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TEMAS DA

FILOSOFIA

PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA


INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TEMAS DA FILOSOFIA

SUMÁRIO

Introdução ..............................................................................................................3

1. Os Períodos Da Filosofia .........................................................................3

1.1. Período Pré-Socrático..................................................................................3

1.2. Período Clássico ..................................................................................4

1.3. Período Da Filosofia Medieval ................................................................28

1.4. Período da Filosofia Moderna ............................................................30

1.5. Filosofia Contemporânea .......................................................................50

2. Período importante na História: O Iluminismo....................................................55

2.1. As fases do Iluminismo ......................................................................56

3. Positivismo .........................................................................................58

3.1. Metodos do positivismo...................................................................................58

3.2. Positivismo no Brasil ..................................................................................60

4. Idealismo ..................................................................................................63

5. Marxismo ..................................................................................................64

6. Hermenêutica .........................................................................................65

7. Fenomenologia ...........................................................................................67

8. Considerações Finais ................................................................................69

9. Referências Bibliográficas .......................................................................73

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INTRODUÇÃO

A palavra Filosofia é grega. Philo e Sophia. Philo deriva-se de philia, que


significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer
sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Portanto, amizade pela sabedoria,
amor e respeito pelo saber.

A Filosofia teve seu surgimento, quando alguns gregos admiradores e


espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes
dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando
que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da Natureza, os
acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e
que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.

A Filosofia teve seu nascimento no final do século VII e início do século VI antes
de cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. Onde o primeiro
filósofo foi Tales de Mileto.

1. Os Períodos Da Filosofia

1.1. Período Pré-Socrático


Abrange os filósofos das colônias gregas (Jônia e Magma Grécia) que
iniciaram o processo de desligamento entre a filosofia e o pensamento místico. Ela
se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das
transformações na Natureza. ( final do século VII ao final do século V a.C.). seus
principais filósofos foram:

- Tales de Mileto - Parmênides

- Anaxímenes - Heráclito

- Anaximandro - Demócrito

- Heráclito -Pitágoras
-Anaxágoras
- Empédocles

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Tales de Mileto

Tales de Mileto foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o
marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência fenícia, nasceu em Mileto, antiga
colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 625/4 a.C. e faleceu
aproximadamente em 558/6 a.C..Tales é apontado como um dos sete sábios da
Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador da Escola Jônica. Considerado, também, o
primeiro filósofo da "physis"(natureza), porque outros, depois dele, seguiram seu
caminho buscando o princípio natural das coisas. Tales considerava a água como
sendo a origem de todas as coisas. E seus seguidores, embora discordassem
quanto à “substância primordial” (que constituia a essência do universo),
concordavam com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único" para
essa natureza primordial. Entre os principais discípulos de Tales de Mileto, merecem
destaque: Anaxímenes que dizia ser o "ar" a substância primária; e Anaximandro,
para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação.

1.2. Período Clássico

È o termo geralmente usado para descrever, em seu período clássico antigo,


o mundo grego e áreas próximas (como Chipre, Turquia, Sicília, sul da Itália e costa
do Mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outros países). Não existe
uma data fixa ou sequer acordo quanto ao período em que iniciou-se e terminou a
Grécia Antiga. O uso comum situa toda história grega anterior ao Império Romano
como pertencente a esse período, mas os historiadores usam a expressão Grécia
Antiga de modo mais preciso. Alguns escritores incluem o período minóico e o
período micênico (entre 1600 a.C. e 1100 a.C.) dentro da Grécia Antiga, enquanto
que outros argumentam que essas civilizações eram tão diferentes das culturas
gregas posteriores que, mesmo falando grego, devem ser classificadas à parte.
Tradicionalmente, o período da Grécia Antiga abrange desde o ano dos primeiros
Jogos Olímpicos em 776 a.C. (alguns historiadores extendem o começo para o ano
de 1000 a.C.) até à morte de Alexandre Magno em 323 a.C. O período seguinte
naquela região da Europa é o do Helenismo.Estas datas são convenções dos
historiadores e alguns autores chegam mesmo a considerar a Grécia Antiga como

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um período presente até ao advento do Cristianismo, no terceiro século da era


cristã. Os gregos se autodenominavam helenos. Nunca chamaram a si mesmos de
gregos, pois esta palavra é de origem latina, sendo-lhes atribuída pelos romanos.

- Sócrates

- Platão

- Aristóteles

- Epícuro

- Sêneca

- Justino

- Sexto empírico

- Orígenes

- Plotino

- Porfírio
- Santo Agostinho

- Escoto Eriúgena
- Avicena
- Santo Anselmo de
Cantuária
- Abelardo
- São Tomás de Aquino

- Bacon
- João Duns Scoto

- Guilherme de Ocham

- Giordano Bruno
- Maquiav

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Platão

Platão de Atenas, 428/27 a.C. - 347 a.C., filósofo grego. Discípulo de


Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Seu nome verdadeiro
era Aristócles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à
sua caracteristica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda
a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. Plátos, em
grego significa amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande
importância e influência. Platão ocupou-se com vários temas, entre eles ética,
política, metafísica e teoria do conhecimento.

Vida

Platão nasceu um ano após a morte do estadista ateniense Péricles. Seu


pai tinha como ancestral o rei Codros e sua mãe tinha Sólon entre seus
antepassados. Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo,
um seguidor de Heráclito. No entanto, por volta dos vinte anos, encontrou o
filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pouco depois de
399 a.C., Platão esteve em Mégara com alguns outros discípulos de Sócrates,
hospedando-se na casa de Euclides. Em 388 a.C., quando já contava com
quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia com o intuito de conhecer
mais de perto comunidades pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer
Arquitas de Tarento. Ainda durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão
para ir a Siracusa, na Sicília. Platão parte para Siracusa com a esperança de lá
implantar seus ideais políticos. No entanto, acabou por se desentender com o
tirano local e retorna para Atenas. Em seu retorno, funda a Academia. A
instituição logo adquire prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de
instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater idéias. Em 367 a.C.,
Dionísio I morre e Platão retorna a Siracusa a fim de uma vez mais tentar
implementar suas idéias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o desejo
do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. volta pela última vez a
Siracusa com o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta a Atenas
em 360 a.C., Platão permaneceu na direção da Academia até sua morte, em
347 a.C.

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Pensamento platônico

Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em


contato permanente com dois tipos de realidade: os inteligíveis e os sensíveis.
Os primeiros são realidades, mais concretas, permanentes, imutáveis, iguais a
si mesmas. As segundas são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são
realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.
Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Idéias ou Teoria
das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma
maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma
inteligibilidade relativa aos fenômenos. Para Platão, o mundo concreto
percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada
objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua
categoria, de uma Idéia perfeita. Uma determinada caneta, por exemplo, terá
determinados atributos (cor, formato, tamanho, etc). Outra caneta terá outros
atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz
com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Idéia de Caneta, perfeita, que
esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então,
que algo é na medida em que participa da Idéia desse objeto. No caso da
caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o
bem ou a justiça, por exemplo.O problema que Platão propõe-se a resolver é a
tensão entre Heráclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo
está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência
de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo
que é não pode deixar de ser e algo que não é não pode ser, assim, não há
mudança.Ou seja, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma
desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão
árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há
aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do
tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra. Para Heráclito, a
árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela
nunca muda, é sempre a mesma e é uma ilusão sua mudança. Platão resolve
esse problema com sua Teoria das Idéias. O que há de permanente em um
objeto é a Idéia, mais precisamente, a participação desse objeto na sua Idéia

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correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas
uma incompleta representação da Idéia desse objeto. No exemplo da árvore, o
que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a
despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras
árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é sua
participação na Idéia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma
pálida representação da Idéia de Árvore. Também elaborou uma teoria
gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as
coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao vermos um
objeto repetidas vezes, uma pessoa lembra-se, aos poucos, da Idéia daquele
objeto, que viu no mundo das Idéias. Para explicar como se dá isso, Platão
recorre a um mito (ou uma metáfora) que diz que, antes de nascer, a alma de
cada pessoa vivia em uma Estrela, onde localizam-se as Idéias. Quando uma
pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz
com que esqueça o que viu na Estrela. Mas ao ver um objeto aparecer de
diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma
recorda-se da Idéia daquele objeto que foi vista na Estrela. Tal recordação, em
Platão, chama-se anamnesis.

Conhecimento

Platão não buscava as verdades essências da forma física como


buscavam Demócrito e seus seguidores, sob influência de Sócrates buscava a
verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do
conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam,
surgem e se vão. Como o filósofo deveria buscar a verdade plena, deveria
buscá-la em algo estável, as verdadeiras causas, pois logicamente a verdade
não pode variar, se há uma verdade essencial para os homens esta verdade
dever valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo
superior. Nas coisas devem ter um outro fundamento, que seja alem do físico
(metafísico), a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não
das coisas, mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa, isto
significa buscar a verdade no interior do próprio homem. Porém o próprio
homem não é meramente sujeito particular, mas como um participante das

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verdades essenciais do ser. Platão assim como seu mestre Sócrates busca
descobrir as verdades essenciais das coisas. O conhecimento era assim o
conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não
enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento que continha na alma
era a essência daquilo que existia no mundo sensível, assim em Platão
também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana
enquanto perfeita participa do mundo perfeito das idéias, porém este
formalismo só é reconhecível na experiência sensível.Também o conhecimento
tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim a
forma de conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se
conta das verdades que sempre já possuía e que o levavam a discernir melhor
dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do
autoconhecimento era um caminho árduo e metódico. Referente ao mundo
material o homem pode ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que
permitia a sobrevivência do homem, ao passo que referente ao mundo das
idéias, ou verdadeiro conhecimento filosófico, o homem pode ter a épisthéme
(verdadeiro conhecimento). Platão não defendia que todas as pessoas
tivessem iguais acessos à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem
todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das idéias.

Política

"... os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros
e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades,
por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente". (Platão).
Afirmação de Platão deve ser compreendida baseado na teoria do
conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins morais.
Mas cumpre ressaltar outro aspecto: Platão acreditava que existiam três
espécies de virtudes baseadas na alma.

A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado,


ou seja, a governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.

A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do


estado, isto é, os soldados, pois sua alma de prata é imbuída de vontade.

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E, por fim, a virtude da temperança, que deveria ser o baixo-ventre do


estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo
das coisas sensíveis.

Sócrates

A Vida

Quem valorizou a descoberta do homem feita pelos sofistas, orientando-


a para os valores universais, segundo a via real do pensamento grego, foi
Sócrates. Nasceu Sócrates em 470 ou 469 a.C., em Atenas, filho de Sofrônico,
escultor, e de Fenáreta, parteira. Aprendeu a arte paterna, mas dedicou-se
inteiramente à meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma, não
obstante sua pobreza. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre
modelo irrepreensível de bom cidadão. Combateu a Potidéia, onde salvou a
vida de Alcebíades e em Delium, onde carregou aos ombros a Xenofonte,
gravemente ferido. Formou a sua instrução sobretudo através da reflexão
pessoal, na moldura da alta cultura ateniense da época, em contato com o que
de mais ilustre houve na cidade de Péricles.

Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas


preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. Quanto à família,
podemos dizer que Sócrates não teve, por certo, uma mulher ideal na quérula
Xantipa; mas também ela não teve um marido ideal no filósofo, ocupado com
outros cuidados que não os domésticos.

Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em


geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que
contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu juízo. Julgava que
devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando
cidadãos sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas, que agiam
para o próprio proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de
se acometerem uns contra os outros e escravizar o próximo.

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Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu


caráter, a sua atitude crítica, irônica e a consequente educação por ele
ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades
pessoais, apesar de sua probidade. Diante da tirania popular, bem como de
certos elementos racionários, aparecia Sócrates como chefe de uma
aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo hostil a Sócrates concretizou-se,
tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito e Licon:
de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria introduzindo outros.
Sócrates desdenhou defender-se diante dos juizes e da justiça humana,
humilhando-se e desculpando-se mais ou menos. Tinha ele diante dos olhos da
alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da
razão, para a imortalidade. E preferiu a morte. Declarado culpado por uma
pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do
tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria.

Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei
vedava as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos o
discípulo Criton preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém, recusou,
declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou
o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os
amigos. Especialmente famoso é o diálogo sobre a imortalidade da alma - que
se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão no Fédon com
arte incomparável. Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos, depois de ter
sorvido tranqüilamente a cicuta, foram: "Devemos um galo a Esculápio". É
que o deus da medicina tinha-o livrado do mal da vida com o dom da morte.
Morreu Sócrates em 399 a.C. com 71 anos de idade.

