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Da Imputabilidade Do Psicopata - Michele O. de Abreu
Da Imputabilidade Do Psicopata - Michele O. de Abreu
de Abreu
Produção Editorial
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
Abreu, Michele O. de
A162i Da imputabilidade do psicopata / Michele O. de Abreu. – 3. ed. rev., atual. e ampl. – Rio
de Janeiro : Lumen Juris, 2023.
Inclui bibliografia
Epub 1425kb
ISBN 978-85-519-2705-2
1 SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: Editora L& PM., 2019. pp. 58-59.
2 CAMPOS, Walfredo Cunha. Tribunal do Júri, Teoria e Prática. 8. ed. Leme/SP: Mizuno, 2022.
Página 434
3 Obras completas do Padre Antônio Vieira. Sermões. Porto: Lello & Irmão Editores, 1959. p. 20.
Prefácio
2ª. Edição
Nasci com o diabo dentro de mim. Não pude evitar o fato de ser um assassino, da mesma
forma que o poeta não consegue impedir a inspiração de se expressar... Nasci com o mal
sendo meu tutor ao lado da cama onde fui trazido ao mundo, e desde então ele tem estado
comigo.
(H. H. Holmes, conhecido como o primeiro serial killer americano, executado em 1986)1.
1.4.2.1 Impulsividade
A impulsividade no psicopata retrata a figura do indivíduo que, apesar de
racional e consciente dos atos e das respectivas consequências, é capaz de
praticá-los sem considerá-las, apenas desejando obter satisfação
momentânea.
Se os atos são propícios para lhe dar uma sensação de prazer ou apenas
um obstáculo para alcançar seu intento, ele os pratica sem qualquer pudor.
Situação inversa acontece quando esse sentimento é superado; o psicopata é
capaz de largar tudo sem qualquer explicação.
Essa característica indica que o psicopata tende a viver apenas as
satisfações que o momento presente pode lhe proporcionar.
Imprescindível destacar que a impulsividade não lhe retira a consciência
dos atos praticados e dos que pretende praticar, já que o psicopata traça
muito dos seus passos de modo premeditado.
O CID-10 ressalta, acertadamente, que a prática dos atos isolados não tem
o condão de, por si só, permitir o diagnóstico do transtorno em questão. Os
atos antissociais devem estar presentes de modo duradouro e, ao menos, por
seis meses. Outrossim, é necessário considerar o comportamento médio e o
nível de desenvolvimento do menor.
Com o advento do DSM-V, o transtorno de conduta passou a integrar o
capítulo Transtornos Disruptivos, Do Controle de Impulsos e de Conduta
junto ao transtorno de oposição desafiante, transtorno explosivo
intermitente, transtorno da personalidade antissocial, piromania,
cleptomania, outro transtorno disruptivo, do controle de impulsos e da
conduta especificado e transtorno disruptivo do controle de impulsos e da
conduta não especificado.
Na lição do DSM-V-TR, transtorno da conduta é:
A. Um padrão de comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos
básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para a idade,
tal como manifestado pela presença de ao menos três dos 15 critérios seguintes, nos últimos
12 meses, de qualquer uma das categorias adiante, com ao menos um critério presente nos
últimos seis meses:
Destruição de Propriedade
8. Envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndios com a intenção de causar
danos graves.
9. Destruiu deliberadamente propriedade de outras pessoas (excluindo provocação de
incêndios).
Falsidade ou Furto
10. Invadiu a casa, o edifício ou o carro de outra pessoa.
11. Frequentemente mente para obter bens materiais ou favores ou para evitar obrigações
(i.e., “trapaceia”).
12. Furtou itens de valores consideráveis sem confrontar a vítima (p. ex., furto em lojas,
mas sem invadir ou forçar a entrada; falsificação).
1 Frase declarada por H. H. Holmes, também conhecido como Herman W. Mudgett (ROLAND, Paul.
Por dentro das mentes assassinas: a história dos perfis criminosos. Tradução de Antônio Fiel
Cabral. São Paulo: Madras, 2010, p. 20).
2 Compartilham desse entendimento Jorge Trindade, Andréa Beheregaray e Mônica Rodrigues
Cuneo, ao estabelecerem criteriosamente a distinção entre as duas expressões: “Psicopatas, além
de apresentarem as características proeminentes do Transtorno de Personalidade Antissocial
(TPAS), possuem significativo comprometimento afetivo e das relações interpessoais. 1.
Psicopatas tendem a serem mais insensíveis e, portanto, mais violentos. Agem com mais crueldade
e são mais devastadores. São mais predadores e destrutivos das relações e vêem as suas vítimas
como presas. Possuem um prognóstico ainda mais sombrio e pessimista do que indivíduos com
Transtorno de Personalidade Anti-social. 2. Psicopatas não conseguem fazer vínculos afetivos
verdadeiros e tendem a manipular os outros para obter vantagem para si” (TRINDADE, Jorge;
BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a máscara da justiça. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2009, pp. 101-102). Hilda Clotilde Penteado Morana destaca que
Robert D. Hare não coaduna com o entendimento de que tais expressões são sinônimas.
“Acrescenta que, no ano de 1980, com a publicação do DSM-III, ‘psicopatia’ tornou-se sinônimo
de transtorno anti-social de personalidade. [...] Seu argumento baseou-se na consideração de que é
mais fácil identificar condutas peculiares que se relacionam a um distúrbio de personalidade do
que encontrar a dinâmica subjacente. Em outras palavras, caracterizar um aspecto explícito da
conduta de um sujeito implica maior confiabilidade do que entender a disposição psíquica
específica. O resultado foi, segundo o autor, um diagnóstico com elevada confiabilidade e
duvidosa validade”. De acordo com a autora, as classificações ora defendidas (Transtorno Global e
Transtorno Parcial de Personalidade) podem ser consideradas como uma expressão defendida por
Robert D. Hare, ao estabelecer as figuras do psicopata e do não psicopata (MORANA, Hilda
Clotilde Penteado. Identificação do ponto de corte para a escala PCL-R (Psychopathy
Checklist Revised) em população forense brasileira: caracterização de dois subtipos de
personalidade; transtorno global e parcial. São Paulo. 178p. Tese (Doutorado). Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo (USP), 2003, p. 34). Em 1973, Robert D. Hare já
mencionava que o termo seria de difícil uso e que, na prática, seria algumas vezes substituído por
‘sociopatia’ ou ‘personalidade sociopática’. No entanto, destacou que o antigo e mais popular
termo ‘psicopatia’ ainda tem popularidade e é geralmente usado para indicar a categoria do
diagnóstico (HARE, Robert D. Psicopatia: teoria e pesquisa. Tradução de Cláudia Moraes Rêgo.
Rio de Janeiro: Livros técnicos e Científicos Editora S.A, 1973, p. 04.).
3 (GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana Teixeira.
São Paulo: Paulinas, 2005, p. 34).
4 MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Identificação do ponto de corte para a escala PCL-R
(Psychopathy Checklist Revised) em população forense brasileira: caracterização de dois
subtipos de personalidade; transtorno global e parcial. São Paulo. 178p. Tese (Doutorado).
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (USP), 2003, p. 04.
5 MARTINS, Waldemar Valle (coord.) Dicionário de psicologia. São Paulo: Loyola, 1982, p. 166.
6 MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Reincidência criminal: é possível prevenir? De jure: Revista
Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte. n. 12, pp. 140-147,
jan.-jun. 2009. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/28054. Acesso em: 17
mar. 2010, p. 142.
7 Conforme se abstrai do julgamento de Agravo em Execução Penal (TJ-MS - EP:
16029694320228120000 Dourados, Relator: Des. Jairo Roberto de Quadros, Data de Julgamento:
15/07/2022, 3ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 19/07/2022), foi negado o benefício da
progressão de regime ao condenado que não teve preenchido o requisito subjetivo, conforme
dispõe o art. 112 da Lei das Execuções Penais. Segundo o exame criminológico realizado, o expert
atestou que o recorrente “demonstrou um perfil dissocial, indiferente, insensível, sem remorso ou
culpa ou empatia, manipulador e vigarista, sendo que tais características foram confirmadas pelos
testes psicológicos, cujos resultados denotam imaturidade no trato com as emoções e manejos
defensivos, instabilidade, possibilidade de ruptura do equilíbrio interno, dificuldade de elaborar
conflitos intrapsíquicos, ausência de repressões indispensáveis do homem socialmente adaptado e
que seu perfil pode ser classificado como psicopático, motivo pelo qual concluí que ele é
acometido pelo transtorno de personalidade antissocial global (CID10 F60.2)". Por fim, o
expert concluiu (fl. 54) que o sentenciado "é acometido pelo transtorno de personalidade
antissocial global, também conhecido como psicopatia, motivo pelo qual precisa ser submetido
a tratamento psicoterápico, a fim de que lhe seja propiciada a remissão dos sintomas dessa
psicopatologia" (grifo nosso).
8 BABIAK, Paul e HARE, Robert D.. Psicopatas no trabalho: como se identificar e se proteger.
Trad. Márcia Men.São Paulo: Universo dos Livros, 2022. p.35.
9 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana Teixeira.
São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 33-34. De acordo com J. C. Dias Cordeiro, o vocabulário
americano substituiu a expressão ‘psicopatia’ por ‘sociopatia’ e, quando empregada pela
legislação e literatura, a expressão está ligada a delinquência e perversão sexual. CORDEIRO, J.
C. Dias. Psiquiatria forense. A pessoa como sujeito ético em medicina e em direito. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2003, p. 64).
10 De acordo com o sentido etimológico da expressão, psicopatia vem a ser doença da mente [do
grego psyche (mente) e, pathos (doença)].
11 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 515.
12 PESSOTI, Isaias. Os nomes da loucura. São Paulo: Ed. 34, 1999, p. 182.
13 WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disponível em: https://www.who.int/about. Acesso em:
27 de julho de 2023.
14 Campus Virtual de Saúde Pública. Manual de capacitação da Classificação Internacional de
Doenças e problemas relacionados com a saúde, 11º. Revisão (CID-11) – 2022. Disponível no site:
https://www.campusvirtualsp.org/pt-br/curso/cid-11-manual-de-capacitacao-da-classificacao-
internacional-de-doencas-e-problemas. Acesso em 27 de julho de 2023.
15 A Conferência Internacional para a Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças foi
convocada pela Organização Mundial da Saúde e realizada em sua sede, em Genebra, de 26 de
setembro a 2 de outubro de 1989. Participaram da Conferência delegados de 43 Países Membros,
dentre os quais se encontram o Brasil, representantes das Nações Unidas, da Organização
Internacional do Trabalho, dos Escritórios Regionais da OMS, bem como representantes do
Conselho das Organizações Internacionais de Ciências Médicas e de doze outras organizações não
governamentais (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de
Doenças (CID-10). Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em
Português. 9. ed. São Paulo: Edusp, 2003, pp. 9-10).
16 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ministério da Saúde coordena tradução do novo Código Internacional
de Doenças para a língua portuguesa. Disponível no site: https://www.gov.br/saude/pt-
br/assuntos/noticias/2022/julho/ministerio-da-saude-coordena-traducao-do-novo-codigo-
internacional-de-doencas-para-a-lingua-portuguesa. Acesso em: 25 de jul. de 2023.
17 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 9. ed.
São Paulo: Edusp, 2003, p. 33.
18 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 9. ed.
São Paulo: Edusp, 2003, p. 196.
19 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 9. ed.
São Paulo: Edusp, 2003, p. 197.
20 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 9. ed.
São Paulo: Edusp, 2003, p. 198.
21 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 9. ed.
São Paulo: Edusp, 2003, pp. 199-200.
22 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Tradução de Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 9. ed.
São Paulo: Edusp, 2003, pp. 199-200.
23 ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Versão final da nova Classificação
Internacional de Doenças da OMS (CID-11) é publicada. Texto publicado em 11 de fevereiro de
2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-
classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e. Acesso em: 27 jul. de 2023.
24 WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Statistical Classification of Diseases and
Related Health Problems (ICD). Disponível no site:
https://www.who.int/classifications/classification-of-diseases. Acesso em: 27 jul de 2023.
25 ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Versão final da nova Classificação
Internacional de Doenças da OMS (CID-11) é publicada. Texto publicado em 11 de fevereiro de
2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-
classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e. Acesso em: 27 jul. de 2023.
26 WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Classification of Diseases for Mortality
and Morbidity Statistics - Eleventh Revision (ICD-11). Geneva: World Health Organization,
2022. p. 385.
27 “Personality disorder is characterised by problems in functioning of aspects of the self (e.g.,
identity, self-worth, accuracy of self-view, self-direction), and/or interpersonal dysfunction (e.g.,
ability to develop and maintain close and mutually satisfying relationships, ability to understand
others’ perspectives and to manage conflict in relationships) that have persisted over an extended
period of time (e.g., 2 years or more). The disturbance is manifest in patterns of cognition,
emotional experience, emotional expression, and behaviour that are maladaptive (e.g., inflexible
or poorly regulated) and is manifest across a range of personal and social situations (i.e., is not
limited to specific relationships or social roles). The patterns of behaviour characterizing the
disturbance are not developmentally appropriate and cannot be explained primarily by social or
cultural factors, including socio-political conflict. The disturbance is associated with substantial
distress or significant impairment in personal, family, social, educational, occupational or other
important areas of functioning.” WORLD HEALTH ORGANIZATION. International
Classification of Diseases for Mortality and Morbidity Statistics - Eleventh Revision (ICD-11).
Geneva: World Health Organization, 2022. p. 560.
28 WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Classification of Diseases for Mortality
and Morbidity Statistics - Eleventh Revision (ICD-11). Geneva: World Health Organization, 2022.
p. 560-561.
29 Tradução livre de “personality difficulty – QE50.7. WORLD HEALTH ORGANIZATION.
International Classification of Diseases for Mortality and Morbidity Statistics - Eleventh
Revision (ICD-11). Geneva: World Health Organization, 2022. p. 1750.
30 WORLD CONGRESS OF PSYCHIATRY. 23º WPA World Congress of Psychiatry: Scientific
Program. Disponível: https://wcp-congress.com/program-at-a-glance/. Acesso: 27 de jul. de 2023.
31 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Trad.: Daniel Vieira, Marcos Viola Cardoso,
Sandra Maria Mallmann da Rosa. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –
DSM-V-TR. 5 ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023.
32 Os autores ainda ressaltam: “a maior parte dos transtornos que recebeu o novo nome de transtorno
de personalidade não era nova; na verdade, alguns (personalidade esquizoide, personalidade
paranoide) haviam sido incluídos em edições anteriores do DSM” (FOWLER, Katherine A.;
O’DONHOHUE, William; LILIENFELD, Scott O. (org.). Transtornos de personalidade: em
direção ao DSM-V. Tradução de Fábio Moraes Corregiari. São Paulo: Roca, 2010, p. 1).
33 Disponível em: http://www.dsm5.org/about/Pages/faq.aspx. Acesso em: 20 ago. 2013.
34 Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric
Association...[et. al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014, p.p. 646-647.
35 Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric
Association...[et. al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014, p. 647.
36 “Indivíduos com esses transtornos frequentemente parecem esquisitos ou excêntricos”. (Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association...[et.
al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p.
646).
37 “Transtorno da personalidade paranoide é um padrão de desconfiança e de suspeita tamanhas
que as motivações dos outros são interpretadas como malévolas. (Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et al.]; revisão técnica:
Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 645.
38 “Transtorno da personalidade esquizoide é um padrão de distanciamento das relações sociais e
uma faixa restrita de expressão emocional.” (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato
Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 645).
39 “Transtorno da personalidade esquizotípica é um padrão de desconforto agudo nas relações
íntimas, distorções cognitivas ou perceptivas e excentricidades do comportamento. Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et
al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
40 “Indivíduos com esses transtornos costumam parecer dramáticos, emotivos ou erráticos”. (Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et
al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p.
646).
41 “Transtorno da personalidade antissocial é um padrão de desrespeito e violação dos direitos
dos outros. (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American
Psychiatric Association... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014, p. 645).
42 “Transtorno da personalidade borderline é um padrão de instabilidade nas relações
interpessoais, na autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada” (Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et al.]; revisão
técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 645).
43 “Transtorno da personalidade histriônica é um padrão de emocionalidade e busca de atenção
em excesso.” (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American
Psychiatric Association... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014, p. 645).
44 “Transtorno da personalidade narcisista é um padrão de grandiosidade, necessidade de
admiração e falta de empatia.” (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/
[American Psychiatric Association... et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5
ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 645).
45 “Indivíduos com esses transtornos com frequência parecem ansiosos ou medrosos” (Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et
al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p.
646).
46 ROBERTS, Laura Weiss; LOUIE, Alan K. Guia de estudo para o DSM-5. Tradução de Régis
Pizzato. Revisão técnica: Neury José Botega. Porto Alegre: Artmed, 2017, p. 416.
47 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014,
pp. 647-648.
48 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014,
p. 659.
49 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014,
p. 659.
50 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders (DSM-5-TR). Disponível: https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm.
Acesso: 28 de jul. de 2023.
51 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V-TR. Tradução de Daniel Vieira, Marcos Viola Cardoso, Sandra Maria Mallmann
da Rosa. Revisão Técnica: José Alexandre de Souza Crippa, Flávia de Lima Osório e José Diogo
Ribeiro de Souza. 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023. pp. 751-752.
