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GFDG
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NITERÓI
2013
G118 Gabriel, Priscila de Figueiredo.
Estudo de usuários no Arquivo Nacional (2013) / Priscila de
Figueiredo Gabriel. – 2013.
56 f.
Orientador: Renata Regina Gouvêa Barbatho.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Arquivologia) – Universidade Federal Fluminense, 2013.
Bibliografia: f. 52-54.
1. Estudo de usuário. 2. Arquivologia. 3. Arquivo Nacional
(Brasil). I. Barbatho, Renata Regina Gouvêa. II. Universidade
Federal Fluminense. Instituto de Arte e Comunicação Social.
III. Título.
CDD 651.5
PRISCILA DE FIGUEIREDO GABRIEL
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Profª Mª. RENATA REGINA GOUVÊA BARBATHO – Orientadora
UFF
______________________________________________________________________
Prof. Dr. VITOR MANOEL MARQUES DA FONSECA
UFF
______________________________________________________________________
Profª Dra. JOICE CLEIDE CARDOSO ENNES DE SOUZA
UFF
Dedico essa monografia aos meus pais, por estarem
sempre ao meu lado dispostos a oferecer apoio e estímulo
em todos os momentos, aos meus avós Wanda e Édimo
(in memoriam), aos meus avós Maria Lúcia e Oswaldo
por toda a ajuda no período de estudo e ao meu namorado
Gaspar Sameiro pelo companheirismo e ajuda em
diversos momentos.
AGRADECIMENTOS
À Professora Renata Regina Gouvêa Barbatho por ter me recebido com carinho como
sua orientanda, bem como pela atenção e orientação dispensados no período de execução
dessa monografia.
A todos os professores e funcionários da Coordenação de Arquivologia e
Departamento de Ciência da Informação, que sempre se mostraram solícitos às minhas
questões e necessidades, tanto acadêmicas quanto burocráticas. Agradeço em especial aos
professores Victor Manoel Marques da Fonseca e Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza por
aceitarem fazer parte da banca examinadora desse meu trabalho.
Por fim, agradeço aos colegas de curso, que muitas das vezes contribuíram
substancialmente para que eu concluísse com êxito as disciplinas, e aos amigos do dia-a-dia
que estiveram presentes dentro e fora da sala de aula, proporcionando momentos
maravilhosos.
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o
melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus,
não sou o que era antes.”
This study aimed to diagnose the profile, needs, satisfaction and needs of users of the
consulting room of the National Archives from a study of users. And then after the analysis
and interpretation of data collected, if necessary, and provide recommendations for
improvement and contribute to the development of calls to consultants. The evaluation
through user studies help the institution to obtain usage statistics, as well as opinions and
suggestions important are subsidies required for the full development of their activities. The
literature indicates the need for periodic reviews by user studies in files, because it is an
important element for the implementation of its activities.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................13
2. OS ESTUDOS DE USUÁRIOS.........................................................................................15
2.1 OS NOVOS TEMPOS E AS NECESSIDADES INFORMACIONAIS..................................................15
3. O ARQUIVO NACIONAL................................................................................................25
3.1 A MODERNIZAÇÃO DO ARQUIVO NACIONAL........................................................................27
3.2 OS PRIMEIROS CONSULENTES...............................................................................................31
4. O ESTUDO DE USUÁRIOS DO ARQUIVO NACIONAL...........................................34
4.1 O PERFIL DOS USUÁRIOS.......................................................................................................35
4.2 O ARQUIVO NACIONAL E O CONSULENTE.............................................................................38
4.3 GRAU DE SATISFAÇÃO..........................................................................................................41
4.4 AVALIAÇÃO DOS CONSULENTES......................................................................................... 46
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................50
6. REFERÊNCIAS..................................................................................................................52
7. APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO – ENTREVISTA COM OS USUÁRIOS.............. 55
13
1 INTRODUÇÃO
2 O ESTUDO DE USUÁRIOS
Para realizar este estudo, foi necessário um referencial teórico, bem como, um
arcabouço científico que norteou e contribuiu elucidando alguns tópicos pertinentes ao
trabalho, a fim de atingir os objetivos propostos.
