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Como Funcionam
Os Sensores

Newton C. Braga

Patrocinado por

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São Paulo - Brasil - 2021

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Impressão: AgBook – Clube de Autores

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Como Funcionam os Sensores
Autor: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2021
Palavras-chave: Eletrônica – aparelhos ele-
trônicos – componentes – sensores – como funciona

Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total


ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sis-
temas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fono-
gráficos, videográficos, atualmente existentes ou que venham a
ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa jusciber-
nético atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou im-
plantado no futuro. Essas proibições aplicam-se também às carac-
terísticas gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos
direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do
Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas
(artigos 122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos
Direitos Autorais).

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Índice
Índice
APRESENTAÇÃO DA SÉRIE..................................11
APRESENTAÇÃO...........................................13
SENSORES – ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA O PROJETO MAKER..14
SENSORES INERCIAIS.....................................17
TIPOS DE SENSORES...............................19
CARACTERÍSTICAS.................................24
TIPOS DISPONÍVEIS...............................26
SENSORES PARA ULTRAVIOLETA.............................27
MÓDULO UVM-30A PARA ARDUINO.....................29
VEML6070 SENSOR UV DA VISHAY....................29
SENSORES ÓPTICOS.......................................34
OS SENSORES.....................................34
FONTES DE LUZ...................................38
AS TECNOLOGIAS..................................39
CONCLUSÃO.......................................44
SENSORES DE FLUXO DE ÁGUA..............................45
O QUE É UM SENSOR DE FLUXO DE ÁGUA..............45
ONDE PODEMOS USAR ESTE TIPO DE SENSOR...........47
O SENSOR VF-S401................................48
SENSORES ULTRASSÔNICOS.................................51
COMO FUNCIONA...................................51
TIPOS DE SENSORES...............................56
CUIDADOS NO USO.................................57
USO CORRETO.....................................60
CONCLUSÃO.......................................61
SENSOR DE QUALIDADE DO AR..............................62
SENSORES INFRAVERMELHOS NDIR....................62
SENSORES ELETROQUÍMICOS.........................63
SENSOR ELETROACÚSTICO...........................64
SENSORES DE OZÔNIO..............................65
SENSORES DE MATÉRIA PARTICULADA (PM)............66

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OS SENSORES DE EFEITO HALL.............................68
O EFEITO HALL...................................70
OS SENSORES NA PRÁTICA..........................73
UTILIZAÇÃO......................................73
OUTROS ARRANJOS.................................79
CONCLUSÃO.......................................80
SENSORES DE OXIGÊNIO...................................81
SENSORES DE ZIRCÔNIO............................82
CIRCUITOS TÍPICOS...............................84
CIRCUITO PRÁTICO................................85
SENSORES CATALÍTICOS DE GÁS COMBUSTÍVEL................88
COMO FUNCIONAM?.................................89
O CIRCUITO SENSOR...............................92
VENENOS E INIBIDORES............................93
FATORES DE CORREÇÃO.............................94
CARACTERÍSTICAS.................................96
CONCLUSÃO.......................................96
SENSORES DE LUZ PARA MAKERS............................97
LDR – FOTORRESISTOR OU LIGHT DEPENDENT RESISTOR.97
FOTODIODOS E FOTOTRANSISTORES..................101
FOTOCÉLULA.....................................107
OUTROS SENSORES................................108
SENSORES DE FORÇA FSR.................................109
FSR OU FORCE SENSITIVE RESISTOR................110
SENSORES TIPO RIBBON (CINTA OU FITA)...........114
IDEIAS DE APLICAÇÕES...........................115
USANDO SENSORES RESISTIVOS EM PROJETOS MECATRÔNICOS....117
TEORIA.........................................117
O LDR OU FOTO-RESISTOR.........................118
RESISTORES DE COEFICIENTE DE TEMPERATURA NEGATIVO
.................................................119
SENSORES DE PRESSÃO............................120
POTENCIÔMETROS COMO SENSORES DE POSIÇÃO........121
SENSORES DE TOQUE..............................122
COMO USAR SENSORES RESISTIVOS..................123
USANDO SENSORES LIGA E DESLIGA EM PROJETOS MECATRÔNICOS 125
TEORIA.........................................125
INTERRUPTORES LIGA-DESLIGA - MICRO-INTERRUPTORES.
.................................................126

8
SENSORES CASEIROS..............................128
DEBOUNCING.....................................129
CHAVES COMO SENSORES...........................130
REED SWITCHES..................................130
SENSORES CAPACITIVOS..................................132
SENSORES CAPACITIVOS...........................133
AS TECNOLOGIAS.................................134
SOLUÇÃO MICROCHIP..............................136
CONCLUSÃO......................................138
SENSORES MAGNETORRESISTIVOS...........................139
NA PRÁTICA.....................................141
UTILIZAÇÃO E PARÂMETROS........................143
APLICAÇÕES PRÁTICAS............................145
CONCLUSÃO......................................147
SENSORES COM CABOS COAXIAIS PIEZOELÉTRICOS............148
SENSORES MAGNÉTICOS DE ALARMES........................153
SENSORES METALTEX..............................155
O CIRCUITO ELETRÔNICO..........................156
CIRCUITO 1.....................................157
CIRCUITO 2.....................................159
CIRCUITO 3.....................................160
CIRCUITO 4.....................................162
CIRCUITO 5.....................................163
CONCLUSÃO......................................165
USOS PARA SENSORES ELETROSTÁTICOS.....................167
DETECTOR DE TERREMOTOS.........................167
SENSORES, SHIELDS E PLACAS DE DESENVOLVIMENTO PARA BIÔNICA
......................................................169
SENSORES AMBIENTAIS IMPORTANTES................171
HDC2080 – SENSOR DIGITAL DE UMIDADE E TEMPERATURA
.................................................171
SENSOR DE SOLO STEMMA..........................172
BME280 – SENSOR DE UMIDADE E PRESSÃO...........173
SENSORTECH SGX – SENSOR INTEGRADO INFRAVERMELHO DE
GÁS..............................................173
DS18B20 – SENSORES À PROVA D´ÁGUA..............174
OUTROS MAIS DE 160 LIVROS DE ELETRÔNICA E TECNOLOGIA DO
INCB..................................................175

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NEWTON C. BRAGA

APRESENTAÇÃO DA SÉRIE

Esta é uma série de livros que levamos aos


nossos leitores sob patrocínio da Mouser Electronics
(www.mouser.com). Os livros são baseados nos artigos
que ao longo de nossa carreira como escritor técnico
publicamos em diversas revistas, livros e no nosso
site. São artigos que representam 50 anos de evolu-
ção das tecnologias eletrônicas e, portanto, têm di-
versos graus de atualidade. Os mais antigos foram
analisados com eventuais atualizações. Outros pela
sua finalidade didática, tratando de tecnologias an-
tigas e mesmo de ciência não foram muito alterados a
não ser pela linguagem que sofreu modificações. Os
livros da série consistirão numa excelente fonte de
informações para nossos leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem,
indo dos mais simples que são indicados para os que
gostam de tecnologia, mas que não possuem uma funda-
mentação teórica forte ou ainda não são do ramo. Ne-
les abordamos o funcionamento de aparelhos de uso
comum como eletroeletrônicos, não nos aprofundando
em detalhes técnicos que exijam conhecimento de teo-
rias que são dadas nos cursos técnicos ou de enge-
nharia.
Outros tratam de componentes, ideais para os
que gostam de eletrônica e já possuem uma fundamen-
tação quer seja estudando ou praticando com as mon-
tagens que descrevemos em nossos artigos. Estes já
exigem um pequeno conhecimento básico da eletrônica.
Estes artigos também vão ser uma excelente fonte de

11
Como Funcionam os Sensores

consulta para professores que desejam preparar suas


aulas.
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de
circuitos e tecnologias de uma forma mais profunda
com a abordagem de instrumentação e exigindo uma
fundamentação técnica mais alta. São indicados aos
técnicos com maior experiência, engenheiros e pro-
fessores.
Também lembramos que no formato virtual o li-
vro conta com links importantes, vídeos e até mesmo
pode passar por atualizações on-line que faremos
sempre que julgarmos necessário.
Trata-se de mais um livro que certamente será
importante na sua biblioteca de consulta, devendo
ser carregado no seu tablete, laptop ou celular para
consulta imediata.
Os livros podem ser baixados gratuitamente no
nosso site e um link será dado para os que desejarem
ter a versão impressa pagando apenas pela impressão
e frete.

Newton C. Braga

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NEWTON C. BRAGA

APRESENTAÇÃO

Este é mais um volume da nossa série de livros


gratuitos Como Funciona. Trata-se de uma edição es-
pecial que levamos aos nossos leitores sob o patro-
cínio da MOUSER ELECTRONICS (WWW.mouser.com). Senso-
res são elementos dos projetos eletrônicos fundamen-
tais numa infinidade de projetos. Eles consistem no
elemento de interfaceamento entre uma aplicação ele-
trônica e o mundo externo. Os sensores podem ser di-
versos tipos, indo desde simples componentes e con-
juntos de componentes num elemento especial e até
conter circuitos de processamento que fornecem si-
nais para as aplicações mais avançadas, como as que
utilizam microcontroladores. Saber como funcionamen-
to é fundamental para todos que trabalham com ele-
trônica. Dos estudantes e professores, aos makers,
técnicos e engenheiros. Durante nossa longa carreira
na elaboração de artigos técnicos, escrevemos uma
infinidade de artigos tratando se sensores. Não te-
mos condições de reunir todos num único volume, as-
sim para esta edição escolhemos os que são mais usa-
dos e que também podem apresentar dificuldades de
entendimento. Assim, nos nossos artigos não apenas
temos o seu princípio de funcionamento analisado,
como também circuitos e sugestões de tipos que podem
ser encontrados no nosso patrocinador, a Mouser
Electronics.

Newton C. Braga

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Como Funcionam os Sensores

SENSORES – ELEMENTOS FUN-


DAMENTAIS PARA O PROJETO
MAKER

Os projetos criados hoje em dia pelos Makers


envolvem o interfaceamento entre placas de microcon-
troladores e o mundo ambiente. Sinais de saída são
aplicados a Shields que controlam motores de passo,
solenoides, LEDs e muito mais. Por outro lado, os
sinais de entrada obtidos de sensores captam infor-
mações do mundo ambiente para operação do aplicati-
vo. A MOUSER ELECTRONICS oferece ao projetista uma
infinidade de soluções em sensores. Veja neste arti-
go o que esta empresa pode fazer pelo seu projeto.
Saber o que acontece no meio ambiente através
da ligação de sensores é fundamental para a maioria
dos projetos que envolvem microcontroladores. Dro-
nes, vestíveis, automatismos e muito mais dependem
totalmente deste interfaceamento que é feito através
de sensores.
Um sensor é um transdutor que converte uma
grandeza física num sinal elétrico que possa ser
trabalhado por um circuito eletrônico.
Existem sensores para praticamente qualquer
grandeza física como:
- Sensores de áudio que convertem sons em si-
nais elétrico, sendo o mais comum o microfone.
- Sensores biométricos que podem levantar o
padrão de uma impressão digital ou outro sinal de
identificação de pessoas.

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NEWTON C. BRAGA

- Sensores capacitivos ou de capacitância –


são sensores que convertem uma variação de capaci-
tância em sinais elétricos, podendo ser usados em
chaves de toque, balanças eletrônicas, sensores de
níveis em reservatórios e muito mais.
- Sensores de corrente – os mais comuns são os
sensores hall que convertem a variação de uma cor-
rente, pelo campo magnético que ela cria num sinal
elétrico.
- Codificadores ou encoders que podem ler a
velocidade de rotação de um motor ou peça móvel ou
ainda sua posição
- Sensores ambientes como sensores de umidade
e outros que permitem detectar variações de certas
condições ambientes.
- Sensores de fluxo que são usados em proces-
sos industriais e outros que são usados para medir o
fluxo de gases ou líquidos num duto.
- Sensores de força e células de carga que são
usados para medir forças e esforços mecânicos, po-
dendo ser usados em balanças.
- Sensores de deslocamento linear que consis-
tem em transdutores lineares de posição semelhantes
aos encoders, mas com ação num percurso reto, poden-
do ser usado em automatismos e controles.
- Sensores magnéticos que podem monitorar a
presença de um campo de uma bobina ou o campo mag-
nético da terra.
- Sensores de movimento ou posição – são os
sensores inerciais que podem ser usados no controle
de veículos autônomos terrestres ou voadores como os
drones.
- Sensores ópticos que são usados na detecção
de variações de luz em sistemas automáticos (senso-
res de passagem), contagem de objetos, leitura de
códigos de barras e muito mais.
- Sensores de pressão que podem ser usados
tanto para monitorar a pressão num recipiente como
do tipo barométrico para medir a pressão atmosféri-
ca.
- Sensores de proximidade – que podem ser to
tipo capacitivo, óptico ou indutivo que também podem

15
Como Funcionam os Sensores

ser usados em automatismos, controles, alarmes e


muito mais.
- Cortinas de luz de segurança, usadas em sis-
temas de alarme se segurança.
- Sensores de temperatura – finalmente temos
os sensores de temperatura que podem ser do tipo re-
sistivo ou semicondutor em sua maioria os quais po-
dem ser utilizados numa infinidade de aplicações que
envolvam esta grandeza tais como termômetros, ter-
mostatos, etc.
Além de milhares de tipos de sensores, forne-
cidos pelos maiores fabricantes, a Mouser Electro-
nics também tem acessórios importantes para o traba-
lho e desenvolvimento de projetos envolvendo senso-
res. Acesse: http://br.mouser.com/Sensors/_/N-5gej/
Dentre os recursos adicionais que a Mouser
Electronics oferece, destacamos:
- Ferramentas de desenvolvimento – são placas
de desenvolvimento, placas de avaliação e software
que possibilitam o desenvolvimento de aplicações com
sensores específicos, fornecidas pelo próprio fabri-
cante.
- Ferragens e acessórios – muitos sensores
precisam de recursos mecânicos apropriados para sua
montagem. A Mouser Electronics disponibiliza uma
enorme quantidade deles, para os mais diversos tipos
de aplicação.
E, utilizando o Multsim Blue, o leitor pode
simular os projetos criando sua própria lista de
componentes com a ferramenta BOM.
Para saber mais sugerimos consultar a página
de Serviços e Ferramentas da Mouser Electronics em:
http://br.mouser.com/servicesandtools/

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NEWTON C. BRAGA

SENSORES INERCIAIS

Um tipo de sensor que atualmente encontra uma


infinidade de aplicações no mundo da automação e em
outros campos é o sensor inercial. Disponível na
forma compacta apenas há um tempo relativamente cur-
to, ele tem recursos fantásticos que permitem a cri-
ação de uma infinidade de novos projetos, além de
serem usados numa infinidade de equipamentos já
existentes.
Neste artigo, analisaremos o princípio de
funcionamento dos sensores iniciais e até sugerire-
mos algumas aplicações práticas.
São os sensores inerciais que determinam a
posição de seu celular mudando a apresentação da
tela quando você o gira. São os sensores iniciais
que mantém os veículos de duas rodas paralelas equi-
librados. São os sensores inerciais que mantém os
drones equilibrados em suas trajetórias pelo espaço.
São os sensores iniciais que mantém um robô equili-
brado quando para ou andando.
Estas são apenas algumas das aplicações possí-
veis para estes sensores que podem ser encontrados
integrados em circuitos, prontos para serem usados
em qualquer tipo de projeto.
Inércia
Para entendermos como os sensores iniciais
funcionam devemos voltar aos bancos escolares e lem-
brar de nosso curso de física do ensino médio o que
é a inércia.
De uma forma simples podemos dizer que a inér-
cia é a propriedade que todos os corpos têm de rea-
gir a qualquer mudança de estado que ocorra. Como

17
Como Funcionam os Sensores

mudança de estado, entendemos a modificação de seu


movimento.
Assim, quando tentamos tirar do repouso uma
certa massa ela reage, devido a sua inércia, produ-
zindo uma força contrária àquela que tende a movi-
mentá-lo. Se desprezarmos o atrito, essa força de
reação dependerá da massa do corpo.
Da mesma forma, qualquer corpo que esteja em
movimento uniforme tende a reagir a qualquer mudança
de sua condição, devido justamente a essa proprieda-
de que denominamos inércia.
Tanto para frear como para acelerar o corpo
precisamos aplicar uma força para vencer a inércia,
que é justamente a força com que ele reage. Da mesma
forma, precisamos aplicar uma força para modificar
sua trajetória, levando-o a fazer uma curva, por
exemplo.
A força que deve ser aplicada depende justa-
mente da massa e da velocidade desse corpo e da mo-
dificação que desejamos para sua trajetória.
Em outras palavras, precisamos aplicar forças
aos corpos se desejarmos mudar o estado de um corpo
que apresente certa massa.
Mas, a inércia se manifesta também de outras
formas, o que é aproveitado em alguns tipos de sen-
sores que estudaremos.
Um disco girando em alta velocidade ou ainda
uma certa massa que gira amarrada por um fio apre-
senta o que se denomina “momento de inércia”. Na mo-
vimentação, as forças que surgem são internas e se
contrabalançam pelas forças coesão que mantém o ob-
jeto em sua forma. Se essas forças forem vencidas
por um excesso de velocidade o disco se desintegra.
No entanto, se houver uma tentativa externa de
se modificar esse movimento, o disco reage com uma
força tanto maior, quanto maior for sua massa e mai-
or sua velocidade.
Por exemplo, se o disco se movimentar parale-
lamente ao plano em que ele gira ou ainda perpendi-
cularmente ao plano, não surgem forças que reagem a
isso. No entanto, se tentarmos modificar a posição
do plano de rotação as coisas mudam. O disco reage

18
NEWTON C. BRAGA

fortemente para manter sua posição original. É por


esse motivo um pião girando em alta velocidade se
mantém equilibrado.
Uma consequência desse comportamento pode ser
dada por uma lâmina vibrante. Ela também apresenta
um momento de inércia que depende de sua massa e sua
velocidade de vibração. Qualquer tentativa de se mu-
dar o plano da vibração faz com que ela reaja forte-
mente com uma força proporcional.
Tanto o disco girando como a lâmina vibrante
são aproveitados em tipos de sensores inerciais que
estudaremos a seguir.
Assim, um sensor inercial é um sensor que é
utilizado para detectar mudanças de posição ou de
condições de movimento, funcionando baseados nos
princípios que estudamos.

Tipos de sensores
a) Quando ao sinal obtido
Analógicos - Podemos ter sensores inerciais
que fornecem em sua saída um sinal analógico, por
exemplo, uma tensão, cujo valor depende da condição
de modificação de estado inercial que detectam. Es-
tes sensores podem ser usados em aplicações mais
simples que não exigem o processamento da informa-
ção, por exemplo, utilizando microcontroladores.
Digitais – São sensores que fornecem a infor-
mação sobre a grandeza detectada e medida na forma
digital, podendo interfacear diretamente com um mi-
crocontrolador. São sensores com interfaces I2C, por
exemplo, cujos sinais representam a grandeza medida
na forma digital.

b) Tipos
- Giroscópico
Começamos por esta, por ser justamente a mais
antiga a ser usada e que apresenta uma facilidade
maior de construção em sensores de maior porte e em
outras aplicações.

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Como Funcionam os Sensores

O giroscópio é um dispositivo que consiste num


disco que gira em alta velocidade e que é montado
num sistema cardânico.

Figura 1 – Um giroscópio

Uma mudança de posição do suporte faz com que


surjam força que mantém o disco em seu plano origi-
nal de rotação. Num sensor, podemos usar recursos
para detectar quando ocorre essa mudança e assim
fornecer um sinal a um circuito externo
Uma variação para o giroscópio de disco é o de
lâmina vibrante em que normalmente se usam lâminas
de quartzo que geram tensões quando ocorrem as mu-
danças no plano de vibração.

- Acelerômetro
Uma outra forma de se medir acelerações é
através de acelerômetros. Para essa finalidade exis-
tem diversas tecnologias.

a) Capacitivos
Neste tipo de sensor temos duas placas ou ele-
trodos de metal formando um capacitor. No entanto,
elas têm uma separação que varia segundo a acelera-
ção a que está submetido o sensor.
Com isso, a capacitância do sensor muda con-
forme a aceleração, fornecendo assim um sinal que
pode ser medido.

20
NEWTON C. BRAGA

De modo a ter uma resposta apropriada a placa


móvel está acoplada a uma massa inercial, ou seja,
uma massa que tem certa liberdade de movimento, para
poder reagir as acelerações.
Os acelerômetros capacitivos são indicados
para monitorar estruturas maiores dadas suas carac-
terísticas. Na figura 2 temos a construção básica de
um sensor desse tipo.

Figura 2 – Acelerômetro capacitivo

b) Piezoelétrico
Neste tipo de sensor temos um material piezoe-
létrico montado numa massa inercial. A aceleração do
sensor faz com que seja gerada uma tensão proporcio-
nal.
A força que aparece sobre uma massa inercial
atua sobre o material piezoelétrico deformando-o e
com isso gerando uma tensão.
Na figura 3 temos um diagrama simplificado da
construção de um sensor inercial piezoelétrico

Figura 3 – Acelerômetro piezoeletrico

A sensibilidade dependerá de diversos fatores


como o tipo de material piezoelétrico usado, geral-
mente cerâmica, a massa, e forma como os elementos
são montados.

21
Como Funcionam os Sensores

c) Piezo resistivos
Este tipo de sensor se aproveita das mudanças
de resistividade de materiais que são submetidos a
esforços mecânicos. Da mesma forma, o que se faz é
acoplar um ou mais fios desse material a uma massa
sísmica que produz uma força quando submetida a uma
aceleração.
Este tipo de sensor se caracteriza por poder
operar numa ampla faixa de frequências, inclusive
próximas a zero e também por poderem medir esforços
de curta duração, como choques ou batidas. Como são
sensíveis à temperatura, precisam de circuitos de
compensação. Na figura 4 temos o modo como um sensor
deste tipo é construído.