Método de Sócrates

É a parte polêmica. Insistindo no perpétuo fluxo das coisas e na


variabilidade extrema das impressões sensitivas determinadas pelos indivíduos
que de contínuo se transformam, concluíram os sofistas pela impossibilidade
absoluta e objetiva do saber. Sócrates restabelece-lhe a possibilidade,
determinando o verdadeiro objeto da ciência.

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O objeto da ciência não é o sensível, o particular, o indivíduo que passa;


é o inteligível, o conceito que se exprime pela definição. Este conceito ou idéia
geral obtém-se por um processo dialético por ele chamado indução e que
consiste em comparar vários indivíduos da mesma espécie, eliminar-lhes as
diferenças individuais, as qualidades mutáveis e reter-lhes o elemento comum,
estável, permanente, a natureza, a essência da coisa. Por onde se vê que a
indução socrática não tem o caráter demonstrativo do moderno processo
lógico, que vai do fenômeno à lei, mas é um meio de generalização, que
remonta do indivíduo à noção universal.

Praticamente, na exposição polêmica e didática destas idéias, Sócrates


adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma, conforme se tratava
de um adversário a confutar ou de um discípulo a instruir. No primeiro caso,
assumia humildemente a atitude de quem aprende e ia multiplicando as
perguntas até colher o adversário presunçoso em evidente contradição e
constrangê-lo à confissão humilhante de sua ignorância. É a ironia socrática.
No segundo caso, tratando-se de um discípulo (e era muitas vezes o próprio
adversário vencido), multiplicava ainda as perguntas, dirigindo-as agora ao fim
de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito, uma
definição geral do objeto em questão. A este processo pedagógico, em
memória da profissão materna, denominava ele maiêutica ou engenhosa
obstetrícia do espírito, que facilitava a parturição das idéias.

Doutrinas Filosóficas

A introspecção é o característico da filosofia de Sócrates. E exprime-se no


famoso lema conhece-te a ti mesmo isto é, torna-te consciente de tua
ignorância como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência
mediante a virtude. E alcançava em Sócrates intensidade e profundidade tais,
que se concretizava, se personificava na voz interior divina do gênio ou
demônio.

Sócrates não deixou nada escrito. As notícias de sua vida e de seu


pensamento, devem-se especialmente aos seus dois discípulos Xenofonte e
Platão, de feição intelectual muito diferente. Xenofonte, autor de Anábase, em

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seus Ditos Memoráveis, legou-nos de preferência o aspecto prático e moral da


doutrina do mestre. Xenofonte, de estilo simples e harmonioso, mas sem
profundidade, não obstante a sua devoção para com o mestre e a exatidão das
notícias, não entendeu o pensamento filosófico de Sócrates, sendo mais um
homem de ação do que um pensador. Platão, pelo contrário, foi filósofo grande
demais para nos dar o preciso retrato histórico de Sócrates; nem sempre é fácil
discernir o fundo socrático das especulações acrescentadas por ele. Seja como
for, cabe-lhe a glória e o privilégio de ter sido o grande historiador do
pensamento de Sócrates, bem como o seu biógrafo genial. Com efeito, pode-
se dizer que Sócrates é o protagonista de todas as obras platônicas embora
Platão conhecesse Sócrates já com mais de sessenta anos de idade.

"Conhece-te a ti mesmo" o lema em que Sócrates cifra toda a sua


vida de sábio. O perfeito conhecimento do homem é o objetivo de todas as
suas especulações e a moral, o centro para o qual convergem todas as partes
da filosofia. A psicologia serve-lhe de preâmbulo, a teodicéia de estímulo à
virtude e de natural complemento da ética.

Em psicologia, Sócrates professa a espiritualidade e imortalidade da


alma, distingue as duas ordens de conhecimento, sensitivo e intelectual, mas
não define o livre arbítrio, identificando a vontade com a inteligência.

Em teodicéia, estabelece a existência de Deus:

a) com o argumento teológico, formulando claramente o princípio: tudo


o que é adaptado a um fim é efeito de uma inteligência;

b) com o argumento, apenas esboçado, da causa eficiente: se o homem


é inteligente, também inteligente deve ser a causa que o produziu;

c) com o argumento moral: a lei natural supõe um ser superior ao


homem, um legislador, que a promulgou e sancionou. Deus não só existe, mas
é também Providência, governa o mundo com sabedoria e o homem pode
propiciá-lo com sacrifícios e orações. Apesar destas doutrinas elevadas,

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Sócrates aceita em muitos pontos os preconceitos da mitologia corrente que


ele aspira reformar.

Moral. É a parte culminante da sua filosofia. Sócrates ensina a bem


pensar para bem viver. O meio único de alcançar a felicidade ou semelhança
com Deus, fim supremo do homem, é a prática da virtude. A virtude adquiri-se
com a sabedoria ou, antes, com ela se identifica. Esta doutrina, uma das mais
características da moral socrática, é consequência natural do erro psicológico
de não distinguir a vontade da inteligência. Conclusão: grandeza moral e
penetração especulativa, virtude e ciência, ignorância e vício são sinônimos.
"Se músico é o que sabe música, pedreiro o que sabe edificar, justo será o que
sabe a justiça".

Sócrates reconhece também, acima das leis mutáveis e escritas, a


existência de uma lei natural - independente do arbítrio humano, universal,
fonte primordial de todo direito positivo, expressão da vontade divina
promulgada pela voz interna da consciência.

Sublime nos lineamentos gerais de sua ética, Sócrates, em prática,


sugere quase sempre a utilidade como motivo e estímulo da virtude. Esta
feição utilitarista empana-lhe a beleza moral do sistema.

Gnosiologia

O interesse filosófico de Sócrates volta-se para o mundo humano,


espiritual, com finalidades práticas, morais. Como os sofistas, ele é cético a
respeito da cosmologia e, em geral, a respeito da metafísica; trata-se, porém,
de um ceticismo de fato, não de direito, dada a sua revalidação da ciência. A
única ciência possível e útil é a ciência da prática, mas dirigida para os valores
universais, não particulares. Vale dizer que o agir humano - bem como o
conhecer humano se baseia em normas objetivas e transcendentes à
experiência. O fim da filosofia é a moral; no entanto, para realizar o próprio fim,
é mister conhecê-lo; para construir uma ética é necessário uma teoria; no dizer
de Sócrates, a gnosiologia deve preceder logicamente a moral. Mas, se o fim
da filosofia é prático, o prático depende, por sua vez, totalmente, do teorético,

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no sentido de que o homem tanto opera quanto conhece: virtuoso é o sábio,


malvado, o ignorante. O moralismo socrático é equilibrado pelo mais radical
intelectualismo, racionalismo, que está contra todo voluntarismo,
sentimentalismo, pragmatismo, ativismo.

A filosofia socrática, portanto, limita-se à gnosiologia e à ética, sem


metafísica. A gnosiologia de Sócrates, que se concretizava no seu
ensinamento dialógico, donde é preciso extraí-la, pode-se esquematicamente
resumir nestes pontos fundamentais: ironia, maiêutica, introspecção,
ignorância, indução, definição. Antes de tudo, cumpre desembaraçar o espírito
dos conhecimentos errados, dos preconceitos, opiniões; este é o momento da
ironia, isto é, da crítica. Sócrates, de par com os sofistas, ainda que com
finalidade diversa, reivindica a independência da autoridade e da tradição, a
favor da reflexão livre e da convicção racional. A seguir será possível realizar o
conhecimento verdadeiro, a ciência, mediante a razão. Isto quer dizer que a
instrução não deve consistir na imposição extrínseca de uma doutrina ao
discente, mas o mestre deve tirá-la da mente do discípulo, pela razão imanente
e constitutiva do espírito humano, a qual é um valor universal. É a famosa
maiêutica de Sócrates, que declara auxiliar os partos do espírito, como sua
mãe auxiliava os partos do corpo.

Esta interioridade do saber, esta intimidade da ciência - que não é


absolutamente subjetivista, mas é a certeza objetiva da própria razão -
patenteiam-se no famoso dito socrático "conhece-te a ti mesmo" que, no
pensamento de Sócrates, significa precisamente consciência racional de si
mesmo, para organizar racionalmente a própria vida. Entretanto, consciência
de si mesmo quer dizer, antes de tudo, consciência da própria ignorância inicial
e, portanto, necessidade de superá-la pela aquisição da ciência. Esta
ignorância não é, por conseguinte, ceticismo sistemático, mas apenas
metódico, um poderoso impulso para o saber, embora o pensamento socrático
fique, de fato, no agnosticismo filosófico por falta de uma metafísica, pois,
Sócrates achou apenas a forma conceptual da ciência, não o seu conteúdo.

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O procedimento lógico para realizar o conhecimento verdadeiro,


científico, conceptual é, antes de tudo, a indução: isto é, remontar do particular
ao universal, da opinião à ciência, da experiência ao conceito. Este conceito é,
depois, determinado precisamente mediante a definição, representando o ideal
e a conclusão do processo gnosiológico socrático, e nos dá a essência da
realidade.

A Moral

Como Sócrates é o fundador da ciência em geral, mediante a doutrina


do conceito, assim é o fundador, em particular da ciência moral, mediante a
doutrina de que eticidade significa racionalidade, ação racional. Virtude é
inteligência, razão, ciência, não sentimento, rotina, costume, tradição, lei
positiva, opinião comum. Tudo isto tem que ser criticado, superado, subindo até
à razão, não descendo até à animalidade como ensinavam os sofistas. É
sabido que Sócrates levava a importância da razão para a ação moral até
àquele intelectualismo que, identificando conhecimento e virtude bem como
ignorância e vício - tornava impossível o livre arbítrio. Entretanto, como a
gnosiologia socrática carece de uma especificação lógica, precisa - afora a
teoria geral de que a ciência está nos conceitos assim a ética socrática carece
de um conteúdo racional, pela ausência de uma metafísica. Se o fim do homem
for o bem realizando-se o bem mediante a virtude, e a virtude mediante o
conhecimento Sócrates não sabe, nem pode precisar este bem, esta felicidade,
precisamente porque lhe falta uma metafísica. Traçou, todavia, o itinerário, que
será percorrido por Platão e acabado, enfim, por Aristóteles. Estes dois
filósofos, partindo dos pressupostos socráticos, desenvolverão uma gnosiologia
acabada, uma grande metafísica e, logo, uma moral.

Escolas Socráticas Menores

A reforma socrática atingiu os alicerces da filosofia. A doutrina do


conceito determina para sempre o verdadeiro objeto da ciência: a indução
dialética reforma o método filosófico; a ética une pela primeira vez e com laços
indissolúveis a ciência dos costumes à filosofia especulativa. Não é, pois, de
admirar que um homem, já aureolado pela austera grandeza moral de sua vida,

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tenha, pela novidade de suas idéias, exercido sobre os contemporâneos


tamanha influência. Entre os seus numerosos discípulos, além de simples
amadores, como Alcibíades e Eurípedes, além dos vulgarizadores da sua
moral (socratici viri), como Xenofonte, havia verdadeiros filósofos que se
formaram com os seus ensinamentos. Dentre estes, alguns, saídos das
escolas anteriores não lograram assimilar toda a doutrina do mestre;
desenvolveram exageradamente algumas de suas partes com detrimento do
conjunto.

Sócrates não elaborou um sistema filosófico acabado, nem deixou algo


de escrito; no entanto, descobriu o método e fundou uma grande escola. Por
isso, dele depende, direta ou indiretamente, toda a especulação grega que se
seguiu, a qual, mediante o pensamento socrático, valoriza o pensamento dos
pré-socráticos desenvolvendo-o em sistemas vários e originais. Isto aparece
imediatamente nas escolas socráticas. Estas - mesmo diferenciando-se
bastante entre si - concordam todas pelo menos na característica doutrina
socrática de que o maior bem do homem é a sabedoria. A escola socrática
maior é a platônica; representa o desenvolvimento lógico do elemento central
do pensamento socrático o conceito juntamente com o elemento vital do
pensamento precedente, e culmina em Aristóteles, o vértice e a conclusão da
grande metafísica grega. Fora desta escola começa a decadência e
desenvolver-se-ão as escolas socráticas menores.

São fundadores das escolas socráticas menores, das quais as mais


conhecidas são:

1. A escola de Megara, fundada por Euclides (449-369), que tentou uma


conciliação da nova ética com a metafísica dos eleatas e abusou dos
processos dialéticos de Zenão.

2. A escola cínica, fundada por Antístenes (n. c. 445), que, exagerando


a doutrina socrática do desapego das coisas exteriores, degenerou, por último,
em verdadeiro desprezo das conveniências sociais. São bem conhecidas as
excentricidades de Diógenes.