52 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V-TR. Tradução de Daniel Vieira, Marcos Viola Cardoso, Sandra Maria Mallmann
da Rosa. Revisão Técnica: José Alexandre de Souza Crippa, Flávia de Lima Osório e José Diogo
Ribeiro de Souza. 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023. p. 752.
53 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V-TR. Tradução de Daniel Vieira, Marcos Viola Cardoso, Sandra Maria Mallmann
da Rosa. Revisão Técnica: José Alexandre de Souza Crippa, Flávia de Lima Osório e José Diogo
Ribeiro de Souza. 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023. pp. 752.
54 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-V-TR. Tradução de Daniel Vieira, Marcos Viola Cardoso, Sandra Maria Mallmann
da Rosa. Revisão Técnica: José Alexandre de Souza Crippa, Flávia de Lima Osório e José Diogo
Ribeiro de Souza. 5. ed., texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023. p. 753.
55 De acordo com a classificação francesa, psicopatia é reconhecida como desequilíbrio mental.
INSERM (Statistiques Médicales dês Établissements Psychiatriques: Année 1976): 11.0. Estados
de desequilíbrio mental: Classificar aqui os sujeitos que se caracterizam essencialmente por sua
instabilidade, sua impulsividade, sua inadaptabilidade e, eventualmente, por condutas
delinquentes. (Debray, 1982) (SHINE, Sidney Kiyoshi. Psicopatia. Clínica psicanalítica. 4. ed.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010, pp. 19-20).
56 STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da antiguidade até o presente.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 113.
57 VANDENBOS, Gary R. (org.) Dicionário de psicologia da APA. Tradução de Daniel Bueno,
Maria Adriana Veríssimo Veronese e Maria Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2010, p.
764.
58 MARTINS, Waldemar Valle (coord.) Dicionário de psicologia. São Paulo: Loyola, 2010, p. 167.
59 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana Teixeira.
São Paulo: Paulinas, 2005, p. 29.
60 CHECKLEY, Hervey. The mask of sanity. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1976, p. 90.
61 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 516.
62 Apesar de não se tratar de obra científica, a referência ao conceito empregado pelo Dicionário
Aurélio é importante para esclarecer antigos conceitos e relatar perspectivas históricas acerca da
terminologia.
63 A construção de tal entendimento é realizada por Sidney Kiyoshi Shine (SHINE, Sidney Kiyoshi.
Psicopatia. Clínica psicanalítica. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010, pp. 14-15).
64 “É nesta acepção, por exemplo, que um grupo de psiquiatras lança a obra “Arquivos da
Assistência Geral a Psicopatas do Estado de São Paulo” em 1936, seguindo os passos do Dr.
Franco da Rocha no estudo das afecções mentais. Esta é uma coletânea de artigos que abordam
várias afecções mentais por meio de contribuições vindas dos membros deste grupo paulista. Os
quadros clínicos abordados vão de esquizofrenia a paralisia cerebral” (SHINE, Sidney Kiyoshi.
Psicopatia. Clínica psicanalítica. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010, pp. 13-14)
65 VANDEBOS, Gary R. (org.) Dicionário de psicologia da APA. Tradução de Daniel Bueno,
Maria Adriana Veríssimo Veronese e Maria Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2010, p.
764.
66 SHINE, Sidney Kiyoshi. Psicopatia. Clínica psicanalítica. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2010, p. 15.
67 SHINE, Sidney Kiyoshi. Psicopatia. Clínica psicanalítica. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2010, p. 15.
68 AGATHON, Melinée et al. (colaboradores). Dicionário enciclopédico da psicologia. Tradução
de Hélder Viçoso. Lisboa: Edições Texto e Grafia, 2008, p. 564.
69 RYCROFT, Charles. Dicionário crítico de psicanálise. Tradução de José Octávio de Aguiar
Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1975, pp. 193-194.
70 Na lição de Antônio José EÇA, um dos primeiros apontamentos registrados acerca do
comportamento de personalidades psicopáticas foi a de Girolano Cardamo, “professor de
Medicina italiano que viveu por volta dos anos 1500. É neste relato que Cardamo fala pela
primeira vez em ‘improbidade’, quadro que, segundo ele, não chegava a alcançar a total
insanidade apenas porque as pessoas que disso padeciam ainda conseguiam manter a aptidão para
dirigir sua vontade” (EÇA, Antônio José. Roteiro de psiquiatria forense. São Paulo: Saraiva,
2010, p. 279).
71 Segundo Rogério Paes Henriques (HENRIQUES, Rogério Paes. De H. Cleckley ao DSM-IV-TR:
a evolução do conceito de psicopatia rumo à medicalização da delinqüência. Rev. Latinoam.
Psicopat. Fund., São Paulo, v. 12, n. 2, pp. 285-302, jun. 2009, p. 286), o conceito apresentado
por Philippe Pinel pouco se coaduna com o atual conceito de personalidade antissocial. O autor
confere, porém, a Cesare Lombroso e Morel a responsabilidade pela descrição clínica compatível
com a psiquiatria moderna.
72 De acordo com Valter Fernandes e Newton Fernandes, “Lombroso, através de exames procedidos
em vivos recolhidos aos cárceres e em mortos, aos quais necropsiava, como, por exemplo, Vilela,
de cuja autópsia nasceu, no dizer de Drapkin, a ‘eureca’ de Lombroso, pois nesse delinqüente ele
encontrou a terceira fosseta occipital ou média, retirando desse fato o elemento que procurava para
dar origem à sua teoria do ‘atavismo’, porque também é encontrada em alguns crânios de homens
primitivos e símios. Por aí deu início à construção de sua doutrina antropológica-criminal. Os
pontos fundamentais dessa doutrina, resumindo e sistematizando o que até aqui foi exposto,
poderiam ser alinhados da forma que adiante segue” (FERNANDES, Valter; FERNANDES,
Newton. Criminologia integrada. 3. ed. São Paulo: RT, 2010, p. 86). Segundo os autores,
Lombroso jamais afirmou que todo criminoso seria nato, mas que o verdadeiro criminoso é nato
(FERNANDES, Valter; FERNANDES, Newton. Criminologia integrada. 3. ed. São Paulo: RT,
2010, p. 85). Nestor Sampaio Penteado Filho ressalta que “suas pesquisas foram feitas na maioria
em manicômios e prisões, concluindo que o criminoso é um ser atávico, um ser que regride ao
primitivismo, um verdadeiro selvagem (ser bestial), que nasce criminoso, cuja degeneração é
causada pela epilepsia, que ataca seus centros nervosos. Embora Lombroso não tenha afastado os
fatores exógenos da gênese criminal, entendia que eram apenas aspectos motivadores dos fatores
endógenos. Assim, o clima, a vida social etc. apenas desencadeariam a propulsão interna para o
delito, pois o criminoso nasce criminoso (determinismo biológico)” (PENTEADO FILHO, Nestor
Sampaio. Manual esquemático de criminologia. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 32-33).
73 Valter Fernandes e Newton Fernandes declinam que Enrico Ferri teria sido o criador da expressão
“criminoso nato”, como o próprio autor assim afirma em sua obra “Os delinqüentes a que eu dava,
em 1881, o nome de criminosos natos” (FERNANDES, Valter; FERNANDES, Newton.
Criminologia integrada. 3. ed. São Paulo: RT, 2010, p. 93).
74 MELLO, Lydio Machado Bandeira de. Manual de direito penal. Responsabilidade penal. Das
causas de isenção de pena. Da embriaguez. v. 3. Belo Horizonte: Manuais da Faculdade de Direito
da Universidade de Minas Gerais, 1956, p. 21.
75 STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da antiguidade até o presente.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 108.
76 STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da antiguidade até o presente.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 108.
77 Segundo A. Fernandes da Fonseca, a escola alemã foi a pioneira em apresentar um conceito
preciso de psicopatia. Para o autor, foi o alemão Koch quem definiu a psicopatia como uma das
formas de anormalidade psíquica congênita ou adquirida, que não constitui uma verdadeira doença
mental (FONSECA, A. Fernandes. Psiquiatria e psicopatologia. 2. ed. Lisboa: Serviço de
Educação – Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, pp. 467-468.)
78 STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da antiguidade até o presente.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 187.
79 STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da antiguidade até o presente.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 143.
80 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a
máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 32.
81 FONSECA, A. Fernandes. Psiquiatria e psicopatologia. 2. ed. Lisboa: Serviço de Educação –
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 468.
82 FONSECA, A. Fernandes. Psiquiatria e psicopatologia. 2. ed. Lisboa: Serviço de Educação –
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 469.
83 Em sua obra, Schneider identificou dez subtipos distintos de psicopatas: Hipertímico (trata-se do
psicopata eufórico, alegre, sem preocupações, com rápida mobilidade, com fáceis decisões,
autoconfiança absoluta em sua capacidade de realização); Depressivo (os depressivos apresentam
humor triste e preocupado, insegurança quanto à capacidade de ação e pouca atividade intelectual
e física); Personalidade Psicopática Explosiva (caracterizam-se pela extrema manifestação de
irritabilidade do humor e da vida afetiva. São caracterizados ainda, pelo desagrado fácil e pela
impulsividade irritável); Personalidade Psicopática Disfórica (também conhecida como lábil de
humor, psicopata instável ou lábil do estado de ânimo, tal caracterização é marcada por indivíduos
que apresentam constantes variações no estado de humor); Personalidade Psicopática Abúlica (são
indivíduos que apresentam o enfraquecimento da volição, grande ausência de volição e de
impulsos, de tenacidade, de vontade e falta de iniciativa); Personalidade Psicopática Inafetiva (tais
indivíduos são assim classificados porque são absolutamente incapazes de apresentar qualquer
sentimento alheio); Personalidade Psicopática Ostentativa (revela-se extremamente necessitado de
valorização social e estima. Por isso, luta incessantemente pela conquista do seu reconhecimento.
Preocupa-se somente em mostrar ser melhor do que realmente é); Personalidade Psicopática
Fanática (caracteriza-se pelo fato de o indivíduo apresentar um alto grau de autossuficiência e por
manter-se permanentemente em atitude ativa); Personalidade Psicopática insegura de si mesma
(são indivíduos caracterizados pela elevada incapacidade de apresentarem uma conduta reflexo de
autoestima) e, por fim, Personalidade Psicopática Astênica (caracterizada pelo fácil cansaço físico
e mental e, consequentemente, pela falta de vitalidade. Assim, vivem em estado de angústia,
apresentando sintomas neurastênicos e hipocondríacos).
84 Na lição de Michael H. Stone, quando Kurt Schneider dispôs sobre as personalidades
psicopáticas, apresentou-as como variantes anormais, não antissociais. O autor ainda apontou as
semelhanças entre as personalidades psicopáticas descritas por Kurt Schneider e os transtornos de
personalidade atualmente existentes. “Sua caracterologia era ‘ateórica’ – ou seja, não estava ligada
a nenhuma pressuposição sobre etiologia – ao contrário dos ‘temperamentos’ de Kraepelin, que
ele via como formas atenuadas de depressão maníaca. Embora Schneider usasse um conjunto
diferente de termos, há estreitas correspondências entre sua tipologia e as classificações de
transtornos de personalidade em uso atualmente. Portanto, o tipo ‘inseguro’ de Schneider, com
seus dois subtipos de ‘sensível’ e ‘anancástico’, corresponde subtipos ao nosso ‘dependente’ e
‘obsessivo’; seu ‘fanático’ é como nosso ‘paranóide’; seu ‘carente de atenção’ como nosso
‘histérico’. Pessoas que agora distinguimos como ‘psicopatas\anti-sociais’ eram ‘sem sentimento’
na terminologia de Schneider” (STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da
antiguidade até o presente. Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 145). Importante destacar que a
classificação de Kurt Schneider, apesar de ainda ser reconhecida e adotada por alguns
doutrinadores, apresenta vários tipos de psicopatas que destoam do conceito modernamente aceito
de psicopatia, inclusive de personalidade antissocial.
85 CHECKLEY, Hervey. The mask of sanity. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1976, p. 383.
86 Seguindo a mesma linha de estudo de Hervey Cleckley, Karpman desenvolveu sua teoria após
observações clínicas (GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual.
Tradução de Juliana Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 37).
87 De acordo com Robert D. Hare, “Karpman considerou os psicopatas como sendo ou do tipo
agressivo predatório ou do tipo passivo parasitário. O primeiro se refere ao indivíduo psicopata
que satisfaz suas necessidades através de uma tendência destruidora extremamente agressiva e
fria, tomando posse ativamente do que quer. O segundo tipo se refere ao psicopata que consegue o
que quer pelo ‘sangramento’ parasitário de outros, aparecendo freqüentemente como um indivíduo
indefeso, com uma necessidade infinita de ajuda e piedade. [...] Karpman (1961) descreveu o
psicopata como pessoa insensível, emocionalmente imatura, com apenas duas dimensões e sem
nenhuma profundidade real. Suas reações emocionais são reais e primitivas, ocorrendo apenas em
resposta à frustração e desconforto imediato. No entanto, é capaz de simular reações emocionais e
ligações afetivas quando isso o ajuda a obter o que deseja dos outros. Ele não experimenta nem os
aspectos psicológicos nem os fisiológicos da ansiedade ou do medo, embora possa reagir com algo
semelhante ao medo quando seu bem-estar é ameaçado. Suas relações sociais e sexuais são
superficiais, porém absorventes e manipulatórias. Recompensas e punições futuras só existem de
uma maneira abstrata, resultando daí que não têm efeito, sobre seu comportamento imediato. Seu
senso crítico é falho e seu comportamento é freqüentemente guiado pelos impulsos e necessidades
do momento; portanto está sempre em apuros. Suas tentativas de se inocentar, não raro, produzem
uma rede intrincada e contraditória de mentiras gritantes” (HARE, Robert D. Psicopatia: teoria e
pesquisa. Tradução de Cláudia Moraes Rêgo. Rio de Janeiro: Livros técnicos e Científicos Editora
S.A, 1973, p. 5).
88 Segundo estudos realizados em indivíduos infratores, muitos dos que preencheram o critério para
um diagnóstico de psicopatia, de acordo com a classificação de Robert Hare, também preencheram
o critério para um diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial. Contudo, a maioria dos
indivíduos que preencheu o critério para um diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial
não preencheu os critérios de psicopatia previstos do PCL-R.
89 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, pp. 55-99.
90 Robert D. Hare esclarece que o PCL é uma ferramenta clínica para o diagnóstico da psicopatia de
uso e manuseio exclusivos de profissionais qualificados. Outrossim, elucida a possibilidade de
indivíduos não psicopatas apresentarem um ou alguns dos traços mencionados e ressalta que tal
compatibilidade não pressupõe o diagnóstico (HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante
mundo de los psicópatas que nos rodean. Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa
Libros, 2003, pp. 56-57).
91 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, p. 57.
92 Martha Stout equipara o modus operandi do psicopata com o de mamíferos predadores. Segundo a
autora, “o charme do sociopata se assemelha ao carisma de outros mamíferos predadores.
Observamos os grandes felinos, por exemplo, e ficamos fascinados com seus movimentos, sua
independência e seu poder. Mas o olhar direto de um leopardo, no lugar errado e na hora errada, é
inescapável e paralisante, e o charme fascinante do predador costuma ser a última coisa que a
presa vivencia” (STOUT, Martha. Meu vizinho é um psicopata. Tradução de Regina Lyra. Rio de
Janeiro: Sextante, 2010, p. 103).
93 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008, p. 46.
94 De acordo com o autor, trata-se de crime de roubo; mas não se sabe ao certo se o crime praticado
foi o de furto.
95 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana Teixeira.
São Paulo: Paulinas, 2005, p. 37.
96 Ann Rule apud HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos
rodean. Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, p. 61.
97 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, pp. 61-62.
98 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, p. 64.
99 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008, p. 72.
100 VIEIRA, Willian. Revista Super Interessante. Mentes psicopatas. O cérebro, a vida e os crimes
das pessoas que não têm sentimento. Ed. 267-A. São Paulo: Abril, 2009, p. 64.
101 De acordo com o Dicionário Michaelis, empatia vem a ser: projeção imaginária ou mental de um
estado subjetivo, quer afetivo, quer conato ou cognitivo, nos elementos de uma obra de arte ou de
um objeto natural, de modo que estes parecem imbuídos dele. Na psicanálise, estado de espírito no
qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que esta está sentindo.
102 Pesquisa de opinião publicada pela Oxford Psychologists Press, em 1996, apontou que quase um
em cada seis gerentes do Reino Unido satisfazia os critérios diagnósticos para psicopatia ou,
oficialmente, Transtorno de Personalidade Antissocial (CARTER, Rita. O livro de ouro da
mente. O funcionamento e os mistérios do cérebro humano. Tradução de Vera de Paula Assis. Rio
de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 176).
103 Martha Stout salienta que os psicopatas, “por serem atores natos, indivíduos sem consciência,
podem se valer dos papéis sociais e profissionais que constituem excelentes máscaras pré-
fabricadas através das quais os outros relutam em espiar. Os papéis ajudam a organizar nossa
complexa sociedade e são extremamente importantes para nós” (STOUT, Martha. Meu vizinho é
um psicopata. Tradução de Regina Lyra. Rio de Janeiro: Sextante, 2010, p. 107).
