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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

BACHARELADO EM MEDICINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

MATHEUS DE SOUSA ALVES

TRABALHO VIVÊNCIAS IV
Como um médico atua nos 3 níveis de prevenção?

TERESINA
2024
COMO UM MÉDICO ATUA NOS 3 NÍVEIS DE PREVENÇÃO?

Antes de tudo, é fundamental compreender o conceito de "História Natural da Doença"


(HND), que se refere à descrição da progressão contínua de uma enfermidade em um
indivíduo desde o momento da exposição aos agentes causadores até a recuperação ou óbito.
A "História Natural da Doença" constitui um dos elementos essenciais da epidemiologia
descritiva.

No âmbito da HND, há uma distinção clara entre dois períodos: o epidemiológico e o


patológico. No primeiro, o foco reside nas relações entre a suscetibilidade do indivíduo e o
ambiente, enquanto no segundo, são relevantes as modificações ocorridas no organismo vivo.

Do ponto de vista epidemiológico, é possível identificar quatro fases de evolução, cada uma
associada a diferentes níveis de prevenção por meio de ações de saúde:

1) Fase inicial ou de susceptibilidade: Nesta fase, a doença ainda não se


manifestou, mas já existem condições que propiciam o seu surgimento, como hábitos
que podem facilitar ou dificultar danos à saúde.

2) Fase patológica pré-clínica: Nesse estágio, a doença ainda não apresenta


sintomas perceptíveis, embora o organismo já apresente alterações patológicas. Esta
fase abrange desde o início do processo patológico até a manifestação dos primeiros
sintomas.

3) Fase clínica: Esta fase corresponde à expressão clínica da doença, indicando


que ela atingiu um estágio avançado. Pode ser classificada como leve, moderada,
grave ou crônica, dependendo da intensidade dos sintomas.

4) Fase de incapacidade: Caso a doença não progrida até a morte ou não seja
completamente curada por meio de procedimentos terapêuticos, as alterações
anatômicas e funcionais se estabilizam. Esta fase é caracterizada pela reabilitação e
adaptação às sequelas pelo paciente.

Nesse sentido, do ponto de vista epidemiológico pode-se distinguir essas 4 fases de evolução,
associados por sua vez à distintos níveis de prevenção por ações de saúde:

1) Fase inicial ou de susceptibilidade  Prevenção primária;


2) Fase patológica pré-clínica  Prevenção secundária;
3) Fase clínica  Prevenção secundária;
4) Fase de incapacidade  Prevenção terciária.

A Prevenção Primária compreende uma série de estratégias destinadas a evitar o surgimento


de doenças, lesões ou problemas de saúde na comunidade. Seu principal objetivo é reduzir a
incidência de doenças e promover o bem-estar geral da população. Esta abordagem concentra-
se na redução dos fatores de risco conhecidos e no aumento dos fatores protetores associados
a uma determinada condição de saúde, caracterizando-se como um estágio "pré-clínico".

A Prevenção Secundária atua na detecção precoce de doenças em estágios iniciais, visando


o início imediato do tratamento e, consequentemente, a obtenção de melhores resultados de
saúde. Em casos de doenças infecciosas, essa forma de prevenção também atua no controle da
disseminação e minimização dos efeitos negativos a longo prazo.

Nesta categoria incluem-se todos os programas de rastreamento recomendados pelo


Ministério da Saúde. Os testes de rastreamento são realizados em uma população específica
que não apresenta sintomas, permitindo diagnósticos precoces e melhorando os desfechos de
saúde ao reduzir a morbidade e a mortalidade.

A Prevenção Terciária destina-se a indivíduos que já são portadores de doenças agudas ou


crônicas, visando reduzir as perdas funcionais e outros danos. A prevenção de complicações
concentra-se em programas de reabilitação, planejamento de cuidados a longo prazo e
monitoramento para avaliar a progressão das doenças subjacentes. Neste nível de prevenção à
saúde, são incluídos os cuidados paliativos, focados no bem-estar psicossocial mesmo diante
de prognósticos negativos.

Logo, no que diz respeito às ações que podem ser realizadas por médicos, temos:

Prevenção Primária (Fase de Susceptibilidade):

 O médico se envolve em ações de promoção da saúde e proteção específica.


 Recomendações para a adoção de medidas de higiene pessoal, vacinação e
aconselhamento sobre fatores de risco.
 Participação na implementação de medidas como quarentena, promoção da
alimentação saudável, exercícios regulares e abstinência do tabaco.
 Fornecimento de informações e orientações para a utilização de equipamentos de
proteção individual nos ambientes de trabalho.

Prevenção Secundária (Fase Patológica Pré-clínica e Fase Clínica):

 Na fase pré-clínica, o médico realiza intervenções de diagnóstico precoce, como testes


de rastreamento (screening), exames periódicos de saúde e procura de casos entre
pessoas que tiveram contato com portadores de doenças transmissíveis.
 Durante a fase clínica, o médico implementa medidas de prevenção secundária, como
tratamento adequado para interromper o processo mórbido e evitar complicações e
sequelas.
 Garantia do acesso da população aos serviços de saúde em tempo hábil para
diagnóstico e tratamento.

Prevenção Terciária (Fase de Incapacidade Residual):

 Na fase de incapacidade residual, o médico se envolve em ações de prevenção


terciária, focando na reabilitação e adaptação ao ambiente.
 Prestação de serviços de reabilitação em nível hospitalar ou ambulatorial para
reeducação e treinamento.
 Facilitação da utilização máxima das capacidades restantes por meio de terapia
ocupacional.
 Participação na fabricação e distribuição de órteses e próteses, quando necessário.
 Envolvimento em medidas de reabilitação psicossocial para melhorar a qualidade de
vida do paciente.

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