Figura 4

d) Efeito Hall
O efeito hall que é basicamente aproveitado em
sensores de campos magnéticos, pode também ser apro-
veitado para medir acelerações bastando que se tenha
um arranja especial de elementos que produzam campos
magnéticos.

Figura 5 – Acelerômetro de Efeito Hall

22
NEWTON C. BRAGA

Assim, no caso especial dos sensores inerci-


ais, o que se faz é acoplar uma massa a um ímã e po-
sicionar esse sistema de modo que o sensor hall fi-
que sob a ação do campo magnético do ímã, conforme
mostra a figura 5.
Uma mola permite que a massa inercial se movi-
mente, reagindo a aceleração do conjunto. Com isso o
campo que atua sobre o sensor hall varia, fornecendo
um sinal para o circuito externo.
Veja que a velocidade de resposta deste tipo
de sensor está dependente da montagem dos elementos
mecânicos.

e) Acelerômetros Magneto resistivos


Materiais magneto resistivos mudam de resis-
tência na presença de campos magnéticos. Veja que
isso é diferente do caso do efeito hall e dos senso-
res que mudam de resistência sob a ação de forças
mecânicas.
Neste caso, o que se faz é prender um ímã a
uma massa inercial e coloca nas proximidades de um
material magneto resistivo. Dessa forma, a reação da
massa inercial a uma aceleração faz com que ela se
movimente e com ela o ímã que produz o campo. Isso
faz com que esse campo mude a resistência do elemen-
to sensor.

Figura 6 – Acelerômetro magneto resistivo (MR)

f) Acelerômetros por transferência de calor


Trata-se de uma tecnologia bastante interes-
sante que encontra aplicações em casos específicos.

23
Como Funcionam os Sensores

Nela, uma massa inercial é aquecida e sua posição é


monitorada através de um sensor de temperatura

g) Outros
Outras técnicas
Diversas outras tecnologias podem ser encon-
tradas tanto em sensores na forma de dispositivos
integrados como de arranjas de partes.
Assim, podemos ter o caso de sensores em que
uma massa inercial penetra numa bobina, alterando a
relutância do circuito com o seu movimento, o que
depende a aceleração.
Podemos ter sistema ópticos em que uma massa
inercial altera a passagem ou reflexão de um feixe
de luz, produzindo então um sinal de saída corres-
pondente.
Outra possibilidade consiste em se acoplar
através de um sistema mecânico uma massa inercial a
um potenciômetro, obtendo-se assim variações da re-
sistência.

Características
a) Orientação
Os sensores inerciais detectam forças e deslo-
camentos que são grandezas vetoriais, ou seja, pos-
suem direção, sentido e valor (magnitude).

Figura 7 – Orientação do sensor

24
NEWTON C. BRAGA

Assim, sua ação exige que eles sejam orienta-


dos. A força que vai atuar sobre o sensor, resultan-
te de um impacto, uma mudança de velocidade ou des-
locamento, tem uma orientação e isso deve ser consi-
derado no posicionamento do sensor.
Assim, conforme mostra a figura 7, o sensor
deve ser posicionado de modo que a ação ocorra numa
orientação em que se obtém máxima sensibilidade.
Se quiser ter uma resposta em qualquer direção
em que a força atue a solução consiste em se fazer a
montagem de três sensores em ângulo reto, conforme
mostra a figura 8.

Figura 8 – orientação em 3 eixos ou XYZ.

Neste caso, cada sensor detecta a componente


da força de acordo com seu posicionamento, fornecen-
do ao circuito externo um sinal correspondente. O
circuito externo faz a soma vetorial dos sinais,
fornecendo assim, não apenas o valor da aceleração
(módulo) como também a orientação (vetor).

b) Prontidão ou resposta
Os sensores inerciais não respondem imediata-
mente a uma variação da força que ocorre quando eles

25
Como Funcionam os Sensores

se movimentam. Eles precisam de um certo tempo de


respostas.
As diversas tecnologias que vimos oferecem
tempos de respostas diferentes. É o caso de um sen-
sor de temperatura. Ele precisa se “acomodar” a tem-
peratura do corpo ou do ambiente em que ele vai me-
dir, o que leva tempo.
As massas inerciais ou ainda o próprio modo
usado, determinarão quanto tempo o sensor demorar
para reagir e assim, sua prontidão. Num sistema em
que são exigidas reações rápidas, a prontidão é fun-
damental.
Tecnologias MEMs (Micro Electro-Mechanical)
permitem a elaboração de sensores extremamente pe-
quenos que levam a respostas muito rápidas.

c) Sensibilidade
Evidentemente, como característica importante
dos sensores, temos a sensibilidade que sua capaci-
dade de resolução na detecção de uma variação de po-
sição ou mudança de velocidade.

Tipos disponíveis
Hoje contamos no mercado com uma infinidade de
sensores inerciais fabricados com tecnologias que os
dotam de características de prontidão, sensibilidade
e orientação que permitem sua utilização em pratica-
mente qualquer projeto.
Com saídas analógicas ou apropriadas para ope-
ração com microcontroladores eles podem ser usados
nos mais diversos projetos: controle de posição,
IoT, mobilidade, veículos autônomos, drones, etc.
Consulte a página da Mouser para ver os tipos
disponíveis.

26
NEWTON C. BRAGA

SENSORES PARA ULTRAVIOLETA

Com o aumento da quantidade de aplicações que


fazem uso de radiação ultravioleta, a necessidade de
termos sensores que possam ser usados no monitora-
mento da presença deste tipo de radiação ou da medi-
da da sua intensidade também é crescente. Assim, é
justo que todo o profissional da eletrônica, maker,
professor ou estudante deva saber como funcionam es-
ses sensores e os tipos existentes.
Neste artigo abordamos as principais tecnolo-
gias, com exemplos de tipos disponíveis no mercado.
Em princípio, dispositivos comuns como fotocé-
lulas, CCDs. fotodiodos Schottky, fotodiodos e foto-
transistores possuem uma certa sensibilidade ao es-
pectro ultravioleta o que permite o seu uso como
sensores para este tipo de radiação.
Por exemplo, os sensores CCDs usados em câme-
ras, possuem uma certa sensibilidade ao ultravioleta
e mais ao infravermelho, o que permite seu uso em
termômetros sem fio.
No entanto, para a detecção da radiação ul-
travioleta, sensores específicos são usados em mui-
tas aplicações, havendo tipos disponíveis no merca-
do. Analisemos os sensores MOS.
Na figura 1 temos a estrutura básica de um
dispositivo sensor de radiação ultravioleta baseada
neste tipo de semicondutor.
O silício tem uma característica bastante am-
pla de absorção de radiação de curto comprimento de
onda, a capa muito fino de óxido produz um efeito de
tunelamento para a radiação o que permite detectar a
absorção dos fótons.

27
Como Funcionam os Sensores

Figura 1 – O sensor MOS

É muito mais simples implementar esta estrutu-


ra do que a que se exige, por exemplo, no caso de um
fotodiodo.
As aplicações práticas são muitas, indo desde
a medida da intensidade de fontes de ultravioleta
artificiais até fontes naturais, como o sol. Lembra-
mos que a radiação ultravioleta que chega até nós,
maior em intensidade em determinados horários, tem
efeito perigoso para a nossa pele, podendo causar
câncer.
Medidores de ultravioleta podem ser importan-
tes para se evitar a exposição excessiva.
Desta forma, encontramos no mercado diversos
sensores de radiação ultravioleta, em muitos casos
com os circuitos de apoio que permitem seu uso dire-
tamente com microcontroladores. Daremos a seguir
exemplos.

28
NEWTON C. BRAGA

Módulo UVM-30A para Arduino


O módulo sensor UVM-30A consiste num circuito
que é indicado para a medida da radiação ultraviole-
ta na faixa de 200 nm a 370 nM (UVB) com alimentação
de 3 a 5V. Na figura 1 temos o seu aspecto.

Figura 1 – O modulo UVM-30A

O sinal de saída consiste numa tensão de 0 a 1


V e a corrente varia entre 0,06 e 0,1 mA. Este dis-
positivo é especialmente indicado para aplicações na
detecção da radiação ultravioleta solar.

VEML6070 Sensor UV da Vishay


O sensor UV VEML6070 da Vishay usa a tecnolo-
gia CMOS que analisamos neste artigo para medida da
intensidade da radiação ultravioleta tipo A. Na fi-
gura 2 temos o invólucro deste componente e seu cir-
cuito equivalente em blocos.

29
Como Funcionam os Sensores

Figura 2 – Aspecto e circuito em blocos.

Este sensor tem uma interface I2C que permite


sua comunicação com dispositivos de processamento,
tais como microcontroladores.
Conforme podemos ver pelo diagrama de blocos,
ele utiliza uma estrutura equivalente a um fotodiodo
CMOS para detectar radiação na faixa de apróximada-
mente 300 a 450 nm conforme o gráfico de resposta
relativa dado na figura 3.

Figura 3 – Curva de resposta de frequência

Na figura 4 temos uma aplicação prática em que


este sensor é usado com um microcontrolador.

30
NEWTON C. BRAGA

Figura 4 – Diagrama de aplicação

Observe a faixa de tensões de alimentação do


circuito de 2,7 a 5,5 V. O Application Note deste
componente pode ser baixado em: https://br.mouser.-
com/datasheet/2/427/veml6070-1767627.pdf
No datasheet indicado, o leitor poderá encon-
trar todas as informações que necessita para um pro-
jeto prático.
Um exemplo é dado a seguir em que fornecemos
algumas informações para seu uso como sensor para
aplicações de monitoramento UV solar.
Temos então a curva espectral da radiação so-
lar mostrada na figura 5.

Figura 5 – Espectro solar com ênfase na radiação


ultravioleta que pode ser do tipo A, B ou C.

Na figura 6, obtida do manual de aplicações do


componente, observamos que a maior parte da radiação
A e B chega até a terra, enquanto que a radiação C
tem sua parte bloqueada pela atmosfera.

31
Como Funcionam os Sensores

Figura 6 – O ultravioleta que chega até nós

Segundo se constatar, a radiação da baixa B


(UVB) tem um elevado potencial ionizante, podendo
ser perigosa para a pele. Isso ocorre, principalmen-
te nos comprimentos de onda de 280 a 320 nm.
Segundo se constata esta radiação é responsá-
vel por 65% dos casos de câncer de pele.
Assim, existe uma escala que permite avaliar a
periculosidade desta radiação em função de sua in-
tensidade, conforme mostrado na figura 7.

32
NEWTON C. BRAGA

Figura 7 – Índice ultravioleta

Com o VEML6070 é possível ter uma medida da


intensidade desta radiação simplesmente com a leitu-
ra de sua saída.
No application note indicado temos informações
adicionais importantes para um projeto como as cur-
vas de diretividade, modo de montagem numa placa e
programação.

33
Como Funcionam os Sensores

SENSORES ÓPTICOS

Uma grande quantidade de dispositivos de con-


trole em máquinas industriais, automação predial e
mesmo de equipamentos de consumo utiliza sensores
ópticos. Sem a necessidade de contatos mecânicos
este tipo de dispositivo não sofre desgaste e está
sujeito a um número muito menor de falhas, sendo por
isso preferido pelos projetistas.
Veja, neste artigo, como funcionam os sensores
ópticos e guarde no seu arquivo os circuitos práti-
cos que o acompanham, pois eles podem ser de grande
utilidade.
A disponibilidade de diversos tipos de senso-
res ópticos sensíveis e rápidos permite ao projetis-
ta de controles eletrônicos de todos os tipos a ela-
boração de circuitos de grande eficiência. Estes
circuitos podem ser usados para detectar o fim de
curso de partes móveis de uma máquina, controlar a
velocidade de rotação de um volante ou ainda detec-
tar a passagem de um objeto por um determinado lo-
cal.
Para estudar estes sensores devemos partir
inicialmente dos dispositivos utilizados para esta
finalidade, passar pelas tecnologias e depois ir aos
circuitos aplicativos. É o que faremos.

Os sensores
Existem diversos tipos de dispositivos senso-
res que podem ser utilizados no controle óptico de
máquinas.

34
NEWTON C. BRAGA

O primeiro é o LDR ou Light Dependent Resistor


(foto-resistor) que consiste numa célula de Sulfeto
de Cádmio com símbolo, forma e curvas característi-
cas mostradas na figura 1.

O LDR é um dispositivo cuja resistência depen-


de da intensidade de luz que incide numa superfície
sensível. A resistência é mais elevada no escuro,
caindo rapidamente à medida que a intensidade lumi-
nosa aumenta.
Os LDRs comuns podem ter uma resistência maior
que 1 M ohms no escuro e menor que 100 ohms com ilu-
minação total. Sua sensibilidade é, portanto, muito
grande e ele pode conduzir a corrente em ambos os
sentidos.
Todavia, a maior desvantagem no uso dos LDRs
como sensores é sua velocidade de resposta, que é
muito lenta. acima de uns 10 kHz ele deixa de res-
ponder eficientemente às variações de luz.
Isso significa que esse tipo de sensor funcio-
na bem como um detector de passagem de baixa veloci-
dade, uma chave de fim de curso ou ainda como ele-
mento de segurança impedindo o acionamento de uma
máquina quando alguém está num determinado local de

35
Como Funcionam os Sensores

perigo. Ele não serve, entretanto, como sensor de


velocidade de uma peça que gira em alta rotação.
Os LDRs, contudo, podem trabalhar com corren-
tes relativamente elevadas simplificando os projetos
dos circuitos em que eles operam.
Um outro tipo de sensor importante é o fotodi-
odo cujo símbolo, aspecto e curva característica são
ilustrados na figura 2.

O fotodiodo funciona baseado no fato de que a


corrente numa junção PN polarizada no sentido inver-
so varia com a luz que nela incide. Esta luz libera
portadores de carga que se somam à corrente de fuga.
As correntes que se obtém dos fotodiodos quan-
do iluminados são muito baixas, exigindo circuitos
de grande amplificação para o acionamento de dispo-
sitivos de potência.
A principal vantagem dos fotodiodos, entretan-
to, está na sua elevadíssima velocidade de resposta,
o que torna esse tipo de sensor ideal para medir ro-
tação de peças em alta velocidade, ler códigos de
barras e até mesmo contar objetos que passem com
muita rapidez por um local.

36
NEWTON C. BRAGA

A seguir, temos os fototransistores cujo sím-


bolo, aspecto e curvas características são mostrados
na figura 3.

Os fototransistores funcionam segundo o mesmo


princípio dos fotodiodos, ou seja, aproveitando a
corrente de fuga entre coletor e emissor que depende
da luz incidente nas junções.
Embora os transistores sejam mais sensíveis
que os fotodiodos, já que podemos aproveitar o fato
de que eles podem ser ligados de modo a amplificar
as correntes de fuga, sua velocidade é um pouco me-
nor.
Existem tipos de fototransistores montados na
configuração Darlington que podem fornecer intensi-
dades de sinal maiores. No entanto, nesta configura-
ção, ao lado do ganho de sensibilidade temos uma re-
dução na velocidade de resposta. Na configuração
Darlington a capacitância entre emissor e base dos
transistores influi na resposta de frequência de
modo acentuado, reduzindo assim a velocidade máxima
de operação.
Outros dispositivos igualmente importantes,
mas de utilização menos comum, podem ser encontrados
em algumas aplicações como os foto-SCRs e os foto-
triacs, cujos símbolos são observados na figura 4.

37
Como Funcionam os Sensores

Basicamente eles consistem em SCRs e TRIACs


que são disparados pela luz. Podemos também incluir
nesta categoria os foto-diacs.

Fontes de Luz
Para excitar os sensores analisados são usadas
as mais diversas fontes de luz. O principal ponto a
ser observado na escolha da fonte de luz que vai ex-
citar um determinado sensor é a sua curva espectral
de emissão, que deve "casar" com a curva espectral
de resposta do sensor.
De nada adianta iluminar o sensor sensível à
luz visível com uma fonte infravermelha que ele não
consegue "ver".

38
NEWTON C. BRAGA

Na figura 5 temos as curvas espectrais de al-


gumas fontes de luz e também dos sensores que esta-
mos analisando.
É interessante observar que a maioria dos sen-
sores analisados pode "ver" radiação tanto da faixa
do infravermelho quanto do ultravioleta, o que per-
mite que a fonte de luz, nos casos em que isso seja
importante, seja invisível aos olhos humanos.

As tecnologias
Para usar um sensor óptico numa aplicação
qualquer existem diversas tecnologias que podem ser
empregadas.
A mais comum é a que faz uso da interrupção de
um feixe de luz que incide num sensor, conforme
ilustra a figura 6.

Quando um dente de uma engrenagem, um ressalto


ou ainda uma peça interrompe o feixe de luz que in-
cide no sensor, temos uma variação de sua condição
de condução e a produção de um pulso de saída.
É comum encontrarmos sensores já prontos ou
chaves ópticas industriais que são componentes que
já contêm no invólucro um emissor (normalmente um

39
Como Funcionam os Sensores

LED infravermelho) e um receptor que pode ser qual-


quer um dos estudados no item anterior.
Na figura 7 mostramos um desses sensores que
pode ser usado com uma roda denteada.

O funcionamento de modo "invertido" para o


sensor também é possível, quando em lugar de se pro-
duzir um pulso pela interrupção da luz, este pulso é
gerado pela passagem de um "gap" ou ainda por um
furo numa roda ou outro dispositivo móvel, conforme
indica a figura 8.

É muito importante nas aplicações em que esses


tipos se sensores sejam usados verificar se o pulso
de luz (ou sombra) gerado tem duração suficiente
para que o sensor responda com um pulso elétrico na
saída.
Observe pela forma de onda que, mesmo sendo a
interrupção de luz um pulso retangular, dada a velo-

40
NEWTON C. BRAGA

cidade de resposta do sensor, na saída não temos uma


forma de onda igual.
Este tipo de comportamento exige que nas apli-
cações onde o pulso excita circuitos digitais, faça-
se uso de disparadores ou outros circuitos que me-
lhorem a forma de onda para que ela possa ser traba-
lhada com contadores e outros circuitos utilizados.
É importante observar também que, nos casos em
que a fonte emissora e o sensor ficam muito longe um
do outro, devem ser usados recursos ópticos para au-
mentar a sensibilidade. O mais comum é o uso de len-
tes convergentes que podem ser acopladas ao sensor,
ao emissor ou a ambos, conforme mostra a figura 9.

A lente convergente pode operar de duas for-


mas:

a) Concentrando a luz que incide na sua super-


fície sobre a superfície do sensor.
b) Alterando a emissão do feixe de luz de modo
que ele se torne mais paralelo e, portanto,
fique mais concentrado na direção em que o
sensor está localizado.

Um outro modo de se operar os sensores é o de-


nominado "refletivo" que pode ser visto na figura
10.

41
Como Funcionam os Sensores

Nesta modalidade de operação a fonte de luz


ilumina uma área da peça móvel e o sensor é focali-
zado de modo a receber a luz dessa área.
A produção do pulso no sensor pode ser obtida
de duas formas:

a) Pintando-se numa peça negra pontos ou faixas


brancas que vão ser detectadas pela passagem
diante do sensor/emissor.
b) Pintando-se numa peça branca faixas ou pontos
pretos que vão ser detectados pela sua passa-
gem diante do sensor/emissor.
c) Circuitos Práticos

Apresentamos, a seguir, diversos circuitos


práticos usando sensores ópticos.
Começamos pelo circuito para fotodiodo com am-
plificador operacional, sugerido pela Texas Instru-
ments (*) e que é mostrado na figura 11.

Neste circuito o ganho é determinado pelo re-


sistor R1 ao mesmo tempo em que o trimpot entre os
pinos 1 e 5 é um ajuste de nulo para a tensão de sa-
ída. Deve ser alimentado por fonte simétrica e a
frequência máxima dependerá justamente do operacio-
nal, sendo inferior a 1 MHz.

42
NEWTON C. BRAGA

Na figura 12 temos outra configuração sugerida


pela Texas Instruments (*), que inclui um disparador
de modo a se obter um tempo de variação menor para o
sinal.

Na figura 13 temos um circuito de optoacopla-


dor que usa uma lâmpada comum de 12 V como fonte,
sugerido pela Texas Instruments (*).

Nele, o relé deve ter uma corrente de aciona-


mento de no máximo 50 mA.
Para fornecer um sinal a partir de um sensor
para um circuito digital TTL temos a configuração
ilustrada na figura 14.

43
Como Funcionam os Sensores

Esta configuração também é sugerida pela Texas


Instruments e funciona com diversos disparadores da
família TTL.
Um circuito mais sensível, ainda fornecido
pela Texas Instruments, é apresentado na figura 15.

Este circuito excita disparadores Schmitt-


TTL, como o anterior.

CONCLUSÃO
Para o projetista ou mesmo o técnico de manu-
tenção de equipamentos industriais que, eventualmen-
te, precise de alternativas ou circuitos de sensores
ópticos, os que mostramos neste artigo são apenas
alguns dos muitos que existem.
O importante na escolha de uma configuração ou
de um sensor é levar em conta tanto a sensibilidade
quanto a velocidade do dispositivo usado. Eventual-
mente, o espectro é importante dependendo do tipo de
fonte luminosa que será usado na sua excitação.

44
NEWTON C. BRAGA

SENSORES DE FLUXO DE ÁGUA

Os sensores consistem no recurso que os cir-


cuitos eletrônicos têm para saber o que está aconte-
cendo no mundo exterior e assim executar algum tipo
de tarefa. Nos projetos com circuitos eletrônicos,
principalmente microcontroladores, como o Arduino,
podemos contar com sensores para uma enorme quanti-
dade de grandezas físicas. Neste artigo, analisamos
o uso de um sensor de fluxo de água típico.
O mundo que nos cerca é analógico. Assim, para
converter a maioria das grandezas que atuam no mundo
externo precisamos de dispositivos especiais que
tanto podem convertê-las para uma forma analógica,
como também para a forma digital.
E, a forma digital é cada vez mais importante,
dado uso cada vez maior dos microcontroladores.
Assim, temos sensores para luz, temperatura,
pressão, movimento, distância e um tipo especial que
escolhemos para analisar neste artigo é o sensor de
fluxo de água.

