4º, da Lei 9099/95: As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.

56
Art. 370, §4º, do CPP: A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.

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1060/5057 (Lei da Assistência Judiciária Gratuita). Outro não é o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça:

PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. INJÚRIA.AUSÊNCIA DE


INTIMAÇÃO PESSOAL DO DEFENSOR PÚBLICO. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. AUSÊNCIA DE
NULIDADE. RECURSO DESPROVIDO.

I - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que "a


ausência de intimação pessoal da Defensoria Pública ou do defensor dativo sobre os atos do
processo, a teor do disposto no artigo 370 do Código de Processo Penal e do artigo 5º, § 5º, da
Lei 1.060/1950, gera, via de regra, a sua nulidade", uma vez que cerceado o direito de defesa da
parte (HC n.

288.517/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 14/5/2014).

II - Por outro lado, no âmbito dos Juizados Especiais criminais, não se exige a intimação pessoal
do defensor público, admitindo-se a intimação na sessão de julgamento ou pela imprensa
oficial (precedentes do STF e do STJ).

Recurso ordinário em habeas corpus desprovido. (RHC 79.148/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 03/05/2017)

Em perfeita sintonia com o princípio da informalidade, se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 82, §5º, da Lei 9099/95). Em outras palavras,
a Turma Recursal não é obrigada confeccionar acórdão formal proferido nos moldes do Tribunal de Justiça,
podendo se valer da remissão aos motivos lançados na sentença quando confirmar o decisum, sem que isso
caracterize qualquer ofensa ao princípio constitucional do dever de fundamentar as decisões judiciais (art.
93, IX, da CF). Essa é a posição do Supremo Tribunal Federal.

57
Art. 5º, §5º, da Lei 1060/50: Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor
Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as instâncias,
contando-se-lhes em dobro todos os prazos.

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Juizado especial. Parágrafo 5º do art. 82 da Lei nº 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso
IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos
fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral.
Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator: Min. DIAS TOFFOLI,
julgado em 30/06/2011)

Reparem ainda que a Lei nº 9099/95 menciona apenas 2 recursos: apelação (art. 82 da Lei 9099/95) e
embargos de declaração (art. 83.

Questão: É possível a interposição de outros recursos?

É evidente que sim. Não existindo incompatibilidade, tanto as normas do Código Penal como
as do Código de Processo Penal são aplicadas de maneira subsidiária aos processos em trâmite
nos Juizados Especiais, conforme determina o art. 92 da Lei nº 9099/9558. Vamos imaginar a
seguinte situação: Durante o processo criminal, o magistrado declara extinta a punibilidade.
Qual será o recurso cabível dessa decisão? O Recurso em sentido estrito, com aplicação subsidiária do
previsto no art. 581, VIII, do CPP59.

Outra questão: Sabemos que o art. 82, § 3º, da Lei nº 9099/9560 autoriza as partes solicitarem a transcrição
da fita magnética na qual foram gravados os atos processuais produzidos na audiência de instrução e
julgamento. Indaga-se: Essa regra é constitucional?

É, sem dúvida, uma regra que contraria em cheio o propósito dos Juizados Especiais Criminais, notadamente
os princípios da informalidade e da oralidade consagrado no art. 98, I, da CF, bem como da razoável duração
do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF). No mesmo sentido destaco a lição do professor Renato Brasileiro:
“Pensamos que o art. 82, §3º, da Lei 9099/95, para além de inconstitucional à luz do princípio da oralidade
(CF, art. 98, inciso I), e da garantia razoável duração do processo (CF, art. 5º, LXXVIII), também foi revogado
tacitamente pelo disposto no art. 405, §2º, que prevê que, no caso de registro por meio audiovisual, basta
que seja encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição (CPP, art. art. 405,
§2). Apesar de se referir ao procedimento comum, pensamos que a decisão a seguir transcrita tem inteira
aplicação no âmbito dos Juizados: “(...) A conversão do julgamento de apelação em diligência para que a
primeira instância providencie a degravação de conteúdo registrado em meio audiovisual contraria

58
Art. 92 da Lei nº 9099/95: Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de Processo

59
Art. 581 do CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade.

60Art. 82, §3º, da Lei nº 9099/95: As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o §3º do
art. 65 desta Lei.

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frontalmente o art. 405, §2, do CPP, assim como o princípio da razoável duração do processo (STJ, 5º Turma,
HC 172840, rel. Min. Gilson Dipp, DJe 03/11/2010)61.

2 - APELAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS


Dispõe o art. 82 da Lei 9099/95:

Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição,
reunidos na sede do Juizado.

§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo
Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o
pedido do recorrente.

§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.

§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o §


3º do art. 65 desta Lei.

§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.

§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento


servirá de acórdão.

Quais são as hipóteses de cabimento de apelação nos Juizados Especiais Criminais?

1) Sentença absolutória ou condenatória – É o mesmo raciocínio do CPP, ou seja, de sentença absolutória


ou condenatória é cabível o recurso de apelação (art. 82 da Lei nº 9099/95).
2) Da rejeição da peça acusatória – Enquanto no CPP o recurso cabível da decisão que rejeita a peça
acusatória é o Recurso em sentido estrito (art. 581, I, do CPP), nos juizados especiais criminais o meio
recursal é a apelação, sendo obrigatória a intimação da parte adversa para apresentar contrarrazões no
prazo de 10 dias (art. 82, §2º, da Lei 9099/95). Lembre-se ainda do teor da súmula 707 do STF: Constitui
nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição
da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
3) Da decisão homologatória da transação penal: É o que estabelece o art. 76, §5º, da Lei 9099/95: Da
sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.

61BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora JusPodvm,
2018, p.440.

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Qual é o prazo para interposição de apelação no JECRIM?

O prazo é de 10 dias (art.82, §1º, da Lei nº 9099/95). Enquanto no CPP o prazo é de 5 dias (art. 593, caput,
do CPP), no JECRIM o prazo será de 10 dias. Outra diferença entre CPP e Lei nº 9099/95: No JECRIM a
petição de interposição do recurso de apelação já deve estar acompanhada das razões recursais, ao passo
que no CPP haverá, em primeiro lugar, a interposição do recurso no prazo de 5 dias e, em seguida, a parte
terá até 8 dias para apresentar as razões recursais (art. 600 do CPP). Em resumo:

Apelação no JECRIM Apelação no CPP

Prazo: 10 dias Prazo: 5 dias

Após a interposição da petição do


recurso de apelação, a parte terá o
A petição de interposição já
prazo de 8 dias para apresentar as
deve estar acompanhadas das
razões recursais. Não há obrigação de
razões recursais.
apresentação simultânea de petição de
interposição e razões recusais.

Questão: A apelação deve ser conhecida se a parte interpõe o recurso de apelação desacompanhado das
razões recursais?

A não apresentação das razões recursais não impede o conhecimento do recurso de apelação interposto
de modo tempestivo. Esse é o posicionamento do STJ:

PROCESSUAL PENAL. PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO.CONTRAVENÇÃO


PENAL DE PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO. APELAÇÃO INADMITIDA POR AUSÊNCIA DAS RAZÕES.
FALTA DE INTIMAÇÃO DO RÉU PARA CONSTITUIÇÃO DE NOVO ADVOGADO. NULIDADE
RECONHECIDA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL RECONHECIDA DE OFÍCIO.
RECURSO PROVIDO.

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1. Sendo a apelação, também no rito da Lei nº 9.099/95, uma espécie de recurso, a ausência
ou intempestividade das razões, não induzem ao não-conhecimento da apelação interposta.

2. Esta Corte Superior tem se posicionado no sentido de que, diante da inércia da defesa na
apresentação das devidas razões recursais, em homenagem ao princípio da ampla defesa e
contraditório, é imprescindível a intimação do réu, oportunizando a constituição de novo
defensor.

3. Recurso em habeas corpus provido para reconhecer a nulidade da decisão de inadmissão do


recurso de apelação pela ausência das razões, para a intimação do recorrente a fim de que
constitua novo defensor para tal fim e, de ofício, declarar extinta a punibilidade pela prescrição
da pretensão punitiva estatal.

(RHC 25.736/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe
03/08/2015)

3 - RECURSO EXTRAORDINÁRIO NOS JUIZADOS ESPECIAIS


CRIMINAIS
É possível a interposição de recurso extraordinário das decisões da Turmas Recursais ao Supremo Tribunal
Federal, nos exatos termos do art. 102, inciso III, da Constituição Federal. Compete ao Supremo Tribunal
Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando
a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de
tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d)
julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Reparem que a Turma Recursal dos Juizados é a
última instância no âmbito dos Juizados Especiais Criminais.

Não custa lembrar ainda a existência da súmula 640 do STF:

“ É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas
de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.”

4 - RECURSO ESPECIAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS


Não é cabível a interposição de recurso especial das decisões oriundas da Turma Recursal. A razão para
tanto está na redação do art. 105, III, da Constituição Federal, já que o Superior Tribunal de Justiça tem
competência para julgar, em sede de recurso especial, apenas as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios.
Notem que a redação do citado dispositivo constitucional não abrange as decisões advindas da Turma
Recursal, mas apenas de Tribunais. Turma Recursal não é Tribunal. Nesse sentido destaca-se a súmula 203
do Superior Tribunal de Justiça:

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“Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo dos Juizados
Especiais.”

5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS


CRIMINAIS
Dispõe o artigo 83 da Lei nº 9099/95:

Art. 83 da Lei 9099/95: Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão.

§1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias,
contados da ciência da decisão.

§2º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.

§3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Os embargos de declaração é o meio recursal destinado a dirimir eventual dúvida no julgado, ou seja, é um
recurso cabível quando a decisão (sentença ou acórdão) for obscura, omissa ou contraditória. Dessa forma,
ausente os vícios da obscuridade, da omissão e contradição, a decisão não deve ser impugnada por esse
meio recursal.

Notem que os embargos de declaração no âmbito do Juizados Especiais Criminais podem ser
opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias a contar da ciência da decisão.

De plano, já podemos observar duas distinções entres os embargos de declaração do JECRIM


e do Código de Processo Penal.

Forma – Os embargos de declaração no JECRIM podem ser opostos tanto por escrito como por modo oral,
ao passo que no CPP tal recurso é possível apenas por escrito.
Prazo – Os embargos de declaração no JECRIM podem ser opostos no prazo de 5 dias, ao passo que no
CPP tal recurso deve ser interposto no prazo de 2 dias (art. 382 do CPP62)

Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, conforme


alteração advinda pelo artigo 1066 do Novo Código de Processo Civil (Lei 13105/16). Lembre-se que

62
Art. 382 do CPP. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que
nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão.

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interromper o prazo significa dizer que o lapso temporal para a interposição de outros recursos é reiniciado
(“volta à estaca zero”).

Chamo ainda a atenção de vocês para lembrar que os erros materiais não necessitam da oposição de
embargos de declaração para serem corrigidos, ou seja, podem ser retificados de ofício, conforme
autorização prevista no art. 83, §3º, da Lei nº 9099/95. O que são erros materiais?

Erros materiais são aqueles que não comprometem o processo, vez que não geram nenhum prejuízo a
qualquer das partes, notadamente por tal retificação não ser dotada de caráter decisório. Exemplos de erro
material: a correção do número do processo ou do nome da vítima.

6 - HABEAS CORPUS NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS


É cabível habeas corpus nos Juizados Especiais Criminais, desde que ocorra risco à liberdade de locomoção,
consoante determina o art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal63.

Questão: É cabível a impetração de habeas corpus em face da contravenção penal que prevê apenas a pena
de multa em seu preceito secundário?

A resposta é negativa, porquanto na espécie não há risco à liberdade de locomoção. No mesmo sentido vale
a pena citar a súmula 693 do STF:

“Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.”

Pois bem. Se a autoridade coatora for o Juiz do Juizado Especial Criminal o habeas corpus será julgado pela
Turma Recursal.

Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar o habeas corpus quando a autoridade coatora
for a Turma Recursal?

É certo que a súmula 690 do STF determina que compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o
julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais. Ocorre que
essa súmula, embora não tenha sido cancelada pelo STF, encontra-se totalmente ultrapassada em razão de
mudança da orientação jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal nos autos do HC de nº 86834,
ou seja, a competência para julgar habeas corpus de ato praticado pela Turma Recursal é do próprio

63
Art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

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Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, pois os integrantes das Turmas Recursais submetem-se à
jurisdição desses Tribunais. Vejamos esse importante julgado do Supremo Tribunal Federal:

COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - DEFINIÇÃO. A competência


para o julgamento do habeas corpus é definida pelos envolvidos
- paciente e impetrante. COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - ATO
DE TURMA RECURSAL. Estando os integrantes das turmas
recursais dos juizados especiais submetidos, nos crimes comuns e nos de responsabilidade, à
jurisdição do tribunal de justiça ou do tribunal regional federal, incumbe a cada qual, conforme
o caso, julgar os habeas impetrados contra ato que tenham praticado. COMPETÊNCIA - HABEAS
CORPUS - LIMINAR. Uma vez ocorrida a declinação da competência, cumpre preservar o quadro
decisório decorrente do deferimento de medida acauteladora, ficando a manutenção, ou não, a
critério do órgão competente. (HC 86834, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno,
julgado em 23/08/2006)

7 - REVISÃO CRIMINAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS


É certo que a Lei nº 9099/95 não tratou expressamente da possibilidade de revisão criminal no JECRIM.
Todavia, é cabível a revisão criminal contra decisão definitiva dos Juizados Especiais Criminais (juiz ou turma
recursal), cuja competência será da própria Turma Recursal e não do Tribunal de Justiça. Esse é o
posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (CC 47718/RS, Relatora Ministra Jane Silva, Dje 26/08/2008).

8 - MANDADO DE SEGURANÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS


CRIMINAIS
É perfeitamente cabível a impetração de mandado de segurança nos Juizados Especiais Criminais, conforme
estabelece a súmula 376 do STJ:

“ Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado
especial.”

Se a autoridade coatora for o juiz do JECRIM a competência para julgar o mandado de segurança será a
Turma Recursal. Se a autoridade coatora for a Turma Recursal prevalece o entendimento de que a
competência igualmente é da Turma Recursal, aplicando-se, por analogia, o art. 21, VI, da Lei Complementar
nº 35/7964 que estatui ser dos Tribunais a competência originária para apreciar os mandados de segurança

64
Art. 21, VI, da Lei Complementar nº 35/79: Compete aos Tribunais, privativamente:

VI – julgar, originariamente, os mandados de segurança contra seus atos, os dos respectivos Presidentes ou de suas Câmaras,
Turmas ou Seções.

