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A Tradução Do Livro de Yi
A Tradução Do Livro de Yi
do meio ambiente” publicada em 1980 pela professora da UNESP – Rio Claro Lívia de
Oliveira é um marco da Geografia Humanista no Brasil. Até então, a Geografia brasileira
era pensada, sobretudo, a partir de duas correntes geográficas distintas: a Geografia
Crítica com apelo marxista e a Geografia teorética quantitativa com aporte
neopositivista.
Topofilia, o termo chave que dá título ao livro, é um neologismo definido por Tuan como
“todos os laços afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material” (TUAN,
1980, p. 107). A topofilia pode assumir assim muitas formas, variando em amplitude
emocional e intensidade. Podem ser considerados exemplos topofílicos distintos a
apreciação estética do meio através do turismo, o contato físico com o meio ambiente
do pequeno agricultor, o patriotismo e a relação emocional da pessoa com seu lar e seus
pertences. Nota-se então, que o termo topofilia associa sentimentos com meio
ambiente e, ao fazer isso, promove a ideia de lugar. Contudo, “o meio ambiente pode
não ser a causa direta da topofilia, mas fornece o estímulo sensorial que, ao agir como
imagem percebida, dá forma às nossas alegrias e ideais” (TUAN, 1980, p. 129).
Após explanar a respeito da percepção e cultura, Tuan analisa a relação das diferentes
culturas com os espaços urbanos e o simbolismo envolvido nisso. O autor não enfatiza
apenas as cidades e culturas ocidentais, mas também chinesas. Destaca-se nesse trecho
da obra que estilos de vida distintos geram padrões espaciais diferentes e que a maneira
como as pessoas respondem ao ambiente urbano depende de fatores diversos. Para os
transeuntes os meios de transporte são importantes e até mesmo a hora do dia em que
as ruas da cidade são usadas afeta a percepção e a avaliação das mesmas. Nas palavras
do autor “A imagem urbana é uma para o executivo pendular e outra bem diferente para
a criança sentada na escada de entrada de um bairro pobre ou para o vagabundo que
dispõe de tempo, mas de quase mais nada.” (TUAN, 1980, p. 259).
Ao se referir à cidade de Brasília, Tuan considera-a um esboço de cidade idealizada que
representa o Ego coletivo do país. Uma cidade com base religiosa e simbolismo cósmico
que marca simbolicamente e politicamente a domesticação do “selvagem” e da
valorização do potencial agrícola do interior do Brasil.
Por fim, pode-se afirmar que a leitura de Topofilia proporciona novas perspectivas para
os estudos da relação entre pessoas e o meio ambiente, o que pode ser ampliada
através da leitura de outras obras de Tuan, como “Espaço e Lugar” (1983) e “Paisagens
do Medo” (2006). Muitos dos conceitos abordados no livro referem-se à emoção com que
as pessoas se relacionam com o meio ambiente, fazendo deste um lugar.
REFERÊNCIAS: