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A AitQUITETUitA GÓTICA.

A IGitEJA E A MAÇOriAitlA
Ir:. Pedro Alcântara Sacramento(*)

Ylf matéria de que iremos nos, ganharia a Europa Ocidental. o Gótico, também chamado
, ltratar, tem por ambiente O gênio francês, todavia, não ogival, é uma evolução natural da
a Europa Ocidental, e começa no ficaria para trás. Quase ao mesmo arte românica, e caracteriza-se pela
ano de 313 da nossa era, com a libe- tempo, entre os séculos XII e XIV - estabilidade, solidez, leveza e impo-
ração, por obra de Constanti no anos de 1100 e 1300 -, desenvolveu- nência da construção. Encontrou
Magno, da prática do Cristianismo, se um outro estilo. o Gótico, que sua maior expressão no âmbito reli-
crença que abraçara e erigia como transpôs fronteiras, estendendo-se gioso, tanto que a catedral, inequi-
religião oficial do Estado Romano. por quase toda a Europa, inclusive à vocamente, é o seu monumento ar-
Se bem que não seja aí, cro- própria Itália. quétipo, conceito que não é nosso,
nologicamente, e por óbvio, que co- Concebido em I1e de France, mas formulado com muita proprie-
mecem a delinear-se os estilos ar- antiga região do centro-norte da dade, em opúsculo distribuído pelo
quitetõnicos que muito mais tarde França, que tinha Paris por capital, órgão oficial catalão de turismo, sob
viriam a definir-se, é certo, no en- o novo estilo ficou conhecido na o título de "Rutas dei Gótico" (Bar-
tanto, que a arte de construir ali- Europa por "opus francigenum", até celona, Espanha, 1991). Ainda de
nhar-se-ia com o pensamento que que Vasari, pintor e arquiteto italia- acordo com a mesma literatura, são
despontava e percorreria longo ca- no (1511-1574) passou a tratá-Ia igualmente representativos do esti-
minho inspirada na nova ordem re- pelo nome, aliás, pelo adjetivo que, lo os palácios reais, os castelos e re-
ligiosa. assim, para as artes, passou a preva- sidências senhoriais, as sedes de
Com efeito, entre os séculos instituições e corporações, os hospi-
IV e XI, ou seja, nos primeiros sete- tais, as pontes, as muralhas e inclu-
centos anos do Cristianismo, embo- sive a configuração urbana.
ra fosse intensa a atividade de cons- A beleza do estilo chegou até
trução de igrejas, muitas nasciam os nossos dias com catedrais que
por adaptação de antigos edifícios ainda ornam cidades importantes,
pagãos, resultando daí concepções das quais tomamos como exemplo
arquitetõnicas que iriam influenciar Paris (Notre Dame) e Milão (Duo-
as edificações do referido período, mo), edifícios esses cuja grandiosi-
naturalmente tocadas pelas evolu- dade e sutiliza de detalhes pereni-
ções políticas e sociais do meio, e zam a imaginosa concepção e exal-
enriqueci das pela progressiva quali- tam a extrema habilidade dos cons-
ficação dos artistas e decoradores. trutores, desde os talhadores da pe-
Note-se que a influência de dra até os decoradores de interior,
Roma mais e mais, centúrias afora, que operavam agrupados em suas
se faria sentir como centro espiri- respecsivas corporações de ofício.
tual da Europa, especialmente a Aliás, a organização corpora-
Igreja Matriz de Santa Cruz do Sul/RS
partir de Carlos Magno (800), até tiva, fosse profissional, comercial,
consolidar-se com Otão, o Grande lecer e se consagrou - Gótico - re- religiosa ou artística, era o modelo
(962). colhido do linguajar vulgar, quando dominante na economia da Idade
A tendência, aí sim, já era era empregado em sentido pejorati- Média.