O que é um sensor de fluxo de água


Um sensor típico de fluxo de água consiste
dispositivo que mede quanto de água passa através
dele, dando uma indicação em termos de volume por
segundo tipicamente.
Na figura 1 temos um exemplo de sensor desse
tipo que descreveremos em detalhes mais adiante e
até indicaremos onde comprar.

45
Como Funcionam os Sensores

Figura 1 – O sensor YF-S401

Esse sensor tem o mesmo princípio de funciona-


mento dos indicadores de consumo de água que encon-
tramos em nossas casas.
Ele possui uma válvula de plástico e um rotor
que é acionado quando a água passa através dele. No
rotor ou pequena turbina é preso um pequeno ímã,
conforme mostra a figura 2.

Figura 2 - Estrutura do sensor

Quando o conjunto está fechado hermeticamente,


a água ao passar pelo sensor gira a turbina e com
isso o ímã que estará então alinhado com um sensor
hall montado numa pequena placa de circuito impres-

46
NEWTON C. BRAGA

so. A cada passagem do ímã diante do sensor é gerado


um impulso elétrico que então é processado e enviado
a um circuito externo, por exemplo, um microcontro-
lador. (veja anímãção em https://blog.seeedstudio.-
com/wp-content/uploads/2020/05/Water-flow-sensor-
principle-1.gif )
Assim, o que temos na saída é um trem de pul-
sos retangulares, compatíveis com um microcontrola-
dor, por exemplo, cuja frequência é proporcional ao
fluxo de água.

Onde podemos usar este tipo de sensor


Nestes tempos de automação para todos os tipos
de aplicações e de internet das coisas, a possibili-
dade de se medir um fluxo de água oferece inúmeras
possibilidades de projeto. Na automação predial po-
demos usá-lo para controlar a distribuição de água
ou a captação a partir de fontes alternativas, dando
uma ideia de aproveitamento, por exemplo, da água da
chuva, e de consumo.
Também podemos usar este tipo de sensor no
projeto de qualquer dispositivo que necessite de um
fluxo controlado de água como, por exemplo, bebedou-
ros, cafeteiras, jarras elétricas, máquinas de la-
var, etc.
Veja que o uso deste tipo de sensor é muito
simples. Basta intercalá-lo na canalização por onde
passa a água a ser monitorada.
Consultando os fornecedores vemos a existem a
disposição do projetista, desde os tipos simples
para canalização de plástico como o tomado como
exemplo, até os tipos de maiores dimensões para ca-
nalizações embutidas ou de maior porte, como o mos-
trado na figura 3.
Na figura 4 temos o modo de se conectar o sen-
sor a um Arduino.

47
Como Funcionam os Sensores

Figura 3 – Tipo de maiores dimensões

Figura 4 – Usando com o Arduino

O sensor VF-S401
Este é um sensor de baixo custo, ideal para
seu projeto e que pode ser adquirido com facilidade
em inúmeros fornecedores de componentes do Brasil.

48
NEWTON C. BRAGA

Figura 5 – O VF-S401.

Suas principais especificações são:


- Tensão mínima de trabalho: 4,5 V
- Tensão máxima de trabalho: 24 V
- Corrente de trabalho com 5V: 15 mA
- Faixa de medida 1 a 5 litros por minuto
- Capacidade de carga: 10 mA x 5 V

No link abaixo pode ser baixado o datasheet


desse componente para os leitores que estiverem in-
teressados num projeto. Inclusive, existem sites na
internet que fornecem já o código para operação com
Arduino.
http://5.imimg.com/data5/VQ/ME/MY-1833510/yf-
s401-pvc-water-flow-hall-sensor-flowmeter-counter-
wh.pdf

/***************************
Este Código exemplo tem por
finalidade ler os dados
de um sensor de fluxo de água
***********************/
volatile double waterFlow;
void setup() {
Serial.begin(9600);
//baudrate waterFlow = 0;
attachInterrupt(0, pulse, RISING); //DIGITAL
Pin 2: Interrupt 0 }

49
Como Funcionam os Sensores

void loop() {
Serial.print("waterFlow:");
Serial.print(waterFlow);
Serial.println(" L");
delay(500); }
void pulse() //measure the quantity of square
wave {
waterFlow += 1.0 / 5880.0;
}

50
NEWTON C. BRAGA

SENSORES ULTRASSÔNICOS

Um tipo de sensor bastante usado em aplicações


industriais é o que faz uso de ultrassons. Esses
sensores podem ser usados para detectar a passagem
de objetos numa linha de montagem, detectar a pre-
sença de pessoas ou ainda de substâncias em diversos
estados num reservatório permitindo a medida de seu
nível. Veja nesse artigo como funcionam esses senso-
res, quais os tipos disponíveis e como são utiliza-
dos.
Os sensores que fazem uso de ultrassons encon-
tram uma grande gama de utilizações na indústria e
mesmo em outros campos de atividades.
Esses sensores se caracterizam por operar por
um tipo de radiação não sujeita a interferência ele-
tromagnética e totalmente limpa, o que pode ser mui-
to importante para determinados tipos de aplicações.
Podendo operar de modo eficiente detectando
objetos em distâncias que variam entre milímetros
até vários metros, eles podem ser usados para detec-
tar os mais variados tipos de objetos e substâncias.

Como Funciona
O princípio de operação desses sensores é exa-
tamente o mesmo do sonar, usado pelo morcego para
detectar objetos e presas em seu vôo cego.
Conforme mostra a figura 1, o pequeno compri-
mento de onda das vibrações ultrassônicas faz com
que elas reflitam em pequenos objetos, podendo ser

51
Como Funcionam os Sensores

captadas por um sensor colocado em posição apropria-


da.

O comprimento de onda usado e, portanto, a


frequência são muito importantes nesse tipo de sen-
sor, pois ele determina as dimensões mínimas do ob-
jeto que pode ser detectado.
De fato, conforme mostra a figura 2, só ocorre
reflexão em intensidade suficiente para se obter um
bom sinal, quando o objeto tem dimensões que se
apróximam do comprimento de onda do sinal, ou seja,
maior.

52
NEWTON C. BRAGA

Os sinais passam através de objetos cujas di-


mensões sejam muito menores do que o comprimento de
onda. Por esse motivo é que sons comuns não podem
ser usados nesse tipo de detector.
Um sinal de 1000 Hz, por exemplo, teria 34 cm
de comprimento de onda, sendo teoricamente esse o
tamanho do menor objeto que poderia ser detectado
por essa frequência, considerando-se uma velocidade
aproximada do som de 340 m/s.
Na prática um sensor ultrassônico é formado
por um emissor e um receptor, tanto fixados num mes-
mo conjunto como separados, dependendo do posiciona-
mento relativo desejado, conforme mostra a figura 3.

O emissor pode ser tanto do tipo magnetostri-


tivo como piezoelétrico, conforme mostra a figura 4.
No primeiro caso um diafragma de metal vibra a
partir do campo magnético alternado produzido por um
circuito oscilador. No segundo caso, temos uma cerâ-
mica do piezoelétrico (titanato de bário, por exem-
plo) que vibra por deformação quando uma alta tensão
alternada lhe é aplicada.

53
Como Funcionam os Sensores

É interessante observar que, por efeito Dop-


pler, o movimento do objeto detectado pode também
ser determinado por precisão. Conforme mostra a fi-
gura 5, o comprimento de onda de um sinal refletido
num objeto em movimento se altera com o esse movi-
mento.

Temos uma alteração no sentido de aumentar o


comprimento de onda e, portanto, diminuir a frequên-
cia se o objeto se afasta da fonte emissora. Por ou-
tro lado, o comprimento de onda diminui e, portanto,
temos uma frequência maior para o sinal refletido,
se o objeto se aproxima da fonte emissora.

54
NEWTON C. BRAGA

Levando-se em conta a velocidade do som, pode-


se determinar com precisão a velocidade de aproxima-
ção ou afastamento do objeto pela medida da altera-
ção de sua frequência, com um circuito mostrado em
blocos como o da figura 6.

O leitor deve ter percebido que o princípio de


funcionamento é o mesmo dos radares usados nas rodo-
vias, mas que naquele caso utilizam micro-ondas.
Como os ultrassons passam através de materiais
sólidos, sofrendo alterações de velocidade com a mu-
dança das características do meio, eles podem ser
usados de forma muito eficiente para detectar falhas
internas de materiais como rachaduras e bolhas, con-
forme mostra a figura 7.

55
Como Funcionam os Sensores

Nesse artigo trataremos basicamente dos senso-


res usados na detecção de objetos deixando esse se-
guindo tipo para uma abordagem mais profunda em ou-
tra oportunidade.

Tipos de Sensores
O tipo de sensor usado depende do que se dese-
ja detectar. Assim, os objetos podem ser classifica-
dos em três categorias, conforme a reflexão dos ul-
trassons que proporcionam:
a) Superfícies planas como fluídos, caixas, fo-
lhas ou placas de plástico ou papel, vidros,
etc.
b) Objetos cilíndricos como latas, garrafas, ca-
nos e o corpo humano.
c) Pós e grãos como minerais, cereais, areia,
plásticos em pó, etc.

A figura 8 mostra os três casos.

É importante saber exatamente qual é formato


do que vai ser detectado, pois esse formato influi
na capacidade de reflexão dos ultrassons e, portan-
to, na distância máxima em que os sensores podem ser
usados.

56
NEWTON C. BRAGA

Cuidados no Uso
Como qualquer tipo de sensor, o posicionamento
correto e a observação de eventuais fontes capazes
de interferir no funcionamento são fundamentais para
se obter o bom desempenho de um sistema. A seguir
algumas indicações importantes para o leitor que vai
trabalhar com esse tipo de sensor.

a) Reflexões indevidas
Dependendo da natureza do material a ser de-
tectado, o ultrassom pode tanto penetrar como passar
por reflexões múltiplas. Essas reflexões, conforme
mostra a figura 9, podem falsear as indicações por
um efeito de interferência destrutiva.

b) Região limite
Conforme mostra a figura 10, é preciso definir
a faixa de distância de detecção do sensor para que
problemas de sinal não ocorram.
A distância mínima que o objeto vai passar di-
ante do sensor e a distância máxima, delimitam a re-
gião limite.
O que ocorre é que entra o sensor e o objeto
em sua posição de detecção mais próxima, existe uma
zona de incerteza em que efeitos de reverberação po-
dem prejudicar o funcionamento do sistema.

57
Como Funcionam os Sensores

c) Características direcionais
Numa aplicação em que se utilizem elementos
que irradiam sinais de qualquer tipo deve-se consi-
derar a diretividade tanto do sensor como do emis-
sor.
Para os sensores ultrassônicas a característi-
ca de diretividade normalmente varia entre 8 e 30
graus conforme uma curva característica semelhante à
mostrada na figura 11.

Isso significa que tanto o objeto que vai ser


detectado deve passar pela região de maior intensi-
dade de sinal como o sensor deve apontar para ela.
É comum nas especificações dos sensores ser
indicado o “ângulo de meia pressão sonora”. Trata-
se do ângulo em relação à normal para a qual aponta

58
NEWTON C. BRAGA

o sensor em que a intensidade do ultrassom cai à me-


tade.
Também deve ser observado pela figura, que
existem normalmente lobos laterais de irradiação e
de recepção nas características dos sensores. A pre-
sença desses lobos é importante, pois significa a
possibilidade de se detectar objetos que estejam na
sua direção de forma indevida.

d) Utilização de cornetas
Para concentrar mais os sinais numa determina-
da direção é possível fazer uso de cornetas como a
mostrada na figura 12.

Com essa concentração aumenta-se o alcance e


obtém-se uma resolução maior para o sensor, evi-
tando-se a eventual detecção de objetos de forma in-
devida.

e) O fenômeno da Reverberação
Quando um pulso ultrassônico é aplicado a um
objeto ele consiste numa forma de energia que será
parte absorvida e parte refletida por esse objeto.
O que ocorre é que a energia absorvida pode
levar o objeto a vibrar na mesma frequência por al-
guns instantes.
O resultado é que o pulso refletido pode ter
uma duração maior do que a do pulso transmitido por
esse efeito de “prolongamento” ou reverberação, con-
forme mostra a figura 13.

59
Como Funcionam os Sensores

Uso Correto
A orientação correta do sensor é fundamental
para se obter um bom desempenho do sistema. Nesse
caso, especial atenção deve ser tomada com os ângu-
los para que o objeto passe pela região de maior in-
tensidade do sinal e a reflexão ocorra na direção em
que está o sensor.
Conforme mostra a figura 14, deve-se ainda to-
mar cuidado com a eventual presença de objetos que
estejam na proximidade e que possam causar reflexões
indevidas do sinal.

60
NEWTON C. BRAGA

Outro problema que deve ser considerado, aler-


tado pela OMRON (www.omron.com) está na possibilida-
de de perturbações do ar afetarem a propagação dos
ultrassons, fornecendo indicações errôneas.
Conforme mostra a figura 15, os ultrassons
utilizam o ar para se propagar e são extremamente
sensíveis à variações de pressão e à própria movi-
mentação do ar.

Assim, a presença de uma corrente de ar no lo-


cal em que é feita a detecção pode causar detecções
erradas ou funcionamento indevido do sistema.

Conclusão
Os sensores ultrassônicos consistem numa exce-
lente alternativa para determinados tipos de aplica-
ções na indústria e mesmo em outros campos.
No entanto, conforme vimos nesse artigo exis-
tem algumas considerações de ordem prática que devem
ser levadas em conta quando da sua escolha, instala-
ção e uso.
Empresas como A OMRON possuem uma vasta linha
de sensores desse tipo que possuem características
que se adaptam às mais variadas aplicações.

61
Como Funcionam os Sensores

SENSOR DE QUALIDADE DO AR

Monitorar a qualidade do ar através de recur-


sos eletrônicos pode ser a base de inúmeras aplica-
ções que se tornam cada vez mais importantes em nos-
sos dias. A poluição que pode nos afetar é cada vez
mais perigosa, levando não apenas à doenças respira-
tórias como, o que é pior, a maior facilidade para a
propagação de vírus. Neste artigo analisamos o prin-
cípio de funcionamento de alguns sensores que são
utilizados no monitoramento da qualidade do ar.
A qualidade do ar pode ser avaliada por duas
características: partículas em suspensão e composi-
ção química. Para os dois tipos de alteração que po-
dem ocorrer no ar ambiente, existem tecnologias es-
pecíficas de monitoramento, usando sensores apropri-
ados.
Na Mouser Electronics os leitores podem encon-
trar sensores dos dois tipos para desenvolvimento de
projetos e também placas tanto de avaliação como de
desenvolvimento, o que facilita muito um projetista
interessado.
Analisamos os principais tipos.

Sensores infravermelhos NDIR


NDIR é o acrônimo para Nondispersive InfraRed,
ou seja, infravermelho não dispersivo.
O que ocorre é que no ar ambiente ou outra
mistura de gases, a dispersão da radiação infraver-
melha em determinados comprimentos de onda ocorre em

62
NEWTON C. BRAGA

função da concentração de gás carbônico (CO2) ou mo-


nóxido de carbono (CO).
Assim, um sensor básico consiste num emissor
infravermelho e um sensor infravermelho numa câmera
onde pode ser colocado o ar em amostra ou onde entra
através de aberturas esse ar, conforme mostra a fi-
gura 2.

Figura 1 – Um sensor NDIR

O sinal obtido na saída do circuito tem uma


intensidade proporcional à atenuação da radiação in-
fravermelha, o que por sua vez, depende da concen-
tração dos poluentes analisados.

Sensores eletroquímicos
Este tipo de sensor se baseia nas mudanças das
propriedades elétricas de determinados materiais na
presença de poluentes. Este tipo de sensor é usado
na sonda lambda dos automóveis que mede a concentra-
ção de oxigênio na saída do escapamento e assim de-
termina se houve a combustão completado combustível
(veja artigo ART1824 – A sonda lambda).
Na figura 2 temos a estrutura básica de um
sensor desse tipo.

63
Como Funcionam os Sensores

Figura 2 – Um sensor eletroquímico

Uma variação deste tipo de sensor é usado na


detecção de escape de gases combustíveis em alarmes.

Sensor eletroacústico
Para a detecção de CO e CO2 temos ainda a tec-
nologia do sensor eletroacústico que, de certo modo,
lembra a tecnologia usada no caso dos sensores in-
fravermelhos.
O que ocorre é que da mesma forma que no caso
da radiação infravermelha, os ultrassons têm seu
comportamento alterado quando se propagam no ar em
função da concentração de CO e CO2.
Assim, podemos medir a reflexão dos ultrassons
numa câmera onde entra o ar ambiente e com isso ter
uma ideia de seu grau de contaminação, conforme mos-
tra a figura 3.

64
NEWTON C. BRAGA

Figura 3 – sensor ultrassônico

Sensores de ozônio
Se bem que uma pequena quantidade de ozônio no
ar seja interessante em nossos dias, pelas proprie-
dades bactericidas que ele apresenta, o excesso é
perigoso, podendo nos afetar.
Assim, no controle do ar ambiente, sensores de
ozônio encontram aplicações específicas. Vejamos
como funcionam.
Neste tipo de sensor, o ar passa através de um
filtro chegando a um eletrodo sensor, onde ocorre
uma reação química. Essa reação faz com que seja ge-
rada uma tensão que então pode ser medida por um
circuito externo.
Na figura 4 temos a estrutura básica desse
tipo de sensor.

65
Como Funcionam os Sensores

Figura 4 – Sensor de ozônio

Sensores de matéria particulada (PM)


Os tipos mais comuns são os que se aproveita,
da reflexão ou refração da luz quando passa pelo ar
em que existem partículas em suspensão. Essas partí-
culas são então iluminadas podendo ser detectadas
por um sensor comum fotoelétrico.
Na figura 5 temos o PM 2.5 da Alta, sensor de
qualidade do ar capaz de medir partículas na faixa
de 0,3 a 10 um em três categorias. Acesse o da-
tasheet em: https://br.mouser.com/datasheet/2/945/
ADS-063-PM25-Sensor-Data-Sheet-1493984.pdf

Figura 5 – Sensor de partículas disponível na Mouser

Sensores de dióxido de enxofre e sensores de


óxido nitroso

66
NEWTON C. BRAGA

Estes também são sensores importante para o


monitoramento da qualidade do ar. O grau de comple-
xidade varia segundo a aplicação.
Na figura 6 temos um sensor piroelétrico in-
fravermelho da Pyreos para sensoriamento de gás da
Pyyreos, vendido pela Mouser Electronics.

Figura 6 – Sensor piroelétrico de gás

Este tipo de sensor trabalha com filtros que


deixam passar as moléculas dos gases que devem ser
detectados e que então alteram a propagação da radi-
ação infravermelha.
Sugerimos visitar o site da Mouser Electronics
onde existe uma grande quantidade de dispositivos
sensores de qualidade do ar, a partir dos quais os
datasheets permitem analisar o funcionamento, as
aplicações e também ter circuitos práticos e placas
de desenvolvimento.

67
Como Funcionam os Sensores

OS SENSORES DE EFEITO HALL

Os sensores de campos magnéticos são elementos


importantes de uma infinidade de aplicativos que vão
desde aparelhos de consumo até máquinas industriais.
A forma mais simples de se fazer o sensoriamento
magnético é através de uma bobina, mas existem ele-
mentos semicondutores próprios para isso que são os
sensores de Efeito Hall. Veja neste artigo como fun-
cionam os sensores de Efeito Hall e como eles são
usados. Prendendo-se um ímã em qualquer peça móvel
podemos detectar o movimento desta peça, medir a sua
rotação ou ainda verificar a sua posição com a uti-
lização de sensores magnéticos.
No carro, por exemplo, um sensor magnético
mede com precisão a rotação do motor fazendo o acio-
namento das velas, conforme mostra a figura 1.

Figura 1 - Circuito sem contatos, substituindo o


platinado.

68
NEWTON C. BRAGA

Numa máquina industrial um sensor magnético


preso a uma engrenagem permite medir com precisão
rotação e controlá-la com a ajuda de circuitos ele-
trônicos externos, conforme mostra a figura 2.

Fig. 2 – Usando para medir a rotação de uma polia de


uma máquina.

Este são apenas dois exemplos de aplicações


para sensores que podem detectar a passagem de um
corpo que produza um campo magnético ou ainda sua
própria presença estática.
A forma tradicional de se fazer a detecção de
um campo variável ou em movimento é através de uma
bobina, conforme mostra a figura 3.

Figura 3 – Usando uma bobina para detectar campos


magnéticos

No entanto, este tipo de sensor tem suas limi-


tações, como por exemplo a dificuldade de sua elabo-
ração se for muito pequeno e a necessidade de se en-
rolar uma bobina. Hoje em dia, cada vez mais, em lu-

69
Como Funcionam os Sensores

gar destes sensores de bobina estão sendo usados


dispositivos semicondutores que podem detectar a
presença de campos magnéticos. Estes dispositivos
fornecem um sinal que depende da presença de um cam-
po, mesmo que estático.
Rápidos, pequenos e baratos estes dispositivos
denominados "de Efeito Hall" devem substituir os
sensores tradicionais na maioria das aplicações
práticas.

