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SPUN Pragrarns the Me Comdunest on Ping? Elden Uiseicancs Nevwicd ay ORE ete MARES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM ENGENHARIA ELETRICA. Proposta de integracao das redes de comunicagao da COSERN como uma solugao de contingéncia em caso de falhas nos enlace do backbone de automacao Bernardo Emidio Fernandes de Oliveira Orientador: Prof. D.Sc. Sergio Vianna Fialho I Dissertagao submetida ao Programa de Pos-Graduacio cm Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessérios para a obtencdo de titulo de Mestre em Engenharia Elétrica. Natal/RN ~ Brasil Falko 2004 PEL 7 ager de Mb. Crmsuacte tu Eng? SAtwsrcu Seuriel or PPetEe Bersemoy Bve ~ eae Divisio de Servigos Técnicos Catalogago da Publicago ma Fonte, UFRN / Biblioteca Central Zils Mamede Gi ira, Bernardo Emidio Perandes de. Proposta de integrar20 das redes de comunicagéo da COSERN como uma solugo de contingéncia em caso de falls nos enlace do ‘vackbone de automaeio/ Bemasto Emidio Femandes de Otiveira, ~ Natal, RN, 2004. 84 Ei, Orientador : Sergio Vianna Fiatho, Dissertagio (Mestrado) — Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centre de Tecnologia. Programa de Pés-Graduagio emt Engenharia Elética. 1, Rede de computadores - Tese. 2. Automagio - Tess, 2, Redes dde comunicagao de dados - Companhia Energética do Rio Grande do ‘Norte (COSERN) - Tese, 4, Arquitetora IEC 60876-5-101 -Tese, 5 Arquiteturs TCP/IP ~ Tese. I, Fialho, Sergio Vianna. II. Titulo, RNIUFBCZM. CDU 004.7(043.2) Proposta de iniegragao das redes de comunicagdo da COSERN como uma solugdo de contingéncia em caso de falhas nos enlace do backbone de automagiio Bernardo Emidio Fernandes de Oliveira Aprovada, em 30 de Julho de 2004, pela Comissaio Examinadora formada pelos seguintes membros: ; fiat Prof. Sergio Vianna Fialho, DSc. (Orientadon) 2 at sill (tnada ff Prof. Eduardo Bréulio Wanderley Netto, Dr. (Mefbro externo - CEFET-RN) — O-+4+ pr . seas \4 bet. Is ypternn’ Prof, Joto Batista Bezérta, Dr. 7 Prof. Manoel Firmino de Medeiros Jr., Dr-Ing! Natal, RN ~ Brasil Julho 2004 A minha esposa ¢ a minha filha pela compreensio. Aos meus pais pela educagio, pelo exemplo de vida e pelo inestimével apoio que sempre tive, obrigado. Agradecimentos Agradeco aos meus colegas do curso de mestrado e colegas do POP-RN por todo 0 apoio conhecimento compartilhado com comigo. Agradego, também, aos colegas da COSERN Albany Xavier, Iverton Concentino ¢ Carlos Augusto de Oliveira que estiveram sempre disponiveis © dispostos a ajudar. Finalmente agradeso, profundamente, ao meu orientador Professor Sergio Fialho que sempre conseguia ao tongo de nosso convivio “endurecerse, pero sin perde la ternura jamais”. Esse trabalho propde modelos altemativos, capazes de permitir a interligagdo das redes de comunicacao de dados da Companhia Energética do Rio Grande do Norte— COSERN, Essa interligagdo tem por objetivo possibilitar gue os dados do sistema de automagio das subestagdes de distribuicdo de energia clétrica, que trafegam em uma rede baseada em enlaces de ridios digitais e utilizam os protocolos da familia IEC 60870-5-101, possam utilizar a rede corporativa de dados, baseada na arquitetura TCP/IP, como rota de contingéncia para momentos de falha ou de manuteng&o nos enlaces desta rede de automacdo. Dentre os modelos apresentados, escolheu-se para desenvolvimento uma solugéo que consiste de um protétipo computacional baseado em um microcomputador pessoal padrao, com sistema operacional LINUX ¢ aplicativos desenvolvidos em linguagem C, capaz de funcionar como um Gateway entre os protocoles da pilha TCP/IP ¢ os protocolos IEC 60870-5-101. © trabalho desereve, entio, a anilise, a implementagio ¢ os testes de funcionalidade e desempenho deste modelo. Na fase de testes foram verificados, principalmente, os tempos relativos aos atrasos introduzidos pela rede TCP/IP, para assegurar que oS mesmos sejam compativeis com os tempos praticados na rede de gutomagdo. Além disso, so sugeridos médulos adicionais a0 protétipo, pare tratar de questdes como seguranga e priorizagio dos dados do sistema de automagio, quando estes trafegam pela rede