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Texto e Sistema de Comunicação

Hellyery Agda Gonçalves da Silva


Autor

Marina Miotto Negrão


Autor

Introdução
Prezada(o) estudante, o estudo do texto e dos sistemas de comunicação contribuirá
para a formação dos conhecimentos necessários à construção de sujeitos críticos e
reflexivos, aptos a desenvolverem e produzirem conhecimentos.

É necessário apresentar a importância de você ter bastante clara a noção do que é


texto. Também discutiremos a definição de texto com linguagem verbal, não verbal e
mista, procurando mostrar a variedade de textos existente. Para isso, nosso material
apresenta muitos exemplos.

A abordagem do sentido denotativo e conotativo da linguagem será realizada, a fim de


levar você, estudante, a conhecer essas características, para desenvolver habilidades
críticas e reflexivas.

Como falamos em sentido, é pertinente discutir a intertextualidade, que está presente


na maioria dos textos e tem como objetivo ativar o conhecimento prévio do leitor e fazê-
lo reconhecer as vozes textuais que ali estão.

Este material se encerra com a explicação de alguns aspectos abordados pela


gramática normativa da Língua Portuguesa, com o intuito de que você saiba aplicá-los
em seus textos. Para isso, apresenta o Novo Acordo Ortográfico, dicas e aplicações.

Força para mais uma etapa de estudos. Boa leitura!

Objetivos de Aprendizagem

Estudar o que é texto.

Compreender o Novo Acordo Ortográfico da gramática geral da Língua


Compreender o Novo Acordo Ortográfico da gramática geral da Língua
Portuguesa.

O Que é Texto?
Para luz de nossos estudos, vamos compreender o que é texto, segundo a linha de pesquisa da
Linguística Textual, que tem o texto como objeto de estudo, pois considera que é ele que importa,
sem ele, a palavra ou frase não tem sentido. Para esclarecer essa ideia, vejamos o que explica
uma grande estudiosa no assunto, Koch e Travaglia (2000, p. 2), para ela, texto é:

[...] uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição)


que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor),
em uma situação de interação comunicativa específica, como uma
unidade de sentido, preenchendo uma função comunicativa reconhecível
e reconhecida, independente de sua extensão.

Percebe-se que o texto é responsável por atribuir sentido às coisas do mundo, agindo sobre ele
pela interação humana, mas somente quando há um entendimento da unidade de sentido do
texto, caso contrário, não terá função comunicativa alguma.

Você já teve curiosidade de procurar o significado da palavra texto em um dicionário? Não? Então
vamos fazer isso. De acordo com Houaiss (2004, p. 726), texto é um “conjunto de palavras, frases
escritas”, ou seja, só há a confirmação de que o texto é algo muito maior do que simplesmente
uma junção de palavras. No latim, a palavra é textum e está relacionada a tecido, mais
profundamente, à costura de fios e de pontos que se ligam e entrelaçam para se tornarem um só.

Independente de se falar sobre texto escrito, oral, verbal, não verbal ou misto, só há como tornar o
texto uma unidade de sentido, se tiver algo a ser dito por alguém, que será recebido por outrem.
Ou seja, haverá troca de informações e de ação sobre o texto.

Fazendo um adendo nesse assunto, você já ouviu falar em contexto? Sabe o que é? Pense um
pouco! Contexto é o agrupamento da situação em que se insere o texto. Por exemplo, o seu
professor está explicando sobre o conteúdo de estratégias empresariais e, em meio a isso, faz uso
da palavra “luvas”, que tem mais de um sentido, o qual dependerá do contexto para ser
entendido. Podemos ter luvas que se referem ao objeto o qual se coloca nas mãos ou, então, à
alguma premiação, dinheiro, algo relacionado a uma recompensa.

Ainda, para esclarecer qualquer dúvida que você possa ter, contexto é algo que faça sentido, em
um determinado lugar, como o assunto a ser abordado no texto, que, para ser coerente, precisa
pertencer ao contexto.

Com o objetivo de deixar mais fácil o seu entendimento sobre o que é texto, buscamos uma
definição bastante simples, encontrada no artigo de Urbano Cavalcante Filho e Vânia Lúcia
Menezes Torga (2011, p. 2), com base nos ensinamentos de Mikhail Bakhtin, um dos maiores
estudiosos da linguagem.

Em “O problema do texto na linguística, na filologia e em outras ciências humanas”, Bakhtin afirma


que o texto (verbal – oral ou escrito – ou também em outra forma semiótica) constitui a realidade
imediata para que se possa estudar o homem social e a sua linguagem, uma vez que é por meio
do texto que exprimimos nossas ideias e sentimentos
do texto que exprimimos nossas ideias e sentimentos.

Além disso, o texto pode ser visto como enunciado, assim possui uma função dialógica particular,
em que autor e destinatário mantêm relações dialógicas com outros textos (textos-enunciados),
possuindo, então, as seguintes características:

a. projeto discursivo (entendendo-o como o autor e o seu querer dizer);

b. realização do projeto (trata-se da produção do enunciado atrelado às condições


de interação e a relação com os outros enunciados (já-ditos e previstos)
(CAVALCANTE; TORGA, 2011, p. 2).
Para os autores, analisar um texto como enunciado, na visão bakhtiniana, diz respeito à sua
integridade concreta e viva (aspectos sociais), em que o texto é entendido como fenômeno
sociodiscursivo, vinculado às condições concretas da vida.

Dado o exposto, é possível compreender que um texto não é um emaranhado de palavras, que
estão agrupadas, de qualquer forma, para simplesmente transmitir uma ideia. Pelo contrário, há
uma complexidade ao se produzir um texto, seja ele oral, escrito, verbal ou não verbal.