O EFEITO HALL
Existem substâncias no grupo dos semiconduto-
res que possuem propriedades elétricas importantes
que podem ser aproveitadas na construção de diversos
tipos de dispositivos eletrônicos.
Uma delas, por exemplo, é que diferentemente
dos metais onde a redução da temperatura diminui sua
resistividade, no caso dos semicondutores, a redução
da temperatura para valores muito baixo os leva a se
tornarem isolantes.
Da mesma forma, a resistência dos materiais
semicondutores é muito mais sensível a variações de
temperatura do a que ocorre com outros materiais. Os
termistores aproveitam justamente esta propriedade.
Mas, a mais importante delas é a que se deve a
possibilidade da corrente ser transportada por por-
tadores positivos ou negativos de cargas e que é am-
plamente aproveitada na construção de todos os dis-
positivos que fazem uso de junções.
No entanto, para o caso dos dispositivos que
temos em mente, o efeito de um campo magnético sobre
o deslocamento das cargas nestes materiais é que nos
interessa.
Para entender melhor como funciona este tipo
de sensor vamos fazer uma experiência imaginária.
Conforme mostra a figura 4 ligamos numa pedaço de
material semicondutor no sentido transversal um vol-
tímetro e aplicamos no sentido longitudinal uma ten-
são de modo que flua uma corrente.

70
NEWTON C. BRAGA

Figura 4 – A corrente sem a ação de campos.

Sem a presença de campos magnéticos externos a


corrente atravessa o material com os portadores de
carga se distribuindo de maneira uniforme e no sen-
tido paralelo não é detectada nenhuma tensão.
No entanto, se conforme mostra a figura 5 ti-
vermos campo magnético externo atuando sobre este
material uma força perpendicular ao deslocamento das
cargas vai fazer com que a distribuição das cargas
seja modificada (Lei de Lorentz).
A intensidade desta força vai depender tanto
da velocidade de deslocamento da carga como da in-
tensidade do campo magnético.
Mas o resultado final disso, é que se aplicar-
mos a um material semicondutor uma diferença de po-
tencial de modo que flua uma corrente, e ao mesmo
tempo o submetermos a um campo magnético, no deslo-
camento através deles as cargas tendem a se desviar
de sua trajetória normal, acumulando-se numa das fa-
ces laterais, conforme mostrou a figura 5 e com isso
uma tensão será detectada.
Como uma outra consequência disso temos ainda
que a corrente que pode circular pelo dispositivo se
torna menor (aumenta sua resistência) o que pode ser
detectado por um amperímetro ligado ao circuito ago-
ra em série com as faces no sentido longitudinal.

71
Como Funcionam os Sensores

Figura 5 – O semicondutor sob a ação do campo.

Evidentemente, para termos um melhor efeito


sobre a resistência será interessante fazer com que
a corrente percorra uma trajetória maior sob a ação
do campo magnético. Na prática isso é conseguido com
a montagem dos dispositivos em formas como a mostra-
da na figura 6.

Figura 6 - Construção sinuosa do Chip.

72
NEWTON C. BRAGA

OS SENSORES NA PRÁTICA
Na prática os sensores de Efeito Hall ou Hall
Sensors podem ser encontrados tanto na forma simples
como com uma configuração em ponte.
Na figura 7 temos um sensor simples que pode
ser encontrado em diversos fornecedores de componen-
tes. Um dos fabricantes, por exemplo é a Honneywell
(http://www.honeywell.com).

Figura 7 – Sensor comum de Efeito Hall.

Outro exemplo de sensor deste tipo é o KMZ10


da Philips Components que possui uma configuração em
ponte que é mostrada na figura 8.

Figura 8 – o KMZ10A1 da Philips Components.

Com a configuração em ponte é possível fazer a


detecção de variações do campo em ambos os sentidos
simplificado o projeto dos circuitos detectores.

UTILIZAÇÃO
O posicionamento do sensor em relação ao campo
magnético, o modo como o campo varia o que será fun-
ção do movimento da peça ou do ímã a ser monitorado
determinam a forma de sinal que obtemos na saída de
um sensor de Efeito Hall.

73
Como Funcionam os Sensores

Para o projetista é muito importante conhecer


todas as possibilidades de posicionamento relativo
sensor-campo de modo a planejar o circuito detector
e os dispositivos em que ele vai ser instalado.
A seguir vamos analisar as principais formas
de uso dos sensores.

a) aproximação simples
No método mostrado na figura 9 o sensor e o
ímã que gera o campo magnético se aproximam perpen-
dicularmente de modo que a ação sobre o chip aumenta
com a diminuição da distância, conforme mostra o
gráfico na mesma figura.

Figura 9 – Detecção por aproximação simples.

Este arranjo pode ser usado para uma chave de


fim de curso ou ainda para se medir a velocidade de
aproximação ou afastamento de uma peça.

74
NEWTON C. BRAGA

b) Passagem lateral tripolar


No método mostrado na figura 10, um ímã tripo-
lar passa lateralmente ao sensor gerando um campo no
sensor cuja variação é representada no gráfico na
mesma figura.
Com este arranjo a passagem de um objeto dian-
te do sensor em que estes ímãs estejam presos pode
ser detectada com extrema sensibilidade. O pico de
magnetização faz com que o sinal de saída seja agudo
o suficiente para excitar com facilidade circuitos
lógicos desde que devidamente amplificados.
Podemos usar este arranjo para medir a veloci-
dade de passagem de objetos (rotação, por exemplo)
ou ainda fazer a contagem de objetos.

Figura 10 – Usando um Tripolar.

75
Como Funcionam os Sensores

c) Passagem lateral unipolar


Neste caso um ímã simples passa diante do sen-
sor de modo que as suas linhas de força possam atuar
sobre o chip conforme mostram as setas. A figura 11
mostra o que ocorre e o tipo de variação de campo
sobre o sensor que é obtida o que vai corresponder
também à forma de onda do sinal obtido na saída.
Este tipo de arranjo não tem a mesma sensibi-
lidade do anterior mas funciona perfeitamente nas
aplicações menos críticas.

Figura 11 – Passagem lateral.

d) Passagem lateral bipolar


Na figura 12 temos o caso em que dois ímãs são
colocados de modo a gerar um duplo campo magnético
que vai atuar sobre o sensor quando da passagem la-
teral de um em relação ao outro.

76
NEWTON C. BRAGA

A forma do sinal gerado nestas condições é


mostrada na própria figura.

Figura 12 – Usando dois ímãs.

e) Passagem lateral com dois ímãs separados


No arranjo mostrado na figura 13 em que são
usados dois ímãs, a forma do sinal gerado é mais su-
ave com picos determinados pela distância de separa-
ção entre os dois ímãs.
Muitos sensores de distância comerciais usam
este arranjo.

77
Como Funcionam os Sensores

Figura 13 – Passagem lateral com dois ímãs.

f) ímã rotativo
No arranjo mostrado na figura 14 um ímã circu-
lar ou ímãs presos a uma peça circular de modo a ge-
rar o mesmo padrão de campo permitem detectar movi-
mentos de rotação com facilidade.
O sinal gerado com este arranjo é senoidal e
pode ser facilmente trabalhado para excitar circui-
tos lógicos.

78
NEWTON C. BRAGA

Figura 14 – Usando um ímã rotativo

Outros arranjos
O posicionamento do sensor em relação ao campo
de um ímã admite muitos arranjos além dos indicados.
Tudo vai depender da orientação das linhas do
campo que deve ser detectado, se sua variação e tam-
bém de sua intensidade.
O projetista que trabalha com este tipo de
sensor deve estar atento para as curvas se sensibi-
lidade em relação a posição ao fazer um projeto e
também ao seu próprio formato que pode incluir re-
cursos no sentido de concentrar ou dispersar linhas
de força.
Um exemplo interessante de aplicação é mostra-
do na figura 15 em que a passagem de um dente de uma
engrenagem de um material ferromagnético entre um
sensor hall um ímã permanente, concentra as linhas
de força do campo gerando um pulso de sinal.

79
Como Funcionam os Sensores

Figura 15 – Arranjo com ímã fixo.

O efeito inverso pode ser obtido com a passa-


gem de uma engrenagem de material diamagnético (alu-
mínio, por exemplo) que dispersa as linhas de força
do campo magnético conforme mostra a figura 16.

Figura 16 – Detectando a passagem de materiais


diamagnéticos.

CONCLUSÃO
Pela sua velocidade de resposta, pela robustez
e durabilidade os sensores de efeito hall podem ser
usados numa infinidade de aplicações e por isso po-
dem ser encontrados numa infinidade de formatos e
sensibilidades.
Nos sites de fabricantes de sensores como Phi-
lips, Siemens, Honeywell e outros os leitores podem
encontrar informações específicas sobre os sensores
fabricados facilitando assim a escolha do tipo para
o projeto específico.

80
NEWTON C. BRAGA

SENSORES DE OXIGÊNIO

Os sensores de oxigênio encontram uma vasta


gama de utilizações tanto doméstica (detectores de
vazamento de gás), industrial como automotiva. Veja
neste artigo como funcionam e como são usados estes
sensores. (2000)
O oxigênio (O2) é um gás comburente, ou seja, é
a reação que ocorre entre este gás e outros materi-
ais que provoca o que denominamos combustão ou quei-
ma. Não existe combustão na ausência de oxigênio e
uma alteração na sua concentração num ambiente pode
indicar vazamentos de gás.
Como detectar as variações de concentração de
oxigênio num ambiente é um problema cuja solução
pode levar a diversos equipamentos eletrônicos de
grande utilidade.
Podemos citar, por exemplo, os detectores de
vazamento de gás de uso doméstico que se baseiam na
mudança da concentração do oxigênio pela presença do
gás combustível. Podemos citar as denominadas "son-
das lambda" usadas nas saídas dos motores de automó-
veis que verificam se todo o combustível foi queima-
do e se é preciso aumentar ou diminuir a presença
deste gás na mistura.
Em escala industrial estes equipamentos podem
ser usados para detectar a presença de oxigênio em
ambientes em que ele não pode estar presente.

81
Como Funcionam os Sensores

Existem vários tipos de sensores de oxigênio


envolvendo técnicas químicas como células galvânicas
e dispositivos semicondutores.
O tipo mais comum é o de Oxido de Zircônio que
é justamente o que vamos analisar neste artigo.

SENSORES DE ZIRCÔNIO
Na figura 1 temos uma vista em corte de um sen-
sor cerâmico de zircônio (óxido de zircônio) a par-
tir do qual analisamos seu princípio de funcionamen-
to.

Figura 1 – Estrutura de uma sensor de oxigênio.

Entre dois eletrodos porosos (para dar passagem


ao ar ambiente) existe um disco de óxido de zircô-
nio.
Este material tem propriedades semicondutoras
onde os portadores de carga que estabelecem a cor-
rente são íons de oxigênio.
Assim, se estabelecermos uma tensão entre os
eletrodos a corrente que vai circular depende justa-
mente da concentração de íons de oxigênio que existe
no material.
Esta corrente é extremamente baixa, da ordem de
5 uA exigindo circuitos amplificadores apropriados.

82
NEWTON C. BRAGA

As propriedades semicondutoras do zircônio, en-


tretanto só se manifestam a uma temperatura muito
alta, da ordem de 400 graus centígrados.
Para o caso dos sensores de oxigênio usados em
carros, como o gás já sai aquecido do motor o sensor
pode ser usado diretamente da maneira indicada.
No entanto, para o caso de uma medida da con-
centração de oxigênio do ar ambiente ou de um local
em que ele se encontre em baixa temperatura, o sen-
sor precisa ser aquecido.
Isso normalmente é feito por um elemento adici-
onal que é encontrado nestes sensores e que serve
como elemento de aquecimento.
O elemento de aquecimento é um fio de platina
que é percorrida por uma corrente algo intensa que o
aquece até a temperatura de operação do sensor.
Na figura 2 temos uma curva de operação deste
tipo de sensor mostrando de que forma a corrente de-
pende da concentração de oxigênio.

Figura 2 – Curva de operação de um sensor típico.

Os tipos comerciais comuns como os da Fujikura,


Pasco, Electrovac e outros (cujas páginas com infor-
mações podem ser acessadas pela Internet) podem de-
tectar concentrações de oxigênio na faixa de 0 a 98%
com boa precisão chegando a 1000 ppm conforme o
tipo.
Na figura 3 temos fotos de alguns tipos de sen-
sores de oxigênios comerciais das empresas citadas
acima.

83
Como Funcionam os Sensores

Figura 3 – Sensor de oxigênio.

CIRCUITOS TÍPICOS
Um circuito típico de sensor de oxigênio para
uso ambiente (gás em temperatura ambiente) tem a
configuração em blocos mostrada na figura 4.

Figura 4 – Diagrama de blocos de um circuito que usa


um sensor de oxigênio.

Um circuito de aquecimento mantém a temperatura


do sensor em aproximadamente 400 graus para que ele
possa funcionar. O ideal para as aplicações em que
se exige mais precisão é usar neste circuito uma
fonte de corrente constante. Nas aplicações menos

84
NEWTON C. BRAGA

críticas como simples alarmes de vazamento ou de


presença de oxigênio uma fonte comum pode ser usada.
Os eletrodos são polarizados por uma baixa ten-
são aparecendo sobre um circuito externo uma corren-
te ou uma tensão proporcional à concentrarão de oxi-
gênio.
Uma etapa amplificadora, normalmente usando um
amplificador operacional aparece então para aumentar
o sinal da saída do sensor.
Este sinal pode então ser aplicado a um indica-
dor numérico ou então um relé ou circuito que dispa-
ra um sistema de aviso. O circuito de aviso pode ser
ajustado para que com disparo ocorra com determinada
concentração de gás.

CIRCUITO PRÁTICO
Na figura 5 temos um circuito bastante simples
de alarme de gás que utiliza o sensor TGS308.

Figura 5 – Um alarme de gás

O circuito aciona um relé de 24 V quando a con-


centração de oxigênio supera um determinado valor.
Outros sensores equivalentes podem ser usados nesta

85
Como Funcionam os Sensores

mesma configuração devendo apenas o leitor verificar


qual é a tensão de aquecimento.
Neste circuito o elemento de aquecimento é li-
gado ao enrolamento de 1,2 V de um transformador es-
pecial. O ponto de ajuste do disparo é obtido pelo
trimpot de 2,2 k ohms. Esta tensão será da ordem de
20 V para uma concentração de gás mais alta.
Na figura 6 temos uma sugestão de placa de cir-
cuito impresso para este alarme.

Figura 6 – Sugestão de placa de circuito impresso da


aplicação da figura 5

O SCR não precisa ser montado em radiador de


calor e a corrente do secundário do transformador é

86
NEWTON C. BRAGA

de 50 mA para o enrolamento de 30 V e 500 mA para o


enrolamento de 1,2 V.
Observamos que este circuito, por ser simples,
não tem retardo de acionamento podendo disparar ao
ser ligado. Se isso ocorrer um capacitor de 470 uF
deve ser ligado depois do diodo em série com o relé
e um resistor de 100 ohms associado em série com o
diodo.

LISTA DE MATERIAL
Semicondutores:
SCR - TIC106 ou MCR106 - diodo
controlado de silício
D1, D2 - 1N4002 - diodos reti-
ficadores
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1 - 4,7 k ohms
R2 - 10 k ohms
P1 - 2,2 k ohms - trimpot
Capacitores:
C1 - 10 uF/30 V - eletrolítico
K1 - relé de 24 V
T1 - Transformador com primá-
rio de acordo com a rede local
e secundários de 1,2 V x 500
mA e 30 V x 50 mA.

87
Como Funcionam os Sensores

SENSORES CATALÍTICOS DE
GÁS COMBUSTÍVEL

Os sensores catalíticos de bolhas (ou contas)


são dispositivos usados numa infinidade de aplica-
ções práticas para detectar vazamentos ou a presença
de gases combustíveis. Não é preciso lembrar o que
tais sensores representam para a segurança, princi-
palmente diante da possibilidade de se estarem uma
atmosfera explosiva. Neste artigo vamos analisar de
uma maneira mais profunda o princípio de funciona-
mento desse tipo de sensor.

Nota: Este artigo é de 2006.


As tecnologias descritas ainda
são usadas

Os sensores catalíticos de gases combustíveis


não são dispositivos modernos. Na verdade, eles já
têm sido utilizados por mais de 50 anos, principal-
mente como elementos de monitoramento de gás explo-
sivo em minas de carvão.
Os tipos mais simples empregados originalmente
nas aplicações de detecção de gases explosivos, con-
sistiam de simples fios de platina, que dadas suas
propriedades analisadas a seguir, possibilitavam
essa detecção.
Com o tempo configurações mais sofisticadas e
precisas foram elaboradas, chegando-se às versões
modernas como a mostrada na figura 1.
Conforme podemos ver pelo símbolo interno,
trata-se de um sensor simples em que temos apenas um

88
NEWTON C. BRAGA

elemento sensível, normalmente um fio de um metal,


com propriedades que analisaremos posteriormente.
Para que o leitor entenda melhor como esses sensores
funcionam, passamos então a descrever seu princípio
de funcionamento.

Como funcionam?
Para que uma mistura combustível (gás combus-
tível + oxigênio) entre em combustão, ela deve atin-
gir uma certa temperatura denominada "temperatura de
ignição".
No caso de os gases comuns essa temperatura é
algo elevada, precisando de algo que dê início à re-
ação como a chama de um fósforo. Entretanto, na pre-
sença de determinados meios químicos, a ignição pode
ocorrer em temperaturas muito mais baixas. Esses
meios são denominados catalisadores e o fenômeno é
conhecido como combustão catalítica.
Existem muitos metais e óxidos desses metais,
além de compostos que possuem essas propriedades. Há
também rochas vulcânicas que apresentam essas pro-
priedades, justamente por serem compostas de vários
tipos de óxidos metálicos. Muitas vezes essas rochas
são colocadas nos locais onde se deseja acender uma
chama (uma lareira ou forno, por exemplo) não apenas
com finalidade decorativa. Sua ação catalítica per-

89
Como Funcionam os Sensores

mite acelerar o processo de combustão, facilitando a


queima do combustível.
Alguns metais que são excelentes catalisadores
são a platina, o paládio e o tório. É por esse moti-
vo que os conversores catalíticos dos automóveis são
tratados com compostos de platina, pois isso ajuda a
queimar o excedente de gases combustíveis que saem
pelo escapamento e poderiam ser lançados na atmosfe-
ra. Na figura 2 ilustramos um conversor catalítico.

As bolinhas (pellets) que existem nesse con-


versor são cobertas de platina para se obter sua
ação.
Ao atravessar a estrutura indicada, o que res-
tar da mistura combustível do veículo que ainda não
foi queimada, sofre uma combustão suave pela ação
catalítica da platina, não sendo, portanto, lançada
na atmosfera.
Isso acontece porque uma molécula de gás com-
bustível oxida-se na superfície do catalisador a uma
temperatura muito mais baixa do que a se necessita
normalmente para conseguir isso na atmosfera livre.
No caso dos sensores leva-se em conta que,
quando um material tem sua temperatura aumentada,
sua resistência também aumenta. Os materiais possuem
então o que se denomina de Coeficiente de Temperatu-
ra ou Ct que é maior para materiais como a platina.

90
NEWTON C. BRAGA

Assim, se uma combustão catalítica ocorre


quando um gás entra em contato com esses materiais,
sua temperatura sobe e com isso pode-se detectar a
presença do combustível.
A platina é um dos materiais que tem o maior
coeficiente de temperatura e, além disso, uma exce-
lente ação catalítica, sendo, portanto, o preferido
para fazer os sensores. Ademais, a platina tem uma
característica de aumento da resistência que é pra-
ticamente linear entre 500 °C e 1 000 °C, que é jus-
tamente a faixa de temperatura de um sensor desse
tipo.
Veja então que, como se obtém uma variação li-
near da resistência em função da temperatura e essa
variação depende da concentração de gás, temos um
meio bastante eficiente de conversão da concentração
de gás num sinal elétrico, com precisão.
Finalmente, a platina por ser maleável, permi-
te a fabricação de finos fios que podem ser proces-
sados de modo a formar pequenas contas ou bolinhas
sensoras, conforme exibe a figura 3.

Pelo que explicamos, o leitor já deve ter per-


cebido que para operar, o filamento de platina que
serve como sensor deve estar aquecido. Então, trata-
se de um sensor que deve ser alimentado por uma fon-
te externa precisa, que o leve a uma temperatura que
ele necessita para atuar no início da faixa.

91
Como Funcionam os Sensores

O Circuito Sensor
Uma forma simples de se usar o sensor seria
alimentá-lo com a corrente que levasse o elemento de
platina à temperatura de funcionamento, e depois mo-
nitorar a corrente circulante.
No entanto, os sensores usam uma configuração
um pouco mais sofisticada e, também mais eficiente.
A ideia básica está no circuito apresentada na figu-
ra 4.

Conforme podemos notar, trata-se de uma Ponte


de Wheatstone onde uma fonte de tensão externa é
utilizada para aquecer em série dois elementos sen-
sores. Um deles serve de referência e o outro é o
sensor propriamente dito.
Para os tipos comuns, a tensão aplicada está
tipicamente entre 2,0 V e 3,5 V e a temperatura dos
elementos deverá ficar entre 400 °C e 500 2C quando
em funcionamento.
Na ausência de gases combustíveis no ambiente,
as resistências apresentadas pelos dois elementos
sensores serão as mesmas e a ponte estará equilibra-
da. A tensão de saída será nula.
Se o elemento sensor receber gás combustível,
sua resistência irá se alterar desequilibrando a
ponte. Com isso, passamos a ter uma tensão de saída.
São empregados dois elementos sensores, sendo um de
referência, isso para que pequenas variações ambien-

92
NEWTON C. BRAGA

tais que não representem necessariamente a presença


de um gás, sejam compensadas não afetando o equilí-
brio da ponte.
A alimentação do circuito pode ser feita de
duas formas: por uma fonte de tensão ou por uma fon-
te de corrente constante. A fonte de corrente cons-
tante será preferida se o sensor tiver de ficar lon-
ge do circuito de processamento.
Os sensores comuns, em sua maioria, já possuem
todos os elementos da ponte em seu interior, o que
facilita seu uso, veja a figura 5.

Nessa figura vemos um sensor da Sixt Sense,


que usa um invólucro de três terminais com o circui-
to equivalente mostrado ao lado.

