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1.

Introdução à Edição
2022-2023
•Através do livro, aprendemos a ler e a contar, a escrever e a pensar;
•através do livro, aprendemos a conhecer os grandes pensadores e os escritores
clássicos;
•através do livro, aprendemos a conhecer os textos sagrados;
•através do livro, aprendemos as lições da história e os avanços da ciência;
•através do livro, aprendemos os valores que regem as sociedades ;
•através do livro, aprendemos a sonhar outros mundos e pensar utopias;
•através do livro, aprendemos a rir e a chorar, a rezar ou a amar;
•através do livro aprendemos a descobrir o que nos cerca e a descobrimo-nos a nós
próprios.

* O livro e a leitura são instrumentos essenciais de exercício de inteligência e de


ginástica mental, de comunicação e de informação.

* O livro e a leitura moldaram definitivamente a nossa memória e identidade


individuais e coletivas, bem como a nossa visão do mundo.
• Lê-se como forma de desenvolvimento da inteligência humana (…) pois se trata de
um processo simultaneamente neurofisiológico (percepção de signos), cognitivo
(actividade de compreensão), afectivo (emoções desencadeadas), argumentativo
(potencialidade ilocutória) e simbólico (relação com a cultura e o imaginário).

• Lê-se para alimentar uma congenial fome de imaginário, uma necessidade inata de
histórias e das emoções correspondentes, pois o homem é um animal simbólico e
efabulador por natureza, como lembra Umberto Eco.

• Lê-se (…) para viajar no tempo e no espaço, para sonhar outras vidas e outras
psicologias, outras culturas e outros mundos, pela fascinação do estranho, como
meio de autoconhecimento e de reencontro consigo mesmo.
• Lê-se para aumentar o domínio da linguagem e das suas criações, enquanto
poderoso e incontornável instrumento de comunicação humana.

• Lê-se para termos opiniões e para tomarmos decisões, para estarmos mais
informados sobre o que nos rodeia, sendo deste modo a leitura uma fonte
insubstituível de instrução e de desenvolvimento do sentido crítico.

• Lê-se para superar a ignorância e tomar consciência do valor da liberdade de


pensamento e da capacidade do ser humano para pensar ilustradamente pela sua
cabeça (Kant). (Sapere aude)

• Lê-se por acreditar na força social do livro, da informação e da literatura em


particular. O romântico Shelley chamava aos poetas os legisladores ocultos do mundo.

• Lê-se para descobrir constantemente a expressividade da linguagem, as suas


ilimitadas capacidades metafóricas e simbólicas, num processo de
autoalimentação constante.

• Lê-se para enriquecimento da memória, porque afinal os livros, ou outros


suportes, são veículos de informação ou guardiões de uma sabedoria que se
pretende guardar.
• Lê-se para atingir certas epifanias e alcançar a serenidade (…) o mais das vezes
como ato silencioso, solitário e íntimo, embora o livro constitua uma solidão a
dois, um companheiro com que se pode sempre contar nos momentos mais
diversos - mas é uma quietude fortificante, que alimenta e fortifica o intelecto.

• Lê-se por obrigação ou por razões profissionais.

• Lê-se para fundamentar determinadas leituras crítico-interpretativas, sabendo que


nem todas as interpretações de um texto são possíveis.

• Lê-se pelo prazer de contrariar interditos e proibições, mais no passado do que no


presente, e também mais em certas etapas da vida do que noutras.

• Lê-se por acreditar ainda na imortalidade da palavra escrita perante a inexorável


passagem do tempo (ars longa, vita brevis).

• Lê-se também como simples passatempo, como forma de divertimento, de evasão


e de refúgio, para passar o tempo nas mais diversas situações quotidianas. Lê-se
por prazer.

Cândido Martins, Elogio do livro e da leitura


Os livros falam de outros livros, num permanente diálogo intertextual,
configurando uma biblioteca interminável que nos lembra as criações
alegóricas de Jorge Luís Borges ou Umberto Eco.
O livro como património
Não podemos, todavia, esquecer que a civilização que inventou o livro
inventou também as condições necessárias para a sua leitura, e que
estas plasmaram-nos antropologicamente, constituindo um
património cultural que devemos preservar.

Porque quem inventou o livro

• inventou o silêncio da leitura;


• inventou aquela forma íntima de temporalidade que torna
o encontro com o livro indissociável do encontro connosco
próprios;
• inventou a atenção, a aventura do conhecimento e a
curiosidade;
• inventou um habitat social em que a atividade intelectual
era admitida e, não o esqueçamos, este habitat libertou o
ser humano, revelando-lhe a sua dignidade;
• inventou o direito universal à alfabetização e multiplicou as
comunidades de leitores; inventou o indivíduo e a vida privada;

• inventou a confiança na consistência da linguagem e as bibliotecas;

• inventou os salões literários, os cafés e as praças como lugares de


debate;

• inventou os sistemas críticos e hermenêuticos que garantem não só


a legibilidade dos livros, mas a compreensão dos mundos possíveis;

• inventou as escolas monásticas e a ideia moderna de universidade;

• inventou o humanismo e a liberdade de expressão, que é sempre


inseparável da liberdade de ser.
O livro acompanhou o nascimento e a expansão das
línguas modernas do Ocidente, e assistiu ao
desenvolvimento das suas possibilidades expressivas,
cognitivas e de imaginação.

• Quem inventou o livro inventou uma certa forma de


produzir história e inventou também a figura do leitor como
ainda somos. Por isso é incalculável o património humano,
cultural e espiritual representado do livro.
O que o livro coloca em jogo é muito mais que o livro.
(Cardeal Tolentino de Mendonça)
Descartes – ‘ler um livro é como conversar com homens ilustres do passado que foram os seus autores’.

O livro, a leitura / os modos de apropriação dos textos / a nossa relação com a escrita
encontram-se em rápida mudança, em transformação, daí que tenhamos que refletir, estar atentos
à evolução da ‘ordem do livro’

A relação entre autor, o objeto que veicula o texto, a obra ou obras ‘transportadas’ por esse suporte, o
distribuidor, o livreiro, o bibliotecário, o leitor .

O mundo do texto escrito (desde os primórdios até ao digital) resulta da sedimentação de 4 tempos
(José Afonso Furtado)

1.Tempo do objeto - do rolo, do codex….


2. Tempo da técnica - a impressão….
3. Tempo da obra – momento em se começa a pensar o livro como nós o entendemos, i.e., simultaneamente objeto e
obra
4. Tempo do nome – em que emerge o autor, elemento chave,’ ponto climático’, de toda esta relação.

Vieram ainda muitos outros tempos: o da censura….o do copyright… o tempo da propriedade literária e dos direitos de
autor…

O tempo das novas formas de escrita de edição e de leitura / o tempo da multiplicação de documentos digitais, de
obras hipertextuais, de livros eletrónicos, de livrarias virtuais……

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