104 VIEIRA, Willian. “Mato por Prazer”. In: Quem são? Os malditos, pp. 44-65; Revista Super
Interessante. Mentes Psicopatas. O cérebro, a vida e os crimes das pessoas que não têm
sentimento. Ed. 267-A. São Paulo: Abril, 2009, p. 64.
105 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, p. 72.
106 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, p. 75.
107 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 41-42.
108 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, p. 139.
109 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 66.
110 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 42-43.
111 HARE, Robert D. Sin conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean.
Tradução de Rafael Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, pp. 85-86.
112 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 74.
113 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 74.
114 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008, p. 80.
115 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 74.
116 CHECKLEY, Hervey. The mask of sanity. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1976, p. 208.
117 Revista Super Interessante. Mentes psicopatas. O cérebro, a vida e os crimes das pessoas que
não têm sentimento. Ed. 267-A. São Paulo: Abril, 2009, p. 32. Artigo escrito por Mariana
Sgarioni. “Anjos Malvados”, pp. 30-35.
118 Revista Super Interessante. Mentes Psicopatas. O cérebro, a vida e os crimes das pessoas que
não têm sentimento. Ed. 267-A. São Paulo: Abril, 2009, p. 33. Artigo escrito por Mariana
Sgarioni. “Anjos Malvados”, pp. 30-35.
119 Nas palavras de Ana Beatriz Barbosa Silva, a palavra bullying ainda é pouco conhecida do
grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar
comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de meninas. Dentre esses
comportamentos, podemos destacar as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos
realizados de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores (SILVA, Ana Beatriz
Barbosa. Mentes perigosas nas escolas: bullying. Como identificar e combater o preconceito, a
violência e a covardia entre os alunos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p. 21).
120 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas nas escolas: bullying. Como identificar e
combater o preconceito, a violência e a covardia entre os alunos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p.
25.
121 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-V. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014, p. 662.
122 DUMAS, Jean E. Psicopatologia da infância e da adolescência. Tradução de Fátima Murad;
revisão técnica de Francisco B. Assumpção Jr. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011, p. 284.
123 “Esta categoria compreende transtornos de conduta envolvendo comportamento antissocial ou
agressivo (e não meramente comportamento de oposição, desafiador ou destrutivo), nos quais o
comportamento anormal é inteiramente ou quase inteiramente confinado ao lar e/ou a interações
com membros da família nuclear ou objetos domésticos” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e de Comportamento da CID-10:
descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed,
1993, p. 261).
124 “Esse tipo de transtorno de conduta é caracterizado pela combinação de comportamento
antissocial ou agressivo persistente (satisfazendo os critérios globais para F91 e não meramente
compreendendo comportamento desafiador, de oposição e destrutivo) com uma anormalidade
invasiva e significativa nos relacionamentos do indivíduo com outras crianças” (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e de Comportamento
da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de Dorgival Caetano. Porto
Alegre: Artmed, 1993, p. 262).
125 “Esse tipo de transtorno de conduta é caracterizado pela combinação de comportamento
antissocial ou agressivo persistente (satisfazendo os critérios globais para F91 e não meramente
compreendendo comportamento desafiador, de oposição e destrutivo) ocorrendo em indivíduos
que são geralmente bem integrados em seu grupo de companheiros.” (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e de Comportamento
da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de Dorgival Caetano. Porto
Alegre: Artmed, 1993, p. 263).
126 “pela presença de comportamento marcantemente desafiador, desobediente e provocativo e pela
ausência de atos antissociais ou agressivos mais graves, que violem a lei ou os direitos de outros”
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e
de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de
Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed, 1993, p. 264).
127 “Essa categoria residual não é recomendada e deve ser usada apenas para transtornos que
satisfazem os critérios gerais para F91, mas que não foram especificadas no que diz respeito a
subtipos ou que não preenchem os critérios para qualquer dos subtipos especificados”
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e
de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de
Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed, 1993, p. 265).
128 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e
de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de
Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed, 1993, p. 260.
129 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (coord.). Classificação de Transtornos mentais e
de Comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Tradução de
Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed, 1993, p. 471.
130 STONE, Michael H. A cura da mente: a história da psiquiatria da antiguidade até o presente.
Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 321. Robert D. Hare corrobora tal entendimento, mas ressalta que
essa diminuição é mais comum nos casos de psicopatas não violentos do que dentre os violentos.
Outrossim, dispõe que nem todos os psicopatas afastam-se da prática delitiva depois dos quarenta
anos – há quem continue a praticar delitos até o último dia da sua vida (HARE, Robert D. Sin
conciencia: el inquietante mundo de los psicópatas que nos rodean. Tradução de Rafael
Santandreu. Barcelona: Spasa Libros, 2003, pp. 131-132).
131 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, pp. 156-157.
132 BABIAK, Paul; HARE, Robert D. Snakes in suits: when psychopaths go to work. Nova York:
Harper Collins, 2007.
133 HARE, Robert D. Psicopatia: teoria e pesquisa. Tradução de Cláudia Moraes Rêgo. Rio de
Janeiro: Livros técnicos e Científicos Editora S.A, 1973, pp. 1-4.
134 RAINE, Adrian; SANMARTÍN, José. Violencia y psicopatía. 3. ed. Barcelona: Ariel, 2008, p.
18.
135 Acreditamos que, por esse motivo, Guido Arturo Palomba criou a expressão condutopatia
(conduta + páthos, moléstia) para tratar de tais indivíduos, já que tal expressão, em seu sentido
etimológico, aponta para um distúrbio de conduta.
136 AZEVEDO, José Barros. Dicionário de medicina legal. Bauru: Jalovi, 1967, p. 145.
137 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 89.
138 FONSECA, A. Fernandes. Psiquiatria e psicopatologia. 2. ed. Lisboa: Serviço de Educação –
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 169.
139 FONSECA, A. Fernandes. Psiquiatria e psicopatologia. 2. ed. Lisboa: Serviço de Educação –
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 166.
140 CAIXETA, Leonardo; CHAVES, Moysés; CAIXETA, Marcelo. Personalidade patológica. São
Paulo: Memnon, 2004, p. 15.
141 CAIXETA, Leonardo; CHAVES, Moysés; CAIXETA, Marcelo. Personalidade patológica. São
Paulo: Memnon, 2004, p. 33.
142 Em primeiro lugar, os esquizofrênicos apresentam alterações de pensamento, especialmente por
acreditarem que estão roubando suas ideias, que estas são públicas conhecidas por todos, ou,
então, que alguém de fora está-lhe impondo uma série de ideias. O conteúdo do pensamento
apresenta associações estranhas, de um modo que se torna difícil seguir o seu discurso, assim
como suas ideias delirantes. Como o pensamento, a linguagem do esquizofrênico mostra-se,
também, gravemente alterada, com palavras novas e, em algumas ocasiões, impossíveis de serem
compreendidas. Segundo lugar, a percepção do esquizofrênico apresenta alucinações que afetam
qualquer órgão sensorial. As mais frequentes são as auditivas, que reforçam suas ideias de roubo e
difusão externa do pensamento. Em terceiro lugar, a motricidade do esquizofrênico pode ser
afetada por movimentos estereotipados ou movimentos de complexidade desnecessária. E,
finalmente, na esquizofrenia há alterações graves de afetividade, principalmente um
entorpecimento sensitivo que impede que o paciente reaja até diante de situações de grande
impacto emocional (GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução
de Juliana Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 98-99). De acordo com Maximiliano Roberto
Ernesto Führer, a esquizofrenia é a mais comum das psicoses funcionais. É o desmantelamento
lento e progressivo da personalidade (Bleuler), também chamado de “demência precoce”, por se
instalar já na mocidade. Pode ocorrer na infância, com progressivo isolamento e grande variação
no humor (FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito
penal. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 58).
143 Os sintomas típicos de diversas espécies de psicose incluem delírios, alucinações, fala
incompreensível (“salada de palavras”), mudanças profundas do estado de ânimo e condutas
perturbadas. É provável que as espécies de psicose mais importantes sejam o transtorno bipolar –
antigamente chamado de “psicose maníaco-depressiva” –, em que se observa no indivíduo uma
alternância de períodos de extrema euforia com períodos de profunda depressão, e a paranóia, na
qual o indivíduo apresenta um conjunto de crenças falsas, mas absolutamente válidas para ele,
como acreditar que está sendo perseguido, que é um personagem eminente ou estar convencido(a)
de que seu cônjuge é infiel, só para citar alguns dos sistemas de crenças delirantes mais populares
(GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 96-97). Segundo Maximiliano Roberto Ernesto Führer,
psicose é o termo técnico que se aproxima da idéia popular da loucura e insanidade mental. Trata-
se de uma designação geral para toda doença mental importante, onde se verifica modificação
substancial da consciência e desestruturação da personalidade. É importante destacar que não
raramente o psicótico tem o juízo afetado unicamente em relação a determinado assunto ou tema,
mantendo a razão relativamente íntegra no resto (FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto.
Tratado da inimputabilidade no direito penal. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 56).
144 Os pacientes neuróticos sofrem por seus comportamentos inadequados e, certamente, queixam-se
das dificuldades que estes lhes provêm a quem quiser ouvi-los (CHECKLEY, Hervey. The mask
of sanity. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1976, p. 259).
145 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a
máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 59.
146 CROCE, Delton; CROCE JR., Delton. Manual de medicina legal. 7. ed. São Paulo: Saraiva,
2010, p. 674.
147 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 89.
148 RAINE, Adrian; SANMARTÍN, José. Violencia y psicopatía. 3. ed. Barcelona: Ariel, 2008, p.
8.
149 De acordo com a autora, as classificações ora defendidas (Transtorno Global e Transtorno
Parcial de Personalidade) podem ser consideradas como uma expressão do defendido por Robert
D. Hare ao estabelecer as figuras do psicopata e do não psicopata (MORANA, Hilda Clotilde
Penteado. Identificação do ponto de corte para a escala PCL-R (Psychopathy Checklist
Revised) em população forense brasileira: caracterização de dois subtipos de personalidade;
transtorno global e parcial. São Paulo. 178p. Tese (Doutorado). Faculdade de Medicina,
Universidade de São Paulo (USP), 2003, p. 31).
150 Hugo Marietan entende que as recentes pesquisas realizadas nos cérebros de indivíduos
reconhecidos como psicopatas não podem ser entendidas como verdade absoluta, já que tal
constatação não pode ser verificada em todos os psicopatas (Hugo Marietan, contato informal
através de endereço eletrônico).
151 Em contato informal, Hugo Marietan declarou que a psicopatia é uma forma de ser no mundo,
uma classe de ser humano. [...] É distinto, mas não é um doente mental. A psicopatia é apenas um
tipo de personalidade.
152 DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes. Emoção, razão e o cérebro humano. Tradução de
Dora Vicente e Georgina Segurado. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 26.
153 Em 1994, Damásio e colaboradores utilizaram o poder de reconstrução computadorizada no caso
clássico de Gage. Eles começaram tirando um raio-x do crânio e medindo-o com precisão,
prestando atenção particular à posição dos furos de entrada e saída. A partir dessas medidas, eles
reconstruíram o acidente e determinaram a provável região da lesão cerebral de Gage. Parece que
a lesão no seu cérebro afetou os logos pré-frontais mediais, que atualmente sabemos estar
envolvidos no planejamento e nas emoções (MONTEIRO, Janeme G. Pinel: o pai da psiquiatria
moderna. São Paulo: Edicon, 1990, p. 451).
154 DAMÁSIO, António R. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos.
Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 54.
155 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a
máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 51.
156 F07 Transtornos de personalidade e do comportamento devidos à doença, à lesão e à
disfunção cerebral
F07.0 Transtorno orgânico da personalidade
F07.1 Síndrome pós-encefalítica
F07.2 Síndrome pós-concussional
F07.8 Outros transtornos orgânicos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença,
lesão ou disfunção cerebral
157 MARTINS, Waldemar Valle (coord.) Dicionário de psicologia. São Paulo: Loyola, 1982, p. 167.
158 MARTINS, Waldemar Valle (coord.) Dicionário de psicologia. São Paulo: Loyola, 1982, p. 168.
159 PINKER, Steven. Tábula rasa: a negociação contemporânea da natureza humana. Tradução de
Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 72.
160 Rita Carter apresentou duas possibilidades propulsoras para o controle emocional entrar em
colapso. A primeira é provocada “se os sinais enviados do córtex para o sistema límbico forem
fracos demais ou não-orientados e não superarem a atividade que se origina da amígdala”. A outra
justificativa consiste no fato de a amígdala ser ativada “na ausência de qualquer estímulo externo
que excitaria simultaneamente o córtex”. Segundo a autora, a primeira justificativa é a mais
comum: “É a relativa fraqueza e a difusão dos sinais corticais que fazem as crianças terem muito
mais explosões emocionais que os adultos. Os bebês não conseguem controlar suas emoções
porque os axônios que transportam os sinais do córtex ao sistema límbico ainda precisam crescer.
E as células no lobo pré-frontal, onde ocorre o processamento racional da emoção, só estarão
plenamente amadurecidas na idade adulta. A amígdala, em contraste, é mais ou menos madura ao
nascimento e, consequentemente, capaz de plena atividade. O cérebro jovem é, portanto,
essencialmente desequilibrado – o córtex imaturo não é páreo para a poderosa amígdala”
(CARTER, Rita. O livro de ouro da mente. O funcionamento e os mistérios do cérebro humano.
Tradução de Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 177).
161 CARTER, Rita. O livro de ouro da mente. O funcionamento e os mistérios do cérebro humano.
Tradução de Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 176.
162 RAINE, Adrian; SANMARTÍN, José. Violencia y psicopatía. 3. ed. Barcelona: Ariel, 2008, p.
7.
163 Washington, DC, não é apenas uma capital política, é uma capital internacional em ciência,
também. O National Science Foundation, dos Institutos Nacionais de Saúde, as Academias
Nacionais, do Smithsonian, e até o Memorial Jefferson atestam o papel central da ciência e dos
cientistas do passado da nação e o seu futuro. Milhares de cientistas, engenheiros, políticos,
educadores e jornalistas de cerca de 50 nações presenciaram a 177 Reunião Anual da AAAS para
explorar uma ampla gama de descobertas recentes e iminentes desafios globais. O Escritório de
AAAS de programas públicos fornece cobertura de notícias, além de uma amostragem de notícias
da reunião anual de todo o mundo (Disponível em: www.aaas.org. Acesso em: 01 mar. 2020).
164 O que distingue os psicopatas é que a eles "falta emoção, falta-lhes o remorso, medo, culpa. Isso
é parcialmente explicado por uma diminuição no volume da amígdala, sede da emoção no [parte
límbico do] cérebro. Segundo pesquisas, Raine encontrou uma redução de 18% no volume da
amígdala em psicopatas adultos. Adrian Raine ainda explicitou: “Diferenças no cérebro são
importantes para explicar por que os homens cometem mais crimes do que as mulheres". Ele
identificou diversos fatores que estão associados com o maior risco de comportamento antissocial.
Ressaltou o pesquisador que o córtex órbito-frontal do cérebro regula a emoção. Em média, as
mulheres têm um maior volume nesta parte do cérebro do que os homens, e as pessoas de ambos
os sexos, com um volume proporcionalmente menor nesta área são mais antissociais. Emoção é
pensada para residir no sistema límbico, o mais velho, parte mais primitiva do cérebro reptiliano.
Raine identificou um marcador [septo pelúcido cavum (CSP)] para o mau desenvolvimento desta
região, que ocorre nos primeiros seis meses de vida. (Disponível em: www.aaas.org).
165 Também conhecidas como amígdalas límbicas, corpo ou núcleo amigdalóide, situam-se na
porção mediana do encéfalo, na região anterior do córtex temporal interno, polo superior do
hipocampo. Parecem ser a estrutura límbica mais importante na fisiologia das emoções pela sua
extensa ligação com outras partes do sistema límbico, estando relacionadas também ao
comportamento agressivo (ataque, defesa, fuga) e ao comportamento social. [...] Após receber um
estímulo, a amígdala emite sinais às áreas corticais (registros), ao hipocampo (memória), ao
tálamo e, principalmente, ao hipotálamo, realizando um constante feedback com todas as áreas
límbicas (emoções) (OLIVEIRA, Maria Aparecida Domingues de. Neurofisiologia do
comportamento. Uma relação entre o funcionamento cerebral e as manifestações
comportamentais. 2. ed. Canoas: Ulbra, 2000, pp. 104-105; 112). Segundo Jorge Trindade, Andréa
Beheregaray e Mônica Rodrigues Cuneo: “localizada na profundidade de cada lobo temporal
anterior, a amígdala funciona de modo íntimo com o hipotálamo. Está envolvida na produção de
uma resposta ao medo e a outras emoções negativas, na qualidade de centro identificador do
perigo. Nos seres humanos, a lesão da amígdala provoca a perda do sentido afetivo da percepção
de uma informação externa, como a visão de uma pessoa conhecida ou querida. Ele sabe o que
está vendo, mas não sabe se gosta ou não da pessoa que vê. A amígdala compõe a região límbica
que exerce um papel transcendente na agressividade” (TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY,
Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2009, p. 53).
166 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a
máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 19.
167 BABIAK, Paul; HARE, Robert D. Psicopatas no trabalho: como identificar e se proteger. Trad.
Márcia Men. São Paulo: Universo dos Livros, 2022. p. 355.
168 RAINE, Adrian; SANMARTÍN, José. Violencia y psicopatía. 3. ed. Barcelona: Ariel, 2008, pp.
6-7.
169 SPRINGER, Sally P.; DEUTSCH, Georg. Cérebro esquerdo, cérebro direito. Tradução de
Thomaz Yoshiura. São Paulo: Summus, 1998, p. 315.
170 HARE, Robert D. Psicopatia: teoria e pesquisa. Tradução de Cláudia Moraes Rêgo. Rio de
Janeiro: Livros técnicos e Científicos Editora S.A, 1973, p. 25.
171 Contrariando os estudos atualmente desenvolvidos, Vicente Garrido aponta que a lesão nos
córtices pré-frontais ou, ainda, na amígdala, encontrada em Phineas Gage, não é característica dos
psicopatas. Portanto, rechaça a possibilidade de lesão cerebral ser causadora do transtorno de
personalidade antissocial (GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual.
Tradução de Juliana Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 62). “Porque, lembremos, o psicopata
não tem essa lesão nos córtices pré-frontais ou na amígdala que acabamos de descrever. Os
pacientes com tais lesões apresentam comportamentos que nos lembram os do psicopata quando
desvinculam-se do que acontece com os outros e, diríamos, do seu próprio bem-estar como
pessoas maduras. Mas tem de haver algo mais, porque os pacientes com lesão cerebral são
incapazes de se adaptar convenientemente a um trabalho, a sua família e a seus amigos. E os
psicopatas por certo apresentam em um grau variável esses desajustes. Alguns estudam com
interesse; outros trabalham muitos anos com sucesso.” Segundo o autor, há dois elementos que
podem provocar o surgimento da psicopatia: dano no sistema nervoso e o ‘aprendizado social’ ao
longo da vida. Contudo, aponta a não satisfatoriedade dos estudos realizados no sistema nervoso
central. Apesar dessa constatação, ressalta que todos os estudos direcionam-se no sentido de que a
chave está nesse déficit de integração entre afeto e pensamento, associada a uma menor
capacidade para sentir e experimentar as emoções (GARRIDO, Vicente. O psicopata: um
camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 62-63).
Segundo O. V. Kerbibov et al, os fatores que determinam a aparição das particularidades
congênitas que são a base da psicopatia podem ter duas origens. A existência de lesões do sistema
nervoso pode ter sido resultado da ação de diversos agentes nocivos sobre o embrião ou sobre o
feto durante a sua vida intrauterina, produzidos por traumatismos do parto ou por enfermidades
ocorrentes nos primeiros meses de vida. Os autores ainda ressaltam que a psicopatia pode decorrer
de fatores hereditários. Apesar da apresentação dessas duas formas explicativas do surgimento da
psicopatia, os autores ressaltam a dificuldade de apresentar uma classificação completa das
psicopatias (KERBIKOV, O. V. et al. Manual de psiquiatria. Tradução de F. Villa Landa. Cuba,
Revista Del Hospital Psiquiatrico de La Habana, v. 5, 1965).
172 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia – a
máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 52.
173 O uso de testes psicológicos – realizados exclusivamente por psicólogos – pode ser útil para o
diagnóstico do transtorno. Conforme a Lei n. 4.119, de 27/08/62, “parágrafo 1º – Constitui função
privativa do Psicólogo a utilização de métodos e técnicas psicológicas com os seguintes objetivos:
A) diagnóstico psicológico; B) orientação e seleção profissional; C) orientação psicopedagógica;
D) Solução de problemas de ajustamento”.
174 SHINE, Sidney Kiyoshi. Psicopatia. Clínica psicanalítica. 4. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2010, p. 142.
175 ADRADOS, Isabel. Teoria e prática do teste de Rorschach. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1973, p.
5.
176 ADRADOS, Isabel. Teoria e prática do teste de Rorschach. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1973, p.
5.
177 RORSCHACH, Hermann. Psicodiagnóstico. Tradução de Marie Sophie de Villemor Amaral. 3.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 15.
178 SADOCK, Benjamin James; SADOCK, Virginia Alcott. Compêndio de psiquiatria. Tradução
de Claudia Dornelles [et al.]. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, p. 210.
179 RORSCHACH, Hermann. Psicodiagnóstico. Tradução de Marie Sophie de Villemor Amaral. 3.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 19.
180 RORSCHACH, Hermann. Psicodiagnóstico. Tradução de Marie Sophie de Villemor Amaral. 3.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 199.
181 RORSCHACH, Hermann. Psicodiagnóstico. Tradução de Marie Sophie de Villemor Amaral. 3.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 201.
182 Disponível em: http://www.valordoconhecimento.com.br/rorscharch-folha-de-localizacao.html.
Acesso em: 16 fev. 2018.
183 Consideram-se diagnósticos cegos “qualquer coisa de imensamente precioso, primeiro como
iniciação, para aprendizado do método, em segundo lugar, para se convencer os céticos, estranhos
ao método, do valor da prova e, em terceiro, para fins de comparações cientificas”
(RORSCHACH, Hermann. Psicodiagnóstico. Tradução de Marie Sophie de Villemor Amaral. 3.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 260).
184 RORSCHACH, Hermann. Psicodiagnóstico. Tradução de Marie Sophie de Villemor Amaral. 3.
ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, pp. 260-261.
185 HARE, Robert D. Psicopatia: teoria e pesquisa. Tradução de Cláudia Moraes Rêgo. Rio de
Janeiro: Livros técnicos e Científicos Editora S.A, 1973, p. 20.
186 Além do PCL-R, Robert D. Hare também contribuiu para Psychopathy Checklist: Screening
Version (PCL:SV), o P -Scan, a Lista de Verificação de Psicopatia: Versão Juvenil (PCL:YV) e o
Dispositivo de Triagem de Processo Antissocial (APSD).
187 Apesar de os sujeitos identificados como psicopatas no meio carcerário serem minoria, sua
influência maléfica é relativamente muito maior. O seu reconhecimento é de importância
fundamental para questões essenciais, como a previsão da reincidência criminal, a possibilidade de
reabilitação social e a concessão de benefícios penitenciários.
188 Segundo estudo realizado pelo emprego do PCL-R, restou constatado que a incidência da
psicopatia é menor dentre a população de pacientes de centros psiquiátricos penitenciários (10-
15%) do que na população de reclusos (15-15%) (RAINE, Adrian; SANMARTÍN, José. Violencia
y psicopatía. 3. ed. Barcelona: Ariel, 2008, p. 31).
189 FOWLER, Katherine A.; O’DONHOHUE, William; LILIENFELD, Scott O. (org.).
Transtornos de personalidade: em direção ao DSM-V. Tradução de Fábio Moraes Corregiari.
São Paulo: Roca, 2010, p. 125.
190 Disponível em: http://www.hare.org/training/. Acesso em: 16 fev. 2018.
191 Disponível em: https://satepsi.cfp.org.br/Lista_Teste_Completa.cfm. Acesso em: 30 jul. 2023.
192 Disponível em: http://www.hare.org/scales/pclyv.html. Acesso em: 30 jul. 2023.
193 Disponível em: http://www.hare.org/scales/pclsv.html. Acesso em: 30 jul. 2023.
194 “alterações na condutividade elétrica, no eletroencefalograma, foram encontradas em alguns
pacientes com transtornos de personalidade, mais comumente nos tipos anti-social e borderline,
nos quais é observada uma atividade de ondas lentas” (KAPLAN, Harold I. et al. Compêndio de
psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Tradução de Dayse Batista. 7. ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 687).
195 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 65.
196 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 70.
197 FONTANA, Antônio Matos. Manual de clínica em psiquiatria. São Paulo: Atheneu, 2005, p.
374.
198 FONTANA, Antônio Matos. Manual de clínica em psiquiatria. São Paulo: Atheneu, 2005, pp.
375-376.
199 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 202.
200 ZIMERMAN, David. Vocabulário contemporâneo de psicanálise. Porto Alegre: Artmed,
2001, p. 338.
201 BECK, Aaron T.; FREEMAN, Arthur; DAVIS, Denise D. Terapia cognitiva dos transtornos
da personalidade. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
2005, p. 147.
202 KAPLAN, Harold I. et al. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria
clínica. Tradução de Dayse Batista. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 693.
203 Over a period of many years I have remained discouraged about the effect of treatment on the
psychopath. Having regularly failed in my own efforts to help such patients alter their
fundamental pattern of inadequacy and antisocial activity, I hoped for a while that treatment by
others would be more successful. I have had the opportunity to see patients of this sort who were
treated by psychoanalysis, by psychoanalytically oriented psychotherapy, by group and by milieu
therapy, and by many other variations of dynamic method. I have seen some patients who were
treated for years. I have also known cases in which not only the patient but various members of his
family were given prolonged psychotherapy. None of these measures impressed me as achieving
successful results. The psychopaths continued to behave as they had behaved in the past.
(CHECKLEY, Hervey. The mask of sanity. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1976, pp. 476-477).
204 “Alguns transtornos de personalidade (p. ex., transtorno de personalidade antissocial) são
diagnosticados com maior frequência em indivíduos do sexo masculino).” (Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais: DSM-5/ [American Psychiatric Association... et al.]; revisão
técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 648).
205 Na lição de John P. J. Pinel, “o fato de a agressão social em muitas espécies ser mais freqüente
em machos do que em fêmeas normalmente é explicado em referência aos efeitos da testosterona
sobre a organização e a ativação” (PINEL, John P. J. Biopsicologia. Tradução de Ronaldo Cataldo
Costa. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005, p. 458; GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão
na sociedade atual. Tradução e adaptação de Juliana Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 275;
KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.; GREBB, Jack A. Compêndio de psiquiatria.
Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre:
Artmed, 1997, p. 692).
2 Da Imputabilidade
Por fim, ressaltam que o direito penal ora em vigor está fundado em uma
“visão de liberdade puramente normativa, segundo a qual o indivíduo é
considerado a priori dotado de liberdade de autodeterminação, e, portanto,
culpável, ao praticar um fato previsto como crime e antijurídico”, desde que
presentes determinadas condições, sejam elas biológicas, psíquicas ou
fáticas descritas na lei244.
Definida por Romagnosi, Feuerbach e Impallomeni, a terceira teoria
fundamenta a imputabilidade na intimidação. De acordo com essa teoria,
tem-se na lei penal o poder intimidatório que somente atingirá sua eficácia
se os destinatários da norma possuírem capacidade para sofrer a coação
psicológica da lei. Dessa forma, estão afastados desse rol de destinatários as
crianças e as pessoas com doença mental porque, conforme os estudiosos,
não possuem capacidade para sentir esse poder coercitivo da norma penal.
Criada por Gabriel Tarde, a Teoria da Identidade Pessoal justifica a
imputabilidade do agente de acordo com os critérios da sua identidade
pessoal reflexamente. Assim, seus atos são considerados o reflexo da
adaptação do seu próprio ‘eu’ adaptado ao meio social. De acordo com o
autor, os indivíduos com doença mental e embriaguez não permitem o
processo de adaptação do ‘eu’ com o ambiente social e, por isso, devem ser
considerados irresponsáveis.
De acordo com a teoria de Von Liszt, a imputabilidade está fundamentada
na capacidade normal de o agente conduzir-se socialmente, pautado no
parâmetro oferecido do homem médio. Somente é considerado inimputável
aquele que demonstrar incapacidade para conduzir-se socialmente.
A teoria apontada por Max Ernst Mayer apresenta a particularidade de ser
a concepção por ora dominante nas modernas legislações penais. De acordo
com essa teoria, somente é considerado imputável aquele que possui
capacidade de entender e de querer, atrelando estas circunstâncias às
condições de maturidade e de sanidade mental. Essa é a teoria adotada pelo
direito penal brasileiro.
2.4 Histórico da imputabilidade na legislação
penal brasileira
De acordo com José Henrique Pierangeli, a primeira legislação penal
vigente no país foi o Livro V das Ordenações Filipinas245.
As Ordenações do Reino (Filipinas), de 11 de janeiro de 1603, não
previam especificamente a figura do louco, contudo incluíam, no capítulo
destinado à responsabilidade mental, o desenvolvimento mental incompleto
em razão da menoridade246.
Quanto à figura do louco, encontramos a primeira previsão expressa
somente no Código Criminal do Império do Brasil, de 16 de dezembro de
1824:
Art.10 Também não se julgarão criminosos:
1º Os menores de quatorze annos.
2º Os loucos de todo o gênero, salvo se tiverem lúcidos intervallos e nelles commetterem o
crime.
3º Os que commetterem crimes violentados por força ou por medo irresistíveis.
4º Os que commetterem crimes casualmente no exercício ou pratica de qualquer acto licito,
feito com a tenção ordinária.
Art.11. Posto que os mencionados no artigo antecedente não possão ser punidos, os seus
bens com tudo serão sujeitos á satisfação do mal causado.
Art.12. Os loucos que tiverem commetido crimes serão recolhidos ás casas para elles
destinadas, ou entregues ás suas famílias, como ao Juiz parecer mais conveniente.
Art.13. Se se provar que os menores de quatorze annos, que tiverem commettido crimes,
obrarão com discernimento, deverão ser recolhidos ás casas de correcção, pelo tempo que
ao juiz parecer, com tanto que o recolhimento não exceda a idade de dezasete annos. (sic)
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Por fim, de acordo com o critério biopsicológico – que retrata a fusão dos
dois critérios mencionados –, é considerado inimputável quem, ao tempo da
ação, apresenta alguma anomalia mental e, em razão dessa circunstância,
não possui capacidade para entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com tal entendimento.
206 ROXIN, Claus. Culpabilidad y prevención en derecho penal. Tradução de Francisco Muñoz
Conde. Madrid: Instituto Editorial Reus, 1981, p. 33.
207 Cezar Roberto Bitencourt aborda com clareza o entendimento de que a imputabilidade é
elemento da culpabilidade, e não pressuposto da mesma (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado
de direito penal: parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 438).
208 De acordo com Francisco Muñoz Conde, do ponto de vista formal, culpabilidade consiste no
conjunto de condições que justificam a imposição de uma pena ao autor dos fatos (ROXIN, Claus.
Culpabilidad y prevención en derecho penal. Tradução de Francisco Muñoz Conde. Madrid:
Instituto Editorial Reus, 1981, p. 14). Na lição de Miguel Reale Júnior, “a imputabilidade,
portanto, não é pressuposto da culpabilidade nem obstáculo à culpabilidade, mas dado distintivo
da pessoa humana, razão pela qual constitui um pressuposto da ação, vista esta como decorrência
de uma opção valorativa” (REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de direito penal – parte geral.
3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 206).
209 Importante destacar que, segundo a doutrina majoritária, a culpabilidade é elemento do conceito
analítico de crime. Para a minoria doutrinária, a culpabilidade é analisada como pressuposto de
aplicação da pena.
210 Para Alexis Augusto Couto de Brito e Maria Patrícia Vanzolini, a imputabilidade é o primeiro
elemento normativo da culpabilidade como reprovabilidade. Alguns doutrinadores a interpretam
como a capacidade de entender e de se determinar; segundo Roxin, ser imputável significa possuir
capacidade para ser destinatário da norma. Para Claus Roxin, o fundamento de tal afirmação se dá
na capacidade real ou fictícia de “compreensão da finalidade buscada, e de conduzir sua conduta
conforme esta compreensão” (BRITO, Alexis Augusto Couto de; VANZOLINI, Maria Patrícia
(org.). Direito penal: aspectos jurídicos controvertidos. São Paulo: Quartier Latin, 2006, p. 249).
211 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 459. De acordo com a concepção do finalismo apontada por
Welzel, a culpabilidade é composta de três elementos normativos: imputabilidade, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
212 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 460.
213 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 394.
214 PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro – parte geral. 7. ed. São Paulo: RT,
2007, p. 434.
215 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: a nova parte geral. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1986, p. 203.
216 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p.
21.
217 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p.
22.
218 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 396.
219 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro – parte geral. 9. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 539.
220 Hans Welzel ressalta: “a capacidade de culpa tem, portanto, um elemento adequado ao
conhecimento (intelectual) e outro adequado à vontade (volitivo): os dois juntos constituem a
capacidade de culpa [...]. Para o elemento intelectual é decisiva a compreensão do ‘injusto’ do
fato, como expressa o § 3, JGG. [...]” (WELZEL, Hans. Derecho penal – parte general. Buenos
Aires: Roque Depalma, 1956, p. 165).
221 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro – parte geral. 9. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 540.
222 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 462. Acrescemos a tal afirmação a exigência de que a
imputabilidade ou capacidade psíquica de motivação normativa seja analisada também no
momento da omissão, ou comissão por omissão do delito.
223 SILVEIRA, V. César da. Tratado da responsabilidade criminal. v. 1. São Paulo: Saraiva, 1955,
p. 482. “Os códigos do imperador romano Justiniano já distinguiam nos agentes a insanidade
psíquica (furor), a demência (dementia), a estupidez (moria) e os alienados em geral (mente-capti)
e consideravam que, se o delito fosse cometido em um lucidum intervallum, o indivíduo deveria
ser responsável pelo seu ato. Os romanos, que também regulamentavam os direitos civis de seu
povo, consideravam os imbecilitas como incapazes de dispor de seus próprios bens, mas julgavam
que o indivíduo, durante o intervalla perfectissima de sua doença, deveria recuperar os seus
direitos civis” (COHEN, Cláudio; FERRAZ, Flávio Carvalho; SEGRE, Marco (org.) Saúde
mental, crime e justiça. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006, p. 119).
224 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. Tomo I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008,
p. 455.
225 ABREU, Michele O. de; ABREU, Evandro Luiz Oliveira de. Inimputabilidade superveniente:
uma impropriedade jurídica. Boletim IBCCrim, ano 22, n. 256, mar. 2014, p. 13-14
226 SILVEIRA, V. César da. Tratado da responsabilidade criminal. v.1. São Paulo: Saraiva, 1955,
p. 119.
227 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 39.
228 OLIVEIRA, Edmundo. Comentários ao Código Penal – parte geral. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1998, pp. 301-302.
229 Segundo Maximiliano Roberto Ernesto Führer, os fundamentos podem ser explicados pelos
preceitos adotados pelas Escolas Liberal Clássica e Positiva Determinista.
230 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 40.
231 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 40.
232 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 381.
233 BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à
sociologia do direito penal. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos/Instituto Carioca de Criminologia, 1999, p. 31.
234 BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à
sociologia do direito penal. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos/Instituto Carioca de Criminologia, 1999, p. 40.
235 BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à
sociologia do direito penal. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos/Instituto Carioca de Criminologia, 1999, p. 29.
236 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 382.
237 DUEK MARQUES, Oswaldo Henrique; MINERBO, Marion. Liberdade (possível) e
responsabilidade normativa ou ontológica, ideal ou possível, a noção de liberdade analisada da
perspectiva da filosofia do direito e da psicanálise. Revista Filosofia. Conhecimento Prático n. 28,
2011, pp. 46-54.
238 Marcello Jardim Linhares ressalta que, para Von Liszt, o crime não é resultante da liberdade
humana, mas de fatores individuais, físicos, sociais e econômicos (LINHARES, Marcello Jardim.
Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. 8).
239 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p.
06.
240 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 383.
241 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p.
450.
242 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. 7.
243 DUEK MARQUES, Oswaldo Henrique; MINERBO, Marion. Liberdade (possível) e
responsabilidade normativa ou ontológica, ideal ou possível, a noção de liberdade analisada da
perspectiva da filosofia do direito e da psicanálise. Revista Filosofia. Conhecimento Prático n. 28,
2011, pp. 46-54.
244 DUEK MARQUES, Oswaldo Henrique; MINERBO, Marion. Liberdade (possível) e
responsabilidade normativa ou ontológica, ideal ou possível, a noção de liberdade analisada da
perspectiva da filosofia do direito e da psicanálise. Revista Filosofia. Conhecimento Prático n. 28,
2011, pp. 46-54.
245 Ressalta ainda que as Ordenações Afonsinas e as Manuelinas, embora vigentes em Portugal,
foram letra morta no Brasil (PIERANGELI, José Henrique. Códigos Penais do Brasil: evolução
histórica. 2. ed. São Paulo: RT, 2004, p. 7).
246 Livro V, Título CXXXV: “Quando os menores serão punidos por os delictos, que fizerem –
Quando algum homem, ou mulher, que passar de vinte annos, commetter qualquer delicto, dar-se-
lhe-há a pena total, que lhe sereia dada, se de vinte e cinco annos passasse. E se for de idade de
dezasete annos até vinte, ficará em arbítrio dos Julgadores dar-lhe a pena total, ou diminuir-lha. E,
em este caso, olhará o Julgador o modo, com que o delicto foi commettido, e as circunstâncias
delle, e a pessoa do menor; e se o achar em tanta malicia, que lhe pareça que merece total pena,
dar-lhe-há, postoque seja de morte natural. E parecendo-lhe que a não merece, poder-lha-há
diminuir, segundo a qualidade, ou simpleza, com que achar, que o delicto foi commettido. E
quando o delinqüente for menor de dezasete annos cumpridos, postoque o delicto mereça morte
natural, em nenhum caso lhe será dada, mas ficará em arbítrio do Julgador dar-lhe outra menor
pena. E não sendo o delicto tal, em que caiba pena de morte natural, se guardará a disposição do
Direito Comum” (sic).
247 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 21.
248 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 22.
249 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 23.
250 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 23.
251 Imperioso destacar que este posicionamento não é unânime na doutrina e na jurisprudência.
252 De acordo com o art. 78 do Código Penal de 1940, a periculosidade era legalmente presumida
nas seguintes hipóteses:
Portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento;
2. O agente que, em virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, estava privado da plena capacidade de entender o caráter criminoso do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento; 3. Condenado por crime cometido em
estado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos, se habitual a embriaguez; 4.
Reincidente em crime doloso; 5. Condenado por crime cometido em associação, bando ou
quadrilha de malfeitores.
253 O Código Penal de 1969 sequer chegou a entrar em vigor. No período correspondente à vacatio
legis – na qual foi inúmeras vezes prorrogada – tal diploma foi revogado antes mesmo do período
findar-se.
254 De acordo com a Exposição de Motivos do Código Penal de 1969 (item 16), diversas e
importantes propostas foram apresentadas em tema de imputabilidade fruto do largo exame que o
anteprojeto mereceu em todo o País. A Comissão Revisora elaborou, após demorados debates,
uma fórmula tecnicamente perfeita, a mesma que o grupo brasileiro levou à reunião realizada na
cidade do México pela Comissão Redatora do Código Penal Tipo para a América Latina e foi ali
aprovada. Todavia, a meticulosa consideração da realidade brasileira e, sobretudo, da longa
experiência com a aplicação do Código vigente desaconselhou uma alteração substancial, para
incluir também a grave perturbação da consciência como capaz de excluir a imputabilidade.
Parece certo que a fórmula do Código vigente, apesar de sua rigidez, não conduziu a soluções
iníquas ou a situações de responsabilidade sem culpa. É altamente duvidosa a conveniência de
ampliar a fórmula, comprometendo a eficiência da repressão com as incorreções e abusos a que
poderia dar lugar, nesta passagem essencial da lei a proposta da Comissão Revisora. Por essas
razões, na revisão final se manteve, basicamente, a disposição da lei vigente.
Em relação aos semi-imputáveis, inovação importante ocorre com a regra prevista no art. 94, que
adotou o sistema vicariante, para aplicação ou da pena ou da medida de segurança. O projeto
termina com o sistema do duplo binário (pena e medida de segurança detentiva sucessivamente
aplicadas). Esse sistema, que teve a missão histórica de conciliar duas tendências opostas está em
franco declínio por toda parte. No Brasil, afora uma ou outra malograda experiência, ele realmente
não chegou a ser posto em prática. [...] O projeto termina com o defeituoso sistema das medidas de
segurança detentivas para imputáveis. A pena, não obstante a sua natureza retributiva, deve ser
cumprida como uma medida de segurança, ou seja, tendendo à recuperação social do delinqüente.
As únicas medidas de segurança detentivas são a internação em manicômio judiciário e a
internação em estabelecimento psiquiátrico, anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento
penal.
255 O dispositivo ora apontado assim dispunha: Art. 94. A internação, em qualquer dos casos
previstos nos artigos precedentes, deve visar não apenas ao tratamento curativo do internado,
senão também ao seu afeiçoamento a um regime educativo ou de trabalho, lucrativo ou não,
segundo o permitirem suas condições pessoais.
256 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 27.
257 No item 22 da Lei n. 7.209/84, ou seja, da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código
Penal, restou assim disposto: 22. Além das correções terminológicas necessárias, prevê o Projeto,
no parágrafo único, in fine, do art. 26, o sistema vicariante para o semi-imputável, como
conseqüência lógica da extinção da medida de segurança para o imputável. Nos casos fronteiriços
em que predominar o quadro mórbido, optará o juiz pela medida de segurança. Na hipótese
oposta, pela pena reduzida [...].
258 “A verdadeira responsabilidade (A RESPONSABILIDADE JUSTA) não é, porém, a
responsabilidade psicológica ou subjetiva (quantidade de livre arbítrio com que o réu delinqüiu)
nem a responsabilidade legal ou objetiva (pena descrita na parte especial do Código Penal) – a
primeira, por não ter medida numérica adequada; a segunda, por ser indefinida: por ir de tanto a
tanto. É, portanto a RESPONSABILIDADE PENAL, a responsabilidade medida, a
responsabilidade medida em pena, e que resulta do reajustamento das duas primeiras, realizado
por um cálculo numérico [...]” (MELLO, Lydio Machado Bandeira de. Manual de direito penal.
Responsabilidade penal. Das causas de isenção de pena. Da embriaguez. v. 3. Belo Horizonte:
Manuais da Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, 1956, p. 111).
259 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p.
452.
260 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal – introdução e parte geral. 32. ed. São Paulo, 1997, p.
164.
261 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal – introdução e parte geral. 32. ed. São Paulo, 1997, p.
164.
262 JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito penal. 2. ed. São Paulo: Prima Cursos
Preparatórios, 2004, p. 96.
263 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal – introdução e parte geral. 32. ed. São Paulo, 1997, p.
165.
264 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal – introdução e parte geral. 32. ed. São Paulo, 1997, p.
165.
265 O art. 50 do Código Penal Militar, segundo o qual “o menor de 18 (dezoito) anos é inimputável,
salvo se, já tendo completado 16 (dezesseis) anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico para
entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento” foi
parcialmente recebido pela Constituição Federal.
266 Há muito tem-se intentado diminuir a maioridade penal. Estudiosos do Direito têm debatido a
questão e parece que a discussão não tem previsão para findar-se. Há uma corrente que sustenta
não ser possível a redução da maioridade penal porque não se permite proposta de emenda
constitucional tendente a abolir direito e garantia individual. Trata-se, segundo essa corrente, de
previsão constitucional protegida pela cláusula pétrea. Outros entendem que a maioridade penal
pode ser reduzida sob o fundamento que o art. 60, § 4º, IV, da Constituição Federal não pressupõe
o entendimento que a questão não possa ser modificada.
267 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 399.
268 São consideradas medidas socioeducativas, conforme preceitua o art. 112 da Lei n. 8.069/1990:
advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,
inserção em regime de semiliberdade, internação em estabelecimento educacional e determinadas
medidas de proteção previstas no art. 101 da mesma lei.
269 O art. 101 da Lei n. 8.069/1990 prevê as seguintes medidas de proteção: encaminhamento aos
pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento
temporários; matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental; inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar
ou ambulatorial; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento
a alcoólatras e toxicômanos; acolhimento institucional; inclusão em programa de acolhimento
familiar e colocação em família substituta.
270 Supremo Tribunal Federal: “Embriaguez. Isenção de pena. Suficiência. A embriaguez que isenta
o agente de pena é aquela decorrente de caso fortuito ou força maior que, mostrando-se completa,
revela que ao tempo da ação ou da omissão era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato, ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” (DJU de 17-2-1995, p. 2.746 e
JSTF 199/374).
271 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 481.
272 Entendemos que o conceito de embriaguez apresentado pelo autor traduz o conteúdo que o artigo
pretendeu dispor. Salientamos, porém, que o conceito apresentado não corresponde, em sua
totalidade, ao conceito de embriaguez alcoólica.
273 JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito penal. 2. ed. São Paulo: Prima Cursos
Preparatórios, 2004, p. 98.
274 Rogério Greco prefere analisar a embriaguez sob duas variações: voluntária e involuntária
(GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, pp. 404-
405).
275 MELLO, Lydio Machado Bandeira de. Manual de direito penal. Responsabilidade penal. Das
causas de isenção de pena. Da embriaguez. v. 3. Belo Horizonte: Manuais da Faculdade de Direito
da Universidade de Minas Gerais, 1956, p. 288.
276 Para os indivíduos que não são dependentes, mas apenas usuários, aplicar-se-á a parte final do
inciso II do art. 28 do Código Penal.
277 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de Psiquiatria Forense Civil e Penal. São Paulo: Atheneu
Editora, 2003, p.368.
278 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de Psiquiatria Forense Civil e Penal. São Paulo: Atheneu
Editora, 2003, p.368.
279 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 91.
280 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p.
480.
281 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pp.
479-480.
282 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pp.
479-480.
283 GRECO, Rogério. Curso de direito penal – parte geral. 10. ed. Niterói: Ímpetus, 2008, p. 405.
284 A doutrina reconhece essa situação como embriaguez preordenada.
3 Da Inimputabilidade e Semi-
Imputabilidade de Acordo com o Critério
Biopsicológico
Por fim, as pessoas com retardo mental em grau grave (idiotia) são
aqueles que vivem em estado semivegetativo ou vegetativo. São incapazes
de praticar quaisquer atos que exijam complexidade, ainda que de menor
grau. Outro traço característico, mas não presente em todos os indivíduos, é
a linguagem na forma mais primitiva: emissão de ruídos ou som
ininteligíveis.
Cezar Roberto Bitencourt entende que as pessoas com desenvolvimento
mental retardado são aquelas que não atingiram a maturidade psíquica. Em
regra, nessas hipóteses, aparecem com alguma frequência as dificuldades
dos chamados casos fronteiriços, particularmente nas oligofrenias, em que o
diagnóstico não oferece a segurança desejada324.
A doutrina vai além. Segundo Nélson Hungria, para que esteja presente o
requisito normativo ora apontado, basta que o agente tenha a capacidade de
perceber que o fato seja possivelmente criminoso – o que difere do efetivo
conhecimento de que tal ato realmente o seja331.
A valoração da consciência da ilicitude de determinado indivíduo deve ser
apreciada segundo o conhecimento que todo homem médio possui em
relação ao direito. “A consciência da ilicitude abrange a compreensão da
lei, entendida de forma profana, da existência e dos limites reais das causas
de antijuridicidade e da posição de garante”332.
Dessa forma, importante esclarecer que exclui a imputabilidade do agente
se, em razão das circunstâncias psíquicas mencionadas, foi suprida a sua
falta de consciência acerca da ilicitude dos atos praticados.
285 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, pp. 262-265.
286 WELZEL, Hans. Derecho penal – parte general. Buenos Aires: Roque Depalma, 1956, p. 166.
287 WELZEL, Hans. Derecho penal – parte general. Buenos Aires: Roque Depalma, 1956, pp. 166-
167.
288 Tal referência deve-se ao fato de alguns doutrinadores desconsiderarem a conjunção
coordenativa alternativa ‘ou’ e tratam o requisito in fine como conjunção coordenativa aditiva.
289 O mesmo preceito aplica-se à hipótese de semi-imputabilidade.
290 Resolvemos por assim denominá-los, pois sua presença depende necessariamente da existência
dos elementos constitutivos principais.
291 Enrique Ferri destaca a dificuldade de apresentar a condição jurídico-penal dos enfermos mentais
que praticaram fato delitivo (FERRI, Enrique. Principios de derecho criminal. Delincuente y
delito em la ciência, em la legislacion y em la jurisprudência. Trad. José Arturo Rodriguez Muñoz.
Madrid: Reus, 1933, p. 643).
292 COHEN, Cláudio; FERRAZ, Flávio Carvalho; SEGRE, Marco (org.) Saúde mental, crime e
justiça. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006, p. 17.
293 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro – parte geral. 9. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 543.
294 PONTE, Antônio Carlos da. Inimputabilidade e processo penal. São Paulo: Quartier Latin,
2007, pp. 42-43.
295 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 270.
296 REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de direito penal – parte geral. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2009, p. 208.
297 Marcello Jardim Linhares ressalta que no direito penal italiano, a diversidade da terminologia
(enfermidade da mente, psicoses, distúrbios da atividade da mente, incapacidade de entender ou
querer etc.) torna dificultoso sustentar um conceito exato de doença mental (LINHARES,
Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. 24).
298 Assim assinala o autor: “o conceito é tomado de forma ampla, incluindo estados que não são
propriamente doenças mentais, como o desmaio e o delírio febril. É possível dizer, com Enrique
Bacigalupo, que o conceito jurídico de doença mental não se sobrepõe exatamente ao conceito
médico de enfermidade mental” (FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da
inimputabilidade no direito penal. São Paulo: Malheiros, 2000, pp. 55-56).
299 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, pp. 55-56.
300 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p.
23.
301 Marcello Jardim Linhares destaca que o conceito de doença mental deve abarcar não somente a
enfermidade psíquica, mas também a enfermidade física que provoque reflexos sobre a capacidade
de entendimento e vontade (LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de
Janeiro: Forense, 1978, p. 23).
302 COHEN, Cláudio; FERRAZ, Flávio Carvalho; SEGRE, Marco (org.) Saúde mental, crime e
justiça. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006, p. 25.
303 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 16.
