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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA CLÍNICA E ASSISTÊNCIA
SOCIAL

4a Ano. Pós-laboral

Tema: DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Chimoio, Janeiro de 2024

Discente: Rachel
Índice
CAPITULO I: CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................1

1. Introdução..................................................................................................................1

1.1. Justificativa e relevância.........................................................................................2

1.1.1. Justificativa..........................................................................................................2

1.3.Objetivos......................................................................................................................4

1.3.1. Objetivo geral......................................................................................................4

1.3.2. Objetivos Especifico............................................................................................4

1.4. Delimitação do estudo................................................................................................4

1.4.1. Delimitação temporal e espacial..........................................................................4

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA...............................................................5

2. ABUSO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM JOVENS E ADOLESCENTES


NA CIDADE DE CHIMOIO............................................................................................5

2.1. Substâncias psicoativas...........................................................................................5

2.2. Fatores de risco para o abuso de substâncias psicoativas na cidade de chimoio....7

2.3. Sintomas da dependencia quimica..........................................................................8

2.4. Métodos de intervenção na dependência de psicoativos......................................10

2.5. Adolescência e uso de substâncias psicoativas.....................................................12

CAPITULO III: METODOLOGIA.............................................................................14

3.2. Resultados esperados................................................................................................16

4.3. Cronograma das atividades...................................................................................18

4.4. Orçamento do projeto...........................................................................................19


CAPITULO I: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. Introdução

O presente trabalho de campo visa abordar em torno do caso de dependência


química, a pesquisa enquadra-se na cadeira de Habilidades de reflexão no curso de
psicologia clinica e assistência social. A psicologia clinica e assistência social tem
interesse em estudar os vários fenómenos sociais que culminam nas alterações da psique
ou da personalidade em si, esta pesquisa visa perceber detalhadamente os efeitos
comportamentais gerados pelo consumo de substancias psicoativas e traçar estratégias
que visam ajudar a solucionar esse problema no seio juvenil e adolescente na cidade de
Chimoio,

Nas últimas décadas, porém temos visto que o uso indiscriminado de substâncias
psicoativas lícitas e ilícitas vem causando grandes impactos negativos em níveis
individual e social. Esse padrão de consumo está diretamente relacionado ao aumento
da criminalidade, marginalização e violência em nossas cidades.

O Departamento de Educação Pública e Divulgação no GCPCD, afirma que o


número de hospitalizações registado no último ano traduz um ligeiro agravamento em
comparação com 2019, ano em que foram internadas 9.666 pessoas devido ao consumo
de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, a maioria destas pessoas foram
maioritariamente adolescentes e jovens (Gabinete Central de Prevenção e Combate às
Drogas GCPCD, 2020).

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1.3.Objetivos

1.3.1. Objetivo geral

 Intervir no caso de Dependência química

1.3.2. Objetivos Especifico

 Identificar os Fatores de risco para o abuso de substâncias psicoativas em jovens


e adolescentes.
 Desenvolver propostas de intervenção com vista a mitigar, prevenir e educar os
adolescentes e Jovens quanto ao maleficio do uso de substâncias psicoativas;
 Apresentar as consequências geradas pelo consumo dessas drogas, promover
hábitos mais saudáveis de recreação.

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Plano de intervenção

Depois de analisar a história clinica e fazer o roteiro de anamnese e obtenção do


diagnóstico, passo ao plano de intervenção psicológica, a abordagem usada para esta
terapia será usada a Psicoterapia cognitivo comportamental e a Terapia ocupacional. O
encontro será semanal (nas terças-feiras). A estrutura das sessões é a seguinte: 1)
Introdução/apresentação dos objetivos para a respetiva sessão; 2) Avaliação da sessão.
Realizada pelo cliente quanto à importância desta para o mesmo, e realizada por mim
através da elaboração de uma grelha para cada sessão.

Objetivo geral: Cada sessão Tem como objetivos trabalhar a motivação, a


reaprendizagem psicossocial e comportamental, a mentalização e manutenção da
abstinência e proporcionar ao cliente um conhecimento mais aprofundado sobre si
mesmo.

