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UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ALDENILSON DA SILVA BATISTA


EWERTON CÂMARA BURITI
FRANCYELLE DA SILVA PEREIRA
HENRIQUE SANTANA DA SILVA
JOSÉ PONTES DA SILVA FILHO
RONDNELLY MARINHO DA SILVA
VICTOR ANDRÉ CENA DE PAIVA

ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVO E REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


DO HANDEBOL EM RESOLUÇÃO DE SITUAÇÃO-PROBLEMA

GUARABIRA-PB
2022
ALDENILSON DASILVA BATISTA
EWERTON CÂMARA BURITI
FRANCYELLE DA SILVA PEREIRA
HENRIQUE SANTANA DA SILVA
JOSÉ PONTES DA SILVA FILHO
RONDNELLY MARINHO DA SILVA
VICTOR ANDRÉ CENA DE PAIVA

ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVO E REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


DO HANDEBOL EM RESOLUÇÃO DE SITUAÇÃO-PROBLEMA

Trabalho apresentado à disciplina


“Atividades Interdisciplinares”, como
requisito à Produção Textual em Grupo,
relativa ao 5º semestre.

GUARABIRA - PB
2022
INTRODUÇÃO

O trabalho em questão trata-se de um apanhado de reflexões sobre a


Educação Física e a questão da inclusão a partir da vivência com o esporte para
pessoas com deficiência, enfatizando os desafios que ainda se encontram no
espaço escolar, os estigmas enraizados na sociedade e o fomento de algumas
estratégias para efetivação do processo inclusivo no espaço escolar.
Para Salerno e Araújo (2008, p. 220), a experimentação do esporte não se
prende apenas às questões de movimento e de equilíbrio motor, mas ensina sobre o
entendimento e respeito das diferenças, haja vista que tal fenômeno abarca a todos.
No entanto, os problemas advindos da visão estereotipada em torno da pessoa com
deficiência no campo do esporte são trazidos à tona, pois sendo o esporte uma
cultura de dimensão global, é necessária a adoção de medidas que prezem pela
promoção de uma cultura de cuidado, entendimento e respeito pelas pessoas com
deficiência, em sua dimensão total.
Outra questão pertinente a ser levantada é o fato de que o modelo médico
tem grandes implicações na forma como as visões equivocadas sobre os indivíduos
com deficiência foram (e ainda são) difundidas na sociedade, sendo o capacitismo
um dos fenômenos mais problemáticos na vida dos cidadãos com necessidades
especiais, que compõe um conjunto de rótulos à luz de sentimentos de piedade e
incapacidade que invisibilizam e/ou negam todo o protagonismo e liberdade que as
pessoas com deficiência possuem no gerenciamento de suas vidas.
Em outro momento, as discussões giram em torno da resolução da situação-
problema. Nesse processo, focalizam-se os aspectos inerentes ao ensino do
handebol, bem como as estratégias de como o professor deve proceder no
desenvolvimento de habilidades específicas dos alunos para essa modalidade
esportiva, a partir do trabalho com suas capacidades físicas, utilizando-se métodos
necessários para esse fim. Portanto, com base nos assuntos a que se propõe
desenvolver, além da resolução de conceitos em práticas reais de ensino, este
trabalho é, pois, pertinente ao fomento do conhecimento científico.
DESAFIOS NA PROMOÇÃO DA VIVÊNCIA ESPORTIVA NO ESPAÇO ESCOLAR
PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

