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1.1 Transformacées de energia num sistema mecanico redutivel ao seu centro de massa Para analisar a energia é necessario confinar 0 estudo a um corpo, a uma regio ou a um con- junto de particulas, ou seja, ao objeto de estudo que, em termos fisicos, é designado sistema. Qualquer que seja a forma como a energia se ma~ nifeste (quimica, nuclear, térmica, mecanica, elé- trica ou magnética) a sua unidade no ST o joule (3) © podem considerar-se apenas duas formas basi- cas de energi * Energia potencial (£,), energia armazenada num sistema em consequéncia da posigio rela~ tiva dos seus elementos e interacgdes entre eles. Sao 0s casos das: energia potencial elétrica, de- vida a interacio entre particulas com carga elé- trica como os eletrdes; energia potencial elas- tica, devida a alteracdo da forma de uma mola e energia potencial gravitica (E,.), devida a posi- a0 relativa do corpo em relacdo a Terra. * Energia cinética (E.), energia associada ao es- tado de movimento de um objeto. E dada pela expressai A energia cinética é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade, por isso a linha de um grafico E,=f (v’) é uma reta que passa pela ori- gem, sendo 0 declive igual a. A linha de um grafico E, (v) 6 uma parabola. é e, v v A soma da energia cinética com a energia poten. cial de um sistema designa-se energia mecinica (,) de um sistema. [Eeete, A energia interna é a soma da energia potencial interna com a energia cinética interna. Quanto maior a massa, maior 0 niimero de interacée: maior a energia potencial interna. Quanto maior a temperatura, maior a agitacdo das particulas ¢ maior a energia cinética média interna dessas particulas. A soma da energia mecanica, macroscépica, coma energia interna, microscépica, corresponde i energia total de um sistema. Os sistemas em que as variacdes de energia in- tera no sio tidas em conta, ou seja, em que s° estudam apenas alteragdes na energia mecénica sio designados sistemas mecanicos. Oestudo de um sistema mecanico indeformavel que possua apenas movimento de translacao pode ser reduzido ao de uma nica particula com massa do sistema, estando a particula localizada num ponto designado centro de massa. Este mo delo tem a designagao de modelo da particul? material. 1.2 0 trabatho como medida da energia transferida por acao de forcas ‘A transferéncia de energia do sistema para 0 ex- terior, ou do exterior para o sistema, pode ser feita através da aplicagéo de uma forca (F), uma grandeza fisica vetorial que resulta da interacao entre dois corpos. Entre as varias forcas que podem ser aplicadas destacam-se, por serem mais frequentes: * a forca normal (17), uma forca que a superficl® do chao exerce no corpo, sempre que 0 o!?? esteja em contacto com o chao, e é perpendict" lar a superficie; * a forga de atrito (), uma forca que a superfi- cie exerce no corpo e que contraria 0 movi- mento entre 0 corpo e a superficie, é sempre paralela & superficie e tem o sentido contririo 20 movimento; «a resisténcia do ar (&,), que atua no sentido contrétio ao movimento e resulta do movimento do corpo através do ar; +a forca gravitica (F), ou, vulgarmente, peso do corpo que resulta da forga atrativa que a Terra exerce sobre todos os corpos com massa. A forga gravitica apresenta uma diregao, que cor- responde sempre a vertical do lugar, um sentido, dirigido para o centro da Terra, um ponto de apli- cago, no centro de massa do corpo e uma inten- sidade dada por: 1, Forca constante que atua na mesma direcdo sentido do deslocamento do corpo. a Onde 0 médulo da aceleragdo gravitica (9), tem um valor aproximado de 10 m s”, podendo cot derar-se constante para pequenos deslocamentos proximos da superficie terrestre. Quando ha energia transferida entre o sistema e 0 exterior, através da aplicacéo de uma forca, diz-se que ha trabalho (W) realizado pela forga. Para isso, tem que haver deslocamento do sistema e tem de existir uma componente dessa forca na diregao do deslocamento: W;=F Arcos 0 trabatho realizado & maximo, em valor abso- luto, quando a forca tem a direcao do desloca- mento como acontece, nas situagdes 1 e 2. Na ultima situacdo, a transferéncia de energia serd tanto maior quanto maior for a componente da forca na direcao do deslocamento F. 2, Forca constante que atua na mesma diresdo, mas sentido oposto ao deslocamento do corpo. A forca realiza um trabalho positivo, o sistema recebe energia - trabalho potente e maximo. 