Plano de sessões

Primeira Sessão:

Objetivo: Estabelecimento da Aliança terapêutica e a conscientização a respeito do


alcoolismo

Na primeira sessão apresentaram-se os objetivos, procedimentos e normas que guiaram


a intervenção. As duas partes (psicólogo e paciente) apresentaram-se fez-se uma breve
descrição do seu problema, cujo objetivo foi de proporcionar um quebragelo, deixar o
paciente confortável e interagindo mas. Foi realizado um exercício “O Riso” e
seguidamente a visualização de um documentário “Os Adolescentes e o Álcool” Com o
objetivo de identificar o alcoolismo como uma doença. É um documentário que aborda
o consumo abusivo e dependente do álcool, os problemas familiares, na via pública,
físicos e legais, todos esses problemas causados pelo álcool.

Técnicas: Psicoeducação, quebragelo, O Riso.

Terapia: TCC

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Segunda Sessão:

Objetivo: O objetivo foi identificar vantagens e desvantagens referentes ao consumo de


álcool e outras substâncias químicas.

Utilizou-se uma matriz de vantagens e desvantagens referentes ao comportamento de


consumo para tornar mais explícito os benefícios de não beber comparados aos de
beber, baseado na experiência prévia do paciente com a bebida. Para tal foi construída
uma balança com diversos materiais, em que num lado foram colocadas as vantagens e
das outras as desvantagens do consumo. No final, verificou-se qual o lado mais
importante para o paciente (aquele que pesava mais para este).

Deu-se a conhecer aos pacientes uma técnica onde eles listam evidências a favor e
contra seus pensamentos automáticos para comparar e contrastar. Desta forma eles
podem examinar pensamentos negativos automáticos e procurar evidências objetivas
que apoiem e refutem esses pensamentos. Por fim, o objetivo é ajudá-los a ter
pensamentos mais equilibrados e menos severos, avaliando criticamente o que estão
pensando.

Técnicas: Registros de pensamentos

Terapia: TCC

Terceira Sessão:

Objectivo: identificar estratégias de resolução de problemas

Ajudando a descartar falsas crenças e inseguranças que levam ao abuso de substâncias;


Reconhecendo que os problemas de facto existem, mas que podem ser resolvidos. Os
problemas identificados na segunda sessão foram o ponto de partida para a terceira
sessão

Aqui vai se fazer um exercício, em que o paciente pensam em uma memória que produz
sentimentos negativos poderosos. Sendo assim, ele anotam cada visão, som, emoção,
pensamento e impulso naquele momento. Ao revisitar frequentemente memórias
dolorosas, a pessoa viciada pode reduzir a ansiedade causada por elas ao longo do
tempo.

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Técnicas: Exposição baseada em imagens

Terapia: TCC

Quarta Sessão:

Objectivo: Ensinar habilidades de comunicação eficazes.

Técnicas: autoinstrução

Terapia: TCC

A quarta sessão foi usada para o treino de aptidões sociais, com o objectivo de
desenvolver habilidades de comunicação com base na consideração de que o diálogo é o
primeiro passo no estabelecimento de relações interpessoais. Fez-se o exercício “A
mensagem”. Leu-se um texto que abordava a vivência de um individuo com problemas
de consumo de álcool e outras drogas. Seguidamente os pacientes relataram os padrões
do seu consumo e foi avaliada (através de um site na internet) a taxa de alcoolémia num
episódio de consumo pesado. Este processo Favoreceu a consciencialização e
identificação de possíveis experiências em comum proporcionando uma identificação e
espelhamento com o outro.

Quinta Sessão:
Objectivo: treinar a comunicação assertiva

Técnicas: role-play.

Terapia: TCC

Esta sessão teve o objectivo de treinar a comunicação assertiva. Estas habilidades


pretendem que o paciente aprenda a expressar os próprios sentimentos de forma directa,
honesta e apropriada, falar de forma clara, firme e decidida, usando contacto visual e
usar enunciados na primeira pessoa (“Eu” não gosto quando tu gritas comigo. “Eu”

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prefiro que fales num tom...). Utilizou-se um exercício em que o paciente do grupo
aprenderam a dizer “não”.

Sexta Sessão:
Objectivo: fornecer estratégias alternativas para gestão de ansiedade

Técnicas: relaxamento.

Terapia: TCC

A sexta sessão teve como objectivo fornecer estratégias alternativas para gestão de
ansiedade. Inicialmente foram feitos exercícios de aquecimento e de movimento.
Seguido da técnica de relaxamento (adaptação da técnica de relaxamento progressivo de
Jacobson).
Visto que muitos consumidores usam o álcool e outras drogas como um tipo de
automedicação para relaxar e controlar tensões, o stress e ansiedade. É importante
aprender a estar consciente das tensões corporais e aprender a relaxar.

