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2023
SAÚDE MENTAL:
CENÁRIO, IDEIAS,
INSPIRAÇÃO,
CAMINHOS.
Para alguns, saúde mental consiste em simplesmente manter-se funcional. A vida pode
estar empobrecida em vários aspectos, o sono em falta faz tempo, a rotina em modo
avião, mas o trabalho vai bem: metas batidas, elogios. Se funciona, “está tudo bem”.
No outro extremo da balança, há os que se guiem pela ideia de que ter saúde mental
é viver em um estado permanente de “felicidade plena”.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de
bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se
do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.
De onde quer que se olhe, não há escapatória: a saúde mental da humanidade está
piorando, e a questão precisa ser reconhecida, compreendida e colocada como
prioridade. Nesta revista B.Trends, mergulhamos no tema e a partir do cenário que
se apresenta, acessamos ideias, buscamos soluções e, principalmente inspiração para
lidar com a questão. Não há saídas simples ou receitas prontas. Mas há caminhos.
Boa leitura.
“
familiares e da situação financeira, entre a cultura contemporânea enfatiza o
muitos outros fatores. positivismo e a busca incessante pela
“A saúde mental é um tema complexo, e felicidade, o que pode ser opressivo,
não depende única e exclusivamente de pois cria a ilusão de que qualquer
iniciativas individuais, por isso mesmo forma de sofrimento ou negatividade
que vejo com muito bons olhos o fato
desse tema ter entrando com força na
é inaceitável - fatores que levam ao
esgotamento e à depressão.
ÀS VEZES
sala de diretoria das empresas”, diz. “As pessoas estão cansadas de tentar ESTÁ TUDO BEM
A pandemia agravou o quadro, em ser felizes o tempo todo”, escreve Han.
escala global. Mas antes da pandemia, Bem antes de Han abordar o tema, EM NÃO ESTAR
o cenário já apontava para um na primeira metade dos anos 2000, o
adoecimento psíquico galopante. filósofo Gilles Lipovetsky publicou um TUDO BEM.”
Mesmo antes da COVID-19, já vivíamos livro chamado “Hipermodernidade”,
(Simone Biles, que em
em uma sociedade que nos adoece. no qual fez uma análise crítica da
2020, tomou a decisão de
Dados pré-pandemia já mostravam, cultura contemporânea, destacando
abandonar as Olimpíadas de
por exemplo, o preocupante avanço da as mudanças profundas na sociedade
Tóquio alegando que não se
depressão como um dos adoecimentos em direção a um foco intenso no
sentia mentalmente segura)
mais incapacitantes em todo o mundo. individualismo, no consumo e na
Já apontavam que 30% da população busca pela gratificação instantânea.
SAÚDE MENTAL:
12 meses, eles próprios deixaram de produzir ou se manter
engajados por estarem emocionalmente abalados. Baixa
onde estamos, para onde vamos? performance dos colaboradores é o fator que mais motivou
demissões. Apenas 35% dos líderes afirmaram que
acreditam que os líderes da sua empresa estão capacitados
Andrea Bell, analista da empresa de pesquisas e tendências para acolher os colaboradores que apresentam questões
WGSN, costuma dizer que a ansiedade e saúde mental são de saúde mental. Ao mesmo tempo, 46% dos líderes
hoje os grandes unificadores da humanidade. afirmaram não terem um plano para capacitar os líderes
“Está afetando a todos, é uma era de fragmentação. para acolher colaboradores com questões de saúde mental.
A ansiedade e a nossa saúde mental são os grandes Outro dado alarmante: 37,38% dos líderes afirmaram que
unificadores, quer você tenha 14 anos na Coreia do Sul ou têm tido menos tempo para cuidar da própria saúde e do
82 anos em um lar de idosos. Existem diferentes níveis de próprio bem-estar.
terapia cognitiva, diferentes níveis de como você pode aliviar
sua ansiedade. Mas, no fundo, todo mundo quer saber como EPIDEMIA DE SOLIDÃO
se ter mais atenção e, o mais importante, como silenciar o
barulho ao redor?”, diz. Vivemos - e não é de hoje - uma epidemia da solidão. Em
O relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde 2021, um levantamento do Instituto Ipsos colocou o Brasil
(OMS) sobre saúde mental aponta que cerca de um bilhão em primeiro lugar entre 28 países no ranking dos que
de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental no mais sentem solidão. A solidão tem sido um sentimento
mundo. Desse total, 14% são adolescentes. Segundo relatório recorrente para metade da população do Brasil. Mas o
da Deloitte, 41% dos colaboradores de empresas estão se problema é global.