Atualmente, a informação circula no mundo de forma cada vez mais acelerada, todavia
não se consegue captar, tratar, organizar e disseminar esse volume de informações. Isso pelo
seu caráter volúvel, assim o que se conhece hoje pode estar ultrapassado amanhã. São por
essas alterações e pela multiplicidade que envolve o homem, que todo ser humano é diferente
um do outro. Tais diferenciações também ocorrem com os usuários, que mesmo inseridos em
um grupo com características similares, continua possuindo sua essência distinta, tanto pela
história de vida, quanto pelas atitudes que toma quando requerido ou impulsionado a realizar
determinados feitos.
Com isso, para se entender esses comportamentos são feitas pesquisas com usuários da
informação, denominado estudo de usuários. Este, segue orientado por várias considerações,
por exemplo: informação, uso e usuários.
Os estudos de usuários da informação entrelaçam necessidades de informação, hábitos
de busca e uso da informação com o fluxo da informação científica e tecnológica, com as
tecnologias da informação, e com dados e informações que suprem as carências
informacionais de especialistas e do cidadão comum. A área do conhecimento que se dedica a
conhecer os usuários é a Ciência da Informação, que no conceito clássico é:
Podendo também, citar Capurro, que formulou três paradigmas que fundamentam a
Ciência da Informação: o paradigma físico, o cognitivo e o social. A tendência é a evolução
destes, de acordo com os fundamentos de cada pesquisa, havendo uma adequação com o
paradigma, que seja a linha norteadora.
O primeiro paradigma “postula que há algo, um objeto físico, que um emissor transmite a um
receptor” (CAPURRO, 2003), voltado para o suporte físico da informação e a gerência de informação
(ordenar, organizar e controlar uma explosão de informação). Porém, esta relação recebe
diversas críticas, pois exclui o papel do sujeito, do usuário. Surge, então, o paradigma
cognitivo, oposto ao físico, colocando o usuário dentro do ciclo informacional, sendo, este
alguém que necessita de alguma informação, deixando de fora a condição e os processos
sociais do ser humano. Este processo prioriza a relação entre informação e conhecimento, o
sujeito assimila a informação, gerando conhecimento. Para reverter esta situação, surge o
paradigma social, que integra o usuário que necessita de informação a um contexto social,
havendo, uma integração do paradigma cognitivo a um contexto social, ou seja, o
conhecimento interativo.
Os estudos tornaram-se de extrema relevância com este último paradigma, a fim de
entendê-los e caracterizá-los, aplicando os resultados em tomadas de decisões e melhorias nas
bibliotecas e arquivos.
Com isso, conhecer as necessidades informacionais da comunidade a ser atendida,
constitui o ponto de partida do planejamento de um serviço de informação e uma preocupação
constante no decorrer da prestação de serviços. Deve-se ter em mente que acessibilidade e
facilidade são fatores determinantes no uso de serviços de informação.
Na sociedade em que estamos inseridos – sociedade da informação – existem novos
paradigmas, sejam eles de ordem social ou econômica. Os caminhos a trilhar para o
desenvolvimento e a exigência de uma nova postura frente às mudanças sociais, são situações
que temos que nos adaptar nessa nova ordem. Gerar, obter e aplicar conhecimento passa a ser
item básico para essa mudança.
De acordo com Valentim (2002), o que caracteriza uma sociedade como “sociedade da
informação”:
Pode-se dizer então, que a informação possui grande importância, já que ela é matéria-
prima de real valor, não só para as grandes tomadas de decisão, mas também para as pequenas
decisões do cotidiano das pessoas. Mas o que é informação? Informação é um termo que pode
assumir muitos significados dependendo do contexto, mas como regra geral, é o resultado do
processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma que represente uma
modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema que a recebe.
Informação enquanto conceito carrega uma diversidade de significados, do uso quotidiano ao
técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de
restrição, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, significado,
estímulo, padrão, percepção e representação de conhecimento (GUIA DO ESTUDANTE, p.
4).
As necessidades de informação dos indivíduos são múltiplas e alteram-se mediante o
contexto no qual está inserido o processo de desenvolvimento científico e tecnológico dos
mesmos. Segundo Figueiredo (1994), as necessidades de informação nascem e variam
conforme as características dos indivíduos, as circunstâncias, e o ambiente no qual estão
envolvidos no momento.