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contra seus atos, os dos respectivos Presidentes e os de suas Câmaras, Turmas ou Seções. Esse é o
posicionamento do Supremo Tribunal Federal:

AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO


JUIZ PRESIDENTE DO COLÉGIO RECURSAL DA 52ª
CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE ITAPECERICA DA SERRA.
INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. À luz do art. 102, I, d, da Constituição da República, compete ao Supremo Tribunal Federal o


julgamento de mandados de segurança contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-
Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal.

2. O agravante se insurge contra decisão proferida pelo Colégio Recursal da 52ª Circunscrição
Judiciária de Itapecerica da Serra/SP. Evidente, assim, a incompetência desta Corte para a
apreciação do mandamus.

3. Agravo regimental DESPROVIDO. (MS 33994 AgR, Relator: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma,
julgado em 31/05/2016)

9 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUIZADO ESPECIAL


CRIMINAL E JUÍZO COMUM

Qual é o órgão jurisdicional competente para decidir um conflito de competência entre o Juizado especial
federal e o Juízo de primeiro grau da Justiça Federal, ambos vinculados ao mesmo Tribunal Regional Federal?

Por estamos diante de órgãos de primeiro grau de jurisdição atrelados ao mesmo Tribunal, exsurge como
competente o Tribunal Regional Federal para dirimir esse conflito de competência. É o que determina a
súmula 428 do STJ:

“ Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado


especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.”

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O mesmo raciocínio acima aplica-se aos órgãos de primeiro grau de jurisdição pertencentes ao mesmo
Tribunal de Justiça. Todavia, se os juízos forem de Estados diversos, competirá ao Superior Tribunal de Justiça
decidir o conflito de competência (art. 105, I, “d”, da CF65).

Com o advento da Lei 13728, de 31 de outubro de 2018, houve uma alteração na contagem do prazo no
âmbito dos Juizados Especiais Cíveis a fim de determinar a contagem de prazo para a prática de qualquer ato
processual, inclusive para o manejo de recursos, apenas nos dias úteis. Eis a redação do art. 12-A da Lei
9099/95:”Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato
processual, inclusive para interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis. Todavia, essa
alteração somente tem aplicabilidade nos Juizados Especiais Cíveis, vez que o dispositivo legal em comento
(art. 12-A) está inserido no capítulo dos Juizados Especiais CÍVEIS. Além do mais, no caso dos processos
criminais, aplica-se a regra delineada no art. 798 do CPP66, que preconiza serem a continuidade dos prazos,
não se interrompendo por férias, domingo ou feriado. Com isso, é forçoso concluir nos crimes de menor
potencial ofensivo, sob o rito sumaríssimo, os prazos são contínuos, aplicando-se, no ponto, o art. 798 do
CPP.

DA EXECUÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS


Dispõe os artigos 84 e 85 da Lei nº 9.099/95:

Art. 84 da Lei nº 9099/95: Aplicada exclusivamente a pena de multa, seu cumprimento far-se-á
mediante pagamento na Secretaria do Juizado.

Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade, determinando


que a condenação não fique constando dos registros criminais, exceto para a fins de requisição
judicial.

65
Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I – processar e julgar, originariamente:

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes
a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.

66Art. 798 do CPP: Todos os prazos ocorrerão em Cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias,
domingo ou dia de feriado.

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Art. 85 da Lei nº 9099/95: Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão em pena
privativa de liberdade, ou restritivas de direitos, nos termos previstos em lei.

Se a pena de multa for a única aplicada, o seu cumprimento, que se dá mediante pagamento, será feito na
própria Secretaria do Juizado. O adimplemento da multa gera a extinção da punibilidade, nos exatos termos
do parágrafo único do art. 84 da Lei nº 9099/95, sem o registro criminal, salvo para fins de requisição judicial.

Em que pese a redação do art. 85 da Lei nº 9099/95, é importante anotar que não se permite mais a
conversão da pena de multa em privativa de liberdade em razão do teor do art. 51 do Código Penal, com
redação dada pela Lei 9269 de 1º abril de 1996, que estabelece que a pena de multa não paga deve ser
convertida em dívida de valor. Houve no ponto a denominada revogação tácita.

Também não se vislumbra possibilidade da pena de multa não paga ser convertida em pena restritivas de
direitos ante a ausência de um critério legal disciplinando essa conversão. Essa é a posição do STF: “Se o
paciente foi condenado a pena de multa, não se afigura possível, por ausência de critério legal aplicável, a
conversão da pena pecuniária na de restrição de direito. Portanto, deve o juiz se limitar a promover a
inserção da dívida para cobrança judicial (HC 78200/SP, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 27/08/1999).

Ainda sobre a execução, vale a pena destacar o art. 86 da Lei nº 9099/95:

Art. 86 da Lei nº 9099/95: A execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos,
ou de multa cumulada com estas, será processada perante o órgão competente, nos termos da
lei.

Muito embora o art. 60 da Lei nº 9099/95 ressalte a competência do Juizados Especial Criminal para a
conciliação, o julgamento e a execução das infrações de menor potencial ofensivo, o art. 86 do referido
diploma legal, que é uma regra especial em relação ao art. 60 da Lei 9099/95, preconiza ser da Vara de
Execuções Penais a competência para execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos
e as de multa quando cumuladas com aquelas penas. Em resumo,

A execução ocorrerá
Se a pena de multa for aplicada
perante o Juizado Especial
isoladamente
Criminal

Pena privativa de liberdade, A execução ocorrerá


pena restritiva de direitos ou diante do Juízo Comum
pena de multa cumulada com (Vara de Execuções
essas penas Penais)

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DAS DESPESAS PROCESSUAIS


Art. 87 da Lei nº 9099/95: Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação de pena
restritivas de direitos ou multa (arts. 74 e 76, §4º), as despesas processuais serão reduzidas,
conforme dispuser lei estadual.

É certo que o assunto de valores de custas e despesas processuais pertence à organização judiciária e,
portanto, de competência legislativa do Estado. O art. 87 da Lei nº 9099/95, na verdade, é sugestão ao
legislador estadual de forma a incentivar a composição (civil e penal) no JECRIM com a redução das
despesas processuais.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


Estabelece o art. 89 da Lei nº 9099/95:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a
denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições:

I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II - proibição de freqüentar determinados lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas


atividades.

§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.

§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.

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§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus
ulteriores termos.

Suspensão condicional do processo, também conhecida como sursis processual, é um instituto


despenalizador previsto no art. 89 da Lei 9099/95 que autoriza a suspensão do processo por um período de
prova, que pode variar de 2 a 4 anos, mediante o cumprimento de certas condições.

Embora prevista na lei 9099/95, é importante ressaltar que a sua aplicabilidade não se restringe aos crimes
de menor potencial ofensivo e nem aos Juizados Especiais Criminais, porquanto o legislador fez questão
de explicitar que a sua aplicação se dará aos delitos abrangidos ou não por essa lei (art. 89, caput, da Lei
9099/95). Significa dizer que é perfeitamente possível ser concedida a suspensão condicional do processo
diante do Juízo comum. Exemplo: O delito de furto simples, que é um delito de médio potencial ofensivo,
tramita no Juízo Comum, porquanto a sua pena varia de 1 a 4 anos de reclusão. Pois bem. Em razão da pena
mínima ser de 1 ano de reclusão, é possível a sua concessão no Juízo comum.

Requisitos para a concessão da suspensão condicional do processo

A suspensão condicional do processo será concedida se presentes os seguintes requisitos: a) Pena mínima
não superior a um ano; b) Acusado não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime;
c) Presença dos demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena (art. 77 do do Código
Penal.

A) Pena mínima igual ou inferior a 1 ano. De acordo com o art. 89, caput, da Lei nº 9099/95, para fazer jus
ao sursis processual a pena privativa de liberdade cominada ao delito deve ser de até 1 ano, pouco
importando se é de reclusão ou detenção, ressalvada as hipóteses de violência doméstica e familiar contra
a mulher.

Questão: Qual o critério a ser adotado para a aferição da suspensão condicional do processo se existir
concurso de crimes?

Se existir concurso de crimes, o resultado desse concurso deve obedecer ao limite de um ano para a pena
mínima de forma a possibilitar o benefício da suspensão condicional do processo. Dessa forma, não será
cabível sursis processual se, no concurso material, a soma das penas mínimas cominadas for superior a 1
ano. Igualmente, não será possível a concessão da suspensão condicional do processo se, no concurso
formal, a exasperação da pena mínima ultrapassar a 1 ano. OBS: No momento da exasperação para o
concurso formal e para o crime continuado será levado em conta a fração mínima. Assim, na análise do
cabimento da suspensão condicional do processo para o concurso formal e para o crime continuado
emprega-se o patamar de 1/6 da pena. Sobre o tema vale destacar a existência de 2 súmulas.

Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado,
se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto for superior a um
ano.

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Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações
penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a
pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o
limite de um (01) ano.

Embora o art. 89, caput, da Lei 9099/95 limite a concessão do sursis processual à pena mínima até 1 ano,
vale destacar a existência de precedente do Supremo Tribunal Federal concedendo tal benefício quando
para o delito for previsto, alternativamente, pena de multa e pena privativa de liberdade, ainda que essa
última pena seja superior a 1 (um) ano. Exemplo: Art. 7º da Lei 8137/90 prevê pena de detenção, de 2 a 5
anos, ou multa. Para essa situação, segundo o Supremo Tribunal Federal, é cabível a suspensão condicional
do processo, porquanto a pena de multa é menos gravosa do que a pena privativa de liberdade ou restritiva
de direitos. Vejamos esse precedente do Supremo Tribunal Federal.

AÇÃO PENAL. Crime contra relações de consumo. Pena. Previsão


alternativa de multa. Suspensão condicional do processo.
Admissibilidade. Recusa de proposta pelo Ministério Público.
Constrangimento ilegal caracterizado. HC concedido para que o MP
examine os demais requisitos da medida. Interpretação do art. 89 da Lei
nº 9.099/95. Quando para o crime seja prevista, alternativamente, pena de multa, que é menos gravosa
do que qualquer pena privativa de liberdade ou restritiva de direito, tem-se por satisfeito um dos
requisitos legais para a suspensão condicional do processo. (HC 83926, Relator: Min. CEZAR PELUSO,
Segunda Turma, julgado em 07/08/2007)

B) Não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime. Vale destacar que não é
impeditivo se o agente estiver sendo processado ou tiver sido condenado por contravenção penal, pois o
artigo 89, caput, da Lei nº 9099/95 menciona a expressamente a prática de crime.

C) Presença dos demais requisitos que autorizam a suspensão


condicional da pena. Segundo o art. 77 do Código Penal, a execução da
pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, desde que: I – o condenado não seja reincidente em crime
doloso; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III – não seja indicada ou cabível a
substituição prevista no art. 44 do CP. Registre-se ainda que a condenação anterior à pena de multa não é
óbice para a concessão da suspensão condicional do processo, porquanto tal sanção não impede o sursis,
nos termos do art. 77, §1º, do CP, aplicando-se, no ponto, o mesmo raciocínio à suspensão condicional do
processo.

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OBS: O legislador não estabeleceu qualquer requisito temporal para a proposta de nova suspensão
condicional do processo. Vale dizer, enquanto na transação penal deve o agente não ter sido beneficiado por
outra transação penal no prazo de 5 anos, na suspensão condicional do processo não há qualquer
pressuposto legal nesse sentido. Pensamento distinto premiaria a analogia in malam partem em sede de
direito penal. Esse é o posicionamento do professor Renato Brasileiro de Lima: Ao contrário da transação
penal, que apresenta impedimento ao oferecimento da nova proposta caso o agente tenha sido beneficiado
anteriormente por outra transação penal no prazo de 5 (cinco) anos (Lei nº 9099/95, art. 76, §2º, inciso II, o
legislador não estabeleceu qualquer requisito temporal para a formulação de nova proposta de suspensão
condicional do processo. Diante desse silêncio eloquente, não se pode estender à suspensão a limitação
temporal imposta para a transação penal, sob pena de verdadeira analogia in malam partem, em clara e
evidente afronta ao princípio da legalidade (CF, art. 5º, XXXIX)67. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça
firmou jurisprudência em sentido contrário, ou seja, no sentido de impossibilidade de aceitação de outra
suspensão condicional do processo no período de cinco anos, aplicando-se, por analogia, a regra proibitiva
do art. 76, §2º, II, da Lei 9099/95 prevista para a transação penal. Eis julgados das 2 Turmas Criminais
(Quinta e Sexta Turma) do STJ:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.


FALSIDADE IDEOLÓGICA. AUSÊNCIA DE PROPOSTA DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.
VIOLAÇÃO DO ENUNCIADO N. 337, DA SÚMULA DO STJ. INOCORRÊNCIA. INCIDÊNCIA DE
INSTITUTO DESPENALIZADOR HÁ MENOS DE 5 ANOS. IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO.

I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col.
Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas corpus em
substituição ao recurso adequado, situação que implica o não-conhecimento da impetração,
ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar
constrangimento ilegal, seja recomendável a concessão da ordem de ofício.

II - O paciente foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 69-A, da Lei n. 9.605/98. No
curso da instrução, verificando a ocorrência de outro delito, o d. magistrado processante abriu
vista para o aditamento da denúncia, o que prontamente se fez, adequando o tipo penal da
exordial para o art. 299, caput, c.c art 71, ambos do Código Penal, sem, no entanto, o
oferecimento da suspensão condicional do processo, em razão da continuidade delitiva a qual,
ao final, não foi reconhecida pela sentença condenatória.

67 BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora JusPodvm,
2018, p.455.

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III - Em casos que tais, nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte Superior de Justiça,
é possível a proposição da suspensão condicional do processo, como se evidencia do Enunciado
n.

337, da Súmula do STJ, verbis: "É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação
do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva".

IV - Entretanto, esta mesma Corte Superior de Justiça já decidiu que o prazo de 5 (cinco) anos
para a concessão de nova transação penal, previsto no art. 76, § 2º, inciso II, da Lei n. 9.099/95,
aplica-se aos demais institutos despenalizadores por analogia, estendendo-se, pois, à
suspensão condicional do processo, o que ocorreu no caso concreto. (Precedentes). Habeas
corpus não conhecido. (HC 370.047/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado
em 17/11/2016, DJe 01/12/2016)

PENAL. HABEAS CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.INVIABILIDADE. VIA


INADEQUADA. ANTERIOR CONCESSÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. NÃO
TRANSCORRIDO O PRAZO DE 5 (CINCO) ANOS. NOVO BENEFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 76, §
2.°, II, DA LEI 9.099/95. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.

1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas corpus, em prestígio ao


âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica do sistema recursal. In casu,
foi impetrada indevidamente a ordem como substitutiva de recurso especial.

