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Raizeshistoricasdearari
Raizeshistoricasdearari
INTRODUÇÃO
No contexto nacional, dentre outros elementos, o Brasil tinha uma classe média
que estava minada de influências das ideias pró-emancipatória. Porém, apenas uma
pequena elite de revolucionários inspirava-se no ideário de liberdade. Não existia na
época uma burguesia dinâmica e ativa que pudesse servir de suporte, como no caso da
burguesia europeia, mas uma aristocracia sedenta pela manutenção dos seus privilégios.
A ideia de revolução esbarrava sempre no receio de uma revolta de escravos.
Foi nessa vulgata histórica que Arari foi fundado. Dentro de um contexto estadual
que apesar das adversidades sociais e políticas se destacara pela intelectualidade do século
XIX, e a nível nacional voltado para a emancipação e subsequentemente a manutenção
do sistema de produção econômica baseada na mão de obra escrava.
1. O SURGIMENTO DE ARARI
Para Batalha, o termo indígena Arari, também designa o povo extinto que habitava
às margens do Mearim, dando nome ao Município.
Supõem-se que o nome Arari possa ter chegado até aqui através de nativos
nômades. Como o tupi era o tronco linguístico do povo nativo brasileiro, a palavra ou
radical arari permeava todo território brasileiro dando nome a pessoas, lagos, plantas e
lugares, como observamos acima. Também não podemos descartar totalmente a
possibilidade do nome Arari ter vindo da planta araribá, já que o radical contido nessa
palavra também evidencia o nome arari. Além disso, esse nome pode ter chegado até
aqui através dos portugueses que já tinham conhecimento de muitas outras localidades do
território brasileiro onde ouviram a pronúncia arari.
Ainda afirma com veemência, após pesquisas, que Arari não foi fundado em 1723,
e nem teve um fundador específico. Um dos argumentos utilizado por ele é que, “se a
fundação deste, de fato, houvesse ocorrido em 1723, como em 1803, havia somente três
casas e praticamente um século depois da suposta fundação (1820), apenas vinte e duas
casas?”
Esse questionamento parece coerente, o que não se pode dizer acerca dos demais
dados, onde se evidencia uma desproporcionalidade para um crescimento demográfico.
A partir de então, se intensificam dúvidas e a problematização quanto a fundação do
município de Arari.
Silva ainda relata que o melhor argumento para negar a fundação de Arari em
1723, pelo Pe. José da Cunha d’Eça, é:
A inexistência do nome de Arari, nos livros de assentamento de batizados e de
casamentos da Freguesia Nossa Senhora de Nazaré da Ribeira do Mearim, a
qual, deveria estar vinculado a este lugar. O nome Arari apareceu em primeira
vez em 12 de outubro de 1812, no livro de casamento da referida Freguesia,
com a realização da cerimônia matrimonial de José Raimundo de Oliveira e
Ana Vicência Saraiva. E foi encontrado também um requerimento de Lourenço
da Cruz Bogéa, pedindo licença para construir uma capela no lugar Arary,
datado de 1806”. Ele ainda afirma que “Arari não teve um fundador. Nasceu e
foi crescendo vegetativamente a partir de 1800. Alguém veio fincou a casa
perto de uma moita de araribá, depois veio outro, e assim por diante. O que é
admissível (SILVA, 1985).
Dessa forma, entende-se que, na primeira metade do século XVIII, com o cultivo
da terra, e posteriormente o aparecimento de casas de fazenda para criação de gado
possibilitaram a origem e o desenvolvimento inicial do município. De maneira ocasional,
sem a preocupação de núcleo administrativo organizado, como ocorreu inicialmente com
o aparecimento da maioria dos municípios do país.
Diante do exposto, percebe-se que Arari surge mediante a uma atuação de cunho
religioso, que possibilitou uma atuação política. A partir da ação dos moradores dessa
região ao reivindicarem através de um abaixo-assinado a elevação do povoado a curato.
Percebe-se também que o povo arariense desde o seu primórdio soube o que exatamente
queria, já mostrando determinação ao assinarem um documento que viabilizasse
condições políticas favoráveis para sua localidade.
Alguns meses após a visitação do bispo, no dia 24 de maio do referido ano, foi
criada a Lei Provincial n° 465, proporcionando ao “curato de Nossa Senhora da Graça
a elevação a freguesia[2], porém, como filial da freguesia de Nossa Senhora de Nazaré”
( BATALHA, 2014, p. 91, grifo do autor). Observa-se a Lei nº 465 de maio de 1858,
criada por João Pedro Dias Vieira, Vice-Presidente da Província do Maranhão.
