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4 MANIFESTOS DADA DE PICABIA

DADA FILOSÓFICO

para André Breton

Capitulo I

DADA tem olhos azuis, cara pálida, cabelo encaracolado, tem o ar inglês de um
jovem desportista.
DADA tem dedos melancólicos, e um ar espanhol
DADA tem nariz pequeno, e um ar russo
DADA tem cu de porcelana e um ar francês
DADA devaneia sobre Byron e a Grécia.
DADA devaneia sobre Shakespeare e Charlot.
DADA devaneia sobre Nietzsche e Jesus Cristo.
DADA devaneia sobre Barrés e crepusculos.
DADA tem um cérebro como um lirio de àgua.
DADA tem um cérebro como um cérebro.
DADA tem uma vasta e delgada face e a sua voz é arqueada como o timbre
das sereias.
DADA é uma lanterna mágica.
DADA tem uma pila enroscada num bico de uma àguia.
A filosofia DADA é triste e acolhedora, indulgente e vasta. Cristalaria
veneziana, joalharia, válvulas, bibliófilos, jornadas, novelas poéticas, bares,
doenças mentais, Luis XIII, diletantismo, a opereta final, a estrela radiante, o
patêgo, um copo de cerveja escorrendo devagarinho, um novo género de
orvalho: é assim a fisionomia de DADA!
Descomplicações e incertezas.
Inconstante e nervoso, DADA é a cama de rede que balança gentilmente.
Capitulo II

Uma estrela despenha-se sobre o rio, deixando um rasto de copias. Felicidade e


tristeza têm vozes socegadas e suspiram nas nossas orelhas.
Sol tenebroso ou brilhante.
No fundo de um pequeno barco, não sabemos qual o caminho a seguir.
Um tunel e o retorno.
O extase torna-se angustia no idilio do lar.
As camas são mais pálidas que os mortos, apesar do grito desesperado do
homem.
DADA beija na fonte e os seus beijos devem ser o contacto da àgua com o
fogo.
DADA é Tristan Tzara.
DADA é Francis Picabia.
DADA é tudo uma vez que ama os puros espiritos, a noite que cai, a folhagem
que suspira, e os amantes estreitando-se nos braços um do outro, bebnendo
apaixonadamente na dupla e divina fonte do Amor e da Beleza.

Caitulo III

DADA sempre teve vinte e dois anos toda a sua vida, creceu um bocadinho mais
magro nos últimos vinte e dois anos. Dada casou-se com uma mulher do campo que
gosta de passarinhos.

Capitulo IV

DADA vive numa almofada de um peplo, está cercado por crisanrtemos que usam
máscaras parisiences.

Capitulo V

Vê as paixões humanas ao longo das margens do optimismo, despedaçadas pela


poesia antiquada de Baudelaire.
Capitulo VI

"Mas estoun a tornar-me um idiota!", exclamou DADA.


O desejo de adormecer.
Ter um servo.
O servo idiota, na outra extremidade do quarto.

Capitulo VII

O mesmo servo abriu a porta e, como sempre, recusou-se a deixar-nos entrar. Na


distância ouvimos a voz de DADA.
manifesto DADA

Os cubistas querem cobrir DADA de neve. Isso espanta-vos, mas é assim, eles
querem esvaziar a neve do seu cachimbo para tapar DADA.
Tens a certeza?
Totalmente. Os factos são revelados por bocas grotescas.
Eles pensam que DADA os pode impedir de praticar esse comércio odioso: Vender a
arte muito cara.
A arte custa mais do que os salpicões, é mais cara que as mulheres, é mais cara que
tudo.
A arte é visível como Deus! (veja-se Saint-Suplice)
A arte é um produto farmaceutico para imbecis.
As mesas rodam graças ao espírito: os quadros e as obras de arte são como as caixas-
fortes, o espírito está lá dentro e torna-se cada vez mais genial seguindo os preços dos
locais de venda.
Comédia, comédia, comédia, comédia, comédia, meus caros amigos.
Os galeristas não gostam da pintura, pois conhecem o mistério do espirito................
Comprai reproduções de autografos.
E não sejam snobs, pois não sereis menos intiligentes só porque o vizinho tem uma
coisa semelhante à vossa.
Chega de cagadelas de mosca nas paredes!
Continuaram a fazê-las, pois claro, mas um bocadinho menos.
DADA com certeza que vai ser cada vez mais detestado, as suas credenciais vão
permitir-lhe de estragar as procissões cantando "eu tenho dois amores", que
sacrilégio!!!
O cubismo representa a escassez de ideias.
Eles cubizaram os quadros dos primitivos, cubizaram as esculturas negras, cubisaram
os violinos, cubisaram as guitarras, os jornais ilustrados, cubisaram a merda e os
perfis das jovenzinhas, e agora há que cubisar o dinheiro!!!±
DADA, no que lhe diz respeito, não quer nada, nada, nada, e faz qualquer coisa para
que o público diga: "nós não percebemos nada, nada, nada". "Os Dadaístas não são
nada, nada, nada, e de certeza absoluta que não chegarão a nada, nada, nada."
FESTIVAL MANIFESTO -presbiopia-

