BQ2026 Mulheres Do Agro

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Mulheres do Agro

Bloco 1
vídeo 1
Introdução

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> É inegável a importância das


mulheres no agronegócio brasileiro. Ao longo dos anos, elas têm se destacado
cada vez mais no setor, assumindo papéis de liderança, gerenciando
empreendimentos e contribuindo para a evolução e inovação do campo.</p>

</p>Segundo dados do IBGE, as mulheres já gerenciam mais de 30 milhões de


hectares de terra, representando cerca de 8,4% da área total ocupada por
estabelecimentos rurais no Brasil. É um dado importante que mostra o quanto a
participação das mulheres tem crescido e o quanto ainda há de oportunidades
nesse setor.</p>

</p>Conhecer a história da mulher no agro é de suma importância. Saber da sua


trajetória, seus anseios, suas necessidades, tudo isso conta muito para atender
melhor e gerar negócios com essa cliente.</p>

Bloco 2
vídeo 1
Você vai ser a minha gerente?

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Bom, quando eu fui nomeada


gerente no Agro, inicialmente, eu tive que me adaptar a algumas mudanças,
porque a minha carteira é composta praticamente por 90% do público masculino.
Esse público masculino, ele muitas vezes não consegue identificar uma mulher
no agro.</p>

</p>Eu tive que ajudar o cliente a lidar comigo como mulher, porque muitas
vezes até o próprio linguajar que eles utilizam é muito diferente. Então eles têm
um certo cuidado hoje comigo.</p>

</p>Eu lembro, inclusive, do pai da Solange, o seu Idalino, quando eu me tornei


gerente deles, que ele disse assim: "Você que vai ser minha gerente agora?" Eu
disse: "Isso, seu Idalino, eu mesmo." Aí ele falou assim: "Nossa, Mirian, eu estou
muito feliz, porque eu sabia que você ia conquistar isso. Eu sabia que você ia
conseguir chegar ao cargo de gerente." A mesma aposta, assim, que eu acho que
ele fez na Solange e na Renata. Sabe, quando ele me viu como gerente, o sorriso
dele foi largo e ele disse: ''Eu sabia que você ia conseguir.''</p>
</p>Então, assim, as dificuldades, claro, são grandes, né, porque alguns clientes
homens não gostam também de ser atendidos por mim. Porque muitas vezes eles
acham que a mulher não está muito no seu lugar como gerente agro, né. Por quê?
Porque no campo, pra eles, é mais um público masculino. Eles estão mais
acostumados, mas aos poucos eles estão conseguindo lidar com isso e gostam
bastante no final. As mulheres, elas falam muito que preferem ser atendidas por
outras mulheres, pela própria identificação. A conversa é diferente porque elas
conseguem se identificar muito comigo.</p>

</p>As mulheres, não somente a Solange e a Renata, mas as minhas outras


clientes produtoras elas conseguem ter uma conversa mais íntima, muitas vezes,
quando a gente é mulher, né? Às vezes as nossas preocupações são as mesmas,
com os filhos, com os netos, com o futuro do marido. Porque, muitas vezes, o
que nós vemos? Grandes mulheres atrás de grandes produtores.</p>

</p>O homem está lá, mas sempre tem uma mulher na parte administrativa,
sempre tem uma mulher que está chamando um mecânico para consertar, uma
mulher que está ligando para o banco pedindo para resolver um problema.
Então, a gente vê muito isso. Sempre falam que gostam muito do meu
atendimento, gostam de estar comigo, gostam de me ligar. Muitas vezes, ligam
apenas para conversar e não porque precisam de alguma coisa do Banco. Ligam
para desabafar muitas vezes ou quando está tendo um problema, do que está
acontecendo. Elas gostam da segunda opinião, mesmo quando não é um
problema relativo ao Banco, né. Algum problema, muitas vezes, na fazenda.
''Mirian, o que você acha que eu devo fazer?'' ''O que você acha?''</p>

</p>Então, assim, no exemplo da Solange, como ela teve uma perda no ano
passado, chegaram a oferecer para ela arrendar a terra dela. Era um momento
muito difícil para ela. E chegaram a oferecer, queriam arrendar as terras dela,
para ela largar mão de ser agricultora, de estar ali lutando e só receber por
aquilo.</p>

</p>E aí ela me ligou, eu falei assim para ela: ''Não, Solange, aquilo ali é o seu
sonho, aquilo ali é o seu sonho.'' Muitas vezes, acontecem coisas na vida da gente
que nós não estamos preparados, mas a gente tem que continuar lutando. A
gente luta sempre, porque o nosso lugar é onde a gente quiser estar. É onde a
gente se permitir estar.</p>