manifesta, porquanto, entre os sé- vo, tendo como endereço evidente- E como não podia deixar de
culos XI e XIII - anos de 1000 e mente os godos, tal como se disses- ser, a exu berância das edificações e
1200, para melhor nos situarmos no se, hoje, "coisa de godo", ou seja, o crescimento urbano fariam da ati-
tempo -, afirmava-se um estilo, o dos germânicos, isto pelo fato de vidade daqueles que trabalhavam a
Românico, o primeiro nessa ordem, que tivera os seus con testadores, os pedra - os pedreiros ("maçons", em
com o surgimento, na Itália, de igre- quais - pode-se deduzir - atribuíam francês; "masons'', em inglês; e "ma-
jas e palácios de grande beleza e a etnia outra, hostil, rival ou bárbara çãos" ou mesmo "maçons", em por-
ongmalidade, O Românico, que do ponto de vista artístico, a "extra- tuguês antigo) - profissão das mais
evocava elementos clássicos rorna- vagante" concepção. importantes e valorizadas e a corpo-

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ração local correspondente, das conseqüência, dos salários. XVII, e por gradativa resistência
mais representativas. O trabalho corporativo, diga- dos Mestres, ficava cada vez mais
Essas corpo rações, como to- se de passagem, não foi uma criação difícil subir de uma para outra cate-
das as de qualquer profissão, eram da Idade Média, já que provinha goria, fato que levava os Compa-
encontradas sob diferentes denomi- dos romanos, quando os agrupa- nheiros, tendo em vista os baixos
nações, como "guildas", "métiers" e mentos profissionais eram denomi- salários e as longas jornadas de tra-
"jurandes", e se constituíam de ver- nados de "collegia fabrorum". balho, a organizarem-se em corpora-
dadeiros cartéis destinados a prote- A divisão em três categorias ções específicas, ou seja, em corpo-
ger economicamente seus mem- Aprendizes, Companheiros e rações de Companheiros.
bros, como tal grau de eficiência Mestres - nada tinha, maçonica- Coincidência ou não, lem-
que a profissão se integrava na vida mente avaliada, de efetivo ou de bre-se que, na doutrina de ]ean Pa-
do associado como um bem em sen- místico; o seu cará ter era pura e ra- lou (A Franco-Maçonaria Simbólica
tido econômico, um patrimônio, o cionalmente econômico, particulari- e Iniciática, Ed. Pensamento, p.
que fazia com que ela - a profissão dade que não é demais salientar, 78), na Iaçonaria antiga não existia
- se tornasse heredi tária, ou seja, o porquanto, o vocábulo "Companhei- senão um único grau, o de Compa-
lugar ocupado na corporação de ofí- ro", normalmente rido na acepção nheiro. Fazemos esta anotação, não
cio passava de pai para filho. Refe- de pessoa íntima, amiga, colega, em obstante a Grande Loja Nacional
rindo-se à sua natureza jurídica, verdade traduzia a idéia de profis- Francesa (Maçonaria e Igreja Cató-
Mozart Víctor Russomano (O Em- sional passado pela aprendizagem e, lica, Ontem, Hoje e Amanhã, de ].
pregado e o Empregador no Di- portanto, pronto, qualificado, apto à A. F. Benimelli, G. Caprile e V. Al-
reito Brasileiro, 10 Vol, 4 a ed., produção propriamente dita dentro berton, Ed. Paulinas, Y Ed., 1989,
1965, p. 11), as compara aos sindica- da corporação. p. 276) advertir que é erro confun-
tos patronais dos nossos dias. Além Companheiro era, portanto, a dir Maçonaria com a "compagnon-
do mais, essas agremiações gozavam Aprendiz que, selecionado por um nage" (companheirisrno).
de privilégios oficiais, porquanto, corpo técnico de jurados, e daí "ju- E como tudo o que tem um
no meio urbano, fora das corpora- randes", se unia aos demais capaci- princípio tem inexoravelmente o
ções, nenhum artífice podia traba- tados para o trabalho especializado' seu fim, o Gótico, após séculos de
lhar em sua ou em qual- esplendor, entra em declí-
quer profissão, e porque, nio até desaparecer com o
no registro da Enciclopé- Renascirnento, quando
dia Brasileiro -lérito, deti- tem lugar um novo estilo,
nham elas o monopólio lo- com tendência para ° elas-
cal da atividade, e chega- sicismo, ou seja, inspirado
vam a desfrutar do "status" na Antiguidade Romana. A
ii:::.i./.I./!.·
de órgãos serni-públicos. ;:;:;:: própria Basilica de São Pe-
É ainda de \1. \~ dro, no Vaticano, é a mais
Russomano (ob. e pág. portentosa obra de arquite-
ci ts.), a referência de que tura renascentista.
nessas corporações encon- As corpo rações de
trávamos, nesta ordem, os "mes- o "comparsa", na expressão do nosso ofício, por sua vez, e entre elas as
tres", os "companheiros" e os homem do Parnpa. A denominação, guildas de Pedreiros, tiveram a sua
"aprendizes", e que a vinculação en- no mundo da Economia, caiu em sorte selada não propriamente com
tre eles não criava uma dependên- desuso, mas, semanticamente, dei- a decadência do Gótico, porquanto
cia hierárquica de índole contratual. xou sua marca cristalizada na ex- o que agonizava era apenas um esti-
comum nas relações de trabalho pressão "companhia", clara variante lo, mas com o febricitante desenvol-
modernas, mas sim uma subordina- de "Companheiro", como se deno- vimento mercantil estimulado pelas
ção de ordem pessoal, que apenas minam hoje as grandes organizações descobertas marítimas. movimento
livrava o trabalhador (Aprendiz ou empresariais. E não só hoje. Nos al- que ficou conhecido por Mercanti-
Companheiro) da inferioridade de bores da Renascença, ou mais preci- lismo e. posteriormente, com o que
servo ou de escravo; não o libertava, samente no ano de 1587, saía para o lhe foi fatal" a Revolução Industrial.