Sendo assim, em um mundo globalizado, informatizado, onde a informação circula
com grande velocidade pelas vias informatizadas, os arquivistas necessitam de uma nova
estratégia de comportamento para atrair mais usuários e, assim, aumentar o fator de uso dos
documentos. Os arquivos precisam estar mais abertos e serem mais divulgados para mostrar a
sociedade todo seu potencial informacional.
E, além dos fazeres tradicionais, os profissionais da informação devem utilizar
recursos importantes, principalmente os desenvolvidos pelas tecnologias da informação, que
servem como ferramentas de facilitação desse serviço de organização e disponibilização da
informação. Tais ferramentas foram sendo incorporadas à realidade dos centros de informação
e assim, tornaram-se personagens fundamentais nos arquivos e unidades de informação em
geral. Nesse contexto, podemos afirmar que as bases de dados são a maior expressão da
aplicação das tecnologias da informação aos serviços de organização e disponibilização de
informação nos centros de documentação.
Apesar do advento das novas tecnologias de comunicação e informação como a
imprensa, a informática e a internet, ajudarem cada vez mais o uso dos arquivos, eles ainda
prescindem das técnicas de marketing e de altos investimentos financeiros tanto para a
divulgação em si como para o aparelhamento adequado dos serviços que se quer oferecer. A
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divulgação deve atingir públicos dentro e fora da instituição, devendo ocupar espaços em
diversos eventos.
A mudança na perspectiva sobre os arquivos alocaram os centros de informação e
documentação, como um bem cultural.
Aliás, segundo Martins (1979, p.444), o arquivo é muito mais que um bem cultural, é
um equipamento social que serve à administração e tem como funções a guarda e a
conservação dos documentos visando à sua utilização. Pode-se dizer que é o uso dos arquivos,
por públicos distintos que o torna vivo e atuante. Para isso, uma questão a resolver é aumentar
uso dos arquivos ainda muito restrito a cientistas sociais, pesquisadores profissionais e
estudantes universitários, além de outro público ainda mais reduzido de advogados,
associações e cidadãos comuns em busca de informações as mais diversas.
O uso dos arquivos não pode ser feito apenas pelos mais eruditos, devendo abrir
espaço para todas as camadas sociais, considerando o direito de todos sobre o imenso
patrimônio documental do país. Os problemas de pouca frequência de usuários nos arquivos
estão ligados a um conjunto complexo de outros entraves, como a falta de uma política
nacional de arquivo que concretize as necessidades materiais, técnicas e de recursos humanos
que reforce a infraestrutura dos arquivos municipais, estaduais e o nacional. Aliado a isso,
existe uma crescente redução do quadro funcional, deixando os arquivos sem pessoal
suficiente para atender a crescente demanda tanto do fluxo de usuários como de documentos
enviados para guarda, conservação e posterior uso.
Segundo Westphallen (1979), a realidade brasileira não é a dos arquivos arranjados,
ordenados e classificados, com depósitos e salas de consultas dotadas de segurança e conforto.
E isso ainda hoje é um problema para a maioria dos arquivos públicos brasileiros.
Nessa discussão o papel do profissional em arquivo é essencial, pois é ele quem
planeja, executa, avalia e discute as melhorias. Jenkinson apud Kurtz (1990, p.42), conclui
que os arquivistas têm como dever salvaguardar os documentos e manter sua custódia; em
segundo lugar, deve facilitar o acesso com vistas a atender as necessidades do usuário. Mas, a
mesma adverte que a tendência da prática americana é contrária às prioridades de Jenkinson,
onde o arquivista é reconhecido pela presteza no atendimento ao usuário. E, enquanto isso não
ocorre, os documentos em arquivo continuam sendo preservados em função do seu conteúdo e
do seu valor histórico.
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entre outros aspectos. Necessidades essas, que precisam ser conhecidas pela instituição com o
intuito de sempre buscar melhorias para satisfazer seus consulentes. Uma boa forma de
conhecê-los é através do estudo de usuários, estudo este que nunca foi realizado pelo Arquivo
Nacional, fato que chamou atenção. Ao longo do trabalho, foi destacada a sua importância. E
sendo assim foi feito um estudo pioneiro a fim de conhecer um pouco sobre os consulentes da
instituição, saber suas carências e satisfações, foram coletados dados e opiniões dos usuários
que esperamos que auxilie a instituição. Tais informações serão aprofundadas no próximo
capítulo.