Sétima Sessão:
Objectivo: Eliminar os falsos conceitos

Técnicas: técnica da foto linguagem.

Terapia: TCC

A sétima sessão teve como objectivo desmistificar falsas crenças sobre o álcool. Foram
abordados os falsos conceitos através de uma história concebida. Inicialmente realizou-
se um exercício intitulado. “Fotografia” (técnica da foto linguagem), de forma a
promover a partilha e a interação.

Oitava Sessão:
Objectivo: Descontração

Técnicas: técnica da foto linguagem.

Terapia: TCC, Terapia ocupacional


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O objectivo foi criar um momento de descontração ao ar livre através da realização de
um passeio pelo recinto hospitalar (promoção de estilos de vida saudável) e promover
ao mesmo tempo um relaxamento. O aumento de actividades agradáveis vai incentivar a
importância da quantidade de tempo dedicado ao lazer e às actividades prazerosas. É
uma forma de evitar pensamentos negativos

Nona sessão:

Objectivo: Substituir o consumo de drogas por atividades mas saudáveis.

Técnicas: Cronograma de Atividades Agradáveis

Terapia: TCC, Terapia ocupacional

Essa sessao envolveu fazer uma lista semanal de atividades saudáveis e divertidas para
quebrar as rotinas diárias. Nesse sentido, essas tarefas devem ser simples e fáceis de
executar, incentivando emoções positivas. Portanto, agendar essas atividades prazerosas
ajuda a reduzir os pensamentos automáticos negativos e a subsequente necessidade de
usar drogas ou beber.

Decima sessão:

Objectivo: Desligamento, avaliação de ganhas e prevenção de recaidas

Técnicas: Cronograma de Atividades Agradáveis

Terapia: TCC

O processo de Desligamento e prevenção de recaídas visa a redução de quaisquer


estímulos que possam encorajar o consumo de álcool. Vou incentivar o paciente a:

- Eliminar a maioria (ou idealmente todas) as bebidas alcoólicas presentes em casa;

- Evitar contextos que encorajam o consumo (bares, por exemplo);

- Encorajar atividades incompatíveis com o consumo (como exercícios físicos);

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- Abarcar a família e amigos próximos para auxiliarem em mudanças de estilo de vida,
reforçando comportamentos saudáveis e ajudando a minimizar situações que aumentem
a probabilidade de consumo.

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2. DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Chimoio é a capital da província moçambicana de Manica. Tem o estatuto de cidade e


administrativamente é um município com um governo local eleito; e é também, desde
Dezembro de 2013, um distrito, uma unidade local do governo central, dirigido por um
administrador. De acordo com o censo de 2007 a cidade de Chimoio tem uma
população de 238.976 habitantes, numa área de 174 km² (Portal do governo, 2023).

Fig 1: Localização de Chimoio em Moçambique

Fonte: (Portal do governo, 2023).

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2.1. Substâncias psicoativas

Segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas NIDA, (2020), Substâncias


psicoativas São substâncias que agem no cérebro, alterando as sensações, o estado
emocional, o nível de consciência. Podem ser lícitas (álcool) ou ilícitas (cocaína, crack,
maconha).

De acordo com sua ação no sistema nervoso, essas drogas podem ser
classificadas em depressoras (álcool), estimulantes (cocaína, crack, anfetamina) e
perturbadoras (maconha, LSD). Existem variações no modo como cada droga age no
sistema nervoso, porém, de modo geral, elas ativam áreas do cérebro que nos fazem
sentir prazer e fazem isso de maneira muito mais intensa daquela que seria conseguida
de maneira natural (sem o uso da droga) (Instituto Nacional de Abuso de Drogas NIDA,
2020). Dessa forma, o indivíduo passa a ter mais e mais vontade de consumir a
substância, perdendo o controlo sobre seu uso e tornando-se dependente.

Os Excessos de uso da droga se dão por conta da ativação do sistema de


recompensa do cérebro. Esse sistema libera neurotransmissores responsáveis por
sensações de prazer e, quando ativado pela droga, o sistema produz essa sensação de
prazer (denominadas de “barato” ou “viagem) muito mais rápido do que produziria com
atividades normais (por exemplo, estudar antecipadamente para uma prova e ter a
sensação de prazer quando tirar uma nota alta) (Saúde Mental UFRGS, 2019).