Este material todo que você está lendo é um texto, dotado de significados, tanto para o autor,
quanto para você, leitor(a), interlocutores desse discurso. Quando o livro começou a ser
elaborado, pensou-se em quem seria o público-alvo, qual o objetivo, o que se esperava que a(o)
aluna(o) entendesse com esse estudo, ou seja, alguém tenha o que dizer, como dizer e para
quem dizer.

Como vimos, o texto é dotado de uma unicidade de significado, que pode vir apresentada por
várias formas de linguagem, porém, há três ideias muito importantes, que precisamos
esclarecer,as quais são: verbal, não verbal e mista.

Saber Ler as Diferentes Linguagens


Toda forma de se comunicar é, primeiramente, pautada na linguagem, seja ela qual for, mas todo
texto precisa de um esquema que faça sentido para os interlocutores e que esteja dentro de um
contexto. Dependendo da intenção desse emissor e do canal de divulgação do texto, a
mensagem pode ser elaborada, utilizando diferentes formas de linguagem.

A princípio, vamos tratar da linguagem verbal, que nada mais é do que aquela que precisa
apresentar palavras escritas ou faladas, para que haja um ato de comunicação. O vocábulo
verbal tem origem no latim, que significa verbu, o qual, por sua vez, é entendido como palavra. Ou
seja, com essa linguagem, é preciso construir o texto, utilizando palavras. Esse tipo de linguagem
tem duas formas, a oral e a escrita.

Normalmente, a escrita é usada, quando se quer dizer algo a alguém, mas não há a possibilidade
de estar presente, diante do interlocutor, por exemplo, um livro, uma revista, um jornal impresso,
um e-mail, um blog etc.

Entende-se que a linguagem oral, por sua vez, ocorre quando os interlocutores estão diante um
do outro, na presença, no momento em que se enuncia a mensagem, por exemplo, nas salas de
aula ao telefone em uma conversa entre amigos em uma palestra etc Os conceitos estão
aula, ao telefone, em uma conversa entre amigos, em uma palestra etc. Os conceitos estão
esclarecidos, cara(o) aluna(o)? Então, vamos a uma pergunta: você sabe dizer qual das duas
linguagens seria a mais complexa? Se respondeu a escrita, está certo, sabe por quê? Utilizando-a,
é necessário transmitir tudo o que precisa, mediante a pontuação e as escolhas certas das
palavras; nem sempre é possível voltar e reexplicar o que se queria dizer.

Você considera, no entanto, uma tarefa simples formular um texto oral? Não, certo? Nele, também
precisamos de organização, de entonação, de pontuação e, assim como na escrita, é preciso
pensar no grau de formalidade a ser utilizado.

Espero que tenha compreendido que é preciso conhecer e dominar as regras da linguagem, seja
para a escrita ou para a linguagem oral, pois é preciso pensar que o seu discurso deve ser bem
elaborado, para que o interlocutor consiga decodificar a mensagem e fazer uma boa
compreensão do que o emissor desejava com aquele texto.

Passaremos, agora, para a linguagem não verbal. Considera-se um texto elaborado por
linguagem não verbal aquele que tem como principal transmissor de mensagens uma imagem.
Pode ser, também, uma cor, um objeto, um desenho etc. Pense em uma propaganda publicitária,
que não tenha escritas nem sons, só pela imagem é possível compreender o sentido, desde que o
contexto seja comum aos interlocutores. Isso é linguagem não verbal.

Observe a figura a seguir. Você consegue compreender o significado?

FIGURA 1 Semáforo
FONTE: Gonewiththewind / 123RF.

Espero que tenha entendido, especialmente, se você tiver mais de 18 anos e possuir carteira de
habilitação. Você precisa compreender os sinais, as placas e as regras do trânsito. O semáforo
indica que os carros podem transitar. Então, quando se está no semáforo, aguardando na faixa de
pedestre para que seja possível passar, é preciso esperar o sinal fechar para os carros e abrir
para o pedestre.
FIGURA 2 Placa de pare
FONTE: Siur / 123RF.

Essa placa, por exemplo, indica que o pedestre precisa parar e ficar atento ao cruzamento. Assim,
conforme defende Souza (1998, on-line), a interpretação da imagem “vai pressupor também a
relação com a cultura, o social, o histórico, com a formação social dos sujeitos. E vai revelar de
que forma a relação imagem/interpretação vem sendo "administrada" em várias instâncias”.

Por sua vez, a linguagem mista utiliza, concomitantemente, a verbal e a não verbal, isto é, a partir
do momento que o locutor une palavras e imagens, para criar sentido e transmitir uma
mensagem. Pertencentes a este tipo de linguagem, temos as tirinhas, as histórias em quadrinhos,
os poemas concretos, os filmes (com áudio e vídeo), os infográficos, dentre outros. Vejamos
alguns exemplos:
FIGURA 3 História em quadrinho
FONTE: Liubomyr Feshchyn / 123RF.

FIGURA 4 Poesia Concreta


FONTE: Campos (1986).

Ao observar os exemplos, constatamos que, na atualidade, as interações sociais são


manifestadas pelo hibridismo entre as diferentes artes, como a fotografia, a ilustração, a figura, os
sons, os textos verbais, entre outros. Ademais, a linguagem não pode ser reduzida somente à
verbal, se fizéssemos isso, estaríamos negando as demais linguagens, as quais estão presentes,
no contexto social, e que contribuem para a formação de sujeitos interlocutores culturais. Assim,
fica evidente que é por meio das linguagens que as relações pedagógicas (e todas as outras)
realizam-se.