Conforme Nunes Paula(2000 apud Santiago; Paiva 2007, p. 288) os usuários podem
ser caracterizados como:
Sanz Casado (1994, p. 31) define Estudo de Usuário da Informação como um conjunto
de estudos que tratam de analisar qualitativamente e quantitativamente os hábitos de
informação dos usuários, mediante a aplicação de distintos métodos, entre eles os
matemáticos – principalmente os estatísticos – ao consumo da informação.
Para Wilson-Davis (1977, apud Costa et al. 2009) estudo de usuário é o “estudo de
quem demanda, necessita ou recebe o que de alguém para quê”. Portanto, estudos que
respondam quem? o quê? quando? onde? por quê? para quê? e como é buscada e usada a
informação, em seu sentido mais amplo, que se constitui em Estudo de Usuário e nas suas
variáveis, sendo o estudo de uso, das necessidades de informação, da satisfação do usuário e
etc.
Figueiredo (1979, p.79) relata que nas conferências internacionais de 1948 e 1958
foram apresentados inúmeros trabalhos sobre estudos de usuários. Segundo a referida autora,
estudos de usuários são investigações feitas para saber o que os indivíduos precisam em
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econômicas. De acordo com Figueiredo (1999, P.14): “A atual linha de estudos de usuários
não retrata apenas quem usa, o quê, quanto mais investiga o propósito do uso, e como, esse
uso efetivamente, contribui para ajudar o usuário naquilo que ele necessita de informação.”
Os estudos de usuário se baseiam em técnicas que tem por finalidade observar os
usuários das unidades de informação, bem como compreender suas necessidades, usos,
opiniões e avaliações a respeito dos serviços oferecidos.
Na concepção de Figueiredo (1994, p.7):
Com base nesses dois conceitos, uma instituição ao possuir documentos, em qualquer
suporte, tratando-os de forma adequada e tecnicamente para armazenamento e disseminação,
possui disponibilidade, pois poderá dispor dos documentos a qualquer momento. De outra
maneira, se a instituição produz instrumentos de pesquisa contendo as referências dos seus
documentos, isto é, indicando onde encontrá-los, isto significa que ela possui acessibilidade.
Segundo Almeida (1979, p.457), a disponibilidade nos arquivos é vital, pois ele não
existe para si, mas para transformar o acervo em informação disponível para quem o procura.
Hoje, devido aos avanços das tecnologias de comunicação e informação, as instituições
podem também oferecer maior acessibilidade com a utilização da informática e da cooperação
com outras instituições congêneres.
Exposições, divulgação midiática, e instrumentos de pesquisas mais didáticos
melhoram a acessibilidade, assim como os guias temáticos ou de espécies documentais,
índices por assunto, decupação de textos para uso em salas de leitura e permutados com
outros centros de pesquisa. A reprodução de documentos em cartões-postais, fac-símiles,
diapositivos, publicação de artigos em periódicos especializados, além de uma aconchegante
recepção são formas de dar aos usuários várias opções e conforto na hora da pesquisa.
Dessa forma todo planejamento dos serviços de arquivos deveria incluir estudo de
usuários como uma prioridade para o estabelecimento de serviços mais dinâmicos e eficientes
voltados para seus consulentes.
25
3 O ARQUIVO NACIONAL
A história é uma evolução contínua. Tudo o que existe hoje tem sua origem
em um passado mais ou menos longínquo. E o futuro dependerá, mais ou
menos, do que existe atualmente. Os arquivos, por sua própria natureza, são
o elo que une o passado ao presente e o presente ao futuro.
(DUCHEIN,1988, p.91)
No ano de 1975, foi aprovado um novo regimento que estabeleceu uma nova estrutura
para o Arquivo Nacional. Um passo importante, ao ser incorporada, decididamente, a idéia de
gestão de documentos, por meio da Divisão de Pré-Arquivo, que no ano seguinte se instala
também em Brasília, demonstrando a preocupação do Arquivo com a sua atuação junto à
administração pública na capital. Essa divisão era responsável por “recolher e preservar o
patrimônio documental da nação brasileira, como objetivo de divulgar o respectivo conteúdo
de natureza científico-cultural e incentivar a pesquisa relacionada com os fundamentos e as
perspectivas do desenvolvimento nacional”(HEYNEMANN, 2009, p.212).