2. O art. 76, § 2.°, II, da Lei 9.099/95 esclarece sobre a impossibilidade de nova transação penal,
quando houver ocorrido a concessão do benefício em momento anterior, sem que tenha
transcorrido o período de 5 (cinco) anos. Em analogia à referida disposição, entende-se que o
mesmo prazo deverá ser utilizado para nova concessão de sursis processual. Cuida-se de
extensão da disciplina afeta ao tratamento de medida mais branda, transação, a medida
destinada a fatos mais graves, suspensão condicional do processo.

3. Habeas corpus não conhecido. (HC 209.541/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe 30/04/2013)

Questão: É possível a suspensão condicional do processo em crime de iniciativa privada?

A resposta é afirmativa. Em que pese a interpretação gramatical do art. 89, caput, da Lei, apontar para outro
sentido, é pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento do sursis processual nas ações penais de
iniciativa privada, devendo a proposta do benefício ser formulada pelo querelante. Essa é a posição do STJ:

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HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A HONRA. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.


PLEITO PELO CABIMENTO DA SUSPENSÃO PROCESSUAL. IMPETRAÇÃO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 714/STF. AÇÃO PRIVADA. NESTES CRIMES, A LEGITIMIDADE PARA PROPOR O
SURSIS PROCESSUAL É DO QUERELANTE. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

1. É de entendimento uníssono dos Tribunais Superiores que o Ministério Público pode impetrar
o remédio heroico (art. 654, caput, CPP), desde que seja para atender ao interesse do paciente.

2. Cabe a propositura da queixa-crime ao ofendido que optou em promover a ação penal privada,
não se podendo aceitar que o Ministério Público ingresse no pólo ativo da demanda, exceto no
caso de representação ou flagrante negligência do titular no seu curso. A referida orientação está
cristalizada na edição da Súmula n.º 714/STF: "É concorrente a legitimidade do ofendido,
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação
penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções."

3. O Superior Tribunal de Justiça, em remansosos julgados considera crível o sursis processual


(art. 89 da Lei nº 9.099/95) nas ações penais privadas, cabendo sua propositura ao titular da
queixa-crime.

4. A legitimidade para eventual proposta de sursis processual é faculdade do querelante. Ele


decidirá acerca da aplicação do benefício da suspensão condicional do processo nas ações
penais de iniciativa, exclusivamente, privada.

5. Ordem denegada.

(HC 187.090/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO


TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 21/03/2011)

Outra questão: Qual é o momento para o oferecimento da proposta da suspensão condicional do processo?

A suspensão condicional do processo deve ser oferecida quando do ajuizamento da ação penal
(denúncia/queixa-crime), porquanto cuida-se de uma medida despenalizadora que visa justamente o
processo criminal.

Natureza jurídica da suspensão condicional do processo

A suspensão condicional do processo é um poder-dever conferido ao titular da ação penal, não sendo uma
obrigação legal imposta ao MP ou ao querelante. Em razão dessa característica, os Tribunais Superiores
entendem que não se cuida de um direito subjetivo do autor do fato, podendo o titular da ação penal deixar
de propor esse benefício se ausentes os requisitos legais para tanto. É o que diz a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça:

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PENAL E PROCESSUAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. REQUISITOS. AUSÊNCIA.


SÚMULA 7 DO STJ. Consoante entendimento desta Corte, a suspensão condicional do processo
não é direito subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do Ministério Público, titular da
ação penal, a quem cabe, com exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação do referido
instituto, desde que o faça de forma fundamentada. Hipótese em que a negativa da suspensão
condicional do processo está amparada na ausência dos requisitos previstos no art. 77, II, do
Código Penal, referidos pelo art. 89 da Lei n. 9.099/1995, sendo certo que, para a eventual
desconstituição da conclusão das instâncias ordinárias, seria necessária a incursão no conjunto
probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 7 do STJ. Agravo regimental desprovido. (AgRg
no AREsp 607.902/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2015,
DJe 17/02/2016)

Questão: Qual é o procedimento a ser adotado pelo magistrado se o Ministério Público se omite ou se recusa
a propor a suspensão condicional do processo?

Se o Juiz entender que é caso de ser oferecido o benefício da suspensão condicional do processo deve, por
analogia, invocar o art. 28 do Código de Processo Penal68, com a consequente remessa dos autos ao
Procurador-Geral para resolver essa vexata quaestio. A propósito, vale destacar a súmula 696 do STF:

“Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se


recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.”

OBS: Lembre-se que no âmbito da justiça federal, o magistrado, ao invés de encaminhar os autos
diretamente ao Procurador-Geral, enviará à Câmara de Coordenação e Revisão (art. 62, IV, da Lei
complementar nº 75/93).

68
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão
do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Se a
vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias
do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser
a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em
detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do
órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) OBS: Na ADIs 6299, 6298,
6300 e 6305 o Min. Fux deferiu medida cautelar para suspender a eficácia do art. 28, caput, do CPP, por entender que viola a
autonomia do MP (art. 127 da CF) e a prévia dotação orçamentária para a realização de despesas (art. 169 da CF).

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Procedência parcial da pretensão punitiva ou desclassificação

De acordo com a súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça, “é cabível a suspensão condicional do processo
na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.”

Exemplo de desclassificação que autoriza a concessão do sursis processual: O Ministério Público denuncia
alguém pela prática delitiva de roubo simples (art. 157 do CP), com pena que varia de 4 a 10 anos de reclusão.
No momento de sentenciar, o magistrado desclassifica a conduta para o crime de furto simples, delito de
médio potencial ofensivo que permite o benefício da suspensão condicional do processo.

Exemplo de procedência parcial da pretensão punitiva: O Ministério Público oferece denúncia em face de
alguém pelos delitos de furto e roubo, em concurso material de crimes. Como as penas mínimas somadas
desses delitos supera o limite de 1 ano, o sursis processual deixa de ser oferecido. Pois bem. Ao sentenciar,
caso absolva o agente pelo delito de roubo, o magistrado deve notificar o Ministério Público para analisar a
possibilidade de apresentar proposta de suspensão condicional do processo no tocante ao delito de furto.

Inaplicabilidade em caso de violência doméstica e familiar contra a mulher. De acordo com o art. 41 da Lei
11340/06, aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei 9099, de 26 de setembro de 1995. De tal sorte, é forçoso concluir que
não se admite suspensão condicional do processo na esfera da violência doméstica e familiar contra a
mulher. Aliás, há uma súmula do STJ sobre o tema:

Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: A suspensão condicional do processo e a transação penal não
se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Termo inicial da suspensão condicional do processo

Primeiramente, é interessante destacar que a lei exigiu que a aceitação do sursis processual deve ser feita
tanto pelo autor do fato, bem como pelo seu defensor (público ou privado) – dupla aceitação. E se existir
divergência entre o autor do fato e o advogado? Nessa hipótese a doutrina aponta para a prevalência da
vontade do autor do fato, pois é a pessoa que sofrerá as consequências da aceitação, ou não, da suspensão
condicional do processo. OBS: O autor do fato pode recusar o sursis processual, porém em caso de aceitação
não há que se falar em reconhecimento de culpa.

Aceita a suspensão condicional do processo, o magistrado recebe a peça acusatória e suspende o processo
pelo prazo de 2 a 4 anos (lapso temporal denominado de período de prova). Durante o período de prova, o
agente terá que cumprir condições estipuladas pelo magistrado para a suspensão do processo.

Quais são essas condições?

Além das condições legais ou obrigatórias previstas no art. 89, §1º, da Lei nº 9099/95, o magistrado pode
fixar outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado (art. 89, §2º, da Lei
9099/95.

São condições legais (ou obrigatórias) impostas durante o período de prova do sursis processual:

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A) Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. É importante salientar, desde já, que a omissão
injustificada em reparar o dano é causa de revogação obrigatória da suspensão condicional do processo.
Tal reparação deve ocorrer imediatamente depois da homologação da proposta do sursis processual ou
em prazo previamente fixado pelo magistrado
B) Proibição de frequentar determinados lugares. O objetivo dessa condição é evitar locais que possam
favorecer a prática de infrações penais. O Juiz deve especificar os lugares que não deverão ser
frequentados pelo acusado, sendo vedado a menção de locais em termos genéricos, sem a sua devida
especificação.
C) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz. O acusado não está
proibido de ausentar-se da comarca ou de mudar de endereço. A condição apenas estabelece o dever
de o acusado comunicar previamente o juiz acerca de seu paradeiro.
D) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
A doutrina indica que a periodicidade mínima a ser exigida é a mensal, podendo tal lapso temporal ser
dilatado (bimestral, etc.), porém não reduzido (semanal, etc.)

Apesar de não constar expressamente do rol do art. 89, §1º, da Lei 9099/95, é considerada como condição
legal implícita do sursis processual o fato de o acusado não ser processado por outra infração penal (crime
ou contravenção penal), porquanto tal situação autoriza a revogação da suspensão condicional do processo
por superveniência de referida circunstância (art. 89, §§ 3º e 4º, da Lei 9099/95).

Como já mencionado, além das circunstâncias obrigatórias do art. 89, §1º, da Lei 9099/95, o magistrado
pode impor condições facultativas, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. Essas
condições judiciais (impostas pelo magistrado) podem ser impostas de modo simultâneo às condições legais
(obrigatórias).

Questão: Podem ser impostas penas restritivas de direitos (prestação de serviços à comunidade ou prestação
pecuniária) como condições judiciais para a suspensão condicional do processo?

A resposta é afirmativa, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 89 DA LEI N.


9.099/1995. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. PERDA DA FIANÇA. OBRIGAÇÕES
EQUIVALENTES A PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO.

1. Nos termos do que dispõe o art. 89 da Lei n. 9.099/1995, é facultado ao magistrado


estabelecer outras condições para a suspensão condicional do processo, além das previstas nos
incisos I a IV do § 1º do art. 89 da legislação de regência, desde que adequadas ao fato e à
situação pessoal do acusado.

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2. Não há óbice legal, segundo o art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, a que o réu assuma
obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a penas restritivas de direitos (tais como a
prestação de serviços comunitários ou a prestação pecuniária), visto que tais condições são
apenas alternativa colocada à sua disposição para evitar sua sujeição a um processo penal e
cuja aceitação depende de sua livre vontade.

3. Agravo regimental não provido.(AgRg no RHC 83.810/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 17/08/2017, DJe 29/08/2017)

Causas de revogação da suspensão condicional do processo

As causas de revogação da suspensão condicional do processo são divididas em 2 (duas) espécies:


obrigatória e facultativa

Causas de revogação obrigatória do sursis processual (art. 89, § 3º, da Lei 9099/95), ou seja, a suspensão
condicional do processo será revogada:

A) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado vier a ser processado por outro crime;
B) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado não efetuar, sem motivo justificado, a
reparação do dano;

Causas de revogação facultativa do sursis processual (art. 89, § 3º, da Lei 9099/95), ou seja, a suspensão
condicional do processo poderá ser revogada:

A) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado vier a ser processado por contravenção penal;
B) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado descumprir qualquer outra condição imposta.
Vale dizer, se o acusado não obedecer às condições judiciais (art. 89, §2º, da Lei 9099/95), ou seja, aquelas
impostas pelo magistrado, que deverão ser adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.

Questão: É possível a revogação (obrigatória ou facultativa) da suspensão condicional do processo depois de


expirado o período de prova?

A resposta é afirmativa, desde que o fato ensejador da revogação tiver ocorrido durante o período de prova
e ainda não tiver sido produzida a decisão de extinção da punibilidade (art. 89, §5º, da Lei 9099/95 69), eis
que, nessa última hipótese, existiria a formação da coisa julgada material, o que impede o restabelecimento
do processo, sob pena de malferir o art. 5, XXXVI, da Constituição Federal70. Exemplo: Encerrado o período
de prova, porém antes de o magistrado declarar extinta a punibilidade chega ao seu conhecimento a

69
Art. 89, §5º, da Lei 9099/95: Expirando o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.

70
Art. 5º, XXXVI, da CF: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

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existência de um processo criminal em desfavor do acusado instaurado durante o período da suspensão.


Essa posição também é a do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.INADEQUAÇÃO.


CRIME AMBIENTAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. DESCUMPRIMENTO DE
CONDIÇÃO IMPOSTA. REPARAÇÃO DO DANO. REVOGAÇÃO DA BENESSE APÓS O DECURSO DO
PERÍODO DE PROVA. POSSIBILIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO.

1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado.

2. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça está consolidada no sentido de que o


benefício da suspensão condicional do processo pode ser revogado após o período de prova,
desde que o fato que a ensejou tenha ocorrido antes do término de tal lapso temporal.

3. No caso, o paciente foi intimado a comprovar o cumprimento da condição imposta para a


suspensão condicional do processo, qual seja, a reparação do dano ambiental por ele causado,
tendo permanecido silente, o que justificou a revogação do benefício do art. 89 da Lei n.
9.099/1995 e o prosseguimento da persecução penal.

4. Writ não conhecido.(HC 350.480/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado
em 27/02/2018, DJe 05/03/2018)

É crucial destacar ainda que o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de
que o beneficiário deve ser intimado previamente para justificar o motivo do
descumprimento das condições, antes da revogação do sursis processual. Vejamos.

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. ART. 39 DA LEI 9.605/98.


REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO APÓS O FIM DO PERÍODO DE
PROVA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO RECORRENTE OU DE SUA DEFESA PARA
JUSTIFICAR O DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CONFIGURADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

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I - A Terceira Seção desta Corte Superior, ao julgar o REsp 1498034/RS, sob a égide dos recursos
repetitivos, fixou a tese de que "Da exegese do § 4º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 ("a suspensão
poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção,
ou descumprir qualquer outra condição imposta), constata-se ser viável a revogação da
suspensão condicional do processo ante o descumprimento, durante o período de prova, de
condição imposta, mesmo após o fim do prazo legal." (REsp 1498034/RS, Terceira Seção, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 02/12/2015, grifei).

II - Em outra vertente, muito embora seja possível a revogação da suspensão condicional do


processo após o fim do período de prova, é necessário oportunizar à Defesa a manifestação
acerca do pedido formulado pelo Ministério Público. Precedentes.

III - In casu, não houve intimação prévia do recorrente a fim de justificar o descumprimento
das condições, antes da revogação do sursis processual, configurando o constrangimento ilegal
apontado pela Defesa.

Recurso ordinário parcialmente provido para anular a decisão do Juízo de 1º grau que revogou
a suspensão condicional do processo, determinando-se a prévia intimação do recorrente e de
sua Defesa para que possam se manifestar acerca dos motivos que ensejaram o
descumprimento das condições impostas.