É característico do uso abusivo de substância a presença de sintomas cognitivos,


comportamentais e fisiológicos. Por exemplo, as recaídas constantes (tenta parar, mas
volta ao uso) e a fissura intensa pela substância (desejo muito intenso de usar a droga)
são sintomas exibidos por indivíduos que fazem uso abusivo de substância (s) (Saúde
Mental UFRGS, 2019).

Além disso, o uso contínuo da substância promove alterações no modo como o


cérebro reproduz sentimentos e sensações ruins como ansiedade, irritabilidade e
agressividade. Isso significa que, quando o indivíduo não está usando a droga, ele se
sente muito mal (psicológica e fisicamente), o que o faz buscar novamente a droga –
para aliviar esse mal-estar – e assim ele se prende a um círculo vicioso (Instituto
Nacional de Abuso de Drogas NIDA, 2020).

Fig 1: Substâncias psicoativas mais comuns

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Fonte: Pimenta, (2020).

2.2. Fatores de risco para o abuso de substâncias psicoativas na cidade de


chimoio

Algumas pessoas são mais propensas a desenvolverem dependência de


substâncias psicoativas. Abaixo alguns fatores que facilitam a instalação da
dependência:

* Hereditariedade

É sabido que alguns indivíduos sentem maior prazer ao fazer uso de determinada
substância enquanto outros, não só sentem menos, como podem até sentir desconforto.
Essas diferenças de efeito da substância no organismo podem ser herdadas
geneticamente, o que explicaria o fato de que filhos de pai ou mãe dependentes têm
mais chance de se tornarem dependentes (Instituto Nacional de Abuso de Drogas NIDA,
2020).

* Transtornos psiquiátricos

Pessoas que sofrem com problemas de ansiedade, depressão, déficit de atenção e


hiperatividade, dentre outros transtornos psiquiátricos, têm mais chance de desenvolver
dependência.

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 “Pressão” social

Fator muito relevante entre os adolescentes que, para serem aceitos em determinados
grupos de convívio social, acabam por iniciar o uso de substâncias psicoativas.

 Situação familiar

Tanto famílias disfuncionais, com muitos conflitos, violência e parca interação entre os
membros, quanto famílias mais tolerantes e permissivas em relação ao uso de
substâncias tendem a facilitar a ingressão de seus filhos no mundo da dependência.

 Falta de informação

Indivíduos mal informados sobre substâncias psicoativas (seus efeitos no organismo,


suas consequências na vida pessoal e no convívio social) tendem a usar mais drogas do
que os bem informados.

2.3. Sintomas da dependencia quimica

Os sintomas da dependência química incluem:

 Descontrole na vontade de usar a substância

Um sintoma comum entre dependentes químicos é o desejo incontrolável de usar a


substância química. Além da vontade descontrolada de consumir a droga, geralmente o
indivíduo com o transtorno não consegue parar depois de começar.

 Aumento da tolerância

Dependentes químicos aumentam gradualmente a tolerância à substância. Eles têm a


necessidade de usar doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito que atingiam
com doses menores, o que acaba produzindo um ciclo vicioso de consumo.

 Crises de abstinência

As crises de abstinência estão entre os sinais de dependência química. Elas acontecem


diante da suspensão e privação do uso da substância, o que causa manifestações
psíquicas e físicas bastante incômodas, como por exemplo, fissura, sudorese, tremores,
ansiedade, dores musculares, fadiga, letargia, fraqueza, inquietação, perda de apetite,
pele úmida e fria, náusea, vômitos, automutilação, delírios, alucinações, insônia,

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confusão mental, desorientação, nervosismo, dilatação da pupila, formigamento, fala
arrastada, convulsões, entre outras.

 Alterações comportamentais

A dependência química provoca mudanças significativas no comportamento. À medida


que o vício se intensifica, as atitudes se transformam. A pessoa dependente pode
apresentar humor oscilante, euforia, depressão, impaciência, desânimo, frustração,
agressividade, desinteresse, impulsividade, irritabilidade, etc. As alterações
comportamentais dependem diretamente do tipo de substância psicoativa.

 Isolamento social e abandono de atividades cotidianas

É comum que dependentes químicos se afastem da família e se distanciem dos amigos.


O isolamento social é um sintoma marcante dessa condição, sobretudo, porque a pessoa
tende a abandonar atividades cotidianas que antes davam prazer, como por exemplo, a
participação em grupos esportivos, religiosos, acadêmicos e profissionais.

 Descontrole financeiro

A dependência química pode impactar a situação financeira do indivíduo, que se


endivida para financiar o vício. Quanto maior é o descontrole sobre o uso da substância,
maior é o descontrole financeiro. Pode ser que o dependente passe a vender objetos
pessoais e, até mesmo, realizar furtos para continuar comprando e usando drogas.