Ou seja, o Arquivo Nacional, a partir de 1975, incorporou como atribuição a gestão
dos documentos da Administração Pública Direta. Sendo assim, o novo regimento estabelece
a seguinte estrutura para a instituição: Divisão de Pré-Arquivo, Divisão de Documentação
Escrita, Divisão de Documentação Audiovisual, Divisão de Pesquisas e Atividades Técnicas,
Divisão de Publicações, Divisão de Administração e Coordenadoria de Cursos de
Arquivologia.
Já ao final dos anos de 1970, mas precisamente em 1978, o Decreto 82.308 de 25 de
setembro institui o Sistema Nacional de Arquivos (SINAR). Tendo o Arquivo Nacional como
órgão central, o sistema era composto pelos órgãos da administração federal direta e indireta
que exercessem as atividades de arquivo intermediário e permanente, ou seja, tendo a
finalidade de assegurar a preservação de documentos do Poder Público. Simultaneamente ao
sistema, era criada a Comissão Nacional de Arquivos (CONAR), destinada, em linhas gerais,
a dar assessoria ao SINAR (HEYNEMANN, 2009, p.212).
Por fim, cabe destacar que a história do Arquivo Nacional é um reflexo da
contingência do Estado, sendo os seus 175 anos de existência um traço comum com a história
brasileira em cinco séculos.
Ainda nesse período, foram instituídos o Núcleo Regional do Distrito Federal, atual
Coordenação Regional do Arquivo Nacional, e o Conselho Nacional de Arquivos
(CONARQ). Presidido pelo diretor-geral do Arquivo Nacional, o Conselho, de acordo coma
regulamentação de 2002, tem a finalidade de definir a política nacional de arquivos públicos e
privados, exercendo orientação normativa visando à gestão documental e a proteção especial
aos documentos de arquivo (HEYNEMANN,2009)
O processo de modernização da instituição pôde ser traduzido em alguns números,
como a passagem dos 18 quilômetros de documentos textuais, em 1988, para os atuais 70
quilômetros, além de 1.150.000 fotografias, 55 mil mapas e plantas, 13 mil discos e fitas
audiomagnéticas e trinta mil filmes. Destacando-se ainda esse universo de documentos que
contempla registros datados do século XVI aos dias de hoje, provenientes da administração
colonial, do governo metropolitano, de ministérios e órgãos do Império e da República, de
indivíduos e instituições privadas, coleções e itens documentais, documentos audiovisuais e
cartográficos, uma biblioteca especializada nas áreas afins à missão do Arquivo Nacional e
uma coleção de livros, folhetos e periódicos raros de cerca de sete mil títulos (ARQUIVO
NACIONAL, 2004).
Documentos como a Lei Áurea, do Ventre Livre, a elevação do Brasil a Reino Unido,
longa e contínua documentação sobre o tráfico, o comércio e o trabalho escravo no Brasil, as
Constituições do Império e da República, patentes industriais, inventários post-mortem,
processos do Tribunal de Segurança Nacional, acervo dos órgãos de repressão da ditadura
militar e da censura, fotografias do jornal Correio da Manhã, filmes da Agência Nacional e
registros da TV Tupi, entre tantos outros exemplos, dão a medida da relevância e do caráter
único desse acervo (HEYNEMANN, 2009)
Esta modernização é fruto do desenvolvimento da própria Arquivologia no Brasil e no
mundo, evidenciado pela participação ativa em organismos internacionais na área, explicitado
no desenvolvimento de bases de dados, no aperfeiçoamento de seus laboratórios, na
digitalização de seu acervo cartográfico, no atendimento a mais de vinte mil consultas anuais.
(ARQUIVO NACIONAL, 2004)
Entre as iniciativas de difusão cultural e acadêmica, a instituição realiza bienalmente
desde 1991, edições do Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa. Concurso que publica as três
30
50
44
45
40
35
30
25 21
20
15
10 7
5 2 1
0 0
0
até 15 16 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 61 a 70 mais de 71
Fonte: a autora. Dados coletados entre os dias 09 a 26 de abril de 2013 na sala de consulta do Arquivo
Nacional do Rio de Janeiro.
Profissão # %
Jornalista 7 9,3%
Estudante 23 30,7%
Historiador 6 8,0%
Professor 16 21,3%
Advogado 2 2,7%
Engenheiro 4 5,3%
Médico 2 2,7%
Arquiteto 2 2,7%
Servidor Público 2 2,7%
Bibliotecário 2 2,7%
Pesquisador 1 1,3%
Músico 1 1,3%
Cinema 1 1,3%
Assistente Jurídico 2 2,7%
Geógrafo 1 1,3%
Arquivista 1 1,3%
Não Informaram 2 2,7%
Total 75 100%
Fonte: a autora. Dados coletados entre os dias 09 a 26 de abril de 2013 na sala de consulta do Arquivo
Nacional do Rio de Janeiro.
Um fato que chamou muito a atenção durante a análise desses dados foi que apenas
um arquivista estava pesquisando no Arquivo Nacional nesse período. Isto suscitou muitas
questões, das quais este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) não conseguirá dar conta.
Será que os arquivistas não anseiam pesquisar e escrever sobre sua própria história e inclusive
suas próprias práticas? Seria o Arquivo Nacional um espaço de desinteresse dos arquivistas?
Se os arquivistas não se interessam pelo AN, quais são as instituições de interesse dos atuais
arquivistas? Será que a Arquivologia tem uma tradição de auto pesquisa?
Em um recente Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no curso de
Arquivologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) por Aguiar (2013), o mesmo
destacou que os arquivistas do corpo docente da UFF, UNIRIO e UFSM tendem a certos
desníveis produtivos, principalmente em um universo grande de professores com regime de
dedicação exclusiva. Os números de projetos de pesquisas, publicações e apresentações de
trabalhos em eventos nos últimos cinco anos se mostram não muito altos, além de ter
observado uma tendência de queda na produção bibliográfica. A pesquisa também indicou,
assim como outros trabalhos já citados, uma concentração da produção de conhecimento nas
mãos de um pequeno grupo. (AGUIAR, 2013)
38
Na busca por estabelecer uma média diária de consulentes que visitaram o Arquivo
Nacional nos últimos dois meses, foi possível constatar que no livro de presença da sala de
consultas, o número variava por dia entre trinta e quarenta assinaturas, sendo que deste total,
40 a 50% dos usuários eram pesquisadores frequentadores da Instituição, que periodicamente
iam ao Arquivo Nacional dar continuidade a sua pesquisa, o que significa que em volumes
absolutos, não se pode apenas multiplicar essa média diária pelo número de dias úteis no mês,
e também que o número de possíveis entrevistados diminuía. Por isso foi perguntado aos
consulentes, nos últimos dois meses, quantas vezes foi ao AN. Nisto foi possível chegar a
uma média de dez visitas, durante o período das entrevistas presenciais.
Quando perguntado aos usuários sobre os motivos que os levaram a pensar que os
documentos que lhes interessava estavam no Arquivo Nacional, todos responderam que foi
através de indicação ou pesquisa. Esta pergunta levantou a seguinte indagação, inclusive entre
os entrevistados: Será que é mesmo necessário para o Arquivo Nacional investir na
divulgação e marketing da instituição? Atualmente não há esse investimento, e levando em
consideração que o número total de entrevistados conseguiu chegar até a instituição através de
indicação de amigos, professores, orientadores, familiares no conhecido “boca a boca” ou
através de pesquisas à internet, jornais e meios de comunicação, é um sinal de que a mesma
vem se mantendo bem e com números razoáveis de visitantes independente de propaganda.
Por outro lado, fica em aberto quantos desejariam pesquisar documentos que ali estão
custodiados, mas que por falta de conhecimento, não chegaram até o AN.
