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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.308.766 - SP (2012/0026416-3)

RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI


RECORRENTE : VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA
ADVOGADO : IÊDA MARIA DOS SANTOS E OUTRO(S) - SP155946
RECORRIDO : DEIJANILDA BORGES DA ROCHA
AGRAVANTE : DEIJANILDA BORGES DA ROCHA
ADVOGADO : ELNA GERALDINI - SP093499
AGRAVADO : VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA
ADVOGADO : IÊDA MARIA DOS SANTOS E OUTRO(S) - SP155946

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto por Volkswagen do brasil ltda.


– indústria de veículos automotores, com fundamento nas alíneas “a” e “c” do inciso
III do artigo 105, da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado (fl. 245 e-STJ):

Ação de obrigação de fazer c.c danos imateriais Plano de Saúde


Autora beneficiária de plano empresarial usufruído pelo seu falecido
marido ex-empregado da VOLKSWAGEN que pretende manter-se
no plano nas mesmas condições, arcando com o valor integral da
apólice Sentença de improcedência Apelo Acolhido em parte
Artigo 31 da Lei 9665/98 - Direito de manutenção do aposentado e
de sua família, quando a contribuição tiver se dado por mais de 10
anos, no plano, sob as mesmas condições, desde que arque com o
preço Aplicação do CDC Irrelevante se a contribuição era direta ou
indiretamente prestada pelo empregado, em virtude do seu trabalho,
já que em ambos os casos o seguro é pago Trintídio que não se
aplica ao caso concreto Não foi concedida à autora prazo para
manifestar-se quanto ao interesse em permanecer ou não no plano -
Prazo decadencial que não poderia ser previsto por ato infralegal -
Dano imaterial Pedido não acolhido Ausência de comprovação do
dano, que não se presume Alteração do resultado do julgamento
Sucumbência recíproca - Recurso parcialmente provido.

Em suas razões do recurso, a parte recorrente alegou violação à


Resolução CONSU n° 21, aos artigos 30 e 31, da Lei n° 9.656/98, 2°, §§ 2°, 3° e 4°,
104 e 114, do Código Civil, 460, do Código de Processo Civil, e 5°, II e XXXVI, da
Constituição Federal, bem como a existência de dissídio jurisprudencial.
Decisão positiva de admissibilidade proferida às fls. 330/331 e-STJ.

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Inicialmente, cumpre destacar que a decisão recorrida foi publicada
antes da entrada em vigor da Lei 13.105 de 2015, estando o recurso sujeito aos
requisitos de admissibilidade do Código de Processo Civil de 1973, conforme
Enunciado Administrativo 2/2016, desta Corte.
Analisando os pressupostos de admissibilidade do presente recurso,
verifico que esse não merece conhecimento.
Nos termos do disposto no artigo 932, III, do Novo Código de Processo
Civil, incumbe ao relator, de forma singular, negar seguimento a recurso
inadmissível.
À luz da já pacificada jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça,
"havendo estreita vinculação entre o contrato de trabalho e o plano de saúde gerido
pela própria empregadora - como benefício trabalhista resultante de acordo
coletivo -, a competência para dirimir eventuais controvérsias oriundas dessa
relação pertence à Justiça do Trabalho.” (AgRg no REsp 1577120/SP, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 26/4/2016, DJe
3/5/2016).
No mesmo sentido: AgRg no REsp n. 1.476.314, Relator o Ministro
Raul Araújo, Quarta Turma, DJe 26/10/2015; AgRg no REsp 1577493/SP, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/3/2016,
DJe 4/4/2016; AgRg no REsp 1539100/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 3/3/2016, DJe 9/3/2016; CC 96.902/SP,
Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
16/2/2009, DJe 13/3/2009.
Assim sendo, da análise dos autos, verifico que o cerne da
controvérsia versa sobre a pretensão de inclusão da cônjuge supérstite do
empregado da ora recorrente no plano de saúde com as mesmas condições
anteriores, convênio médico instituído e administrado pelo ex-empregador, com
regras definidas em acordo coletivo de trabalho, e se tratando de competência
absoluta da Justiça laboral para o julgamento da demanda, nos moldes do previsto
no artigo 114, da Constituição Federal, imperioso se faz o reconhecimento da
incompetência desta Corte para a sua apreciação, de ofício, nos moldes do contido
no artigo 64, § 1°, do novo Código de Processo Civil.
Nesse sentido:
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PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMAÇÃO
EXTRAORDINÁRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA ATUAR
COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL NA DEFESA DOS
INTERESSES DE UM GRUPO DE EMPREGADOS NÃO
SINDICALIZADOS QUE ENTENDE SER INDEVIDA A COBRANÇA
DE CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA E ASSISTENCIAL.
ALTERAÇÃO DA COMPETÊNCIA DECORRENTE DA EMENDA
45/2004. ENQUADRAMENTO DA CAUSA NO ART. 114, III, DA
CONSTITUIÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA. CONHECIMENTO DE OFÍCIO.
POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA DE MÉRITO.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL RECONHECIDA.
NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS A PARTIR DA SENTENÇA.
REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA DO TRABALHO DE 1º GRAU.
1. Tratando-se de ação em que se pleiteia a cessação dos
descontos relativos à contribuição confederativa e assistencial que
vem sendo cobrada de um grupo de empregados não sindicalizados,
a competência para julgamento da causa é da Justiça do Trabalho,
consoante o art. 114, III, da Constituição, em sua atual redação.
2. A incompetência absoluta pode e deve ser pronunciada de ofício
(art. 113, CPC).
3. O Supremo Tribunal Federal fixou a orientação de que, em se
tratando de competência da Justiça do Trabalho decorrente da
ampliação das hipóteses do art. 114 da Constituição promovida pela
Emenda Constitucional 45, o critério delimitador da remessa ou não
dos autos àquela Justiça especializada é a existência ou não de
sentença de mérito (CC 7204, CC 7456, Súmula Vinculante 22).
4. No caso dos autos, embora existam sentença de 1º grau e
acórdãos de 2º anteriores à EC 45/2004, estes não são de mérito,
razão pela qual os atos processuais posteriores à sentença, inclusive
a própria, devem ser anulados, e remetidos os autos a uma das
Varas do Trabalho do foro onde foi proposta a ação, ou seja,
Ribeirão Preto.
5. Incompetência da Justiça Comum declarada de ofício, ficando
prejudicado o recurso voluntário.
(REsp 399.660/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 18/02/2016)

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Em face do exposto, declaro, de ofício, a competência da Justiça do
Trabalho para processar e julgar a causa, mantendo os efeitos da decisão recorrida
até a manifestação do juízo competente.
Intimem-se.
Brasília (DF), 04 de novembro de 2016.

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI


Relatora

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