304 COHEN, Cláudio; FERRAZ, Flávio Carvalho; SEGRE, Marco (org.) Saúde mental, crime e
justiça. 2. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006, p. 17.
305 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 16.
306 Maximiliano Roberto Ernesto Führer ressaltou a obra de Erasmo de Rotterdam, Elogio da
loucura, oportunidade em que o artista considerava a loucura como fonte de criatividade.
307 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 21.
308 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 22.
309 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 22.
310 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, pp. 23-24.
311 MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Código penal interpretado. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2007, p. 264.
312 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, pp. 270-271.
313 PONTE, Antônio Carlos da. Inimputabilidade e processo penal. São Paulo: Quartier Latin,
2007, p. 46.
314 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p.
27.
315 “[...] quanto mais precoce for a instalação do defeito, tanto maior e mais evidente será a
deficiência, que costuma vir acompanhada, via de regra, de um psiquismo que flui com incerteza,
inferioridade, labilidade emotiva, impulsividade e dificuldade de relacionamento com o mundo,
isso quando não vem acompanhada de desenvolvimento mental retardado ou com dano
neuropsiquiátrico.” O autor ainda ressalta que se houver transtorno mental concomitante, a surdo-
mudez deve ser considerada como doença mental e não como desenvolvimento mental incompleto
(PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 502).
316 De acordo com Guido Arturo Palomba, o silvícola puro “possui maneira de pensar, de agir e de
sentir próprias de sua comunidade, profundamente diferentes do homem civilizado. Entre os
conceitos totalmente divergentes estão a noção de coletividade e de individualidade, de
propriedade, de ambição e de desapego. [...] O comportamento dos índios, embora tenha nuances
de tribo para tribo, de maneira geral tende à apatia, à frieza e à insensibilidade [...]” (PALOMBA,
Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o Código Civil de
2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 505).
317 Apedeutismo corresponde à figura de indivíduos considerados ignorantes por não saberem ler e
escrever e não terem acesso (ou, ainda que tenham acesso, mas não tenham contato) aos sistemas
de comunicação.
318 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006, p. 443.
319 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 467.
320 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 483.
321 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 483.
322 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, pp. 486-487.
323 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 487.
324 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006, p. 444.
325 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006, p. 440.
326 SILVA, César Dario Mariano da. Manual de direito penal – parte geral. v. 1. 4. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2006, p. 144.
327 SILVA, César Dario Mariano da. Manual de direito penal – parte geral. v. 1. 4. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2006, p. 144.
328 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 288.
329 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 288.
330 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, pp. 288-289.
331 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 289.
332 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 51.
333 Segundo Maximiliano Roberto Ernesto Führer, “a singela vontade de praticar o crime não é
dirimente e, neste caso, o agente será totalmente responsável. A exclusão da culpabilidade ocorre
se a enfermidade mental chega a causar incapacidade de autodeterminação, por eversão, adversão
e perversão, que são os mecanismos de adulteração da vontade. Eversão é a subversão das
atividades volitivas. Ocorre na psicose maníaco-depressiva e nas demais manias. Adversão é a
redução ou ablação daquelas atividades, como por exemplo, acontece nas depressões em geral, no
autismo e nas síndromes de diminuição do impulso vital. Perversão é todo o desvio mórbido da
vontade que atinge o caráter, especialmente no que se refere aos limites esperados como normais.
É encontrável amiúde nas personalidades psicopáticas” (FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto.
Tratado da inimputabilidade no direito penal. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 52).
334 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 289.
335 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 289.
336 SILVA, César Dario Mariano da. Manual de direito penal – parte geral. v. 1. 4. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2006, p. 144.
337 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 53.
338 Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli declaram discordar das terminologias
‘imputabilidade diminuída’ e ‘semi-imputabilidade’ “pois trata-se de hipóteses em que há delito,
com todos os seus caracteres, inclusive, logicamente, a culpabilidade que, em tal situação,
apresenta um menor grau de censurabilidade, em virtude de uma perturbação da consciência que
não chega a configurar uma inimputabilidade” (ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José
Henrique. Manual de direito penal brasileiro – parte geral. 9. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 548).
339 Cezar Roberto Bitencourt critica as expressões imputabilidade diminuída ou semi-
imputabilidade ao afirmar que são “absolutamente impróprias, pois, na verdade, soam mais ou
menos com algo parecido como semivirgem, semigrávida, ou então como uma pessoa de cor
semibranca! Em realidade, a pessoa, nessas circunstâncias, tem diminuída sua capacidade de
censura, de valoração, consequentemente a censurabilidade de sua conduta antijurídica deve sofrer
redução” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006, p. 444).
340 CARVALHO, Hilário Veiga de et al. Compêndio de medicina legal. São Paulo: Saraiva, 1987,
p. 349.
341 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 271.
342 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p.
462.
343 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 272.
344 REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de direito penal – parte geral. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2009, p. 209.
345 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 271.
346 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 60.
347 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 60.
348 Segundo o autor, o grau de inimputabilidade deve ser observado pelos efeitos concretos que a
anomalia produziu na consciência da ilicitude e na capacidade de autodeterminação do indivíduo,
ao tempo do crime. Não é possível previsão segura apenas considerando a classificação estática
em perturbação ou doença mental (FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da
inimputabilidade no direito penal. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 63).
349 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 61.
350 “Falava-se antigamente, em relação aos ‘fronteiriços’, que eram semi-loucos (GRASSET,
Regis). E é bem conhecida a polêmica que este conceito suscitou. Digladiaram-se em campos
opostos a teoria dos ‘dois blocos’ e a teoria do ‘bloco único’. Segundo a primeira (a que se apegou
à ‘escola positiva’ como a uma definitiva solução científica), ou é-se louco ou não se é louco, ou
é-se responsável ou não se é responsável: não há graus intermédios. A unidade das faculdades
psíquicas não admite a concepção de indivíduos parcialmente loucos. De modo diverso,
entretanto, postulava a teoria do ‘bloco único’: não há uma nítida linha de separação entre os
mentalmente sãos e os doentes mentais; estão de permeio os ‘fronteiriços’, que são graus de
passagem (natura non facit saltus). Se os ‘fronteiriços’ não são inteiramente responsáveis,
também não podem ser declarados irresponsáveis. Atualmente, porém, pode dizer-se que o
dissídio está superado: não há semiloucos ou semi-responsáveis, mas entre a saúde mental e a
loucura há estados psíquicos que representam uma variação mórbida da norma, embora alheias à
órbita da loucura ou doença mental, e os seus portadores são responsáveis, mas com menor
culpabilidade, em razão da sua inferioridade bio-ético-sociológica, isto é, de sua menor capacidade
de discernimento ético-social ou de auto-inibição ao impulso criminoso. Não se trata, como
outrora se dizia, de um artifício de política criminal. A moderna psiquiatria fornece base científica
ao critério do ‘vício parcial de mente’ (segundo a expressão do Código italiano)” (HUNGRIA,
Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1983, p. 272).
351 HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Heleno Cláudio. Comentários ao Código Penal. v. 1. t. II. 6.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 273.
352 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 477.
353 MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Código penal interpretado. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2007, p. 270.
354 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 674. Segundo Jaques de Camargo Penteado e Oswaldo
Henrique Duek Marques, “embora tenha como pressuposto a prática de fato previsto como crime,
em decorrência do princípio da reserva legal, a medida de segurança não constitui retribuição, nem
se fundamenta na culpabilidade do agente” (DUEK MARQUES, Oswaldo Henrique;
PENTEADO, Jaques de Camargo. Nova proposta de aplicação de medida de segurança para os
inimputáveis. Boletim IBCCrim, n. 58, set.1997).
355 O entendimento de que a medida de segurança deve ser verificada nos instantes que prosseguem
à prática do crime é fator preponderante para a aplicação da medida de segurança decorrente da
interpretação do art. 97, § 1º, do Código Penal. De acordo com o dispositivo, o prazo mínimo de
cumprimento da medida de segurança é de um a três anos e permanecerá por tempo indeterminado
até à cessação da periculosidade do agente.
356 Importante declinarmos que a reforma da Parte Geral do Código Penal alterou o tratamento dado
ao semi-imputável. A redação originária do diploma adotava o sistema ‘duplo binário’, ou seja,
aos semi-imputáveis aplicavam-se medida de segurança e pena. Com a reforma, passou a imperar
o sistema vicariante segundo o qual ao juiz compete aplicar a pena, reduzida de um a dois terços,
ou medida de segurança.
357 DUEK MARQUES, Oswaldo Henrique; PENTEADO, Jaques de Camargo. Nova proposta de
aplicação de medida de segurança para os inimputáveis. Boletim IBCCrim, n. 58, set.1997.
4 Da Imputabilidade do Psicopata
2. Recurso de Apelação da Defesa Técnica com fundamento no artigo 593, III, “a”, “b”, “c”
e “d”, do CPP (indexador 918), alegando, inicialmente, nulidade do laudo produzido no
incidente de insanidade mental, em razão de a perícia ter sido realizada por apenas um
Perito, conforme informações colhidas durante o julgamento, embora esteja assinado por
dois experts, bem como tendo em vista a falta de fundamentação da referida peça técnica.
Argumenta, ainda, que o aludido laudo ingressou nos autos como prova emprestada. No
mérito, sustenta que a Decisão dos Jurados é manifestamente contrária à prova dos autos e,
ainda, negativa de autoria. Requer, pois, a anulação da Decisão condenatória, submetendo o
Acusado a novo julgamento. Subsidiariamente, pede a diminuição da pena. Formula,
outrossim, prequestionamento com vistas ao eventual manejo de recurso aos Tribunais
Superiores (indexador 974).
5. Quanto à alegada contrariedade à prova dos autos, também não assiste razão à Defesa,
tendo em vista o acervo probatório coligido ao longo das duas fases do procedimento
escalonado do Júri, com destaque para os depoimentos colhidos, em Juízo, sendo certo que
a materialidade delitiva restou positivada pelos Laudos de Exame de Corpo de Delito de
Necropsia (indexador 65, 296) e Laudo Complementar de Exame de Corpo de Delito de
Necropsia (indexador 293). Senão vejamos.
O Delegado da Polícia Civil, o Doutor Marcelo Machado, que gravou a confissão feita pelo
Recorrente em sede inquisitorial, apresentou relato firme e seguro em ambas as fases do
procedimento escalonado, esclarecendo que o Acusado deu detalhes quanto à execução da
vítima M.O.S.B, informações que, segundo o depoente, só alguém que esteve na cena do
crime poderia dar, conforme trechos de sua fala colacionados. O Policial civil Carlos
Eduardo de Carvalho Pinheiro, por sua vez, disse que, em três dias de diligências em Nova
Iguaçu, o Acusado indicou aos policiais os locais em que teria cometido diversos crimes,
detalhando-os. Ressalta que as vítimas eram sempre mulheres, brancas e que residiam
sozinhas. Pontua que o Recorrente indicou a residência da vítima M.O.S.B e que esclareceu
que esperou os cães da casa vizinha pararem de latir para só então entrar no local. Salienta
que o Réu relatou que observou a rotina da vítima durante alguns dias, relatando, ainda, os
crimes cometidos em face de Caroline e Bianca, ressaltando que o interior do imóvel da
casa onde Bianca residia correspondia à descrição feita pelo Acusado. Pontua, ainda, que o
apelante disse que gostava de ver as vítimas sofrerem.
G.E.S.B.N. filha da vítima do delito apurado nestes autos, narra, em juízo, que, ao chegar à
residência de sua mãe, percebeu que a porta estava encostada e, ao adentrar ali, deparou-se
com a vítima deitada na sala, em um colchão, ensanguentada, com cortes nos pés e com um
cabo de faca em suas costas. Salienta que o trinco da janela da sala já se encontrava
quebrado antes do ocorrido e que a depoente teve de passar por tratamento psicológico em
razão dos fatos. A Psiquiatra do Sistema Penitenciário, também Psiquiatra forense do
Hospital Psiquiátrico Heitor Carrilho, Doutora Sandra, forneceu esclarecimentos
sobre o laudo elaborado por ela, nos autos do processo tendo por vítima Fátima
Miranda, afirmando que foi apurado que o Recorrente tem transtorno de
personalidade antissocial, mas que isso não lhe retira a capacidade de entender o
caráter ilícito de sua conduta. Aduz que ele pode ser considerado um psicopata, o que
não se confunde com enfermidade mental, ressaltando que o Réu não mostra qualquer
arrependimento ou empatia. Assevera que os psicopatas, em 99% das vezes, têm
consciência da ilicitude, de estar praticando um ato criminoso e que, inclusive, tem
capacidade para se controlar. Esta última assertiva encontra eco nas declarações do
Doutor José de Mattos, Assistente Técnico do Ministério Público, o qual não examinou
pessoalmente o Réu, mas assistiu à gravação das entrevistas realizadas com o Apelante
pelo Delegado de Polícia, tendo o expert afirmado, em plenário, que o psicopata
consegue controlar o seu impulso, adiando uma ação criminosa, se o momento não se
mostrar propício.
C.P.C, vítima em outro processo e que sobreviveu a um ataque do Recorrente, ouvida em
Sessão Plenária, relatou que, ao acordar, avistou o Acusado abaixado no chão e que, após
ele a tocar, a depoente tentou lutar, mas desmaiou. Ressalta que, ao recobrar a consciência,
o Réu ainda se encontrava em sua residência e que ele admitiu que a observava há
determinado período e que a mataria. Relata que o Acusado informou que gostava de matar
mulheres brancas e loiras, ressaltando que havia matado diversas vítimas. Disse, ainda, que
o Réu portava um facão na cintura e que, após conversar com o Apelante, este desistiu de
matá-la.
B.R.C, vítima em outro procedimento, por sua vez, narra, em juízo, que, ao acordar de
madrugada, avistou o Acusado ao seu lado, em pé observando a depoente. Afirma, ainda,
que o Acusado imobilizou a declarante e a enforcou, momento em que desmaiou. Salienta
que recebeu nove golpes com faca no pescoço e na boca e que seu filho, de apenas cinco
meses à época dos fatos, recebeu três cortes no pescoço. Esclarece que, após a prisão do
Réu, este levou os policiais a residência da depoente, tendo admitido o crime. Salienta que
sua avó havia visto o Acusado em sua rua, ressaltando que o mesmo já lhe pedira comida.
Desta forma, diante de todos os elementos coligidos ao longo das duas fases do
procedimento do Júri, não se vislumbra que a Decisão dos Jurados se mostre contrária a
prova dos autos. Não é demais lembrar que, em sede de apelação, é defeso, no
procedimento dos crimes dolosos contra a vida, nova análise do mérito pelo Egrégio
Tribunal de Justiça, sob pena de violação do Princípio Constitucional da Soberania dos
Veredictos. Antes, o que cabe a este Colegiado é verificar se a Decisão do Conselho de
Sentença afigura-se completamente dissociada do acervo probatório, o que inocorre no caso
vertente. Ao contrário do argumentado pela Defesa, há elementos, sim, que podem indicar a
autoria do crime ao Réu, sendo certo que a confissão extrajudicial do Recorrente não restou
isolada nos autos e foi confrontada com as demais provas do processo, mormente nas
declarações dos policiais civis e demais relatos colhidos ao longo das duas fases do
procedimento. Destarte, em havendo mais de uma versão sobre a mecânica dos fatos, como
acontece do caso vertente, todas com respaldo probatório nos autos e tendo os Jurados
optado por uma delas, não há de se falar em cassação do veredicto, com vistas à realização
de novo julgamento. Nessa linha de ideias, somente se vislumbraria decisão manifestamente
contrária à prova dos autos se a Decisão do Conselho de Sentença fosse absolutamente
atentatória à verdade apurada no feito, com dissociação integral do acervo probatório
coligido, com total e incontroverso desprezo da prova produzida no processo, o que, repita-
se, não se verifica na espécie. Deste modo, não se acolhe a alegação defensiva.
6. DOSIMETRIA. O Juízo a quo fixou a pena-base acima do mínimo previsto no tipo penal
incriminador, ou seja, em 22(vinte e dois) anos de reclusão, ao argumento, em síntese, de
que o Réu ostenta maus antecedentes, conforme Folha Penal (anotações 2 e 4 de 12,
indexador 369), personalidade marcada pela frieza, agressividade, insensibilidade
acentuada, passionalidade exagerada, maldade, irresponsabilidade no cumprimento das
obrigações, preguiça, já que não tem trabalho fixo, covardia, torpeza, crueldade, aferidas
pelo Juízo através da análise das provas dos autos, inclusive, depoimento das testemunhas,
laudos médicos e termos de declarações do Acusado na Delegacia e perante a Perícia
Judicial. Destaca que o Réu confessa friamente, contando detalhes sobre a morte violenta e
cruel da vítima destes autos, bem como de outras 11(onze) mortes ainda em apuração, com
o mesmo requinte de frieza e desprezo pela vida humana. Assevera que o Réu possui
personalidade sádica, que une agressividade e libido, sentindo prazer em infligir dor e
humilhação a outras pessoas, mormente em vítimas mulheres, vulneráveis por natureza.
