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TCC - PPI - Arthur Arantes Ribeiro - REV. 06
TCC - PPI - Arthur Arantes Ribeiro - REV. 06
UBERLÂNDIA
2022
1 - Intervenção do Estado no Domínio Econômico por meio das empresas estatais
A lei define que o Estado é sócio majoritário, e que a companhia criada está sujeita ao
direito privado. Isso significa, que atuando como Estado-administrador, o governo se coloca
em igualdade com os demais sócios e com outros agentes econômicos, passando a uma
posição não só de regulador, mas também de regulado. Apesar de que o controle estatal tem a
função de planejar o desenvolvimento econômico nacional garantindo a eficiência do setor, ao
tomar decisões que vão além do retorno financeiro da atividade, deve ainda, incorporar em
suas decisões os interesses dos sócios privados, pois, ela continua a ter fins lucrativos
(RÜCKERT, 1981; DELCASTEL, 2011).
Geralmente as decisões tomadas por sua liderança são impactadas pelo grau de
autonomia da empresa. De acordo com Rückert (1981), quanto maior o tamanho relativo da
empresa, maior capacidade de influenciar nas decisões de políticas econômicas ela terá. Essa
ambiguidade de interesses, e é refletida na questão dos preços praticados pela empresa, sendo
este um fator importante para a lucratividade e ao mesmo tempo para o desenvolvimento
econômico, pois, o lado privado está sempre buscando a maior eficiência, maximizando os
lucros, e assim, deixando os objetivos públicos em segundo plano.
Ainda de acordo com Rückert (1981), as políticas de preços adotadas pelas empresas
estatais possuem divergências a depender do setor no qual atua a empresa, principalmente, as
empresas estatais produtoras de insumos básicos e serviços de infraestrutura, que possuem
seus preços administrados podem apresentar baixa rentabilidade provocando dificuldades de
autofinanciar sua expansão, entretanto, é necessário evidenciar que determinadas empresas
assumidas pelo Estado atuam no em setores chave, ofertando seus serviços ao setor privado
com políticas de preços subsidiados.
No caso brasileiro, a iniciativa estatal como agente produtor aparece como uma forma
determinada pelo processo de desenvolvimento capitalista. Até o século XVIII a intervenção
Estatal era mínima, devido ao desinteresse de Portugal por sua colônia. A descoberta do ouro
chamou a atenção do império português, e algo que pode ser considerado o início de algum
desenvolvimento, foi a criação do primeiro Banco do Brasil em 1808. Naquele momento, o
país era essencialmente agrícola, e mais de 100 anos depois, em 1919, a indústria ainda era
muito pequena sendo constituída basicamente pela produção de têxteis e alimentos. A virada
de chave para o desenvolvimento só ocorreu a partir dos anos 1930, quando o modelo
primário-exportador é substituído pela industrialização substitutiva de importações
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
A crise evidenciou a necessidade de proteger a economia nacional de impactos
externos, o que foi feito através da adoção do modelo de industrialização por substituição de
importações, buscando favorecer a produção da indústria nacional preexistente. Porém,
segundo Furtado (1980), a indústria de insumos básicos e de equipamentos continuava no
exterior, restando ao Estado criar a indústria de base para promover o sistema industrial.
Nesse ponto, o Estado amplia sua atuação, e favorece o processo com a criação de empresas
estatais, principalmente nos setores nos quais havia pontos de estrangulamento, devido à falta
de interesse ou incapacidade financeira do setor privado, promovendo estímulo ao mercado na
maioria das atividades econômicas (BOYER, 2016).
No processo de industrialização brasileiro, o Estado assumiu o papel de Estado-
desenvolvimentista, agindo como planejador e como investidor. Sua maior intervenção não
veio de um plano que visava instituir o socialismo no país. Pelo contrário, através de sua
intervenção o objetivo era basicamente fortalecer o sistema capitalista, que internamente se
encontrava com um setor privado muito pequeno, sem o fôlego necessário para a realização
de projetos industriais de grande envergadura.
Além disso, nesse período é possível observar uma penetração grande do discurso
nacionalista entre diversos setores da sociedade brasileira, o qual preconizava a importância
do intervencionismo do governo, especialmente em setores estratégicos, seja do ponto de vista
econômico, seja em termos de segurança nacional. Tal discurso, bastante difundido entre os
países desenvolvidos e em desenvolvimento no pós-II Guerra Mundial antagonizava com as
ideias liberais e se aproximava do pensamento keynesiano-desenvolvimentista (GIAMBIAGI;
ALÉM, 2011).
Conforme já destacado, a existência de um setor privado nacional frágil exigiu um
maior intervencionismo estatal. Essa atuação ocorreu de diversas formas, mas para este artigo,
nos concentramos na intervenção direta por meio da criação de Empresas Estatais, utilizadas
para preencher espaços vazios nos setores considerados estratégicos ao desenvolvimento. Tais
espaços não atraiam investimentos do capital privado nacional devido à necessidade de
vultosos investimentos em contraste com o longo prazo de maturação, características das
indústrias de base, como telecomunicações, eletricidade, siderurgia, petróleo dentre outros
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Devido às vicissitudes das crises e da segunda guerra mundial a atuação estatal como
agente produtivo ficou mais evidenciada ao assumir projetos direcionados a áreas básicas que
favorecem o processo de industrialização nascente. A siderurgia foi assumida após a falta de
interesse em assumir o risco por estrangeiros. O setor de energia foi assumido devido à
impossibilidade de importação, baixa lucratividade e longo período de maturação. O
monopólio do petróleo constituído pela estatal Petrobras no início dos anos 50 se deu por uma
conjunção de fatores. Por um lado, a falta de capacidade do setor privado em assumir os altos
custos de investimentos e a própria capacidade de fornecer petróleo, tendo em vista as
perspectivas de crescimento da demanda na época. Por outro, cabe observar que era forte à
época a penetração da ideologia nacionalista na sociedade brasileira, de maneira que esse
fator teve um peso fundamental na decisão do Estado brasileiro de assumir o setor. Estes são
apenas alguns exemplos de setores assumidos pelo setor público (MIRANDA, 1983;
RÜCKERT, 1981).
A partir da década de 1950 com os planos de governo de Juscelino Kubitschek, houve
um grande movimento de criação de empresas estatais, ligadas à produção de bens e serviços
básicos, e infraestrutura, como forma de dar continuidade ao desenvolvimento industrial
nacional e atrair capital estrangeiro. Servindo como suporte, as empresas mistas trabalham
com preços administrados, oferecendo sua produção a preços baixos possibilitando o setor
privado se estabelecer na produção de bens duráveis. Com a mudança da ideologia política em
1964, as empresas comandadas pelo estado passaram a trabalhar com maior liberdade e mais
focadas na obtenção de capital, aumentando sua capacidade de autofinanciamento pelas
vendas no mercado ou captação no mercado financeiro (RÜCKERT, 1981).
Entretanto, essa maior liberdade não se deu em todos os setores. As empresas ligadas à
produção de bens de base como a metalurgia e o setor petrolífero continuaram com seus
preços administrados, ou seja, mesmo se tornando muito lucrativas essas empresas,
continuaram a atender a sua função pública para a qual foi criada. Metalurgia e o setor
petrolífero são exemplos de setores que continuaram sob o controle de preços. De acordo com
Rückert (1981), devido a este aumento de performance nos resultados, a década de 1960
apresentou um grande número de novas empresas estatais (cerca de 147), principalmente, de
subsidiárias ligadas à produção de bens derivados à produção das empresas principais. Isso
significa que, por mais que tenha aumentado o número de empresas sob a administração do
governo, esse aumento não resultou em atuação em novos setores.
De acordo com Giambiagi e Além (2011), com a cessação dos fluxos de capitais, os
custos de sustentar as empresas estatais através de recursos fiscais aumentaram
comprometendo a capacidade produtiva dos setores chaves, aumento as pressões de alguns
grupos da sociedade para que o governo implementasse uma agenda de privatizações. Os
recursos obtidos seriam úteis para a redução da dívida pública quanto para promover o
investimento privado nos setores de infraestrutura. O programa de privatizações iniciado na
década de 1980 se tornou mais efetivo na década seguinte, implicando na ruptura de
monopólios e aumentando a presença da iniciativa privada em setores considerados como
segurança nacional, como o petróleo.
Bibliografia
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2022.
2 - A presença do Estado Brasileiro no setor petrolífero da CNP a criação da petrobras
(novembro) 5 pág
3 - O papel da petrobras na produção de derivados e a intervenção do governo em sua
política de preços (dezembro)
4 - O modelo atual de precificação de derivados adotados pela petrobras
5 - conclusão
6 - Referências Bibliográficas