O ensino de uma disciplina que se pretende efetivo, de fato, deve levar em


consideração todas as dimensões que permeiam o processo de ensino-
aprendizagem. Para tanto, no que se refere aos alunos, esses devem ser
considerados em um processo que tem como base as suas particularidades, seus
ritmos de aprendizagens e as estratégias que utilizam na apreensão do
conhecimento. No ensino de Educação Física, por exemplo, o desenvolvimento
psicomotor e os condicionamentos físicos de cada aluno precisam ser respeitados,
não importando a rapidez durante o percurso do aprendizado, mas sim, a liberdade
para o aluno desenvolver-se no ritmo de suas capacidades. Essa questão torna-se
ainda mais necessária quando relacionada à situação dos alunos com deficiência.
É perceptível que desde a Conferência Mundial das Organizações das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 1994, que
culminou na criação da Declaração de Salamanca, muitos avanços ocorreram no
Brasil com relação à acessibilidade das pessoas com deficiência ao espaço escolar,
especialmente, ao ensino regular, desde a criação de leis, reconfiguração estrutural
da escola e formação dos professores. Contudo, até hoje essa formação docente
implica desafios sobre como melhor efetivar a preparação dos profissionais da
educação diante de tais alunos (BAUMEL; CASTRO, 2002, apud GREGUOL;
MALAGODI; CARRARO, 2018, p. 34). O impasse já surge nos cursos de graduação,
haja vista que dentre as disciplinas ofertadas em toda a grade curricular, as que são
voltadas à Educação Especial recebem pouco destaque, mesmo em cursos de
licenciaturas, quando são ofertadas, dependendo da instituição, como disciplinas
optativas, mas na verdade, deveriam ser obrigatórias e estarem presentes ao longo
da formação dos futuros professores.
Ademais, outra questão recorrente que passa despercebida nos cursos de
formação continuada e adentra o espaço escolar são os estereótipos e as noções
historicamente construídas em torno das pessoas com deficiência que, no campo da
Educação Física, as limitam em aspectos físicos e as colocam no plano da
incapacidade e piedade alheia, tão somente. É uma visão enraizada no tradicional
modelo médico, através do qual difundiu-se o pensamento do capacitismo que, de
acordo com Greguol e outros autores (2021, p. 2) com base em Campbell (2008),
trata-se de

[...] um termo que denota uma atitude que desvaloriza ou diferencia a


deficiência por meio da valorização de um modelo de capacidade
física considerada padrão, ou seja, o capacitismo compreende que
exista um modo ideal de ser, e que tudo aquilo que fuja desse
modelo ideal de capacidade deva ser julgado como inadequado, o
que tornaria a deficiência uma condição de inferioridade humana.

Desse modo, muitos professores norteados por essa noção limitante caem
em conflito, pois sua prática aquém do ideal, assim como seus conceitos pré-
estabelecidos acerca de pessoas com necessidades especiais, torna-se também
limitante. Por essa razão, é comum que haja dificuldades em elaborar metodologias
de ensino que englobem todos os alunos, sendo menos complexa a escolha por
atividades que sejam desenvolvidas separadas da turma, apenas àqueles com
alguma deficiência. Outrossim, muitas escolas públicas que sofrem com o
sucateamento da educação não dispõem de uma estrutura e nem de uma equipe
especializada que possa auxiliar o professor em suas aulas, além da pouca
frequência de cursos de formação continuada com vistas à Educação Especial e do
fato de que a gravidade da condição do aluno pode trazer implicações no professor
para a efetivação da inclusão desse aluno no ensino (FIORIN; MANZINI, 2015,
2016; HODGE et al., 2017, apud GREGUOL; MALAGODI; CARRARO, 2018, p. 35).
Na verdade, cabe a todos os profissionais da Educação Física o
entendimento de que a inserção de pessoas com deficiência na prática do esporte
não se limita a aspectos físicos, pelo contrário, focalizam o bem-estar psicossocial e
contribuem para desmitificar algumas visões distorcidas acerca da pessoa com
deficiência, que permeiam na sociedade (KIM; LEE; OH, 2017, apud GREGUOL et
al., 2021, p. 2-3). O trabalho para eliminar as barreiras sociais em torno desses
sujeitos deve ser intensificado cada vez mais, de forma que possa ecoar em todas
as instituições da sociedade.
Na escola, portanto, a vivência com o esporte deve fluir de forma integrada ao
contexto escolar, voltada para todos os participantes dessa prática, considerando as
particularidades de cada envolvido, suas competências e dificuldades, seus ritmos
de aprendizagens, mas principalmente, promovendo o livre fruir das modalidades
esportivas numa vivência coletiva aprendizagem e respeito às diferenças.
ENSINO DO HANDEBOL: AS CAPACIDADES FÍSICAS PRESENTES NO
DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES

Este ponto da discussão está voltado para o desenvolvimento de uma


situação-problema, segundo a qual um professor chamado Roberto ficou incumbido
de preparar seu time de handebol para os jogos escolares da cidade onde trabalha.
Para tanto, ele deverá proporcionar que os alunos desenvolvam as competências
necessárias a partir da observação e trabalho das capacidades físicas desses
aprendizes envolvidos nesse processo.
Para início de conversa, vale salientar que o handebol é um tipo de esporte
que requer ações físicas mais intensas e com curta duração, na execução de
habilidades motoras de força (explosiva e rápida) e velocidade. Nesse sentido, para
contribuir com o desempenho físico de seus alunos é necessário que o referido
professor, em sua prática, dê ênfase para o treinamento de tais habilidades motoras,
a partir de atividades que possam estimular o metabolismo anaeróbio definitivo
(SOUZA et al., 2006, p. 130). Desse modo, está contribuindo para o
desenvolvimento do condicionamento físico dos alunos, e preparando-os para as
diversas situações que irão surgir durante a execução do jogo, já que o
desenvolvimento de uma habilidade ocorre graças aos movimentos para realizar
ações, os erros e acertos durante o processo que, quando mensurados tendo como
base o desempenho, determinam o nível do aprendizado. Se faz necessário, então,
que o docente proporcione as experiências de aprendizagens possíveis, para que o
sujeito, em suas tentativas, possa refinar suas capacidades físicas frente à execução
de algum movimento (AMBROSIO, 2016, p. 13; 47).
Para Souza e outros autores (2016, p. 133), é essencial que na aprendizagem
do handebol o rendimento tanto do metabolismo aeróbio quanto do anaeróbio seja
trabalhado durante as atividades. Considerando o handebol, que pressupõe o
metabolismo anaeróbio na execução de capacidades motoras, nesse caso, torna-se
mais viável que o professor Roberto opte pela promoção da adaptação de seus
alunos a esse tipo de metabolismo, pois assim, focalizam-se os aspectos, como
força e velocidade, para dar mais consistências às capacidades técnicas e táticas.
Além disso, sabendo-se que o handebol, em sua realização, possibilita que muitos
dos movimentos executados alternem-se a todo instante, tanto em ritmo quanto em
intensidade, esse fator repousa em um tipo de método de treinamento:
Durante a realização de um jogo de modalidade coletiva, ocorre a
alternância de períodos de esforço e de recuperação. Esse tipo de
alternância entre esforço e pausa se assemelha às exigências do
método de treinamento intermitente, que apresenta diversas
variações, mas tem como princípio básico a utilização de uma série
de estímulos submáximos alternados com períodos de intervalo que
propiciam uma recuperação parcial, imposta ante o estímulo
aplicado. Os estímulos no trabalho intermitente podem ser
constituídos de série de turnos repetidos de exercícios, e os períodos
de descanso são constituídos, geralmente, por atividade leve ou
moderada. A duração dos períodos ativos e de repouso, assim como
as intensidades dos exercícios no trabalho intermitente, pode ser
variada, como observado na movimentação característica do jogador
de handebol (ELENO; BARELA; KOKUBUN, 2002, p. 85).