(RHC 84.930/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe
06/04/2018)

Suspensão condicional do processo em crimes ambientais

Com o objetivo de assegurar a reparação do dano ambiental, o art. 28 da Lei 9605/95 (Lei dos Crimes
Ambientais) preconiza que o sursis processual também tem aplicação aos crimes de médio potencial ofensivo
previsto na supracitada Lei, todavia com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o art. 89, § 5°, da Lei 9099/95, dependerá de laudo
de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada os casos de comprovada impossibilidade;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo de 4 (quatro) anos, acrescido de mais um
ano, com suspensão do prazo da prescrição;

III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições de proibição de frequentar determinados


lugares, de se ausentar da comarca sem autorização do juiz e de comparecimento pessoal e obrigatório a
juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do


dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até
o máximo de 5 anos, e dispensa das condições de proibição de frequentar determinados lugares, de se
ausentar da comarca sem autorização do juiz e de comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
mensalmente, para informar e justificar suas atividades;

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V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo


de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do
dano. Vale dizer, transcorrido o prazo máximo de prorrogação (10 anos), será realizado um terceiro (e último)
laudo de constatação de reparação do dano ambiental. 2 situações podem ocorrer:

1) Comprovada a integral reparação do dano ambiental: o juiz declara extinta a punibilidade (art. 89, §5º,
da Lei 9099/95)
2) Restar incompleta a reparação do dano ambiental: a) Se o juiz entender que o beneficiário tomou todas
as providências ao seu alcance para a integral reparação do dano, o juiz declarará extinta a punibilidade,
ainda que não tenha ocorrido a restauração completa do dano ambiental; b) Se o juiz entender que o
beneficiário não envidou os esforços necessários para reparar integralmente o dano ambiental, deve o
magistrado revogar o sursis processual e seguir o curso normal do processo.

Extinção da punibilidade. Se o beneficiário cumprir todas as condições (legais e judiciais) impostas durante
o período de prova, sem que tenha ocorrido a revogação, o magistrado declara extinta a punibilidade, nos
exatos termos do art. 89, § 5º, da Lei 9099/9571. Lembre-se que o sursis processual não gera reconhecimento
de culpa, tampouco configura maus antecedentes, enfim, não produz efeito na esfera criminal.

Suspensão do prazo prescricional. Dispõe o art. 89, 6º, da Lei 9099/95 que não correrá a prescrição durante
o prazo de suspensão do processo. A suspensão do prazo prescricional tem início no dia da decisão que
suspende o processo e volta a correr da data da decisão que revoga o sursis processual. Estamos diante de
uma causa suspensiva do prazo prescricional não contemplada no art. 116 do Código Penal. OBS:
Suspender o prazo prescricional significa computar no prazo prescricional todo o tempo decorrido antes da
causa ensejadora da suspensão da prescrição.

Não aceitação do sursis processual. Se o acusado não aceitar a proposta da suspensão condicional do
processo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos (art. 89, §6º, da Lei 9099/95).

71
Art. 89, §5º, da Lei 9099/95: Expirando o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.

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CARÁTER RETROATIVO DA LEI 9099/95


Estabelece o art. 90 da Lei nº 9099/95:

Art. 90 da Lei 9099/95: As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja
instrução já estiver iniciada.

Conforme estabelece o art. 2º do Código de Processo Penal, as normas processuais têm aplicação imediata,
sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

O art. 90 da Lei 9099/95, por sua vez, determinou que a Lei do JECRIM não teria incidência nos processos
penais cuja instrução já havia sido iniciada.

Ocorre que a Lei 9099/95 é considerada uma norma processual mista ou híbrida, isto é, além de conter
regras de natureza genuinamente processual, também reúne dispositivos de cunho material (exemplo: art.
88 da Lei nº 9099/95 que exige representação, condição específica da ação penal, para os crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas72. Nos casos em que a Lei 9099/95 exigiu representação para a propositura
da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal seria intimado para oferecê-la no prazo de
trinta dias, sob pena de decadência – art. 91 da Lei 9099/9573). Assim, por exemplo, as normas que regulam
o procedimento sumaríssimo do JECRIM têm incidência do comando do art. 2º do CPP, pois seu conteúdo é
essencialmente processual.

Questão: As normas com caráter material inseridas na lei 9099/95 retroagem?

O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que as normas de conteúdo material inseridas na Lei
9099/95 têm efeito retroativo, por serem mais benéficas ao acusado, aplicando-se, no ponto, o previsto no
art. 5º, XL, da Constituição Federal74 (ADI 1719-9, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado 18/06/2007).

72
Art. 88 da Lei 9099/95: Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

OBS: Contravenção penal de vias de fato (art. 21 do Decreto-Lei 3688/41) não sofreu qualquer alteração com o advento da Lei
9099/95. Vale dizer, tal contravenção penal permanece sendo pública incondicionada, por força do art. 17 da Decreto-lei 3688/41.
Esse também é o entendimento do STJ (RHC 47253/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/12/2014).

73Na hipótese do art. 91 da Lei 9099/95 a representação funciona como condição de prosseguibilidade da ação penal, ou seja,
como requisito para o prosseguimento da ação penal. Não confunda com condição de procedibilidade da ação penal, isto é,
condição para deflagrar a ação penal.

74
Art. 5º, XL, da CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

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(CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em vigor da Lei 9099/95,


que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, foi imposta como condição de
procedibilidade a representação do ofendido nos casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas
ações em andamento à época, as vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao
prosseguimento ou não dos feitos. Nesse caso, o critério adotado no que se refere às leis
processuais no tempo foi o da:

a) interpretação extensiva;

b) retroatividade;

c) territorialidade;

d) extraterritorialidade;

e) irretroatividade.

A alternativa correta é a letra B. Lembre-se que norma processual híbrida, por apresentar
também natureza de direito material, retroage para alcançar fatos praticados antes de sua
vigência se for para beneficiar o acusado, como ocorre no caso concreto. Cuida-se da adoção
do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica (art. 5º, XL, da CF).

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CP E DO CPP NA ESFERA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Prevê o art. 92 da Lei nº 9099/95:

Art. 92 da Lei 9099/95: Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de


Processo Penal, no que não forem compatíveis com essa Lei.

No silêncio da Lei especial (Lei 9099/95) sobre determinado assunto, aplica-se, de modo subsidiário, o
previsto no Código Penal e no Código de Processo Penal (regras gerais). É a adoção do princípio da
especialidade consagrado no art. 12 do Código Penal (As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso).

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RESUMO
Previsão constitucional: O artigo 98, I, da Constituição Federal autorizou a criação dos Juizados especiais
criminais, providos por juízes togados e leigos, que serão competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
primeiro grau. A lei 9099/95 restou encarregada de instituir o Juizado Especial criminal no âmbito estadual,
enquanto na esfera federal essa missão coube à lei 10259/01. Os dois principais objetivos do JECRIM, sempre
que possível, são a reparação dos danos causados à vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade

Critérios norteadores do JECRIM - Oralidade, informalidade, simplicidade, economia processual e


celeridade.

Crime de menor potencial ofensivo - São todas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, previsto ou não em procedimento
especial. A lei 9099/95 não tem aplicação aos processos da Justiça Militar.

Competência do JECRIM - A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a
infração penal.

Citação no JECRIM - A citação será pessoal e será feita no próprio Juízo, sempre que possível, ou por
mandado. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum
para adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).

Fase preliminar - A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança.

Composição dos danos civis - A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Tratando-se
de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Transação penal - Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada,
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva
de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável,
o Juiz poderá reduzi-la até a metade. Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da
infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido
o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos
termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. Aceita a proposta pelo
autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. Acolhendo a proposta do Ministério
Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará

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em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco
anos. Da sentença que homologa a transação penal caberá a apelação. A transação penal não constará de
certidão de antecedentes criminais, salvo para análise de outra transação penal, e não terá efeitos civis,
cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Rito sumaríssimo - Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência
do autor do fato, ou pela não ocorrência da transação penal, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de
imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. Para o oferecimento da
denúncia, que será elaborada com base no termo circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por
boletim médico ou prova equivalente. Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
existentes ao Juízo Comum, que adotará o rito sumário (art. 538 do CPP). Já na ação penal de iniciativa do
ofendido poderá ser oferecida queixa oral.

Audiência no rito sumaríssimo - Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a
vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-
se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. Todas as provas serão produzidas na audiência
de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias. De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes,
contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. A sentença, dispensado
o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz.

Apelação no JECRIM - Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
na sede do Juizado. A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo
Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente. O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. As partes poderão
requerer a transcrição da gravação da fita magnética. As partes serão intimadas da data da sessão de
julgamento pela imprensa. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.

Embargos de declaração no JECRIM - Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão,


houver obscuridade, contradição ou omissão. Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou
oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. Os embargos de declaração interrompem
o prazo para a interposição de recurso. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Suspensão condicional do processo - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão
do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,
poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I -
reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III -
proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e

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obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. O Juiz poderá especificar outras
condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano (causas de revogação obrigatória do sursis
processual). A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta (causas de revogação facultativa do sursis
processual). Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. Não correrá a prescrição
durante o prazo de suspensão do processo. Se o acusado não aceitar a proposta do sursis processual, o
processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

SÚMULAS:

Súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão
de segundo dos Juizados Especiais.

Súmula 243 do Superior Tribunal de Justiça: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em
relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite
de um (01) ano.

Súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça: É cabível a suspensão condicional do processo na


desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.

Súmula 376 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de
segurança contra ato de juizado especial.

Súmula 428 do Superior Tribunal de Justiça: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de
competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: A suspensão condicional do processo e a transação penal não
se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Súmula 640 do Supremo Tribunal Federal: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz
de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.

Súmula 693 do Supremo Tribunal Federal: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

Súmula 696 do Supremo Tribunal Federal: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a
questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Súmula 723 do Supremo Tribunal Federal: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto for superior a
um ano.

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Súmula vinculante 35 → A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição
de inquérito policial.

DISPOSIÇÕES FINAIS
Vamos comentar os principais dispositivos legais desse capítulo (Disposições Finais da Lei 9099/95), a saber:

Art. 93 da Lei nº 9099/95: Lei estadual disporá sobre o sistema de Juizados Especiais Cíveis e
Criminais, sua organização, composição e competência.

Compete aos Estados-Membros editarem leis para cuidar da organização, composição e competência do
Juizado Especial Criminal, não podendo, em hipótese alguma, tais leis estaduais entrarem conflito com o
previsto na Lei 9099/95.

Art. 94 da Lei nº 9099/95: Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as audiências


realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando
instalações de prédios públicos, de acordo com audiências previamente anunciadas. Lei estadual
disporá sobre o sistema de Juizados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e
competência.

Art. 95 da Lei nº 9099/95: Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e instalarão os Juizados
Especiais no prazo de seis meses, a contar da vigência desta Lei.

Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da publicação desta Lei, serão criados e
instalados os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos
existentes nas áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional. (Acréscimo feito
lei 12.726/12)

A lei prevê a criação de Juizados Especiais Criminais Itinerantes, com o escopo de levar o sistema de justiça
a todos os locais do território nacional. Nota-se ainda que o JECRIM itinerante não se limita às áreas rurais
ou locais de menor concentração populacional, devendo alcançar também lugares em que há carência de
distribuição de justiça.

LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS


Magistratura

1. (FCC/Juiz Substituto de Pernambuco/2011) A suspensão condicional do processo prevista no art.


89 da Lei no 9.099/95:

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a) é aplicável tão-somente às infrações de menor potencial ofensivo.


b) é cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva, segundo
entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.
c) exige necessariamente a reparação do dano.
d) é cabível no crime continuado, ainda que a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto seja superior a um ano, conforme súmula do Supremo Tribunal Federal.
e) conduz à absolvição se expirado o prazo sem revogação.

Comentários

A alternativa correta é a letra B. Aliás, é a redação da Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional
do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.

Alternativa A está errada: O instituto despenalizador aplica-se não só aos crimes de menor potencial
ofensivo, mas também aos delitos de médio potencial ofensivo, conforme conclusão decorrente do art. 89,
caput, da Lei 9099 (nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas
ou não por esta Lei)

Alternativa C está errada: É condição obrigatória (legal) para a concessão do sursis processual a reparação
do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo (art. 89, §1º, I, da Lei 9099/95)

Alternativa D está errada: A súmula 723 do STF preconiza que não se admite a suspensão condicional do
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de 1/6 (um sexto) for superior a 1 (um) ano.

Alternativa E está errada: Expirando o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade e não
confeccionará uma sentença absolutória (art. 89, § 5º, da Lei 9099/95).

2. (VUNESP/Juiz de Direito de São Paulo/2017) A suspensão condicional do processo é


A) inadmissível, em qualquer caso, se a lesão corporal for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
B) admissível nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a declaração de extinção da
punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, salvo impossibilidade de
fazê-lo, permitida a prorrogação do prazo, se incompleta a reparação, com suspensão da prescrição.
C) aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso de crimes, excetuado o concurso
material, quando a pena mínima cominada, pela incidência da majorante, não ultrapassar o limite de um (1)
ano.
D) cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva, se reunidos os
pressupostos legais permissivos, com remessa necessária da questão ao Procurador Geral de Justiça, ainda
que ausente dissenso, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Comentários

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A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia com o estipulado pelo art. 28 da Lei 9605/98,
ou seja, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano
ambiental, ressalvada a impossibilidade de fazê-lo. Além do mais, é permitida prorrogação pelo prazo
máximo de 10 anos, não correndo a prescrição durante o período de prova.

A alternativa A está errada, a suspensão condicional do processo somente não é cabível quando estivermos
diante de uma hipótese de lesão corporal, ainda que leve, praticada no âmbito da violência doméstica e
familiar contra a mulher (art. 41 da Lei 11340/06).

A alternativa C está errada, pois a suspensão condicional do processo pode ser aplicada aos casos de
concurso material de infrações penais quando as penas mínimas somada não ultrapassar a 1 ano.

A alternativa D está errada, pois o magistrado somente encaminhará os autos ao Procurador-Geral, com
aplicação da regra do art. 28 do CPP, se houver recusa do MP em oferecer a suspensão condicional do
processo.

3. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo) No tocante aos juizados especiais criminais, é correto
afirmar que
a) cabe recurso especial, mas não extraordinário, contra decisão proferida por turma recursal.
b)cabe revisão criminal de decisão do juizado especial e, por expressa disposição legal, compete à turma
recursal julgá-la.
c) compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal.
d) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

Comentários

A alternativa correta é a letra D. Compete à Turma Recursal julgar mandado de segurança contra ato
praticado por magistrado do JECRIM. Aliás, se o ato impugnado for da Turma Recursal, a competência para
julgar o mandado de segurança também recai sobre a Turma Recursal, aplicando-se, por analogia, o previsto
no art. 21, VI, da Lei Complementar nº 35/79.