Saiba mais!
Poesia Concreta

A Poesia Concreta foi um movimento encabeçado pelos poetas paulistas Décio


Pignatari (1927) e os irmãos Haroldo (1929-2003) e Augusto de Campos (1931), que
tinham por intuito exercitar e criar novas formas de expressão verbal, dialogando
com a pintura, a escultura, a música (as artes, de modo geral). Esse tipo de poesia
tem por premissa eliminar os supérfluos, usar imagens e fazer um apelo para o
visual. Para saber mais, acesse o conteúdo, disponível em:

Clique Aqui

Fonte: elaborado pelas autoras.

Cara(o) estudante, nosso próximo passo é compreender que, nessa variedade de linguagem, há,
também, a intenção do emissor de tornar ou não a mensagem objetiva, que seja de fácil
compreensão e, para isso, é possível “brincar” com o sentido denotativo ou conotativo da
linguagem. O que é isso? Veremos a seguir.

Sentido Conotativo e Denotativo

Durante nossa vida de usuários da linguagem, aprendemos a utilizar muitas palavras, tanto na
fala, quanto na escrita, porém, muitas vezes, o sentido dessas palavras pode fugir ao que se
encontra comum a todos os que a conhecem, quando isso acontece, normalmente, caracteriza-
se pelo sentido conotativo.

Nas palavras de Lopes (2010, p. 10), “a palavra tem valor conotativo quando remete para outros
significados por associação, quando extrapola o sentido comum, quando é usada de modo
criativo”.

Para nós, estudiosos da linguagem, a conotação ocorre, quando usamos a palavra no sentido
figurado, simbólico, que não é o encontrado no dicionário, ou seja, o original. Se alguém diz “vá
catar coquinho!”, em um contexto de briga, por exemplo, o que ela realmente está dizendo é que a
pessoa que a está incomodando deve sair dali e a deixá-la em paz; isso é o sentido figurado, ou,
então, conotativo. Se fosse o sentido denotativo, a instrução seria para a pessoa ir até um local
em que há vários coquinhos e pegá-los.

Observe, cara(o) acadêmica(o), que um é o oposto do outro; nesse caso, fica claro explicar que o
denotativo é o sentido real da palavra, o significado original, aquele que está no dicionário.
Conforme Lopes (2010, p. 10), “quando é tomada no seu sentido usual ou literal, com significação
restrita [...], é aquilo a que uma palavra ou expressão se aplica no seu stricto sensu”.
Resumidamente:

Texto 1 Texto 2

Inscrição para uma lareira Incêndio de grandes proporções atinge Floresta Nacional
de Palmares
A vida é um incêndio: nela

dançamos, salamandras Bombeiros, Exército, PM e Defesa Civil tentam conter as


mágicas chamas no local. Governo do PI informou que existem 13
focos de incêndios grandes na área.
Que importa restarem cinzas
Homens do Corpo de Bombeiros e do Exército combatem
se a chama foi bela e alta? um incêndio de grandes proporções que atingiu a Floresta
Nacional de Palmares, localizada entre os municípios de
Em meio aos toros que Teresina e Altos, na BR-343. Segundo o major Rivelino de
desabam, Moura, dos bombeiros, as chamas começaram nessa
sexta-feira (14) afetam grande área da mata nativa da
reserva [...].
cantemos a canção das
chamas!

Cantemos a canção da vida,

na própria luz consumida...

(Mário Quintana)

Quadro 1 - Exemplificação de conotação e denotação.

Fonte: Adaptado de Mário Quintana (2007, p. 197) e G1 PI (2016, on-line).

Analisando os dois textos, em especial a palavra incêndio, é possível afirmar que o sentido é o
mesmo? Não é, cara(o), estudante! No texto 1, o sentido da palavra é figurado, ainda mais por
estar contida em um poema. Já no texto 2, por ser um texto jornalístico, o sentido da palavra é o
literal, o mesmo empregado no dicionário.

Tenho certeza de que, a partir de agora, não haverá mais dúvidas sobre o que é conotação e
denotação. Aproveitamos o ensejo para lhe perguntar: você sabe o que é intertextualidade? Esse
é o nosso próximo assunto.

O que é Intertextualidade?

É provável que você já tenha tido contato com essa palavra. Para recordar, vamos pensar: o que
significa “inter”? Qual a origem de “textualidade”? A palavra “inter”, segundo o dicionário Houaiss
(2004, p. 428), é um prefixo, que significa “entre” (preposição, não do verbo entrar), no caso em
questão, estar entre algo. A palavra “textualidade”, por sua vez, vem, como o próprio nome sugere,
de texto.
de texto.

Tendo em vista o exposto, podemos inferir que a intertextualidade é, basicamente, a relação entre
textos, bem como o reconhecimento de que um texto está sempre em diálogo com outros textos.
Nas palavras da linguista Julia Kristeva, o texto é produzido por intermédio de afirmação e de
negação, ao mesmo tempo, de outro texto.

Vale pontuar que cabe ao leitor ativar a intertextualidade, visto que é o responsável por
reconhecer a “familiaridade”, o “parentesco” entre os textos e, assim, estabelecer os vínculos.
Conforme bem expõe Cosson (2010, p. 64), há dois tipos de intertextualidade:

a. Intertextualidade externa: diz respeito às relações que o leitor estabelece entre dois
ou mais textos, a partir de sua experiência de leitura, independentemente do
proposto pelo texto.

b. Intertextualidade interna: diz respeito às experiências do leitor, no entanto, requer


uma indicação dentro do texto, uma vez que a citação, mais ou menos, explicita
uma obra anterior.

