Você está na página 1de 8

Daltonismo, também conhecido como discromatopsia ou discromopsia, é uma perturbação da perceção

visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas
vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho. Esta perturbação tem normalmente
origem genética, mas pode também resultar de lesão nos olhos, ou de lesão de origem neurológica. O
daltonismo pode dificultar o aprendizado e a execução de atividades rotineiras, como comprar frutas,
escolher roupas e diferenciar as luzes dos semáforos. Tais problemas, no entanto, são considerados
menores pela literatura médica devido à capacidade de adaptação da maioria dos daltônicos. Indivíduos
portadores de cegueira das cores também podem ter acuidade visual reduzida O distúrbio, que era
conhecido desde o século XVIII, recebeu esse nome em homenagem ao químico John Dalton, que foi o
primeiro cientista a estudar a anomalia da qual ele mesmo era portador.

A causa mais comum do daltonismo é a falha no desenvolvimento de um ou mais dos três conjuntos
de cones que reconhecem cores. Uma vez que esse problema está geneticamente ligado ao cromossomo
X, ele ocorre com maior frequência entre os homens, que possuem apenas um desses cromossomos. Como
as mulheres têm dois cromossomos X, existe a possibilidade da anomalia em um deles ser compensada
pelo outro, o que explica a baixa incidência desse distúrbio no sexo feminino. O daltonismo também pode
ocorrer por dano físico ou químico ao olho, ao nervo ótico ou partes do cérebro. O diagnóstico é
geralmente confirmado pelo teste de cores de Ishihara, mas existem outros métodos também utilizados
para este fim.

Indivíduos com problemas na perceção das cores vermelha e verde são o tipo mais comum de daltônicos,
seguidos por aqueles com problemas na perceção das cores azul e amarelo e pelos portadores de cegueira
das cores. Estima-se que 8% dos homens e 0,5% das mulheres com ascendência na Europa
Setentrional integram o primeiro grupo. A capacidade de distinguir cores também diminui na velhice. O
daltonismo pode ser motivo de impedimento para determinados postos de trabalho (como maquinistas,
motoristas, pilotos e membros das forças armadas) em alguns países. A influência dessa anomalia sobre a
habilidade artística, no entanto, é controversa.

Não há cura para o daltonismo. O diagnóstico precoce pode permitir a aplicação de métodos educacionais
específicos para proporcionar à criança uma melhor adaptação à capacidade diminuída de reconhecimento
de cor. O uso de lentes especiais auxilia os portadores de dicromacia a perceber com maior precisão as
cores vermelha e verde. Estas lentes, entretanto, só podem ser usadas ao ar livre sob condições de luz
intensa. Atualmente existem aplicativos para smartphones desenvolvidos especialmente para auxiliar
indivíduos daltônicos a identificar cores.

1
Mecanismo

Cores primárias no sistema RGB.

As três cores primárias são captadas pelos cones e combinam-se formando uma imagem colorida.

A retina humana possui três tipos de células sensíveis à cor, chamadas cones. Cada um deles é sensível a
uma determinada faixa de comprimentos de onda do espectro luminoso, mais precisamente ao picos
situados a 419 nm (azul-violeta), 531 nm (verde) e 559 nm (verde-amarelo).

A classificação dos cones em "vermelho", "verde" e "azul" (RGB) é uma simplificação usada por
comodidade para tipificar as três frequências alvos, embora não corresponda à sensibilidade real dos
fotorreceptores dos cones. Todos os tons existentes derivam da combinação dessas três cores primárias.

As tonalidades visíveis dependem do modo como cada tipo de cone é estimulado. A luz azul, por exemplo,
é captada pelos cones de "alta frequência". No caso dos daltônicos, algumas dessas células não estão
presentes em número suficiente ou registam uma anomalia no pigmento característico dos
fotorreceptores no interior dos cones.

Tipos de daltonismo

2
Não existem níveis de daltonismo, apenas tipos. Podemos considerar que existem três grupos de
discromatopsias: monocromacias, dicromacias e tricromacias anómalas.

Monocromacia ocorre quando há apenas perceção de luminosidade na visão dos animais. São as células
bastonetes as responsáveis por esta perceção, que permite variações diferentes da cor cinza.
Normalmente, os monocromatas apresentam a chamada "visão em preto e branco".