sentindo esgotados. Hoje, passamos 288% mais tempo em Em 2018, a então primeira-ministra do Reino Unido, a
reuniões do que antes da pandemia. Vivemos a cultura conservadora Theresa May, referiu-se à crise como “uma
hustle, que nos mantém conectados 24 horas, acreditando triste realidade da vida moderna” e decidiu tomar medidas
que somos multitarefas e produtivos. Entretanto, os práticas: criou o Ministério da Solidão. Na época, nove
estudos mostram o oposto disso. Ao olharmos os dados de milhões de habitantes do Reino Unido declaravam se sentir
produtividade, há pouco crescimento nas últimas décadas. sozinhos sempre ou frequentemente; cerca de 200 mil idosos
Trabalhamos muito, mas nem sempre bem. Temos um disseram não ter conversado com um amigo ou familiar em
excesso de informações e também de distrações. Estudos mais de um mês, e 85% das pessoas com deficiência entre 18
mostram que passamos somente 40 segundos na frente do e 34 anos alegaram se sentir solitárias. Ela incumbiu Tracey
computador sem nos distrairmos com outras atividades ou Crouch, então ministra do esporte e da sociedade civil, a
sermos interrompidos. liderança da Comissão Jo Cox sobre a Solidão, ligada à Jo
Levantamento diversos ao redor do mundo apontam para Cox Foundation, e a “pasta” durou apenas um ano. Cerca
aumentos de sintomas de Burnout e estresse dentro das de 1,8 milhão de libras esterlinas (aproximadamente R$ 11,4
empresas e menor engajamento no trabalho. O relatório milhões) foram distribuídas em iniciativas de combate à
State of the Global Workplace 2023, do Instituto Gallup, por solidão.
exemplo, registrou aumento dos sentimentos de estresse,
raiva e tristeza diários no ambiente corporativo. A pesquisa TELAS: SOLUÇÃO E PROBLEMA
“Inteligência Emocional & Saúde Mental no ambiente de
trabalho” realizada pela The School of Life em parceria com O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han aborda, em seu
Robert Half Talent Solutions em maio de 2023 (e que ouviu livro A sociedade do Cansaço, o fenômeno que ele chama
774 profissionais empregados, de diferentes regiões do de “Solidão na Conexão”: a solidão que pode surgir da
Brasil, com 25 anos de idade ou mais e formação superior hiperconexão nas redes sociais e da falta de conexões
completa, sendo 387 líderes e 387 liderados), revelou que humanas significativas. Han argumenta que a digitalização
44% dos líderes e 45% dos liderados afirmaram, nos últimos e a virtualização da vida cotidiana contribuem para
12 meses, que algum colaborador deixou de produzir ou se a sensação de cansaço, pois estamos constantemente
manter engajado porque estava emocionalmente abalado. conectados e expostos a estímulos digitais.
O levantamento “Tendências de Social Media 2023” da
Comscore comprova a hiperconexão: o brasileiro fica 46
horas por mês, em média, com os olhos grudados nas redes
sociais. Isso representa um aumento de 31% em relação a
janeiro de 2020. O Brasil é o terceiro país que mais consome
redes sociais no mundo, sendo que as redes sociais foram
a categoria on-line mais consumida no Brasil em dezembro
de 2022. A audiência dessas plataformas superou o tempo
em categorias como entretenimento, trabalho, presença
corporativa, varejo, serviços financeiros, entre outras.
O estudo também constatou que elas são os canais de
preferência dos brasileiros para se comunicar com marcas.
Segundo a Comscore, YouTube, Facebook e Instagram
TikTok, Kwai e Twitter foram as redes mais acessadas pelos
brasileiros, nesta ordem de grandeza. O estudo também Caroline Caldwell
mostrou as plataformas que têm mais consumo cruzado,
e o destaque ficou para Instagram e TikTok, em relação ao
CRISE DE AMOR PRÓPRIO
YouTube.