A intertextualidade pode ser vista sob a ótica de um emaranhado de ideias e conexões,


permitindo e propondo a relação de diferentes tipologias textuais, obras de arte, letras de
músicas, entre outros. Deste modo, ao aproximarmos diferentes versões de uma mesma história,
averiguar as semelhanças e as pontes textuais e sígnicas é uma prática interessante, pois permite
ao leitor o diálogo e a ampliação de seu repertório cultural e de conhecimento.

Um exemplo bem evidente da intertextualidade pode ser observado na música “Monte Castelo”,
interpretada pela banda Legião Urbana, que dialoga com o poema “Amor é fogo que arde sem se
ver”, do poeta português Luís Vaz de Camões, e com a Carta de São Paulo Apóstolo aos Coríntios
13. A seguir, observe os destaques:

Monte Castelo Amor é um Fogo que Arde sem Primeira Epístola de S.


se Ver Paulo Apóstolo aos
Coríntios

Ainda que eu falasse a Capítulo 13


língua dos homens. Amor é um fogo que arde sem
se ver;
E falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria. É ferida que dói, e não se sente; 1 Ainda que eu falasse as
línguas dos homens e dos
É um contentamento anjos, e não tivesse
descontente; caridade, seria como o
É só o amor, é só o amor. metal que soa ou como o
É dor que desatina sem doer. sino que tine.

Que conhece o que é


verdade.

O amor é bom, não quer o É um não querer mais que bem 2 E ainda que tivesse o dom
mal. querer; da profecia, e conhecesse
é
todos os mistérios e toda a
ciência, e ainda que tivesse
Não sente inveja ou se É um andar solitário entre a
toda a fé, de maneira tal
envaidece. gente;
que transportasse os
montes, e não tivesse
É nunca contentar-se e
caridade, nada seria.
contente;
O amor é o fogo que arde
sem se ver. É um cuidar que ganha em se
perder;
3 E ainda que distribuísse
toda a minha fortuna para
É ferida que dói e não se sustento dos pobres, e
sente. ainda que entregasse o
É querer estar preso por meu corpo para ser
É um contentamento vontade; queimado, e não tivesse
descontente. caridade, nada disso me
É servir a quem vence, o aproveitaria.
É dor que desatina sem vencedor;
doer.
É ter com quem nos mata,
lealdade. 4 A caridade é sofredora, é
benigna; a caridade não é
Ainda que eu falasse a invejosa; a caridade não
língua dos homens. trata com leviandade, não
se ensoberbece,
Mas como causar pode seu
E falasse a língua do anjos, favor
sem amor eu nada seria.
Nos corações humanos
amizade, 5 Não trata com
indecência, não busca os
seus interesses, não se
É um não querer mais que Se tão contrário a si é o mesmo
irrita, não suspeita mal;
bem querer. Amor?

É solitário andar por entre a


gente.
6 Não se alegra com a
injustiça, porém se alegra
É um não contentar-se de
com a verdade;
contente.

É cuidar que se ganha em


se perder.
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta. [...].

É um estar-se preso por


vontade.

É servir a quem vence, o


vencedor.
É um ter a quem nos mata
a lealdade.

Tão contrário a si é o
mesmo amor.

Estou acordado e todos


dormem todos dormem
todos dormem.

Agora vejo em parte. Mas


então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.

Que conhece o que é


verdade.

Ainda que eu falasse a


língua dos homens.

E falasse a língua do anjos,


sem amor eu nada seria.

Quadro 2 - Intertextualidade com texto verbal.

Fonte: Adaptado de Russo (1989), Camões (2001, p. 49) e Bíblia Sagrada (1980).

Lembre-se: o termo “intertexto” diz respeito a um texto que faz relação a outro, ou seja, é o ato de
colocar um texto já existente dentro de outro. Esse texto pode ser apenas a ideia, o assunto, o
tema, ou, então, pode haver, de fato, o uso de partes do texto; não se esqueça de que temos
vários tipos de textos, tanto os verbais como os não verbais e os mistos.

Um dos textos não verbais mais utilizados para se fazer uma intertextualidade é o famoso quadro
Mona Lisa, do pintor Leonardo da Vinci. Veja os exemplos:
FIGURA 5 Intertextualidade com texto não verbal
FONTE: Przemyslaw Przybylski / Ostill / Anton Brand / Geekclick / Jodo19 / Igor Akimov / 123RF.

Nos exemplos elencados, foi possível observar que a intertextualidade foi utilizada de maneira
explícita, além disso, qualquer tipo de texto que apresente um tema e um assunto pode dialogar
com outro. A intertextualidade é, então, um texto criado (verbal e não verbal) com base em outro
texto já existente, e deve fazer parte do mesmo contexto para o autor e o leitor, caso contrário, fica
como uma folha em branco.

Uma vez que você estudou bastante a respeito da linguagem e dos textos, consideramos
pertinente trazer até você algumas questões voltadas à parte prática da Língua Portuguesa, que
diz respeito à noção do uso das regras gramaticais que pertencem à norma-padrão. É a isso que
dedicamos nossa próxima parte dos estudos.

O Novo Acordo Ortográfico da Língua


Portuguesa
Muitas são as críticas que se ouvem a respeito do ensino da Língua Portuguesa, principalmente
acerca do que se ensina na escola e do uso que os falantes fazem do que aprendem. Uma
pergunta intrigante: por que os falantes de Língua Portuguesa apresentam dificuldades, quando
precisam fazer escolhas com relação ao uso de determinadas regras, uma vez que eles estiveram
ou ainda estão expostos ao ensino da Gramática Normativa nos bancos escolares?