Quando à culpabilidade, consigna que esta revela-se exacerbada, considerando a frieza e
premeditação com que o Acusado deu fim à vida da vítima, já que passou semanas
organizando sua ação, inteirando-se da rotina da vítima, seguindo-a do trabalho até a casa
até encontrar o momento oportuno para a consumar seu intento criminoso. Pontua,
inclusive, que, na noite do crime, o Recorrente esperou os cachorros da vizinhança pararem
de latir, a fim de dar início à execução do crime. Também ressalta que a conduta social do
Réu merece maior censura, considerando a forma do seu convívio em âmbito familiar, do
trabalho, da comunidade entre outros. Assevera que o Acusado não era bem quisto por sua
família, estando dela separado há alguns anos, sem qualquer tipo de contato. Argumenta
que, de acordo com a entrevista prestada perante a perita do Juízo, o Réu não convive com
seu filho e isso não faz qualquer diferença em sua vida, ressaltando que o Recorrente vivia
perambulando pelas ruas sem trabalho fixo e residência certa. Destaca que as consequências
do crime também devem ser levadas em conta, eis que famílias foram marcadas para
sempre pela dor e sofrimento, aduzindo que a filha da vítima Marilene ficou destruída, após
a morte de sua genitora. Destaca que ela informou que sua mãe era pessoa boa e
trabalhadora, cuidando dos pais doentes e que a família até hoje não se reestruturou, tendo
que se submeter a tratamento psicológico. Assinala, outrossim, que a vítima deixou 03(três)
filhos e 04(quatro) netos. No que respeita às circunstâncias do crime, ressalta que merece
destaque o modus operandi, já que o Recorrente ingressou na casa da vítima mediante
escalada, durante o repouso noturno, surpreendendo-a, iniciando a execução do crime por
esganadura, seguida de marteladas, consumando-o por meio de facadas em várias partes do
corpo. Por fim, quanto aos motivos do crime, Rel. Adriana Lopes Moutinho Daudt
d’Oliveira salienta que merece reprovabilidade os fatos de o Réu ceifar a vida de suas
vítimas pelo simples prazer de subjugá-las de vê-las padecerem em suas mãos. Como se vê,
a douta Magistrada sentenciante, após análise minuciosa das circunstâncias judiciais do
artigo 59 do Código Penal, baseada em elementos concretos presentes nos autos, procedeu
ao incremento da pena mínima em 5/6 (cinco sextos), alcançando a reprimenda de 22(vinte)
dois anos de reclusão, em brilhante e fundamentada decisão, a qual não merece qualquer
retoque, nesta fase, sendo certo que a majorante referente ao recurso que dificultou a defesa
da vítima, acolhida pelos Jurados, foi utilizada para qualificar o crime. Na segunda fase da
fixação da reprimenda, considerando a circunstância agravante da reincidência (indexador
625), consubstanciada na anotação 1 de 12, relativa à condenação transitada em julgado por
crime de roubo, em 06/05/2009, aumentou a pena em 04(quatro) anos, obtendo a sanção
intermédia de 26(vinte e seis) anos de reclusão. Contudo, verifica-se que a confissão
extrajudicial do Acusado não foi considerada na Sentença impugnada. Assim, nos termos
da Súmula nº 545 do STJ, entendo que deve ser reconhecida no caso vertente. Com efeito,
diante dos termos do artigo 67 do Código Penal, operando-se o devido abatimento entre as
circunstâncias, reduzo a pena para 24(vinte e quatro) anos e 09(nove) meses de reclusão.
Derradeiramente, tendo em vista o reconhecimento pelos Jurados da causa de diminuição de
pena relativa à semi-imputabilidade, reduzo a pena na mesma razão adotada na Sentença
impugnada, ou seja, em 1/3(um terço), acomodando a pena em 16(dezesseis) anos e
06(seis) meses de reclusão. Quanto ao Regime Prisional de cumprimento de pena,
mantendo o Fechado, ex vi legis.
4.6.1.4 Considerações
Tendo em vista o fato de que a inimputabilidade depende da existência
concomitante dos elementos constitutivos causais, consequenciais e
temporal (no momento da ação ou omissão), a psicopatia não tem, por si só,
o condão de afastar a imputabilidade do agente.
Primeiramente, não encontramos qualquer relação da psicopatia com
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Consequentemente, não haveria que avaliar se os elementos constitutivos
consequenciais estariam presentes. Ainda que houvesse relação direta da
psicopatia com os elementos constitutivos causais, os consequenciais não
estariam presentes.
Diante disso, a psicopatia não tem o condão de excluir (inimputabilidade)
a imputabilidade do agente.
4.6.2.3 Considerações
Entendemos que a psicopatia (transtorno da personalidade antissocial) não
corresponde a perturbação da saúde mental ou a desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. É uma forma de ser do indivíduo; um distúrbio em
sua personalidade. De igual modo, a psicopatia não tem capacidade para
comprometer sua capacidade de compreender a ilicitude de um fato e de
autodeterminação.
Maximilano Roberto Ernesto Führer afirma que reconhecer a semi-
imputabilidade do psicopata, tão somente em razão desta, seria premiar o
seu comportamento:
Muito se tem falado que a dinâmica da pena criminal não é satisfatória nem adequada para
a ressocialização do psicopata. Daí a conveniência do juízo de semi-imputabilidade, onde
poderia ser aplicada medida de segurança.
A estrutura da argumentação não se sustenta.
[...]
Um juízo equivocado de semi-imputabilidade estará premiando a malvadez pura406 (grifo
nosso)
4.7 Psicopatia e imputabilidade
Considerando que o conceito de imputabilidade advém da interpretação
negativa dos artigos 26, caput e parágrafo único, do Código Penal, não
encontramos na psicopatia qualquer causa determinante com condão de
afastar ou provocar a diminuição da capacidade de culpabilidade do
indivíduo. Por esta razão o temos por imputável.
Na lição de Marcello Jardim Linhares:
imputável é o homem que reúne dentro de si qualidades de saúde que o direito estabelece
para que sofra uma pena; que se exigem juntamente com o crime, como qualidades mínimas
para poder ser apenado. Tais qualidades são a capacidade de entender o que faz e de querer
aquilo que faz407.
358 FOUCAULT, Michel. Eu Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão.
Tradução de Denize Lezan Almeida. 5. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1977.
359 “O diagnóstico de Transtorno Anti-Social da Personalidade é bastante freqüente entre
presidiários. Para Moran (1999), tem prevalência e pode alcançar até 60% dos prisioneiros do
gênero masculino” (MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Reincidência criminal: é possível
prevenir? De jure: Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo
Horizonte. n. 12, pp. 140-147, jan.-jun., 2009. Disponível em:
http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/28054. Acesso em: 17 mar. 2010, p. 142). Entendemos
que alcançam nesta porcentagem apresentada pela autora, os portadores de Transtorno de
Personalidade Antissocial que se enquadram ou não no quadro de psicopatia.
360 MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Reincidência criminal: é possível prevenir? De jure:
Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte. n. 12, pp. 140-
147, jan.-jun., 2009. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/28054. Acesso em:
17 mar. 2010, p. 142.
361 MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Reincidência criminal: é possível prevenir? De jure:
Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte. n. 12, pp. 140-
147, jan.-jun., 2009. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/28054. Acesso em:
17 mar. 2010, p. 142.
362 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro – parte geral. 9. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 546.
363 NUCCI, Guilherme de S. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023 pp. 271-
272. E-book. ISBN 9786559646630. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559646630/. Acesso em: 30 jul. 2023.
364 BITENCOURT, Cezar R. Tratado de direito penal: parte geral (arts. 1º a 120). v.1. São Paulo:
Saraiva, 2023. p. 238. E-book. ISBN 9786553627109. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553627109/. Acesso em: 30 jul. 2023.
365 Destaca-se que o psiquiatra forense Arturo Guido Palomba adota a expressão condutopatia.
366 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense civil e penal. De acordo com o
Código Civil de 2002. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 522.
367 PUIG, Santiago Mir. Derecho penal. Parte general. 6. ed. Barcelona: Editorial Reppertor, 2002,
p. 563.
368 “La STS 6 dic. 82 resume la doctrina jurisprudencial sobre las psicopatías diciendo:
‘Normalmente se estima que por no afectar a la inteligência y la voluntad (base de la
imputabilidad) son intranscedentes a efectos penales. No obstante, cuando los comportamientos
psicopáticos tienen de modo que la asociación de unas y otras deficiencias psíquicas afecten a la
inteligência o la voluntad, puden repercutir em la moderación de la imputabilidad, por la via de
lãs eximentes incompletas Del art. 9, 1 o de las atenuantes por analogia Del mismo art.10’ (em el
caso concreto rechaza todo ello em um sujeto drogadicto bajo síndrome de abstinência,
refiriéndose em parte a ‘exigencias de política criminal’).”
369 MIR PUIG, Santiago. Derecho penal – parte general. 6. ed. Barcelona: Editorial Reppertor,
2002, p. 563.
370 JAKOBS, Günther. Tratado de direito penal. Teoria do injusto penal e culpabilidade. Tradução
de Gercélia Batista de Oliveira Mendes e Geraldo de Carvalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p.
760.
371 SILVA, César Dario Mariano da. Manual de direito penal – parte geral. v. 1. 4. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2006, p. 146.
372 NORONHA, E. Magalhães. Direito penal – introdução e parte geral. 32. ed. São Paulo, 1997, p.
168.
373 CARVALHO, Hilário Veiga de et al. Compêndio de medicina legal. São Paulo: Saraiva, 1987,
p. 349.
374 REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de direito penal – parte geral. 3. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2009, p. 209.
375 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 476.
376 OLIVÉ, Juan Carlos Ferré et al. Direito penal brasileiro – parte geral. Princípios fundamentais
e sistema. São Paulo: RT, 2011, p. 476.
377 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. v. I. t. I. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p.
457.
378 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 64.
379 CAMPOS, Walfredo Cunha. Tribunal do Júri, Teoria e Prática. 8. ed. Leme/SP: Mizuno,
2022. p. 489.
380 MARIETAN, Hugo. Curso sobre psicopatía: los extravagantes. Buenos Aires: Ananké, 2009,
pp. 239-240.
381 MARIETAN, Hugo. Curso sobre psicopatía: los extravagantes. Buenos Aires: Ananké, 2009, p.
240.
382 MARIETAN, Hugo. Curso sobre psicopatía: los extravagantes. Buenos Aires: Ananké, 2009, p.
240.
383 A CID-10 continua a ser aplicada no Brasil e em vários países do mundo, durante o período de
transição da CID-11.
384 TJSP: “Os psicopatas são enfermos mentais, com capacidade parcial de entender o caráter
criminoso do ato praticado, enquadrando-se, portanto, na hipótese do parágrafo único do art. 22
(art. 26 vigente) do CP (redução facultativa da pena)” (RT 550/303). No mesmo sentido,
TACRSP: JTACRIM: 85/541; TJSP: “Personalidade psicopática não significa, necessariamente,
que o agente sofra de moléstia mental, embora o coloque na região fronteiriça de transição entre o
psiquismo normal e as psicoses funcionais” (RT 495/304); “A personalidade psicopática revela-se
pelas perturbações da conduta e não como enfermidade psíquica. Destarte, embora não enfermo
mental, é o indivíduo portador de anomalia psíquica, que se manifesta quando do seu
procedimento violento, ao cometer o crime, justificando, de um lado, a redução da pena, dada a
semi-responsabilidade; e, de outro, a imposição, por imperativo legal, da medida de segurança”
(TJSP – Rev. Crim – Rel. Des. Adriano Marrey – TR 442/412).
385 TJMT: “A personalidade psicopática não se inclui na categoria das moléstias mentais,
acarretadoras da irresponsabilidade do agente. Inscreve-se no elenco das perturbações da saúde
mental, em sentido estrito, determinantes da redução da pena” (RT 462/409-10).
386 HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR COM VIOLÊNCIA
PRESUMIDA. PENA-BASE. FIXAÇÃO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ATENUANTE. PACIENTE SEPTUAGENÁRIO
NA DATA DA SENTENÇA. REDUÇÃO. PROPORCIONALIDADE OBSERVADA.
CONTINUIDADE DELITIVA. FRAÇÃO APLICADA INFERIOR À ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. REFORMATIO IN PEJUS. IMPOSSIBILIDADE. ADITAMENTO DA
DENÚNCIA. DESNECESSIDADE. DIMINUIÇÃO DA REPRIMENDA. SEMI-
IMPUTABILIDADE. PERCENTUAL ADEQUADO. 1. A sentença proferida contra o semi-
imputável é condenatória, sendo a reprimenda fixada normalmente, seguindo as regras do critério
trifásico. Difere do plenamente imputável apenas porque, sobre a pena obtida após a análise das
circunstâncias judiciais, das atenuantes e agravantes, causas de diminuição e aumento, será
aplicado o redutor previsto no art. 26, parágrafo único, do Código Penal. 2. É idônea a valoração
negativa da culpabilidade, fundada na circunstância de o paciente ser promotor de justiça
aposentado e, por isso, ter uma maior capacidade de entender o caráter ilícito da conduta e da sua
repercussão social. 3. Os abalos emocionais causados à vítima, que, à época dos fatos, tinha por
volta de 12 anos, são aptos a agravar as consequências do delito. 4. Está fundamentado o desvalor
atribuído às circunstâncias do crime, cuja prática decorreria de astúcia, pois o paciente primeiro
conquistou a confiança dos familiares e da vítima, para, depois, dar início à prática dos atos
libidinosos. 5. A personalidade antissocial, narcisista e perversa, apurada em laudo
psicológico produzido durante a instrução criminal, autoriza o afastamento da pena-base do
mínimo legal. 6. A defesa não juntou aos autos as certidões de antecedentes criminais do paciente,
inclusive as mencionadas na sentença, de forma que é inviável a análise da questão dos
antecedentes no presente writ. 7. A diminuição da pena operada em razão de o paciente ser
septuagenário na data da sentença não conduz, necessariamente, ao retorno da pena à cominação
mínima, mas, como as demais atenuantes e agravantes, deve ser aplicada com a observância da
razoabilidade e proporcionalidade. 8. Razoabilidade da redução da reprimenda em 6 meses, em
razão da referida atenuante. 9. Se o paciente praticou a conduta delituosa por inúmeras vezes,
mostrar-se-ia correta a exasperação da pena na fração máxima de 2/3, segundo a jurisprudência
desta Corte. Contudo, pela vedação à reformatio in pejus, mantém-se o aumento em metade,
conforme fixado pelas instâncias ordinárias. 10. É cediço que o réu se defende dos fatos, e não da
tipificação atribuída na denúncia. Se as condutas estavam narradas na exordial acusatória como
praticadas em concurso material, poderia o juiz reconhecer a continuidade, que inclusive é muito
mais benéfica ao réu, sem que houvesse necessidade de aditamento. 11. Se foi reconhecido pelas
instâncias ordinárias que a semi-imputabilidade do paciente consistia em uma plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato e uma parcial capacidade de determinar-se
de acordo com esse entendimento, mostra-se fundamentada a redução da pena em 1/3, não
sendo cabível a aplicação da fração máxima prevista no art. 26, parágrafo único, do Código
Penal. 12. Ordem denegada. (STJ - HC: 135604 RS 2009/0085986-4, Relator: Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 16/8/2011, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 5/9/2011).
387 PENAL E PROCESSO PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. USO DE ARMA DE FOGO.
FIXAÇÃO DA PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. PREPONDERÂNCIA DA
MENORIDADE RELATIVA. RÉU SEMI-IMPUTÁVEL. PERICULOSIDADE COMPROVADA.
OPÇÃO PELA MEDIDA DE SEGURANÇA. 1. NÃO SE JUSTIFICA A FIXAÇÃO DA PENA-
BASE MUITO ACIMA DO PATAMAR MÍNIMO LEGAL, SE APENAS UMA DAS
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FOI CONSIDERADA EM DESFAVOR DO RÉU. 2. A
MENORIDADE RELATIVA,
QUE CONDIZ COM A PERSONALIDADE DO AGENTE, PREPONDERA SOBRE
QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE, MESMO A REINCIDÊNCIA. 3.
TRATANDO-SE DE RÉU SEMI-IMPUTÁVEL, PODE O JUIZ OPTAR ENTRE A REDUÇÃO
DA PENA (ART. 26, PARÁGRAFO ÚNICO, CP) OU APLICAÇÃO DE MEDIDA DE
SEGURANÇA, NA FORMA DO ART. 98, DO CP. 4. CONFIRMADO, POR LAUDO
PSIQUIÁTRICO, SER O RÉU PORTADOR DE PSICOPATIA EM GRAU EXTREMO, DE
ELEVADA PERICULOSIDADE E QUE NECESSITA DE ESPECIAL TRATAMENTO
CURATIVO, CABÍVEL A MEDIDA DE SEGURANÇA CONSISTENTE EM INTERNAÇÃO,
PELO PRAZO MÍNIMO DE 3 ANOS. 5. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-DF -
APR: 992433020098070001 DF 0099243-30.2009.807.0001, Relator: JESUINO RISSATO, Data
de Julgamento: 1/3/2012, 1ª Turma Criminal, Data de Publicação: 28/3/2012, DJ-e, pág. 248).