TCP/IP. Finalmente, foi feito um estudo visando uma integragao mais completa entre as duas redes consideradas, usando a plataforma IP como solugao de convergéncia para o subsistema de sombnicagao de uma rede unificada, como indica a tendéncia mais secente no mercado somo solugaio para sistemas supervisérios ¢ outros sistemas de automagao. ABSTRACT This dissertation proposes alternative models to allow the interconnection of the data communication networks of COSERN ~ Companhia Energética do Rio Grande do Norte. These networks comprise the corporative data network, based on TCP/IP architecture, and the automation system linking remote electric energy distribution substations to the main Operation Centre, based on digital radio links and using the IEC 60870-5-101 protocols. The envisaged interconnection aims to provide automation data originated from substations with contingent route to the Operation Center, in moments of failure or maintenance of the digital radio links. Among the presented models, the one chosen for development consists of 2 computational prototype based on a standard personal computer, working under LINUX operational system and running an application, developed in C language, which functions as a Gateway between the protocols of the TCP/IP stack and the IEC 60870-5-101 suite, So, it is described this model analysis, implementation and tests of functionality and performance. During the test phase it was basically verified the delay introduced by the TCP/IP network when transporting automation data, in order to guarantee that it was consistent with the time periods present on the automation network. Besides, additional modules are suggested 10 the prototype, in order to handle other issues such as security and priotization of the automation system data, whenever they are traversing the TCP/IP network. Finally, a study has been done aiming to integrate, in more complete way, the two considered networks. It uses IP platform as a solution of convergence to the communication subsystem of an unified network, as the most recent market tendencies for supervisory and other automation systems indicate. 1. Introdugio... om 2. Os ambientes teenolégicos da COSERN....... one OS 2.1 O ambiente da automagi 2.2 O ambiente de Tecnologia de informacio da COSERN. 2.3 O primeiro caso de integrago dos ambientes.... 3. Os protocolos de comunicagao 3.1 Arquitetura TCPAP ... 31.1 A camada Internet Son 3.1.2 Acamada de Transporte.. 3.2 Arquitetura IEC 60870-5-101 4. Modelo para a interligagdo das redes... 4.1 Tépicos relevantes sobre a rede de automagao .. 4.2 Andlise de requisitos 43 Estudo de modelos de interligagio... 4.3.1 Modelo baseado em um Gateway .. 4.3.2. Modelo baseado em dois Gateways 4.4 Especificagio formal do Gateway. 4.5 Implementagio 4.5.1 Aspectos de impiementacao dos médulos bisicos 4.5.2. Aspectos de implementagao do médulo supervisor 4.5.3 Aspectos de implementagdo do médulo ECON & Resultados Obtidos........ 1 Medidas preliminares 0.0. 5.1.1 Medidas dos tempos de atraso de propagagao 5.1.2 Medida do tamanho médio dos guadros IEC 60870-5-101.. 5.1.3 Medida do volume de trafego TCP/IP.... 7 Testes de Desempenho.... .. 5.2.1 Teste de operacio basica 5.22 Ambiente para teste de desempenho 5.23 Testes do atraso de propagacao 5.2.4 Testes do médulo de economia de transmissdes. 5.2.5 Testes do médulo supervisor. Anilise dos resultados... 53.1 Andlise dos tempos de propagagtio 5.3.2 Anélise do tempo méximo de atraso .. 5.3.3. Anilise de viabiTidade do médulo de economia de transmissées 5.3.4 Analise das condigdes de carga da rede CosetNet 5.3.5 Aspectos relacionados d seguranga.. 6. Comentarios finais e conclusdes 6.1 Funcionalidades adcionais. 6 6.2 Modelos alternatives 76 6.2.1 Modelo alternative 7 6.2.2. Modelo altemativo 2 8B 6.3 Comentarios, 6.4 Conclusdes, Referéncias Bibliograficas LISTA DE FIGURAS 2.1 Compomentes do sistema SAGE 2.2 Sistema SCADA da COSERN .. 2.3 Rede de comunicagao da automagio 2.4 Rede CoserNet 2.5 Bsquema de uso da rede da automagio come contingéncia.. 3.1 Comparagao entre a arquitetura OSI e TCP/IP 3.2 Diagrama da arquitetura TCP/IP .. 3.3 Quadro do protocolo IP... 3.4 Exemplo de socket .. 