No documentário científico “Dopamina – Os Efeitos das
Um estudo encomendado pelo Dove Self-Esteem Project
Redes Sociais no Cérebro”, Laurent Madelain, especialista
e conduzido por uma equipe de economistas da Deloitte
em comportamento humano, explica que quando somos
Access Economics, em parceria com a Harvard Chan School
recompensados de forma imprevisível, seja com likes,
of Public Health avaliou o impacto prejudicial dos padrões
mensagens ou descobertas inesperadas, nosso cérebro
de beleza na economia e na sociedade dos Estados Unidos,
entra em um estado de antecipação. A incerteza dessas
incluindo a análise de dados sobre os custos financeiros e
recompensas cria um loop vicioso, no qual nos sentimos
de bem-estar da insatisfação corporal e da discriminação
compelidos a rolar o feed em busca de mais gratificação.
baseada na aparência.
Com o tempo, esse padrão de comportamento se transforma
O que ficou claro é que a insatisfação corporal e a
em hábito. A motivação inicial de receber recompensas é
discriminação baseada na aparência representam uma crise
substituída pela rotina diária. Ao entrar no metrô ou esperar
de saúde pública, que gera bilhões de dólares em custos
em uma fila, nosso cérebro automaticamente recorre ao
financeiros e de bem-estar, afetando desproporcionalmente
telefone, sem pensar na possível recompensa. É como se
mulheres e meninas e aumentando o risco de problemas de
a própria situação se tornasse um gatilho para o uso do
saúde mental e física.
smartphone.
Segundo o estudo, 45 milhões de pessoas nos Estados
Termos como ghosting e phubbing cresceram e se
Unidos experimentam insatisfação corporal, o que
desenvolveram na era da hiperconectividade digital. A
aumenta seu risco de problemas de saúde mental e física.
expressão ghosting, segundo explica um artigo no site
A insatisfação corporal é um problema que gera US$ 305
Techtudo, é usada quando você está se relacionando
bilhões em custos financeiros e de bem-estar anualmente.
com uma pessoa e ela desaparece de repente, como
um fantasma. O match ou parceiro passa a ignorar suas
Outros dados:
mensagens e ligações, e pode até mesmo dar unfollow nas
redes sociais. Ou seja, levar ghosting de alguém significa ser
66 milhões de pessoas nos Estados Unidos
abandonado sem maiores explicações. Em bom português,
experimentam discriminação baseada na
trata-se do famoso sumiço, que na era da hiperconexão e do
aparência, o que contribui para problemas,
uso de aplicativos de relacionamento, como Tinder e Happn,
como depressão, ansiedade, ganho de peso,
ganhou novas ordens de grandeza. Já phubbing, segundo
encarceramento e mortalidade prematura.
a wikipédia, é um termo inglês criado a partir das palavras
snubbing (esnobar) e phone (telefone) para descrever o ato A discriminação por peso afetou 34 milhões
de ignorar alguém usando como desculpa um telefonema, de pessoas e incorreu em US$ 206 bilhões em
mensagem ou outros por meio de um smartphone. Foi custos financeiros.
usado pela primeira vez em 2012 na campanha publicitária
Stop Phubbing, criada pela McCann Melbourne - que A discriminação por tom de pele afetou 27
convidou uma série de lexicógrafos, autores e poetas para milhões de pessoas na comunidade negra
cunhar um neologismo para descrever o comportamento. e incorreu em US$ 63 bilhões em custos
Desde então, tem aparecido nos meios de comunicação ao financeiros.
redor do mundo.
CONVERSAS RELEVANTES
Dr. Marcus Bezerra - Gerente de Saúde do SESC RJ
Dr. Marcus é médico cardiologista formado pela UFF, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina
Intensiva do Brasil. Durante mais de 20 anos de trabalho em CTI, notou a importância de entender a situação emocional e
mental tanto dos pacientes quanto dos seus familiares. Com isso, para tentar aprimorar a atenção de saúde no ambiente
da Terapia Intensiva, ele passou a se aprofundar nas questões de formação de personalidade, mecanismos de defesa do
Ego e comunicação entre pessoas. Após a pandemia, que ele vivenciou de dentro do olho do furacão, e diante das sequelas
importantes que ficaram, Dr. Marcus buscou incentivar formas práticas de proteção e recuperação da saúde mental.