41
Para entender o grau de satisfação dos pesquisadores, foi então perguntado aos
usuários se estes consideram satisfatórias as atividades do Arquivo Nacional com respeito a
atendimento a pedidos, e 93,4% encontram-se satisfeitos. Um usuário dentre os que
responderam de forma negativa, destacou sua insatisfação, enfatizando a demora no
atendimento e na disponibilização dos documentos solicitados, o que em sua visão atrapalha a
continuidade das pesquisas dos usuários. Este consulente é um advogado que esteve no AN
mais de dez vezes nos últimos dois meses desenvolvendo uma pesquisa para fins de trabalho.
entrevistadas observou que de fato é necessário que haja uma atenção maior a este aspecto e
em relação à guarda dos documentos, principalmente após o alagamento, incidente que já
ocorreu diversas vezes na história do Arquivo Nacional, vide o mais recente como mostram as
informações abaixo, obtidas através da reportagem da Empresa Brasil de Comunicação feita
no dia 12 de março de 2013.
A inundação de quatro depósitos do Arquivo Nacional causada pela chuva, não é um
episódio isolado, mas sim um problema recorrente no prédio da instituição, localizado no
centro da capital fluminense. Os prédios A, B e C foram os mais atingidos pela chuva que
atingiu 130 caixas com documentos, incluindo alguns da época de dom João VI e da ditadura
militar. Foi relato na reportagem, que em visita ao Arquivo Nacional na manhã do dia
12/03/2013, a equipe da Agência Brasil esteve em locais que estão interditados desde janeiro
do ano corrente, por causa de um temporal que danificou parte do acervo. É o caso do Bloco
D, que está em pior estado, com cheiro de mofo, terra e água pelo chão e montanhas de
documentos manchados ou totalmente danificados.
O técnico da coordenação de Documentos Escritos, Cristiano de Carvalho Cantarino,
explicou que a maioria da documentação no Bloco D, que não é climatizado, refere-se a
processos de ex-menores de idade internados na Fundação Centro Brasileiro Para a Infância e
Adolescência, antiga Funabem (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), que serve de
consulta para comprovação de direitos. E revelou ainda, que esses documentos são também
um dos mais consultados no Arquivo Nacional.
O representante do Arquivo Nacional, Mauro Lerner, coordenador da área de
Documentos Escritos, informou à equipe de reportagem, que foi pedido à direção do órgão,
que pertence ao Ministério da Justiça, R$ 2,5 milhões ao governo federal para refazer as
calhas em caráter emergencial, reforçar portas e janelas e restaurar o Bloco D, além disso,
com essa verba, se espera ser possível resolver o problema definitivamente, evitando
futuramente o “dar jeitinhos”. Lerner revelou ainda que enquanto as obras não são executadas,
para evitar maiores danos, transferirá os documentos dos depósitos atingidos para outros para
que não corra risco de serem atingidos por novas enchentes. Mauro Domingues, explicou que
como o prédio, ex-sede da Casa da Moeda, é antigo e tombado qualquer intervenção é
extremamente cara. Domingues afirmou existir área para a construção de um prédio exclusivo
para o acervo, mas que o custo para obra chega a aproximadamente R$ 45 milhões.
É possível verificar parte do estrago através das imagens abaixo, disponíveis no site da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
43
Caixas Box destruídas pela chuva. Reportagem feita pela Tania Rêgo
no dia 12/03/2013, no site da EBC http://agenciabrasil.ebc.com.br
visitado no dia 29 de maio de 2013.
Sobre a capacitação do pessoal responsável pelo atendimento, foi possível perceber que
a maioria dos usuários se mostrou satisfeita. Sendo que entre os usuários que responderam
que a capacitação é razoável, todos disseram que em algumas situações os funcionários não
estão muito capacitados e que em diversos momentos o que há é falta de “boa vontade” dos
mesmos na hora de auxiliar os pesquisadores.
Acredita-se que esse é o grande desafio do século para as organizações, o bom
atendimento que antes era um diferencial, atualmente é visto como uma obrigação e deve ser
encarado como prioridade nas instituições. Os colaboradores das organizações devem ter
sempre em mente que um bom atendimento em geral supre as necessidades dos usuários, e
que fazer o possível para facilitar a vida do mesmo, provalvemente fará com que a expectativa
dele seja atentida, e com isso, na visão dele, tornará o atendimento melhor. Tentar estabelecer
um bom relacionamento com o usuário é o caminho que as instutuições devem seguir sempre.
pesquisa (ponto destacado por todos os entrevistados). Tais apontamentos devem ser vistos
com atenção pela instituição.