Segundo Possenti (1996, p. 33), um dos motivos da dificuldade que os falantes encontram está
relacionado com a variação da língua: “[...] todas as línguas variam, isto é, não existe nenhuma
sociedade ou comunidade, na qual todos falem da mesma forma”, ou seja, não existe uma língua
que não tenha variações, dialetos, que seja uniforme.

Essa variação existente nas línguas está diretamente implicada com a teoria funcionalista, uma
vez que o objeto da linguística é estudar o modo como as pessoas comunicam-se “[...] toda a
língua, tanto em seu funcionamento, como em sua evolução [...] se impõe [...] como instrumento
de comunicação da experiência” (MARTINET, 1994, p.14).

Para todo funcionalista, o importante é entender a comunicação, verificar o modo como o usuário
expõe a sua competência linguística. A visão de competência linguística é bastante observada
pelos estudiosos da língua, pois eles entendem que a linguística não é autônoma, porque a
gramática de uma língua depende do funcionamento cognitivo, do processamento mental, da
interação social e cultural, o que leva a uma evolução da linguagem, ou seja, a uma mudança e
variação constante
variação constante.

Miranda e Campos (2013, p. 480) afirmam que, para Martinet, o funcionalismo diz respeito ao “[...]
papel que a língua desempenha para os homens, na comunicação de sua experiência uns aos
outros”, ou seja, a função que a linguagem vai exercer entre os interlocutores.

Para que essa função linguística seja entendida por todos os participantes de determinada
situação comunicativa, é interessante que todos tenham um conhecimento da gramática da
língua. Para a gramática funcional, é relevante que o usuário organize seu discurso
gramaticalmente, unindo-o à capacidade de codificação e decodificação dos interlocutores.

Uma vez que os funcionalistas abordam suas investigações, associando a interação social à
competência comunicativa, fica claro entender que, na gramática funcional, está implicado o
estudo dos princípios pragmáticos, além dos sintáticos e semânticos.

Partindo dessas premissas, é de extrema importância discorrer sobre um dos pioneiros do


Funcionalismo, no Brasil, Evanildo Bechara (1991). Neves (1999, p. 321-33) afirma que: “Bechara
delimita o objeto da gramática funcional, segundo Coseriu, como o estudo da estruturação
idiomática dos significados proposicionais de uma língua, tanto gramaticais quanto léxicos”.

Embasada por essa teoria de Bechara, Neves (1999, p. 13) define a gramática funcional como a de
usos, que:

[...] busca, essencialmente, verificar como se processa a comunicação em


uma determinada língua, e, para isso, não assume como tarefa descrever
a língua enquanto sistema autônomo, e, portanto, não desvincula as
peças desse sistema das funções que elas preenchem. Vê a relação entre
estrutura e função como algo instável, que reflete o caráter dinâmico da
linguagem. Considera que, na produção dos enunciados, forças internas
(fonológicas, sintáticas e semânticas) e forças externas interagem,
entrando em competição. Desse modo, não abstrai de sua análise o
contexto global do discurso, e é dentro dele que procura correlacionar
forma e sentido.

Estudante, você acabou de ler uma das teorias linguísticas mais difundidas, ao longo dos últimos
anos, e que não é muito bem compreendida por outras vertentes da área, imagine por quem não
é um estudioso da Língua Portuguesa. Nota-se, assim, que delimitar as regras gramaticais é muito
mais complexo do que se possa imaginar, principalmente, pelo que foi explicado anteriormente; a
língua não é estática, ela sofre mudanças o tempo todo. É preciso, porém, ter algo que determine
as regras de aplicação e procure deixar tudo ordenado; para isso, há as regras gramaticais, que
estruturam o texto de forma coesa e coerente.

O Novo Acordo Ortográfico tem o objetivo de unificar e simplificar a quantidade de regras


utilizadas por todos os países que falam a língua portuguesa. O Acordo teve sua aceitação oficial,
no ano de 2009, e, até 2012, não era obrigatório, mas já era necessária uma adaptação do seu
uso. Nos anos seguintes, passou a ser obrigatório e, no ano de 2016, começou a ser exigido em
provas, livros, documentos etc. O intuito é, basicamente, unificar a nossa escrita e a das demais
nações de língua portuguesa: Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Cara(o) estudante você pode estar se perguntando se é possível uniformizar uma língua uma
Cara(o) estudante, você pode estar se perguntando se é possível uniformizar uma língua, uma
vez que, no mesmo território em que ela é utilizada, há inúmeras variações e variantes linguísticas.
Não é exatamente esse o intuito, mas há, sim, a intenção de tornar uma língua única, ou, ao
menos, mais próxima em todos os lugares em que ela é tida como oficial. Seguem algumas
mudanças importantes:

Alfabeto: herança do inglês, as letras “k”, “w” e “y” já apareciam em nomes


próprios, unidades de medidas, palavras importadas do idioma inglês. A partir do
Novo Acordo, nosso alfabeto passa a ter 26 letras, além disso, adotou-se a

convenção internacional, de que o k vem depois do j, o w depois do v e o y depois


do x.

Também são utilizadas na constituição das palavras: o ç (cê cedilhado) e os dígrafos: rr (érre
duplo), ss (ésse duplo), ch (cê agá), lh (éle agá), nh (ene agá), gu (gê u) e qu (quê u).

Faz-se necessário revisar alguns pontos gramaticais que nos ajudarão a compreender as
classificações, bem como as regras da acentuação gráfica da Língua Portuguesa.

Classificação silábica

a. Átonas: não há ênfase na pronúncia de uma sílaba.

b. Tônicas: há ênfase na pronúncia de uma sílaba.