 O monocromata típico é caracterizado pelo monocromatismo de bastonetes, que corresponde


a uma discriminação de cores nulas pela falta de cones. Ocorre na população humana com uma
incidência de 0,003% nos homens e de 0,002% nas mulheres. Essa característica é encontrada
em muitos animais de hábitos noturnos, peixes abissais e morcegos.
 O monocromata atípico possui um monocromatismo de cones, assim a não discriminação de
cores é devido a falta de sinais oponentes por ter apenas um tipo de cone. É muito raro na
população humana. É encontrado em alguns animais, como em alguns ratos e no kiwi, ave
neozelandesa, que enxergam tons no espectro da luz verde.

A dicromacia, que resulta da ausência de um tipo específico de cones, pode apresentar-se sob a forma de:

 protanopia, em que há ausência na retina de cones "vermelhos" ou de "comprimento de onda


longo", resultando na impossibilidade de discriminar cores no segmento verde-amarelo-
vermelho do espectro. O seu ponto neutro encontra-se nos 492 nm. Há igualmente menor
sensibilidade à luz na parte do espectro acima do laranja.
 deuteranopia, em que há ausência de cones "verdes" ou de comprimento de onda intermédio,
resultando, igualmente, na impossibilidade de discriminar cores no segmento verde-amarelo-
vermelho do espectro.Trata-se de uma das formas de daltonismo mais comuns (cerca de 1% da
população masculina), e corresponde àquela que afetou John Dalton (o diagnóstico foi
confirmado em 1995, através do exame do Ácido desoxirribonucleico do seu globo ocular). O
seu ponto neutro encontra-se nos 492 nm.
 tritanopia, em que há ausência de cones "azuis" ou de comprimento de onda curta, resultando
na impossibilidade de ver cores na faixa azul-amarelo.

A tricromacia anómala resulta de uma mutação no pigmento dos fotorreceptores dos cones retinianos, e
manifesta-se em três anomalias distintas:

 protanomalia, presença de uma mutação do pigmento sensível às frequências mais baixas


("cones vermelhos"). Resulta numa menor sensibilidade ao vermelho e num escurecimento das

3
cores perto das frequências mais longas (que pode levar à confusão entre vermelho e preto).
Atinge cerca de 1% da população masculina.
 deuteranomalia, presença de uma mutação do pigmento sensível às frequências intermédias
("cones verdes"). Resulta numa maior dificuldade em discriminar o verde. É responsável por
cerca de metade dos casos de daltonismo.
 tritanomalia, presença de uma mutação do pigmento sensível às frequências maiores ("cones
azuis"). Forma mais rara, que impossibilita a discriminação de cores na faixa do azul-amarelo. O
gene afectado situa-se no cromossoma 7 ao contrário das outras tricromacias anómalas, em
que a mutação genética atinge o cromossoma X.

Um tipo raro de daltonismo é aquele em que há uma "cegueira" completa para as cores: o mundo é visto
a preto e branco e em tons de cinza. Nesse caso, estamos perante aquilo a que se dá o nome de visão
acromática.

Genética

A mutação genética que provoca o daltonismo pode ter perdurado em decorrência de fornecerem
vantagens aos daltônicos ao longo da história evolutiva. Essa vantagem advém, sobretudo, do fato de os
portadores desses genes possuírem uma melhor capacidade de visão noturna, bem como maior
capacidade de reconhecerem elementos semiocultos, como animais ou pessoas disfarçadas pela sua
camuflagem.

Como o daltonismo é provocado por genes recessivos localizados no cromossomo X (sem alelos no Y), o
problema ocorre muito mais frequentemente nos homens que nas mulheres. Estima-se que 8% da
população masculina seja portadora do distúrbio, embora apenas 1 % das mulheres sejam atingidas.

Genótipo Fenótipo Detalhes

Mulher com visão normal Homozigótica não portadora do gene anômalo (DD, normal)

Mulher com visão normal Heterozigótica portadora do gene anômalo (Dd, normal)

Mulher daltónica Homozigótica recessiva (dd, daltónica)

Homem com visão normal Homozigótico dominante (D, normal)

Homem daltónico Homozigótico recessivo (d, daltónico)

No caso de um indivíduo do sexo masculino, como não aparece o alelo D, bastará um simples gene
recessivo para que ele manifeste daltonismo, o que não acontece com o sexo feminino pois, para
manifestar a doença, uma mulher necessita dos dois genes recessivos dd.