Diante desse exposto, de acordo com a forma como as equipes devem se


mover na quadra, é perceptível que esse processo varie entre uma baixa, média ou
alta intensidade, sendo esse último representado pelos sprints, que ocorrem durante
o contra-ataque, defesas, arremessos e invasões ofensivas. Por outro lado, os
movimentos executados também podem ser de média ou baixa intensidade, isto é,
pautam-se em ataques coordenados, substituições e diversas cobranças de tiros
(MAIS, 1989; SANTOS, 1989, apud ELENO; BARELA; KOKUBUN, 2022, p. 85-86).
Como as considerações sobre a capacidade física já vem sendo apresentada,
nesse ponto da discussão, é preciso esclarecer que, de acordo com Dumith et al.
(2010, p. 5-6), baseado em Guedes (2007), ela é compreendida a partir de dois
campos. Um primeiro, relacionado à saúde, que conta com a capacidade de
resistência cardiorrespiratória, força e resistência musculares e flexibilidade; e um
segundo, relacionado às questões motoras, através de habilidades, como
força/potência, velocidade, agilidade, coordenação e equilíbrio. São noções que, se
bem trabalhadas, colocarão o professor no caminho para o êxito no desenvolvimento
de seus alunos.
Além disso, conforme as contribuições de Souza (2006, p. 30) em acordo com
Oliveira (1998) e Verkhoshanski (1990), o professor também pode contar com o
modelo de periodização, que se encaixa aos aspectos do handebol e, por esse
motivo, estrutura-se em etapas pautadas no desenvolvimento da força, da
velocidade, e das capacidades de desempenho, as quais auxiliam no treinamento
das técnicas e táticas essenciais, em que essas competências serão realizadas de
forma plena, portanto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A bandeira de luta por uma educação cada vez mais inclusiva jamais deve
sair da pauta de toda a classe docente. É notório que muito se avançou desde a
Declaração de Salamanca, em 1994, mas a discussão em torno das pessoas com
deficiência precisa dar lugar a novas reformulações, haja vista o novo contexto
social e as demandas próprias desse momento, que vão surgindo e carecem ser
consideradas. Porque o mundo, atualmente, avança num ritmo de globalização
acelerado, cada vez mais imerso às novas tecnologias da informação, em que todas
as pessoas, com ou sem deficiência, estão inseridas nesse movimento de
modernidade.
Nesse sentindo, como a escola é um espaço que deve promover e garantir a
cidadania e a dignidade humana, deve se reestruturar para que jamais falte aos
seus sujeitos os direitos preconizados nos documentos legais. Do mesmo modo, se
lidar com alunos com deficiência configura-se um desafio, tal entrave é acentuado,
de acordo com as literaturas, quando se reflete acerca do ensino de Educação
Física voltado para esses alunos. Os futuros professores, ainda nos cursos de
graduação, têm pouca vivência com disciplinas e debates em torno da educação
inclusiva. Além do mais, nas escolas ainda existem certos estigmas que abarcam a
pessoa com deficiência, somados à visão limitante de que o ensino de tal disciplina,
ou mesmo de alguma modalidade esportiva se encerra apenas nas dimensões
físicas e motoras do ser humano. Na verdade, a vivência com o esporte para uma
pessoa com necessidades especiais deve, na verdade, prezar pelo bem-estar
psicossocial do sujeito participante, cabendo ao professor garantir que o ritmo do
desenvolvimento desse aluno seja respeitado e que ele não deixe de se sentir parte
do processo de ensino-aprendizagem.
Ainda na ótica da prática do esporte, as discussões posteriores acerca da
situação-problema em torno do ensino do handebol apontaram que as capacidades
físicas devem pontuar as habilidades de força e velocidade, em que ambas, durante
a realização do esporte, podem passar por algumas alternâncias devido à forma
como a modalidade esportiva se configura e, dessa forma, se adequa ao modelo de
periodização para o desenvolvimento de competências e treinamento desse tipo de
esporte.
REFERÊNCIAS

AMBROSIO, R. T. P. Aprendizagem Motora e Psicomotricidade.


Ricardo Thiago Paniza Ambrosio; Aline Gois dos Santos Ambrosio (ORGs).
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2016, p. 13; 47.

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https://www.scielo.br/j/rbefe/a/J5Wv8rynFhsGMHVdHbZzrJH/?lang=pt&format=pdf >.
Acesso em: 10 abr. 2022.

ELENO, T. G.; BARELA, J. A.; KOKUBUN, E. Tipos de Esforço e Qualidades Físicas


do Handebol. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 24, n. 1, set., 2002, p. 85-
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GREGUOL, M.; MALAGODI, B. M.; CARRARO, A. Inclusão de Alunos com


Deficiência nas Aulas de Educação Física: atitudes de professores nas Escolas
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Disponível em: <
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Acesso: 20 abr. 2022.

GREGUOL, M. et al. O esporte para Pessoas com Deficiência e a Luta


Anticapacitista: dos estereótipos sobre a deficiência à valorização da diversidade.
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SALERNO, M. B.; ARAÚJO, P. F. Esporte Adaptado como Tema da Educação


Física Escolar. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física da
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SOUZA, J. et al. Alterações em Variáveis Motoras e Metabólicas Induzidas pelo


Treinamento Durante um Macrociclo em Jogadores de Handebol. Rev. Bras. Med.
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Acesso: 15 abr. 2022.

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