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TEMAS DA FILOSOFIA

3. A escola cirenaica ou hedonista, fundada por Aristipo, (n. c. 425) que


desenvolveu o utilitarismo do mestre em hedonismo ou moral do prazer. Estas
escolas, que, durante o segundo período, dominado pelas altas especulações
de Platão e Aristóteles , verdadeiros continuadores da tradição socrática,
vegetaram na penumbra, mais tarde recresceram transformadas ou
degeneradas em outras seitas filosóficas. Dentre os herdeiros de Sócrates,
porém, o herdeiro genuíno de suas idéias, o seu mais ilustre continuador foi o
sublime Platão

Aristóteles

Aristóteles ( 384 a.C. – 322 a.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos,
como a física, a metafísica, a poesia, o teatro, a música, a lógica, a retórica, o
governo, a ética, a biologia e a zoologia.

Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é


visto como uma das figuras mais importantes, e um dos fundadores, da filosofia
ocidental. Seu ponto de vista sobre as ciências físicas influenciaram
profundamente o cenário intelectual medieval, e esteve presente até mesmo o
Renascimento embora eventualmente tenha vindo a ser substituída pela física
newtoniana. Nas ciências biológicas, a precisão de algumas de suas
observações foi confirmada apenas no século XIX. Suas obras contêm o
primeiro estudo formal conhecido da lógica, que foi incorporado posteriormente
à lógica formal. Na metafísica, o aristotelismo teve uma influência profunda no
pensamento filosófico e teológico nas tradições judaico-islâmicas durante a
Idade Média, e continua a influenciar a teologia cristã, especialmente a
ortodoxa oriental, e a tradição escolástica da Igreja Católica. Seu estudo da
ética, embora sempre tenha continuado a ser influente, conquistou um
interesse renovado com o advento moderno da ética da virtude. Todos os
aspectos da filosofia de Aristóteles continuam a ser objeto de um ativo estudo
acadêmico nos dias de hoje. Embora tenha escrito diversos tratados e diálogos
num estilo elegante (Cícero descreveu seu estilo literário como "um rio de

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TEMAS DA FILOSOFIA

ouro"), acredita-se que a maior parte de sua obra tenha sido perdida, e apenas
um terço de seus trabalhos tenham sobrevivido.

Apesar do alcance abrangente que as obras de Aristóteles gozaram


tradicionalmente, os acadêmicos modernos questionam a autenticidade de uma
parte considerável do corpus aristotélico.

Foi chamado por Augusto Comte de "o príncipe eterno dos verdadeiros
filósofos", por Platão de "O Leitor" (pela avidez com que lia e por se ter cercado
dos livros dos poetas, filósofos e homens da ciência contemporâneos e
anteriores) e, pelos pensadores árabes, de o "preceptor da inteligência
humana". Também era conhecido como O Estagirita, por sua terra natal,
Estagira.

Vida

Aristóteles era natural de Estagira, na Trácia, sendo filho de Nicômaco,


amigo e médico pessoal do rei macedônio Amintas III, pai de Filipe II. É
provável que o interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra da
atividade médica exercida pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez
gerações.

Segundo a compilação bizantina Suda, Nicômaco era descendente de


Nicômaco, filho de Macaão, filho de Esculápio.

Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual


e artístico da Grécia. Como muitos outros jovens da época, foi para lá
prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência dos
jovens: a escola de Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política,
e Platão e sua Academia, com preferência à ciência (episteme) como
fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não conhecesse
Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia
platônica e nela permaneceu vinte anos, até 347 a.C., ano que morreu Platão.

Com a morte do grande mestre e com a escolha do sobrinho de Platão,


Espeusipo, para a chefia da academia, Aristóteles partiu para Assos com

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alguns ex-alunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio:


Espeusipo representava uma tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a
matematização da filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado),
já que se julgava o mais apto para assumir a direção da Academia, no entanto
não assumira devido ao fato de que não era grego, era imigrante da
Macedônia.

Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda


de Hérmias, tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e
casou-se com Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles
partiu para Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte das
famosas investigações biológicas. No ano de 343 a.C. chamado por Filipe II,
tornou-se preceptor de Alexandre, função que exerceu até 336 a.C., quando
Alexandre subiu ao trono.

Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion, origem da


palavra Liceu cujos alunos ficaram conhecidos como peripatéticos (os que
passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre,
muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia
de Platão, o Liceu privilegiava as ciências naturais. Alexandre mesmo enviava
ao mestre exemplares da fauna e flora das regiões conquistadas. O trabalho
cobria os campos do conhecimento clássico de então, filosofia, metafísica,
lógica, ética, política, retórica, poesia, biologia, zoologia, medicina e
estabeleceu as bases de tais disciplinas quanto a metodologia científica.

Aristóteles dirigiu a escola até 324 a.C., pouco depois da morte de


Alexandre. Os sentimentos antimacedônicos dos atenienses voltaram-se contra
ele que, sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que a
cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento
de Sócrates). Deixou a escola aos cuidados do principal discípulo, Teofrasto
(372 a.C. - 288 a.C.) e retirou-se para Cálcis, na Eubéia. Nessa época,
Aristóteles já era casado com Hérpiles, uma vez que Pítias havia falecido
pouco tempo depois do assassinato de Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles,
teve uma filha e o filho Nicômaco. Morreu a 322 a.C.

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O pensamento aristotélico

A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia


aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o
ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A filosofia
pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das
filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para
fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.

Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da


filosofia. Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por
nossos sentidos, o mundo concreto , em constante mutação; e outro mundo
abstrato , o das ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e
independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende
a existência de um único mundo: este em que vivemos. O que está além de
nossa experiência sensível não pode ser nada para nós.

Lógica

Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as


ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio
formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente
para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do
universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o
universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão,
logicamente, também será.

Física

A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas


análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e
potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e
potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria se forma
com a ausência de movimento.

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TEMAS DA FILOSOFIA

Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de


acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois o ar;
depois a água e, por último, a terra.

Psicologia

A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma


(psykhé) e intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que
possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez,
não se restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além
dele.

O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe


possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma
é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e
plantas e também faz com que os animais sintam.

No homem, a alma, além de suas características vegetativas e


sensitivas, há também a característica da inteligência, que é capaz de
apreender as essências de modo independente da condição orgânica.

Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem.


Seria passiva, ao passo que o homem seria ativo.

Biologia

A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a


própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência.
Aristóteles foi o verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em conta o
sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino
animal.

Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais


recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um

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outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves


que vivem à beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.

Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos


científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a
ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes
marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento
histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia.

Metafísica

O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de


metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência
que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que
possuem fácil e imediata apreensão sensorial.

O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há


uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:

1. a ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;


2. a ciência que indaga o ente enquanto aquilo que o constitui, enquanto o
ser do ente;
3. a ciência que investiga as substâncias;
4. a ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede
o que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.

Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente


possuem especial importância na metafísica aristotélica.

As quatro causas

Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:

 A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por


exemplo);
 A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);

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 A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa


surge, como as mãos de quem trabalha a argila);
 A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos
para enfeitar um ambiente).

A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que


é como um artista que age no interior das coisas.

Essência e acidente

Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma


coisa.

A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá
identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como
sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de história ou
informações estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser
considerado um livro, pois o fato de ter uma história ou informações é o que
permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente
"maço de papel").

O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo
assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por
exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser
grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter,
necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor
o que ela é).

Potência, ato e movimento

Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma


coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência).
Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma
semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato,
também são em potência (pois uma árvore uma semente em ato - também é
uma folha de papel ou uma mesa em potência).

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A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica


com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência
alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa
alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que
Deus seria "Ato Puro".

Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum


movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse.
É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência
enquanto está em potência.

O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode


ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela
potência passiva).

Ética

No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata


na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não
se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que
pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que
constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar
a conquista da felicidade.

Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a


cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições
devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições
costumam estar afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o
ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A
virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo:
coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de
coragem) e a covardia (ausência de coragem).

As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais


sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em

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relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual,


que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida
moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a
contemplação aproxima o homem de Deus.

Política

Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética.


Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de
filosofia prática.

Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a


política se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da
política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições
capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a
constituição do estado.

Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da


época em que ele era preceptor de Alexandre, o Grande.

Direito

Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um


desdobramento da ética. O direito para Aristóteles é uma ciência dialética, por
ser fruto de teses ou hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas
principalmente pela aprovação da maioria.

Retórica

Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que


ela se constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de
argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica
é o entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se
subentende uma premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em
três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico
(ostentoso, demonstrativo).

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Poética

A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a


dramática: (tragédia e comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa
aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem
apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica
apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia
apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem
ressaltando seus vícios ou defeito.

Astronomia

O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca,


porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma
rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então
conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro
do sistema (sistema geocêntrico).

Os corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados


quatro elementos transformáveis (terra, água, ar, fogo), mas por um elemento
não transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos
objetos celestes seriam, além de naturais, eternos

Perda dos seus escritos

De acordo com a distinção que se origina com o próprio Aristóteles, seus


escritos são divididas em dois grupos: os "exotéricos" e os esotéricos". A
maioria dos estudiosos tem entendido isso como uma distinção entre as obras
de Aristóteles destinadas ao público (exotéricas), e os trabalhos mais técnicos
(esotéricos) destinados ao público mais restrito de estudantes de Aristóteles e
outros filósofos que estavam familiarizados com o jargão e as questões típicas
das escolas platônica e aristotélica. Outra suposição comum é que nenhuma
das obras exotéricas sobreviveu - todos os escritos de Aristóteles existentes
são do tipo esotérico.

O conhecimento atual sobre o que exatamente os escritos exotéricos


eram é escasso e duvidoso, apesar de muitos deles poderem ter sido em forma

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TEMAS DA FILOSOFIA

de diálogo. (Fragmentos de alguns dos diálogos de Aristóteles sobreviveram.)


Talvez seja a esses que Cícero refere-se quando ele caracteriza o estilo de
escrita de Aristóteles como "um rio de ouro"; é difícil para muitos leitores
modernos aceitar que alguém poderia tão seriamente admirar o estilo daquelas
obras atualmente disponíveis para nós. No entanto, alguns estudiosos
modernos têm advertido que não podemos saber ao certo se o elogio de
Cícero foi dirigido especificamente para as obras exotéricas; alguns estudiosos
modernos têm realmente admirado o estilo de escrita concisa encontrado nas
obras existentes de Aristóteles

1.3. Período Da Filosofia Medieval


Essência: conciliar fé com razão.

Representantes: São Justino (165 d.C.), Tertuliano (nasc. 155 d.C.), Santo
Agostinho (354-430), Santo Anselmo (1033-1109), Pedro Abelardo (1079-
1142), Santo Tomás de Aquino (1221-1274), John Duns Scot (1270-1308) e
Guilherme Ockham (1229-1350)

Gregório (2006) relata que na Idade Média não existia uma Filosofia, mas
correntes de opiniões, doutrinas e teorias, denominadas de Escolástica. Santo
Tomás de Aquino e Santo Agostinho são seus principais representantes.
Buscava-se conciliar fé com razão. O método utilizado é o da disputa:
baseando-se no silogismo aristotélico, partiam de uma intuição primária e,
através da controvérsia, caminhavam até às últimas conseqüências do tema
proposto. A finalidade era o desenvolvimento do raciocínio lógico.

1) SANTO AGOSTINHO

Santo Agostinho (354-430), influenciado por Platão, é o pensador que mais se


destaca nesse período.

Deixou formulado indicando o caminho para a sua solução - o problema


das relações entre a Razão e Fé, que será o problema fundamental da

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TEMAS DA FILOSOFIA

escolástica medieval. Ao mesmo tempo demonstra claramente sua vocação


filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente
penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma. Entretanto,
defronta-se com um primeiro obstáculo no caminho da verdade: a dúvida
cética, largamente explorada pelos acadêmicos. Como a superação dessa
dúvida é condição fundamental para o estabelecimento de bases sólidas para o
conhecimento racional, Santo Agostinho, antecipando o cogito cartesiano,
apelará para as evidências primeiras do sujeito que existe, vive, pensa e
duvida.

Em relação ao platonismo, o posicionamento de Santo Agostinho não é


meramente passivo, pois o reinterpreta para conciliá-lo com os dogmas do
cristianismo, convencido de que a verdade entrevista por Platão é a mesma
que se manifesta plenamente na revelação cristã. Assim, apresenta uma nova
versão da teoria das idéias, modificando-a em sentido cristão, para explicar a
criação do mundo.

Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as


idéias divinas. Essas idéias ou razões não existem em um mundo à parte,
como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o
testemunho da Bíblia. (Rezende, 1996).

2) SANTO TOMÁS DE AQUINO

Santo Tomás de Aquino (1221-1274), influenciado por Aristóteles, é o


pensador que mais se destaca na Escolástica.

Santo Tomás representa o apogeu da escolástica medieval na medida em


que conseguiu estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a
Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando
necessariamente. Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus,
por exemplo. Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo
que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação.

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TEMAS DA FILOSOFIA

Há distinção, mas não oposição entre as verdades da razão e as da


revelação, pois a razão humana é uma expressão imperfeita da razão divina,
estando-lhe subordinada. Por isso o conteúdo das verdades reveladas pode
estar acima da capacidade da razão natural, mas nunca pode ser contrário a
ela. (Rezende, 1996, p. 81).

1.4. Período da Filosofia Moderna

A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente


compreendido entre a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos (1453)
e a eclosão da Revolução Francesa (1789). Neste período a importância do
indivíduo, e menos da Igreja foi reconhecida pela sociedade ocidental e por
seus líderes. O descobrimento das Américas também tem sua parte nesta
mudança progressiva. a Europa Ocidental, esta é uma época marcada pelas
viagens das Descobertas, pelo Renascimento, pela Reforma, pela afirmação do
poder centralizador das monarquias, pelos avanços do espírito científico, do
racionalismo e também pela histeria de caça às bruxas (antes atribuída ao
período medieval).Tem sido propostas outras datas para o início deste período,
como a conquista de Ceuta pelos portugueses em 1415, a viagem de Cristóvão
Colombo ao continente americano em 1492 ou a viagem à Índia de Vasco da
Gama em 1497.Algumas correntes historiográficas anglo-saxónicas preferem
trabalhar com o conceito de "Tempos Modernos", entendido como um período
não acabado, introduzindo nele subdivisões entre Early Modern Times (mais
antiga) e Later Modern Times (mais recente), ou então procedem a uma divisão
entre sociedades pré-industriais e sociedades industriais.

A noção de Idade Moderna tende a ser desvalorizada pela historiografia


marxista, que prolonga a Idade Média até ao advento das revoluções liberais e
ao fim do regime senhorial na Europa.

Devido a ampla ação das Cruzadas, que expandiram o comercio na


Europa.

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TEMAS DA FILOSOFIA

Representantes: Giordano Bruno (1548-1600), Galileu Galilei (1564-


1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650), John Locke
(1632-1704), Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), Diderot (1713-
1784), d’Alembert (1717-1783), Rousseau (1712-1778) e Adam Smith (1723-
1790), George Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776), Immanuel Kant
(1724-1804)

Immanuel Kant

Emanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724, Königsberg, 12 de


fevereiro de 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o
último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos
seus pensadores mais influentes.

Depois de um longo período como professor secundário de geografia,


começou em 1755 a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em
1770 foi nomeado professor catedrático da Universidade de Königsberg, cidade
da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada
aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física,
matemática, etc.

Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo


continental (de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de
raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John
Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução).

Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo


transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que
não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais
seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da
natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes
do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. No
entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas
contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo.

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TEMAS DA FILOSOFIA

Kant é também conhecido pela filosofia moral e pela proposta, a primeira


moderna, de uma teoria da formação do sistema solar, conhecida como a
hipótese Kant-Laplace.

A menoridade humana

O filosofo alemão Immanuel Kant define a palavra esclarecimento como


a saída do homem de sua menoridade. Segundo esse pensador, o homem é
responsável por sua saída da menoridade. Kant define essa menoridade como
a incapacidade do homem de fazer uso do seu próprio entendimento.

A permanência do homem na menoridade se deve ao fato de ele não


ousar pensar. A covardia e a preguiça são as causas que levam os homens a
permanecerem na menoridade. Um outro motivo é o comodismo. É bastante
cômodo permanecer na área de conforto. É cômodo que existam pessoas e
objetos que pensem e façam tudo e tomem decisões em nosso lugar. É mais
fácil que alguém o faça, do que fazer determinado esforço, pois já existem
outros que podem fazer por mim. Os homens quando permanecem na
menoridade, são incapazes de fazer uso das próprias pernas,são incapazes de
tomar suas próprias decisões e fazer suas próprias escolhas.

Em seu texto O que é ilustração, Kant sintetiza seu otimismo iluminista


em relação à possibilidade de o homem seguir por sua própria razão, sem
deixar enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias. Nele, descreve o
processo de ilustração como sendo "a saída do homem de sua menoridade",
ou seja, um momento em que o ser humano, como uma criança que cresce e
amadurece, se torna consciente da força e inteligência para fundamentar a sua
própria maneira de agir, sem a doutrina ou tutela de outrem.

Kant afirma que é difícil para o homem sozinho livrar-se dessa


menoridade, pois ela se apossou dele como uma segunda natureza. Aquele
que tentar sozinho terá inúmeros impedimentos, pois seus tutores sempre
tentarão impedir que ele experimente tal liberdade. Para Kant, são poucos

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TEMAS DA FILOSOFIA

aqueles que conseguem pelo exercício do próprio espírito libertar-se da


menoridade.

Vida

Kant nasceu, viveu e morreu em Königsberg (atual Kaliningrado), na


altura pertencente à Prússia. Foi o quarto dos nove filhos de Johann Georg
Kant, um artesão fabricante de correias (componente das carroças de então) e
da mulher Regina. Nascido numa família protestante (Luterana), teve uma
educação austera numa escola pietista, que frequentou graças à intervenção
de um pastor. Ele próprio foi um cristão devoto por toda a sua vida.

Passou grande parte da juventude como estudante, sólido mas não


espetacular, preferindo o bilhar ao estudo. Tinha a convicção curiosa de que
uma pessoa não podia ter uma direcção firme na vida enquanto não atingisse
os 39 anos. Com essa idade, era apenas um metafísico menor numa
universidade prussiana, mas foi então que uma breve crise existencial o
assomou. Pode argumentar-se que teve influência na posterior direção.

Kant foi um respeitado e competente professor universitário durante


quase toda a vida, mas nada do que fez antes dos 50 anos lhe garantiria
qualquer reputação histórica. Nunca deixou a Prússia e raramente saiu da
cidade natal. Apesar da reputação que ganhou, era considerado uma pessoa
muito sociável: recebia convidados para jantar com regularidade, insistindo que
a companhia era boa para a constituição física.

Por volta de 1770, com 46 anos, Kant leu a obra do filósofo escocês
David Hume. Hume é por muitos considerados um empirista ou um cético,
muitos autores o consideram um naturalista.

Kant sentiu-se profundamente inquietado. Achava o argumento de Hume


irrefutável, mas as conclusões inaceitáveis. Durante 10 anos não publicou nada
e, então, em 1781 publicou o massivo "Crítica da Razão Pura", um dos livros
mais importantes e influentes da moderna filosofia. Neste livro, ele desenvolveu
a noção de um argumento transcendental para mostrar que, em suma, apesar

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TEMAS DA FILOSOFIA

de não podermos saber necessariamente verdades sobre o mundo "como ele é


em si", estamos forçados a percepcionar e a pensar acerca do mundo de
certas formas: podemos saber com certeza um grande número de coisas sobre
"o mundo como ele nos aparece". Por exemplo, que cada evento estará
causalmente conectado com outros, que aparições no espaço e no tempo
obedecem a leis da geometria, da aritmética, da física, etc.

Nos próximos vinte anos, até a morte em 1804, a produção de Kant foi
incessante. O seu edifício da filosofia crítica foi completado com a Crítica da
Razão Prática, que lidava com a moralidade de forma similar ao modo como a
primeira crítica lidava com o conhecimento; e a Crítica do Julgamento, que
lidava com os vários usos dos nossos poderes mentais, que não conferem
conhecimento factual e nem nos obrigam a agir: o julgamento estético (do Belo
e Sublime) e julgamento teleológico (Construção de Coisas Como Tendo
"Fins"). Como Kant os entendeu, o julgamento estético e teleológico conectam
os nossos julgamentos morais e empíricos um ao outro, unificando o seu
sistema.

Uma das obras, em particular, atinge hoje em dia grande destaque entre
os estudiosos da filosofia moral. A Fundamentação da Metafísica dos
Costumes é considerada por muitos filósofos a mais importante obra já escrita
sobre a moral. É nesta obra que o filósofo delimita as funções da ação
moralmente fundamentada e apresenta conceitos como o "Imperativo
categórico" e a "Boa vontade".

Os trabalhos de Kant são a sustentação e ponto de início da moderna


filosofia alemã; como diz Hegel, frutificou com força e riqueza só comparáveis à
do socratismo na história da filosofia grega. Fichte, Hegel, Schelling,
Schopenhauer, para indicar apenas os maiores, inscrevem-se na linhagem
desse pensamento que representa um etapa decisiva na história da filosofia e
está longe de ter esgotado a sua fecundidade.

Kant escreveu alguns ensaios medianamente populares sobre história,


política e a aplicação da filosofia à vida. Quando morreu, estava a trabalhar
numa projetada "quarta crítica", por ter chegado à conclusão de que seu

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TEMAS DA FILOSOFIA

sistema estava incompleto; este manuscrito foi então publicado como Opus
Postumum. Morrera em 12 de fevereiro de 1804 na mesma cidade que nascera
e permanecera durante toda sua vida.

Filosofia

Na "Crítica da Razão Pura"

O trabalho filosófico de Kant está na confluência do racionalismo, do


empirismo inglês (David Hume) e a ciência física-matemática de Isaac Newton.
Seu caminho histórico está assinalado pelo governo de Frederico II, a
independência americana e a Revolução Francesa.

As questões de partida do Kantismo são o problema do conhecimento, e


a ciência, tal como existe. A ciência se arranja de juízos que podem ser
analíticos e sintéticos. Nos primeiros (o quadrado tem quatro lados e quatro
ângulos internos), fundados no princípio de identidade, o predicado aponta um
atributo contido no sujeito. Tais juízos independem da experiência, são
universais e necessários. Os sintéticos, a posteriori resultam da experiência e
sobrepõem ao sujeito no predicado um atributo que nele não se acha
previamente contido (o calor dilata os corpos ), sendo, por isso, privados e
incertos.

Uma indagação eminente que o levara à sintetização do pensar: Que


juízos constituem a ciência físico matemática? Caso fossem analíticos, a
ciência sempre diria o mesmo (e não é assim), e, se fossem sintéticos um
hábito sem fundamento (o calor dilata os corpos porque costuma dilatá-los). Os
juízos da ciência devem ser, ao mesmo tempo, a priori, quer dizer, universais e
necessários, e sintéticos objetivos, fundados na experiência. Trata-se pois, de
saber como são possíveis os juízos sintéticos a priori na matemática e na
física, ("Estética transcendental" e "Analítica transcendental"), e se são
possíveis na metafísica ("Dialética transcendental", partes da Crítica da razão
pura).

Para os juízos sintéticos a priori são admissíveis na matemática porque


essa ciência se fundamenta no espaço e no tempo, formas a priori da

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TEMAS DA FILOSOFIA

sensibilidade, intuições puras e não conceitos de coisas como objetos. O


espaço é a priori, não deriva da experiência, mas é sua condição de
possibilidade. Podemos pensar o espaço sem coisas, mas não coisa sem
espaço. O espaço é o objeto de intuição e não conceito, pois não podemos ter
intuição do objeto de um conceito (pedra, carro, cavalo, etc.), gênero ou
espécie. Ora, o espaço não é nem uma coisa nem outra, e só há um espaço (o
nada, referindo ao espaço).

Na apresentação "transcendental" do espaço, Kant determina as


condições subjetivas ou transcendentais da objetividade. Se o conhecimento é
relação, ou relacionamento (do sujeito com o objeto), não, pode conhecer as
coisas "em si", mas "para nós".

A geometria pura, quando aplicada, coincide totalmente com a


experiência, porque o espaço é a forma a priori da sensibilidade externa. O
tempo é, também, a priori. Podemos concebê-lo sem acontecimentos, internos
ou externos, mas não podemos conceber os acontecimentos fora do tempo.
Objeto de intuição, não pode ser conceito. Forma vazia, intuição pura, torna
possíveis por exemplo os juízos sintéticos a priori na aritmética, cujas
operações (soma, subtração, etc.), ocorrendo sucessivamente, o pressupõem.
O tempo é, pois, a forma a priori da sensibilidade interna e externa.

Esse privilégio explica a compenetração da geometria e da aritmética. A


geometria analítica (Descartes) permite reduzir as figuras a equações e vice-
versa. O cálculo infinitesimal (Leibniz) arremata essa compenetração definindo
a lei de desenvolvimento de um ponto em qualquer direção do espaço. A
matemática é pois, um conjunto de leis a priori, que coincidem com a
experiência e a tornam cognoscível.