Venenos e Inibidores
Existem substâncias e vapores que podem afetar
a sensibilidade do sensor de gás, reduzindo-a. Essas
substâncias bloqueiam a ação catalítica do sensor,
impedindo assim que ele detecte a presença de gases
num determinado ambiente. Há dois tipos de substân-
cias que podem afetar o funcionamento de um sensor
de gás desse tipo.

93
Como Funcionam os Sensores

Os venenos são as substâncias que afetam de


modo permanente a performance de um sensor. Eles po-
dem cobrir ou ainda reagir com o material, criando
assim substâncias que afetam a ação catalítica do
sensor. Esses efeitos podem ser, em alguns casos,
cumulativos e permanentes.
A substância mais comum que causa esse proble-
ma é o silicone e seus derivados. Sprays, cremes,
fluidos para limpeza, e cremes para mãos são alguns
exemplos de substâncias que contêm silicone.
Temos ainda os inibidores que são substâncias
que impedem o funcionamento dos sensores, mas apenas
enquanto estão presentes no ambiente. Exemplos des-
ses inibidores são os compostos halogenados. Depen-
dendo do local em que o sensor for usado, poderá ser
necessário colocar filtros que impeçam que essas
substâncias afetem seu funcionamento.
Além desses fatores, existem outros que podem
colocar em risco o funcionamento do sensor. Um deles
é a possibilidade de interrupção do sensor pela ex-
posição a uma concentração excessiva de gases, calor
demasiado ou eventualmente alguns processos de oxi-
dação que possam ocorrer na superfície do elemento.

Fatores de Correção
Os sensores reagem de maneiras diferentes aos
gases. Assim, é importante saber como eles reagem
aos diversos gases em função do que se denomina LEL
(Lower Explosive Limit), ou seja, a concentração
mínima que pode causar explosão.
Dessa forma, os fabricantes dos sensores for-
necem tabelas de correção para que os usuários pos-
sam saber como calibrar seus equipamentos, simples-
mente multiplicando a leitura por um certo fator de
correção.
Nessas tabelas normalmente se utiliza o gás
metano como elemento de calibração, uma vez que esse
gás tem apenas uma ligação saturada que exige que o
sensor opere na temperatura mais alta possível, em
relação aos hidrocarbonetos mais comuns.

94
NEWTON C. BRAGA

Por exemplo, um sensor que exija uma tensão de


2,5 V na ponte para se obter um bom sinal com o me-
tano, operará satisfatoriamente com apenas 2,3 V na
detecção do butano. Isso significa que um sensor
ajustado para leitura de butano, poderá não funcio-
nar bem em presença de metano.
A seguir, uma tabela de correção dada como
exemplo para sensores comuns:

É preciso também considerar que uma combustão


só ocorre quando três condições são satisfeitas:
a) Deve haver uma mistura combustível
b) Oxigênio deve estar presente
c) Precisa haver uma fonte de ignição.

Se bem que essa exigência seja básica, na


prática o processo em que acontece a ignição de uma
mistura pode ser complexo. Fatores que podem influir
no processo são a pressão, umidade, temperatura e
outros que possam afetar a concentração da mistura,
os quais devem ser considerados.
Um caso mais complicado ocorre quando dois ou
mais gases combustíveis estão misturados, pois a
leitura será afetada e o fator de correção a ser
aplicado não pode ser determinado com precisão. As-
sim, muitos instrumentos comerciais que usam esses
sensores podem indicar a concentração de um gás num
ambiente em função de porcentagem do LEL, mas se o
que existir for uma mistura, o valor apresentado
pode ser totalmente enganoso.

95
Como Funcionam os Sensores

Características
Os sensores catalíticos de gás não são dispo-
sitivos rápidos. Muito pelo contrário, eles precisam
de tempo para absorver o gás e ter sua temperatura
elevada até um valor estável que forneça um sinal de
saída para o circuito.
Para que o leitor tenha uma ideia das caracte-
rísticas principais desses sensores, tomamos como
exemplo um tipo de difusão catalítica:
Faixa de temperaturas: -40° C a +60° C
Tempo de resposta: 10 a 15 segundos para 90%
da leitura
Precisão: +/-5%
Taxa de repetição: 2%
Desvio: 5 a 10% por ano
Tempo esperado de vida: até 3 anos, dependendo
da aplicação.

Conclusão
Foi-se o tempo em que se deixava uma gaiola
com um canário num local em que poderia haver a pre-
sença de gases explosivos, como numa mina de carvão.
A sensibilidade da avezinha permitia que antes de
todos percebessem isso, parando de cantar.
Até mesmo peixinhos em aquários foram usados
em alguns casos como "detectores vivos" de gases ex-
plosivos ou tóxicos em uma dada atmosfera.
No entanto, a eletrônica oferece soluções efi-
cientes, modernas e até mesmo muito mais confiáveis.
Os sensores catalíticos que vimos constituem um bom
exemplo.
É claro que é preciso saber usá-los. A tensão
deve ser mantida dentro de valores apropriados, a
instalação deve ser tal que sejam evitadas eventuais
substâncias que possam afetar os resultados e, so-
bretudo, deve-se observar as características de res-
posta para cada gás.

96
NEWTON C. BRAGA

SENSORES DE LUZ PARA


MAKERS

Um dos problemas que muitos leitores podem ter


ao desenvolver um projeto que envolva um sensor de
luz está na escolha do tipo de sensor a ser usado.
Podemos contar hoje com sensores de diversos tipos,
mas com características diferentes, o que torna pro-
blemático para alguns saber qual é o ideal para seu
caso. Neste artigo básico, trataremos dos principais
tipos de sensores de luz.
Um sensor de luz nada mais é do que um dispo-
sitivo que converte luz em algum tipo de grandeza
elétrica que possa ser usada por um circuito ele-
trônico, por exemplo, um microcontrolador.
Os sensores mais usados são os LDRs, Fotodio-
dos, Fototransistores, Fotocélulas e alguns tipos
especiais menos comuns e que até apresentam hoje al-
guma dificuldade de obtenção. Analisemos as suas di-
ferenças.

LDR – Fotorresistor ou Light Depen-


dent Resistor
Pelo seu baixo custo, facilidade de uso e sen-
sibilidade é um dos preferidos nos projetos ele-
trônicos.
Os LDRs não devem ser confundidos com as foto-
células. Enquanto os LDRs são resistores, cuja re-
sistência depende da intensidade de luz que incide
nos mesmos não fornecendo, portanto, energia alguma,

97
Como Funcionam os Sensores

as fotocélulas convertem energia luminosa (radiante)


em energia elétrica.
Na figura 1 temos o símbolo usado para repre-
sentar um LDR e os aspectos mais comuns com que po-
dem ser encontrados esses componentes.

Figura 1

Na figura 2 temos a curva característica de um


LDR por onde pode ser observado que a resistência
muito alta deste componente no escuro, da ordem de
muitos megohms, se reduz a algumas dezenas ou cente-
nas de ohms quando ele é iluminado diretamente.

Figura 2

98
NEWTON C. BRAGA

Assim, se ligarmos em série com um LDR uma


fonte de energia (pilha) e um amperímetro, veremos
que a corrente circulante pelo circuito dependerá da
quantidade de luz que incide no LDR.
Quando a luz for intensa a corrente será mai-
or. Ligando um relê ao circuito, conforme mostra a
figura 3 pode-se fazer seu controle por meio de um
feixe de luz.

Figura 3

Nas aplicações práticas, conforme veremos, de


modo a aumentar o rendimento do LDR já que a corren-
te máxima que pode nele circular é limitada a algu-
mas dezenas de miliampères para os tipos comuns, são
usados circuitos amplificadores com um ou mais tran-
sistores.

Figura 4

99
Como Funcionam os Sensores

Assim, podemos disparar um relê quando a luz


incide no LDR fazendo com que ele controle a corren-
te direta de base de um transistor, conforme mostra
a figura 4 e podemos disparar o mesmo relê quando a
luz é cortada, controlando a corrente que polariza
inversamente a base do transistor, conforme mostra a
figura 5.

Figura 5

O relê usado deve ser de tipo sensível com


tensão entre 6 e 9V e sensibilidade para disparar
com correntes de 10 à 100 mA. O princípio de funcio-
namento de um LDR é o seguinte:
A superfície sensível deste componente é for-
mada por uma substância denominada Arseneto de Gálio
(GaAs) a qual apresenta a propriedade de alterar a
sua resistência em função da luz incidente. O que
ocorre é que os fótons ( “partículas” de luz) inci-
dentes no material conseguem liberar elétrons do ma-
terial aumentando ou diminuindo sua resistividade.
Com maior quantidade de elétrons livres o material
apresentará menor resistência e vice-versa.
A variação da resistência obtida com diferen-
tes graus de iluminação e a corrente máxima que pode
suportar o componente depende da superfície de con-

100
NEWTON C. BRAGA

tato com os eletrodos do material, assim como da


área exposta do mesmo à luz.
Assim, na construção de um LDR, conforme mos-
tra a figura 6 o que se faz é utilizar dois eletro-
dos em forma de “pente” que se interpenetram ob-
tendo-se com isso uma grande superfície de contato
com o material fotossensível.

Figura 6

Os LDRs comuns têm uma sensibilidade que se


aproxima de certo modo a sensibilidade do olho huma-
no no que se refere às diferentes cores, com a dife-
rença que estes podem alcançar um pouco mais a faixa
do infravermelho.
Com relação à velocidade de operação os LDRs
são relativamente lentos em função de outros dispo-
sitivos fotossensíveis não podendo operar em fre-
quências maiores que alguns quilohertz.
Assim, se no seu projeto você precisa de um
sensor de luz sensível e barato, que opere com uma
velocidade relativamente baixa. O LDR pode ser uma
boa escolha. Se você quer um circuito que dispare
com a passagem de uma pessoa ou com o crepúsculo
tudo bem. No entanto, para ler um código de barras
ou num link de dados, ele não serve.

Fotodiodos e Fototransistores
Na realidade, estes dois tipos de sensores
operam segundo o mesmo princípio: a luz que incide

101
Como Funcionam os Sensores

numa junção semicondutores. No diodo ela cria uma


corrente ou uma tensão. No fototransistor, além dis-
so, elas podem ser amplificadas. Analisemos o funci-
onamento.
Fotodiodos são dispositivos eletrônicos semi-
condutores usados como sensores de luz em diversas
aplicações. Seu princípio de funcionamento reside no
fato de que as junções de materiais semicondutores
são sensíveis à luz.
A luz incidente (incluindo radiações próximas
do espectro como infravermelho e ultravioleta) numa
junção semicondutora, como de um diodo comum, libera
portadores de carga que fazem com que sua resistên-
cia, quando polarizada no sentido inverso, diminua.
Para termos um fotodiodo basta então expormos a es-
trutura básica de um diodo, ou seja, uma junção PN,
à luz, conforme mostra a figura 7.

Figura 7

Na figura 8 temos o símbolo usado para repre-


sentar um fotodiodo e os aspectos dos tipos mais co-
muns encontrados nas aplicações eletrônicas.

Figura 8

Os fotodiodos são montados em invólucros que


possuem aberturas ou ainda são de material transpa-

102
NEWTON C. BRAGA

rente de modo que a luz ou radiação infravermelha


possa atingir sua junção. Alguns tipos possuem invó-
lucros dotados de lentes que concentram a radiação
de uma forma mais eficiente em sua junção. Temos
também os tipos em invólucros SMD.
Na figura 9 temos um circuito típico em que um
fotodiodo é usado como sensor de luz visível. Neste
circuito, o diodo é polarizado no sentido inverso,
ou seja, no sentido em que a junção apresenta uma
resistência elevada à circulação da corrente.

Figura 9

A pequena corrente que pode ser observada nes-


se circuito, na ausência de iluminação, deve-se a
portadores de carga que são liberados na região de
junção pela agitação térmica dos átomos do material,
já eu sua temperatura está acima do zero absoluto
(0°K).
Os portadores de carga que vão reduzir a re-
sistência e, portanto, aumentar a corrente através
do dispositivo. Quanto maior for a quantidade de fó-
tons, maior será a quantidade de portadores de car-
gas liberados e com isso menor será a corrente cir-
culante no circuito.
É interessante observar que existem outros
componentes que possuindo junções semicondutoras
também podem funcionar como fotodiodos. É o caso
dos LEDs que, sendo expostos à luz também apresentam
uma mudança da sua resistência no sentido inverso e
por isso podem funcionar como sensores.
Não devemos ainda confundir a ação dos fotodi-
odos como a das fotocélulas. Enquanto os fotodiodos
mudam de resistência ao serem iluminados, as fotocé-
lulas geram energia elétrica, convertendo luz em
eletricidade. Veja que, para que os portadores de
carga sejam liberados, os fótons precisam ter uma

103
Como Funcionam os Sensores

energia mínima, que justamente será dada pela sua


frequência, ou seja, pela cor.
Mas, os fotodiodos também podem funcionar como
fotocélulas. Quando a luz incide na junção com a li-
beração de portadores de cargas, aparece uma pequena
tensão nos terminais do dispositivo. Essa tensão é
um sinal que pode ser amplificado.
Conforme mostra a figura 10, o fotodiodo opera
então no modo gerador de tensão ou fotocélula.

Figura 10 – Fotodiodo no modo gerador de tensão ou


fotovoltaico

Assim, os fotodiodos não respondem à qualquer


frequência de radiação, mas possuem uma faixa bem
definida de resposta para as radiações. Um fotodio-
do de silício, por exemplo, conforme mostra a figura
11 tem uma faixa de funcionamento muito mais ampla
que a percebida pelo olho humano, mas sua sensibili-
dade maior ocorre justamente com um tipo de luz que
não podemos ver, o infravermelho em torno de 5000
um.

104
NEWTON C. BRAGA

Figura 11

Pela mesma figura pode-se ver que outros sen-


sores de luz, como as células de sulfeto de cádmio
(LDRs) e as células de selênio apresentam curvas
mais próximas da que caracteriza o olho humano. Em
suma, os fotodiodos se comportam como resistências
cujo valor depende da quantidade de luz incidente em
sua junção ou geradores cuja corrente depende da
quantidade de luz incidente.
Além da curva de resposta do fotodiodo em re-
lação à frequência da luz, existe uma outra caracte-
rística importante desse componente, principalmente
para aplicações rápidas: sua velocidade de resposta.
Os fotodiodos têm respostas de frequência que permi-
tem a modulação de sinais luminosos com frequências
muito altas, da ordem de dezenas ou mesmo centenas
de megahertz.
Os fototransistores funcionam do mesmo modo
com os fotodiodos. A diferença é que eles são compo-
nentes ativos e dependendo do modo que os usamos po-
dem amplificar o sinal.
Como no caso dos fotodiodos, se as junções de
um transistor forem expostas à luz, o componente re-
age com alterações de suas correntes. Isso signifi-
ca que, transistores que tenham invólucros transpa-
rentes ou com janelas, podem ser usados como senso-
res de luz.
Neles, é comum que se utilize a corrente que
passa entre o coletor e o emissor (mantendo a base

105
Como Funcionam os Sensores

desligada) a qual depende da quantidade de luz inci-


dente.
Os fototransistores são usados da mesma forma
que os fotodiodos apresentando uma boa velocidade e
sensibilidade. Observamos que os fototransistores
podem perceber luz ultravioleta e infravermelha que
são invisíveis para nós. Na figura 12 mostramos o
símbolo adotado para representar o fototransistor e
os aspectos mais comuns.

Figura 12

Como muitos outros componentes, os fototran-


sistores são especificados por um código de fabrica-
ção sendo preciso obter as suas folhas de caracte-
rísticas para saber mais do seu comportamento
elétrico.
Dentre as principais características que devem
ser observadas temos:
a) Tipo - se NPN ou PNP
b) Tensão máxima entre coletor e emissor
c) Faixa de comprimentos de onda em que ele é
mais sensível
d) Potência máxima de dissipação

106
NEWTON C. BRAGA

Como os fototransistores são muito mais rápi-


dos que os LDRs eles possuem usos diferentes.
Assim o projetista encontra LDRs como detecto-
res de luz onde as mudanças de intensidade são len-
tas, enquanto os fototransistores são encontrados em
aplicações onde as variações são muito rápidas ou
ainda onde informação deva ser transmitida através
de raios de luz.
Na figura 13 temos um circuito típico de apli-
cação de um fototransistor que aciona um relé quando
recebe luz.

Figura 13

Neste circuito o terminal de base do transis-


tor não é usado, pois se aproveita apenas a corrente
entre emissor e coletor.

Fotocélula
As fotocélulas ou células fotoelétricas podem
ser usadas como sensíveis sensores de luz. Uma das
vantagens é que, sendo criadas para produzir mais
energia, elas podem ser usadas para excitar direta-
mente uma carga, de acordo com sua capacidade.
Assim uma pequena fotocélula, do tipo usado em
calculadoras, pode excitar diretamente um pequeno
relé a partir de um sinal. Evidentemente, elas po-
dem ser usadas com cargas maiores tendo um circuito
intermediário de excitação.

107
Como Funcionam os Sensores

As fotocélulas como sensores são sensíveis e


rápidas, podendo ser usadas em muitos projetos inte-
ressantes.

Outros sensores
Outros sensores de luz menos comuns são encon-
trados em documentação mais antiga e em algumas
aplicações especiais.
Assim, nos projetos mais antigos, da época da
válvula temos as válvulas fotomultiplicadoras que
são extremamente sensíveis podendo ser usadas para
detectar um único fóton. Ainda são encontradas em
aplicações científicas

Figura 14 – Uma válvula fotomultiplicadora.

Outro dispositivo interessante é o LASCR ou


Light Activated SCR. Esse SCR disparado pela luz tem
uma janela transparente para seu disparo.
Consultando nosso site, o leitor poderá ainda
encontrar outros dispositivos interessantes sensí-
veis a luz que podem servir para um projeto.

108
NEWTON C. BRAGA

SENSORES DE FORÇA FSR

Os sensores são os órgãos de interfaceamento


das aplicações eletrônicas com o mundo exterior.
Eles consistem em transdutores que convertem uma
grandeza física que um circuito eletrônico não pode
perceber em uma grandeza elétrica que eles possam
processar. Um tipo de sensor, relativamente novo,
que encontra uma ampla gama de aplicações em robóti-
ca, automação, IoT, vestíveis e muito mais são os
sensores de força mecânica. Veja neste artigo como
eles funcionam e como usá-los.
Sensores, na maioria dos tipos, consistem em
transdutores que convertem uma grandeza física em
uma corrente ou tensão elétrica.
Um tipo de sensor que encontra uma enorme gama
de aplicações em eletrônica, principalmente nos pro-
dutos de automação, IoT e vestíveis (wearables) é o
sensor de força física que pode ser apresentado em
duas configurações FSR redondo e fita (Ribbon)
Sua gama de aplicações é enorme, conforme ve-
remos e eles podem ser encontrados com facilidade,
por exemplo, na Mouser Electronics, destacando-se os
tipos da Adafruit para os quais daremos os links.
Basicamente eles consistem em um sensor que ao
receber uma pressão física, por exemplo, a pressão
dos dedos, mudam sua resistência elétrica.
Analisemos então os tipos comuns:

109
Como Funcionam os Sensores

FSR ou Force Sensitive Resistor


FSR é o acrônimo em inglês para resistor sen-
sível à força. Na figura 1 temos um tipo comum, o
Interlink 402 que é vendido através da Adafruit na
Mouser Electronics. Acesse o link https://learn.a-
dafruit.com/force-sensitive-resistor-fsr/overview
para mais informações.
Na figura 1 temos o aspecto deste sensor que
pode ser diretamente encaixado numa matriz de con-
tacto para o desenvolvimento de um shield para mi-
crocontrolador (Arduino, por exemplo).

Figura 1 – sensor tipo FSR da Adafruit

Na figura 2 temos o modo como este sensor é


construído. Basicamente, ele consiste num resistor
cuja resistência muda com a pressão mecânica. Ele-
tricamente, podemos compará-lo a um LDR onde a re-
sistência muda com a luz, ou um NTC onde a resistên-
cia muda com a temperatura. Os circuitos que eles
utilizam num interfaceamento são semelhantes e em
alguns casos podem até ser iguais, dependendo apenas
de faixa de pressões abrangida.

110
NEWTON C. BRAGA

Figura 2 – Estrutura do sensor

Neste tipo de sensor, a resistência diminui


com o aumento da pressão, ou seja, força por unidade
de área. A precisão é da ordem de 10% o que permite
sua utilização em projetos simples que envolvam a
medida de forças.
Neste site mesmo, temos um artigo de colabora-
dor que ensina a montar uma balança microcontrolada
experimental usando um sensor deste tipo.
Um tipo comum sensor deste tipo, como o Inter-
link 402 apresenta uma resistência de ordem de 100 k
sem pressão alguma e esta pressão cai a 200 ohms com
uma pressão de 100 Newtons que é o máximo recomenda-
do e que corresponde a 20 libras distribuída por
área de 0,125 polegadas quadradas.
A corrente recomendada na faixa de operação é
de menos de 1 A e suas dimensões são 12,5 mm de diâ-
metro ativo e uma espessura de apenas 0,02 polega-
das.
Na figura 3 temos a sua curva característica.

111
Como Funcionam os Sensores

Figura 3 – Curva característica força x resistência

Na figura 4 no site da Adafruit temos um modo


simples de testar e verificar o funcionamento de um
sensor deste tipo.

Figura 4 – Testando o sensor

112
NEWTON C. BRAGA

A figura 5 mostra o modo imediato de inserir


um sensor FSR numa matriz de contacto para desenvol-
vimento de um circuito.

Figura 5 – usando o sensor numa matriz de contatos

Na figura 6 temos um circuito experimental de


um indicador de força (que pode ser usado num jogo,
por exemplo) e que usa uma escala de 4 LEDs. É claro
que uma versão mais precisa poderá ser elaborada com
um LM3914 ou mesmo dois 4093.
O valor do trimpot de ajuste depende da faixa
de pressões sensoradas podendo ficar entre 10k e 220
k tipicamente.