POR QUE O BRASIL É O MAIS ANSIOSO DO o ritmo que achamos que os outros estão, ficando assim
MUNDO? para trás. E essa ansiedade é alimentada todo o tempo ao
percebermos que em conversas com os outros, ao navegar
O Brasil tem algumas características que, em si, tornam o pela internet, no ambiente de trabalho, muitas vezes existem
terreno mais fértil para o desenvolvimento da ansiedade: assuntos que não conhecemos mas que estão sendo
a violência urbana, a insegurança do mercado de trabalho, comentados por todos. Essas sensações constantes podem
que ao mesmo tempo que cobra muitos resultados retorna desencadear pensamentos de incompetência e derrota,
baixos salários, a economia claudicante, dentre elas. Além levando à depressão.
disso, a formação do povo brasileiro, de origem latina, faz Já a hiperconectividade, além de um gasto energético
com que as emoções sejam, muitas vezes, o centro da cerebral intenso, já que estamos o tempo inteiro “ligados”
tomada de decisões, e as comparações com o sucesso e de “sentinela”, expõe a vida e realidade do outro à todo
dos outros, suas vitórias, tenha um peso maior do que em momento. E a comparação é inerente do ser humano,
outros países. Ainda assim, por termos um clima favorável comparando as habilidades e sucessos do outro (já que
à integração com outras pessoas, uma natureza propícia normalmente a exposição é apenas do que deu certo) com
para sair do confinamento de salas e quartos, nos ajuda à as nossas dificuldades e insucessos, gerando frustração e
não termos níveis maiores de depressão, como nos países tristeza. Tudo isso, de forma incessante, sem dar tempo para
escandinavos. Resta-nos aproveitar essas oportunidades e que possamos refletir sobre nossas próprias vidas, nossos
melhorar nossa qualidade de vida, apesar das dificuldades reais desejos e objetivos.
enfrentadas no cotidiano.
QUAIS OS GRUPOS/PERFIS MAIS AFETADOS, E DE
COMO A SAÚDE MENTAL DAS PESSOAS QUE MANEIRAS?
PIOROU NA ERA DA HIPERCONEXÃO E DA
HIPERPRODUTIVIDADE? O último relatório sobre Saúde Mental da OMS escolheu
três focos prioritários de atenção: a prevenção ao suicídio,
Precisamos separar essas duas realidades atuais, pois a saúde mental no ambiente de trabalho, e as crianças e
agem de formas distintas em nosso emocional. A adolescentes. A situação das crianças e adolescentes é
hiperprodutividade é uma consequência da velocidade preocupante porque elas já nasceram em um mundo na
com que as informações são produzidas e distribuídas, de qual nós, os adultos cuidadores e provedores, ainda não
como a realidade muda a cada instante, sem dar tempo para conseguimos fincar os pés com segurança; ainda não temos
que possamos nos adaptar a esse novo mundo, gerando convicção de como usar as novas ferramentas da tecnologia.
assim ansiedade, pelo medo de não conseguir acompanhar Não sabemos ainda nem discernir o que é bom do que é ruim.
CONVERSAS RELEVANTES
Eduardo Guedes, Cofundador do Instituto Delete
Eduardo Guedes liderou equipes em grandes empresas na introdução de produtos de tecnologia e internet no mercado
e é cofundador do Instituto Delete, o primeiro núcleo no Brasil para avaliar e tratar a dependência de tela, por meio de
atendimentos clínicos abertos à população e pesquisas sobre o impacto das tecnologias no Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
Mestre em Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ), ele é pioneiro
no estudo de dependência de redes sociais no Brasil, realizou uma pesquisa com mais de 30 mil participantes ao longo de
cinco anos para mapear o perfil da dependência digital no Brasil. É autor de oito livros sobre nomofobia e dependência de
tela, é pesquisador do Laboratório de Pânico e Respiração do IPUB/UFRJ, e professor de Mídias Sociais na Estácio. É também
diretor de marketing da Yduqs, o maior grupo de educação do país, dono de mais de 15 marcas, entre elas Estácio e Ibmec.
CONVERSAS RELEVANTES
Peter Ampe, da FAMOUSGREY de Bruxelas
Sua diferença aponta o caminho para o seu talento. A frase é do livro “Great minds think unalike” (algo como grandes mentes
pensam diferente/de maneira singular) de Peter Ampe, um publicitário belga que, ao se descobrir com Transtorno de déficit
de atenção - TDAH, abraçou a causa da neurodiversidade com o objetivo de provar que é a partir da potência e não da
deficiência que se deve incluir pessoas do espectro autista, com transtornos de déficit de atenção, dislexia, disgrafia, síndrome
de tourette, dispraxia, entre outros, no mercado de trabalho. Ampe acredita firmemente, e levou a discussão para o festival
Cannes Lions este ano, na França, o maior encontro da publicidade mundial: para ele, há uma potência a ser explorada
para além das dificuldades que existem numa condição neurodivergente. Mapear as diferenças, aceitá-las e, mais do que
abraçá-las, reformulá-las como talentos, é o convite que ele faz em seu livro, e nas palestras que vêm realizando mundo afora.