3.5 Quadro do protocolo TCP .. 3.6 Quadro do protocolo UDP .. 3.7 Modelo EPA ¢ 0 padrio IEC 60870-5 .. 3.8 Esquema de interligagdo entre uma subesteio eo centro de controle... 3.9 Formatos de quadros do IEC 60870-5-101 .. 3.10 Campo de controle da camada de enlace 5.11 Quadro da camada de aplicagao .. 4.1 Exemplo da estrutura fisica da rede de ridios digitais 42 Diagrama da rede local do SAGE a a comunivagio com uma subestagio .. 43 Modem Splitter... 44 Diagrama do modelo de um Gateway ... 5 Diagrama do modelo de dois Gateways +5 Esquema de ligagto dos splitters .. Vill 4.7 Primeira solucdo para o modelo de dois Gateways “37 4.8 Diagrama de fumcionamento do médulo de economia de transmiss6es.... 38 4.9 Solugio completa do modelo de dois Gateways... 39 4.10 Diagrama do médulo SUPERVISOR .. 4 4.11 Diagrama do médulo SSERIAL ¢ SUDP remoto ... 4.12 Diagrama do médulo SSERIAL ¢ SUDP local ..... 4.13 Diagrama do médulo SUDP .... 4.14 Diagrama do médulo ECON do lado do SAGE .... 4.15 Diagrama do médulo ECON do lado da RTU ..... 4.16 Diagrama de implementagao dos Gateways 4.17 Tela tipica do médulo SSERIAL -...en 4.18 Tela tipica do médulo SUDP 5.1 Tempos maximos diario... 5.2 Grafico de utilizagiio de um enlace da rede Coser Net .oscsicnienen 5.3 Grfico de utilizagao dos enlaces da rede CoserNet, 2m Janeiro de 2004 5.4 Bxemplo da comunicagdio da camada de enlace do protocolo TEC 60870-5-101 - 59 5.5 Esquema do ambiente para os testes de funcionalidade.... 60 5 Pinagem do cabo cruzado . 7 Esquema do ambiente para os testes de desempenho .... senenencns 63 55 Tempos de resposta do teste para atraso introduzido de 25 milisegundos....1.1e 65 £9 Tempos de resposta do teste para atraso introduzido de 35 milisegundos «nc nnn65 10 Tempos de resposta do teste para atraso introduzido de 600 milisegundos «01.66 © || Tela do programa SSERIAL utilizado no teste de economia de transmissdes 67 5.12 Esquema do ambiente para os testes do médulo de supervisio 5.13 Tela de configuragio do médulo de supervisio . 4.14 Tela do médulo de supervisao indicando que o sistema est4 ativado . 3.15 Tela do médulo de supervisio indicando que o sistema esta desativado 6.1 Modelo alternativo 1 62 Modelo alternativo 2 5.1 Modelo de convergéncia .. LISTA DE TABELAS 3.1 Tipos de quadros definides pelo IEC 60870-5- 3.2 Fungdes das mensagens do modo nao talanceado do IEC 60870-5-101 eee BS 5.1 Resultados didrios ... Tempos de atraso .. 5.3 Anélise dos tamanhos dos quadros da camada de enlace do IBC 60870-5-101 £4 Tamanho dos quadros para os testes 25 Atrasos introduzidos pela rede da automagio ... 5.6 Resultados dos testes do médulo de economia de transmissbes ... 7 Tempos totais de propagagao cm milisegundos 5.8 Comparativo de tempos de atraso nas duas redes ... 4.9 Economia percentual obtida com 0 uso do médulo de economia de transmissées. .....73 Capitulol - Introduc&o Os sistemas de supervisio, controle ¢ aquisigiio de dados, conhecidos pelo termo inglés SCADA - Supervisory Control And Data Acquisition - comegaram a ser idealizados ¢ implementados na segunda metade do século XX. [Filho 02]. As primeiras aplicagées dos sistemas SCADA foram a coleta, em grande volume, de dados meteorolégicos para previsie de tempo. Desde entio, os sistemas SCADA, passaram a ser empregados em outras reas, sobretudo em atividades que necessitam de supervisio ¢ controle de processos que se encontrem espalhados geograficamente. Exemplos de reas que atualmente fazem intenso uso de sistemas SCADA sio: empresas de geracao, de transmissfo e de distribuigio de energia elétrica e empresas petroliferas, As empresas de energie elétrica possuem, nommalmente, uma frea de atuagiio geografica bastante grande, tipicamente um estado, uma regiao ou até mesmo todo um pais, dentro da qual existem vérias instalagGes que necessitam ser supervisionadas e controladas, tals como: usinas de geragdo hidroelétricas ou termoelétricas, linhas de transmisséo, subestagdes ¢ linhas de disiribuigao. Todos esses elementos possuem dezenas ou centenas 4 informagaies que podem ser supervisionadas e controladas, tais como: valores de tensdes, correntes ¢ frequéncias, estado de uma chave (ligada ou desligada), valor de carga em um vesmsformador, ntimero de falhas de um equipamento, entre outros. Jé 0 processo de controle envolve a “atuag’o” em um ou mais equipamentos, como por exemplo; a mudanga > nivel de tenso de saida em um transformador, o desligamento de um alimentador de sama subestagdo, ou mesmo a introdugéo ou retirada de um banco de capacitores, para sortegdo do fator de poténcia em uma linha de transmissdo, Fica assim patente a importancia da utilizagio de sistemas SCADA. pelas companbias de eletricidade, para o melhor gerenciamento de seu produto — a energia stevia, As solugées para implantagdo de sistemas de supervisiio e controle utilizadas até a ssada de 70, no séoulo pasado, eram normalmente proprictérias dos fabricantes ¢ com pouca, ou nenhuma, capacidade de interoperar com solugSes de outros fabricantes, tanto da seato de vista de equipamentos, quanto dos protocolos de comunicagio utilizados para Seeevligé-los A partir dos anos 90, os fabricantes de equipamentos ¢ sistemas passaram a buscar selupies capazes de oferecer interoperabilidade, a exemplo do que ocorreu na érea de redes & computadores ou, numa escala mais ampla, em toda a area de Informética, com o SS=mento dos computadores pessoais. Nesse contexto, surgiram os protocolos de sssunicaedo DNP3.0 -Distributed Network Protocol e TEC 60870-5-101- International Secxrotechnical Commission- , que séo propostas de protocolos “abertos” para sistemas ‘S©ADA, mais especificamente para sistemas de automagao de usinas ¢ subestagées de ‘srsis elétrica [DNP 03] [EC 04). Para criar a infra-estrutura capaz. de interligar os diversos equipamentos, instalados nos diferentes locais que devem ser supervisionados € controlados, muitss empresas construfram redes de comunicac0 préprias, através do uso de tecnologias como: enlaces de radio, enJaces de satélites, linhas privadas de dados ou até linhas discadas de telefonia Celular, redes essas sobre as quais os sistemas SCADA funcionam, No caso de empresas de distribuigao de energia elétrica, essas redes interligam as diversas subestagSes com um centro de operagio do sistema. Essas redes, na maioria das vezes, foram concebidas implementadas unicamente pensando nos sistemas de automagiio SCADA. Também no final do século passado, o mundo presenciou o forte erescimento das tedes de computadores locais ¢ de longa distancia, denominadas pelas siglas inglesas LANs -Local Area Networks - e WANs - Wide Area Networks -, que utilizam cada vez mais amplamente a pitha de protocolos de comunicagéo TCP/IP - Transmission Control Protocol/Internet Protocol. Assim, varias empresas do setor de energia passaram a ter pelo menos duas redes distintas ¢ isoladas. Uma rede focada na area de engenharia para os sistemas de automagio, onde a comunicacao 6 feita por protocolos come DNP3.0, IEC 60870-5-101, entre outros possiveis, ¢ uma rede para uso corporative, que normalmente emprega a pilha TCP/IP. Na maioria dos casos, essas duas redes estiio distribuidas sobre ‘uma mesma area geogréfica, configurando-se assim uma superposig&o de recursos. © panorama atual aponta para utilizago de solugdes de convergéncia para teenologias de redes de comunicagdo: redes de banda larga que podem abrigar transleréncias de dados, de voz ¢ outtes tipos de midia. A criagdo de uma tinica rede de comunicagéo, capaz de suportar sistemas de automago, tio bem quanto os sistemas corporativos traz intimeras vantagens, tais como: econornia de recursos € de pessoal, redugtio de custos de implantag&o e manutengio, gerenciamento tinico da sede, entre outras, A tecnologia hoje apresentada como capaz de suportar essa convergéncia & bascada nos protocolos TCP/IP. Na area de sistemas SCADA jé existem no mercado propostas ¢ implementagdes para 0 use dos protocaios DNP3.0 e IEC 60870-5-101 sobre redes IP [Thesing 03] O sistema elétrico do Brasil, composto de usinas geradoras e linhas de transmissio, 6 controlado em nivel nacional pelo ONS - Operador Nacional do Sisterta Elétrico. 