113
Como Funcionam os Sensores

Figura 6 – Um circuito prático

Sensores tipo Ribbon (Cinta ou Fita)


Estes sensores resistivos são verdadeiros po-
tenciômetros eletrônicos de toque, pois a resistên-
cia que apresentam dependem do local da fita em que
fazemos pressão. Na figura 7 temos um sensor deste
tipo da Adafruit e que pode ser adquirido na Mouser
Electronics.

114
NEWTON C. BRAGA

Figura 7 - Sensor de toque resistivo


Este sensor é fabricado pela Spectra Symbol e
vendido pela Mouser Electronics. Veja mais em:
https://www.mouser.com/Search/Refine.aspx?
Keyword=Spectra+symbol
Para o tipo mostrado na foto, o uso é muito
simples. O componente apresenta uma resistência de
10 k entre os pinos extremos (como num potenciôme-
tro, ele possui três terminais).
A resistência que o pino do meio apresenta em
relação aos pinos extremos depende do ponto da fita
em que tocamos, ou seja, nosso dedo é o cursor do
potenciômetro. Quando nenhuma pressão é feita sobre
o componente o pino do meio se torna flutuante apre-
senta uma resistência de 100 k em relação aos de-
mais. Para usar, ligue um dos pinos das extremidades
à terra via um resistor de 10k em série. O outro
lado é conectado à uma fonte Vcc conforme o circui-
to. A fonte pode ser de 3, 5 V etc, conforme o mi-
crocontrolador ou ainda a lógica digital ou circuito
(comparadores, por exemplo) que devam ser controla-
dos.
A tensão lida no cursor vai variar entre 1/3 e
2;3 de Vcc. Não se recomenda ligar simultaneamente
as extremidades à terra e Vcc.

Ideias de Aplicações
Certamente os leitores imaginosos que estão
em busca de um bom projeto para um TCC, para um novo
produto ou mesmo para uma recreação usando seu Ar-
duino, circuitos lógicos ou analógicos comuns podem
ter muitas ideias. Em IoT, vestíveis e outros, por
exemplo existem muitas sugestões, algumas até engra-
çadas, ideais para feiras e demonstrações. Por exem-
plo:
 Que tal colocar um sensor linear no traseiro
de uma calça “inteligente”? Todas as vezes que
você se sentar através de conexão wireless
pode acender um LED vermelho no seu boné.
Trata-se de uma calça ideal para vigilantes

115
Como Funcionam os Sensores

que devem ficar em pé. Se sentarem, o alarme


toca e o LED acende!
 Num robô ou veículo um sensor deste tipo na
parte frontal pode ter funções inteligentes.
Se o obstáculo for leve, ele simplesmente o
empurra, mas se o esforço for maior que um de-
terminado valor programado, ele ativa um cir-
cuito de parada ou reversão.
 Numa aplicação IoT ele pode informar a presen-
ça de pessoas ou objetos conforme o peso, po-
dendo ser usado um critério seletivo que de-
termine a ação do circuito conforme o peso.

Enfim, não há limites para o que pode ser fei-


to. Que tal criar um bom projeto e nos enviar para a
publicação?

116
NEWTON C. BRAGA

USANDO SENSORES RESISTIVOS


EM PROJETOS MECATRÔNICOS

Este artigo foi incluído no meu livro Robóti-


ca, Mecatrônica e Inteligência Artificial - Robo-
tics, Mechatronics and Artificial Intelligence (es-
gotado) publicado nos Estados Unidos. Ele ensina
como usar o sensor resistivo em projetos simples de
mecatrônica ou robótica, usando microcontroladores
ou como bloco de construção para projetos simples.
Os sensores resistivos adicionam recursos sen-
soriais a qualquer projeto de robótica, mecatrônica
ou inteligência artificial. Este capítulo descreve
como os sensores resistivos operam e como podem ser
implementados. Veremos como resistores dependentes
de luz (LDRs) e células CdS podem ser usados como
sensores de luz, adicionando visão a robôs e outros
projetos. Além disso, resistores de coeficiente de
temperatura negativo (NTC) podem ser usados como
sensores de temperatura, potenciômetros como senso-
res de posição e espuma condutora como sensores de
pressão, adicionando capacidades táteis a robôs e
braços mecânicos. Os sensores de toque também são
descritos neste capítulo.

Teoria
O mundo ao nosso redor está cheio de condições
físicas variáveis que mudam continuamente. Tempera-
tura, pressão do ar, umidade e luz são algumas das
condições que preenchem nosso ambiente de vida.

117
Como Funcionam os Sensores

Qualquer tipo de robô ou dispositivo mecatrônico que


se destina a funcionar neste ambiente deve ter algum
tipo de recurso que permita interagir com ele. Os
humanos têm sensores embutidos, como orelhas, olhos,
etc. Mas como os dispositivos eletrônicos podem in-
teragir com o mundo?
Em projetos de robótica e mecatrônica, usamos
transdutores para interagir com o mundo externo. Um
transdutor é um dispositivo que converte uma forma
de energia em outra. Por exemplo, uma célula fotoe-
létrica usada como sensor pode converter alterações
de nível de luz em sinais elétricos. Outro disposi-
tivo transdutor que pode afetar o ambiente é o alto-
falante: converte energia elétrica em som (energia
mecânica).
Para sentir o mundo ao seu redor, robôs e dis-
positivos mecatrônicos podem usar muitos tipos de
sensores. As próximas seções descreverão algumas de-
las e descreverão blocos contendo circuitos que po-
dem ser usados com esses sensores.

O LDR ou Foto-resistor
O resistor dependente de luz (LDR), célula de
sulfeto de cádmio (CdS) ou foto resistor é um compo-
nente que altera sua resistência com vários níveis
de luz. No escuro, o LDR apresenta uma resistência
muito alta - acima de 1 MΩ. Esta resistência cairá
abaixo de 100 Ω sob luz solar direta. A figura 1
mostra a aparência e o símbolo usado para represen-
tar um LDR.

Figura 1 Célula LDR ou Cds.

O LDR é um resistor, então a corrente pode


fluir em qualquer direção. Embora o LDR seja muito

118
NEWTON C. BRAGA

sensível, “vendo” níveis de luz que nossos olhos não


conseguem, o LDR é um dispositivo lento.
Mudanças rápidas de luz não podem ser detecta-
das por um LDR. O limite superior da resposta de
frequência de um LDR é de cerca de 10 kHz. Se você
precisar detectar mudanças de luz mais rápidas, você
pode usar outros sensores, como fotodiodos e foto-
transistores.
O uso do LDR é muito fácil, pois pode influen-
ciar diretamente dispositivos semicondutores, como
transistores, SCRs, ICs, etc. Os LDRs podem ser usa-
dos como “olhos eletrônicos” em aplicações que en-
volvem robótica, mecatrônica e inteligência artifi-
cial. Como no olho humano, uma lente pode ser adici-
onada para melhorar o desempenho de um LDR em uma
aplicação particular. Colocando uma lente convergen-
te na frente de um LDR, podemos captar mais luz de
uma direção, aumentando a sensibilidade e adicionan-
do diretividade.
Os LDRs podem ser encontrados em diferentes
tamanhos e formatos, mas, em geral, suas caracte-
rísticas elétricas não diferem muito. Isso significa
que quase qualquer tipo pode ser usado nos blocos
descritos nestas páginas.

Resistores de coeficiente de tempera-


tura negativo
Os resistores de coeficiente de temperatura
negativo (NTC), também chamados de termistores ou
resistores termicamente sensíveis, são componentes
cuja resistência muda com a temperatura. A resistên-
cia de um NTC diminui à medida que a temperatura au-
menta.
Outro dispositivo sensível à temperatura é o
resistor do coeficiente de temperatura positivo
(PTC). Neste componente, a resistência aumenta com a
temperatura. A figura 2 mostra o símbolo e a aparên-
cia dos NTCs comuns.

119
Como Funcionam os Sensores

Figura 2 - O resistor NTC ou termistor

Os NTCs podem ser usados para adicionar senso-


res de temperatura a robôs e outros projetos. Eles
são especificados pela resistência (em ohms) que
eles têm em uma determinada temperatura (normalmen-
te, a temperatura ambiente, ou 20 °C). Os valores
estão tipicamente no intervalo de vários ohms a 100
kΩ.
Sensores de temperatura, como os NTCs, não são
rápidos. Eles não podem alterar a resistência para
corresponder às rápidas mudanças de temperatura.
Isso ocorre porque eles têm que mudar sua própria
temperatura, dissipando o calor para o ambiente, ou
retirando calor, até chegarem ao ambiente. A veloci-
dade das mudanças de calor é basicamente determinada
pelo tamanho e pelo material do NTC. Os NTCs peque-
nos são mais rápidos que os maiores e podem sentir
melhor as rápidas mudanças na temperatura ambiente.
Como as características elétricas dos NTCs (e PTCs)
são as mesmas dos LDRs, elas podem ser usadas com os
mesmos circuitos ou blocos.

Sensores de pressão
Sensores de pressão simples podem ser feitos
usando espuma condutiva, como os materiais usados
para proteger CIs contra descarga eletrostática. A
Figura 3 mostra como um IC é protegido pela espuma e
como ela pode ser usada para nossos propósitos.

120
NEWTON C. BRAGA

Figura 3 Sensor de pressão caseiro.

Colocando a espuma entre duas placas de metal,


como mostrado na figura, você cria um sensor de
pressão. Se você pressionar as placas juntas, a re-
sistência da espuma muda (diminui), e isso pode ser
usado para disparar um circuito. Você pode usar esse
tipo de sensor com o mesmo bloco recomendado para
LDRs e NTCs.

Potenciômetros como Sensores de Posi-


ção
Potenciômetros comuns podem ser adaptados para
funcionar como sensores de posição. Você só precisa
acoplar algum tipo de dispositivo mecânico (uma ala-
vanca ou uma roda) ao eixo de um potenciômetro rota-
tivo para derivar um sinal elétrico da posição do
dispositivo. A Figura 4 mostra como um potenciômetro
rotativo pode ser usado como um sensor de posição.
Potenciômetros com valores na faixa de 10 a 100 kΩ
podem ser usados como sensores de posição com todos
os blocos sugeridos para os outros sensores resisti-
vos e descritos nesta parte.
Os potenciômetros deslizantes também podem ser
usados como sensores de posição sensíveis, como mos-
trado na Figura 5. Veja outros artigos neste site,
para exemplos de como um potenciômetro pode ser usa-
do para detectar a posição do eixo em uma caixa de
engrenagens.

121
Como Funcionam os Sensores

Figura 4 Potenciômetro rotativo usado como sensor de


posição

Figura 5 – potenciômetro deslizante usado como


sensor de posição

Sensores de Toque
Duas placas próximas, mas sem tocar, formam um
sensor de toque. Se você colocar os dedos nas duas
placas para tocar as duas ao mesmo tempo, como mos-
tra a Figura 6, uma corrente elétrica poderá fluir
pela sua pele, criando um sinal elétrico. Como a re-
sistência de sua pele é muito alta (100.000 Ω ou
mais), a corrente que flui por esse sensor não é su-
ficiente para acionar circuitos comuns. Estágios de
amplificação são necessários.
Um ponto importante é que devemos manter a
corrente baixa. Se a alta tensão for usada com este
sensor para aumentar a corrente, poderá ocorrer cho-
que elétrico.

122
NEWTON C. BRAGA

Figura 6 Sensor de toque

Em resumo, a principal característica dos sen-


sores de toque, como os descritos acima, é que eles
devem operar isolados da linha de energia CA e ter
resistores de limite de corrente. Outro tipo de sen-
sor de toque é o mostrado na Figura 7. Se uma placa
for removida e conectada ao terra, basta tocar a ou-
tra placa para acionar o circuito. A corrente fluirá
pelo corpo de uma pessoa, ativando o circuito.

Figura 7 Sensor de toque de uma placa.

Como usar sensores resistivos


Ao usar sensores resistivos, o projetista deve
ter em mente algumas questões importantes.

1. Quanto a resistência muda sob as condições


de operação desejadas?
A faixa de resistência de um sensor é impor-
tante no projeto ou na escolha do circuito. Se um
sensor muda apenas por poucos ohms de resistência

123
Como Funcionam os Sensores

quando excitado, o circuito deve ter características


especiais para reagir a esta pequena alteração. Os
LDRs alteram a resistência em uma ampla faixa de va-
lores, sendo fáceis de usar. Os NTCs, dependendo do
tipo, também têm uma ampla faixa de resistência, mas
outros (por exemplo, sensores de pressão não).

2. A corrente fornecida pelo sensor é sufici-


ente para acionar um circuito?
Se o sensor tiver uma grande queda de resis-
tência quando excitado, a corrente pode ser sufici-
ente para acionar qualquer um de nossos circuitos.
Em geral, para acionar um bloco com um transistor
bipolar, a resistência na condição de baixo valor
deve ser menor que 50.000 Ω. Se transistores Dar-
lington, ICs CMOS ou circuitos de dois estágios fo-
rem usados, essa resistência pode ser maior - na
faixa de 200.000 a 1.000.000 Ω. Como regra geral, se
o seu sensor não ativar o circuito, tente outro blo-
co com maior sensibilidade.

124
NEWTON C. BRAGA

USANDO SENSORES LIGA E


DESLIGA EM PROJETOS
MECATRÔNICOS

Este artigo é parte do meu livro Robótica, Me-


catrônica e Inteligência Artificial (esgotado) pu-
blicado nos Estados Unidos. Ele ensina como usar
sensores e interruptores on-off em projetos de meca-
trônica ou robótica ou como um bloco de construção
para projetos simples.
O objetivo deste artigo é ensinar ao leitor
como interruptores mecânicos, chaves tipo reed e
dispositivos caseiros podem ser usados como senso-
res. Pares de lâminas de metal, chaves on-off co-
muns, botões, microinterruptores e chaves tipo reed
podem ser usados como sensores em projetos de ro-
bótica e mecatrônica. Neste capítulo, incluímos blo-
cos usando esses dispositivos para adicionar alguns
recursos importantes, como debouncing, inversão e
atraso.

Teoria
Muitas vezes precisamos ligar ou desligar um
circuito quando ocorre um evento; esta é uma função
básica em projetos de robótica e mecatrônica. Um mo-
tor pode ser revertido quando o robô é parado por um
obstáculo ou quando um braço mecânico atinge um ob-
jeto. Um robô móvel pode mudar sua direção se um
sensor detectar uma parede em seu caminho.

125
Como Funcionam os Sensores

Começando com alguns componentes e configura-


ções comuns, você pode adicionar sensores mecânicos
aos seus projetos. Vários são descritos abaixo.

Interruptores liga-desliga - micro-


interruptores.
Os interruptores do tipo liga-desliga podem
ser facilmente adaptados para uso como sensores de
posição em muitas aplicações. A Figura 1 mostra como
podemos adaptar um interruptor deslizante (SPST)
para ser usado como um detector de impacto.

Figura 1 Usando os switches SPST como sensores.

Este interruptor pode ser colocado na frente


de um robô e usado para detectar quando ele bate em
qualquer obstáculo. Os tipos de toque suave são ide-
ais para essas aplicações, já que não é preciso mui-
ta força para fechá-los.
Microswitches, por exemplo, aqueles usados em
máquinas industriais, também são ideais para aplica-
ções envolvendo sensores de posição, como os mostra-
dos na Figura 2.

Figura 2 Microswitch usado como um sensor.

126
NEWTON C. BRAGA

Esses interruptores são pequenos e sensíveis,


precisando apenas de uma pequena força para serem
acionados. Muitos tipos de mecanismos podem ser
adaptados a switches comuns para convertê-los em
sensores. Alavancas podem aumentar a sensibilidade
de um microinterruptor. Os botões também podem ser
usados como sensores, como mostrado na Figura 3. É
importante escolher um que possa ser facilmente fe-
chado pelo mecanismo ao qual está conectado.

Figura 3 – Interruptor de pressão utilizado como


sensor.

Reed switches. Reed switches são formados por


um involucro de vidro que é preenchido com um gás
inerte, dentro do qual são lâminas com contatos
elétricos. Isso é mostrado na Figura 4. A presença
de um campo magnético atua nas lâminas, fazendo com
que elas se toquem e fechem o circuito. Reed swit-
ches são muito sensíveis e podem ser usados como
sensores, como mostrado na Figura 5.

Figura 4 Um interruptor reed

127
Como Funcionam os Sensores

Figura 5 Usando reed switches como sensores.

Em operação, usamos o campo de um ímã para


acionar o interruptor. Simplesmente instalamos o ímã
no dispositivo móvel ou em qualquer parte mecânica
cuja movimentação ou mudança de posição deva ser de-
tectada.

Sensores caseiros
Duas ou três lâminas colocadas juntas, como
mostrado na Figura 6, formam um sensor mecânico que
tem muitas aplicações em robótica e mecatrônica. As
lâminas e os contatos podem ser encontrados em relés
e chaves antigos. O leitor só precisa se exercitar
para ter certeza de que os contatos estão em boas
condições de funcionamento.

Figura 6 Sensor caseiro.

Contatos dobrados ou deformados indicam quei-


mas que podem reduzir a eficiência do sensor. Se
presente, é melhor descartar o componente e encon-
trar um melhor.

128
NEWTON C. BRAGA

As lâminas podem ser ativadas de várias manei-


ras. A figura mostra alguns mecanismos sugeridos que
podem ser usados para ativar esse tipo de sensor. Ao
longo

Debouncing
Quando um interruptor é fechado, o contato
elétrico não é estabelecido imediatamente. Contatos
mecânicos, como os encontrados em chaves, relés e
sensores, produzem ruído durante o tempo de estabi-
lização. Eles saltam e fazem contato repetido duran-
te os primeiros milissegundos de ação, como mostrado
na Figura 7.

Figura 7 Salto de contato ao ligar um comutador.

Os circuitos lógicos, como TTL e CMOS, e até


mesmo alguns outros circuitos eletrônicos, são rápi-
dos o suficiente para reconhecer cada e todo salto
(pulso de ruído) como um impulso separado ou mudança
no nível lógico. Você fecha o switch uma vez, espe-
rando adicionar uma contagem à cadeia de comando,
mas o circuito saltará muitos comandos. Para evitar
esse problema ao usar interruptores, chaves tipo
reed, relés ou outros sensores on-off com contatos
mecânicos, um circuito de condicionamento (debounce)
apropriado deve ser usado.
O circuito mais simples é formado por uma rede
RC, conforme mostrado na Figura 8. A tensão no capa-

129
Como Funcionam os Sensores

citor sobe suavemente, mesmo quando muitos pulsos


são produzidos pelo comutador.

Figura 8 Debounce simples.

Outros circuitos, como mostraremos em artigos


nesta seção podem ajudar o projetista de robótica e
mecatrônica a evitar problemas criados por contatos
saltantes em sensores, comutadores e outros disposi-
tivos que usam contatos mecânicos.

Chaves como sensores


Muitos tipos de comutadores ou chaves podem
ser usados como sensores ou adaptados para essa ta-
refa. Interruptores momentâneos podem ser usados
como sensores de impacto, sensores de navegação e
sensores de limite. Os mais úteis são microinterrup-
tores e interruptores de botão, como os mostrados na
Figura 9.

Figura 9 Interruptores adequados para sensores


mecânicos.

Reed Switches
Um interruptor reed é formado por um bulbo de
vidro preenchido com um gás inerte. Dentro do bulbo,

130
NEWTON C. BRAGA

encontramos duas ou mais lâminas de metal, como mos-


trado na Figura 10. Quando um campo magnético atua
nas lâminas, elas se curvam e se tocam, fechando o
circuito externo.

Figura 10 - O interruptor reed.

Os switches Reed são muito sensíveis, mas não


podem operar com grandes correntes. Correntes típi-
cas estão na faixa entre 50 e 500 mA. Como eles po-
dem trocar um circuito muito rapidamente, eles podem
ser usados em aplicações de alta velocidade, detec-
tando a rotação de um eixo ou qualquer parte móvel
de um mecanismo, como mostrado na Figura 11.

Figura 11 – Detecção de Rotação com um interruptor


reed.

Prendendo um ímã a uma roda e colocar um reed


switch em uma posição apropriada, é possível produ-
zir um pulso a cada revolução. Os pulsos podem ser
usados para controlar a velocidade da roda ou exci-
tar um tacômetro.

131
Como Funcionam os Sensores

SENSORES CAPACITIVOS

Uma tecnologia em alta nos dias atuais é a que


aproveita o aumento da capacitância de um circuito
quando aproximamos nossos dedos, que funciona como
uma das armaduras de um capacitor. No caso específi-
co dos projetos com microcontroladores, essa tecno-
logia possibilita a utilização de abordagem muito
interessante para se “ler” quando alguém toca no
sensor. É justamente dela que tratamos nesse artigo.
O simples toque dos dedos num painel pode ser
aproveitado para comutar circuitos de diversas for-
mas. A maneira mais tradicional, e não muito conve-
niente, é a que aproveita a resistência de pele. To-
cando simultaneamente em dois eletrodos, uma pequena
corrente passa através do dedo e é detectada pelo
circuito, conforme mostra a figura 1.

No entanto, uma tecnologia muito mais apropri-


ada e que não necessita do contacto elétrico dos de-

132
NEWTON C. BRAGA

dos com um circuito, o que, em termos de segurança é


muito melhor.
A tecnologia do sensoriamento capacitivo é
usada em uma infinidade de equipamentos eletrônicos.
No entanto, como detectar o toque ou a variação da
capacitância é algo que exige que se vençam diversos
desafios.
No caso específico dos microcontroladores,
pode-se trabalhar com uma tecnologia direta bastante
interessante que abordamos nesse artigo.

Sensores Capacitivos
Se colocarmos duas placas condutoras, uma
próxima da outra tendo sobre elas um material iso-
lante (dielétrico) como, por exemplo, o vidro ou
plástico, o conjunto se comporta como um capacitor,
conforme mostra a figura 2.