Faço saber a todos os habitantes Assembleia Legislativa Provincial
decretou e eu sancionei a Lei seguinte: Art. 1º: A capela-filial da
freguesia de Nossa Senhora do Nazaré, da vila da Vitória do Mearim,
no Arari, fica ereta em freguesia com invocação de Nossa Senhora da
Graça do Arari. Art. 2º: Esta nova freguesia terá por limites os mesmos
marcados para dita capela. Art. 3º: Ficam revogadas as disposições em
contrário. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o
conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e
façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Secretário do
Governo a faça imprimir publicar e correr. Palácio do Governo do
Maranhão em 24 de maio de 1858, trigésimo sétimo da independência
e do Império ( BATALHA, 2014, p. 92).
No final do século XIX até início da segunda metade do século XX, as eleições
fraudulentas aconteciam constantes e escancaradamente no Brasil. O que gerava ações
violentas por parte das pessoas que estavam envolvidas na política. E se tratando
especificamente de Arari, não foi diferente.
Em 1863, no mês de agosto, houve a primeira eleição em Arari. Um mês antes
da eleição, um delegado de polícia, acompanhado de soldados e capangas, foi
a casa do juiz e tomou a força os livros e demais materiais de votação, tendo
ainda espancado aquela autoridade e seus familiares. A eleição foi feita pelo
delegado e, assim mesmo, foi aprovada pela Comissão da Câmara, certamente
sob o patrocínio de algum candidato beneficiado por tais votos. Era o primeiro
elo de uma longa lista de eleições fraudulentas, violência nos dias de eleição e
outras degradações políticas, como era típico em todo território
nacional (SILVA, 1985, grifo do autor).
Foram também eleitos nesse momento, juízes de paz[4] para a sede, os seguintes
cidadãos: José Teodoro Rodrigues Chaves, Caetano Alberto de Sousa, Manuel Antônio
Machado, Antônio Lino Pereira e como suplentes, Demétrio Raimundo Fernandes,
Ciríaco Antônio da Silva, Tomás de aquino Fernandes e Pedro Leandro Fernandes.
Em 1868, foi realizada a segunda eleição da história do Arari emancipado,
elegendo novamente 7 vereadores para um pleito de 4 anos ( 1869-1873).
Aspecto econômico
Essa ideologia levou países europeus no século XIX, a buscar novos mercados,
matéria-prima, mão-de-obra barata, local para colocar sua população excedente e novas
áreas para investimentos, gerando assim, o imperialismo desses países sobre a Ásia,
África e em menor escala sobre a Oceania. Já a América sofreu o imperialismo mais direto
promovido pelos Estados Unidos.
No cenário nacional, o Brasil essencialmente agrícola com seus poderosos
proprietários, achava-se longe de exercer o controle absoluto de seus negócios. Os frutos
que esperavam colher com a independência e, logo após, com a abdicação de D. Pedro I,
não lhes apresentavam facilmente ao alcance de suas mãos. Permaneciam o comércio em
atacado e a varejo controlados por portugueses, enquanto os seus novos rivais, os ingleses,
detinham os negócios de exportação, agrilhoando a economia nacional.
A escravidão brasileira (meados do século XVI a maio de 1888), que ainda neste
momento era a principal base de sustentação econômica do Brasil, deixava evidente que
aqui também se fazia presente pelos mesmos motivos que no restante do país. Para se ter
noção da quantidade de escravos em Arari, podemos observar que no período de 1859 a
1888, houveram 436 batizados de negros e mulatos filhos de escravos. Existem dados que
mostram que Pe. Inácio Mendes de Morais e Silva dispunha de um certo número de
escravos. Também era um dos maiores proprietários de terra deste município e
circunvizinhança, exercia também a atividade pecuarista nesta região - e foi com a prisão
de um de seus vaqueiros que se iniciou o maior movimento popular ocorrido na história
do maranhão em 1838, a Balaiada.
“O início do processo de enriquecimento econômico de Arari deu-se com a
intensificação da navegação do rio Mearim, aliado a criação de gado, plantação
de cana de açúcar e assentamento de diversos engenhos na região. Por ser o
primeiro porto influente de quem sobe o rio, tornou-se também a vila portuária
de maior importância desta ribeira, por vários anos” (BATALHA, 2002).
Acerca dessa citação se percebe que Arari, ainda na sua idade primitiva teve uma
atividade portuária significativa, beneficiando assim o desenvolvimento local, também
pode ser percebida na colocação feita pelo Pe. Brandt e Silva que cita em uma de suas
obras: “Quando os barcos que viajavam tinham de encostar por falta de vento e de maré
os passageiros não deixavam de saltar em terra e o lugar foi chamando a tenção de
diversos que depois de demorarem um pouco na Ribeira do Mearim, vinham situar-se
nessas barrancas”.
Não podemos deixar de citar a cultura de subsistência aqui praticada, por exemplo, a
mandioca, o arroz (que posteriormente seria o produto agrícola de maior expressividade
econômica deste município), dentre outros. Com o cultivo desses produtos somado a
atividade da pecuária, Arari começa a se desenvolver econômicamente.