4
 Se a mãe não for daltónica nem portadora (DD) e o pai possuir visão normal (D), nenhum dos
descendentes será daltónico nem portador.
 Se a mãe possuir visão normal (DD) e o pai for daltónico (d), nenhum dos descendentes será
daltônico, porém as filhas serão portadoras do gene (Dd).
 Se a mãe for portadora do gene (Dd) e o pai possuir visão normal (D), há a probabilidade de
50% dos filhos serem daltônicos e 50% das filhas serem portadoras do gene.
 Se a mãe for portadora do gene (Dd) e o pai for daltónico (d), 50% dos filhos e das filhas serão
daltônicos.
 Se a mãe for daltónica (dd) e o pai possuir visão normal (D), todos os filhos serão daltónicos (d)
e todas as filhas serão portadoras (Dd).
 Se a mãe for daltônica (dd) e o pai também (d) 100% dos filhos e filhas também serão
daltônicos.

Diagnóstico

Figura do teste de Ishihara, método utilizado para diagnosticar o daltonismo. Pessoas portadoras de alguns
tipos de daltonismo não verão o número 8.

Existem três métodos para se diagnosticar a presença do daltonismo e determinar em que grau ele está
afetando a perceção das cores de uma pessoa:

 anomaloscópio de Nagel - consiste em um aparelho onde o indivíduo que vai ser examinado
tem seu campo de visão dividido em duas partes. Uma delas é iluminada por uma luz
monocromática amarela, enquanto a outra é iluminada por uma diversas luzes monocromáticas

5
verdes e vermelhas. O examinado deve tentar igualar os dois campos, alterando a razão entre a
intensidade das luzes vermelha e verde, e modificando a intensidade da luz amarela;
 lãs de Holmgreen - consiste na avaliação da capacidade de separar determinados fios de lã em
diversas cores;
 teste de cores de Ishihara - consiste na exibição de uma série de cartões pontilhados em várias
tonalidades diferentes. Esse é o método mais frequentemente utilizado para se diagnosticar a
presença do daltonismo, sobretudo nas deficiências envolvendo a perceção das cores vermelho
e verde. Uma figura (normalmente uma letra ou algarismo) é desenhada em um cartão
contendo um grande número de pontos com tonalidades que variam ligeiramente entre si, de
modo que possa ser perfeitamente identificada por uma pessoa com visão normal. Porém um
daltônico terá dificuldades em visualizá-la.

Como o teste de Ishihara não pode ser utilizado por crianças ainda não alfabetizadas, desenvolveu-se um
método secundário onde os cartões, em vez de números e letras, contêm desenhos de
figuras geométricas, como quadrados, círculos e triângulos, que podem facilmente ser identificados
por crianças em idade pré-escolar.

Tratamento

Atualmente não existe nenhum tipo de tratamento conhecido para esse distúrbio. Há, porém, uma
empresa americana fabricando lentes que permitiriam a distinção de cores pelos daltônicos. Elas seriam
seletivas quanto à passagem de luz, bloqueando o necessário para corrigir defeitos da visão. Os tais óculos
devem custar cerca de US$ 700. Mas alguns estudiosos ainda encaram a iniciativa com reservas alegando
que não há estudos científicos que reconhecidamente indiquem o método.

Porém, um daltônico pode viver de modo perfeitamente normal, desde que tenha conhecimento das
limitações de sua visão. O portador do problema pode, por exemplo, observar a posição das cores de
um semáforo, de modo a saber qual a cor indicada pela lâmpada.

Como na idade escolar surgem as primeiras dificuldades com cores, sobretudo em desenhos e mapas,
os pais e professores devem estar atentos ao problema, evitando constranger e traumatizar a criança.
Pode ser frustrante para uma criança ter a certeza de que está vendo algo em determinada cor, enquanto
todos os colegas e a professora afirmam que ela está errada.

Em 2009 pesquisadores da Universidade de Washington e da Universidade da Flórida conseguiram


restabelecer o processo de visão de macacos da espécie Saimiri sciureus através de tratamento genético.

6
Epidemiologia

O daltonismo afeta um grande número de indivíduos, sendo a protanopia e a deuteranopia os tipos mais
comuns. Os indivíduos com ascendência norte-europeia, assim como 8% dos homens e 0,4% das mulheres
sofrem de deficiência congênita de cor.[11]

O número afetado varia entre os grupos. Comunidades isoladas com um pool genético restrito às vezes
produzem altas proporções de daltonismo, incluindo os menos usuais. Exemplos incluem a parte rural
da Finlândia, Hungria e algumas das ilhas escocesas. Nos Estados Unidos, cerca de 7% da população
masculina - aproximadamente 10,5 milhões de homens - e 0,4% da população feminina não conseguem
distinguir o vermelho do verde, ou ver vermelho e verde diferentemente de como os outros veem
(Instituto Médico Howard Hughes, 2006).