Figura 2

A capacitância apresentada por esse conjunto


depende do dielétrico e do tamanho e separação das
placas condutoras. Quando tocamos com o dedo na pla-
ca isolante, sem fazer contacto elétrico portanto
com os eletrodos (armaduras), o dedo passa a apre-
sentar uma capacitância adicional, como mostra a fi-
gura 3.

133
Como Funcionam os Sensores

Figura 3

A capacitância total apresentada pelo conjunto


passa a ser então a soma das capacitâncias do sensor
em sí, mais a capacitância apresentada pelo dedo.
Em suma, o circuito vê o conjunto de duas for-
mas: com uma capacitância menor quando não há nada
tocando e uma capacitância maior quando os dedos o
tocam.
Partindo desse fato, o toque pode ser detecta-
do pela variação da capacitância que ocorre quando
alguém toca no sensor. Para essa finalidade existem
diversas tecnologias possíveis como, por exemplo,
detectar a mudança de frequência de um oscilador
cuja frequência é controlada por esse capacitor ou
ainda, como veremos a seguir, pela variação do tempo
(contagem) que o sensor demora para carregar quando
está sem o toque e quando há o toque.
Outra possibilidade consiste em se utilizar um
oscilador em manutenção crítica, o qual paralisa seu
funcionamento quando a capacitância aumenta.

As Tecnologias
Uma tecnologia simples porém, não muito conve-
niente, é a que faz uso de um filtro passa baixas ou
ainda de um filtro sintonizado. Nesse caso, o sensor
capacitivo controla a frequência de um oscilador
cujo sinal é aplicado a esse filtro.

134
NEWTON C. BRAGA

Na condição de nenhum toque, a frequência fica


acima da faixa passante do filtro ou da frequência
sintonizada pelo filtro e nenhum sinal de controle
passa.
Quando alguém toca no sensor, a frequência cai
abaixo da frequência de corte do filtro ou passa
pela frequência sintonizada gerando assim um sinal
de controle.
Para a tecnologia dos microcontroladores, um
processo muito melhor é o que faz uso da contagem da
comparação da frequência de um oscilador controlado
pelo sensor com um valor pré-determinado, conforme
ilustra o diagrama da figura 4.

Figura 4

A capacitância típica de um sensor desse tipo


está na faixa de 5 a 15 pF e a frequência do oscila-
dor que ele controla está na faixa de 100 kHz a 400
kHz. A frequência exata do oscilador não é importan-
te, pois o que vai se programar é apenas uma compa-
ração de pulsos contados a partir de certo valor.
Assim, o microcontrolador é programado para
contar os pulsos num intervalo de tempo quando não
há toque algum e, portanto, tem o valor máximo (fre-
quência mais alta).
Os pulsos do oscilador são contados e compara-
dos com uma referência que corresponde ao valor que
vai ocorrer quando a capacitância aumentar, ultra-
passando certo valor o que indica o toque.
Assim, o que se faz é determinar a faixa de
pulsos abaixo da qual o comparador vai atuar, forne-
cendo um sinal de saída que indica o toque.

135
Como Funcionam os Sensores

Solução Microchip
Em seu Application Note AN1101, a Microchip
(www.microchip.com) apresenta um circuito oscilador
que pode ser elaborado em torno de um PIC usando uma
configuração RC para gerar o sinal na faixa de fre-
quências desejada. Esse oscilador é mostrado na fi-
gura 5.

Figura 5

O circuito aproveita dois comparadores, funci-


onando no modo de relaxação. O capacitor de 1 000 pF
tem por finalidade rejeitar o ruído de alta-frequên-
cia da fonte de alimentação.
Nesse circuito o capacitor carrega e descarre-
ga segundo um ciclo que é mostrado na figura 6.

Figura 6

136
NEWTON C. BRAGA

Uma vez que o oscilador tenha sido projetado,


o problema seguinte consiste em se detectar a queda
da frequência que ocorre quando a capacitância do
sensor aumenta (pelo toque).

Figura 7

O circuito da figura 7 mostra como isso pode


ser feito com um PIC. Nesse circuito o pino C2OUT é
usado tanto para fornecer o sinal de realimentação
que mantém o oscilador em funcionamento como também
aplica o sinal à entrada de clock do Timer1, TICK1.
Cada vez que a saída C2OUT muda de nível lógi-
co, o Timer1 vai incrementar a contagem de uma uni-
dade. No entanto, esse evento ainda não serve para
fazer o sensoriamento capacitivo.
Para se conseguir isso, uma base de tempo fixa
é usada para medir a frequência num determinado in-
tervalo de tempo. O Timer0 é usado para essa finali-
dade no início da medida, o Timer0 é zerado e depois
contará até 255 e então vai transbordar.
No transbordamento (overflow), o Timer0 inter-
rompe T0IF o que faz com que o vetor de programa in-
terrompa a rotina de serviço. O valor de TMR1 é en-
tão lido e comparado com as leituras prévias. Isso
consiste numa varredura única do botão sensor.
Se o valor atual de TMR1 é mais baixo, isso
significa que a capacitância aumentou e a frequência
caiu o que foi causado pela presença do dedo no sen-
sor.

137
Como Funcionam os Sensores

Com lógica apropriada, novos valores podem ter


a média tirada e comparados com uma média de refe-
rência, resultando assim num melhor processo de com-
paração.
No final da interrupção da rotina de serviço,
uma vez que seja detectada a ativação do sensor,
tanto o Timer1 como o Timer0 são ressetados para um
novo ciclo de leitura do sensor.
Mais informações sobre esse procedimento o
leitor encontra no AN1101 inclusive as rotinas que
devem ser utilizadas na programação para essa fina-
lidade.

Conclusão
A possibilidade de fácil implementação de sen-
sores de toque capacitivos em circuitos comuns que
usam microcontroladores, além da segurança que tra-
zem, pela não necessidade de contatos elétricos tor-
nam essa opção muito interessante para equipamentos
de consumo.
O que vimos nesse artigo dá uma ideia ao lei-
tor de como isso pode ser implementado não só nos
microcontroladores da Microchip como em quaisquer
outros.

138
NEWTON C. BRAGA

SENSORES MAGNETORRESISTI-
VOS

A necessidade de monitorar a posição de peças


móveis, medir sua velocidade de deslocamento ou ro-
tação está presente tanto em equipamentos industri-
ais como de consumo, eletrônica embarcada e em mui-
tos outros setores. Uma solução amplamente adotada é
a que faz uso se sensores magnetorresistivos.
Veja neste artigo como eles funcionam e quais
são as suas principais características. O artigo foi
baseado em informações do Application Note 20 da Ze-
tex.
Os sensores magnetorresistivos são componentes
cuja resistência elétrica depende da intensidade do
campo magnético que corta seu elemento sensível além
do ângulo segundo o qual isso ocorre.
Variações de intensidade (e/ou orientação) de
um campo podem então ser convertidas em sinais
elétricos e processadas por um circuito externo de
forma imediata. Os sensores típicos são formados por
finas tiras de filme metálico depositadas num chip,
conforme mostra a figura 1.

Figura 1

139
Como Funcionam os Sensores

Essas tiras são depositadas por um processo de


litografia consistindo basicamente em Permalloy
(Liga de Níquel com ferro na proporção de 81% de
níquel para 19% de ferro). O chip é fabricado num
wafer de silício oxidado.
A resistividade do material muda pelo efeito
magnetorresistivo. Conforme mostra a figura 2, o
campo Hy faz com que ocorre uma mudança da magneti-
zação das tiras depositadas.

Figura 2

Como a resistividade R de uma tira de permal-


loy depende do ângulo entre a magnetização M e o
sentido de circulação da corrente (I) a mudança do
campo altera a resistência final da tira.
A variação da resistência obtida num sensor
desse tipo é muito baixa, da ordem de 2 a 3% para a
permalloy, o que exige circuitos sensíveis para ope-
rar com esse tipo de sensor.
As variações da resistência também dependem
das dimensões geométricas das tiras e a anisotropia
magnética da permalloy. Isso torna esse tipo de sen-
sor normalmente não linear.
Assim, se for necessário operá-lo com uma ca-
racterística linear um recurso consiste em se usar a
geometria denominada “Barber Pole”.
O que se faz neste caso, conforme mostra a fi-
gura 3, consiste em se cobrir as tiras com barras de
alumínio inclinadas de 45º .

140
NEWTON C. BRAGA

Figura 3

O alumínio possui uma baixa resistividade em


relação à permalloy o que faz com que a direção da
corrente mude, ficando deslocado de 45º.
O resultado é que se obtém uma com isso uma
característica muito mais próxima da linear, confor-
me mostram as curvas comparativas na figura 4.

Figura 4

Na Prática
Num sensor comum, as tiras do chip magnetorre-
sistivo são dispostas de modo a formar um padrão bem
definido, conforme mostra a figura 5.

141
Como Funcionam os Sensores

Figura 5

Elas formam uma Ponte de Wheatstone de tal


modo configurada que não apenas as resistências
elétricas são levadas em conta, mas também a ação
dos campos magnéticos externos em cada uma delas.
Cada metade da ponte consiste em dois resisto-
res com orientações diferentes para os Barber Pole.
As tensões entre os resistores mudam com a aplicação
de um campo magnético.
Eles são dispositivos de tal modo que, quando
a resistência de um aumenta, a resistência do outro
diminui, sob a ação do mesmo campo.
A outra metade da ponte permite aumentar ainda
mais a diferença de tensão obtida entre esses dois
resistores.
Na prática os sensores são ajustados cuidado-
samente no processo de fabricação de modo a se obter
uma tensão nula de saída quando nenhum campo mag-
nético é aplicado.

142
NEWTON C. BRAGA

Utilização e Parâmetros
O formato das tiras e a anisotropia da permal-
loy apenas define um eixo segundo o atual ocorre a
magnetização sem a presença de um campo externo.
Isso significa que, nessas condições uma tira
pode ter diferentes orientações para magnetização ou
domínios magnéticos o que faz com que sua operação
seja instável.
Assim, para que o sensor possa ser usado de
forma conveniente é aplicado campo magnético auxili-
ar externo Hx. Esse campo define a orientação da
magnetização.
Assim, a faixa Hy de campos em que o sensor
tem uma operação segura é determinada pela intensi-
dade do campo auxiliar Hx. Pode-se então definir uma
Área de Operação Segura ou (SOA – Safe Operating
Area) para o sensor, conforme mostra a figura 6.

Figura 6

O campo Htot = Hy + Hx determina os valores


permitidos de Hy.
Para criar o campo auxiliar utiliza-se normal-
mente um pequeno ímã permanente. No entanto, existem
sensores em que esse ímã já é incorporado.
Nas folhas de dados desses componentes, o com-
portamento da ponte de Wheatstone é referenciado a
uma tensão de entrada Vb = 1 V, já que nesta região
temos uma relação linear entre a tensão de entrada e
a tensão de saída.

143
Como Funcionam os Sensores

A sensibilidade S (dada em mV/V/kA/m) de um


sensor desse tipo é definida como o deslocamento da
tensão de saída em função da intensidade do campo
externo para a faixa de -1 kA/m < Hy < 1 kA/m.
Esse parâmetro depende tanto da geometria das
tiras como também do campo auxiliar. Na figura 7
mostramos as características típicas do sensor
ZMY20/ZMZ20 da Zetex.

Figura 7

Observe que a área de operação segura é bas-


tante estreita, caso em que se obtém também a maior
sensibilidade.
A ponte de Wheatstone é balanceada sem a apli-
cação de um campo externo. Neste caso, a tensão de
saída do sensor é próxima de zero em temperatura am-
biente. No entanto, essa tensão na prática não é
zero devido à precisão do processo de fabricação. A
tensão de offset (offset voltage) ou Voff/Vb de um
sensor é uma indicação desse desvio.
Também deve ser considerado que, com as varia-
ções de temperatura, a ponte não pode compensar a
tensão offset. Assim, deve ser indicado o coeficien-
te de temperatura da tensão de offset do sensor ou

144
NEWTON C. BRAGA

TCVoff. Esse parâmetro diz de quanto varia a tensão


de offset com as variações da temperatura do sensor.
Essa característica limita a aplicação desse
tipo de sensor na medida de campos magnéticos fracos
numa faixa de temperaturas muito ampla.
Dois sensores podem ser selecionados de modo a
terem coeficientes de temperatura semelhantes e usa-
das as diferenças de tensão de saída para essa fina-
lidade. Uma outra maneira de se evitar o deslocamen-
to das características por offset consiste em se
usar bobinas para gerar o campo auxiliar. O campo
pode ser invertido e com isso a tensão do sinal de
saída. Outras características desse tipo de sensor
são a histerese da tensão de saída e a faixa máxima
de tensões de saída.
No caso da histerese ela ocorre pelo fato da
magnetização das tiras do sensor não ser uniforme.
Permanecem áreas, principalmente nos cantos das ti-
ras, onde a magnetização é alterada e com isso não
responde da maneira esperada aos campos externos.

Aplicações Práticas
Um circuito típico de aplicação, sugerido pela
Zetex, é mostrado na figura 8.
Esse circuito usa um sensor de corrente ZMC20
e uma aplicação típica consiste numa chave de sobre-
corrente usada para proteger IGBTs em sistemas de
alimentação de motores.
O circuito tem um tempo de reação de apenas 3
us, impedindo que o circuito atua sob condições de
transiente. O ajuste externo feito num trimpot de 10
k é feito para compensar o offset. A tensão de ali-
mentação é 5 V e o consumo é de 10 mA. A saída é
feita através de um transistor com coletor aberto
capaz de fornecer uma corrente de 1 A num circuito
de 20 V.

145
Como Funcionam os Sensores

Figura 8

Figura 9

146
NEWTON C. BRAGA

Um outro circuito aplicativo interessante é


mostrado na figura 9.
Esse circuito consiste numa solução interes-
sante para a medida de rotações, usando um campo
magnético modulado devido a presença de um dente
numa engrenagem ou outra peça.
O circuito fornece em sua saída um sinal que é
proporcional a velocidade de rotação do dente usado
como sensor e permanece no nível alto quando o sis-
tema está parado.

Conclusão
Para os projetos atuais de circuitos que façam
uso deste tipo de sensor, o leitor pode contar com
uma grande quantidade de componentes.
O importante para os leitores é conhecer o seu
princípio de funcionamento para que possam dimensio-
nar corretamente os elementos do circuito e também o
modo como vão funcionar.
Muitos sensores modernos já são projetados
para terem incorporados os circuitos de processamen-
to capazes de fornecer saídas digitalizadas, o que
simplifica bastante um projeto.
No entanto, para o profissional da manutenção
é sempre importante lembrar que num equipamento mais
antigo ele pode encontrar as primeiras versões des-
ses sensores e por isso deve saber como trabalhar
com eles para poder realizar um reparo, ajuste ou
ainda detectar uma falha.

147
Como Funcionam os Sensores

SENSORES COM CABOS COAXI-


AIS PIEZOELÉTRICOS

Um interessante tipo de sensor para aplicações


específicas é o sensor formado por cabos coaxiais
piezoelétricos. Sensíveis a flexão, dobra e forças
estes sensores podem ser usados em aplicações impor-
tantes como, por exemplo, alarmes, acústica submari-
na, esportes, etc. Veja neste artigo como estes sen-
sores funcionam.
Os cabos coaxiais piezoelétricos são semelhan-
tes aos cabos coaxiais comuns, exceto pelo fato de
que o material dielétrico que separa o condutor in-
terno da malha é um material com propriedades piezo-
elétricas, conforme mostra a figura 1.

Figura 1- Um cabo coaxial piezoelétrico

Pelo fato do material dielétrico se piezoe-


létrico, no caso uma capa de filme, o cabo apresenta
propriedades importantes. Quando flexionado, compri-

148
NEWTON C. BRAGA

mido, dobrado ou esticado ele gera uma tensão entre


a malha e o condutor central.
A tensão gerada é proporcional ao esforço ao
qual o cabo é submetido o que permite sua utilização
como um sensor para diversas aplicações.
Este tipo de construção, na forma de cabo,
torna o cabo um sensor especialmente indicado para
determinados tipos de aplicação.
Por exemplo, pelo fato da malha externa funci-
onar como blindagem, o cabo tem uma grande imunidade
a EMI sendo, portanto, indicado para ambientes em
que a interferência eletromagnética é um problema.
O cabo mostrado na figura 1 é do tipo AWG 20
pelo fato do condutor interno ter este calibre.
Como sua construção é linear, ele pode monito-
rar grandes áreas não necessitando de conexões adi-
cionais, pois a conexão é o próprio sensor.
Assim, uma das aplicações deste tipo de sensor
é na detecção de intrusos ou em cercas. Ele também
pode ser usado como sensor de batidas, vibrações e
esforços. Uma outra aplicação é em acústica submari-
na.
Também podemos citar como aplicação o monito-
ramento de pacientes e aplicações em esportes em que
ele detecta a passagem por uma linha de chegada, por
exemplo.
A Mouser Electronics dispõe na sua linha de
produtos os cabos da Measurement Especialitys cujas
características podem ser acessadas em http://www.-
mouser.com/ds/2/418/Piezo_Spiral_Wrapped_Coaxial_Ca-
ble-736553.pdf
Os cabos normalmente são vendidos em compri-
mentos múltiplos de 1 metro e sua compra pode ser
feita no site da Mouser Electronics em: http://www.-
mouser.com/Wire-Cable/_/N-5ggl?keyword=piezo
Na figura 2 temos os aspecto desses cabos.

149
Como Funcionam os Sensores

Figura 2 – Cabos da Measurement Especialities

Dentre as características em destaque para


este cabo temos:
- Comprimento ilimitado
- Resistente à água e flexível
- Estável em temperaturas até 85ºC
- Resposta a alta tensão
- Baixa impedância por unidade de comprimento
- Interconexões simplificadas
- Reparável em campo

O uso desses sensores é simples, exigindo cir-


cuitos com componentes comuns.
A configuração mais simples faz uso de ampli-
ficadores operacionais, como a mostrada na figura 3.

Figura 3 – Amplificador para sensor coaxial

A configuração mais recomendada é a que faz


uso de um amplificador de baixo nível de ruído, con-

150
NEWTON C. BRAGA

forme mostramos, onde a fonte é simétrica com tensão


de acordo com o circuito interfaceado.
Na figura 4 temos um circuito em que uma fonte
simples é usada, mas sem a possibilidade de cancelar
a tensão offset.

Figura 4 – Circuito com fonte simples

Um circuito com transistores é mostrado na fi-


gura 5.

Figura 5 – Circuito com transistores

151
Como Funcionam os Sensores

Observe a necessidade de se colocar um resis-


tor na entrada dos circuitos da ordem de 20 M ohms
para formar o percurso para a corrente de polariza-
ção.

152
NEWTON C. BRAGA

SENSORES MAGNÉTICOS DE
ALARMES

Os sensores magnéticos consistem na melhor so-


lução para sistemas de alarmes de intrusão tanto de
uso doméstico como de qualquer outro ambiente. Veja
nesse artigo como funcionam esses sensores e como
usá-los, com alguns circuitos práticos.
Os sensores magnéticos de alarmes, como o mos-
trado na figura 1, consistem em pares de dispositi-
vos formados por um ímã e um reed-switch.

Figura 1

O reed-switch nada mais é do que uma chave de


lâminas, que pode ser acionada por um campo magnéti-
co. Conforme mostra a figura 2, na ausência do campo
magnético as lâminas permanecem afastadas uma da ou-
tra e com isso o circuito alimentado está aberto.

153
Como Funcionam os Sensores

Figura 2 – Acionamento do reed-switch

Quando o campo magnético de um ímã atua sobre


a lâmina elas se atraem e encostam uma na outra, fe-
chando o circuito. Os reed-switches usados como sen-
sores de alarmes são extremamente rápidos e eficien-
tes nos contatos, se bem que não sejam projetados
para operar com correntes intensas.
Assim, nas aplicações práticas, os reed-swit-
ches são usados para acionar circuitos de potência
com SCRs, transistores, relés e outros dispositivos
semelhantes. Para proteger uma porta, uma janela ou
um objeto qualquer contra a abertura ou remoção o
que se faz é prender o ímã na parte móvel (porta,
janela ou objeto) e o reed-switch (sensor propria-
mente dito), na parte fixa (batente ou mesa), con-
forme mostra a figura 3.

Figura 3 - Aplicação

154
NEWTON C. BRAGA

O circuito deve ser projetado para operar no


modo NF (Normalmente Fechado), ou seja, o circuito
permanece desligado quando o reed-switch está fecha-
do, ou com o ímã próximo.
Quando o ímã é afastado, o reed-switch abre e
com isso o circuito é ativado, disparando um alarme
ou sistema de aviso.
No uso desse tipo de sensor, o seu posiciona-
mento é importante pois o intruso não pode suspeitar
de sua presença, ou mesmo se suspeitar, não deve ter
acesso ao sensor. Basta ligar os fios do sensor um
no outro, ou ainda colocar um segundo ímã nas proxi-
midades para que o sistema seja inibido, e não fun-
cione, conforme mostra a figura 4.

Figura 4 – Inibindo o alarme

Veja então que numa porta ou janela, o sensor


deve ficar sempre do lado de dentro e invisível do
lado de fora. Da mesma forma, os fios usados na co-
nexão do sensor ao circuito eletrônico não devem fi-
car nem visíveis e nem acessíveis.

Sensores Metaltex
A Metaltex (www.metaltex.com.br) , além de re-
lés, solenoides e uma ampla linha de dispositivos
para automação e controle, também possui sensores
para alarmes. Dentre eles destacamos os tipos SM1000

155
Como Funcionam os Sensores

e SM2000 especialmente indicados para os circuitos


que daremos a seguir. Na figura 5 temos os aspectos
e dimensões desses sensores.

Figura 5 – Sensores em série

Esses sensores podem ser obtidos nas versões


com contatos NA (normalmente abertos) e NF (normal-
mente fechados) para o elemento que tem o reed-swit-
ch. Isso facilita o projeto de aplicações diferentes
em que o acionamento seja feito pela abertura ou fe-
chamento dos contatos.