contudo, da imensa superioridade e, mundo alcançado pelas descobertas Na primeira metade do sécu-
até certo ponto, das violências (sic) marítimas a Companhia das Índias lo XIX, as corporações já estavam
do mestre. Acrescenta o eminente Orientais. praticamente extintas.
tratadista, ao que sabemos, não-ma- Com o passar dos tempos, a Assinale-se que as corporaçõ-
çom, que a corporação era um ins- ordem econômica, liberta da pre- es de ofício não eram, porém, enti-
trumento voltado para a defesa da sença oficial, ascendia as ambições dades puramente profissionais, vis-
produção e do mercado, e não, por individuais e, já por vol ta do século to que carregavam fortes traços reli-

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giosos que as vinculavam não só es- gressavam na fraternidade como altruístico em relação aos primeiros.
piritual mas administrativamente à protetores, honorários ou especula- Essas confrarias, nelas incluí-
Igreja, por via da subordinação polí- tivos, fortaleciam os quadros e, ao da a "Loja" de Kilwinning, de 1286,
tica ao estado católico. Antônio Car- mesmo tempo, sustentavam a caixa apontada por Jean Palou, e bem as-
los do Amaral Azevedo (Dicionário de socorros da confraria. sim a Loja "Aceitação" de 1619,
de Nomes, Termos e Conceitos Era o advento da Maçonaria lembrada por Nicola Aslan, são o
Históricos, Ed. ova Fronteira, Especulativa. que se chama hoje de Maçonaria
1990), registra que as corporações A princípio, "Loja" não passa- Antiga, em oposição a que, ganhan-
medievais eram, não raro, confundi- va de um alpendre erguido junto do forma definitiva em 1717, com a
das com as confrarias religiosas. aos canteiros de obras, ou mais ex- união de quatro Lojas em torno da
E com razão, porquanto, pa- plicitamente, na investigação de Grande Loja de Londres, se deno-
ralelamente às corporações de Pe- jean Palon (ob. cit., p. 18), consistia mina de Maçonaria Moderna. Até
dreiros, começaram a surgir, em de casa de madeira ou de pedra, aí, ou mais precisamente até as
época que não se pode ainda preci- onde os operários trabalhavam ao Constituições de Ariderson, apare-
sar, confrarias chamadas "Lojas", de abrigo das intempéries. Sematologi- cidas em 1723, podemos considerá-
caráter social, então constituídas camente, o vocábulo passou a signi- Ias religiosas, o que quer dizer, cató-
unicamente daqueles que viriam a ficar a reunião dos confrades ou a licas e, por isso, vinculadas, pelo
ser designados de "Operativos", as- própria confraria. menos espiritualmente, à Igreja.
sociações essas que cuidavam da Um exemplo de confraria, Recorde-se que, dos três grandes
beneficência entre os membros do neste aspecto mista - opera tivos- nomes da estruturação da Maçona-
grupo corporativo e que, exercitan- aceitos - nos é assim descrito com a ria Moderna - Anderson, Désagui-
do a religiosidade, promoviam mis- acuidade de Nicola Aslan (ob. cit., liers e Ramsey - este último, mais
sas e procissões e, fortalecendo o p. 17): "Os velhos registros da "Venerá- particularmente renovador da Ma-
espírito associativo, realizavam ban- vel Companhia dos Jlfaçons da Cidade çonaria Francesa, era católico, adep-
quetes de confraternização. Jean de Londres" comprovam a existência, to da corrente escocesa, stuartista
Palou (ob. cit., p. 73) nos fala de de 1619 a 1678, de uma sociedade à (J. Pai ou, ob. cit., p. 51).
uma Loja, ou seja, de uma confraria parte, chamada "Aceitação", compreen- O mesmo jean Palou (ob.
formada, ao que se deduz, so- cit., p. 29), nesta linha de ra-
mente por Operativos, estabe- ciocínio, brinda-nos com a ca-
lecida em Kilwinning, Escó- tegórica observação de H. F
cia, no ano de 1286. Marcy: "Os Franco-Moçons da

Mérito,
A propósito de Kilwin-
ning, a Enciclopédia Brasileira
em curto verbete,
I
::::::;:;::::::::::::::::.:.
