Você está na página 1de 11

PROJETO “CONSTRUTOR DE HISTÓRIAS”

2021/2022

Dinamizadores: Alunos do 5º B e 3º anos do


Agrupamento
De Escolas de Fragoso
I Capítulo

Maria era uma menina linda, de cabelos ruivos e brilhantes como ouro e
olhos verdes cristalinos como água. Tinha dez anos, feitos num dia de primavera
e fazia lembrar um botão de rosa dos que despontam nas manhãs de sol e de
orvalho e que depois se abrem num rosa matizado, luminoso e perfumado.

Frequentava a escola de Fragoso, tal como os seus irmãos mais velhos.


Era uma aluna atenta, aplicada e muito estudiosa. Apesar de ser muito
inteligente e meiga, tinha poucos amigos. Quase ninguém queria brincar com ela
porque Maria era diferente.

(Diferente? Todos somos diferentes!…)

Só era diferente porque tinha nascido com uma informação genética


especial - não crescia como os seus irmãos e os seus colegas. Era anã.

Por isso, habituou-se a passar os dias na escola sozinha e a sua paixão


eram as flores, especialmente as que cresciam no campo: os malmequeres e os
dentes-de-leão. Os intervalos, passava-os a colher malmequeres para fazer
colares e para pedir desejos…e na sua cabeça pensava “Gostava de ter amigos
que brincassem comigo”. “Gostava que vissem que sou apenas mais baixinha…”

E, absorta nestes pensamentos, começou a desfolhar um grande


malmequer que encontrou:

- Bem me quer…mal me quer…bem me quer…mal me quer…bem me


quer…foi interrompida por um som de ervas a mexer. Levantou os olhos e viu
um colega que vinha procurar uma bola atirada do outro lado do campo.
II Capítulo

Reparou na Maria, ali sozinha e perguntou-lhe:


- O que estás aqui a fazer sozinha? Estás perdida?

- Não estou perdida, apenas estava a brincar com os malmequeres. -

respondeu Maria.

- E tu, como te chamas? – perguntou a menina.

- Eu chamo-me João. Queres jogar à bola comigo? – perguntou o menino.

- E tu queres que eu brinque contigo? – perguntou Maria.

- Claro! Porque é que fazes esta pergunta? – questionou o João.

- Porque ninguém quer brincar comigo. Dizem que sou pequenina e que

não consigo fazer nada bem- respondeu tristemente Maria.

- Nada disso! Vem comigo procurar a bola que caiu para estes lados.

E lá foram os dois procurar a bola de futebol que estava perdida entre uns

arbustos à beira do lago.

A Maria muito entusiasmada remexeu os arbustos e encontrou a bola,

mas não a conseguia alcançar e muito pausadamente referiu:

- Nada consigo alcançar…

- Com a nossa ajuda tudo irás conseguir. – declarou o João pegando na

bola.

- Maria, fala-me de ti para te conhecer melhor. – afirmou o petiz.

- A minha família é muito pobre!... Mas eu tenho um sonho. Gostava tanto

de ser uma princesa, apesar de ser pequenina.

- Maria, as pessoas não se medem aos palmos. – comentou o menino. Tu

poderás ser uma princesa da Escócia. Tens a pele branquinha como a neve e
ainda por cima tens o cabelo ondulado da cor do fogo, o que me fazes lembrar

a princesa Mérida do filme Brave. – continuou o João.

-Ah!Ah!Ah!… riram os dois meninos com grande entusiamo.

III Capítulo
O tempo passou e quando deram por ela já era tarde e estava a escurecer.

Eles ficaram preocupados, porque as aulas podiam já ter terminado e podiam ter

fechado a escola.

- O que é que fazemos agora? – perguntou a Maria.

- Fica calma, Maria! Vamos conseguir sair daqui. - respondeu o novo

amigo.

Os dois caminharam devagar, porque a Maria não podia correr, até ao

edifício da escola e já não havia ninguém nas salas de aula. Os colegas, com a

confusão de ir para o autocarro, não deram pela falta da Maria e do João.

Apenas o Sr. Afonso que era o condutor do autocarro se apercebeu que

faltava a Maria, porque ela era pequenina e ele, todos os dias, a ajudava a subir

e a descer os degraus das escadas do autocarro.

- Onde é que está aquela menina baixinha que eu ajudo todos os dias?

Ela de manhã veio no autocarro e agora não aparece…

Foi uma confusão enorme.

De repente, toda a gente ficou aflita e começou a procurar a menina.

Viram nas salas, na casa de banho, na biblioteca, na sala de jogos, na cantina e

até no campo de basquetebol… mas nada da ruivinha…

IV Capítulo
Entretanto, a Maria e o João foram até ao estacionamento onde estava o

autocarro. O Sr. Afonso viu os dois amigos e, num tom de alívio, perguntou-lhe:

- Onde estavam?! Já procurámos por todo o lado!

- Estávamos à procura da bola! – exclamou a Maria.

O Sr. Afonso disse, num tom de desabafo:

- Deixaram-nos muito aflitos! Por favor, não voltem a fazer isto! Tenham

mais atenção às horas do autocarro. Vejam se na próxima vez são mais pontuais

e responsáveis.

- Desculpe senhor motorista, não volta a acontecer. – disse Maria

educadamente.

Estava a ficar tarde e o Sr. Afonso chamou todas as crianças para o

autocarro.

O João e a Maria pediram desculpa por terem deixado toda a gente

preocupada. Todos compreenderam que foi um momento muito especial para a

Maria e desculparam os dois amigos.


V Capítulo

Depois de todos se acalmarem, o Sr. Afonso rodou a chave do autocarro,


mas… o autocarro não pegou. Foi ver, então, o motor e não sabia resolver. Ligou
a um amigo mecânico que era conhecido por Sr. Alicate pois andava sempre
com alicates no cinto.
- Olá Alicate!
Estou à porta da escola
de Fragoso, com o
autocarro cheio de
crianças e ele não pega.
Podes-me ajudar,
amigo?
- Sim, Afonso.
Vou já para aí. –
respondeu o Sr. Alicate.
Assim que
chegou o mecânico
amigo, foi logo ver o que
se passava com o
autocarro. Reparou que
uma peça do motor
tinha saído do sítio e
tentou colocá-la.

- Que chatice! Não chego lá! – comentou o Sr. Alicate um pouco irritado.
- Que precisas? – perguntou o Sr. Afonso.
- De mãozinhas mais pequenas! – disse em tom de brincadeira o Sr.
Alicate.

Nessa altura, o Sr. Afonso teve uma ideia. Foi ao autocarro, onde todos
estavam no telemóvel a jogar ou a mandar mensagens e chamou a Maria para
resolver o problema.
- Maria, anda comigo, precisamos da tua ajuda! – disse o Sr. Afonso.
Todos os colegas ficaram espantados por chamarem a Maria.
Foi então que o mecânico explicou à Maria o que tinha de fazer e ela com
as suas mãozinhas habilidosas conseguiu arranjar.
O Sr. Afonso voltou a rodar as chaves e, desta vez, o autocarro pegou.

Depois desta aventura todos regressaram a casa com pensamentos


diferentes sobre a colega Maria. Por isso, no dia seguinte, todos os alunos
quando passavam por ela cumprimentavam-na e falavam da boa ação que teve.
A partir daquele momento, a Maria passou a ser tratada de igual forma e
encontrou novos amigos como o João.

Vitória, Vitória! Acabou a história!

Você também pode gostar