 Negligência consigo mesmo

Conforme a dependência aumenta, a pessoa dependente passa a negligenciar os


cuidados consigo mesma, deixando de cuidar da higiene, aparência e saúde. Como se
não bastasse, ela se coloca frequentemente em situações de risco. Isso acontece porque
sua vida começa a girar em torno do vício e o que antes era importante passa a não ser.

Outros sintomas:

 Ingerir grandes quantidades de drogas ou de bebida alcoólica;


 Fazer a ingestão dessas substâncias por um longo período;
 Desejar ou tentar sem sucesso reduzir ou controlar o uso de substâncias
químicas;

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 Desejar frequentemente usar drogas ou ingerir álcool, mesmo sabendo de seus
efeitos negativos e do período de recuperação;
 Ter demais áreas da vida interrompidas ou afetadas por conta do uso dessas
substâncias, como trabalho, estudo e relacionamento;
 Desistir ou reduzir o engajamento com atividades de lazer devido ao uso de
drogas ou álcool;
 Ter comportamentos de risco, como dirigir alcoolizado;
 Desenvolver tolerância ou necessidade de usar mais drogas ou álcool para obter
o mesmo efeito; e
 Ter sintomas de abstinência se não estiver usando drogas ou álcool

2.4. Métodos de intervenção na dependência de psicoativos

O processo não costuma ser simples e requer o apoio contínuo de pessoas


queridas, além de muita determinação da parte do dependente. Recaídas são esperadas
ao longo do tratamento para a dependência química, por isso, eles não devem se sentir
desencorajados por retornar aos velhos hábitos (Pimenta, 2020).

Cada pessoa desenvolve uma relação com a substância ingerida. Por vezes, o
vício representa a satisfação de uma necessidade emocional a qual o dependente foi
privado (ou acredita ter sido privado) em algum momento da vida (Pimenta, 2020). A
compreensão das características desse relacionamento é, portanto, essencial para o
sucesso do tratamento.

Além desse conhecimento auxiliar a implementação de estratégias que reduzem


o impacto das substâncias químicas no organismo e nas áreas afetadas da vida do
dependente, ele evita complicações que acarretem o desenvolvimento de transtornos
mentais, como depressão e ansiedade (Pimenta, 2020).

A duração do(s) tratamento(s) selecionado(s) pode variar conforme o perfil


psicológico do dependente e a gravidade da dependência química. Cada caso deve ser
avaliado de acordo com as nuances da vida do paciente. Os principais tipos de
tratamento para dependência química são:

 Desintoxicação

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Esta é a fase inicial de todos os tipos de tratamento voltados para dependentes
químicos. Consiste na ingestão de doses cada vez menores da substância causadora da
dependência até que o organismo se acostume a viver sem ela.

Nesta etapa, os sintomas de abstinência tendem a ser frequentes e o


comportamento do dependente muda temporariamente. Ele pode ficar mais impaciente e
raivoso em razão da falta da substância.

Por ser um processo desgastante tanto física quanto psicologicamente, o


acompanhamento do médico é indispensável. Outras formas de terapia também podem
ser usadas paralelamente para reduzir a instabilidade emocional do paciente. A
desintoxicação dura cerca de 20 a 45 dias (Pimenta, 2020).

Uma característica importante desta fase é o apoio de pessoas queridas para que
o paciente tenha forças para finalizar o tratamento. Elas podem sentir que não podem
fazer muito pelo dependente. Porém, a sua presença e palavras de apoio são o suficiente
para ajudar nesse processo.

 Psicoterapia

O acompanhamento psicológico é importante durante qualquer tipo de


tratamento para a dependência química. Além de ajudar a manter a estabilidade
emocional do paciente, a psicoterapia proporciona orientações que ajudam o paciente a
evitar comportamentos e situações de risco (Pimenta, 2020).

Outro ponto de destaque é que transtornos mentais podem ser identificados ao


longo do processo. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)
identificou que cerca de 35 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com algum
tipo de transtorno por conta do uso de drogas, sendo a depressão o mais comum.

A depressão também pode causar o abuso de drogas e de álcool em vez de ser


um resultado. Na tentativa de administrar os sintomas desagradáveis do transtorno, o
depressivo busca o prazer nas substâncias químicas. Elas se tornam a sua válvula de
escape e, consequentemente, causam a dependência química (Pimenta, 2020).