Exemplo: te-le-fo-ne: “fo” é a sílaba tônica; as outras são átonas.

Classificação da sílaba tônica

a) Oxítonas – a sílaba forte localiza-se na última sílaba de uma palavra. Exemplo: café; Paraná;
computador; problematizar.

As oxítonas são acentuadas, caso sejam terminadas em “a”, “e” e “o”, seguidas ou não da letra “s”,
indicativa de plural, se aplicando também aos pronomes verbais “lo” e “la”, bem como aos
ditongos “éi’, “éu” e “ói”. Por exemplo: chá; mês; nós; gás; sapé; vatapá; pontapés; só; recuperá-los;
conhecê-los; véu; dói; chapéus; parabéns; Jerusalém.

b) Paroxítonas – a sílaba forte localiza-se na penúltima sílaba. Exemplo: fênix; sossego; dormindo;
amá

As paroxítonas são acentuadas quando terminadas em:

L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.

N – pólen, abdômen, sêmen.

R – câncer, caráter, néctar, repórter.


X­– tórax, látex, ônix.

PS – fórceps, Quéops, bíceps.

Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.

ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.

I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.

ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.

UM(S) – fórum, médium, álbuns.

US – ânus, bônus, vírus, Vênus.

c) Proparoxítonas - a sílaba forte localiza-se na antepenúltima sílaba. Exemplo: esdrúxula, vítima,


cântico; pân

Todas as proparoxítonas são acentuadas.

Classificação dos encontros vocálicos

a. Ditongo: encontro de duas vogais em uma só sílaba. Exemplo: caixa; pai; série; lei.

b. Tritongo: encontro de três vogais em uma só sílaba. Exemplo: iguais; saguão;


espiões; Paraguai.

c. Hiato: encontro de duas vogais em sílabas separadas. Exemplo: di-a; ide-ia*; no-
el; papagai-o. Obs.: a palavra “ideia” possui ditongo e hiato.

Quando uma sílaba tônica é composta por uma vogal sozinha, sem outra vogal ou, ainda, sem
uma consoante, como em juízo (ju-í-zo), pois o ‘i’ é tônico (mais forte) e está sozinho, essa vogal
será acentuada, mas apenas se for “i” ou “u”, acompanhadas ou não de “s”, por exemplo: Luís (Lu-
ís).

No entanto, por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “Ra-ul”, se todas são “i” e “u”
tônicas, portanto, hiatos? Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos
de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l”, respectivamente. Essas consoantes já
soam forte por natureza, tornando, naturalmente, a sílaba “tônica”, não tendo a necessidade de
acentuação.

Classificação número de sílabas:

a) Monossílabas – com apenas uma sílaba: sol.

Os monossílabos podem ser de dois tipos:

Átono: palavras de uma sílaba fraca ou seja pronunciada sem ênfase Por
Átono: palavras de uma sílaba fraca, ou seja, pronunciada sem ênfase. Por
exemplo: artigos: o, a, um etc.; pronomes pessoais oblíquos: se, te, ti, lhe, o, a etc.;
pronome relativo: que; conjunção: e, ou, mas, nem etc.; preposição: dos, de, à, na
etc.

Tônico: palavras de uma sílaba tônica, ou seja, pronunciadas com ênfase. Por
exemplo: verbos: li, vi, ter, ser, dê etc.; substantivos: sol, mar, flor, dor, mel etc.;
adjetivos: mau, bom, má etc.; pronomes: eu, tu, nós, mim etc.; advérbios: lá, cá,
bem, já etc.

a. Dissílabas – com duas sílabas: cha-ve.

b. Trissílabas – com três sílabas: ca-ne-ta.

c. Polissílabas – com quatro ou mais sílabas: bor-bo-le-ta.

Acento diferencial: utilizado em palavras com escrita igual, mas que servem para
diferenciá-las em seus sentidos e uso. Em algumas palavras, esse acento
diferencial não foi mantido. Em outras, porém, foi mantido, como em: pôde
(passado), pode (presente); pôr (verbo), por (preposição); nas formas verbais que
diferenciam a 3ª pessoa do singular e do plural (ela tem / elas têm; você vem /
vocês vêm - essa é uma regra geral, para todos os verbos que sejam derivados do
“ter” e do “vir”, por exemplo: deter, manter, intervir, sobrevir, entre outros.

Trema: abolição do uso do trema, com exceção para nomes próprios e seus
derivados, de origem estrangeira.

Vejamos, a seguir, um quadro com algumas dicas rápidas sobre o Novo Acordo Ortográfico:

● Acento diferencial

Em algumas palavras, não há mais a presença do acento diferencial. Deste modo, para saber
o sentido pretendido, é preciso analisar o contexto. Vejamos:

Para (verbo) – Para (preposição). Por exemplo:

Ele para de malhar logo no segundo dia.

Vou para o meu trabalho.

Pela e pelo (verbo) – Pela e pelo (preposição) – Pelo (substantivo). Por exemplo:

O animal pela conforme vai crescendo.

Vou pela sombra.

Ele vai pelo caminho mais rápido.


Ele vai pelo caminho mais rápido.

O pelo do meu cachorro está caindo.

● Acento agudo

Ditongos nas paroxítonas: não tem mais acento nos ditongos “ei” e “oi”. Por exemplo: joia,
estreia, paranoico.

Vogais tônicas nas paroxítonas: “i” e “u” não são mais acentuadas, se vierem depois de um
ditongo. Por exemplo: feiura, bocaiuva, cheiinho, saiinha.
Verbos: o “u” tônico não é mais acentuado, como em: “gue”, “gui”, “que” e “qui”. Por exemplo:
apazigue, enxágue, arguem, averíguo, delinquo.

● Acento circunflexo

Vogais dobradas: “ee” e “oo” não são mais acentuadas. Por exemplo: voo, veem, perdoo,
descreem, enjoo.

● Hífen

Letra “h”: separar por hífen, quando for a primeira letra da segunda palavra. Por exemplo: pré-
história, sub-humano, super-herói, anti-higiênico.

Letras iguais: quando a primeira palavra terminar em uma letra igual a que começa a
segunda palavra, elas devem ser separadas por hífen. Por exemplo: arqui-inimigo, micro-
ondas, anti-inflamatório.

Letras diferentes: caso sejam diferentes, elas não serão separadas. Por exemplo: extraoficial,
infraestrutura, semicírculo, superintendente.

Dobrar as letras “r” e “s”: quando a segunda palavra iniciar por “r” ou “s”, deve-se dobrar essa
letra e retirar o hífen, caso a última letra da primeira palavra seja vogal; se a primeira palavra
terminar com “r” ou “s” e a segunda começar com “r” ou “s”, o hífen permanece. Por exemplo:
autorretrato, minissaia, ultrassonografia; super-realista, inter-resistente, sub-reino.

Prefixos “ex-”, “sota-“, “soto-”, “vice-” e “vizo-”: o hífen se mantém. Por exemplo: soto-mestre,
vice-diretor, ex-presidente, vizo-rei.

Prefixos “pré”, “pró” e “pós”: sempre separados por hífen, quando forem tônicos. Por exemplo:
pré-natal, pró-africano, pós-graduação.

Prefixos “pan” e “circum”: separados por hífen, quando a segunda palavra for iniciada por
vogal, “h”, “m’ ou “n”. Por exemplo: pan-americano, circum-escola.

Prefixos “co”, “re”, “pre”: não se usa o hífen. Por exemplo: coordenar, reedição, preestabelecer.

Quadro 3 - Acordo Ortográfico descomplicado.

Fonte: Elaborado pelas autoras.


Gostou das dicas? Esperamos, cara(o) estudante, que reflita sobre os usos da língua e exercite-a,
pois só assim as novas regras serão memorizadas.

Agora que você concluiu a leitura deste estudo, veja, nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:

Indicação de Leitura

Livro: Comunicação empresarial

Autor: Carolina Tomasi e João Bosco Medeiros

Ano: 2009

Editora: Atlas

ISBN: 978-85-224-5274-3

Sinopse: Esse livro segue duas linhas distintas: a da Comunicação, que é a profissional e abarca a
comunicação externa e interna das organizações e a que segue os estudos de Língua Portuguesa
dos cursos que não são de Comunicação. Como os manuais da área recomendam aos
profissionais que a comunicação deve ser clara e direta, mas silenciam sobre como obter esse
tipo de desempenho, esse livro ocupa-se com o uso da linguagem e entende que a comunicação
que se faz com apoio no conhecimento linguístico alcança objetivamente a eficácia. O presente
texto é resultado de pesquisa dos principais temas tratados em sala de aula no que se refere à
disciplina Comunicação Empresarial. Ocupando-se de temas diretamente relacionados à
Linguística e à Comunicação, esse livro poderá ser uma ferramenta de ensino e aprendizagem.
Enfatiza, também, o uso tanto da modalidade escrita da língua quanto da modalidade oral. A
Parte I focaliza os temas relacionados à Comunicação Empresarial; a Parte II aborda temas
relevantes no aprendizado da língua, como coesão, coerência, discurso implícito, procedimentos
argumentativos, condições de produção do texto, intertextualidade. A obra está dividida em treze
capítulos, com a seguinte estrutura: objetivos do capítulo; seção de reflexão e discussão,
composta de questões as quais o aluno deve responder; seção sobre o tema da unidade em
estudo; um texto para leitura; seção de leitura recomendada; por fim, um conjunto de exercícios
que podem ser feitos oralmente ou por escrito. A prática das propostas apresentadas no texto
poderá levar estudiosos e profissionais à consecução de uma comunicação competente.

Questão 1

Leia o trecho a seguir:


“Desde as origens da Linguística do Texto até nossos dias, o texto foi visto de
diferentes formas. Em um primeiro momento, foi concebido como: a) unidade
linguística (do sistema) superior à frase; b) sucessão ou combinação de frases;
c) cadeia de pronominalizações ininterruptas [...]. Já no interior de orientações
de natureza pragmática, o texto passa a ser encarado, pelas teorias acionais,
como uma sequência de atos de fala; pelas vertentes cognitivas, como
fenômeno primariamente psíquico, resultado, portanto, de processos mentais; e
pelas orientações que adotam por pressuposto a teoria da atividade

comunicativa, como pressuposto a teoria da atividade comunicativa, como


parte de atividades mais globais de comunicação [...]” (KOCH, [s./d.], p. 21-22).

O texto, portanto, deixa de ser concebido de forma fechada, sendo abordado


considerando o seu planejamento, verbalização e construção. Assim, e
considerando os conteúdos estudados no livro da disciplina, analise as
afirmativas, a seguir, sobre o texto.

I. O texto é responsável, por intermédio da interação do homem, de atribuir


sentido às coisas do mundo.
II. Para que o texto seja uma unidade de sentido, é imprescindível dois sujeitos:
quem fala e quem ouve.
III. Um emaranhado de palavras, agrupadas e sem uma ordem estabelecida, é
um conceito possível para o texto. IV. Em um texto, o contexto é de sua
importância para o entendimento de sua mensagem.