PETER, QUE TIPO DE LUTAS PESSOAIS VOCÊ em outras coisas. Outro preconceito é que as pessoas com
TRAVOU PARA SER ACEITO E SE ADAPTAR AOS TDAH não trabalham duro o suficiente. Enquanto as mentes
LOCAIS DE TRABALHO? das 9h às 5h estão trabalhando, as mentes com TDAH
podem estar jogando tênis de mesa, fazer pausas longas
A luta mais importante foi a mudança de redator na indústria e barulhentas para o café e passeando pelo escritório. Isso
de publicidade para diretor de criação, com cargo de gerência. porque seu cérebro não funciona das 9h às 17h, ele funciona
Como criativo, eu era responsável apenas por encontrar ideias 24 horas por dia, sete dias por semana, em uma série de
e executá-las da maneira mais perfeita. Simplesmente ideal miniesforços que podem ocorrer durante ou também antes e
para minha mente asperger. Mas, como diretor de criação, depois do expediente de trabalho. Já as pessoas com dislexia
também me tornei responsável pelas pessoas que encontram gostam de ser patrões e ter sua própria forma de trabalhar.
essas ideias. Em outras palavras, isso envolvia gestão de Então, por favor, dê-lhes liberdade e confie neles para fazer as
pessoas, na qual eu não era bom devido aos meus problemas coisas. Se você começar a se tornar um gerente controlador,
de socialização. Felizmente, tive um parceiro de equipe que as pessoas neurodivergentes irão implodir ou se rebelar.
me ajudou nessa transição para um cargo de gestão. Seria
ótimo se todos pudessem ter esse apoio. COMO VOCÊ VÊ O PAPEL DA PANDEMIA, E AS
MUDANÇAS QUE ELA TROUXE NO AMBIENTE
VOCÊ PODE DAR OUTROS EXEMPLOS DE DE TRABALHO, PARA A QUESTÃO DA
PROBLEMAS QUE OS NEURODIVERSOS NEURODIVERSIDADE?
ENFRENTAM NO AMBIENTE DE TRABALHO?
A pandemia nos trouxe para casa trabalhando. Antes da
Tomemos o TDAH, por exemplo. Entender como sua mente pandemia, eu trabalhava em casa uma vez por semana. E
funciona pode levar a mais tolerância. Existem muitos embora tenha sido um dos dias mais prolíficos da semana,
preconceitos decorrentes de sua natureza inata de se distrair sempre senti como se tivesse que justificar o dia mostrando
facilmente e de seu comportamento procastinador. Seu curto quanto trabalho havia feito. Desde a pandemia, o trabalho
período de atenção pode ser facilmente confundido com no ambiente doméstico tornou-se o padrão. No escritório
falta de interesse. Quando minha mente começa a divagar da Famousgrey, encontramos agora um equilíbrio entre os
durante uma reunião, muitas vezes ouço a observação de dias de escritório e os dias de home office. Começamos a
que a reunião não é interessante o suficiente para mim. O semana com um primeiro dia de escritório, o que dá a todos
interessante é que simplesmente não consigo evitar pensar a oportunidade de iniciar projetos juntos e conversar uns com
2
ter iniciativas que
incluam as pessoas.
Elas podem ser
mais simples do que
parecem.
3
As empresas precisam encarar o cuidado com a mente
e as emoções dos colaboradores como uma estratégia
do negócio, como uma jornada ao longo do ano.
4
Como o expediente de uma companhia é um ambiente
naturalmente difícil, pois reúne pessoas com diferentes
experiências de vida e heranças psicológicas, é com mais
A comunicação é uma ferramenta de
inteligência emocional, conexão e empatia que se pode
transformação potente. Use-a para promover
criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
ideias positivas, e avalie se a mensagem tem
coerência, claro, com o seu posicionamento
de marca. Walk the Talk.
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