As condições de possibilidade do conhecimento sensível são, portanto,


as formas a priori da sensibilidade. Não existe a "coisa em si". Se existisse não
se poderia a conhecer enquanto tal, e nada se poderia dizer a seu respeito. Só
é possível conhecer coisas extensas no espaço e sucessivas no tempo,
enquanto se manifestam, ou aparecem, ou seja, "fenômenos,

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TEMAS DA FILOSOFIA

Na "analítica transcendental", Kant analisa a possibilidade dos juízos


sintéticos a priori na física. Compreendemos que a natureza é regida por leis
matemáticas que ordenam com rigor o comportamento das coisas (o que
permite ciências como engenharia, etc., serem possíveis o determinismo com
certa regularidade). Não há como saber das coisas com apenas percepções
sensíveis, impressões. Há um conhecimento a priori da natureza. A função
principal dos juízos da natureza. Ora, a função principal dos juízos é pôr,
colocar a realidade e, em seguida, determiná-la. As diversas formas do juízo
deverão, portanto, conter as diversas formas da realidade.

Essa formas estão estudadas desde Aristóteles, que as classifica de


acordo com a quantidade, a qualidade, a relação e a modalidade. Na "Dedução
transcendental" das categorias, Kant volta a classificação aristotélica, dando-
lhe novo sentido. Assim, à quantidade, correspondem a unidade, a pluralidade
e a totalidade; à qualidade a essência, a negação e a limitação; a relação a
substância, a causalidade e a ação recíproca; à modalidade, a possibilidade, a
existência e a necessidade.

Tais categorias são as condições de possibilidade dos juízos sintéticos a


priori em física. As condições do conhecimento são, enfim, como se acabe de
ver, as condições prévias da objetividade. A ciência da natureza postula a
existência de objetos, sua consistência e as relações de causa e efeito. Se as
categorias universais, particulares e contingentes, devem proceder de nós
mesmos, de nosso entendimento.

Em tal descoberta consiste a "inversão copernicana", realizada por Kant.


Não é o objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que determina o objeto.
As categorias são conceitos, todavia, puros, a priori, anteriores à experiência e
que, por isso, a tornam possível. Em suma, o objeto só se torna cognoscível na
medida em que o sujeito que determina o objeto. Em suma, o objeto só se
torna cognoscível na medida em que o sujeito cognoscente o reveste das
condições de cognoscibilidade.

Na "dialética transcendental", finalmente Kant examina a possibilidade


dos juízos sintéticos a priori na metafísica. A "coisa em si" (alma, Deus,

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TEMAS DA FILOSOFIA

essência do cosmos, etc.), não nos é dada em experiência alguma. Ora, como
chega a razão a formar esses objetos? Sintetizando além da experiência,
fazendo a síntese das sínteses, porque aspira ao infinito, ao incondicionado, ao
absoluto. Nas célebres, "antinomias", Kant mostra que a razão pura demonstra,
"indiferentemente", a finitude e a infinitude do universo, a liberdade e o
determinismo, a existência e a inexistência de Deus. Ultrapassando os limites
da experiência, aplica arbitrariamente as categorias e pretende conhecer o
incognoscível. A metafísica é impossível como ciência, pois não se pode
chegar mais, além disso.

Juízo Estético de Kant

O juízo estético é abordado no livro Crítica da Faculdade do Juízo. De


acordo com Kant para se ter uma investigação crítica a respeito do belo,
devemos estar orientados pelo poder de julgar. E a indagação básica que move
essa investigação crítica a respeito do belo é: existe algum valor universal que
conceitue o belo e que reivindique que outras pessoas, a partir da minha
apreciação de uma forma bela da natureza ou da arte, confirmem essa
posição? Ou então somos obrigados a admitir que todo objeto que julgamos
como sendo belo é uma valoração subjetiva?

O poder de julgar, pertencendo a todo sujeito, é universal e congraça o


julgamento estético, especulativo e prático. Portanto a investigação crítica que
Kant se refere diz respeito às possibilidades e limitações das faculdades
subjetivas que agem sob princípios formulados e que pertencem à essência do
pensamento.

Como podemos desnudar o fenômeno que explica o nosso gosto? Se


fizermos uma experiência com vários indivíduos e o defrontarmos com um
objeto de arte, observaremos que as impressões causadas serão as mais
diversas. Então chegaremos à conclusão de que a observação atenta e
valorativa daquele objeto, somada as diferentes opiniões que foram
apresentadas pelos indivíduos, nos dá respaldo para afirmar que o gosto tem
que ser discutido. Para Kant apenas sobre gosto se discute, ao passo que,
representa uma reivindicação para tornar universal um juízo subjetivo.

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TEMAS DA FILOSOFIA

A universalidade do juízo estético é detectada por envolver um exercício


persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela determinada forma
da natureza ou da arte é bela. E, dessa forma, torna aquele valor universal. Os
sujeitos têm em comum um princípio de avaliação moral livre que determina a
avaliação estética e, portanto, julga o belo como universal.

O juízo estético está relacionado ao prazer ou desprazer que o objeto


analisado nos imprime e, como se refere Kant, o belo "é o que agrada
universalmente, sem relação com qualquer conceito". Essa situação fica bem
evidente quando visitamos um museu. Digamos que essa experiência fosse
realizada no Museu do Louvre, em Paris, com o quadro Monalisa. Se nos
colocarmos como observador, perceberemos que os mais diversos
comentários serão tecidos a cerca dessa obra tão famosa.

Detendo-nos na análise dos comentários favoráveis notaremos que,


ratificando Kant, o belo não está arraigado em nenhum conceito. Pois, dos
vários indivíduos que vão apreciar a obra de Leonardo da Vinci, encontraremos
desde pessoas especializadas em arte até leigos, como eu ou você, que vão
empregar cada qual um conceito, de acordo com a percepção, após a
contemplação da Monalisa. Então isso comprova que não existe uma definição
exata a cerca do belo, mas sim um sentimento que é universal e necessário.

Filosofia de Kant em geral

Apesar de ter adaptado a ideia de uma filosofia crítica, cujo objectivo


primário era "criticar" as limitações das nossas capacidades intelectuais, Kant
foi um dos grandes construtores de sistemas, levando a cabo a ideia de crítica
nos seus estudos da metafísica, ética e estética.

Uma citação famosa "o céu estrelado por sobre mim e a lei moral dentro
de mim" - é um resumo dos seus esforços: ele pretendia explicar, numa teoria
sistemática, aquelas duas áreas. Isaac Newton tinha desenvolvido a teoria da
física sob a qual Kant queria edificar a filosofia. Esta teoria envolvia a assunção
de forças naturais de que os homens não se apercebem, mas que são usadas
para explicar o movimento de corpos físicos.

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TEMAS DA FILOSOFIA

O seu interesse na ciência também o levou a propor em 1755 que o


sistema solar fora criado a partir de uma nuvem de gás na qual os objectos se
condensaram devido à gravidade. Esta Hipótese Nebular é amplamente
reconhecida como a primeira teoria moderna da formação do sistema solar e é
precursora das atuais teorias da formação estelar.

Metafísica e epistemologia de Kant

O livro mais lido e mais influente de Kant é a Crítica da Razão Pura


(1781). De acordo com o próprio autor, a obra, também conhecida como
"primeira crítica", é resultado da leitura de Hume e do seu despertar do sono
dogmático, a saber: Kant se perguntou como são possíveis juízos sintéticos a
priori? Para responder a essa pergunta, Kant escreveu esse livro portentoso,
de mais de 800 páginas.

Na primeira crítica, Kant vai mostrar que tempo e espaço são formas
fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que existem como
ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.

Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e que não tem
extensão no espaço.[2] A mente humana não pode produzir tal ideia. Nada pode
ser percebido excepto através destas formas, e os limites da física são os
limites da estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos
conhecer fora do espaço e do tempo.

Mas além das formas da sensibilidade, Kant vai nos dizer que há
também o entendimento, que seria uma faculdade da razão. O entendimento
nos fornece as categorias com as quais podemos operar as sínteses do diverso
da experiência.

Assim, como são possíveis juízos sintéticos a priori? São possíveis


porque há uma faculdade da razão -o entendimento que nos fornece categorias
a priori - como causa e efeito - que nos permitem emitir juízos sobre o mundo.

Contudo, diz Kant, as categorias são próprias do conhecimento da


experiência. Elas não podem ser empregadas fora do campo da experiência.

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TEMAS DA FILOSOFIA

Daí porque, na filosofia crítica de Kant, não nos é possível conhecer a coisa em
si, ou aquilo que não está no campo fenomenológico da experiência.

Na perspectiva de Kant, há, por isso, o conhecimento a priori de


algumas coisas, uma vez que a mente tem que ter estas categorias, de forma a
poder compreender a massa sussurrante de experiência crua, não-interpretada
que se apresenta às nossas consciências. Em segundo lugar, ela remove o
mundo real (a que Kant chamou o mundo numenal ou númeno) da arena da
percepção humana.

Kant denominou a filosofia crítica de "idealismo transcendental". Apesar


da interpretação exacta desta frase ser contenciosa, uma maneira de a
compreender é através da comparação de Kant, no segundo prefácio à "Crítica
da Razão Pura", da filosofia crítica com a revolução copernicana na
astronomia.

Tal como Copérnico revolucionou a astronomia ao mudar o ponto de


vista, a filosofia crítica de Kant pergunta quais as condições a priori para que o
nosso conhecimento do mundo se possa concretizar.

O idealismo transcendental descreve este método de procurar as


condições da possibilidade do nosso conhecimento do mundo. Mas esse
idealismo transcendental de Kant deverá ser distinguido de sistemas idealistas,
como os de Berkeley. Enquanto Kant acha que os fenómenos dependem das
condições da sensibilidade, espaço e tempo, esta tese não é equivalente à
dependência-mental no sentido do idealismo de Berkeley.

Para Berkeley, uma coisa é um objecto apenas se puder ser


percepcionada. Para Kant, a percepção não é o critério da existência dos
objectos. Antes, as condições de sensibilidade - espaço e tempo - oferecem as
"condições epistêmicas", para usar a frase de Henry Allison, requeridas para
que conheçamos objectos no mundo dos fenómenos. Kant tinha querido
discutir os sistemas metafísicos mas descobriu "o escândalo da filosofia": não
se pode definir os termos correctos para um sistema metafísico até que se
defina o campo, e não se pode definir o campo até que se tenha definido o

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TEMAS DA FILOSOFIA

limite do campo da física - física, no sentido de discussão do mundo


perceptível.

Kant afirma, em síntese, que não somos capazes de conhecer


inteiramente os objetivos reais e que o nosso conhecimento sobre os objetos
reais é apenas fruto do que somos capazes de pensar sobre eles.

Filosofia Moral

Immanuel Kant desenvolve a filosofia moral em três obras:


Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), Crítica da razão prática
(1788) e Metafísica dos costumes (1798).

Nesta área, Kant é provavelmente mais bem conhecido pela teoria sobre
uma obrigação moral única e geral, que explica todas as outras obrigações
morais que temos: o imperativo categórico.

O imperativo categórico, em termos gerais, é uma obrigação


incondicional, ou uma obrigação que temos independentemente da nossa
vontade ou desejos (em contraste com o imperativo hipotético).

As nossas obrigações morais podem ser resultantes do imperativo


categórico. O imperativo categórico pode ser formulado em três formas, que ele
acreditava serem mais ou menos equivalentes (apesar de opinião contrária de
muitos comentadores):

 A primeira formulação (a fórmula da lei universal) diz: "Age somente em


concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo
tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal".
 A segunda fórmula (a fórmula da humanidade) diz: "Age por forma a
que uses a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra,
sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio".
 A terceira fórmula (a fórmula da autonomia) é uma síntese das duas
prévias. Diz que deveremos agir por forma a que possamos pensar de
nós próprios como leis universais legislativas através das nossas

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TEMAS DA FILOSOFIA

máximas. Podemos pensar em nós como tais legisladores autônomos


apenas se seguirmos as nossas próprias leis.

René Descartes

René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596


Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650) foi um filósofo, físico e matemático
francês. Durante a Idade Moderna também era conhecido por seu nome latino
Renatus Cartesius.

Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na


ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão
da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema
de coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, ele foi uma das figuras-
chave na Revolução Científica.

Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o


"pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais
importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou
contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da
filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores
supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que a partir
de Descartes inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna. Décadas mais
tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas, um movimento filosófico que, de certa
forma, seria o seu oposto - o empirismo, com John Locke e David Hume.

