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Gustavo Filipe Barbosa Garcia INTRODUCAO _~ AOESTUDO DO DIREITO Teoria Geral do Direito Didatica diferenciada Revista, | 2a 1€1 ssropive ¢ EDITORA JuPODIVM us Yeti i franco, 7 - Pu ~ CEP 1830-530 Sadr ~ Baa Tek (7130459051 Conta pi sono com rc onytight Ecos SPOON ConselhoEeoral duardo Via Portela Neves, ley de Cua it, Leonard de Meds Sac Fede br rosé Heme Monte, Jost Morel Vi, Mao: Ear no, Neon Tv Feng Nunes Hho, Rober Roche Fees Fo, Redo Parplons Fle, Redogo els Mazz & ‘capa Maié Cosa matescothatoo com x) Dlapramagde:tupe Comunicacioe Design Yopecomanicaznagma com AteStora POOH pasa pubar sac parti ds 7 ei, 2161 Gana, Gutene ftpe Barbosa, Ter no Emude Dieto / Gustave Flip Rabo Garcia. ~7. ee. aro. © os og (3a 978-05-402-2190°6 ‘iodo dines jc. 2: Det | Gaia, Gustavo Filipe Barbora. IT, Toso dito desta digo reservados Eds sPODNUM, snanement probida eproduo Yotl ou pel dest Oba, por qulaue meio ou prOce50 teonuepresa suerengio do ao «G1 €dghe xPODNM.Avolsio dos ets cris coasters ene deere er fe sm prejua0 cas sacs is cas “O que anda em justiga ¢ fala 0 que ¢ reto: © que despreza o ganho de opresstio; 0 que, com um gesto de maos, recusa aceitar suboro; © que tapa os ouvidos, para no ouvir falar de homicidios, e fecha os olhos, para ndo ver © mal, este habitaré nas alturas; as fortalezas das rochas serdo 0 seu alto refiigio, o seu po Ihe seréi dado, as suas Aguas servo certas” (Is. 33:15-16) 0 INTRODUGAG ADESTUDO.D0 DIRETO - Gustev pe Barbosa arco vo a certos grupos sociais € mesmo as pessoas em suas relagdes em sociedade". Nesse sentido, temos, por exemplo, as normas coletivas pro- duzidas pelos atores sociais, como os entes sindicais, ao firmarem convengdes ¢ acordos coletivos de trabalho, regendo as relagdes de trabalho. Os proprios particulares também possuem o poder negocial, decorrente da autonomia privada, permitindo firmarem negécios ju- ridicos, com o fim de reger relagdes individuais, desde que dentro de limites permitidos pelo sistema juridico. Assim sendo, uma outra forma de definir 0 Direito pode ser assim enuneiada: ordenagdo imperativa, atributiva e coercivel da conduta humana, como forma de assegurar valores necesséirios ¢ regulagdo da vida em sociedade, 2. CIENCIA DO DIREITO Nao se deve confundir o Direito, © qual é uma realidade presente e necessaria para a vida em sociedade, com a Ciéneia do Direito. A Ciéncia do Dircito tem como seu objeto de estudo o Direito, mas com este nao se confunde. Efetivamente, a Ciéncia do Dircito se consubstancia em estudos ¢ pesquisas, elaboradas pelos juris- tas, sobre a realidade juridica em si, descrevendo e interpretando a ordem juridiea e suas normas, bem como conferindo unidade sistematica. Desse modo, enquanto 0 Direito prescreve condutas imperati- vas e prevé sangdes objetivando o seu cumprimento, a Ciéncia do Direito estuda, interpreta, conceitua e sistematiza o Direito ¢ as suias previsdes. A ordenagio das condutas é papel exercido pelo ‘CE REALE, Miguel. Op. cit, p. 77: “na realidade, existe Diteto também em outros grupos, em outras insiluigbes, que nio 0 Estado. [J Parece-nos, pois, procedente & agg da ‘aides teicheicsan anbinmaaichettermnen-ty ottahaal’: cop - DEFIICAO DEDIRETO a Direito em si. A Ciéncia do Direito estuda ¢ descreve, de forma sistemdtica e metédica, essa ordem de condutas que regem a vida em sociedade. Allis, cabe destacar que 0 Direito, em si, € objeto de diversas ciéncias, como a Sociologia Juridica, a Filosofia do Direito, a His- (ria do Direito € a propria Ciéneia do Direito”” (também chamada de Jurisprudéncia, conforme designagio que era dada pelos juris- consultos romanos, termo este aqui empregado em sentido diverso daquele utilizado na atualidade, como conjunto de decisées proferidas por juizes ¢ tribunais)*. Pode-se entender ciéncia como o conjunto de emunciados apre- sentados de forma metédica, demonstrada ¢ sistematizada, sobre determinado objeto" © conhecimento cientifico € elaborado com o fim de expor enun- ciados verdadeiros, apresentando-se, assim, de forma fiendamentada, ou seja, mediante a devida demonstragdo’ 0 método & necessiio para a atividade ciemtifica, pois esta exige que 0 conhecimento seja devidamente ordenado conforme