Mais de 95% de todas as variações na visão humana em cores envolvem os receptores vermelho e verde
nos olhos masculinos. É muito raro que homens ou mulheres sejam "cegos" no extremo azul do espectro.

Adaptações

Para um daltônico, navegar em websites coloridos da Internet pode ser uma experiência não muito
agradável. Alguns textos podem estar ilegíveis, ou mesmo a leitura dos gráficos pode ser impossibilitada
devido ao esquema de cores utilizado. Para possibilitar a leitura destes textos e gráficos foi desenvolvido
por Daniel Ruoso, um desenvolvedor daltônico, o libcolorblind que é um software que faz transformações
nas cores no sentido de permitir que cores dúbias sejam colocadas em posições diferentes do espectro
de cor, de forma a tornarem-se diferenciáveis por um daltônico. O programa de acessibilidade do Gnome,
gnome-mag, tem suporte a esse software e fornece uma maneira intuitiva de ativar e desativar os filtros.

Algumas cidades já possuem semáforos adaptados para os portadores de daltonismo (quer


condutores/quer pedestres), que apresentam uma faixa branca ao lado da luz amarela, possibilitando ao
daltônico distinguir qual a cor do sinal aceso pela posição da luz (acima ou abaixo da faixa).

Lápis de cores podem ter o nome de cada cor gravada em seu corpo de modo a facilitar sua identificação.

Direito dos portadores de daltonismo

A justiça brasileira reconheceu que os portadores de daltonismo são sujeitos dos direitos que a Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras de
Deficiência estabelece e que cursos de educação complementar públicos ou privados devem promover
adaptações em materiais didáticos para possibilitar o acesso dos daltónicos a informação.

7
Os sentidos se desenvolvem no próprio útero: um feto pode ver e ouvir no segundo trimestre (13 a 24
semanas de idade). O sentido do tato se desenvolve no estágio embrionário (5 a 8 semanas). A maioria dos
bilhões de neurônios do cérebro também é desenvolvida no segundo trimestre. Os bebês nascem,
portanto, com algumas preferências de odor, gosto e som, amplamente relacionadas ao ambiente da mãe.

 A visão é significativamente pior em bebês do que em crianças mais velhas. A visão do bebê
tende a ficar embaçada nos estágios iniciais, mas melhora com o tempo. A perceção da cor
semelhante à observada em adultos foi demonstrada em bebês a partir dos quatro meses,
usando métodos de habituação. Os bebês têm uma visão de adulto em cerca de seis meses.
 A audição é bem desenvolvida antes do nascimento, ao contrário da visão. Os recém-nascidos
preferem sons complexos a tons puros, a fala humana a outros sons, a voz da mãe a outras
vozes e a língua nativa a outras línguas. Os cientistas acreditam que essas características são
provavelmente aprendidas no útero. Os bebês são bastante bons em detetar a direção de onde
vem um som e, aos 18 meses, sua capacidade auditiva é aproximadamente igual à de um
adulto.
 O olfato e o paladar estão presentes, com os bebês mostrando diferentes expressões de
desgosto ou prazer quando apresentados a odores agradáveis (mel, leite, etc.) ou odores e
sabores desagradáveis (ovo podre) (por exemplo, gosto azedo). Os recém-nascidos nascem com
preferências de odor e sabor adquiridas no útero pelo cheiro e sabor do líquido amniótico, por
sua vez influenciados pela alimentação da mãe. Bebês amamentados no seio e na mamadeira
com cerca de 3 dias de vida preferem o cheiro do leite humano ao de fórmula, indicando uma
preferência inata. Há boas evidências de que bebês mais velhos preferem o cheiro de sua mãe
ao de outras pessoas.
 O tato e a sensação são um dos sentidos mais desenvolvidos no nascimento, considerando que
é um dos primeiros sentidos a se desenvolver dentro do útero. Isso é evidenciado pelos reflexos
primitivos descritos acima e pelo desenvolvimento relativamente avançado do córtex
somatossensorial .

Você também pode gostar