A alternativa A está errada, pois não é cabível recurso especial de decisões proferidas em sede de JECRIM,
pois o art. 105, III, da CF estabelece como pressuposto recursal de que a decisão seja proferida por TRFs ou
por Tribunal de Justiça. De outro giro, é cabível recurso extraordinário de decisões advindas da Turma
Recursal (súmula 640 do STF).

A alternativa B está errada, pois não há expressa previsão legal acerca do cabimento da revisão criminal.
Todavia, a doutrina e jurisprudência têm aceitado tal ação impugnativa contra atos praticados por juiz ou
pela Turma Recursal, em homenagem ao princípio do favor rei. A competência será da própria Turma
Recursal.

A alternativa C está errada, pois as ordens de habeas corpus impetrados contra ato do juiz do JECRIM deve
ser julgado pela Turma Recursal. Já o ato da Turma Recursal pode ser impugnado por habeas corpus que será
apreciado pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, em que os integrantes das Turmas Recursais
estiverem subordinados.

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4. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo/2015) A sentença de transação penal, nos termos do artigo
76, parágrafo 5º , da Lei nº 9.099/95, tem as seguintes características:
Parte superior do formulário
A) A) tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material.
B) tem natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada apenas material.
C) possui natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada formal e material.
D) possui natureza absolutória e não faz coisa julgada formal e material.Parte inferior do formulário

Comentários

A alternativa correta é a letra A. A sentença de transação penal é homologada pelo magistrado e não faz
coisa julgada material. Assim, em caso de descumprimento do acordo pelo autor do fato, o titular da ação
penal pode oferecer a peça acusatória. Esse é o teor da súmula vinculante 35 do STF: A homologação da
transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

As alternativas B, C e D estão erradas, vez que contrariam a súmula vinculante 35.

5. (VUNESP/ Juiz de Direito de Mato Grosso do Sul/2015) No que se refere aos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da Lei no 9.099/95, é correto afirmar que da decisão
A) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que poderá ser julgado por turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado e da
sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do
Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
B) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta
de três Desembargadores.
C) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
na sede do Juizado.
D) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela
Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
E) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por Turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

Comentários

A alternativa correta é a letra E. De acordo com o art. 82, caput, da Lei 9099/95, de rejeição da denúncia
ou queixa-crime é cabível o recurso de apelação, que será julgada pela Turma Recursal, que é um colegiado
composto de magistrados de primeiro grau de jurisdição (art. 98, I, da CF).

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As alternativas A e B estão erradas, pois destoam do previsto no art. 82, caput, da Lei 9099/95 e art. 98, I,
da CF.

A alternativa C está errada, porquanto contraria o disposto no art. 82, caput, da Lei 9099/95.

A alternativa D está errada, haja vista ser contrária ao previsto no art. 98, I, da CF.

6. (PUC-PR/Juiz de Direito Substituto de Mato Grosso do Sul/2012) Em relação ao procedimento nos


Juizados Especiais Criminais, é correto afirmar:
a) Após aberta a audiência e ofertada a palavra ao advogado defensor para responder à acusação, o juiz,
caso venha a receber a denúncia ou queixa, designará imediatamente audiência, para a próxima data
disponível na pauta, para a qual todos serão intimados - o acusado e a vítima - imediatamente.
b) Torna-se imprescindível o inquérito policial prévio para oferecimento da denúncia quando esta for
embasada em registro de ocorrência policial.
c) O exame de corpo de delito é obrigatório, para qualquer crime que deixe vestígio como forma de provar
a materialidade delitiva.
d) É necessário mandado a ser cumprido por Oficial de Justiça para intimar testemunhas.
e) Na ação penal de iniciativa pública, quando inexistir aplicação de pena, pela ausência do noticiado ou pela
inocorrência de transação penal, o representante do Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia
oral ao juiz, caso sejam desnecessárias outras diligências.

Comentários

A alternativa correta é a letra E, sendo mera reprodução do art. 77, caput, da Lei 9099/95.

A alternativa A está errada, pois aberta a audiência, será dada palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a
vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-
se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença (art. 81, caput, da Lei 9099/95).

A alternativa B está errada, pois o procedimento investigatório no âmbito do JECRIM é o termo


circunstanciado de ocorrência (art. 69, caput, da Lei 9099/95). Em caso de complexidade da causa, o
Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento dos autos ao Juízo comum (art. 77, §2º, da
Lei 9099/95).

A alternativa C está errada, pois, de acordo com o art. 77, §1º, da Lei 9099/95, o oferecimento da denúncia,
que será elaborada com base no termo circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito policial,
prescindirá do exame de corpo de delito quando a prova da materialidade delitiva estiver demonstrada por
boletim médico ou prova equivalente.

A alternativa D está errada, vez que o art. 67 da Lei 9099/95 permite várias formas informais de intimação
da testemunha. Além do mais, quando a intimação é realizada por oficial de justiça não é necessária a
intimação por mandado.

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7. (VUNESP/ Juiz de Direito do Pará/2014) Acerca do rito sumaríssimo, são regras procedimentais
expressamente previstas na Lei nº 9099/95:
a) desnecessidade de relatório na sentença; impossibilidade de expedição de cartas precatórias e rogatórias.
b) possibilidade de oferecimento de denúncia oral; necessidade de apresentação concomitante de
interposição e razões em caso de apelação.
c) intimação das testemunhas por carta com aviso de recebimento pessoal; desnecessidade de intimação
das partes para o julgamento da apelação.
d) possibilidade de oferecimento de queixa oral; impossibilidade de nomeação de assistente técnico.
e) impossibilidade de condução coercitiva de testemunha; impossibilidade de embargos de declaração.

Comentários

A alternativa correta é a letra B. É possível o oferecimento oral da denúncia e da queixa-crime de modo oral
(art. 77 da Lei 9099/95). A apelação será interposta no prazo de 10 (dez) dias, contados da ciência da
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e
o pedido do recorrente.

A alternativa A está errada. De fato, o relatório é dispensável no JECRIM (art. 81, §3º, da Lei 9099/95).
Todavia, não há qualquer óbice legal para a expedição de precatória e de rogatória no JECRIM.

A alternativa C está errada. De fato, é possível a intimação de testemunha por carta com aviso de
recebimento (art. 67, caput, da Lei 9099/95). Já as partes deverão ser intimadas da sessão de julgamento
pela imprensa (art. 82, §4º, da Lei 9099/95).

A alternativa D está errada. É possível o oferecimento oral da denúncia e da queixa-crime de modo oral (art.
77 da Lei 9099/95). A lei 9099/95 não proíbe a nomeação de assistente técnico.

A alternativa E está errada. De fato, o art. 80 da Lei 9099/95 preconiza que nenhum ato será adiado,
determinando o juiz, quando imprescindível, a conduta coercitiva de quem deva comparecer. Todavia, é
possível a oposição de embargos de declaração no JECRIM (art. 83 da Lei 9099/95).

8. (CESPE- Juiz de Direito Substituto- MA/2013) De acordo com as normas que regem os juizados
especiais, assinale a opção correta.
a) A competência do juizado especial criminal é determinada pelo lugar em que tenha sido praticada a
infração penal, ou pelo lugar em que se tenha produzido seu resultado.
b) Sempre que possível, a citação do autor do fato deverá ser feita pessoalmente no próprio juizado, ou por
mandado, e, não sendo ele encontrado para ser citado, o juiz deverá encaminhar as peças existentes ao juízo
criminal comum.
c) Os atos processuais praticados nos juizados especiais criminais devem ser públicos, podendo realizar-se
em horário noturno, em qualquer dia da semana, ressalvados domingos e feriados.
d) O instituto da transação penal não se aplica no âmbito da justiça militar, salvo nos crimes militares
próprios.

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Comentários

A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia com o previsto no art. 66 da Lei 9099/95. Vale
dizer, em caso de impossibilidade de citação pessoal, os autos serão encaminhados para o Juízo comum (rito
sumário – art. 538 do CPP), ante a inexistência de citação por edital no JECRIM.

A alternativa A está errada. A competência do JECRIM será determinada pelo lugar em que foi praticada a
infração penal (art. 63 da Lei 9099/95).

A alternativa C está errada. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e
em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciárias. Vale dizer, não há
impedimento legal para tais atos não serem realizados em domingos e feriados.

A alternativa D está errada. O instituto da transação penal não é cabível nos crimes militares, quer próprios
(previstos apenas no CPM), quer impróprios (previstos no CPM e no CP comum), segundo determina o art.
90-A da Lei 9099/95.

9. (FCC/Juiz de Direito do Mato Grosso do Sul/2020) Em relação aos Juizados Especiais Criminais,
correto afirmar que
a) a competência será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal ou pelo domicílio da
vítima, a critério desta.
b) cabível a interposição de recurso em sentido estrito, no prazo de 05 (cinco) dias, contra a decisão de
rejeição da denúncia ou queixa, com abertura de vista para apresentação das razões em 08 (oito) dias.
c) não cabe recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém,
processar e julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial.
d) cabem embargos de declaração, no prazo de 05 (cinco) dias, quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão, sem interrupção, contudo, do prazo para a interposição de recurso.
e) os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana,
incabível, porém, a prática em outras comarcas.

Comentários

A alternativa correta é a letra C. Conforme estabelece a súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça: Não
cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Lembre-
se que o art. 105, III, da Constituição Federal prevê o cabimento de recurso especial apenas de decisões
advindas de Tribunais. No mais, é cabível a impetração de mandado de segurança contra ato de Juizado
Especial, que será julgado pela Turma Recursal (súmula 376 do STJ).

A alternativas A está errada, pois a competência do Juizado Especial será determinada pelo lugar em que foi
praticada a infração penal (art. 63 da Lei nº 9.099/95).

A alternativas B está errada, o recurso previsto para impugnar a decisão de rejeição da peça acusatória é a
apelação, que deve ser manejado no prazo de 10 dias (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95).

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A alternativa D está errada, o prazo para a oposição de embargos de declaração no Juizado Especial é de 5
dias contados da ciência da decisão (art. 83, §1º, da Lei nº 9.099/95). Os embargos de declaração
interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, conforme alteração advinda pelo artigo 1066
do Novo Código de Processo Civil (Lei 13105/16). Lembre-se que interromper o prazo significa dizer que o
lapso temporal para a interposição de outros recursos é reiniciado (“volta à estaca zero”).

A alternativa E está errada. De acordo com o art. 64, caput, da Lei nº 9.099/95, os atos processuais podem
ser realizados no período noturno e em qualquer dias da semana. Além do mais, a prática de atos processuais
em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação (art. 65,§2º, da Lei nº
9.099/95)

10. (VUNESP/Juiz de Direito do Rio de Janeiro/2019) A aplicação imediata da pena restritiva de direitos
ou multa, conhecida como “transação penal”, tal qual prevista no art. 76, parágrafo 2° da Lei n° 9.099/95,
não será admitida se ficar comprovado
a) que o crime foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa.
b) ter sido o agente beneficiado anteriormente pela aplicação de pena restritiva ou multa na mesma
modalidade de “transação penal”.
c) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, à pena privativa de
liberdade transitada em julgado.
d) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, a pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva.
e) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

Comentários

A alternativa correta é a letra E. Nos termos do art. 76, §2º, III, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta
de transação penal se ficar comprovado não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

A alternativas A está errada. A Lei nº 9.099/95 não inibe a transação penal para os crimes cometidos com
violência ou grave ameaça. Lembre-se que não cabe os institutos despenalizadores aos crimes cometidos no
âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher.

A alternativas B está errada. De acordo com o art. 76, §2º, II, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta
de transação penal se ficar comprovado ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos,
pela aplicação de pena restritiva ou multa.

A alternativa C está errada. De acordo com o art. 76, §2º, I, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta
de transação penal se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela pratica de crime, à
pena privativa de liberdade, por sentença definitiva.

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A alternativa D está errada. Segundo o art. 76, §2º, I, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta de
transação penal se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela pratica de crime, à pena
privativa de liberdade, por sentença definitiva.

Promotor

11. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) O juizado especial criminal julga as infrações
penais de menor potencial ofensivo, prorrogando sua competência nos casos de concurso de infrações que
eventualmente ultrapassem a pena cominada de 2 (dois) anos.

Comentários

O item está errado. Se o somatório das penas máximas em abstrato dos crimes em concurso ultrapassarem
o limite legal de 2 anos, exsurgirá a competência do Juízo comum para o processamento e julgamento da
ação penal. Em outras palavras, o JECRIM não terá competência para tanto.

12. (MPE/RS/ Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Petrônio, réu em processo por furto
simples, reúne todos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo. Ainda
assim, fundamentadamente, o Promotor de Justiça deixa de oferecer-lhe o benefício. Nesse caso,
dissentindo do membro do Ministério Público, deve o Juiz:
a) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo
Penal.
b) conceder o benefício de ofício, já que se trata de direito subjetivo do réu.
c) comunicar a Corregedoria-Geral do Ministério Público face o comportamento do Promotor de Justiça.
d) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça que designe outro membro do Ministério Público para reexaminar
os autos.
e) remeter os autos para as Turmas Recursais do Juizado Especial Criminal.

Comentários

A alternativa correta é a letra A. Se o juiz discorda do posicionamento do membro do Ministério Público


acerca do não oferecimento da proposta da suspensão condicional do processo, aplica-se, por analogia, o
art. 28 do CPP, ou seja, os autos são encaminhados ao Procurador-Geral que deliberará sobre a formulação,
ou não, da proposta de sursis processual. Lembre-se que na esfera federal, o magistrado deve encaminhar
os autos para a Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.

A alternativa B está errada. Motivo: O magistrado não pode conceder de ofício o sursis processual.

A alternativa C está errada. Motivo: Os autos não devem ser encaminhados à Corregedoria-Geral do MP,
pois não houve falta funcional do integrante do Parquet.

A alternativa D está errada. Motivo: A deliberação acerca da formulação, ou não, da suspensão condicional
do processo é do chefe da Instituição (Procurador-Geral), segundo aplicação analógica do art. 28 do CPP.

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A alternativa E está errada. Motivo: Os autos não devem ser encaminhados pelo magistrado às Turmas
Recursais, mas sim ao Procurador-Geral.

13. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) A ausência de coisa julgada de transação


penal permite retornar-se à situação anterior, possibilitando ao Ministério Público o oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial, se forem descumpridas as cláusulas de acordo.

Comentários

O item está correto, eis que a assertiva está em sintonia com a súmula vinculante 35: A homologação da
transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

14. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2014). Analise o item a seguir:


Segundo a Lei nº 9099/95, as suas disposições não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

Comentários

O item está correto, eis que o art. 90-A da Lei 9099/95 deixou expresso a inaplicabilidade da Lei 9099/95 aos
delitos militares. Tal dispositivo legal foi acrescentado na Lei do JECRIM pela lei 9839/99.