principios ¢ regras proprias, apresentando uma ordem de constatagées relacio- si de forma coerente ¢ ldgica’’. CE REALE, Miguel, Op. ct p. 63: “Hist do Direito so tres campos de conhecimento distntos, que se constituem sobre a hase ‘de uma tniea eaperiéncia humana, que € o Direito como fa de convivéncia ordenada” (desiaque do original) Cf, REALE, Miguel. Op. cit, p- 62. Cf, DINIZ, Maria Helena. Op. cit, p. 21: “Sinteticamente posternos dizer que a eiéncia um complexo de enunciados verdadsiros, rigorosaiente fundados © demonstrados, com um sentido limitado, dirigido a um determinado objeto. Para que hia ciéncia, tleve haver as seguintes nolas: eater metidico, sistematico, cert, fundamentado ou tdemonstrado, imitado ou condicionado a um certo setor do objeto Cf DINIZ, Maria Helena. Op. cit, p. 18 CE DINIZ, Maria Helena. Op. eit, p. 18: "O método é a garantia de veracidade de um conhecimento. Méiado € a diresio ordenada do pensamento na elaboragio da ciéncia Togo. a cigncia requer uma atividade ordenada segundo principios proprics © rezras peculiares, F ele gue guia a investigagdo cientifica, provando que o resultado de suas Samaniac winllelaie? 4o Direito, Sociologia Juri e Ciénein 2 INTRODUGAO AO ESTUDO 00 DIREITO- Gaston File Barbosa Gare Cada ciéneia possui, ainda, o seu objeto, devidamente determina- do, ou seja, a matéria objeto do exame e da investigagao cientifica’. O cardter sistemdtico refere-se a0 modo como a ciéncia orde~ na, de forma légica ¢ coerente, a realidade que tem como objeto de estudo. sistema & uma reunido de elementos (“repertério"), relaciona- dos entre si conforme certas regras (“estrutura”), O sistema, assim, pode ser visto como 0 “aparelho te6rico” mediante o qual se pode estudar a realidade™. © Direito, nesse enfoque, ¢ uma realidade que pode ser es- tudada, de forma sistemética (ordenada e coerente), pela Ciéneia do Direito™*. Entende-se, assim, que a chamada Ciéncia do Direito apresenta as notas peculiares do conhecimento cientifico, “por se tratar de conhecimento sistemético, metodicamente obtido © demonstrado, dirigido a um determinado objeto, que & separado por abstragdo dos demais fenémenos””. Alguns dos métodos utilizados pela Ciéncia do Direito sto, por exemplo, os seguintes: CE. DINIZ, Matia Helena, Op. cit, p, 20. > CE DINIZ, Maria Helena. Op. cit, p, 202: "Percebe-se que sistema’ significa neva uma reumito de coisas ou conjunto de elementos, € méfodo, umm instrumento de analise De forma que o sistema nfo é uma realidade, & o aparelho teérico mediante o qual se pode estudi-la. E, por outras palavras, o modo de ver, de ordenar, lagicamente, a tealidade, que, por sua Vez, nlo & sistemitica. Todo o sistema € uma reunigo de objetos seus alributos (reperrio) relacionados entre si, conforme certs regras (estrutura) que variam de concep para concepeio. O que di coesto ao sistema € sua estrutura” lestaques do original, % Cf, DINIZ, Maria Helena. Op. cit, p. 203: "o direito ndo & um sistema juridico, mas ‘uma reelidade que pode ser estudada de modo sistemstico pela eiéncia do direite. E indubitavel que a tarefa mais importante do jurisia consiste em apresentar o direito sob uma forme ordenada ow “sstemdtica’, através da qual se tende a faciltar 0 seu cconhecimento, bem como sew manejo per parte dos individuos que estio submetidos 4 ele, especialmente pelos que © aplicam” DINIZ, Maria Helens. Op. cit, p. 33. ap. t = DeFNIGAO DE DARETO Es método indutivo: raciocinando a partir de fatos particulares, para se alcangar conelusbes gerai método dedutivo: partindo de regras gerais conhecidas para se aleangar outras conclusdes diversas ou particulares; analogia: raciocinio que leva em conta razdes de similitu- de (por exemplo: havendo conduta a respeito da qual no se verifica previsdo de norma especifica, pode-se aplicar a norma prevista para situagio semelhante)”. © jurista, ainda, “correlaciona valores a fatos segundo normas, © que significa que ndo pode dispensar © prisma do valor, na apre- (0 dos fatos sociais abrangidos por normas juridicas™. CIENCIA DO DIREITO: CIENCIA SOCIAL NORMATIVA Frise-se que a Ciéneia Juridica é classificada entre as ciéncias culturais, humanas ou sociais, as quais tém como objeto o compor- tamento human, opondo-se s