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TRINCA, Walter. Procedimentos de desenho-estórias, formas derivadas, desenvolvimentos e


expansões. São Paulo: Vetor, 2013.

É uma técnica compreensiva de investigação, que favorece a exploração ampla da


personalidade, pondo em relevo a dinâmica emocional inconsciente. Faz uso predominante
da associação livre por meio de formas indiretas de expressão, que encontram analogias com
sonhos, que são impulsionados, em suas origens, por emoções geralmente difusas e
indistintas, que buscam uma tomada de forma. As duas formas de aplicação, (D-D e DF-E),
são constituídos por um conjunto de disposições estruturalmente organizadas, que têm por
propósito eliciar e acolher aspectos inconscientes, relacionados aos pontos mais sensíveis da
personalidade. Dessa forma, podem por em evidência os focos nodais e os sistemas mntais
determinantes do examinando. As principais vantagens de seu uso são:

✓ Facilidade de aplicação;
✓ Adaptabilidade às necessidades de comunicação do examinando;
✓ Custo reduzido, facilitando o atendimento de populações carentes;
✓ Possibilidade simplificação prática de atendimento;
✓ Oportunidade de uso para intervenções urgentes, como medida preventiva;

APLICAÇÃO:

✓ 5unidades de produção;
✓ Desenho livre, estória, “inquérito” e título;
✓ Repetição dos mesmos procedimentos a cada unidade de produção, até que se faca a
quinta;
✓ Para sujeitos de qqr idade e sexo, podendo pertencer a todos os níveis mentais,
socioeconômicos e culturais;
✓ Aplicação individual (paciente-terapêuta);
✓ Deve ser aplicado nos primeiros contatos;
✓ Deve-se fazer um convite antes da proposição da tarefa;

CONDIÇÃO DE APLICAÇÃO:
✓ Rapport consistentemente estabelecido;
✓ Devem ser observadas as condições de saúde, disposição psíquica para a tarefa,
ausência de fadiga, etc.;
✓ O ambiente deve ser silencioso, confortável, e ausência de terceiros na sala;
✓ É fundamental que o cliente saiba o que se espera dele, as razoes da aplicação;
✓ Definição clara de objetivos e propósitos;

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MATERIAL:

✓ Folhas de papel em branco, sem pauta, de tamanho ofício;


✓ Lápis preto (ponta de grafite), entre macio e duro;
✓ Caixa de lápis de cor de 12 unidades nos tons de cinza, marrom, preto, vermelho,
amarelo-escuro, verde-claro, verde-escuro, azul-claro, azul-escuro, violeta e cor-de-
rosa.

TÉCNICA DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DESENHO-HISTÓRIA:


✓ Sujeito é colocado sentado, trabalhando em à frente de uma mesa. É dada a tarefa após
o rapport;
✓ Espalham-se os lápis sobre a mesa, ficando o lápis de grafite preto misturado entre
eles;
✓ Coloca-se a folha na posição horizontal. Não se menciona a possibilidade de este
alterar essa posição, nem se enfatiza a importância do fato;
✓ Solicita-se do examinando que faça um desenho, diz-se: “você tem esta folha em
branco e pode fazer o desenho que quiser como quiser”;
✓ Aguarda-se a conclusão do primeiro desenho. Quando concluído, o desenho não é
retirado da frente do sujeito. O examinador solicita, então, que conte uma história
associada ao desenho: “você, agora, olhando o desenho, pode inventar uma história,
dizendo o que acontece.”
✓ Na eventualidade do examinando demonstrar dificuldade de associação e elaboração,
podem-se introduzir recursos auxiliares, dizendo-lhe: “você pode começar falando do
desenho que fez”, com o intuito de ajudá-lo a contar a história;
✓ Concluída, no primeiro desenho, a fase de contar a história, passa-se ao “inquérito”.
Neste, podem solicitar-se quaisquer esclarecimentos necessários à compreensão e
interpretação do material produzido tanto no desenho quanto na história. O “inquérito”
tem, também, o propósito de obtenção de novas associações;
✓ Após a conclusão da história, e ainda com o desenho diante do sujeito, pede-se-lhe o
título da produção;
✓ Neste ponto, retira-se da vista do examinando. Com isso teremos concluído a promeira
unidade de produção;
✓ O examinador tomará nota detalhada de história, verbalização do sujeito enquanto
desenha, ordem da realização das figuras desenhadas, recursos auxiliares utilizados
pelo sujeito, perguntas e respostas da fase de “inquérito”, título, bem como de todas as
reações expressivas, verbalizações paralelas e outros comportamentos observados
durante a aplicação;
✓ Pretende-se conseguir uma série de 5 unidades de produção. Assim, concluída a
primeira, repetem-se os mesmos procedimentos nas demais quatro unidades;
✓ Na eventualidade de não se obterem uma série de 5 produções em uma única sessão de
60min, é recomendável combinar o retorno a uma nova sessão de aplicação. Não se
alcançando o número de produções total, ainda que utilizando o tempo de duas
sessões, será considerado o material que nelas o examinando produziu. Se as
associações verbais forem, no conjunto, muito pobres, convém reaplicar o processo.
No caso de reaplicação, serão reapresentados desenhos já feitos para os quais se
solicitam as histórias, completando-se as cinco unidades de produção. Para outros
esclarecimentos, vide trinca (2003).