Idade Média não podem ser se-
não católicos e ninguém pode en-
trar para a Confraria, se não o
apresenta-nos esta pequena é". E acrescenta: "Embora suas
cidade, onde se encontram Constituições manuscritas não
ruínas de uma abadia fundada cessem de invocar a Deus, a
no ano de 1140, como berço, Bem-Aoenturada T'irgem jllaria
segundo a tradição, da Maço- e os Quatro Coroados, os Fran-
naria na Escócia. co-11;J
aç017Snem sempre têm a jé
Muito mais tarde - sé- do carvoeiro; mostram-se, 117111-
culo XV, para Jean Palou (ob. tas oezes, irrcucrentes para com o
cir. p. 42), XVI, para Nicola dendo os Maço«: Operatioos e Maçons clero e até mesmo para a Santa
Aslan (História Geral da ~laçonaria, Especaiarioos. Os membros da "Com- Madre Igreja, mas são crentes como to-
Ed. Aurora, Rio, 1979, p. 17), e panhia" não eram, oorigaroriamenre, dos naquela época".
XVII, para Jesus Hortal (Estudos da membros da "Aceitação", assim como Tendo sido, pois, íntimo o
CJ BB - Maçonaria e Igreja: Conci- estes não jaziam parte da "Compa- relacionamento Maçonaria-Igreja, e
liáveis ou Inconciliáveis? - Ed. Pau- nhia", porém ninguém sabe o que se a arqui tetura gótica o ponto mais es-
linas, 1993, p. 13) - e, sentindo o passava em suas reuniões". treito dessa aproximação, pergunta-
declínio do sistema corporativo, es- O ingresso de estranhos se: Teriam ficado marcas físicas da
sas confrarias passaram a admi tir a dava-se, pois, nas confrarias, e não, Ordem Maçônica nas construções
participação de pessoas estranhas à como se vê, nas corporações, favore- góticas? Não nos referimos aos sím-
profissão, entre elas intelectuais. cido pela religiosidade comum, que bolos maçônicos por demais conhe-
Surgia assim o instituto da "aceita- era o liame entre Operativos e Acei- cidos como o Esquadro, o Compas-
ção" e os estranhos eram chamados tos, porquanto não teria sustentação so, o Prumo, o Maço, o Cinzel, ado-
de "aceitos". Nicola Aslan (ob. cit., afirmar-se que a participação destes tados na fase especulativa, os quais
p. 16) observa que tais pessoas in- últimos tivesse unicamente o cunho desde logo afastamos, porquanto fo-

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ram eles os próprios instrumentos como comum é o mais exteriorizado BIBLIOGRAFIA
de trabalho dos construtores. Seria, de todos os sinais: a catedral gótica,
"mutatis-mzaantis", pretendermos sublime expressão da arquitetura e 1. [ean Palou - A Franco-Maçonaria
que os construtores de hoje afixas- templo para o qual conjugaram-se Simbólica e Iniciática. Tradução
sem na fachada dos edifícios a figu- Arte Real e fervor religioso. de Edílson Alkrnim Cunha, Edi-
ra, por exemplo, de uma betoneira, ão é nosso propósito anali- tora Pensamento, São Paulo. (A
o que não teria lógica alguma. sar aqui a longa separação, de dois edição do original data de 1964).
Se não estes traços, que ou- séculos e meio, em decorrência das 2. J. A. F. Benimelli; G. Caprile &
tros poderiam ter chegado até nós? condenações pontifícias, seguidas V. Alberton - Maçonaria e Igreja
Apressadamente, poder-se-ia res- de intermináveis incompreensões, Católica, Ontem, Hoje e Ama-
ponder, por exemplo, que a Basílica hoje felizmente, e para a glória do nhã. Edições Paulinas, São Pau-
do Santo Sangue, em Bruges, na Grande Arqui teto do Universo, lo, 3" Edição, 1983.