ciéncias naturais, as quais estudam ‘os fendmenos fisicos ou naturais”. A Ciéncia do Direito ¢, ainda, uma ciéneia social normativa, 40 estudar como a conduta dos homens deve se realizar, conforme determinagio nas normas juridicas”. As cigncias sociais causais, entre elas a Histéria do Direito ¢ a Sociologia Juridica, por sua vez, explicam os comportamentos humanos tal como eles 0 sao de fato”. "CE. REALE, Miguel. Op. cit, p. 83. Cf, REALE, Miguel. Op. cit, p. 85. REALE, Miguel. Op. cit, p. 85 "Cf. DINIZ, Maria Helena, Op. cit, p. 217. Cf. DINIZ, Maria Helena, Op. cit, p. 217 Cf. DINIZ, Maria Helena, Op. cit, p. 217 ™ IVTRODUGAO AO E5T100100 DIREITO ~ Gustav Foe Bobosa orca 4. CIENCIA JURIDICA, TEORIA GERAL DO DIREITO E DOGMATICA JURIDICA A Teoria Geral do Direito pode ser entendida como a ciér da realidade juridica, apresentando nogdes comuns at todas as ordens juridico-positivas, como as de fonte do Direito, relagio juridica, fato juridico, sujeito de direito, norma juridica ete.*, Essas nogdes juridicas mais gerais so, assim, utilizadas pela Ciéncia do Direito" ‘mas as suas conclusdes também so aplicdveis a Sociologia Juridie: a Historia do Direito ete. A Teoria Geral do Direito, desenvolvendo-se no plano do conhecimento positive do Direito, procura determinar as “es- truturas ldgicas da experiéncia juridica em geral”, elaborando principios e generalizagdes conceituais, determinando os seus conceitos basicas™. Cabe a Teoria Geral do Direito, assim, “formular os conceitos juridicos fundamentais, indispensdveis ao raciocinio Juridica”. A Dogmitica Juridica, por sua vez, & 0 estudo do Direito tal ‘como se apresenta positivado, sendo a “especificagao da Teoria Geral do Direito no dmbito e em fungo do ordenamento juridico € de sua aplicagao™. larega-se que as disci martem de prem linas “dogmiiticas”, integrantes da sas definidas, ou seja, pontos de partida CE DINIZ, Maria Helena. Op. cit, p. 220, * Cf. REALE, Miguel. Op. cit, p. 18: “E claro, portanta, que a Ciencia Juridica se eleve a0 plano de uma Teoria Geral do Direto, que (..] representa a parte geral coum a todas as formas de conhecimento positivy do Diteito, agquela na qual se fixam os Drinefpios ou diretrizes capazes de elucidar-nos sobre a estrutra das regras jidicas © sua concatenagao logiea, bem como sobre os motivos que governam os distintos campos da experiéneia juriica” (destaque do original) % Cf REALE, Miguel. Op, cit, p. 229, ” MAO, Paulo Dourado de. Juradtedo 20 esnido do direita. 45, ed, Riv de Janeiro se, 2012. p, 17 (esiagues do original). REALE, Miguel. Op. cit, p, 329, Fore Gp. 01FHaGAO DE OWRETTO » jd fixados € nao discutidos, Sao eiéneias dogmaticas, por exemplo, a Ciencia do Direito Civil e a Cigneia do Direito Penal (assim como as Cigneias de outros ramos do Direito)", as quais realizam seus estudos ¢ andlises a partir das normas vigentes. Diferentemente, 0 mpo das investigagtes “zetéticas” abrange, por exemplo, a Socio- logia Juridica, a Filosofia do Direito, a Historia do Direito, tendo como caracteristica a “abertura constante para o questionamento dos objetos em todas as diregdes™, Em sintese: TEORIA GERAL DO DIREITO: apresenta nogdes e conceitos juridico-positivos utilizados pelas Ciéneias que tém como objeto o Direito (Cigneia do Direito, Histéria do Direito, Sociologia Juridica), TEORIA GERAL DO DIREITO aplicada 4 CIENCIA DO DIREITO: Dogmética Juridica. CIENCIA DOGMATICA 08. EOE DECIsAo Dos CONFLITOS SOCIAIS — a As ciéncias dogméticas, como meneionado anteriormente, nao se confundem com as investigagdes de natureza “zetética’” Conforme esclarece Tercio Sampaio Ferraz Junior, a “cignei (dogmatica) do direito” € “uma sistematizagiio do ordenamento sua interpretagao”, e as “suas ‘teorias’ chamadas, no conjunto, de “doutrina’, so antes complexos argumentativos, ¢ nao teoria no sentido zetético™'. 5° Ch FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio, Inraduciio ao estcks do direto: tenica, decisto, dominagio. $39 Paulo: Atlas, 1988, p. 4, © PERRAZ JUNIOR, Tereio Sampaio, Op. cit, p. 45 ® FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introducdo ao estuo do cireto: Geni, decisio, ddominagio. So Paulo: Atlas, 1988, p. 85.

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