15. (MPE-RS/Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Assinale a alternativa INCORRETA.


A) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o autor da infração
condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos, por sentença definitiva.
B) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados preferencialmente entre bacharéis em Direito
(art. 73, parágrafo único, da Lei n. 9099/95).
C) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95) oferecida pelo Ministério
Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de apelação.
D) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso de apelação.
E) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de revogação da suspensão condicional
do processo.

Comentários

A alternativa incorreta é a letra A. O art. 76, §2, I, da Lei 9099/95 veda a transação penal se o autor da
infração for condenado pela prática de crime à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva.

As alternativa B, C, D e E estão corretas (arts. 73, § único, 76, 82 e 89, §3º, todos da Lei 9099/95).

16. (FCC/Promotor de Justiça de Pernambuco/2014) No que toca à composição dos danos civis nos
juizados especiais criminais, possível assegurar que
a) não implica decadência o não oferecimento da representação na audiência preliminar, se não obtido o
acordo.

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b) é incabível na ação penal pública incondicionada.


c) é cabível apenas na ação penal privada e, se operada, conduz à absolvição.
d) é cabível apenas na ação penal pública condicionada e, se operada, conduz à extinção da punibilidade pela
renúncia ao direito de representação.
e) conduz à extinção da punibilidade pelo perdão aceito nos crimes de ação privada.

Comentários

A alternativa correta é a letra A. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao
ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. O não
oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser
exercido no prazo previsto em lei (art. 75 da Lei 9099/95).

A alternativa B está errada. É perfeitamente possível a composição dos danos civis nos crimes de menor
potencial ofensivo de ação penal pública incondicional, porém essa situação não obsta a transação penal. Já
nos crimes cometidos sem violência ou grave é possível a incidência da causa de diminuição referente ao
arrependimento posterior (art. 16 do CP).

A alternativa C está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada) e de ação penal de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de
ação penal de iniciativa privada acarreta a renúncia ao direito de queixa-crime (art. 74, parágrafo único, da
Lei 9099/95).

A alternativa D está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada) e de ação penal de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de
ação penal pública condicionada à representação acarreta a renúncia ao direito de representação (art. 74,
parágrafo único, da Lei 9099/95).

A alternativa E está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada) e de ação penal de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de
ação penal de iniciativa privada acarreta a renúncia ao direito de queixa (art. 74, parágrafo único, da Lei
9099/95). O perdão do ofendido é possível apenas depois de instaurado o processo criminal e cabível apenas
na ação penal de iniciativa privada.

17. CESPE/ Promotor de Justiça do Ceará/2020


Em ação penal privada, pedido de suspensão condicional do processo
a) não é cabível, assim como a transação penal, porque tanto esse pedido quanto a transação penal são
exclusivos de ações penais públicas.
b) é cabível, desde que oferecido pelo Ministério Público, por ser um direito público subjetivo do acusado.
c) não é cabível, diferentemente da transação penal, haja vista expressa disposição legal.
d) é cabível, desde que oferecido pelo ofendido.
e) é cabível somente em favor do réu, haja vista a possibilidade de ofensa ao princípio da indivisibilidade da
ação penal privada.

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Comentários

A alternativa correta é a letra D. Em que pese a interpretação gramatical do art. 89, caput, da Lei, apontar
para outro sentido, é pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento do sursis processual nas ações
penais de iniciativa privada, devendo a proposta do benefício ser formulada pelo querelante. Essa é a posição
do STJ:

HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A HONRA. ALEGAÇÃO DE


CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PLEITO PELO CABIMENTO DA
SUSPENSÃO PROCESSUAL. IMPETRAÇÃO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE LEGITIMAÇÃO
CONCORRENTE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 714/STF. AÇÃO
PRIVADA. NESTES CRIMES, A LEGITIMIDADE PARA PROPOR O SURSIS PROCESSUAL É DO
QUERELANTE. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

1. É de entendimento uníssono dos Tribunais Superiores que o Ministério Público pode impetrar
o remédio heroico (art. 654, caput, CPP), desde que seja para atender ao interesse do paciente.

2. Cabe a propositura da queixa-crime ao ofendido que optou em promover a ação penal privada,
não se podendo aceitar que o Ministério Público ingresse no pólo ativo da demanda, exceto no
caso de representação ou flagrante negligência do titular no seu curso. A referida orientação está
cristalizada na edição da Súmula n.º 714/STF: "É concorrente a legitimidade do ofendido,
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação
penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções."

3. O Superior Tribunal de Justiça, em remansosos julgados considera crível o sursis processual


(art. 89 da Lei nº 9.099/95) nas ações penais privadas, cabendo sua propositura ao titular da
queixa-crime.

4. A legitimidade para eventual proposta de sursis processual é faculdade do querelante. Ele


decidirá acerca da aplicação do benefício da suspensão condicional do processo nas ações
penais de iniciativa, exclusivamente, privada.

5. Ordem denegada.

(HC 187.090/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO


TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 21/03/2011)

A letra A está errada. O sursis processual e a transação penal são cabíveis tanto nas ações penais públicas
(incondicionadas ou condicionadas) como nas ações penais de iniciativa privada.

A letra B está errada. Caberá ao querelante oferecer a proposta de sursis processual e não o Ministério
Público.

A letra C está errada. Presentes os requisitos legais, o sursis processual e a transação penal são cabíveis
tanto nas ações penais públicas (incondicionadas ou condicionadas) como nas ações penais de iniciativa
privada.

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A letra D está errada. A proposta de sursis processual, instituto despenalizador descrito no art. 89 da Lei nº
9.099/95, não ofende o princípio da indivisibilidade da ação penal (ação penal deve abranger todos aqueles
que cometerem a infração). Logo, tal benefício deve ser concedido a todos os acusados que preencherem os
os pressupostos legais.

18. (VUNESP/Promotor de Justiça de São Paulo/2019) Sobre a transação penal, assinale a alternativa
correta.
a) Não cumprido o acordo homologado, que faz coisa julgada material, deverá o Ministério Público executá-
lo no juízo de execução.
b) Na ausência de proposta do Ministério Público, poderá o juiz criminal fazê-lo, pois se trata de direito
público subjetivo do autor do fato.
c) No crime de porte de entorpecente para consumo pessoal, é vedado ao Ministério Público propor a
aplicação imediata de sanção prevista no art. 28 da Lei n° 11.343/06.
d) No crime de lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP), a homologação do acordo de transação civil não
impede a posterior proposta de transação penal.
e) No crime de lesão corporal leve decorrente de violência doméstica contra a mulher, não poderá o
Ministério Público oferecer a proposta.

Comentários

A alternativa correta é a letra E. Na forma da súmula 536 do STJ, a suspensão condicional do processo e a
transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Logo, no delito
de lesão corporal leve em sede de violência doméstica e familiar contra a mulher o MP não oferecerá
proposta de transação penal.

A alternativas A está errada. Súmula vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no art. 76
da Lei 9099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.

A alternativas B está errada. A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de
inquérito policial.

A alternativas C está errada. Súmula 696 do Supremo Tribunal Federal: Reunidos os pressupostos legais
permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal.

A alternativa D está errada. Com base no art. 74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. O crime de lesão corporal leve é uma ação penal
condicionada à representação.

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Defensor

19. (CESPE/Defensor Público Federal/2007). Analise o item abaixo:


“A prática de conduta delituosa, com causa de aumento de pena, deve ser considerado o acréscimo, em
adição a pena em abstrato, para efeito da concessão da suspensão condicional do processo.”

Comentários

O item está correto. Motivo: O acréscimo advindo da causa de aumento deve ser levado em conta para a
análise da suspensão condicional do processo. Essa conclusão deriva de 2 súmulas. Súmula 243 do STJ: O
benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso
material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório,
seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. Súmula 723 do STF: Não se admite a
suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave
com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.

20. (CESPE/ Defensor Público do Acre/2017) De acordo com a Lei 9099/95 e com o entendimento
doutrinário e jurisprudencial dominantes, a proposta de transação penal:
a) configura hipótese de retratação da ação penal já oferecida;
b) é cabível nos crimes de ação penal privada, caso não haja prévia composição dos danos cíveis.
c) deve ser ofertada, de ofício, pelo juiz ao autor do crime quando não tiver sido apresentada pelo MP.
d) depende de consentimento prévio do ofendido ou de quem o represente na ação penal pública
condicionada à representação.
e) prescinde da presença de defensor público para a aceitação pelo autor do fato.

Comentários

A alternativa correra é a letra B. Motivo: É perfeitamente possível a transação penal nos crimes de ação
penal de iniciativa privada, sendo incumbência do querelante apresentar a proposta. Para que exista a
transação é necessário não ter ocorrido a prévia composição dos danos civis, situação essa que se presente
acarretaria à renúncia ao direito de queixa-crime.

Alternativa A está errada: A transação, que é um acordo firmado entre o titular da ação penal e o autor dos
fatos com o escopo de evitar a instauração do processo criminal, não é hipótese de retratação de ação penal
já oferecida.

Alternativa C está errada: O magistrado não pode de ofício apresentar proposta de transação penal. Caso
haja recusa do MP em apresentá-la deve o magistrado encaminhar os autos ao Procurador-Geral, com
invocação do artigo 28 do CPP por analogia.

Alternativa D está errada: O ofendido não tem qualquer ingerência para a efetivação da proposta de
transação penal em crime de ação penal pública.

Alternativa E está errada: O art. 76, §3º, da Lei 9099/95 exige a presença de defensor (público ou privado).

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21. (CESPE/Defensor Público de Pernambuco/2018 - Adaptada) Acerca dos procedimentos nos


juizados especiais criminais, assinale a opção correta.
A) A citação do acusado pode se dar por edital, não havendo deslocamento da competência para o juízo
criminal comum.
B) No caso de causa complexa, haverá o deslocamento da competência para o juízo criminal comum,
mantendo-se o procedimento sumaríssimo.
C) A medida processual cabível contra a decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa-crime será o recurso em
sentido estrito, que deverá ser interposto no prazo de dez dias.
D) De acordo com o STJ, no caso de ação penal privada, são aplicáveis os benefícios da transação penal e da
suspensão condicional do processo.

Parte inferior do formulário

Comentários

A alternativa correta é a letra D. Os institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão


condicional do processo também são aplicáveis à ação penal de iniciativa privada, segundo jurisprudência
do STJ (HC 147.251 e HC 187090).

A alternativa A está errada. Não existe citação por edital no JECRIM. Em caso de impossibilidade de citação
pessoal, os autos são encaminhados ao Juízo comum, com adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).

A alternativa B está errada. Em razão da complexidade da causa, os autos serão encaminhados ao Juízo
comum (art. 77, §2º, da Lei 9099/95), que adotará o rito sumário (art. 538 do CPP).

A alternativa C está errada. No JECRIM é cabível o recurso de apelação da decisão que rejeita a denúncia ou
a queixa-crime (art. 82 da Lei 9099/95).

22. (CESPE/Defensor Público de Alagoas/2017) Considerando a jurisprudência dos tribunais


superiores, assinale a opção correta relativa à suspensão condicional do processo.Parte superior do
formulário
A) O juiz fixará a suspensão condicional do processo pelo prazo de um a três anos, podendo revogá-la a
qualquer tempo, se o beneficiário do sursis vier a ser processado por outro crime.
B) O juiz não poderá revogar a suspensão condicional do processo se o beneficiário do sursis vier a ser
processado por contravenção penal.
C)Tratando-se de crimes de ação penal pública, somente o Ministério Público é legitimado a ofertar a
suspensão condicional do processo.
D) Como o sursis processual é ato discricionário, caso o promotor de justiça não proponha a suspensão
condicional do processo, restará ao juiz dar-lhe continuidade.
E) A suspensão condicional do processo depende exclusivamente do preenchimento dos requisitos objetivos
fixados para o reconhecimento de infrações de menor potencial ofensivo.

Comentários

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A alternativa correta é a letra C. Nos crimes de ação penal pública é o Ministério Público o órgão legitimado
para propor o sursis processual (art. 89, caput, da Lei 9099/95).

A alternativa A está errada, pois o período de prova no sursis processual varia de 2 a 4 anos. Além do mais,
é causa de revogação obrigatória do referido instituto despenalizador se o acusado vier a ser processado por
outro delito (art. 89, §3º, da Lei 9099/95).

A alternativa B está errada, é motivo de revogação facultativa o fato de o acusado vier a ser processado por
contravenção penal (art. 89, §4º, da Lei 9099/95).

A alternativa D está errada, pois o magistrado não pode conceder o sursis processual de ofício. Assim, em
caso de recusa do membro do MP, o juiz deve encaminhar os autos ao Procurador-Geral, com adoção
analógica do art. 28 do CP.

A alternativa E está errada, haja vista que o sursis processual não se restringe aos crimes de menor potencial
ofensivo, mais sim aos delitos com pena mínima igual ou inferior a 1 ano, abrangidas ou não pela Lei 9099/95.

23. (VUNESP/Defensor Público de Rondônia/2017). Nos Juizados Especiais Criminais,


Parte superior do formulário
A) A) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada
por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
B) a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada a infração penal.
C) a apelação será interposta no prazo de cinco dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público,
pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
D) o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
aplicação de pena privativa de liberdade.
E) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo apenas e tão somente os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.Parte inferior do formulário

Comentários

A alternativa correta é a letra A. De modo diverso do CPP, a Lei 9099/95 estabelece o recurso de apelação
da decisão que rejeita a peça acusatória no JECRIM, sendo a Turma Recursal o órgão jurisdicional competente
para apreciar esse inconformismo. De acordo com o art. 98, I, da CF, a Turma Recursal é constituída por juízes
de primeiro grau de jurisdição.

A alternativa B está errada, a competência no JECRIM será determinada pelo lugar em que for praticada a
infração penal (art. 63 da Lei 9099/95).

A alternativa C está errada, porquanto a apelação será interposta no prazo de 10 dias, contados da ciência
da sentença pelo MP, réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente (art. 82, §1º, da Lei 9099/95).

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A alternativa D está errada, porquanto o JECRIM visa a aplicação de pena não privativa de liberdade (art. 62
da Lei 9099/95)

A alternativa E está errada. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos,
cumulada ou não com multa (art. 61 da Lei 9099/95).