Vida

René Descartes nasceu no ano de 1596 em La Haye (hoje Descartes),


no departamento francês de Indre-et-Loire. Com oito anos, ingressou no
colégio jesuíta Royal Henry-Le-Grand, em La Flèche. O curso em La Flèche
durava três anos, tendo Descartes sido aluno do Padre Estevão de Noel, que
lia Pedro da Fonseca nas aulas de Lógica, a par dos Commentarii. Descartes
reconheceu que lá havia certa liberdade, no entanto no seu Discurso sobre o

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método declara a sua decepção não com o ensino da escola em si mas com a
tradição Escolástica, cujos conteúdos considerava confusos, obscuros e nada
práticos. Em carta a Mersenne, diz que "os Conimbres são longos, sendo bom
que fossem mais breves. Crítica, aliás, já então corrente, mesmo nas escolas
da Companhia de Jesus". Descartes esteve em La Flèche por cerca de nove
anos (1606-1615). "Descartes não mereceu, como se sabe, a plena admiração
dos escolares jesuítas, que o consideravam deficiente filósofo". Prosseguiu
depois seus estudos graduando-se em Direito, em 1616, pela Universidade de
Poitiers.

No entanto, Descartes nunca exerceu o Direito, e em 1618 alistou-se no


exército do Príncipe Maurício de Nassau, com a intenção de seguir carreira
militar. Mas se achava menos um ator do que um espectador: antes ouvinte
numa escola de guerra do que verdadeiro militar. Conheceu então Isaac
Beeckman que o influenciou fortemente e compôs um pequeno tratado sobre
música intitulado Compendium Musicae (Compêndio de Música).

Também é dessa época (1619-1620) o Larvatus prodeo (Ut comœdi,


moniti ne in fronte appareat pudor, personam induunt, sic ego hoc mundi
teatrum conscensurus, in quo hactenus spectator exstiti, larvatus prodeo. Esta
declaração do jovem Descartes no preâmbulo das Cogitationes Privatae (1619)
é interpretada como uma confissão que introduz o tema da dissimulação, e,
segundo alguns, marca uma estratégia de separação entre filosofia e teologia.
Jean-Luc Marion, em seu artigo Larvatus pro Deo : Phénoménologie et
théologie refere-se à abordagem dionisíaca do homem escondido diante de
deus (larvatus pro Deo) como justificativa teológica do filósofo que avança
mascarado (larvatus prodeo).

Em 1619, viaja até a Alemanha, onde, no dia 10 de Novembro, teve uma


visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Em 1622, ele
retorna à França passando os seguintes anos em Paris.

Em 1628 compõe as Regulae ad directionem ingenii (Regras para a


Direção do Espírito) e parte para os Países Baixos onde viverá até 1649. Em
1629, começa a redigir o Tratado do Mundo, uma obra de Física, na qual

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TEMAS DA FILOSOFIA

aborda a sua tese sobre o heliocentrismo. Porém, em 1633, quando Galileu é


condenado pela Inquisição, Descartes abandona seus planos de publicá-lo. Em
1635 nasce Francine, filha de uma serviçal. A criança é batizada no dia 7 de
Agosto de 1635 mas morre precocemente em 1640, o que foi um grande baque
para Descartes.

Em 1637, publica três pequenos tratados científicos: A Dióptrica, Os


Meteoros e A Geometria, mas o prefácio dessas obras é que faz seu futuro
reconhecimento: o Discurso sobre o método.

Em 1641, aparece sua obra filosófica e metafísica mais imponente: as


Meditações Sobre a Filosofia Primeira, com os primeiros seis conjuntos de
Objeções e Respostas. Os autores das objeções são: do primeiro conjunto, o
teólogo holandês Johan de Kater; do segundo, Mersenne; do terceiro, Thomas
Hobbes; do quarto, Arnauld; do quinto, Gassendi; e do sexto conjunto,
Mersenne.

Em 1642, a segunda edição das Meditações incluía uma sétima objeção,


feita pelo jesuíta Pierre Bourdin, seguida de uma Carta a Dinet.

Em 1643, o cartesianismo é condenado pela Universidade de Utrecht.


Descartes inicia a sua longa correspondência com a Princesa Isabel (1618 –
1680), filha mais velha de Frederico V e de Isabel da Boémia. A
correspondência deverá durar sete anos, até a morte do filósofo, em 1650.

Também no ano de 1643, Descartes publica Os Princípios da Filosofia,


onde resume seus princípios filosóficos que formariam "ciência". Em 1644, faz
uma visita rápida a França onde encontra Chanut, o embaixador francês junto à
corte sueca, que o põe em contato com a rainha Cristina da Suécia. Nesta
ocasião, Descartes teria declarado que o Universo é totalmente preenchido por
um "éter" onipresente. Assim, a rotação do Sol, através do éter, criaria ondas
ou redemoinhos, explicando o movimento dos planetas, tal qual uma batedeira.
O éter também seria o meio pelo qual a luz se propaga, atravessando-o pelo
espaço, desde o Sol até nós.

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TEMAS DA FILOSOFIA

Em 1647 Descartes é premiado pelo Rei da França com uma pensão e


começa a trabalhar na Descrição do Corpo Humano. Entrevista Frans Burman
em Egmond-Binnen (1648), resultando na Conversa com Burman. Em 1649,
vai à Suécia, a convite da Rainha Cristina. Seu Tratado das Paixões, que ele
dedicou a sua amiga Isabel da Boêmia, fora publicado.

René Descartes morreu de pneumonia no dia 11 de Fevereiro de 1650,


em Estocolmo, onde estava trabalhando como professor a convite da Rainha.
Acostumado a trabalhar na cama até meio-dia, há de ter sofrido com as
demandas da Rainha Christina, cujos estudos começavam às 5 da manhã.
Como um católico num país protestante, ele foi enterrado num cemitério de
crianças não batizadas, na Adolf Fredrikskyrkan, em Estocolmo.

Em 1667, os restos de Descartes foram repatriados para a França e


enterrados na Abadia de Sainte-Geneviève de Paris. Um memorial construído
no século XVIII permanece na igreja sueca.

Embora a Convenção, em 1792, tenha projetado a transferência do seu


túmulo para o Panthéon, ao lado de outras grandes figuras da França, desde
1819, seu túmulo está na Igreja de Saint-Germain-des-Prés, em Paris.

A vila no vale do Loire onde ele nasceu foi renomeada La Haye-


Descartes e, posteriormente, já no final do século XX, Descartes.

Pensamento

O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade


feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte
e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento".
Aristóteles tinha deixado um legado intelectual que o clero se encarregava de
disseminar.

Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre


Protestantes e Católicos na Europa a Guerra dos Trinta Anos. Viajou muito e

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TEMAS DA FILOSOFIA

viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias.


Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é considerado ridículo,
disparatado e falso em outros lugares.

Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição


"cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que
acreditam.

O primeiro pensador moderno

Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno. A sua contribuição


à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter
estabelecido um método que ajudou no seu desenvolvimento. Descartes criou,
em suas obras Discurso sobre o método e Meditações a primeira escrita em
francês, a segunda escrita em latim, língua tradicionalmente utilizada nos
textos eruditos de sua época as bases da ciência contemporânea.

O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico que nada tem


a ver com a atitude cética: duvida-se de cada ideia que não seja clara e
distinta. Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam
que as coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim
deve ser etc., Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo
que puder ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Baseado nisso,
Descartes busca provar a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é
sujeito de algo - ego cogito ergo sum- eu que penso, logo existo) e de Deus.

Também consiste o método de quatro regras básicas:

 verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno


ou coisa estudada;
 analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades mais
simples e estudar essas coisas mais simples;
 sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um
todo verdadeiro;

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TEMAS DA FILOSOFIA

 enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a


ordem do pensamento.

Em relação à Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou


muitos, até ser superada pela metodologia de Newton. Ele sustentava, por
exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Acreditava que
a matéria não possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas
qualidades primarias de extensão e movimento.

Ele dividia a realidade em res cogitans (consciência, mente) e res extensa


(matéria). Acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito
mecanismo de moção vertical e que funcionava deterministicamente sem
intervenção desde então.

Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da


geometria analítica. Até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como
ramos completamente separados da Matemática. Descartes mostrou como
traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas
através de um sistema de coordenadas.

A teoria de Descartes forneceu a base para o Cálculo de Newton e Leibniz,


e então, para muito da matemática moderna. Isso parece ainda mais incrível
tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo
no seu Discurso Sobre o Método.

Geometria

O interesse de Descartes pela matemática surgiu cedo, no “College de la


Flèche”, escola do mais alto padrão, dirigida por jesuítas, na qual ingressara
aos oito anos de idade. Mas por uma razão muito especial e que já revelava
seus pendores filosóficos: a certeza que as demonstrações ou justificativas
matemáticas proporcionam. Aos vinte e um anos de idade, depois de
frequentar rodas matemáticas em Paris (além de outras), já graduado em

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TEMAS DA FILOSOFIA

Direito, ingressa voluntariamente na carreira das armas, uma das poucas


opções “dignas” que se ofereciam a um jovem como ele, oriundo da nobreza
menor da França. Durante os quase nove anos que serviu em vários exércitos,
não se sabe de nenhuma proeza militar realizada por Descartes.

A geometria analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno texto


chamado Geometria, como um dos três apêndices do Discurso do Método,
obra considerada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo,
Descartes defende o método matemático como modelo para a aquisição de
conhecimentos em todos os campos.

1.5. Filosofia Contemporânea

A idade contemporânea é o período específico atual da história do


mundo ocidental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.).O seu
início foi bastante marcado pela corrente filosófica iluminista, que elevava a
importância da razão. Havia um sentimento de que as ciências iriam sempre
descobrindo novas soluções para os problemas humanos e que a civilização
humana progredia a cada ano com os novos conhecimentos adquiridos.Com o
evento das duas grandes guerras mundiais o ceticismo imperou no mundo,
com a percepção que nações consideradas tão avançadas e instruídas eram
capazes de cometer atrocidades dignas de bárbaros. Decorre daí o conceito de
que a classificação de nações mais desenvolvidas e nações menos
desenvolvidas tem limitações de aplicação.Atualmente está havendo uma
especulação a respeito de quando essa era irá acabar, e, por tabela, a respeito
da eficiência atual do modelo europeu da divisão histórica.

Essencial: agrupamento da influência do materialismo, da filosofia de vida, da


fenomenologia, do empirismo lógico e da filosofia da existência.

Representantes: Augusto Comte (1798-1857), Karl Marx (1818-1883), Soren


Aabye Kierkegaard (1813-1855), William James (1842-1910), Edmund Husserl
(1859-1938), Alfred Whitehead (1861-1947), Bertrand Russel (1872-1970),
Martin Heidegger (1889-1976) e Jean-Paul Sartre (1905-1980), outros
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TEMAS DA FILOSOFIA

representantes como: Quine, Habermas, Ernest Tughendhat, Feyrabend,


Thomas Kuhn e Francis Wolf.

Thomas Kuhn

Thomas Samuel Kuhn (Cincinnati, 18 de Julho 1922 - Cambridge, 17 de


Junho 1996) foi um físico dos Estados Unidos da América cujo trabalho incidiu
sobre história e filosofia da ciência, tornando-se um marco importante no
estudo do processo que leva ao desenvolvimento científico.Nascido em Ohio
no ano de 1922, seu primeiro livro foi A Revolução Copernicana, publicado em
1957. Mas foi em 1962, com a publicação do livro Estrutura das Revoluções
Científicas que Kuhn tornou-se conhecido não mais como um físico, mas como
um intelectual voltado para a história e a filosofia da ciência.Em uma entrevista
cedida à filósofa italiana Giovanna Borradori, no ano de 1965, em Londres,
Thomas Kuhn explica sinteticamente seu percurso acadêmico até a construção
deste texto, que se tornaria o referencial de discussão entre os filósofos da
ciência. Sua carreira inicia-se como físico e, até a defesa de sua tese de
doutorado, tinha tido poucos contatos com a filosofia. Sua justificativa para este
pouco contato com a filosofia é fundada principalmente na ocorrência da
Segunda Guerra Mundial, pois havia, segundo ele, uma enorme pressão para
empreender carreiras científicas e um grande desprezo em relação às matérias
humanísticas.Todavia, foi na Universidade de Harvard, quando teve que
preparar um curso de ciências para não cientistas, que pela primeira vez, ele
utilizou exemplos históricos de progressos científicos. Dessa experiência, Kuhn
percebeu que a ciência, numa perspectiva histórica, era muito diferente da
apresentada nos textos de física ou mesmo de filosofia da ciência. O Estrutura
das Revoluções Científicas foi, então, um texto produzido e direcionado a um
público filosófico, mesmo não sendo um livro de filosofia. Isso porque,
conforme ele mesmo dizia, Kuhn criticava o positivismo sem conhecê-lo em
profundidade, assim como não se sentia influenciado pelo pragmatismo de
Willian James e John Dewey.