Bélgica, construída no século XII, aquelas - as condenações - suprimi- 3. Nicola Aslan - História Geral da
no estilo românico, e adaptada, no das, e as incornpreensões, atenua- Maçonaria, Editora Aurora, Rio
século Xv, ao estilo gótico, ostenta das. de Janeiro, 1979.
sobre seu pórtico, em relevo, a figu- Para que isso tenha aconteci- 4. A. Dauphin Meunier - La Igle-
ra do pelicano alimentando seus fi- do, concorreram vozes respeitáveis sia Ante el Capitalismo. Versão
lhotes. De fato, é um símbolo ma- no seio da Igreja Católica, como a espanhola de Francisco Sabaté,
çônico, mais precisamente do grau dos conceituados maçonólogos Pa- Fomento de Cultura Ediciones,
18 (rosa-cruz) do Escocismo, e que dres José Antônio Ferrer Benirnelli, Valência, Espanha, 1956.
orna fachadas de Lojas, como a da Giovanni Caprile e Valério Alber- 5. Mozart Víctor Russomano - O
Loja Fraternidade N° 3, em Pelotas, ton, todos jesuítas, cujos esforços Empregado e o Empregador no
no Estado do Rio Grande do Sul. neste sentido podem ser conheci- Direito Brasileiro. José Konfino
Todavia, não se deve perder dos e avaliados com a leitura de Edi tor, Rio de Janeiro, 10 Vol., 4'
de vista que o pelicano alimentando "Maçonaria e Igreja Católica, On- Edição, 1965.
seus filhotes com suas próprias car- tem, Hoje e Amanhã", livro, dentre 6. Adam Smith - Investigação so-
nes é também um símbolo do Cris- outros, consultado para a elaboração bre a atureza e as Causas da
tianismo, ou seja, da própria Igreja, deste trabalho, que encerramos com Riqueza das Nações. Os Pensa-
e representa a caridade e o Cristo palavras do Pe. Benimelli, proferi- dores, Abril Cul tura, 1978.
Eucarfstico. Em Porto Alegre/RS, das em 16 de janeiro de 1982, em 7. Antônio Car\os do Amaral Aze-
pode ser visto em pelo menos dois Madrid, antes da promulgação vedo - Dicionário de omes,
lugares: na Capela da Casa dos Es- (25/01/1983) do novo Código de Di- Termos e Conceitos Históricos.
critores da Sagrada Família e na reito Canônico, lei que extinguiu as Editora Nova Fronteira, Rio de
Igreja Santa Terezinha, esta, coinci- comi nações da Igreja à Maçonaria. Janeiro, 1990.
dentemente, construída no estilo Atente-se para a grandeza de 8. Joaquim Gervásio de Figueiredo
gótico. Em arnbas, constituindo mo- sentimentos sintetizados nesta lapi- - Dicionário de Maçonaria, Edi-
tivo de belíssimos vitrais. dar sentença (ob. cit., p. 245): tora Pensamento, São Paulo.
Por outro lado, o olho-que- "É uma lástima que uma asso- 9. Jesus Hortal, S. ]. - Maçonaria e
tudo-vê, ou olho radiante, aposto ciação (a Maçonaria) que precisamente Igreja: Conciliáveis ou Inconci-
dentro de um triângulo eqüilátero, a está perseguida e condenada em todos liáveis? Estudos da CNBB (66).
par de ser símbolo imprescindível os países socialistas do Este, continue Edições Paulinas, São Paulo,
dos templos maçônicos, é também encontrando obstáculos em certos am- 1993.
símbolo do Cristianismo, e como bientes católicos, quando são tantos os 10. Enciclopédia Brasilei ra 'léri to.
tal, segundo [ean Palou (ob. cit., p. pontos de contato que a Maçonaria re- Editora Mérito, 1958.
135), é colocado, nas igrejas, por gular tem com a ideologia cristã e cató- 11. Generalitat de Catalunya - Ru-
cima do altar. Representa a onis- lica, herdados da própria Igreja, quan- tas dei Gótico, Barcelona, Espa-
ciência e a onipresença de Deus, e do os Maçons Operativos se dedicavam Ilha, 1991.
também pode ser visto, na mesma a erigir catedrais de pedra onde prestar 12. Urbano Zilles, 1\110ns.- A Signifi-
Igreja Santa Terezinha, adornando mito a Deus, antes de transformar seu cação dos Símbolos Cristãos.
um dos vitrais. objetivo prioritário numa associação EDIPUCRS, 2a Edição, 1991.
Note-se que, quanto mais na qual a catedral de pedra foi suõsri- 13. Revista MACAU, o 34, Abril

pesquisamos e desvendamos a sim- tuída pela catedral da fraternidade 1991. Órgão Oficial do Governo
bologia comum, mais removemos a universal, na qual todos os homens Português em Macau, China.
poeira do tempo e avivamos o vín- convertidos em Irmãos pudessem convi-
culo Maçonaria-Igreja, encontrando ver pacificamente em harmonia e tole- (0) M:.I:. da Loja ':Justiça e Perfeição"N9
N9 1178 (GOESUL-GOB)
não sinais particulares, mas comuns, rância." •
Porto Alegre - RS

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