Características:
Potência de comutação máxima: 10 W
Corrente de comutação máxima: 500 mA
Tensão de comutação máxima: 200 Vdc
Tempo de operação máximo: 0,6 ms

O Circuito eletrônico
Existem diversas possibilidades de se utilizar
circuitos eletrônicos relativamente simples para um
sistema de alarme usando sensores magnéticos. A se-
guir vamos dar alguns exemplos.
Nesses exemplos, levamos em conta que é impor-
tante também que o circuito tenha um consumo muito
baixo de energia na condição de espera, principal-
mente se for usada bateria na sua alimentação.

156
NEWTON C. BRAGA

Veja que o uso da bateria tem por vantagem o


fato de que um intruso não pode desativar o sistema
desligando a chave de entrada da energia do local.
Também deve-se prever que o circuito ele-
trônico possa admitir o uso de diversos sensores li-
gados em série, conforme mostra a figura 6.

Figura 6 – Circuito 1

Dessa forma, com um único circuito, diversos


locais podem ser protegidos ao mesmo tempo. Basta
que um dos sensores abra para que o alarme dispare.

Circuito 1
O circuito apresentado na figura 7 é bastante
simples e eficiente, tendo por principal caracte-
rística seu consumo de energia extremamente baixo na
condição de espera.
O circuito tem ainda o que se denomina “tra-
va”, muito importante nesse tipo de aplicação. Uma
vez disparado, ele assim permanece, mesmo depois que
o sensor seja novamente fechado. Para desativar ou
ressetar o alarme existe procedimentos que serão ex-
plicados mais adiante.
O SCR TIC106 pode alimentar tanto um relé como
um circuito de sirene simples que funcione com 12 V.
Para a alimentação de relé, deve-se prever que
ao ser disparado, o SCR apresenta uma queda de ten-
são da ordem de 2 V.

157
Como Funcionam os Sensores

Figura 7 – Sirene Simples

Assim, se a alimentação do circuito for de 12


v, sobre a carga aparecerão 10 V.
Nossa recomendação é que se use o circuito com
alimentação de 9 V e relé de 6 V. Os 9 V devem vir
de 6 pilhas comuns, lembrando que o consumo será
maior quando o alarme estiver disparado.
Para ressetar o alarme existe duas opções. Uma
delas consiste em se refazer as ligações dos senso-
res (todos fechados) e desligar por um momento a
alimentação.
A outra consiste em se pressionar S1 do cir-
cuito, curto-circuitando o SCR por um instante.

Lista de Material

SCR1 – TIC106 – diodo contro-


lado de silício – qualquer su-
fixo
D1 – 1N4148 – diodo de uso ge-
ral
K1 – Relé de 6 V x 100 mA –
Metaltex ou equivalente – con-
tatos conforme a carga
B1 – 9 V - fonte ou 6 pilhas

158
NEWTON C. BRAGA

R1 – 47 k ohms – resistor –
amarelo, violeta, laranja
X1 a Xn – sensores magnéticos
SM1000 ou SM2000 (Metaltex)
com contatos NA.
C1 – 100 uF x 12 V – capacitor
eletrolítico

Diversos:
Placa de circuito impresso,
fonte de alimentação ou supor-
te de pilhas, fios finos para
os sensores, caixa para monta-
gem, parafusos de fixação,
solda, etc.

Circuito 2
O circuito mostrado na figura 8 utiliza tran-
sistores em lugar de SCR, sendo que a função trava é
dada pelos contatos adicionais do relé que realimen-
ta o circuito.

Figura 8 – Circuito 2

159
Como Funcionam os Sensores

Esse circuito pode ser alimentado com tensões


de 6 V ou 12 V, conforme o relé. Recomendamos o uso
de relés Metaltex de baixo consumo (50 mA a 100 mA,
conforme a tensão).
Para desativar o alarme deve-se rearmar os
sensores e desligar a alimentação do circuito, li-
gando-o novamente depois.

Lista de Material
Q1 – BC548 ou equivalente –
transistor NPN de uso geral
K1 – Relé de 6 V com dois con-
tatos reversíveis (Metaltex)
D1 – 1N4148 – diodo de uso ge-
ral
R1 – 10 kohms x 1/8 W – resis-
tor – marrom, preto, laranja
X1 a Xn – sensores SM1000 ou
SM2000 (Metaltex)
B1 – 6 v – 4 pilhas comuns ou
fonte de alimentação – para
versão de 12 V alterar o relé
e usar fonte ou bateria
C1 – 100 uF x 16 V – capacitor
eletrolítico
Diversos:
Placa de circuito impresso ou
matriz de contatos, fonte ou
suporte de pilhas, caixa para
montagem, fios finos para os
sensores, parafusos de fixa-
ção, fios, solda, etc.

Circuito 3
Esse circuito funciona ao contrário, ou seja,
o alarme é ativado quando o reed-switch fecha os
contatos. Na figura 9 temos o seu diagrama.
A alimentação pode ser feita com 6 V ou 12 V
conforme o tipo de relé usado. Na condição de espe-

160
NEWTON C. BRAGA

ra, o consumo é muito baixo, o que permite o uso de


pilhas na alimentação.

Figura 9 – Circuito 3

Nesse caso, não existe trava, desligando o


circuito quando os sensores estiverem abertos. Veja
que nesse caso, a ligação dos sensores é feita em
paralelo. A quantidade de sensores que pode ser usa-
da nesse circuito é praticamente ilimitada e seu
comprimento também pode ser muito longo.

Lista de Material
Q1 – BC548 ou equivalente –
transistor NPN de uso geral
K1 – 6 V ou 12 V – relé sensí-
vel de 50 mA a 100 mA –
D1 – 1N4148 – diodo de uso ge-
ral
R1 – 22 k ohms x 1/8 W – re-
sistor – vermelho, vermelho,
laranja
X1 a Xn – Sensores SM100 ou
sm2000 NA (ou NF para um sis-
tema “ ao contrário)
B1 – 6 V ou 12 V – pilhas ou
fonte de alimentação, conforme
o relé usado

Diversos:
Placa de circuito impresso ou
matriz de contatos, suporte de
pilhas ou fonte de alimenta-

161
Como Funcionam os Sensores

ção, fios finos para os senso-


res, caixa para a montagem,
parafusos de fixação para os
sensores, fios, solda, etc.

Circuito 4
O que temos na figura 10 é um alarme combina-
do, em que temos tanto a ação se sensores quando fo-
rem fechados como também quando forem abertos.

Figura 10 – Circuito 4

Para maior simplicidade, usamos SCR, o que ga-


rante a trava e também um consumo muito baixo de
corrente na condição de espera. Deve também ser le-
vada em conta a queda de tensão de aproximadamente 2
V no SCR em condução.
Para o rearme, os sensores devem ser rearmados
e depois a alimentação desligada e ligada por um mo-
mento. Também pode-se usar o interruptor em paralelo
com o SCR, pressionando-o por um momento.
O único inconveniente desse circuito, que é
uma situação cuja ocorrência é altamente improvável,
é que ele não disparará se todos os sensores forem
ativados exatamente ao mesmo tempo, pois nesse caso
não haverá polarização para o SCR.

162
NEWTON C. BRAGA

Lista de material
SCR – TIC106 – diodo controla-
do de silício – qualquer sufi-
xo
K1 – Relé de 6 ou 12 V – Me-
taltex – contatos conforme a
carga a ser controlada.
D1 – 1N4148 – diodo de uso ge-
ral
R1 – 10 k ohms x 1/8 W – re-
sistor – marrom, preto, laran-
ja
B1 – 9 V – pilhas ou fonte de
alimentação
X1 a Xn – Sensores NA – nor-
malmente abertos Metaltex
Xn+1 a Xm – Sensores NF – nor-
malmente fechados Metaltex
Diversos:
Placa de circuito impresso ou
matriz de contatos, caixa para
montagem, fonte de alimentação
ou pilhas, fios finos para os
sensores, fios, solda, etc.

Circuito 5

Figura 11 – Circuito 5

163
Como Funcionam os Sensores

Na versão sofisticada de alarme da figura 11,


temos um retardo no disparo, ou seja, o alarme só
entra em funcionamento, e por um tempo programado,
depois de um intervalo após o acionamento dos senso-
res.
O retardo tem um efeito psicológico, pois pega
o intruso de surpresa quando ele já invadiu o local.
Dessa forma, ele vai procurar sair do local o mais
rápido possível, pois não terá condições de examinar
o alarme ou o sensor, que disparou.
O tempo de disparo será dado po Ra/Ca que, com
os valores indicados estará entre 10 e 20 segundos,
observando-se as tolerâncias dos componentes.
O tempo de toque do alarme, será dado por Rb/
Cb e estará entre 10 minutos e 20 minutos com os va-
lores dos componentes adotados. O leitor poderá re-
calcular esses tempos usando a fórmula;

T = 1,1 x R x C

Onde:
T é o tempo em segundos
R é o valor de Ra ou Rb em ohms
C é o valor de Ca ou Cb em farads

Não se recomenda R menor do 1 k ohms ou maior


do que 1,5 M ohms. Da mesma forma, C deve ficar en-
tre 1 nF e 1 500 uF.
Na condição de espera o consumo é muito baixo,
o que permite o uso de pilhas na alimentação, ou
ainda bateria de 12 V. O relé deve ser de 50 mA ou
100 mA com contatos de acordo com a corrente exigida
pela carga.

Lista de material
CI-1, CI-2 – 555 – circuitos
integrados – timer
Q1 – Bc548 ou equivalente –
transistor NPN de uso geral
D1 – 1N4148 - diodo de uso ge-
ral
K1 – 6 V ou 12 V – relé

164
NEWTON C. BRAGA

R1 – 10 k ohms x 1/8 W – re-


sistor – marrom, preto, laran-
ja
R2 – 22 k ohms x 1/8 W – re-
sistor – vermelho, vermelho,
laranja
Ra, Rb – ver texto
R3 – 4,7 k ohms x 1/8 W – re-
sistor – amarelo, violeta,
vermelho
R4 – 2,2 k ohms x 1/8 – resis-
tor – vermelho, vermelho, ver-
melho
C1, C2 – 1 uf - capacitores
eletrolíticos
Ca, Cb – ver texto
C3 – 100 uF x 16 V – capacitor
eletrolítico
B1 – 6 V ou 12 V - pilhas ou
fonte de alimentação

Diversos:
Placa de circuito impresso ou
matriz de contatos, suporte de
pilhas ou fonte, caixa para
montagem (opcional), fios,
fios finos até os sensores,
solda, etc.

Conclusão
Os sensores magnéticos são uma excelente opção
para a elaboração de sistemas de alarme multiponto
tanto pela sua eficiência e facilidade de instalação
como pelo seu baixo custo.
Uma outra vantagem desse tipo de sensor está
no fato dele ser imune à poluição e substâncias que
possam afetar os contatos, pois os reed-switches são
herméticos.

165
Como Funcionam os Sensores

Enfim, o uso desses sensores consiste numa so-


lução tanto para montagens caseiras de sistemas de
alarmes como também para a expansão de sistemas
existentes e para a elaboração de novos produtos.

166
NEWTON C. BRAGA

USOS PARA SENSORES ELE-


TROSTÁTICOS

Detector de Terremotos
Quando em setembro ocorreram dois fortes aba-
los sísmicos no México, noticiou-se no primeiro que
luzes teriam sido vistas no céu acompanhando o fenô-
meno. Estas luzes puderam ser vistas claramente,
dado que o primeiro abalo ocorreu à noite. Indicada
a origem do fenômeno, desperta-nos a possibilidade
de sua utilização numa forma talvez ainda não pensa-
da de se detectar abalos sismos, e que exploramos
neste artigo como um interessante trabalho de pes-
quisa. Os clarões vistos durante o terremoto do
México, conforme se explicou foram produzidos por
descargas estáticas, entre placas tectônicas, cargas
desenvolvidas pelo forte atrito que ocorreu no pro-
cesso.

Foto - https://www.geologyin.com/2017/09/the-
mysterious-flashes-light-up-sky-in.html

167
Como Funcionam os Sensores

Um primeiro link mostra uma gravação feita


disponível no Youtube.
https://www.youtube.com/watch?v=Apa_Mh2Rw28
No link abaixo temos um vídeo que mostra o
mesmo fenômeno num terremoto de magnitude 7,5 ocor-
rido na Nova Zelândia e depois no México.
https://www.youtube.com/watch?v=jTzImJ5tnCo
O fato é que este fenômeno pode ser interes-
sante para se desenvolver detectores de terremotos
que já acusem quando cargas estáticas muito grandes
se acumulam e que poderiam indicar a iminência de um
terremoto.
O estudo da eletrostática tem se limitado aos
cursos de nível médio, onde os princípios básicos
são analisados como força, carga, campo, etc. No en-
tanto, cada vez mais um bom conhecimento deste setor
da física se torna necessário na engenharia.
Dispositivos eletrostáticos e sensores se tor-
nam cada vez comum e as aplicações se ampliam.
Tivemos(2016) dois alunos nossos que foram
premiados numa feira de ciência e tecnologia (FEBRA-
CE) – apresentando um detector de tempestades apro-
veitando-se as cargas estáticas e sinais de rádio
que são produzidos quando de sua formação.
Ao que parece o mesmo princípio poderia ser
aplicado no caso dos terremotos.
Que tal sensores enterrados (placas isoladas
que atuariam como as armaduras de um capacitor) que
poderiam detectar o aumento das cargas estáticas no
subsolo indicando a iminência de um terremoto.
Estas cargas são geradas quando placas tec-
tônicas se atritam, sendo de materiais isolantes,
podem acumular gigantescas cargas, da mesma forma
que nas nuvens, podem dar origem a descargas locali-
zadas com a ionização do ar e produção de luz.
Uma sugestão para pesquisa.

168
NEWTON C. BRAGA

SENSORES, SHIELDS E PLACAS


DE DESENVOLVIMENTO PARA
BIÔNICA

Atualmente, o maker que desenvolve projetos na


área de biônica, incluindo eletrônica médica, pode
contar com uma série de recursos avançados na forma
de shields sensores, sensores isolados e placas de
desenvolvimento. Empresas como a Mouser Electronics
(www.mouser.com) contam em sua linha de produtos
placas, sensores e shields de diversos fabricantes
com características que podem ser adaptar as mais
diversas finalidades.
Com a quantidade cada vez maior de aplicações
que envolvem a interação de circuitos eletrônicos
com o meio ambiente, a disponibilidade de sensores
confiáveis é uma exigência importante. De fato se
analisarmos os sensores que hoje estão disponíveis,
vemos que existe uma preocupação crescente com as
características relacionadas com o sensoriamento am-
biente. Neste artigo vamos tratar um pouco desse as-
sunto.
Hoje em dia, os desenvolvedores de projetos
que estejam relacionados com o sensoriamento ambien-
tal tem uma preocupação adicional importante no seu
trabalho: escolher o sensor que se adapta as exigên-
cias de sua aplicação.
De fato, um sensor de gás que seja projetado
para uma aplicação indústria pode não ter as carac-
terísticas exigidas para uma aplicação ambiental.

169
Como Funcionam os Sensores

Sua prontidão, resistência ao ambiente, tipo de sen-


soriamento podem ser diferentes.
Assim, não basta saber que tipo específico de
sensor é necessário a uma aplicação, mas também onde
e como ele vai ser usado. Isso significa que o pro-
jetista deve estar apto a analisar algumas caracte-
rísticas que podem fugir a sua habilidade em traba-
lhar com tecnologia pura.
O conhecimento das ciências ambientais envol-
vidas, de biologia, botânica ou até mesmo a química
são exigidos em muitos casos o que pode levar o de-
senvolvimento do projeto e uma série de problemas
que precisam ser resolvidos.
Não raro, profissionais de outras áreas que
não sejam a da engenharia especificamente precisarão
ser consultados ou mesmo acionados. É claro que, se
o profissional tiver um conhecimento da área espe-
cífica, será muito melhor.
Em nossos artigos temos salientado a impor-
tância de profissionais da engenharia adquirem habi-
lidades em áreas próximas que se relacionem com seu
campo de trabalho. Um engenheiro que trabalhe numa
empresa que desenvolve produtos para a agricultura
deve ter um conhecimento mínimo de botânica e mesmo
química. O engenheiro que desenvolve projetos ele-
trônicos na área de pecuária deve ter conhecimentos
mínimos de fisiologia animal.
A tecnologia está a cada dia se especializando
mais e sensores específicos para aplicações nessas
áreas que envolvem o meio ambiente, a pecuária, a
agricultura, o clima são cada vez mais comuns. Ana-
lisando o catálogo de produtos oferecidos pela Mou-
ser Electronics encontramos muitos produtos espe-
cíficos que podem ser muito interessantes para um
projeto.
Desta forma, neste artigo, selecionamos alguns
deles que podem inclusive servir de ponto departida
para os makers que deseja criar coisas novas neste
campo.

170
NEWTON C. BRAGA

Sensores Ambientais importantes


Na área de sensoriamento ambiente extem diver-
sas grandezas físicas que podem ser trabalhadas por
sensores e transdutores, fornecendo informações im-
portantes para circuitos de processamento. Essas
grandezas são principalmente:
- Intensidade de Luz
- Composição química
- Presença de poluentes
- Umidade
- Temperatura

HDC2080 – Sensor Digital de Umidade e


Temperatura
Uma característica importante deste sensor e
que ele possui um elemento de aquecimento que ajuda
a dissipar a umidade e condensação que podem afetar
as medidas. O sensor da Texas Instruments apresenta
ainda um consumo extremamente baixo e pode ser ali-
mentado com tensões de1,62 V a 3,6 V. No estado
sleep seu consumo é de apenas 50 nA. Na faixa de
umidade de 0% a 100% sua precisão é de 2%. O leitor
pode acessar mais informações sobre esse componente
em: https://br.mouser.com/new/texas-instruments/ti-
hdc2080-digital-sensor?
utm_source=newtoncbraga&utm_medium=display&utm_cam-
paign=book_pt&utm_content=sensores

171
Como Funcionam os Sensores

Figura 1 – O HDC2080

Para o desenvolvimento de projetos com este


componente a Texas Instruments disponibiliza uma
ferramenta de desenvolvimento que pode ser acessada
na mesma página.

Sensor de solo STEMMA


Este sensor da Adafruit consiste numa solução
capacitiva para a medida das condições de solo sem a
necessidade de circulação de corrente. Este fato é
importante em aplicações onde uma corrente no solo
pode ter efeitos galvânicos que afetam as plantas,
por exemplo, em vasos de cultura. Sendo capacitivo,
o sensor não precisa da circulação de correntes. O
sensor fornece leituras digitais de 200 para um solo
muito seco a 2000 para um solo muito úmido.
Outra característica deste sensor ambiental é
que ele não possui partes metálicas expostas e além
disso possuem um sensor de temperatura integrado. O
sensor foi criado para operar com o microcontrolador
ATSAMD10. No link dado a seguir o leitor pode obter
mais informações. https://br.mouser.com/new/ada-
fruit/adafruit-stemma-soil-sensor?utm_source=new-
toncbraga&utm_medium=display&utm_campaign=book_pt&ut
m_content=sensores

172
NEWTON C. BRAGA

Figura 2 – STEMMA – sensor capacitivo de umidade de


solo

BME280 – Sensor de Umidade e Pressão


Este sensor da Bosh foi desenvolvido especifi-
camente para aplicações que exigem baixo consumo e
miniaturização. A unidade possui sensores de alta
precisão num invólucro único e tem um consumo de
apenas 3,6 uA com uma frequência de amostragem de 1
Hz. A parte de pressão inclui um sensor barométrico
de alta precisão e resolução. Alimentado por tensões
de 1,71 a 3,6 V ele tem aplicações em meteorologia,
condições ambientes, desidratação de ambientes, ven-
tilação, ar condicionado etc. Acesse informações em:
https://br.mouser.com/new/bosch/bosch-bme280?
utm_source=newtoncbraga&utm_medium=display&utm_cam-
paign=book_pt&utm_content=sensores

Sensortech SGX – Sensor Integrado in-


fravermelho de Gás
Este sensor digital infravermelho de gás da
Amphenol foi projetado para aplicações em mineração,
ambientes perigosos monitoramento da qualidade do ar
e controle se saúde e segurança em ambientes indus-
triais. O dispositivo possui o software e hardware
necessários à operação em baixa tensão consumindo
menos de 32, mA tipicamente. O leitor pode acessar
informações completas, inclusive datasheet no ende-

173
Como Funcionam os Sensores

reço: https://br.mouser.com/new/amphenol/amphenol-
sgx-sensortech-integrated-ir-sensors/?
utm_source=newtoncbraga&utm_medium=display&utm_cam-
paign=book_pt&utm_content=sensores

Figura 3 – Sensor de gás daSGX Amphenol

DS18B20 – Sensores à prova d´água


A Maxim disponibiliza seus sensores DS10B20 à
prova dágua através de diversos fornecedores já in-
cluindo pinagem, fios, comprimento dos cabos e diâ-
metro. Estes sensores, que incluem informações domo
a Adafruit, DF Robot, DF Robot compatível com Ardui-
no, Sparkfun e outros podem ser acessados no site:
https://br.mouser.com/new/sparkfun/ds18b20-water-
proof-sensors?
utm_source=newtoncbraga&utm_medium=display&utm_cam-
paign=book_pt&utm_content=sensores
Além dos sensores podemos incluir na lista de
produtos relacionados com o meio ambiente os LEDs,
amplamente usados na agricultura e os dispositivos
sem fio que permitem o monitoramento a distância de
eventos como, por exemplo, os que fazem uso da tec-
nologia LoRa.

174
NEWTON C. BRAGA

OUTROS MAIS DE 160 LIVROS


DE ELETRÔNICA E TECNOLOGIA
DO INCB

Para você conhecer os outros livros sobre ele-


trônica do Instituto Newton C. Braga.
Acesse :
http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/li-
vros-tecnicos

Ou fotografe o QR abaixo:

175

Você também pode gostar