O conjunto de crises de depressão e o uso de substâncias representa maior


propensão à ideação suicida e aos surtos psicóticos. Sendo assim, a atuação do
psicólogo no tratamento para dependência química é primordial para torná-lo mais
eficiente e correspondente às necessidades emocionais do paciente (Pimenta, 2020).

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 Medicamentos

Medicamentos também podem compor o tratamento para dependentes químicos.


Eles são selecionados pela equipe multidisciplinar responsável pelo paciente. Caso a
necessidade de uso seja identificada, é feito o monitoramento para que o abuso das
medicações seja evitado (Pimenta, 2020). Neste caso, os medicamentos agem como
substitutos das substâncias ingeridas para evitar a abstinência. A prescrição de
analgésicos para tratar dores corporais e enxaquecas são igualmente comuns.

 Internação

Em alguns casos, a internação pode ser a melhor opção tanto para o indivíduo
dependente quanto para os seus familiares. Ficar longe dos ambientes onde o abuso de
substâncias é comum e/ou de pessoas que incentivam o vício é a premissa desse tipo de
tratamento.

2.5. Adolescência e uso de substâncias psicoativas

Segundo Silva (2014), Segundo estudiosos, o aumento significativo do uso de


substâncias psicoativas (SPA) entre adolescentes e jovens e a precocidade dessa prática
representam desafios para a saúde pública, em função da forte relação com outros
agravos ambientais que comprometem a saúde e a vida, apontando alta vulnerabilidade
destes grupos etários.

Na adolescência, fase da vida marcada por transformações psicossociais e busca


da autonomia, os eventos negativos, tais como falta de suporte familiar e social,
condições socioeconômicas precárias, desvantagem educacional, entre outros fatores,
aumentam a vulnerabilidade ao uso de SPA e outros agravos associados ao consumo
dessas substâncias (Silva, 2014). As ambivalências que gratificam e incomodam, podem
gerar conflitos geracionais e psicossociais com a família e o ambiente.

Embora os adolescentes sejam vistos como grupo de risco para uso de


substâncias psicoativas, os fatores que os levam a utilizar drogas são considerados
diversos e multifacetados, estando os principais relacionados às características
individuais e sociais, incluindo a família e o grupo de pares, a influência da família, da
escola e de laços interpessoais são fundamentais para essa prática, e, por isso, precisa
ser protegido física, psíquica e moralmente (Barbosa, et all 2023).

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A adolescência compreende a idade entre os 12 a 17 anos e é caracterizada como
uma fase de desenvolvimento social, fisiológico, cultural e individual do caráter, onde o
indivíduo começa a vivenciar novas experiências impulsionadas pelo despertar da
curiosidade natural dessa fase da vida.

Nessa etapa, o adolescente vive o presente e busca realizações imediatas,


proporcionadas pelos efeitos das drogas. Esse comportamento é um dos motivos que
torna o adolescente mais vulnerável do ponto de vista psicológico e social.

Estudos sinalizam que a baixa competência social é um fator de vulnerabilidade


para o uso de drogas lícitas e ilícitas, ou seja, quanto mais habilidoso o adolescente for
socialmente, maior seu nível de proteção para o uso de drogas.

Vale ressaltar que as Habilidades Sociais são um conjunto de capacidades


importantes para garantir um bom relacionamento entre indivíduos, além da defesa de
direitos do próprio sujeito e vem sendo consideradas fator protetivo para o
desenvolvimento, saúde e bem-estar. Algumas dessas habilidades são: Assertividade,
Resolução de Problemas, Empatia, Comunicação, Civilidade e Fazer amigos. Pessoas
que manejam bem as habilidades sociais são consideradas competentes socialmente,
termo compreendido como equivalente (Barbosa, et all 2023).

O consumo de drogas pelos adolescentes e jovens nas escolas tende a


ganhar proporções cada vez maiores em muitas escolas nas grandes cidades
moçambicanas. É habitual observar-se alunos sob efeito de álcool e outras drogas
no recinto escolar e em particular, na sala de aula. Essa atitude, muitas vezes,
conduz ao consumidor um comportamento agressivo, interferindo no percurso
normal do processo de ensino e aprendizagem e ou ainda, baixo aproveitamento do
mesmo. O consumo de álcool e outras drogas, enquanto adolescente, pode criar danos
no Sistema Nervoso Central (SNC) e o organismo passa a depender dessa substância no
exercício das suas funções.

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Referências bibliográficas

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