RECORRENTE : VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA ADVOGADO : IÊDA MARIA DOS SANTOS E OUTRO(S) - SP155946 RECORRIDO : DEIJANILDA BORGES DA ROCHA AGRAVANTE : DEIJANILDA BORGES DA ROCHA ADVOGADO : ELNA GERALDINI - SP093499 AGRAVADO : VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA ADVOGADO : IÊDA MARIA DOS SANTOS E OUTRO(S) - SP155946
DECISÃO
Trata-se de recurso especial interposto por Volkswagen do brasil ltda.
– indústria de veículos automotores, com fundamento nas alíneas “a” e “c” do inciso III do artigo 105, da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado (fl. 245 e-STJ):
Ação de obrigação de fazer c.c danos imateriais Plano de Saúde
Autora beneficiária de plano empresarial usufruído pelo seu falecido marido ex-empregado da VOLKSWAGEN que pretende manter-se no plano nas mesmas condições, arcando com o valor integral da apólice Sentença de improcedência Apelo Acolhido em parte Artigo 31 da Lei 9665/98 - Direito de manutenção do aposentado e de sua família, quando a contribuição tiver se dado por mais de 10 anos, no plano, sob as mesmas condições, desde que arque com o preço Aplicação do CDC Irrelevante se a contribuição era direta ou indiretamente prestada pelo empregado, em virtude do seu trabalho, já que em ambos os casos o seguro é pago Trintídio que não se aplica ao caso concreto Não foi concedida à autora prazo para manifestar-se quanto ao interesse em permanecer ou não no plano - Prazo decadencial que não poderia ser previsto por ato infralegal - Dano imaterial Pedido não acolhido Ausência de comprovação do dano, que não se presume Alteração do resultado do julgamento Sucumbência recíproca - Recurso parcialmente provido.
Em suas razões do recurso, a parte recorrente alegou violação à
Resolução CONSU n° 21, aos artigos 30 e 31, da Lei n° 9.656/98, 2°, §§ 2°, 3° e 4°, 104 e 114, do Código Civil, 460, do Código de Processo Civil, e 5°, II e XXXVI, da Constituição Federal, bem como a existência de dissídio jurisprudencial. Decisão positiva de admissibilidade proferida às fls. 330/331 e-STJ.
Documento: 66809149 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 11/11/2016 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça Inicialmente, cumpre destacar que a decisão recorrida foi publicada antes da entrada em vigor da Lei 13.105 de 2015, estando o recurso sujeito aos requisitos de admissibilidade do Código de Processo Civil de 1973, conforme Enunciado Administrativo 2/2016, desta Corte. Analisando os pressupostos de admissibilidade do presente recurso, verifico que esse não merece conhecimento. Nos termos do disposto no artigo 932, III, do Novo Código de Processo Civil, incumbe ao relator, de forma singular, negar seguimento a recurso inadmissível. À luz da já pacificada jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, "havendo estreita vinculação entre o contrato de trabalho e o plano de saúde gerido pela própria empregadora - como benefício trabalhista resultante de acordo coletivo -, a competência para dirimir eventuais controvérsias oriundas dessa relação pertence à Justiça do Trabalho.” (AgRg no REsp 1577120/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 26/4/2016, DJe 3/5/2016). No mesmo sentido: AgRg no REsp n. 1.476.314, Relator o Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, DJe 26/10/2015; AgRg no REsp 1577493/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/3/2016, DJe 4/4/2016; AgRg no REsp 1539100/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 3/3/2016, DJe 9/3/2016; CC 96.902/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 16/2/2009, DJe 13/3/2009. Assim sendo, da análise dos autos, verifico que o cerne da controvérsia versa sobre a pretensão de inclusão da cônjuge supérstite do empregado da ora recorrente no plano de saúde com as mesmas condições anteriores, convênio médico instituído e administrado pelo ex-empregador, com regras definidas em acordo coletivo de trabalho, e se tratando de competência absoluta da Justiça laboral para o julgamento da demanda, nos moldes do previsto no artigo 114, da Constituição Federal, imperioso se faz o reconhecimento da incompetência desta Corte para a sua apreciação, de ofício, nos moldes do contido no artigo 64, § 1°, do novo Código de Processo Civil. Nesse sentido: Documento: 66809149 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 11/11/2016 Página 2 de 4 Superior Tribunal de Justiça PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA ATUAR COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL NA DEFESA DOS INTERESSES DE UM GRUPO DE EMPREGADOS NÃO SINDICALIZADOS QUE ENTENDE SER INDEVIDA A COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA E ASSISTENCIAL. ALTERAÇÃO DA COMPETÊNCIA DECORRENTE DA EMENDA 45/2004. ENQUADRAMENTO DA CAUSA NO ART. 114, III, DA CONSTITUIÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. CONHECIMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA DE MÉRITO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL RECONHECIDA. NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS A PARTIR DA SENTENÇA. REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA DO TRABALHO DE 1º GRAU. 1. Tratando-se de ação em que se pleiteia a cessação dos descontos relativos à contribuição confederativa e assistencial que vem sendo cobrada de um grupo de empregados não sindicalizados, a competência para julgamento da causa é da Justiça do Trabalho, consoante o art. 114, III, da Constituição, em sua atual redação. 2. A incompetência absoluta pode e deve ser pronunciada de ofício (art. 113, CPC). 3. O Supremo Tribunal Federal fixou a orientação de que, em se tratando de competência da Justiça do Trabalho decorrente da ampliação das hipóteses do art. 114 da Constituição promovida pela Emenda Constitucional 45, o critério delimitador da remessa ou não dos autos àquela Justiça especializada é a existência ou não de sentença de mérito (CC 7204, CC 7456, Súmula Vinculante 22). 4. No caso dos autos, embora existam sentença de 1º grau e acórdãos de 2º anteriores à EC 45/2004, estes não são de mérito, razão pela qual os atos processuais posteriores à sentença, inclusive a própria, devem ser anulados, e remetidos os autos a uma das Varas do Trabalho do foro onde foi proposta a ação, ou seja, Ribeirão Preto. 5. Incompetência da Justiça Comum declarada de ofício, ficando prejudicado o recurso voluntário. (REsp 399.660/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 18/02/2016)
Documento: 66809149 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 11/11/2016 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça Em face do exposto, declaro, de ofício, a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a causa, mantendo os efeitos da decisão recorrida até a manifestação do juízo competente. Intimem-se. Brasília (DF), 04 de novembro de 2016.
MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI
Relatora
Documento: 66809149 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 11/11/2016 Página 4 de 4