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CAPITULO VI

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

6.1 - O Estado como produtor de bens e serviço: A Actividade Empresarial do Estado.


O estado intervém na economia de forma directa e indirecta. A intervenção directa faz do
Estado um verdadeiro produtor de bens e serviços intervindo no mercado a par dos demais
sujeitos económicos privado
Na época liberal, as intervenções directas dos Estados na produção de bens e serviços
restringiam-se, na generalidade dos países europeus, aos investimentos em infra-estruturas de
interesse geral, aos serviços de correios e comunicações, de transportes ferroviários, às
imprensas nacionais, às manufacturas de material de guerra. Incluía ainda a distribuição de
água, gás e electricidade.
A actividade económica do Estado era entendida como excepcional. À luz da doutrina liberal,
os poderes públicos deveriam abster-se de actuar como agentes económicos sob pena de
falsearem as leis do mercado. Assim seriam permitidas apenas quando existisse falhas no
mercado, no caso de:
 Incapacidade do mercado de produzir bens ou serviços de interesse geral, em
quantidade ou condições adequadas;
 Monopólios naturais (caminhos de ferro e telecomunicações);

A partir da 1.ª Guerra Mundial, os serviços públicos personalizados foram ganhando


importância pela exigência em autonomia e maior flexibilidade que os caracteriza.
A crise 1929-1931 reforçou a intervenção estatal na economia e no final da 2.ª Guerra Mundial
houve processos de nacionalização de empresas privadas (incluindo empresas concessionárias),
em especial nos países mais afectados pelo esforço de guerra.

6.1.1 - O Sector Publico Empresarial em Angola


A actividade empresarial do estado angolano é constituída por: Empresas públicas, empresas
com domínio público e participações públicas minoritárias e o seu regime vêm regulados na
lei 11/13 de 03 de Setembro – Lei de Bases do Sector Empresarial Público

6.1.2 - As empresas públicas


A empresa pública surge em primeiro lugar, como empresa, isto é, “como conjunto unitário e
autónomo de factores materiais, ordenado com vista a prossecução de fins económicos”.
Marcelo Caetano, define-a como sendo, “uma organização em que se combinam o capital
fornecido por pessoas colectivas de direito público, com a técnica e o trabalho para produzir
bens ou serviços destinados a serem oferecidos no mercado mediante um preço que cubra
custos e permita o funcionamento normal do empreendimento”,

Personalidade jurídica da empresa


A empresa pública é uma pessoa colectiva autónoma relativamente ao Estado.
 Dispõe de personalidade jurídica própria, pois não havendo personalidade jurídica
autónoma, a actividade empresarial seria sempre exercida pela autoridade pública
estatal.
 A personalidade jurídica é assim, condição indispensável para que a actividade
empresarial possa ser configurado como actividade principal da entidade, e a partir daí,
construir em tal conformidade o respectivo regime jurídico.
A autonomia de que se fala neste ponto, pode ser: administrativa, financeira, e patrimonial
(art. 7º, nº1).

Autonomia administrativa
As empresas públicas praticam todos os actos necessários a prossecução dos objectivos
predeterminados, sem necessidade de autorização ou aprovação dos organismos do Estado.
Significa ainda que, as entidades estranhas não têm o direito de interferir na sua gestão e no seu
funcionamento, a não ser nos casos e pelas formas previstas na lei.

Autonomia financeira
As empresas públicas dispõem de um orçamento privativo, por elas elaborado e aprovado
pelo executivo. Este orçamento não faz parte do O.G.E (Orçamento Geral do Estado), nem
sobre ele incide qualquer acto de aprovação parlamentar. Por essa razão tem a empresa
competência para cobrar as receitas provenientes da sua actividade ou que lhe sejam
facultadas nos termos do estatuto ou da lei, para realizar as despesas inerentes á
prossecução do seu objectivo.