Tabela 10: Se o Arquivo Nacional tem a estrutura necessária para seus pesquisadores
No fim da entrevista, algumas perguntas foram feitas de forma aberta a fim de oferecer
aos pesquisadores um espaço para que eles apontem suas necessidades. Observou-se que
nessa fase do questionário, muitos dos entrevistados não responderam as questões, o que
fomentou algumas perguntas: Será que os mesmos não acham importante relatar suas
necessidades? Ou não quiseram perder tempo elaborando respostas por pressa e/ou preguiça?
• Melhoria na iluminação, essa sugestão foi feita por 98% dos usuários e mencionada
diversas vezes ao longo da entrevista, portanto deve ser encarada como prioridade pela
instituição, visto que boa iluminação é um fator essencial para que os usuários
realizem de maneira confortável suas pesquisas.
• Instalação de uma cantina, tal sugestão foi feita por apenas um usuário, mas que é de
utilidade a todos, uma vez que a mesma facilitará aos pesquisadores e funcionários, já
que os mesmos não gastariam tempo se deslocando para realizar suas refeições,
acelerando assim seus respectivos trabalhos.
• Melhoria no quadro de funcionários não terceirizados, essa sugestão foi feita por 80%
dos usuários que destacaram a falta de boa vontade dos mesmos em determinadas
situações.
• Digitalizações dos documentos, os consulentes, acreditam que essa medida facilitaria o
andamento das pesquisas e a conservação dos documentos físicos.
48
• Agendamento pela internet, sugestão feita diversas vezes ao longo das entrevistas.
Estas se mostram intensamente importante para os usuários, uma vez que teriam que ir
a Instituição apenas quando já for para analisar os documentos desejados.
• Instalação de rede wi-fi, esta sugestão foi feita por apenas um usuário que caracterizou
como essencial para a realização das pesquisas. A pesquisadora em questão é uma
jornalista mestranda que está realizando uma pesquisa sobre o próprio Arquivo
Nacional.
• Diminuir o tempo de espera para consultar os documentos, esta observação apareceu
diversas vezes durante a entrevista. Acredita-se que essa mudança não seja simples
para instituição, visto que envolve diversos setores e funcionários, mas espera-se que a
partir deste trabalho e das opiniões dos usuários, a instituição reflita sobre possíveis
mudanças nesse aspecto.
agendamento via internet o que facilitaria o trabalho tanto dos usuários como dos
funcionários.
50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
resultados colhidos e interpretados, a cada novo estudo propiciará novas atitudes diante das
críticas e das sugestões dos usuários, ajudando de forma mais concreta na formulação de
políticas de melhoria do nível de aceitação e satisfação dos usuários em suas buscas
informacionais.
52
6 REFERÊNCIA
ARAÚJO, Vânia Maria Rodrigues Hermes de. Usuários: uma visão do problema. R. Esc.
Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 175-192, set. 1974.
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Panama. Arquivologia – O Site. Disponível em: http://www.arquivologiaosite.com.br/
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WOFF, Tônia Catia Brilhante. Arquivo Nacional: em busca de uma memória institucional
(1838-1911). Rio de Janeiro: UFRJ, 2001. Dissertação de Mestrado.
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APÊNDICE
1 - Identificação:
DATA:
( ) 41 a 50 ( ) 51 a 60( ) 61 a 70 ( ) mais de 71
( ) Trabalho ( ) Pessoal
Outros:_________
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( )NÃO
( )SIM ( )NÂO
7) Você considera satisfatório as atividades do Arquivo Nacional com respeito a: Se não, por
que?
a) Atendimento de pedidos:
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( )SIM ( ) NÃO
( )SIM ( ) NÃO
e) Horário de funcionamento:
( )SIM ( ) NÃO
8) Você acha que o Arquivo Nacional tem a estrutura necessária para seus pesquisadores?
( ) SIM ( ) NÃO
10) O que te fez pensar que esses documentos estavam nesta instituição?
11) Gostaria de fazer alguma sugestão ou comentário que complementasse suas informações
como usuário do Arquivo Nacional?