Está correto apenas o que se afirma em:

A. II e IV.

B. I e II.

C. I e IV.

D. I, II e IV.

E. I, III, IV.

Questão 2
Leia o trecho a seguir:

“A produção de linguagem [verbal e não verbal] constitui atividade interativa


altamente complexa de produção de sentidos que se realiza, evidentemente,
com base nos elementos [linguísticos] presentes na superfície textual e na sua
forma de organização, mas que requer não apenas a mobilização de um vasto
conjunto de saberes (enciclopédia), mas a sua reconstrução e a dos próprios

sujeitos – no momento da interação verbal” (CAVALCANTE; CUSTÓDIO FILHO,


2010, p. 64).

A linguagem é, basicamente, o uso da língua como forma de expressão e


comunicação entre os sujeitos, a qual pode se manifestar de diferentes modos,
por meio da linguagem verbal, da linguagem não verbal e da mista. Assim, e
considerando os conteúdos estudados no livro da disciplina, analise as
afirmativas, a seguir, sobre os tipos de linguagem.

I. A linguagem que utiliza apenas códigos para a transmissão de uma ideia


pode ser considerada linguagem não verbal.
II. Para o estabelecimento de comunicação, a linguagem que utiliza apenas a
língua, oral ou escrita, diz respeito à linguagem verbal.
III. A utilização de recursos gráficos, bem como a oralidade, está dentro do
escopo da linguagem não verbal.
IV. A linguagem mista prevê a combinação de elementos textuais e visuais.

Está correto apenas o que se afirma em:

A. II.

B. I e III.

C. II e IV.

D. I, III, V.

E. I, II e IV.

Ati id d
Atividade

Leia o trecho a seguir:“A palavra tem valor conotativo quando remete para
outros significados por associação, quando extrapola o sentido comum,
quando é usada de modo criativo; e tem um valor denotativo (referencial)
quando é tomada no seu sentido usual ou literal, com significação restrita, em
“estado de dicionário” (LOPES, 2010, p. 10).Assim, considerando as informações
apresentadas e os conteúdos estudados, analise as afirmativas, a seguir, sobre
o sentido conotativo e denotativo.

I. O período “poento alumbramento róseo, de dia; tênue tecido alaranjado,


passando em fundo preto, de noite, à luz”, é um exemplo de texto conotativo.
II. Devido aos valores transmitidos, a denotação é oposta à conotação.
III. A frase “Intensidade da tragédia ambiental é tão grave quanto a de Mariana”
apresenta uma linguagem conotativa.
IV. “[...] e a tarde pendurada no raminho de um fogáceo arborescente deixava-se
ir muda feita uma coisa última” é uma frase que apresenta valor conotativo.
Está correto apenas o que se afirma em:

A. II.

B. I e III.

C. II e IV.

D. I, II e IV.

E. I, III e IV.

Síntese
Parabéns!

Você concluiu este estudo. Esperamos que as informações apresentadas aqui contribuam para a
sua bagagem de conhecimento sobre o tema estudado e que elas possam ser utilizadas em seu
dia a dia. Que todo esse conhecimento possa lhe trazer muito sucesso em suas atividades, além
p
de despertar o desejo de estudar cada vez mais.

Desejamos, a você, bons estudos!

Referências Bibliográficas

BECHARA, E. Gramática funcional: naturezas, funções e tarefas. In: NEVES, M. H. M. (Org.). Descrição
do português II. Publicação do curso de Pós-graduação em Linguística e Língua Portuguesa. Ano
V, n. 1, p.1-97, Araraquara: Unesp, 1991.

BÍBLIA. A. T. Daniel. In: BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada: contendo o antigo e o novo testamento.
Tradução dos originais mediante a versão dos Monges de Maredsous (Bélgica) pelo Centro Bíblico
Católico. 29. ed. São Paulo: Ave Maria, 1980. p.1197-1198.

CAMPOS, Augusto de. Viva Vaia. São Paulo: Brasiliense, 1986. [s./p.]

CAMÕES, Luís Vaz de. Sonetos de Camões: sonetos, redondilhas e gêneros maiores. 2. ed. Cotia-SP:
Ateliê Editorial, 2001.

CAVALCANTE, U. F.; TORGA, V. L. M. Língua, discurso, texto, dialogismo e sujeito: compreendendo os


gêneros discursivos na concepção dialógica, sócio-histórica e ideológica da língua(gem).
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Acesso em: 5 ago. 2013.

CAVALCANTE, Mônica Magalhães; CUSTÓDIO FILHO, Valdinar. Revisitando o estatuto do texto.


Revista do GELNE, Piauí, v. 12, n. 2, 2010.

COSSON. Literatura: ensino fundamental. PAIVA, Aparecida; MACIEL, Francisca; COSSON, Rildo
(Orgs.). Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 204 p. Coleção
Explorando o Ensino, v. 20.

G1 PI. Incêndio de grandes proporções atinge Floresta Nacional de Palmares. G1 PI, 15 out. 2016.
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HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
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KOCH, Ingedore G.; TRAVAGLIA, Luiz C. O texto e o discurso. In: Gramática e interação: uma
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LOPES, Paula. Literatura e linguagem literária. Lisboa: Universidade da Beira Interior, 2010.
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MARTINET, A. O que é a linguística funcional. Alfa, v. 38, 1994.

MIRANDA, F. M. de C.; CAMPOS, L. S. Libras e Língua Portuguesa: encontros funcionais. Fólio – Revista
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RUSSO, Renato. Monte Castelo. In: As quatro estações. Rio de Janeiro: EMI, 1989.

SOUZA, Tania C. Clemente de. Discurso e imagem: Perspectivas de análise não verbal. C-legenda -
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