388 Apelação Criminal – Júri – Homicídio qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima) e
ocultação de cadáver – Veredicto condenatório – Reclamo defensivo – Mérito do apelo
prejudicado quanto ao crime do art. 211, do CP, diante da ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva estatal – Lapso aplicável na espécie decorrido entre a data dos fatos e o recebimento da
denúncia (CP, arts. 109, V, 114, II, e 110, §1º, com redação anterior ao advento da Lei n. 12.234,
de 5/5/2010) – Extinção da punibilidade, na parcela, decretada, ex officio – Preliminar – Alegação
de cerceamento de defesa e violação da garantia constitucional inerente ao direito de não
autoincriminação (nemo tenetur se detegere), em razão de leitura feita pelo representante do
parquet, durante a sessão plenária, de prova ilícita, consistente em parecer psiquiátrico
confeccionado em descompasso com o regramento legal (CPP, arts. 149/154), cujo teor atestou ser
o réu portador de transtorno de personalidade antissocial (sociopatia) – Insubsistência –
Apontamento utilizado como prova emprestada, submetido a prévio contraditório e acostado aos
autos antes mesmo da prolação de decisão de pronúncia – Defesa que foi cientificada acerca de
seu conteúdo e não o impugnou, ao reverso, utilizou-o para deduzir pedido de instauração de
incidente de insanidade mental – Observância do princípio da boa-fé processual e da vedação a
comportamento contraditório (venire contra factum proprium) que desautoriza o reconhecimento
de nulidade decorrente de situação anteriormente aceita por quem a alega – Precedente do STJ –
Prejudicial rejeitada – Mérito – Pleito de anulação do julgamento por se tratar de decisão
manifestamente contrária à prova dos autos – Inviabilidade – Opção dos jurados por uma das
versões reveladas pelo acervo coligido que obsta a pretensão anulatória, diante da soberania dos
veredictos – Teor inconclusivo do laudo de exame necroscópico, no que pertine à causa mortis da
vítima, que não é suficiente para afastar a convicção do Conselho de Sentença acerca da
materialidade delitiva – Apelante que, em sede inquisitiva, negou a autoria do homicídio, mas
confessou a ocultação do cadáver, que foi encontrado no exato local onde ele indicou, porém, já
em adiantado estado de decomposição – Circunstância que, inegavelmente, prejudicou o resultado
da perícia técnica – Admissibilidade de a inconsistência pericial, nessas hipóteses, ser suprida pelo
conteúdo da prova testemunhal (CPP, art. 167) – Precedentes do STJ – Qualificadora (CP, art. 121,
§2º, IV) que também encontra arrimo nos elementos de prova amealhados durante a persecutio
criminis – Condenação mantida – Pena que não comporta ajuste porque está motivada e
individualizada – Registro de condenação definitiva pretérita apta para a configuração de maus
antecedentes, ainda que alcançada pelo quinquênio depurador – Acusado diagnosticado como
portador de transtorno de personalidade antissocial, com elevada probabilidade de reincidir
em condutas criminosas (sic) – Psicopatia que, de acordo com a avaliação realizada pelo
expert, não tem o condão de afetar sua capacidade de entendimento nem de
autodeterminação, tampouco configura espécie de doença mental – Aspecto que evidencia
personalidade desajustada, voltada para a prática de crimes graves, e justifica o incremento
da reprimenda (CP, art. 59) – Regime fechado, único adequado, in casu (CP, arts. 33, §§2º e 3º,
e 59), ausente impugnação, no particular – Detração Penal (CPP, art. 387, §2º) cuja análise se
reserva ao juízo das execuções, a fim de se evitar supressão de instância e violação ao duplo grau
de jurisdição – Recurso não provido (TJSP; Apelação Criminal 0001816-12.2010.8.26.0052; Rel.
Juvenal Duarte; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Criminal; Foro Central Criminal –4ª Vara
do Júri; j. 28/11/2018; Data de Registro: 29/11/2018) (grifo nosso).
No julgamento do AREsp: 1331087 GO 2018/0179496-1, o Superior Tribunal de Justiça entendeu
que a circunstância judicial (personalidade) utilizada pelo juiz a quo para majorar a pena-base,
com fundamento em laudo pericial que atestou ser o réu pessoa com transtorno da personalidade
antissocial, é válida porque o citado transtorno “embora seja catalogado na Classificação
Internacional de Doenças (CID), não caracteriza doença mental, ou seja, não afeta o pleno
entendimento do caráter ilícito dos atos, nem a autodeterminação do autor do delito”.
EMENTA: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
PRELIMINAR. VIOLAÇÃO DO ART. 619 DO CPP. OMISSÃO REITERADA.
IMPROCEDÊNCIA. ACÓRDÃO IMPUGNADO QUE OSTENTA FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. VIOLAÇÃO DO ART. 59 DO CP. SUPOSTA ILEGALIDADE NA EXCLUSÃO
DA VALORAÇÃO NEGATIVA DA PERSONALIDADE DO RÉU. PROCEDÊNCIA.
EXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA E IDÔNEA NA SENTENÇA PARA A
VALORAÇÃO NEGATIVA DO REFERIDO VETOR. RESTABELECIMENTO.
REDIMENSIONAMENTO DA PENA. AGRAVO CONHECIDO PARA DAR PARCIAL
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL, NOS MOLDES DO DISPOSITIVO. (STJ - AREsp:
1331087 GO 2018/0179496-1, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de
Publicação: DJ 9/8/2018). (grifo nosso)
389 APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. DEPOIMENTO DE POLICIAIS. CREDIBILIDADE. HARMONIA COM
O CONTEXTO PROBATÓRIO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE USO DE
ENTORPECENTES. DESCABIMENTO. DESTINAÇÃO MERCANTIL EVIDENCIADA.
TRAFICÂNCIA COMPROVADA. DOSIMETRIA. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE
DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. SENTENÇA QUE UTILIZOU A
CONFISSÃO ESPONTÂNEA EXTRAJUDICIAL COMO FUNDAMENTO. COMPENSAÇÃO
DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. SEMI-IMPUTABILIDADE. AUSÊNCIA DE
INFORMAÇÕES SOBRE A INTENSIDADE DA PERTURBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL DO
ACUSADO. REDUÇÃO DA PENA NO PATAMAR MÁXIMO DE 2/3. POSSIBILIDADE.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR MEDIDA DE SEGURANÇA
DE TRATAMENTO AMBULATORIAL. ART. 98 DO CP. VIABILIDADE. LAUDO PERICIAL
QUE DEMONSTROU A NECESSIDADE DA MEDIDA. RECURSO PROVIDO EM PARTE. Se
as provas produzidas formam um conjunto probatório harmônico e desfavorável ao apelante, no
sentido de que as substâncias apreendidas lhe pertenciam e destinavam-se à comercialização,
autorizando um juízo de certeza para o decreto condenatório pelo crime de tráfico de
entorpecentes, não há como acolher o pedido de absolvição ou desclassificação para uso. O valor
do depoimento testemunhal de servidores policiais, especialmente quando prestado em juízo, sob a
garantia do contraditório, reveste-se de inquestionável eficácia probatória, não se podendo
desqualificá-lo pelo só fato de emanar de agentes estatais incumbidos, por dever de ofício, da
repressão penal. Se o réu confirma na fase inquisitiva a prática do delito narrado na denúncia,
sendo tal confissão utilizada como fundamento para sua condenação, impõe-se o reconhecimento
da atenuante da confissão espontânea. A agravante da reincidência deve ser compensada com a
atenuante da confissão espontânea, pois, tratando-se de circunstâncias de natureza subjetiva, não
há falar em preponderância de uma sobre a outra. Para fixação do patamar de redução da pena em
razão da semi-imputabilidade (art. 26, parágrafo único, do CP) deve ser observada a intensidade
da perturbação da saúde mental ou a graduação do desenvolvimento mental do acusado. Se o
laudo pericial, apesar de atestar que o acusado teve reduzida a sua capacidade de
autodeterminação por ser portador de Transtorno de Personalidade Antissocial, não
informa qual a intensidade da perturbação da sua saúde mental, deve a pena ser reduzida no
patamar máximo de 2/3 (dois terços). Reconhecida a semi-imputabilidade através de laudo
pericial e havendo no referido laudo recomendação do perito acerca da necessidade de submissão
do réu a tratamento especial curativo, viável a substituição da pena privativa de liberdade por
medida de segurança de tratamento ambulatorial, nos termos do art. 98 do CP. Recurso
parcialmente provido. (TJ-MG - APR: 10043200003564001 Areado, Relator: Doorgal Borges de
Andrada, Data de Julgamento: 27/7/2022, Câmaras Criminais / 4ª CÂMARA CRIMINAL, Data
de Publicação: 3/8/2022) (grifo nosso).
390 Súmula 439 - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada. (Publicação DJ-e 13/5/2010).
391 PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.
ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA, BEM COMO DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES DA PRISÃO PREVENTIVA. NÃO CONSTATAÇÃO.
SUSCITADA A EXISTÊNCIA DE EXCESSO DE PRAZO PARA A CONCLUSÃO DA
INSTRUÇÃO PROCESSUAL. MARCHA PROCESSUAL REGULAR. AUSÊNCIA DE
DESÍDIA DA AUTORIDADE IMPETRADA. ALEGAÇÃO DE QUE O PACIENTE É
PORTADOR DE TRATAMENTO DE TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL. PERÍCIA MÉDICA DESIGNADA. FEITO DE ORIGEM SUSPENSO
DEVIDO À INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. CUSTÓDIA
CAUTELAR NECESSÁRIA PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. GRAVIDADE DO
CRIME. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA COM BASE EM ELEMENTOS
IDÔNEOS. POSSIBILIDADE DE REITERAÇÃO DELITIVA. INSUFICIÊNCIA DE MEDIDAS
CAUTELARES MAIS BRANDAS. PRECEDENTES DA COLENDA CÂMARA DESTE
TRIBUNAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. REMÉDIO
CONSTITUCIONAL CONHECIDO E DENEGADO.
I. A segregação cautelar deve ser considerada exceção, restando justificada quando demonstrada
sua real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da
lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de Processo Penal.
II. De início, registre-se que a discussão sobre a ausência de fundamentação idônea para a
decretação preventiva do paciente, não deve prosperar, pois como vimos no trecho supracitado do
processo originário, há provas suficientes dos indícios de autoria e da materialidade delitiva.
Necessidade da medida extrema evidenciada a partir do modus operandi supostamente empregado
no crime em tela, que preenche os requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, conforme o
auto da prisão em flagrante do acusado, depoimentos das testemunhas às fls. 243/246 e, em
especial, declaração da vítima. Assim, inviável tal discussão neste writ. Em que pese a Defesa
aponte que, no caso em tela, sequer teria ocorrido ato libidinoso, vê-se, na peça acusatória, que o
Órgão Ministerial, ao narrar os fatos, descreveu que o paciente fora acusado de pegar nas partes
íntimas da vítima, menor de 12 (doze) anos de idade, além de lhe falar palavras obscenas. De
acordo com os relatos, aquela não teria sido a primeira vez que o acusado agia de tal forma.
III. A presença de circunstâncias pessoais favoráveis não tem o condão de garantir a revogação da
prisão se há nos autos elementos hábeis a justificar a imposição da segregação cautelar, como na
hipótese. Pela mesma razão, não há que se falar em possibilidade de aplicação de medidas
cautelares diversas da prisão.
IV. Em relação ao argumento de prazo tramitação processual, vale a pena observar a resposta do
magistrado a quo que delineou o referido andamento do feito às fls. 584/586, restando claro que
não existe desídia no andamento do processo criminal, seguindo a sua marcha em ritmo adequado
à complexidade do caso, após a instauração do incidente de insanidade, que suspendeu os prazos
do processuais. Perícia médica marcada para ser realizada pelos médicos peritos oficiais. V –
Ordem conhecida e denegada. (TJ-AL - HC: 08000987520238029002 Matriz de Camaragibe,
Relator: Des. João Luiz Azevedo Lessa, Data de Julgamento: 31/05/2023, Câmara Criminal, Data
de Publicação: 01/06/2023).
392 AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ART.
59 DO CP. CULPABILIDADE, PERSONALIDADE, CONDUTA SOCIAL E
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. RECURSO DESPROVIDO.
1. O aumento a pena-base está concretamente fundamentado em elementos que extrapolam o tipo
penal, não havendo que se falar em violação do art. 59 do Código Penal.
2. A moduladora da personalidade "deve ser aferida a partir de uma análise pormenorizada, com
base em elementos concretos extraídos dos autos, acerca da insensibilidade, desonestidade e modo
de agir do criminoso para a consumação do delito [...]" (HC 472.654/DF, Rel. Ministra LAURITA
VAZ, Sexta Turma, DJe 11/3/2019).
3. No caso concreto, o referido vetor foi avaliado em razão da forma como a recorrente
planejou a ação criminosa, sua frieza, dissimulação e traços de psicopatia.
4. Já a vetorial conduta social "corresponde ao comportamento do réu no seu ambiente familiar e
em sociedade, de modo que a sua valoração negativa exige concreta demonstração de desvio de
natureza comportamental" (HC 544.080/PE, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma,
DJe 14/2/2020).
5. Na hipótese vertente, as instâncias de origem ressaltaram a existência de alienação parental e a
ausência de cuidados com seus filhos, deixando-os inclusive aos cuidados dos coautores do crime.
6. Em relação às consequências do crime, qual seja, ter deixado a vítima filhos órfãos, pode sim
ser valorado de forma negativa, haja vista tal componente não ser elemento inerente ao tipo penal
do homicídio (ut, AgRg no REsp 1616691/TO, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta
Turma, DJe 18/11/2016). 7. Agravo regimental não provido.” (AgRg no AgRg no AREsp n.
1.843.720/DF, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
18/5/2021, DJe de 24/5/2021.)
393 FOLHA DE S. PAULO. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/12/1561310-so-matava-por-prazer-diz-rapaz-que-
confessou-43-assassinatos-no-rio.shtml. Acesso em: 15 jan. 2020.
394 FOLHA DE S. PAULO. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/12/1561310-so-matava-por-prazer-diz-rapaz-que-
confessou-43-assassinatos-no-rio.shtml. Acesso em: 15 jan. 2020.
395 Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/3826314/. Acesso em: 01 mar. 2020.
396 AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO. PROGRESSÃO DE
REGIME. BENEFÍCIO INDEFERIDO NA ORIGEM. INFORMAÇÕES NEGATIVAS
CONSTANTES DE LAUDO PERICIAL. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE.
1. O juiz não está vinculado às conclusões do exame criminológico, podendo dele divergir, desde
que o faça de maneira fundamentada, com base no princípio do livre convencimento motivado.
Precedentes do STJ.
2. No laudo de exame criminológico, o perito judicial concluiu que o sentenciado não estava apto
a cumprir pena em regime mais branco pois "possui um perfil dissocial, indiferente,
emocionalmente insensível, sem empatia, impulsivo, agressivo, opositor e com baixa capacidade
de tolerância às frustrações (...) denotam que seu repertório geral de socialização, amabilidade,
pró-sociabilidade, assistência, afago e deferência são extremamente baixos, ao passo que o fator
vinculado à agressão é extremamente elevado, motivo pelo qual concluí que ele é acometido pelo
transtorno de personalidade antissocial global", tendo a decisão, nessas premissas,
indeferido o pedido de progressão de regime prisional, pois ausente o requisito subjetivo. 3.
Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg no HC: 692827 MS 2021/0292026-7, Relator:
Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO),
Data de Julgamento: 29/03/2022, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/04/2022).
(grifo nosso)
397 Súmula Vinculante n. 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da
Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico”.
398 Súmula n. 439, do Superior Tribunal de Justiça: “admite-se o exame criminológico pelas
peculiaridades do caso, desde que em decisão fundamentada”.
399 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 38.
400 GARRIDO, Vicente. O psicopata: um camaleão na sociedade atual. Tradução de Juliana
Teixeira. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 89.
401 He dicho que la psicopatia es una manera de ser com necesidades distintas y formas atípicas de
satisfacerlas. (MARIETAN, Hugo. Curso sobre psicopatía: los extravagantes. Buenos Aires:
Ananké, 2009, p. 98). La psicopatia es uma forma de ser; se es psicópata, no se está psicópata. Es
uma variedad de individuo, no va a cambiar nunca, es así. Es uma forma de ser em el mundo que
aparece em cualquier estrato social y em cualqueir condición familiar (MARIETAN, Hugo. El
jefe psicopata: radiografía de un depredador. Buenos Aires: Libros Del Zorzal, 2010, pp. 25-26).
402 Informação obtida por email em 4-7-2011.
403 Informação obtida por email em 16-7-2011.
404 CARTER, Rita. O livro de ouro da mente. O funcionamento e os mistérios do cérebro humano.
Tradução de Vera de Paula Assis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 139.
405 MARIETAN, Hugo. Curso sobre psicopatía: los extravagantes. Buenos Aires: Ananké, 2009, p.
101.
406 FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Tratado da inimputabilidade no direito penal. São
Paulo: Malheiros, 2000, p. 64.
407 LINHARES, Marcello Jardim. Responsabilidade penal. t. I. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p.
22.
408 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 151.
Conclusão
409 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 38.
410 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 23.
411 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós.
Tradução de Denise Regina de Sales. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 38.
Referências