Orador. - No meu último manifesto canibal, eu disse que o cu, o cu representa a vida
tal como as batatas fritas e que se vende como a honra? Pois bem, esta noite isso está
dado como se fosse nada, e veja como esta pequena sala se encheu?
Espectador. - Então vai começar de de novo, sempre com ordinarices e obscenidades?
Em vez de se expressar em francês!
Orador. - A obscenidade existe na sua pobre imaginação, não há obscenidade. A vida
é uma obscenidade? Fazer filhos é uma obscenidade?
Espectador. - A vida é o que é belo.
Orador. - Oh! um bom casamento ou um dote legal, o que dá no mesmo, ou uma
vitória que se obtem com à custa de funerais.
Espectador. - Não é possível compreendermo-nos, você leva tudo para a
materialidade.
Orador. - Eu entendo o que você ama, é a oficial glória! Você quer que eu lhe diga o
que lhe desagrada em Dada? é que Dada não gosta de vendas, de arremessos, de
lavagens ai cérebro; você sente que Dada se está cagar para si.
Espectador. - E pode-me dizer porque é que se está nas tintas para mim?
Orador. - Porque você é sério, logo idiota.
Espectador. - Eu não vejo muito bem porquê...
Orador. - O artista ou esse burguês, é um gigantesco inconsciente , ele toma a sua
timidez por honestidade! As suas caridades e as suas admirações, meu caro senhor,
são mais desprezíveis do que a sífilis ou gonorreia que você distribui ao seu vizinho,
sob o pretexto do temperamento ou do amor.
Espectador. - Eu não posso continuar a comprometer-me com alguém como você, e
eu convido a todos vós, meus colegas espectadores a sair desta sala, ao mesmo tempo
que eu, pois não podemos mantermo-nos contacto com esta pessoa.
Orador. - Claro, você tem medo que o vento levante a sua saia e vejamos que o seu
sexo é falso, seu cabelo também é falso, seus dentes são falsos, que você tem um olho
de vidro e que é o único que me olha com franqueza, o outro é um camaleão de
Asneiras, a 20.000 francos. o Carate, para os parvos.
Espectador. - Senhor, eu andando, além de que não tenho nenhuma saia, eu sou um
homem!
Orador. - Oh! calças ou saias, vai dar ao mesmo, só muda sexo, mas tanto em si como
nos seus semelhantes o sexo não pode mudar, porque é falso.
Espectador. - Mas não há nada errado, é pelo menos uma das teorias que você
papagueou.
Orador. - Você está certo, não há nada de errado.
Espectador. - A imitação, parece-me .....
Orador. - A imitação é verdade, um jardim em celulóide é verdade, um papagaio de
cristal de rocha é verdade, uma ovelha em ruoltz é verdade.
Espectador. - Você não me vai dizer que DADA é verdade?
Orador. - É DADA que lhe fala, ele é tudo, ele entende tudo, é de todas as religiões,
ele não pode ser nem vitória nem derrota, ele vive no espaço e não no tempo. - Mas
perdão Sr. Espectador de nacionalidade pretende ser?
Espectador. - Eu sou francês de Paris
Orador. - De Paris
Espectador. - Sim, de Paris
Orador. - Sim, existem os franceses de Marselha, de Bordeaux, de Besançon, de
Paris, você é como algumas pessoas na Terra, que se julgam russas, americanas,
alemãs ou inglêasas, é verdadade, é verdade que você gosta de viajar em diligência.
Espectador. - Miseravel (e dá um tiro de revólver no orador)
MANIFESTO CANIBAL DADA

Vocês são todos acusados, levantem-se. O orador não vos pode falar se não estiverem
de pé.
De pé como para a Marselhesa,
De pé como para o hino russo,
De pé como para o God Save the King,
De pé como em frente da bandeira.
Finalmente, de pé em frente de DADA, que representa a vida e acusa-vos de amar
qualquer coisa por puro snobismo, desde que seja cara.

Vocês são todos ressequidos? Tanto melhor, porque assim vão escutar-me com mais
atenção.
O que é que fazem aqui, estacionados como ostras sérias - porque vocês são sérios,
não é?
Sérios, sérios, sérios até a morte.
A morte é uma coisa séria, hã?
Nós morremos como heróis, ou como idiotas, o que dá no mesmo. A única palavra
que não é efêmera é a palavra morte. Vocês gostam da morte para os outros.
Morra! Morra! Morra! Só o dinheiro é que não morre, ele apenas vai de viagem.
É o deus, aquele que respeitamos, o personagem sério - dinheiro respeito da família.
Honra, honra ao dinheiro: o homem que tem dinheiro é um homem honrado.
A honra é comprada e vendida como o cu. O cu, o cu representa a vida como as
batatas fritas, e todos vós que sois sérios, vocês sentem-se pior do que a merda de
vaca.
Quanto a DADA, não sente nada, nada, nada, nada.
É como as vossas esperanças: nada.
como o vosso paraíso: nada
como os vossos ídolos: nada
como os vossos políticos: nada
como os vossos heróis: nada
como os seus artistas: nada
como as vossas religiões: nada
Assobiem, gritem, partam-me a cara a seguir, e depois? Eu vou dizervos mais uma
vez que são todos uns bananas. Dentro de três meses, vamos vender-vos, eu e meus
amigos, os nossas quadros, por alguns francos.

Francis Picabia.

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