A repercussão do seu livro foi tão grande na comunidade acadêmica


que, já na segunda edição, em 1970, Kuhn apresentou um pós-escrito, no

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TEMAS DA FILOSOFIA

qual seus pontos de vista são, em alguma medida, refinados e modificados.


E, para responder às acusações de irracionalismo, ele escreve, em 1974,
um ensaio intitulado Reconsiderando os paradigmas e, logo depois,
desenvolve com maior profundidade as descontinuidades históricas, que
foram apresentadas em outro livro chamado Teoria do corpo negro e
descontinuidade quântica - 1894-1912, publicado em 1979.A polêmica
sobre a obra de Thomas Kuhn gira em torno da noção de paradigma
científico e da "incomensurabilidade" entre os paradigmas. Ken Wilber
defende (em seu livro A União da Alma e dos Sentidos) que a idéia de
paradigmas proposta por Kuhn tem sido apropriada e abusada por grupos e
indivíduos que tentam fazê-la parecer uma declaração de que a ciência é
arbitrária. Entretanto, a obra de Kuhn abriu espaço pra toda uma nova
abordagem de estudos chamados Social Studies of Science(estudos sociais
da ciência) que desembocou no Programa Forte da Sociologia.Especula-se
que Kuhn tenha se apropriado de muitas das idéias de Ludwick Fleck (como
paradigma, revolução paradigmática, ciência normal, anomalias, etc),
médico polonês que pouco escreveu sobre história da ciência e que
permaneceu e permanece desconhecido de muitos.

Jürgen Habermas

É filósofo e sociólogo alemão.Licenciou-se em 1954, com uma tese


sobre Schelling (1775-1854), intitulado "O Absoluto e a História". De 1956 a
1959, foi colaborador de Theodor Adorno no Instituto de Pesquisa Social de
Frankfurt.Em 1968, transferiu-se para Nova York, passando a lecionar na New
Yorker New School for Social Research. Em 1971, Habermas dirigiu o Instituto
Max-Planck, em Starnberg, Baviera. Em 1983, transferiu-se para a
Universidade Johan Wolfgang Goethe, de Frankfurt.

Pensamento

Herdando as discussões da Escola de Frankfurt, Habermas aponta a


ação comunicativa como superação da razão iluminista transformada num novo
mito que encobre a dominação burguesa (Razão Instrumental). Para ele,
importa cultivar o logos da troca de idéias, opiniões e informações entre os

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TEMAS DA FILOSOFIA

sujeitos históricos estabelecendo o diálogo. Propõe, assim, duas abordagens


teóricas possíveis à sociedade: o sistema e o mundo da vida. Sistema refere-se
à denominada 'reprodução material', regida pela lógica instrumental
(adequação de meios a fins). Mundo da vida refere-se à 'reprodução simbólica',
ou seja, da rede de significados que compõem determinada visão de mundo,
atenham eles aos fatos objetivos, às normas sociais ou aos conteúdos
subjetivos. É conhecido o diagnóstico habermasiano da colonização do mundo
da vida pelo sistema a crescente instrumentalização desencadeada pela
modernidade, sobretudo com o surgimento do direito positivo, que reserva o
debate normativo aos técnicos e especialistas.

Seus estudos voltam-se para o conhecimento e a ética. Sua tese para


explicar a produção de saber humano recorre ao evolucionismo de Charles
Darwin. Segundo Habermas, a falibilidade possibilita desenvolver capacidades
mais complexas de conhecer a realidade. Evolui-se assim através dos erros.
Habermas defende também uma ética universalista, deontológica, formalista e
cognitivista. Para ele, os princípios éticos não devem ter conteúdo, mas,
através da participação nas decisões públicas através de discussões
(Discursos), possibilitar a avaliação dos conteúdos normativos demandados
naturalmente pelo mundo da vida.Sobre sua teoria discursiva, aplicada também
à filosofia jurídica, pode ser considerada em prol da integração social e, como
consequência, da democracia e da cidadania. Teoria que possibilitaria a
resolução dos conflitos vigentes na sociedade e, não com uma simples
solução, mas a melhor solução, aquela que é resultado do consentimento de
todos os concernidos. Sua maior relevância está, indubitavelmente, em
pretender o fim da arbitrariedade e da coerção nas questões que circundam
toda a comunidade, propondo uma maneira de haver uma participação mais
ativa e igualitária de todos os cidadão nos litígios que os envolvem e,
concomitantemente, obter a tão almejada justiça. Essa forma defendida por
Habermas é o agir comunicativo que se ramifica no discurso, que será
explanado no transcorrer deste trabalho.

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TEMAS DA FILOSOFIA

2. Período importante na História: O Iluminismo

Iluminismo, Esclarecimento ou Ilustração são termos que designam um


dos mais importantes e prolíficos períodos da história intelectual e cultural
ocidental. Ainda que importantes contemporâneos venham ressaltando as
origens do Iluminismo no século XVII tardio, não há consenso abrangente
quanto à datação do início da era do Iluminismo. Boa parte dos acadêmicos
simplesmente utilizam o início do século XVIII como marco de referência,
aproveitando a já consolidada denominação Século das Luzes . O término do
período é, por sua vez, habitualmente assinalado em coincidência com o início
das Guerras Napoleônicas (1804-1815).

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TEMAS DA FILOSOFIA

Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas,


sociais, políticas,correntes intelectuais e atitudes religiosas. Pode-se falar
mesmo em diversos micro-iluminismos, diferenciando especificidades
temporais, regionais e de matiz religioso, como nos casos de Iluminismo tardio,
Iluminismo escocês e Iluminismo católico.

O Iluminismo é, para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de


ação. Os iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de
tornar este mundo um mundo melhor mediante introspecção, livre exercício
das capacidades humanas e do engajamento político-social. Immanuel Kant,
um dos mais conhecidos expoentes do pensamento iluminista, num texto
escrito precisamente como resposta à questão O que é o Iluminismo?,
descreveu de maneira lapidar a mencionada atitude:

"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem


que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se
encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente
da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta
resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de
resolução e coragem para se fazer uso do entendimento
independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem
para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo".

2.1. As fases do Iluminismo


Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado por Charles-Nicolas
Cochin e gravado por Bonaventure-Louis Prévost é uma obra que está
carregada de simbolismo: a figura do centro representa a verdade – rodeada
por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita,
a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.

Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios


do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. Supunham
poder contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos
resíduos de tirania e superstição que creditavam ao legado da Idade Média. A

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TEMAS DA FILOSOFIA

maior parte dos iluministas associava ainda o ideal de conhecimento crítico à


tarefa do melhoramento do estado e da sociedade.

O uso do termo Iluminismo na forma singular justifica-se, contudo, dadas


certas tendências gerais comuns a todos os iluminismos, nomeadamente, a
ênfase nas ideias de progresso e perfetibilidade humana, assim como a defesa
do conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e
ideologias tradicionais.

Entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII, a


principal influência sobre a filosofia do iluminismo proveio das concepções
mecanicistas da natureza que haviam surgido na sequência da chamada
revolução científica do século XVII. Neste contexto, o mais influente dos
cientistas e filósofos da natureza foi então o físico inglês Isaac Newton. Em
geral, pode-se afirmar que a primeira fase do Iluminismo foi marcada por
tentativas de importação do modelo de estudo dos fenômenos físicos para a
compreensão dos fenômenos humanos e culturais.

No entanto, a partir da segunda metade do século XVIII, muitos


pensadores iluministas passaram a afastar-se das premissas mecanicistas
legadas pelas teorias físicas do século XVII, aproximando-se então das teorias
vitalistas que eram desenvolvidas pelas nascentes ciências da vida.[7] Boa
parte das teorias sociais e das filosofias da história desenvolvidas na segunda
metade do século XVIII, por autores como Denis Diderot e Johann Gottfried von
Herder, entre muitos outros, foram fortemente inspiradas pela obra de
naturalistas tais como Buffon e Johann Friedrich Blumenbach.

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TEMAS DA FILOSOFIA

3. Positivismo

Positivismo é um conceito utópico que possui distintos significados,


englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto

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TEMAS DA FILOSOFIA

outras do século XX. Desde o seu início, com Augusto Comte (1798-1857) na
primeira metade do século XIX, até o presente século XXI, o sentido da palavra
mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos
ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que
se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de
Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o Positivismo Jurídico, do
austríaco Hans Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de
Rudolph Carnap, Otto Neurath e seus associados.

Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e


política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises
social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial -
processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-
1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores
completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica
(embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o Positivismo
associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a
uma ética humana radical, desenvolvida na segunda fase da carreira de
Comte.

3.1. Metodos do positivismo

O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na


observação dos fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, através
da promoção do primado da experiência sensível, única capaz de produzir a
partir dos dados concretos (positivos) a verdadeira ciência, sem qualquer
atributo teológico ou metafísico, subordinando a imaginação à observação,
tomando como base apenas o mundo físico ou material. O Positivismo nega à
ciência qualquer possibilidade de investigar a causa dos fenômenos naturais e
sociais, considerando este tipo de pesquisa inútil e inacessível, voltando-se
para a descoberta e o estudo das leis (relações constantes entre os fenômenos
observáveis). Em sua obra Apelo aos conservadores (1855), Comte definiu a
palavra "positivo" com sete acepções: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico
e simpático.

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TEMAS DA FILOSOFIA

O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única


forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as
outras formas do conhecimento humano que não possam ser comprovadas
cientificamente. Tudo aquilo que não puder ser provado pela ciência é
considerado como pertencente ao domínio teológico-metafísico caracterizado
por crendices e vãs superstições. Para os Positivistas o progresso da
humanidade depende única e exclusivamente dos avanços científicos, único
meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra no paraíso que as
gerações anteriores colocavam no mundo além-túmulo.

O Positivismo é uma reação radical ao Transcendentalismo idealista


alemão e ao Romantismo, no qual os afetos das individuais e coletivos e a
subjetividade são completamente ignoradas, limitando a experiência humana
ao mundo sensível e ao conhecimento aos fatos observáveis. Substitui-se a
Teologia e a Metafísica pelo Culto à Ciência, o Mundo Espiritual pelo Mundo
Humano, o Espírito pela Matéria.

A ideia-chave do Positivismo Comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo


com a qual o homem passou e passa por três estágios em suas concepções,
isto é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade:

1. Teológico: o ser humano explica a realidade apelando para entidades


supranaturais (os "deuses"), buscando responder a questões como "de
onde viemos?" e "para onde vamos?"; além disso, busca-se o absoluto;
2. Metafísico: é uma espécie de meio-termo entre a teologia e a
positividade. No lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a
realidade: "o Éter", "o Povo", "o Mercado financeiro", etc. Continua-se a
procurar responder a questões como "de onde viemos?" e "para onde
vamos?" e procurando o absoluto;
3. Positivo: etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das
coisas, mas sim o "como", através da descoberta e do estudo das leis
naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência.
A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas pelo
observável e concreto.

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TEMAS DA FILOSOFIA

3.2. Positivismo no Brasil


Seria exagero atribuir aos positivistas a Proclamação da República: é no
processo de consolidação da mesma que se verifica a influência que
exerceram, destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi
homenageado com o epíteto de "Fundador da República Brasileira").

O lema Ordem e Progresso na bandeira do Brasil é inspirado pelo lema de


Auguste Comte do positivismo: L'amour pour principe et l'ordre pour base; le
progrès pour but ("Amor como princípio e ordem como base; o progresso como
meta"). Foi colocado, pois várias das pessoas envolvidas no golpe militar que
depôs a monarquia e proclamaram o Brasil República eram seguidores das
ideias de Comte.

A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência


na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e
Progresso, surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem
por base; o Progresso por fim, representando as aspirações a uma sociedade
justa, fraterna e progressista.

Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta


Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte),
Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o marechal Cândido
Rondon, Júlio de Castilhos, Demétrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan
Monteiro de Barros Lins, Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David
Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa,
Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da
Silva Oliveira, Eduardo de Sá e inúmeros outros.

Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais


conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de
Comte Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que se aproximava mais
dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia
e apoiado pelo discípulo de Comte Émile Littré.