</p>Muitas vezes os clientes chegam, assim, vão nos conhecendo. Alguns um


pouco mais, outros um pouco menos. Mas, a gente acaba se tornando mesmo um
elo muito forte do cliente com o Banco, porque o cliente confia em você, ele quer
fazer parte da sua vida, quer que você faça parte da vida dele também. As
conquistas, os sonhos que você vai conseguindo realizar junto com ele.</p>
</p>O cliente do agro, o produtor rural, é um cliente que você consegue sonhar
com ele. É um cliente que você faz prosperar. Primeiro, ele tem um pedacinho de
terra, aí você vai lá e financia, faz o custeio daquele pedacinho de terra. Aí, daqui
a pouco ele vende, ele aluga mais um pedaço de terra, ele arrenda, ele compra.
Então, assim, ele vai crescendo junto com você.</p>

Bloco 3
vídeo 1
Aprendizado que deixou legado

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> A lavoura está linda, Solange.


Nossa! Como o sorgo está bonito, verdinho. Mas para chegar até aqui foi tão
difícil, não foi?</p>

<p><strong>Solange:</strong> 12 anos.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> 12 anos, né, Solange?</p>

<p><strong>Solange:</strong> 12 anos que eu estou aqui na administração da


fazenda. Mas, na pandemia, que eu comecei a entrar com você.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Eu acho que foi. No agro. Isso. Eu


acho que foi quando eu fui para o agro também. Eu fui para o agro antes, um ano
antes da pandemia começar, e aí, foi quando a gente começou a ter um
relacionamento.</p>

<p><strong>Solange:</strong> É. Que eu resolvi investir na fazenda em


maquinários, porque eu não tinha nada de maquinários. E, através de você, na
época da pandemia, eu lembro que você me ajudou muito, muito. Você é uma das
pessoas que mais me deu força para começar, que eu nunca imaginei sair só da
administração. Ter o poder de poder ter meus próprios maquinários, ter minhas
coisas. Consegui arregaçar as mangas e começar...</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> E começar a trabalhar...</p>

<p><strong>Solange:</strong> E se muita coisa hoje eu consegui, nesses


últimos três anos, além do meu esforço, foi graças a você, ao Banco, que nunca
deixou faltar naqueles apuros. Lembra que eu te ligava, “Mirian, socorro. Preciso
de você” e você sempre me ajudou. Como muitas coisas aqui do agro eu não
entendia muito, que a minha parte sempre foi administrar...</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> E a gente foi aprendendo junto,


né, Solange?</p>
<p><strong>Solange:</strong> Até hoje.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Na verdade, você começou a


movimentar com o agro no mesmo momento que eu. Você cresceu em fazenda,
conhece muito bem, teve muita ajuda do seu pai, né? Mas, eu não tinha nenhum
conhecimento de agro. A minha história no agro começou quando você começou,
então, isso foi muito bacana, foi muito importante. Eu acho que para nós
duas.</p>

<p><strong>Solange:</strong> Sim. E agora, hoje minha filha também.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Minha cliente também.</p>

<p><strong>Solange:</strong> Minha sucessora, que também, agora, junto


com você, está começando a dar o primeiro passo para a vida dela. Porque veio
primeiro meu pai, deu o primeiro passo de me entregar a responsabilidade de
cuidar. Comecei a cuidar, comecei a crescer e poder ter as minhas coisas. E agora
vem minha filha também pra crescer.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Os três. A família inteira, que são


meus clientes, clientes do Banco do Brasil. E a gente financia investimentos,
custeio, ajuda na hora que precisa, está sempre ali, sempre parceiros.

Bloco 3
vídeo 2
<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> E como vocês vieram para Brasília,
Solange? Me conta a história.</p>

<p><strong>Solange:</strong> Como eu sou filha adotiva, eles me pegaram


para criar com 40 dias e vim para cá. E sempre aqui, meu pai mexeu com lavoura,
ele sempre gostou muito e foi, através dele, que eu fui pegando muito amor,
muita paixão por isso, pela agricultura.</p>

</p>E, com o passar do tempo, quando eu tinha mais ou menos 15, 16 anos, ele
veio até essa propriedade e confiou ela a mim, para cuidar e tocar ela pra frente,
que ele viu o potencial que eu podia conseguir.</p>

</p>No começo, eu tinha muito medo, porque imagina, mulher sozinha, com os
preconceitos que a gente tem, né? Na época, eu nem investia muito em
maquinário, até não tinha, na época, muito contato com o Banco, ele que sempre
teve muito mais. Mas ele sempre me deu o apoio de tudo, sempre me ajudou com
os maquinários dele, com as coisas. Tudo na época, já com o Banco, acho que na
época ainda não era você, eram os outros meninos, e ele me ajudava.</p>
</p>Quando eu cheguei no ponto que eu podia começar, não entendia da parte
de lavoura, mas da administração de tudo. E meu pai sempre por trás, me
ajudando, me incentivando, falando pra mim como que as coisas funcionavam
para aquilo evoluir.</p>

</p>E aí, quando eu cheguei até você, aí a minha vida deu aquela guinada, aquela
guinada. E aí, nesses três anos, automaticamente, meu pai também. O que é que
ele fez? Ele viu um potencial na minha filha, minha filha também é toda da
administração, ela administra tudo dele. E a partir do momento que ele deu uma
chácara para ela começar também, ela automaticamente fez o que? Começou
também com você no Banco. Ela, assim como eu, está começando a crescer. Ela
ainda não tem os maquinários próprios dela, até porque meu pai que, ainda, igual
ele fazia comigo, está ajudando muito ela nesse começo.</p>

</p>E eu espero que daqui mais um ano, dois, ela esteja igual eu, preparada,
pronta, com os maquinários, já começando a tocar a vida dela também, assim
como eu.</p>

Bloco 3
vídeo 3
<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Solange, e como foi para você,
assim, crescer neste ambiente familiar da fazenda? Como é que você aprendeu a
cuidar do que você tem hoje?</p>

<p><strong>Solange:</strong> Tudo com meu pai, meu melhor professor foi


meu pai e o dia a dia na fazenda, observando o que ele fazia. Minha parte de
administração, eu fui aprendendo com o tempo.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Sol, quais foram os desafios e as


dificuldades que vocês tiveram até aqui?</p>

<p><strong>Solange:</strong> Eu, como mulher, muitas vezes, as pessoas


chegavam aqui na minha propriedade e perguntavam “Quem é o dono?” “Eu.”
“Nossa, você? Tem alguém com você?” “Não! Só eu.” Já levei muito não. Já ouvi
muito: “Ela não dá conta.” “Ela não vai dar conta.” Mas eu provei que eu dou
conta, sim. Eu posso não subir num trator. E olha que eu sei. Fiz curso para isso
também. Mas eu sei cada grão que tem na minha propriedade. E através de mim
isso flui, muito.</p>

</p>Então, assim, não é fácil igual no começo. Como a gente tem uma
cooperativa aqui, a cooperativa... 50 homens. Só tinha eu de mulher. Até agora,
entrou a minha filha também. E você vê muito preconceito nessa área. Até das
pessoas que veem, às vezes, não colocam fé em você. Eu ouvi muita coisa aqui
dentro da fazenda de julgamento e sempre as pessoas falando ''você não
consegue, você não consegue.'' E eu estou aqui. E você foi uma das pessoas,
também, além do meu pai, que teve muita confiança em mim. Você. E, através
dessa confiança, aí que veio minha filha. E ela do mesmo jeito, igual eu, ouvindo
sempre o julgamento. “Nossa mulher no agro?” “Jovem, vai dar conta? Será que
dá?” Dá sim, a gente consegue, porque, hoje, as pessoas que falaram ''não'' para
mim, batem na porta da minha casa porque viram que eu consegui. Lá atrás,
quando eu queria uma ajuda, muitas vezes ouvi um ''não''. E agora eles me
procuram hoje.</p>

</p>Então, hoje a maioria das meninas que vêm aqui, até são do agro também,
elas me ajudam muito, assim como você. Como eu tenho muitas dúvidas, elas
também são assim comigo, me ajudam bastante, alguns agrônomos também me
ajudam muito.</p>

</p>Então, agora da parte administrativa, eu já estou passando para o campo,


procurando entender tudo o que tem aqui dentro da fazenda, não ficar só no
escritório.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Solange, e como é que funciona


lá na cooperativa? Você tem voz lá, você tem opinião? Os homens que estão lá
te escutam? Têm outras mulheres além de você e da sua filha? Tem surgido
outras lá?</p>

<p><strong>Solange:</strong> Quando eu cheguei lá, foi assustador, porque


você entrar no mundo masculino e eu, só eu de mulher lá. No começo não é muito
fácil. Até a aceitação é um pouco complicada. Só que hoje, eu vejo mais as
evoluções da gente. A gente consegue, sim, ter voz, falar. E quando a gente tem
as nossas reuniões, a gente sempre entra em comum acordo. Agora, também lá
dentro tem muitas mulheres hoje trabalhando lá dentro. A diretora de lá, que
toma conta de tudo, é uma mulher. A maioria das pessoas que negociam os
nossos grãos lá, que, quando eu preciso vender, eu tenho que ligar, tenho que
antecipar o que eu vou fazer com o meu produto. 60% lá são mulheres.</p>

</p>Acontece, às vezes, também, até de ter mesmo uma caminhoneira que, de


vez em quando, aparece uma caminhoneira lá que tem um caminhão dela muito
show, cor de rosa. Então, está tendo introdução e mesmo assim as pessoas, às
vezes, “nossa, uma mulher no caminhão.” “Nossa, uma mulher gerente.” “Nossa,
uma mulher do agro.” E eu comecei pioneira lá. Hoje já tem a minha filha, então,
nós estamos crescendo.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Então, Solange, seu pai, senhor


Idalino, ele te ajudou bastante com a fazenda, né? Mas agora em si você acabou
assumindo tudo sozinha.</p>
<p><strong>Solange:</strong> É, comecei tudo agora sozinha, ele deu o
primeiro passo. E agora, como eu falei, da administração estou indo para o
campo. E agora os novos passos que eu estou dando com as minhas
conquistas.</p>

Bloco 3
vídeo 4
<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> E desde o início, do meu início, do
seu início, a gente estava junto. A gente começou com o custeio, depois a gente
fez investimento no trator, depois nós fizemos crédito imobiliário, depois nós
fizemos o financiamento do seu veículo, previdência para suas meninas. Então,
assim, me conta um pouquinho como é o Banco na sua história.</p>

<p><strong>Solange:</strong> Quando eu resolvi, disse: “Não, agora eu vou


tocar, vou ter meus maquinários, meus implementos”. E nisso, eu comprei, foi o
primeiro trator com você.</p>

</p>Depois disso, quando eu vim para cá, o trator veio, voltou para mim de novo,
porque meu filho veio e trouxe pra mim começar.</p>

</p>E nisso a gente começou os nossos financiamentos pra mim começar a


crescer aqui dentro da fazenda, que o primeiro foi o Uniport, que a gente
financiou pra mim conseguir passar o veneno na lavoura. Depois o trator e a
plantadeira para mim conseguir plantar e começar também. E fora as opções,
né.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> O carro.</p>

<p><strong>Solange:</strong> O carro.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> O apartamento.</p>

<p><strong>Solange:</strong> A casa.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> A casa.</p>

<p><strong>Solange:</strong> Que tudo isso hoje eu tenho, também, através


de você, através do Banco. Que se não fosse também vocês, eu não tinha
começado aqui para também conseguir realizar meus outros sonhos. E hoje,
através disso, eu estou realizando também o sonho da minha filha.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Qual foi o primeiro


empreendimento dela com você?</p>
<p><strong>Solange:</strong> O apartamento. O apartamento que hoje
também ela tem, através do Banco do Brasil.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Realizando sonhos, né?</p>

<p><strong>Solange:</strong> Sim, sempre!</p>

Bloco 4
vídeo 1
Sucessão familiar abre portas para mulheres

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Muitas mulheres iniciam sua


trajetória no agronegócio por meio do processo de sucessão familiar. Entender
como isso acontece, de que forma podemos apoiá-las, gera maior aproximação e
melhores oportunidades negociais.</p>

<p><strong>Solange:</strong> Solange: Que a nossa cooperativa seja 50-50,


que possa ser metade mulheres, metade homens. Que a gente consiga ter um
poder até maior do que a gente tem, não só lá, mas como dentro da nossa
propriedade também. Que muitas vezes as pessoas passem a respeitar a gente,
olhar a gente não só como mulher, mas que a gente, a gente gira.</p>

</p>É que nem no Banco, nós somos mulheres, que a gente entra no Banco, faz
as nossas contas, mas nós pagamos, a gente trabalha para isso. Nós mulheres, o
nosso nome está lá, não tem nome de terceiras pessoas para isso. É a gente. A
gente aos poucos está crescendo e as pessoas estão vendo isso da gente. E de
novo, você está na sucessão.</p>

</p>Eu comecei no Banco. Hoje você também. E você já está tendo as suas coisas,
como eu também comecei lá atrás. No futuro, a Alice, que nós já temos coisas até
preparadas para elas, e que eu quero que você siga, para, num futuro, as nossas
filhas não passarem por muita coisa que nós passamos. Enfrentar essas
dificuldades que nós duas enfrentamos, de muito preconceito.</p>

</p>Às vezes, das pessoas terem até uma segunda ideia da gente, porque a
gente, querendo ou não, a gente lida com muitas pessoas e a maioria homens.
Mas agora está vindo as agrônomas também, né, que está vindo as
mulheres.</p>

</p>Igual no Banco também, hoje a gente não tem aquela vergonha de conversar
às vezes com homem, a gente já tem uma mulher que é a nossa gerente, que a
gente já conversa com ela. A gente tem nossas dúvidas, a gente tira com ela, que
eu acho fácil. E espero que no futuro, lá na frente, na época da Alice, na época da
Laura, elas não tenham mais que passar por muita coisa que a gente passou. Que
a gente, que é mulher, a gente tem que crescer, nós vamos crescer, de novo,
tenho o maior orgulho de você.</p>

<p><strong>Renata Ergang:</strong> É recíproco, com certeza!</p>

<p><strong>Solange:</strong> Eu te amo. Vocês todas!</p>

Bloco 4
vídeo 2
<p><strong>Renata Ergang:</strong> Meu avô que sempre foi o gatilho,
então, eu sempre fui muito intrometida. Perguntava mesmo. Mas reconhecida,
não. Os agrônomos chegavam na fazenda, sempre homens, e eu até ia para
recebê-los, mas não, eles não davam atenção, eles simplesmente procuravam:
“O Idalino está aí?” Ele não estava e, então, iam embora.</p>

</p>E aí eu fui, fui me intrometendo e mostrava que eu queria saber. E


perguntava, perguntava sobre a soja, perguntava sobre isso, sobre aquilo. E eles
foram me dando atenção até chegar ao ponto de, hoje, eles terem mais contato
comigo do que com o meu avô. E assim eu falava para minha mãe. Você tem que
ser intrometida, tem que tomar a frente. Ela casou de novo, e aí, ela sempre
delegou essa função ao esposo dela. “Não, você vai lá e resolve”, porque tinha
esse medo do julgamento, do preconceito das pessoas. “Como que elas vão
reagir?” ''Eu sair de dentro de casa e eu ser dona da minha fazenda. Como que vai
ser a reação das pessoas?” Então, ficou na mão dele. E, por mais uma vez, ela ficou
mais apagada. E eu sempre falei para ela: “Não, mãe, você tem que ser
intrometida. Liga na contadora e pergunta as coisas. Liga para a Mirian, ela é
super fácil de conversar com ela. Perguntas as coisas.” E eu sempre tive essa
iniciativa.</p>

</p>Meu avô, outro dia, precisou de uma manutenção numa máquina e foi um
grupo de mecânicas. É maravilhoso você olhar e ver que tem uma mulher ali
representando na mecânica. Você pensa “Meu Deus, aonde a gente pode
chegar?” Isso é muito bom! Você enxergar que você chegou lá e que as pessoas
têm orgulho.</p>

</p>Igual minha mãe falou: “Eu tenho orgulho de você!” E você ver que as
pessoas reconhecem isso. Não tem preço. Você passar por tanta coisa, a gente
passa por tanta coisa e a vida é muito cheia de altos e baixos. A agricultura
necessita disso. A gente investe muito e a gente planta sonhos, a gente planta
esperança. Porque a gente tem que esperar chover, a gente tem que esperar dar
sol, tem que estar bom, o preço tem que estar bom. Às vezes, a gente investe
horrores e o preço está lá embaixo e não pode vender. E é uma correria, e aí a
gente vai negociando e vai maleando aqui e ali, vai conseguindo encaixar. Então,
a gente literalmente planta esperança. É muito bonito você plantar e ver nascer.
E você ter esse apoio, porque ninguém cresce sozinho. Então eu e ela, uma apoia
outra, e apoia meu avô, e apoia meu pai.</p>

</p>Quer apoiar nossas filhas e todos que estão ao redor. A gente não consegue,
é uma caminhada sempre dupla. Você sempre tem você e alguém que te
representa, uma empresa, um banco, alguém que está ali do seu lado, que vai te
mostrar, assim como vocês agora estão dando essa oportunidade da gente
mostrar o que é o agro. Porque tem muita gente que acha que o agro é muito
bonito. Você vê os tratores e, “nossa, o agricultor, ele é superpoderoso”, porque
vê nas caminhonetes, aquela coisa. Mas a luta que é você plantar e não saber se
vai nascer. Eu já vi meu pai, meu avô, para Deus para vir a chuva, e aí, vim chuva
demais e lavar tudo. E aí, você tira da onde?</p>

</p>Então, esse fato de eu ser muito, muito enxerida, muito faladeira, muito
perguntona, me trouxe onde eu estou. E eu poder trazer minha mãe, também
nessa questão de eu conseguir falar mais e ela ser mais retraída, eu consegui
trazer ela, e ela com a experiência dela me trazer também, a gente juntas poder
ser exemplo para outras pessoas é muito gratificante, porque a gente precisa
disso.</p>

</p>Eu acho que agora está melhor, a gente vê agrônomas nas lavouras, a gente
vê mecânicas, a gente vê gerentes mulheres no Banco. Você não precisa ter medo
de chegar e, assim, aquele receio do que vai pensar. A gente consegue conversar
com mais facilidade. Eu acho que a gente consegue mostrar mais que, sim, se a
mulher quiser estar lá no agro, ela pode. Se ela quiser estar na gerência, ela pode.
Ela pode ser a melhor dona de casa, ela pode ser só mãe, não importa.</p>

</p>Meu avô, na verdade, ele sempre teve aquela coisa, aquele amor por ter uma
filha mulher, tanto que a minha mãe, ela, ela é adotada. Então, ele já tinha um
filho dele, então, não tinha o porquê de ter ela. Mas ele sempre teve essa paixão,
essa coisa, ele é incrível. Ele me levava para cima e para baixo no caminhão, no
trator, no maquinário. Ele é um amor com as meninas. Ele nunca teve
preconceito. Foi o que, eu acho que foi o que colocou a gente na história, porque
meu pai era meio retraído. Acho que todas, todos os homens são meio retraídos.

Bloco 4
vídeo 3
<p><strong>Renata Ergang:</strong> No começo mesmo, o meu esposo
também era meio assim. “Como assim você vai conversar com os agrônomos?
Você no meio daquele monte de homem?” Então, assim, a gente carrega esse
preconceito, vem de muitas gerações.</p>

</p>E meu avô, veio ao contrário, ele veio remando contra a maré. Ele sempre
incentivou. “Não, você vai, porque o futuro de vocês é isso aí. Eu estou
trabalhando para deixar para vocês, então eu quero que vocês aprendam.” A
Mirian me liga: “Renata, tem aqui um custeio para sair para você. Você quer?” Aí,
eu vou lá perguntar para o meu avô, porque ele é... o nome dele está em jogo,
né? “E aí vô, Posso?” Então eu vou ali, eu converso, eu vejo. “Não, está dentro, eu
consigo, vou dar conta, vou dar conta de pagar, eu sozinha?” Porque eu coloco
meu nome em risco, coloco o nome dele e coloco o dela. Então é: ''A gente vai
conseguir?'' A gente usa ele como exemplo, porque ele foi o que não julgou. Ele
não julgou, ele não ficou com medo da gente estar ali naquele meio, porque
outras pessoas ficam com medo.</p>

</p>Então, ver a minha mãe conquistando o espaço dela. Experiência familiar,


ver ela conquistando o espaço dela como mulher, como mãe, como agricultora,
é muito gratificante. É um exemplo. E espero que continue crescendo e continue
lutando, que a vida nos surpreenda muito. A gente teve uma surpresa
desagradável, a gente perdeu o nosso menino, mas ele queria muito e ele estava
lutando muito para ver a gente onde está hoje. E ele não pode estar aqui. Mas de
onde ele está, eu tenho certeza que ele está intercedendo por nós.</p>

</p>E se a gente pode dar esse passo agora e levar quem a gente puder junto,
seja ele homem ou mulher, a gente tem que fazer porque é um dever nosso,
como pessoa, como ser humano, a gente ajudar o próximo, porque ninguém
cresce sozinho. Não está fácil. A nossa luta é diária. Acordar e fazer acontecer é
diário. Então, a gente só tem que pedir a Deus e agradecer.</p>

Bloco 5
vídeo 1
O BB e as mulheres no campo e além

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> A empreendedora do agro não tem


se limitado ao campo. Ela tem ido além e exercido importantes papéis, liderando
movimentos de representação feminina, à frente de sindicatos, cooperativas e
muitos outros movimentos. E isso engaja outras mulheres, encorajando-as,
também, a fazer parte desse universo vasto de oportunidades do
agronegócio.</p>

</p>As mulheres sempre estiveram presentes no agronegócio brasileiro e, nos


últimos anos, elas têm assumido cada vez maior protagonismo, se destacando
em diversos setores. Leila, conta pra gente como tem sido tua história no
agronegócio?</p>

<p><strong>Leila Branquinho:</strong> Karla, eu costumo dizer que eu tenho


dois chapéus no agronegócio. Eu sou neta e filha de produtores rurais. Então, eu
conheço essa evolução da mulher no agronegócio. A minha avó, ela não
participava, ela não tinha conhecimento do que acontecia. Já a minha mãe, ela já
foi mais participativa, ela dava a opinião dela. E o que eu vejo hoje nas mulheres
é que elas estão cada vez mais inseridas no negócio, elas procuram se capacitar,
elas têm voz ativa e têm poder de decisão.</p>

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Que legal, né? E a gente também


vai ouvir um pouco da história da Paula. Paula, você também está presente no
agronegócio. Como tem sido a tua história?</p>

<p><strong>Paula Regina de Melo:</strong> Eu tive a influência muito grande


do meu pai, da minha mãe, que foram pessoas do campo, mas que se deslocaram
para a cidade em busca de condições melhores para eles e para os filhos. Mas o
amor para o campo, pelo agro, sempre foi constante em toda a família e eu acabei
optando por fazer engenharia agronômica.</p>

</p>Sou engenheira agrônoma e um fato que me marca muito é que a minha


turma de formandos foi a primeira em que o número de mulheres formando era
maior do que o de meninos, de homens formando. E isso já foi um marco. Foi
colocado nos discursos de formatura como um passo muito importante para
trazer as mulheres para o agro.</p>

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Que legal! Já existia ali esse


pioneirismo da mulher no agronegócio.</p>

<p><strong>Paula Regina de Melo:</strong> Sim, e muito com o que vocês


falaram já anteriormente, de busca de capacitação, na mulher buscando isso para
chegar com propriedade no campo.</p>

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Um importante passo, sem dúvidas.


E Mirian, conta para a gente também como é que você chega no agronegócio,
hoje atuando como gerente de relacionamento numa agência, mas como é que
isso se deu na sua vida?</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Então, eu comecei no agro na


própria agência onde eu estou hoje, como assistente de negócios e fui para o agro
e diretamente me apaixonei simplesmente pelo cliente produtor rural e pelo
agronegócio em si, o que o Banco em si faz pelo cliente. Porque o cliente
produtor rural, ele prospera a cada ciclo, a cada novo Plano Safra, a cada
investimento que ele faz na fazenda, a cada custeio que ele faz, a gente vê o
produtor o tempo todo prosperando.</p>

</p>E quando a gente vê o cliente se desenvolver e crescer através dos nossos


financiamentos, isso dá uma alegria nos olhos da gente, assim, faz o olho da
gente brilhar e a gente fica muito feliz com isso. Então, assim, eu sou apaixonada
pelo produtor rural e apaixonada pelo agronegócio.</p>
<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Excelente, Mirian. Essa sua paixão
pelo agro ilustra bem a paixão da Paula, a paixão da Leila e de tantas outras
mulheres que atuam no agronegócio brasileiro, o que ilustra bem a evolução do
agronegócio no Banco do Brasil.</p>

O Banco, como maior parceiro do agronegócio brasileiro, tem acompanhado a


evolução da mulher como protagonista desse setor e isso tem repercutido nos
números e nas características da nossa base de clientes. É isso mesmo, Leila?
Conta pra gente sobre isso.</p>

<p><strong>Leila Branquinho:</strong> Isso mesmo, Karla. Eu estou na


estratégia de produtores rurais. Nós estudamos o quanto vem evoluindo a
participação das mulheres no agro. Nós temos apoio de consultorias, ouvimos as
clientes, ouvimos a rede e identificamos o quanto vem crescendo a atuação
dessas mulheres.</p>

</p>Quando nós olhamos para a nossa base, nós identificamos que nós temos
1,8 milhão de cliente do agronegócio, sendo 35% desses clientes, mulheres. 620
mil. A participação do agronegócio no Banco também é muito representativa
quanto aos negócios. Nós temos 25% do nosso resultado vindo do agronegócio,
sendo que 15% são das mulheres.</p>

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Puxa, quantos números


expressivos! E na tua realidade de agência, Mirian, como é que isso acontece e
como isso se dá?</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> Eu percebo, Karla, que no dia a dia


da agência esse número é bem maior do que parece, porque ao lado de grandes
produtores, tem grandes mulheres atuando na lavoura, na parte de
administração, buscando e levando contratos para serem assinados, que estão
muitas vezes apenas no nome do produtor rural.</p>

Bloco 5
vídeo 2
<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Considerando toda a evolução do
agronegócio, como é que o Banco tem apoiado o empreendedorismo das
mulheres no agro, Leila?</p>

<p><strong>Leila Branquinho:</strong> Karla, considerando toda essa


relevância, nós criamos o projeto Mulheres do Agro. Ele tem várias frentes de
atuação. Na comunicação, por exemplo, nós criamos comunicações específicas
com as agricultoras, nós falamos com elas, com imagens do agro, nós falamos
“você, mulher do agronegócio,”.</p>
</p>Nós temos também a frente de atuação em capacitação. Recentemente, nós
lançamos um curso de comércio exterior para as mulheres. Colocamos também
conteúdos nas plataformas Broto e na página Mulheres do Topo. E temos outra
frente de atuação também muito importante, que são nos eventos, nas feiras de
agronegócio. Nós temos hoje grandes feiras e feiras específicas para as mulheres.
Falando nas grandes feiras, fala para a gente como é que o Banco se posiciona,
Paula.</p>

<p><strong>Paula Regina de Melo:</strong> É isso aí, Leila. Uma das principais


estratégias para posicionamento da marca do Banco junto ao agro é a
participação nas feiras. Eles se concentram, vão sempre às feiras, buscando
negócios. E é um momento importante em que a gente aproveita para ter
proximidade com o cliente, estar próximo ao cliente e entender as suas
necessidades.</p>

</p>Nesses eventos, o Banco, um dos dias nessas grandes feiras, a gente dedica
às mulheres. É um dia dedicado às mulheres, onde a gente conversa com elas, faz
palestras e eventos direcionados para as mulheres, para entendê-las melhor,
entender as necessidades e também passar informações importantes, relevantes
para essa mulher que tem se tornado protagonista no segmento.</p>

</p>Além disso, nós temos as Carretas Agro dentro do circuito de negócios agro.
Com as carretas, a gente consegue estar em qualquer lugar do Brasil, próximo
aos clientes produtores rurais e, claro, às mulheres produtores rurais.</p>

</p>Nesse momento, a gente tem eventos específicos para as mulheres de


capacitação, junto com a parceria do Senar, que traz temas de interesse das
mulheres para a geração de negócios, para sucessão e acesso ao crédito.</p>

</p>E a Mirian já participou de diversas feiras e eventos na Carreta Agro e vai


falar para a gente, agora, como funciona.</p>

<p><strong>Mirian Brasil da Silva:</strong> As feiras, os eventos e a Carreta


Agro trazem mais proximidade com o cliente, identificando, assim, maiores
negócios para o Banco, gerando valor para o cliente e para o Banco.</p>

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Fundamental o apoio que o Banco


presta às mulheres que já estão na atividade do agronegócio e, mais que isso,
encoraja outras mulheres a empreender no mundo do agro, esse universo de
oportunidades que aí está.</p>

<p><strong>Paula Regina de Melo:</strong> E vocês, funcionários das nossas


unidades de negócio, são essenciais para a execução dessa estratégia. Vocês
estão na linha de frente, conhecem as mulheres do agro, conhecem seus anseios
e necessidades e o perfil que essa mulher adotou dentro do campo, e são capazes
de traduzir essas necessidades em negócios.</p>

Bloco 6
vídeo 1
Encerramento

<p><strong>Karla Cybelly Silva:</strong> Em busca de espaço, as mulheres


também investem em qualificação e aperfeiçoamento fora da zona rural,
adquirindo conhecimentos e construindo soluções alternativas para aumentar a
rentabilidade dos negócios em suas propriedades.</p>

</p>Esse perfil de mulheres empreendedoras é um diferencial para o


agronegócio. Além disso, a inclusão feminina no setor é fundamental para o
desenvolvimento sustentável do país.</p>

</p>Embora existam diferentes oportunidades para as mulheres no


agronegócio, há muitos entraves que condicionam a efetividade de sua
participação. Mas, mesmo tendo que superar esses obstáculos motivadas pelas
necessidades ou por seus sonhos e pelas oportunidades que o campo oferece, as
mulheres vêm desbravando caminhos e conquistando novos espaços no
agronegócio. E é incrível ver como elas estão cada vez mais presentes e
atuantes.</p>

</p>O Banco do Brasil, como agente de desenvolvimento social, está


comprometido em apoiar as mulheres do agro por meio de estratégias de
atendimento e negócios, reforçando o nosso propósito de estar próximo e ser
relevante em todos os momentos da vida dessas clientes.</p>

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