3. Forca constante que atua numa direcdo per- pendicular ao deslocamento do corpo. At A forga realiza um trabalho negativo, o sistema cede energia - trabalho resistente e maximo. 4, Forga constante que atua segundo um angulo aem relagao a diregao do deslocamento do corpo. ‘A forca nao realiza trabalho, 0 sistema nem re~ cebe nem cede energia - trabalho nulo. Se 0° << 90°, a forca realiza um trabalho po- sitivo e o sistema recebe energia - trabalho potente. Se 90° < a <180°, a forca realiza um trabalho negativo e o sistema cede energia - trabalho resistente. No caso particular do peso, que Num plano inclinado Wz = Wi,,=F, Ar cos atua em todos os sistemas com massa, 0 trabalho realizado pelo peso é negativo na su- be bida (resistente), positive na (OPC descida (potente), nulo no movimento horizontal e inde pendentemente da trajetéria, 8 dependendo apenas da variacdo da altura (Ah). Para movimentos A determinagao do angulo « entre o peso ¢ 0 deslocamento num proximos da superficie, pode ser plano inclinado é mais facil se se representar 0 sistema de forcas Geterminado pela expressio: nas extremidades do plano inclinado. a] ida): «= 90° — 0 = aia De A para B (descida): o B L De B para A (subida): «= 90° + 0 Num sistema, como o representado na figura seguinte, sujeito a varias forcas, o trabalho total, que cor responde ao trabalho da resultante das forcas (Ws) aplicadas sobre o corpo, pode ser determinado: ~ pela soma dos trabalhos realizados por cada uma das forcas apli- cadas: Wa= DW = Wet We + Wat We ou ~ a partir da intensidade da resultante das forcas do conjunto de forgas que atuam no corpo: Wz=F, Ar cos or, onde a 6 0 angulo que a forca resultante faz com o deslocamento. 1.3 Teorema da energia cinética De acordo com 0 Teorema da Energia Cinética, a variagdo da energia cinética é igual ao trabalho d2 resultante das forcas aplicadas num sistema redutivel a uma particula. * Sea particula cede energia: W; <0 => AF, <0 => E, , AE, =0 => E, ,=E. , (0 médulo da velocidade mantéx"™ -se constante), 0 facto de o trabalho da orca resultante ser nulo pode nao implicar que as forcas aplicadas nao realize" trabalho, mas sim que os seus trabalhos se anulam., 1.4 Forcas conservativas e forcas nao conservativas considera-se uma forca conservativa quando 0 trabalho realizado pela forca para mover uma par- ticula entre duas posigdes ¢ independente da tra- jet6ria do movimento e nulo se essa trajetoria for fechada. ‘io exemplos, a forga gravitica e a forca elastica. Forga nao conservativa é toda a forca cujo traba- tho realizado numa trajetéria fechada é nao nulo. Sio exemplos, a resisténcia do ar e a forca de atrito. ‘A energia potencial gravitica de um sistema Terra + corpo, resultante da interacao atrativa entre corpos com massa por agdo da forca gravi- tica é diretamente proporcional a altura, medida em relacdo a um nivel de referéncia, podendo de- terminar-se pela expresso: | Ey=mgh Acenergia potencial gravitica nao é uma grandeza absoluta, pois o seu valor depende do nivel de referéncia escolhido, que vai determinar o valor 1.5 conservacao da energia mecanica da altura h onde se vai considerar que a energia potencial gravitica é zero. 0 trabalho realizado pelo peso é simétrico da va~ Tiagdo da energia potencial gravitica: W,=-AE,, Esta relagéo verifica-se qualquer que seja 0 tipo de movimento ou trajetéria de um corpo: #0 trabalho realizado pelo peso de um corpo numa subida é negativo e traduz-se num au- mento da energia potencial gravitica do sistema corpo + Terra: Movimento ascendente => h,>h, => E,, aumenta => AE,,>0 => Wz<0 *0 trabalho realizado pelo peso de um corpo numa descida é positivo e traduz-se numa dimi nui¢do da energia potencial gravitica do sis- tema corpo + Terra: Movimento descendente => hy £,, diminui => AE,,<0 => Wz>0 1.6 'Variacao da energia mecanica De acordo com o Teorema da Energia Cinética: Numa particula material em que atuam apenas forgas conservativas ou em que, para além das forgas conservativas, atuam forgas no conserva- tivas que no realizam trabalho: EAE AE, =0 = Fy = constants | Ha conservagéo da energia mecanica, ocorrendo apenas a transformagao de energia potencial gra- vitica em energia cinética e vice-versa. 2 AE, > ~AF y+ We, = AE, Numa particula material em que atuam forcas nao conservativas: ose Wi,..>0 => AE,>0 => E, aumenta #se We, <0 => AE,<0 => £, diminui Estas tiltimas, como 0 caso da forca de atrito ou da resisténcia do ar, dizem-se dissipativas pois provo- cam uma diminuigdo da energia mecanica por dis- sipagdo de energia na particula onde atuam.

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