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RECOMENDAÇÕES GERAIS:
✓ O examinador não deverá se deixar levar facilmente pelas primeiras recusas do
examinando perante a tarefa, especialmente quando ele se encontra em processo de
elaboração interior. Muitas vezes, uma recusa formal pode ser contornada pelo
estabelecimento de um bom rapport;
✓ Diante de perguntas como: “que tipo de história? ... que desenho ... precisa pintar? ...
qual o modo de fazer?” e outra semelhantes, o psicólogo deverá esclarecer que o
sujeito deve fazer do jeito que quiser.
✓ O uso de borracha de ser evitado, para melhor se caracterizar certas áreas em que o
sujeito tem maiores dificuldades de desenhar. O uso da borracha faria desaparecer
algumas configurações gráficas de valor psicológico. Se o examinando quiser, ser-lhe-
ão entregues novas folhas de papel onde possa refazer o desenho, recolhendo-se,
porém a produção anterior;
✓ Não são solicitadas, estritamente, estórias a respeito dos desenhos, e sim diante dos
desenhos, pretende-se que sejam desencadeadas associações livres sob a forma de
histórias.
✓ É importante não haver modificações das consignas e do padrão básico de aplicação,
que fazem parte da identidade do Procedimento;
✓ No momento de aplicação, convém evitar toda interferência de estimulação estranha à
produção gráfico-verbal. É necessário verificar se há alguma situação de
constrangimento ao examinado, que impeça o uso de sua liberdade associativa;
✓ O examinador deve se prevenir em relação às intervenções e interpretações precoces
durante o processo de aplicação. É preferível aguardar para isso os momentos
favoráveis, quando haja melhor compreensão do conjunto do material;
✓ O aplicador fará o possível para entrar na atmosfera emocional criada pelos desenhos e
pela verbalização, aproximando-se empaticamente do examinando em seu universo de
fantasias e angústias.

INQUÉRITO:
✓ Busca-se estimular o prosseguimento, o desenvolvimento e a ampliação da
comunicação;
✓ Ênfase nos esclarecimentos; desdobramentos, complementações, desfechos e
aprofundamentos referidos tanto aos desenhos quanto às histórias;
✓ Psicólogo tentará acompanhar, na medida do possível, os elementos associativos
relacionados ao plano LATENTE;
✓ Por ser uma técnica lúdica, não deve ser modificada ou sofrer interferências em
nenhuma das fases de aplicação.

APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DESENHOS DE FAMÍLIA COM


HISTÓRIAS (DF-E):

As diretrizes são semelhantes àquelas estabelecidas acima. Entretanto sua principal


característica consiste em uma série de quatro desenhos de família, segundoconsignas
determinadas:

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1. Desenhe uma família qualquer;


2. Desenhe uma família ideal;
3. Desenhe uma família em que alguém não está bem;
4. Desenhe a própria família.
As consignas correspondentes para cada desenho devem ser:
1. “Desenhe uma família”;
2. “Desenhe uma família que você gostaria de ter”;
3. “Desenhe uma família em que alguém não está bem”;
4. “Desenhe a sua família”.

INQUÉRITO (DF-E):
✓ Intensa fase de exploração subjetiva;
✓ Examinador precisa estar familiarizado com os problemas e as dificuldades mais
evidentes do examinando, a fim de poder verificar afirmações obscuras. Indicações
incompletas, sugestões de novos direcionamentos, entre outros aspectos;
✓ O aplicador tentará desenvolver ao máximo a ambientação, a dramatização e o
desfecho dos personagens, figuras e situações;
✓ Por ser a fase em que há desdobramentos das fantasias aperceptivo-temáticas, deve
atentar-se para não conduzir ou induzir as associações do examinando;
✓ Diretivas excessivas podem comprometer associações posteriores, portanto, para não
eliminar o aspecto lúdico, deve evitar racionalizações, induzir ou solicitar que faça
justificativas;
✓ Convém que se dê tempo para o amadurecimento dos sentidos emocionais das
mensagens que deseja transmitir;

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