Crítica

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TEMAS DA FILOSOFIA

Comte viveu num tempo intermediário entre o apagar das luzes do


iluminismo e a era das grandes generalizações em ciência, um tempo em que o
mundo natural parecia acessível à força do intelecto, no culminar do
pensamento mecânico da Revolução Industrial. Auguste Comte (1798-1857)
morreu dois anos antes de Darwin publicar A Origem das Espécies, em 1859.
Também não viveu o suficiente para ver a publicação de O Capital (1867-
1894), por seus contemporâneos Karl Marx e Friedrich Engels, embora tivesse
visto o Manifesto Comunista. Esse pequeno contexto histórico ajuda a entender
a filosofia de Comte.

Não é justo julgar o passado com os critérios do presente, como não faz
sentido orientar presente com critérios que não mais se aplicam às novas
circunstâncias, como é o caso do positivismo. Comte, por exemplo,
desconfiava da introspecção como meio de se obter o conhecimento, pois a
mera observação altera e distorce estes estados, e insistia na objetividade da
informação. Esse princípio orientou o trabalho dos psicólogos behavioristas do
século vinte. Os positivistas também eram críticos quanto a fenômenos não
observáveis. Comte descartou toda pesquisa cosmológica, considerando-a
inútil e inacessível. Segundo ele qualquer fenômeno que não pudesse ser
observado diretamente seria inacessível à ciência. Essas duas posições
positivistas foram colocadas em cheque com avanços na química e na física,
especialmente com Boltzmann (1844-1906) e Max Planck (1858-1947), ambos
inteiramente convencidos da existência de partículas não observáveis e
confiando na intuição como meio de gerar conhecimento, num processo similar
ao que foi chamado mais tarde de "abdução" por Charles Sanders Peirce.

A ciência moderna acabou com as esperanças de uma realidade


universal harmoniosa e ordenada, que pudesse ser traçada a régua e
compasso. O determinismo científico ruiu: as leis naturais são meras
abstrações e idealizações do intelecto, carecendo de qualquer existência
objetiva. O gato de Schrödinger comeu, Heisenberg ficou incerto e Kurt Gödel
mostrou que sempre ficava alguma coisa de fora. O mundo é, confuso, caótico,
dominado pelo princípio da incerteza. É assim na física, é assim na sociedade.
O que torna Comte e o Positivismo ultrapassados no contexto atual é sua

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TEMAS DA FILOSOFIA

ênfase no determinismo, na hierarquia e na obediência, sua crença no governo


da elite intelectual e sua insistência em desprezar a teologia e a metafísica.

4. Idealismo

O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu apenas com o


advento da modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é
fundamental. Seu oposto é o materialismo. Tendo suas origens a partir da
revolução filosófica iniciada por Descartes e o seu cogito, é nos pensadores
alemães que o Idealismo está em geral associado, desde Kant até Hegel, que
seria talvez o último grande idealista da modernidade. Muitos, ainda, acreditam
que a teoria das idéias de Platão é historicamente o primeiro dos idealismos,
em que a verdadeira realidade está no mundo das idéias, das formas
inteligíveis, acessíveis apenas à razão.

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TEMAS DA FILOSOFIA

5. Marxismo

O Marxismo é o conjunto de idéias filosóficas, econômicas, políticas e


sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e
desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção
materialista e dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica
da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. O
marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a
capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que
diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua
emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento
das potencialidades humanas. A luta comunista se resume à emancipação do
proletariado por meio da liberação da classe operária, para que os
trabalhadores da cidade e do campo, em aliança política, rompam na raiz a
propriedade privada burguesa, transformando a base produtiva no sentido da

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TEMAS DA FILOSOFIA

socialização dos meios de produção, para a realização do trabalho livremente


associado o comunismo , abolindo as classes sociais existentes e orientando a
produção sob controle social dos próprios produtores - de acordo com os
interesses humanos-naturais.

Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o


marxismo influenciou os mais diversos sectores da atividade humana ao longo
do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação
de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. O marxismo foi
utilizado desvirtuadamente como base para as doutrinas oficiais utilizadas nos
países socialistas, nas sociedades pós-revolucionárias.

No entanto, o marxismo ultrapassou as idéias dos seus precursores,


tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de
pensadores e militantes, nem sempre coincidentes e assumindo posições
teóricas e políticas às vezes antagônicas, tornando-se necessário observar as
diversas definições de marxismo e suas diversas tendências, especialmente a
social-democracia, o bolchevismo, o esquerdismo e o comunismo de
conselhos.

6. Hermenêutica

Com Friedrich Schleiermacher (1768-1834), no início do século XIX, a


hermenêutica recebe uma reformulação, pela qual ela definitivamente entra
para o âmbito da filosofia. Em seus projetos de hermenêutica coloca-se uma
exigência significativa: a exigência de se estabelecer uma hermenêutica geral,
compreendida como uma teoria geral da compreensão. A hermenêutica geral
deveria ser capaz de estabelecer os princípios gerais de toda e qualquer
compreensão e interpretação de manifestações lingüísticas. Onde houvesse
linguagem, ali aplicar-se-ia sempre a interpretação. E tudo o que é objeto da
compreensão, é linguagem (Hermeneutik, 56). Esta afirmação, entretanto,
mostra todas as suas implicações quando se lhe justapõe esta outra tese de
Schleiermacher: “A linguagem é o modo do pensamento se tornar efetivo. Pois,
não há pensamento sem discurso. Ninguém pode pensar sem
palavras.”(Hermeneutik und Kritik, 77) Ao postular a “unidade de pensamento e

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TEMAS DA FILOSOFIA

linguagem”(ibidem), a tarefa da hermenêutica se torna universal e abarca a


totalidade do que importa ao humano. A hermenêutica, então, é uma análise da
compreensão “a partir da natureza da linguagem e das condições basilares da
relação entre o falante e o ouvinte” (Akademienrede, 156). Quatro distinções
básicas foram estabelecidas por Scheleiermacher. Primeiro, a distinção entre
compreensão gramatical, a partir do conhecimento da totalidade da língua do
texto ou discurso, e a compreensão técnica ou psicológica, a partir do
conhecimento da totalidade da intenção e dos objetivos do autor. Segundo, a
distinção entre compreensão divinatória e comparativa:

 Compreensão comparativa: Se apóia em uma multiplicidade de


conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a
partir do enunciado.
 Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou
apreensão imediata do sentido de um texto.

Essas distinções apontam para aspectos da compreensão superior que se


dá pela sua integração. Posteriormente, com os trabalhos de Droysen e
Dilthey, o procedimento hermenêutico tornou-se a metodologia da ciências
humanas. Os eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os
eventos históricos, os valores e a cultura devem ser compreendidos. (Wilhelm
Dilthey é primeiro a formular a dualidade de "ciências da natureza e ciências do
espírito", que se distinguem por meio de um método analítico esclarecedor e
um procedimento de compreensão descritiva.) Compreensão é apreensão de
um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão como conteúdo. Só
podemos determinar a compreensão pelo sentido e o sentido apenas pela
compreensão. Heidegger, em sua análise da compreensão, diz que toda
compreensão apresenta uma "estrutura circular". "Toda interpretação, para
produzir compreensão, deve já ter compreendido o que vai interpretar". O cerne
da teoria de Heidegger está, todavia, na ontologização da compreensão e da
interpretação como aspectos do ser do ente que compreende o ser, o "Dasein"

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TEMAS DA FILOSOFIA

7. Fenomenologia

A fenomenologia é, em sentido lato, uma escola filosófica fundada por


Edmund Husserl. Num sentido mais estrito, é uma disciplina da filosofia que
estuda os objectos e as estruturas da consciência purificada ou transcendental,
isto é, da consciência cognitiva, e não da consciência individual ou empírica, à
qual se reporta a psicologia. Trata-se, portanto, de uma investigação sobre a
consciência em geral, comum a todos os sujeitos cognitivos plenos,
independentemente das idiossincrasias psicológicas de cada um.

Toda consciência é consciência de alguma coisa. Assim sendo, a


consciência não é uma substância, mas uma actividade constituída por atos
(percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc), com os quais visa
algo.

Na prática da fenomenologia efetua-se o processo de redução


fenomenológica o qual permite atingir a essência do fenómeno.

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As coisas, segundo Husserl, caracterizam-se pela sua não finalização


devida, pela possibilidade de sempre serem visadas por noesis novas que as
enriquecem e as modificam.

Já Immanuel Kant diz que fenómeno que é de fato fenómeno, deve possuir
duas propriedades elementares: Caracterizar-se no tempo e no espaço. No
tempo, através da aplicação das categorias do entendimento a priori (uma
dedução lógica da coisa) e em seguida a posteriori (o que pode ser identificado
"positivamente" quanto a este objeto). Com a coisa inserida em um contexto
temporal e espacial, está apta a receber todos os componentes da ciência a fim
de estuda-la. E, para a aplicação dos diversos juízos da ciência (sintético/a
priori; analítico/a posteriori), deve existir o ser que transcenda a ciência, o
objecto e a terra.

No meio acadêmico da Física, o termo fenomenologia geralmente é usado


em trabalhos que tentam explicar fenômenos experimentais a partir de teorias
bem conhecidas ou de hipóteses e modelos específicos que não partem de
uma teoria.

Há também outras "versões" de fenomenologia, como a de Hegel com seu


livro clássico Fenomenologia do Espírito, e a percepção fenomenológica de
Goethe, principalmente desenvolvida a partir de seus estudos naturais (veja
sobre esse último a obra de Rudolf Steiner).

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8. Considerações Finais

Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento,


surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que
viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e
com os fenômenos da natureza. Buscavam explicar tudo através da
razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os
físicos Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve
seu pensamento defendendo a idéia de que tudo preexiste a alma, já

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que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas


as coisas, a partir da existência dos átomos.

Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande


desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como
Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno
propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas
e do grande pensador Sócrates.

Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam


uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão
pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade.
Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados
para falar bem ( retórica ), pensar e manifestar suas qualidades
artísticas.

Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando


entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção
científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano.
Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos
conhecer as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por
Platão.

Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias


formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a
função de entender o mundo da realidade, separando-o das
aparências.

Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu


os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a
lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento
científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para
se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos
gerais para os específicos.

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Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o


começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o
final da hegemonia política e militar da Grécia. Ceticismo: de acordo
com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois
o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura.
Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam
que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não
deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer. Estoicismo: os
sábios estóicos como, por exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam
a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser
deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento.

O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja


Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de
sentir, ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com
Santo Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as
idéias eram de origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas
as coisas deviam ser buscadas nas palavras de Deus.

Porém, a partir do século V até o século XIII, uma nova linha de


pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica,
conjunto de idéias que visava unir a fé com o pensamento racional de
Platão e Aristóteles. O principal representante desta linha de
pensamento foi Santo Tomás de Aquino.

Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da


burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e
o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de
ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo
é deixado de lado e entre em cena o antropocentrismo ( homem no
centro do Universo ). Neste contexto, René Descartes cria o
cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a base de todo
conhecimento.

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A burguesia, camada social em crescimento econômico e político,


tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo.

No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria


um método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo
sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John
Locke.

Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno,


o filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande
contribuição para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método
Cartesiano. De acordo com este método, só existe aquilo que pode ter
sua existência comprovada.

O iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A


experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas
formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o
homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os
pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot,
D'Alembert e Rosseau.

O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O


ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas
formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si
próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única
forma de se chegar ao conhecimento.

Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para


desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx
propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la.
Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do
controle dos bens de produção que seriam controlados pelos
trabalhadores.

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Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos


valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e
pela cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de
qualquer forma de controle moral ou cultural.

Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao


mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a
partir de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis
Althusser e Gyorgy Lukács. A antropologia ganha importância e
influencia o pensamento do período, graças aos estudos de Claude
Lévi-Strauss. A fenomenologia, descrição das coisas percebidas pela
consciência humana, tem seu maior representante em Edmund Husserl.
A existência humana ganha importância nas reflexões de Jean-Paul
Sartre, o criador do existencialismo.

9. Referências Bibliográficas

ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia. São Paulo:


Moderna, 1998.
ARANHA, Maria Lúcia De Arruda – MARTINS, Maria Helena Pires –
Filosofando Introdução à Filosofia - Editora Moderna – 2ª Edição

CHAUI, Marilena – Convite à Filosofia – Editora Àtica – 9ª Edição – 1997

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TEMAS DA FILOSOFIA

COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia para uma Geração Consciente.


Elementos da História do Pensamento Ocidental. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
1990.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis.

FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo:


Cultrix, ____

GREGÓRIO, Sérgio Biagi. História da Filosofia: Uma Síntese (2006).


Disponível em: http://www.ceismael.com.br/filosofia/sintese-historia-
filosofia.htm. Acesso em 22 de outubro de 2010.

REZENDE, A. (Org.). Curso de Filosofia: para Professore s e Alunos dos


Cursos de Segundo Grau e de Graduação. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

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