Autonomia patrimonial
Significa este princípio que,
 Pelas dívidas das empresas públicas, responde apenas o seu respectivo património
excluindo os bens do domínio público sob a administração da empresa;
 Pelas dívidas da empresa não responderia nunca o património do Estado, uma vez que
ela goza de personalidade jurídica própria;

Como são criadas as empresas públicas?


As empresas públicas são criadas, conforme sejam de interesse estratégico ou não. As
primeiras são criadas por Decreto Presidencial, as restantes por Decreto Executivo Conjunto
do Ministro responsável pelo Sector Empresarial Público e o Ministro Responsável pelo
Sector de Actividade, por delegação do Titular do Poder Executivo. (art. 40º nº 1 e 2)

Órgãos de gestão das empresas


As empresas públicas são dotadas de uma estrutura orgânica específica que as distingue das
sociedades comerciais. Os órgãos de existência obrigatória são o conselho de administração e o
Conselho Fiscal (Artº 45) da lei 11/13 de 03 e Setembro.

Conselho de Administração, (art. 46º)


É o órgão de gestão da empresa. O número de membros que o compõem é de 11 entre
executivos e não executivos.

Nas E.P. de interesse estratégico os membros do Conselho de Administração são nomeados e


exonerados pelo Presidente da República.

Nas restantes empresas públicas, os membros do C.A. são nomeados e exonerados pelo
Ministro responsável pelo Sector Empresarial Público sob proposta do Ministro Responsável
pelo Sector de Actividade
Conselho Fiscal (Art. 47º)
É o órgão que fiscaliza a gestão da empresa e é composto obrigatoriamente por três membros,
sendo 1 presidente e 2 vogais (Art. 47º, nº1).

Os membros do C.F, são designados por despacho conjunto do Ministro Responsável pelo
Sector Empresarial Público e das Finanças.

Natureza da empresa pública

Apesar da sua qualificação legal de empresa pública, no regime geral destas empresas,
interpenetram-se aspecto de direito público e de direito privado.

 Por um lado, elas estão sujeitas a tutela do executivo, definidas nos termos do direito
administrativo, sendo os seus gestores nomeados pelo executivo (presidente da
república).
 Por outro lado, vários aspectos do seu regime de funcionamento são remetidos ao
direito privado. Pela lei 7/15, lei geral do trabalho.

A tutela e a intervenção do Executivo (art. 43º)


As empresas públicas estão naturalmente sujeitas a tutela do Estado, exercida pelo Titular do
Poder Executivo, Ministério responsável pelo SEP e o Ministério que superintende o ramo de
actividades da empresa.
Em geral a tutela consiste num conjunto de poderes atribuídos a um órgão de uma pessoa
colectiva, de fiscalizar ou intervir na gestão de outra pessoa colectiva”. Tem a ver com o poder
conferido ao executivo de designar e exonerar os gestores da empresa.
Abrangem além disso, o poder ou dever do executivo controlar o funcionamento da empresa no
sentido de verificar o respeito da legalidade e dos objectivos das políticas que essas empresas
devam cumprir.

As E.P´s não falem, mas estão sujeitas a transformação, fusão, cisão e extinção.

6.1.3 - Empresas com domínio Público


São sociedades comerciais, criadas ao abrigo da Lei das Sociedades Comerciais em que o
Estado directamente, ou através de outras entidades públicas, exerce uma influencia dominante.
O estado exerce influência dominante em virtude de:
 Deter a totalidade do capital (Sociedades de capitas público);
 Deter a maioria do capital (sociedades mistas onde o estado detêm +50% do capital);
 Deter direitos de voto;
 Direito de designar ou destituir a maioria dos membros dos órgãos de gestão.
(empresas intervencionadas)

6.1.4 – Participações públicas minoritárias.


Sociedades Comerciais criadas com capitais públicos e privados onde o estado não detém a
maioria do capital ou qualquer das situações previstas no ponto anterior. É uma sociedade mista
entre o particular e o Estado, mas este não exerce influência dominante.

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