“No dia 06 de agosto 1811, a capela era inaugurada com a solene entronização
da imagem de Nossa Senhora da Graça que veio em procissão fluvial da
vizinha Ribeira do Mearim. A festa naquele dia foi grande. Lourenço da Cruz
Bogéa e sua esposa Isabel da Hungria Mendes Bogéa lideravam as atividades
religiosas e sociais e eram incansáveis no zelo para que tudo se saísse bem.
Trajados a maneira da época era mais que procurava exibir suas roupas novas.
E não era para menos, pois aquele foi um grande dia para o lugar, pequeno para
conter as 400 pessoas que acompanharam a imagem da Ribeira do Mearim,
tendo à frente o Pe. Inácio Homem de Brito. Houve celebração da Santa Missa
a chegada de um Te Deum e, durante nove dias, todas as noites, eram
realizados ofícios religiosos. Foi a inauguração oficial da primeira capela
construída em Arari. Podemos até dizer que foi o dia da fundação oficial de
Arari (...). A festa da Graça, celebra em agosto, com começo no dia06 e
terminando a 15, movimentação apenas aos moradores da povoação, como
também atraia fieis dos lugares vizinhos, sobretudo da Ribeira do Mearim, sede
da Freguesia, do Bonfim, do Barreiros, do Carmo e até da Capital da
Províncias, e de outras Freguesias como a de Viana, Santa Maria de Anajatuba
e de Itapecuru. Depois começou-se a festejar Bom Jesus dos Aflitos, cuja a
imagem Lourenço da Cruz Bogéa foi buscar em Portugal e lhe deu uma capela
ao lado da de Nossa Senhora da Graça”(SILVA).
A falta de padre era um grande problema para Arari. É por isso que o Pe. Brandt
Silva refere-se acima aos sacerdotes que vindo de outras localidades para a realização de
cerimônias religiosas. Segundo ele, aqui vivia praticamente sem assistência de
autoridades eclesiásticas. E um dos motivos era que os padres não queriam ser vigários
de paróquias muito pequenas. Todavia, as pessoas começaram a canalizar a sua atenção
para a realização de outros cultos e festividades, como a macumba, o terecô, baile de São
Gonçalo e outros, que na época eram condenados pela igreja católica.
O único vigário efetivo que o município teve logo após a criação da Freguesia, foi o
Pe. João Francisco Coelho (1858-1866), e a partir de então, ficou sem vigário permanente
até 1944, quando vem para cá o Pe. Clodomir Brandt e Silva.
Porém, muitas e insistentes tentativas foram feitas junto as autoridades competentes para
enviar um padre para Arari, porém, sem resultados positivos. Tem-se como exemplo, o
pedido de um senhor chamado Pompílio em agosto de 1878, o qual foi publicado no
Jornal Estado do Maranhão, que dentre outros elementos relatava:
“Apelamos para o rvd. Vigário do Mearim (...) pedindo por amor da religião
de Jesus Cristo ao nosso muito virtuoso prelado que por sua misericórdia nos
mande um padre, porque necessitamos desse sal da terra, desse candelabro,
para com sua luz vir dissipar as trevas do erro em que estamos envolvidos à
muito tempo(...)”.
Diante dos relatos, podemos perceber que a figura do padre naquele momento era
polarizadora. Subtende-se que sobre ele estava a responsabilidade de organizar a
localidade que estivesse inserido. O povo sem uma autoridade religiosa se encontrava
meio que a deriva. O que justifica as várias solicitações para o envio de um vigário para
Arari, nesse momento.
[1] Zona geográfica eclesiástica da Igreja Católica designando aldeias e povoados com
condições necessários para se tornar uma freguesia, ou seja, tornar-se o distrito de um
município e era provida de um cura residente para cuidar das atividades religiosas.
[3] Patente de oficial abaixo de tenente (no Brasil, a designação foi substituída pela de
segundo-tenente).
[4] Em 1827, surgiu o juiz de paz, através de uma lei esparsa idealizada pelos liberais.
Foi concebido como um representante eleito que não tinha treinamento, nem pagamento,
e que atuariam em assuntos de pouca importância na freguesia.
[5] No Brasil, o intendente existiu até 1930, sendo substituído pela figura do prefeito. É
uma figura da administração pública, exercendo atividades e funções semelhantes a dos
atuais prefeitos.
REFERÊNCIAS
----------. Um Passeio Pela História do Arari / João Francisco Batalha. – São Luís, 2011.
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sar_Augusto_Marques
http://www.ambiti-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9825 Acesso
em: 05/05/2018
http://www.google.com.br./amp/s/educalingo.com/pt/dic-pt/intendente/amp