24. (FCC - Defensor Público do Paraná/2012) Marcelino, primário e de bons antecedentes, é


denunciado pelo crime de furto simples, oportunidade em que é citado para responder aos termos da
acusação. Neste caso, de acordo com o entendimento jurisprudencial dominante no Supremo Tribunal
Federal e com base na Lei nº 9.099/95,
a) na ausência de proposta de suspensão condicional do processo, deve o juiz aplicar analogicamente o art.
28 do CPP.
b) a proposta de suspensão condicional do processo é ato privativo do Ministério Público e o crime de furto,
por não ser da competência do Juizado Especial Criminal, não comporta o oferecimento do sursis processual.
c) caso seja oferecida a proposta de sursis processual, o processo ficará suspenso pelo período de 1 (um)
ano, devendo o acusado, durante o período de prova, observar as condições estabelecidas na proposta.
d) a suspensão será revogada se, no curso do processo, o beneficiário vier a ser processado por contravenção.
e) a prescrição será interrompida durante o prazo da suspensão condicional do processo.

Comentários

A alternativa correta é a letra A. Na ausência de proposta de suspensão condicional do processo pelo


membro do MP, o juiz deve encaminhar os autos ao chefe da Instituição ministerial (Procurador-Geral da
Justiça/Procurador-Geral da República), em analogia ao art. 28 do CPP. Essa é redação da súmula 696 do STF.

A alternativa B está errada. Nos crimes de ação penal pública cabe ao Ministério Público propor o sursis
processual. Em razão de o delito de furto ter pena mínima de 1 ano é cabível a suspensão condicional do
processo.

A alternativa C está errada. O período de prova do sursis processual varia de 2 a 4 anos.

A alternativa D está errada. O sursis processual pode ser revogado se o beneficiário vier a ser processado
por contravenção penal, ou seja, estamos diante de causa facultativa de revogação da suspensão condicional
do processo (art. 89, §4º, da Lei 9099/95).

A alternativa E está errada. Durante o sursis processual o prazo prescricional é suspenso (art. 89, §6º, da Lei
9099/95).

Procurador

25. (MPF/Procurador da República/2013) Em relação aos juizados especiais criminais assinale a


alternativa correta:

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a) infrações penais de menor potencial ofensivo admitem suspensão condicional do processo, mas não
transação penal;
b) Quando o representante do Ministério Público verificar, no termo circunstanciado, que não há
informações suficientes ao oferecimento da denúncia, deve propor transação penal;
c) Compete ao Tribunal Regional Federal julgamento de habeas corpus impetrado contra decisão singular do
juiz do juizado especial criminal;
d) A lei 9099/95 prevê recurso de apelação da decisão que rejeitar a denúncia.

Comentários

A alternativa correta é a letra D. Enquanto no CPP o recurso cabível de decisão que rejeita a peça acusatória
é o recurso em sentido estrito, na Lei 9099/95 a sistemática é diversa, porquanto da referida situação é
cabível o recurso de apelação (art. 82, caput, da Lei 9099/95).

A alternativa A está errada. Infrações de menor potencial ofensivo abrange as contravenções penais e os
crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos. Assim, tais infrações penais admitem tanto a transação
penal como a suspensão condicional do processo. Lembre-se ainda que haverá crimes em que não será
possível a formulação de proposta de transação penal em virtude da pena máxima extrapolar 2 anos, porém
admitirá o beneplácito do sursis processual (pena mínima de 1 ano). Exemplo: furto (art. 155 do CP). É
denominado delito de médio potencial ofensivo aqueles que podem ser agraciados com a suspensão
condicional do processo.

A alternativa B está errada. Se o MP não tiver informações necessárias para ajuizar a ação penal, a transação
penal não deve por ele proposta. Afinal de contas, após reunir tais informes, o MP pode concluir que é caso
de arquivamento. Logo, não faz sentido propor esse acordo penal se o MP tiver convencido que sequer era
caso de propor a ação penal.

A alternativa C está errada. O habeas corpus contra ato de juiz do JECRIM deve ser julgado pela Turma
Recursal e não pelo Tribunal Regional Federal.

Delegado de Polícia

26. (VUNESP/Delegado de Polícia do Ceará/2015) Com relação aos Juizados Especiais Criminais,
instituídos pela Lei nº 9.099/95, pode-se afirmar que
a) têm competência para crimes e contravenções penais cuja pena máxima não seja superior a um ano.
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pessoal, os autos serão redistribuídos para o juízo
comum.
c) têm competência para processar e julgar crime e contravenções penais que se iniciam por ação penal
pública, com exclusão das ações penais privadas.
d) não têm competência para processar e julgar réus reincidentes.
e) não têm competência para processar e julgar delitos praticados com violência ou ameaça à pessoa.

Comentários

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A alternativa correta é a letra B. Motivo: Em caso de impossibilidade de citação pessoal do acusado, os autos
serão encaminhados ao Juízo Comum para a adoção do rito sumário (art. 538 do CPP). Lembre-se que não
existe citação por edital no Juizado Especial Criminal (art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95.

Alternativa A está errada: De acordo com o art. 61 da Lei 9099/95, é de competência do JECRIM as infrações
penais de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima não seja superior a 2 anos.

Alternativa C está errada: Os crimes de ação penal de iniciativa privada não estão excluídos da competência
do JECRIM. A competência do Juizado não é determinada pela competência pela natureza da ação penal,
mas sim pelo máximo da pena cominada ao delito (2 anos).

Alternativa D está errada: Não há qualquer relação entre reincidentes e a competência do JECRIM.

Alternativa E está errada: Salvo os crimes cometidos no âmbito da violência doméstica e familiar contra a
mulher (art. 41 da Lei 9099/95), não há qualquer óbice para o JECRIM julgar delito cometido com violência
ou grave ameaça, cuja pena máxima não seja superior a 2 anos. Exemplo: Delito de ameaça (art. 147 do CP).

27. (IBADE/ Delegado de Polícia do Acre/2017):


Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.

Comentários

O item está correto, porquanto em perfeita sintonia com o previsto no art. 69, parágrafo único, da Lei
9099/95.

28. (CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em vigor da Lei 9099/95,
que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, foi imposta como condição de procedibilidade a
representação do ofendido nos casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas ações em andamento à época,
as vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos feitos. Nesse caso, o
critério adotado no que se refere às leis processuais no tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.

Comentários

A alternativa correta é a letra B. Lembre-se que norma processual híbrida, por apresentar também natureza
de direito material, retroage para alcançar fatos praticados antes de sua vigência se for para beneficiar o
acusado, como ocorre no caso concreto. Cuida-se da adoção do princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica (art. 5º, XL, da CF).

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As alternativas A, C, D e E estão erradas, eis que destoam do princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica (art. 5º, XL, da Constituição Federal), aplicável às normas processuais híbridas.

29. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017). Analise o item abaixo:


Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material de crimes, a soma das
penas máximas cominadas para cada crime não pode exceder a dois anos.

Comentários

O item está correto. Como vimos, para fixar a competência do JECRIM leva-se em consideração o resultado
do concurso de crimes, afastando, portanto, o rito sumaríssimo. Contudo, isso não obstará a aplicação dos
institutos despenalizadores à infração penal de menor potencial ofensivo. Ainda que exista
conexão/continência, os crimes devem ser analisados isoladamente para efeito da incidência de tais
institutos despenalizadores, nos moldes do que se observa com a prescrição (art. 119 do CP).

30. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No que concerne à legislação que dispõe sobre os
Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9099/95), pode-se afirmar que:
a) A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença
irrecorrível, não pode ser executado no juízo cível competente.
b) a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se
as requisições dos exames periciais necessários.
c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, podendo-se
exigir fiança a critério da autoridade policial.
d) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 1(um) ano, cumulada ou não com multa.
e) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.

Comentários

A alternativa correta é a letra E, sendo mera reprodução do art. 76, caput, da Lei 9099/95.

A alternativa A está errada, a composição civil dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo
Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo cível competente (art. 74,
caput, da Lei 9099/95).

A alternativa B está errada, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-
se as requisições dos exames periciais necessários (art. 69, caput, da Lei 9099/95).

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A alternativa C está errada, pois ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança (art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95).

A alternativa D está errada, vez que consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comina pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa (art. 61 da Lei 9099/95).

(IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No crime de lesão corporal no âmbito de violência

31. doméstica contra a mulher, a autoridade policial, lavrará o termo circunstanciado, porém este não
será encaminhado ao juizado especial criminal e sim ao juizado de violência doméstica familiar.

Comentários

O item está errado. O crime de lesão corporal, ainda que leve ou culposa, praticado contra a mulher, no
âmbito das relações domésticas, deve ser processado mediante ação penal pública incondicionada. No
julgamento da ADI 4424, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 41 da Lei
11340/06, afastando a incidência das regras descritas na Lei 9099/95 aos delitos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista. Logo, não há que se falar em termo
circunstanciado na esfera da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Outros

32. (FGV -OAB 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95),
assinale a alternativa correta.
a) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a Infração penal
b) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou por edital.
c) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do Ministério Público.
d) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
proposta.

Comentários

A alternativa correta é a letra D, segundo determina o art. 76, caput, da Lei 9099/95: Havendo representação
ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos, a ser especificada na
proposta.

A alternativa A está errada. O art. 63 da Lei 9099/95 determina que a competência do juizado será
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. Repare que a Lei do JECRIM não adotou o
mesmo critério previsto no art. 70, caput, do CPP (local onde o delito se consumou).

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A alternativa B está errada. Não há que se falar em citação por edital no JECRIM. Em caso de impossibilidade
de citação pessoal, os autos serão encaminhados ao Juízo comum, que adotará o rito sumário (art. 538 do
CPP)

A alternativa C está errada. Segundo determina o art. 76 da Lei 9099/95, a proposta de transação penal é
formulada pelo Ministério Público nos casos de crimes de ação penal pública. O juiz não pode conceder de
ofício a proposta de transação penal. Assim, em caso de recusa do membro do MP, o magistrado deve, por
analogia, aplicar o princípio da devolução consagrado no art. 28 do CPP.

33. (CONSULPLAN/ Titular de Serviços de Notas e Registros de Minas Gerais/2017) No que concerne
aos Juizados Especiais Criminais - Lei nº. 9.099/1995, é correto afirmar que impede a transação penal:
A) A condenação definitiva anterior pela prática de crime, independentemente da pena imposta.
B) A condenação definitiva anterior à pena de multa pela prática de crime.
C) A condenação anterior ainda não definitiva à pena de reclusão.
D) A condenação definitiva anterior à pena de detenção.

Comentários

A alternativa correta é a letra D. De acordo com o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95, não se admitirá a proposta
de transação penal se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à
pena privativa de liberdade (reclusão/detenção), por sentença definitiva.

A alternativa A está errada, pois a apenas a pena privativa de liberdade impede a transação penal. Vale
dizer, se o agente tiver sido condenado anteriormente à pena de multa, tal situação não será óbice para a
transação penal.

A alternativa B está errada. Se o agente tiver sido condenado anteriormente à pena de multa, tal situação
não será óbice para a transação penal.

A alternativa C está errada, pois o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95 estabelece como obstáculo apenas a
condenação definitiva à pena de reclusão para não ser oferecida a transação penal.

34. (FCC/Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul/ 2016) À luz da Lei n°
9.099/95, presentes os demais requisitos legais necessários, poderá ser beneficiado com a transação
penal
A) Ricardo, que cometeu crime de sequestro e cárcere privado, com pena prevista de 1 a 3 anos de reclusão.
B) Moisés, que cometeu crime de contrabando, com pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão.
C) Talita, que cometeu crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão.
D) Manoel, que cometeu crime de resistência, com pena prevista de 6 meses a 2 anos de detenção.
E) Paulo, que cometeu crime de ordenação de despesa não autorizada, com pena prevista de 1 a 4 anos de
reclusão.

Comentários

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A alternativa correta é a letra D. A transação penal é cabível apenas aos delitos em que a lei comine pena
máxima não superior a 2 anos, preenchidos os demais requisitos estampados no art. 76 da Lei 9099/95.

As alternativas A, B, C e E estão erradas, pois não versam sobre delitos de menor potencial ofensivo (art. 61
da Lei 9099/95), o que torne impossível a concessão da transação penal.

LISTA DE QUESTÕES
Magistratura

1. (FCC/Juiz Substituto de Pernambuco/2011) A suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da


Lei no 9.099/95:
a) é aplicável tão-somente às infrações de menor potencial ofensivo.
b) é cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva, segundo
entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.
c) exige necessariamente a reparação do dano.
d) é cabível no crime continuado, ainda que a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto seja superior a um ano, conforme súmula do Supremo Tribunal Federal.
e) conduz à absolvição se expirado o prazo sem revogação.
2. (VUNESP/Juiz de Direito de São Paulo/2017) A suspensão condicional do processo é
A) inadmissível, em qualquer caso, se a lesão corporal for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
B) admissível nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a declaração de extinção da
punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, salvo impossibilidade de
fazê-lo, permitida a prorrogação do prazo, se incompleta a reparação, com suspensão da prescrição.
C) aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso de crimes, excetuado o concurso
material, quando a pena mínima cominada, pela incidência da majorante, não ultrapassar o limite de um (1)
ano.
D) cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva, se reunidos os
pressupostos legais permissivos, com remessa necessária da questão ao Procurador Geral de Justiça, ainda
que ausente dissenso, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
3. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo) No tocante aos juizados especiais criminais, é correto
afirmar que
a) cabe recurso especial, mas não extraordinário, contra decisão proferida por turma recursal.
b)cabe revisão criminal de decisão do juizado especial e, por expressa disposição legal, compete à turma
recursal julgá-la.
c) compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal.
d) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

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4. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo/2015) A sentença de transação penal, nos termos do artigo
76, parágrafo 5º , da Lei nº 9.099/95, tem as seguintes características:
Parte superior do formulário
A) A) tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material.
B) tem natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada apenas material.
C) possui natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada formal e material.
D) possui natureza absolutória e não faz coisa julgada formal e material.Parte inferior do formulário
5. (VUNESP/ Juiz de Direito de Mato Grosso do Sul/2015) No que se refere aos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da Lei no 9.099/95, é correto afirmar que da decisão
A) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que poderá ser julgado por turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado e da
sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do
Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
B) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta
de três Desembargadores.
C) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
na sede do Juizado.
D) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela
Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
E) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por Turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
6. (PUC-PR/Juiz de Direito Substituto de Mato Grosso do Sul/2012) Em relação ao procedimento nos
Juizados Especiais Criminais, é correto afirmar:
a) Após aberta a audiência e ofertada a palavra ao advogado defensor para responder à acusação, o juiz,
caso venha a receber a denúncia ou queixa, designará imediatamente audiência, para a próxima data
disponível na pauta, para a qual todos serão intimados - o acusado e a vítima - imediatamente.
b) Torna-se imprescindível o inquérito policial prévio para oferecimento da denúncia quando esta for
embasada em registro de ocorrência policial.
c) O exame de corpo de delito é obrigatório, para qualquer crime que deixe vestígio como forma de provar
a materialidade delitiva.
d) É necessário mandado a ser cumprido por Oficial de Justiça para intimar testemunhas.
e) Na ação penal de iniciativa pública, quando inexistir aplicação de pena, pela ausência do noticiado ou pela
inocorrência de transação penal, o representante do Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia
oral ao juiz, caso sejam desnecessárias outras diligências.
7. (VUNESP/ Juiz de Direito do Pará/2014) Acerca do rito sumaríssimo, são regras procedimentais
expressamente previstas na Lei nº 9099/95:

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a) desnecessidade de relatório na sentença; impossibilidade de expedição de cartas precatórias e rogatórias.


b) possibilidade de oferecimento de denúncia oral; necessidade de apresentação concomitante de
interposição e razões em caso de apelação.
c) intimação das testemunhas por carta com aviso de recebimento pessoal; desnecessidade de intimação
das partes para o julgamento da apelação.
d) possibilidade de oferecimento de queixa oral; impossibilidade de nomeação de assistente técnico.
e) impossibilidade de condução coercitiva de testemunha; impossibilidade de embargos de declaração.
8. (CESPE- Juiz de Direito Substituto- MA/2013) De acordo com as normas que regem os juizados
especiais, assinale a opção correta.
a) A competência do juizado especial criminal é determinada pelo lugar em que tenha sido praticada a
infração penal, ou pelo lugar em que se tenha produzido seu resultado.
b) Sempre que possível, a citação do autor do fato deverá ser feita pessoalmente no próprio juizado, ou por
mandado, e, não sendo ele encontrado para ser citado, o juiz deverá encaminhar as peças existentes ao juízo
criminal comum.
c) Os atos processuais praticados nos juizados especiais criminais devem ser públicos, podendo realizar-se
em horário noturno, em qualquer dia da semana, ressalvados domingos e feriados.
d) O instituto da transação penal não se aplica no âmbito da justiça militar, salvo nos crimes militares
próprios.
9. (FCC/Juiz de Direito do Mato Grosso do Sul/2020) Em relação aos Juizados Especiais Criminais,
correto afirmar que
a) a competência será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal ou pelo domicílio da
vítima, a critério desta.
b) cabível a interposição de recurso em sentido estrito, no prazo de 05 (cinco) dias, contra a decisão de
rejeição da denúncia ou queixa, com abertura de vista para apresentação das razões em 08 (oito) dias.
c) não cabe recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém,
processar e julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial.
d) cabem embargos de declaração, no prazo de 05 (cinco) dias, quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão, sem interrupção, contudo, do prazo para a interposição de recurso.
e) os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana,
incabível, porém, a prática em outras comarcas.
10. (VUNESP/Juiz de Direito do Rio de Janeiro/2019) A aplicação imediata da pena restritiva de direitos
ou multa, conhecida como “transação penal”, tal qual prevista no art. 76, parágrafo 2° da Lei n° 9.099/95,
não será admitida se ficar comprovado
a) que o crime foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa.
b) ter sido o agente beneficiado anteriormente pela aplicação de pena restritiva ou multa na mesma
modalidade de “transação penal”.
c) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, à pena privativa de
liberdade transitada em julgado.

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d) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, a pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva.
e) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

Promotor

11. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) O juizado especial criminal julga as infrações
penais de menor potencial ofensivo, prorrogando sua competência nos casos de concurso de infrações que
eventualmente ultrapassem a pena cominada de 2 (dois) anos.
12. (MPE/RS/ Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Petrônio, réu em processo por furto
simples, reúne todos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo. Ainda
assim, fundamentadamente, o Promotor de Justiça deixa de oferecer-lhe o benefício. Nesse caso,
dissentindo do membro do Ministério Público, deve o Juiz:
a) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo
Penal.
b) conceder o benefício de ofício, já que se trata de direito subjetivo do réu.
c) comunicar a Corregedoria-Geral do Ministério Público face o comportamento do Promotor de Justiça.
d) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça que designe outro membro do Ministério Público para reexaminar
os autos.
e) remeter os autos para as Turmas Recursais do Juizado Especial Criminal.
13. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) A ausência de coisa julgada de transação
penal permite retornar-se à situação anterior, possibilitando ao Ministério Público o oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial, se forem descumpridas as cláusulas de acordo.
14. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2014). Analise o item a seguir:
Segundo a Lei nº 9099/95, as suas disposições não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
15. (MPE-RS/Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Assinale a alternativa INCORRETA.
A) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o autor da infração
condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos, por sentença definitiva.
B) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados preferencialmente entre bacharéis em Direito
(art. 73, parágrafo único, da Lei n. 9099/95).
C) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95) oferecida pelo Ministério
Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de apelação.
D) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso de apelação.
E) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de revogação da suspensão condicional
do processo.
16. (FCC/Promotor de Justiça de Pernambuco/2014) No que toca à composição dos danos civis nos
juizados especiais criminais, possível assegurar que

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a) não implica decadência o não oferecimento da representação na audiência preliminar, se não obtido o
acordo.
b) é incabível na ação penal pública incondicionada.
c) é cabível apenas na ação penal privada e, se operada, conduz à absolvição.
d) é cabível apenas na ação penal pública condicionada e, se operada, conduz à extinção da punibilidade pela
renúncia ao direito de representação.
e) conduz à extinção da punibilidade pelo perdão aceito nos crimes de ação privada.
17. CESPE/ Promotor de Justiça do Ceará/2020
Em ação penal privada, pedido de suspensão condicional do processo
a) não é cabível, assim como a transação penal, porque tanto esse pedido quanto a transação penal são
exclusivos de ações penais públicas.
b) é cabível, desde que oferecido pelo Ministério Público, por ser um direito público subjetivo do acusado.
c) não é cabível, diferentemente da transação penal, haja vista expressa disposição legal.
d) é cabível, desde que oferecido pelo ofendido.
e) é cabível somente em favor do réu, haja vista a possibilidade de ofensa ao princípio da indivisibilidade da
ação penal privada.
18. (VUNESP/Promotor de Justiça de São Paulo/2019) Sobre a transação penal, assinale a alternativa
correta.
a) Não cumprido o acordo homologado, que faz coisa julgada material, deverá o Ministério Público executá-
lo no juízo de execução.
b) Na ausência de proposta do Ministério Público, poderá o juiz criminal fazê-lo, pois se trata de direito
público subjetivo do autor do fato.
c) No crime de porte de entorpecente para consumo pessoal, é vedado ao Ministério Público propor a
aplicação imediata de sanção prevista no art. 28 da Lei n° 11.343/06.
d) No crime de lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP), a homologação do acordo de transação civil não
impede a posterior proposta de transação penal.
e) No crime de lesão corporal leve decorrente de violência doméstica contra a mulher, não poderá o
Ministério Público oferecer a proposta.

Defensor

19. (CESPE/Defensor Público Federal/2007). Analise o item abaixo:


“A prática de conduta delituosa, com causa de aumento de pena, deve ser considerado o acréscimo, em
adição a pena em abstrato, para efeito da concessão da suspensão condicional do processo.”
20. (CESPE/ Defensor Público do Acre/2017) De acordo com a Lei 9099/95 e com o entendimento
doutrinário e jurisprudencial dominantes, a proposta de transação penal:
a) configura hipótese de retratação da ação penal já oferecida;

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b) é cabível nos crimes de ação penal privada, caso não haja prévia composição dos danos cíveis.
c) deve ser ofertada, de ofício, pelo juiz ao autor do crime quando não tiver sido apresentada pelo MP.
d) depende de consentimento prévio do ofendido ou de quem o represente na ação penal pública
condicionada à representação.
e) prescinde da presença de defensor público para a aceitação pelo autor do fato.
21. (CESPE/Defensor Público de Pernambuco/2018 - Adaptada) Acerca dos procedimentos nos juizados
especiais criminais, assinale a opção correta.
A) A citação do acusado pode se dar por edital, não havendo deslocamento da competência para o juízo
criminal comum.
B) No caso de causa complexa, haverá o deslocamento da competência para o juízo criminal comum,
mantendo-se o procedimento sumaríssimo.
C) A medida processual cabível contra a decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa-crime será o recurso em
sentido estrito, que deverá ser interposto no prazo de dez dias.
D) De acordo com o STJ, no caso de ação penal privada, são aplicáveis os benefícios da transação penal e da
suspensão condicional do processo.

Parte inferior do formulário

22. (CESPE/Defensor Público de Alagoas/2017) Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores,


assinale a opção correta relativa à suspensão condicional do processo.Parte superior do formulário
A) O juiz fixará a suspensão condicional do processo pelo prazo de um a três anos, podendo revogá-la a
qualquer tempo, se o beneficiário do sursis vier a ser processado por outro crime.
B) O juiz não poderá revogar a suspensão condicional do processo se o beneficiário do sursis vier a ser
processado por contravenção penal.
C)Tratando-se de crimes de ação penal pública, somente o Ministério Público é legitimado a ofertar a
suspensão condicional do processo.
D) Como o sursis processual é ato discricionário, caso o promotor de justiça não proponha a suspensão
condicional do processo, restará ao juiz dar-lhe continuidade.
E) A suspensão condicional do processo depende exclusivamente do preenchimento dos requisitos objetivos
fixados para o reconhecimento de infrações de menor potencial ofensivo.
23. (VUNESP/Defensor Público de Rondônia/2017). Nos Juizados Especiais Criminais,
Parte superior do formulário
A) A) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada
por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
B) a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada a infração penal.
C) a apelação será interposta no prazo de cinco dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público,
pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

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D) o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
aplicação de pena privativa de liberdade.
E) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo apenas e tão somente os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Parte inferior do formulário
24. (FCC - Defensor Público do Paraná/2012) Marcelino, primário e de bons antecedentes, é
denunciado pelo crime de furto simples, oportunidade em que é citado para responder aos termos da
acusação. Neste caso, de acordo com o entendimento jurisprudencial dominante no Supremo Tribunal
Federal e com base na Lei nº 9.099/95,
a) na ausência de proposta de suspensão condicional do processo, deve o juiz aplicar analogicamente o art.
28 do CPP.
b) a proposta de suspensão condicional do processo é ato privativo do Ministério Público e o crime de furto,
por não ser da competência do Juizado Especial Criminal, não comporta o oferecimento do sursis processual.
c) caso seja oferecida a proposta de sursis processual, o processo ficará suspenso pelo período de 1 (um)
ano, devendo o acusado, durante o período de prova, observar as condições estabelecidas na proposta.
d) a suspensão será revogada se, no curso do processo, o beneficiário vier a ser processado por contravenção.
e) a prescrição será interrompida durante o prazo da suspensão condicional do processo.

Procurador

25. (MPF/Procurador da República/2013) Em relação aos juizados especiais criminais assinale a


alternativa correta:
a) infrações penais de menor potencial ofensivo admitem suspensão condicional do processo, mas não
transação penal;
b) Quando o representante do Ministério Público verificar, no termo circunstanciado, que não há
informações suficientes ao oferecimento da denúncia, deve propor transação penal;
c) Compete ao Tribunal Regional Federal julgamento de habeas corpus impetrado contra decisão singular do
juiz do juizado especial criminal;
d) A lei 9099/95 prevê recurso de apelação da decisão que rejeitar a denúncia.

Delegado de Polícia

26. (VUNESP/Delegado de Polícia do Ceará/2015) Com relação aos Juizados Especiais Criminais,
instituídos pela Lei nº 9.099/95, pode-se afirmar que
a) têm competência para crimes e contravenções penais cuja pena máxima não seja superior a um ano.
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pessoal, os autos serão redistribuídos para o juízo
comum.
c) têm competência para processar e julgar crime e contravenções penais que se iniciam por ação penal
pública, com exclusão das ações penais privadas.
d) não têm competência para processar e julgar réus reincidentes.

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e) não têm competência para processar e julgar delitos praticados com violência ou ameaça à pessoa.
27. (IBADE/ Delegado de Polícia do Acre/2017):
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
28. (CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em vigor da Lei 9099/95,
que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, foi imposta como condição de procedibilidade a
representação do ofendido nos casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas ações em andamento à época,
as vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos feitos. Nesse caso, o
critério adotado no que se refere às leis processuais no tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
29. (CESPE/Delegado de Polícia de Goiás/2017). Analise o item abaixo:
Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material de crimes, a soma das
penas máximas cominadas para cada crime não pode exceder a dois anos.
30. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No que concerne à legislação que dispõe sobre os
Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9099/95), pode-se afirmar que:
a) A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença
irrecorrível, não pode ser executado no juízo cível competente.
b) a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se
as requisições dos exames periciais necessários.
c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, podendo-se
exigir fiança a critério da autoridade policial.
d) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 1(um) ano, cumulada ou não com multa.
e) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.
31. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No crime de lesão corporal no âmbito de violência
doméstica contra a mulher, a autoridade policial, lavrará o termo circunstanciado, porém este não será
encaminhado ao juizado especial criminal e sim ao juizado de violência doméstica familiar.

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Outros

32. (FGV -OAB 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95),
assinale a alternativa correta.
a) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a Infração penal
b) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou por edital.
c) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do Ministério Público.
d) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
proposta.
33. (CONSULPLAN/ Titular de Serviços de Notas e Registros de Minas Gerais/2017) No que concerne
aos Juizados Especiais Criminais - Lei nº. 9.099/1995, é correto afirmar que impede a transação penal:
A) A condenação definitiva anterior pela prática de crime, independentemente da pena imposta.
B) A condenação definitiva anterior à pena de multa pela prática de crime.
C) A condenação anterior ainda não definitiva à pena de reclusão.
D) A condenação definitiva anterior à pena de detenção.
34. (FCC/Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul/ 2016) À luz da Lei n°
9.099/95, presentes os demais requisitos legais necessários, poderá ser beneficiado com a transação
penal
A) Ricardo, que cometeu crime de sequestro e cárcere privado, com pena prevista de 1 a 3 anos de reclusão.
B) Moisés, que cometeu crime de contrabando, com pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão.
C) Talita, que cometeu crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão.
D) Manoel, que cometeu crime de resistência, com pena prevista de 6 meses a 2 anos de detenção.
E) Paulo, que cometeu crime de ordenação de despesa não autorizada, com pena prevista de 1 a 4 anos de
reclusão.

GABARITO
Magistratura

1. B
2. B
3. D
4. A
5. E
6. E
7. B
8. B
9. C

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10. E

Promotor

11. INCORRETA
12. A
13. CORRETA
14. CORRETA
15. A
16. A
17. D
18. E

Defensor

19. CORRETA
20. B
21. D
22. C
23. A
24. A

Procurador

25. D

Delegado de Polícia

26. B
27. CORRETA
28. B
29. CORRETA
30. E
31. INCORRETA

Outros

32. D
33. D
34. D

PC-SP (Delegado) Legislação Penal Especial - 2022 (Pós-Edital) 108


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