0 ONS. supervisiona e controla as empresas que fazem a geragio ¢ transmissio de eletticidade. Entse essas empresas est. a CHESF - Companhia Hidroclétrica do Sao Francisco -, que _gera e transmite boa parte da eletricidade para a regiao Nordeste, inclusive para o Estado do Rio Grande do Norte, sendo a Companhia Energética do Rio Grande do Norte - COSERN- empresa que detém a concessio de distribuigo de energia elétrica nesse Estado, sistema de automagao de subestagdes da COSERN foi implantado ha bem pouco tempo, sob uma dtica conservadora no que tange & area de protocolos de comunicagio; vale silientar que nessa drea, automagio, 0 conservadorismo esté fortemente relacionado a questées vitais de confiabilidade e seguranga, refletindo-se, no caso da COSERN, na construgio de um modelo de automaco de subestagdes j& largamente utilizado em imimeras instalagdes tanto no Brasil como no resto do mundo, e contabilizando também um_ grande mimero de casos de sucesso, como por exemplo, a propria CHESF. ‘Tendo em vista a abordagem cléssica, conservadora, adotada para 0 processo de supervisio, controle e aquisigio de dados, foram também adotados protocolos padres para sistemas SCADA como 0 DNP3.0 € o IEC 60870-5-101. ara criar uma rede de comunicagio entre as mais de 40 subestagdes, espalhadas por todo o Estado do Rio Grande do Norte, e 0 Cento de Operagdes (COI), localizado em Natal tna subestagio de Nedpolis, onde ¢ feito o gerenciamento das informagées obtidas, foi construiée um backbone de estagdes ridio base, operando com radios digitais na faixa de UHF -Ultra High Frequency-, que disponibiliza canais de comunicagées entre os equipamentos das subestagdes e o Centro de Operagdes. A COSERN dispde também de uma rede corporativa de dados, sobre a qual trabatham o sistema SIC - Sistema de Informagtes Comerciais - ¢ 0 sistema de controles sdministrativos R3 da empresa alema SAP, entre outros. Essa rede, chamada de CoserNet, uma rede WAN formada pela interligag%io de varias redes locais, cada uma em um. eseritério da COSERN nas diversas cidades do Rio Grande do Norte, com a rede local de Nedpolis, onde também esti localizado 0 Centro de Operagées do sistersa de automagio pela rede local do Prédio Sede. A interligagio dessas redes locais ¢ feita através do uso de roteadores e enlaces privativos alugados a uma operadora de Telecomunicagées. A CoserNet utiliza os protocolos da pilha TCP/IP para implementar seu subsistema de ‘comunicagao. Atualmente, quando existe uma falha em um dos enlaces da radio dedicados & rede de automago, ou mesmo quando os equipamentos que implementam esses enlaces esto passando por um proceso de manuiengao, o sistema SCADA da COSERN perde ssformegdes de uma ou varias das subestagdes, durante 0 periodo de interrupgao nas comunicagdes. Em certos casos, essa situagio pode vir a ser danosa & operagio do sistema de ‘sstomagio, uma vez que essas falhas nos equipamentos de transmissio de dados podem vir scompanhadas de outras fathas no funcionamento da subestagdo, que podem nao ser Secectados em tempo hibil no Centro de Operagies, causando prejuizos & propria sempanhia. Dessa forma, a possibilidade de se implementar esquemas de contingéncia, pare servir de backup na comunicagao dos dados do sistema de automagao passa a ser de “seseresse para a COSERN. A questo basica a ser resolvida pode ser enunciada da seguinte forma: como tomar sessivel o tréfego dos dados do sistema de automagao, que utilizam 0 protocole IEC 99870-5-101, por uma rede com arquitetura TCP/P © objetivo desse trabalho 6, entdo, relatar o estudo ¢ a implementagdo de uma sSoeko que possibilitou interligar as duas redes distintas da COSERN, de modo a permitic 22 os dados dos processos de automagao trafeguem pela rede corporativa € continuem a ‘Se=sr co Centro de Operagdes em Neépolis, com o intuito de eriar um caminho alternativo = ESCRAVO. ree remtineaie ice 1 [senor ecreran Teeny parm SO 2 [snares sea ma eto 3 [sexo eon ic to re a [seo HORE ac dr ri fetoeto er Rene pS OST 2 aE ia ar RESPONSE len 3 [Recut Teearon enc ats 3022 e__[ ReaUFST RESPOND Fen in See 1 RESUEST RESPOND Fi ns mse? Ba a ra Toca ao eae wats} ESCRAVO -> MESTRE 2 [SONAR | AK axarnsomerpato 1 Sone RAGK: se pwn OED Recaro pa Ope FO, OPO ae as usta epee) TACK: adorei ro spon espcrO | Sau cacnads ai omnes BIT ey os rn src: fo eae free mn Servigo de enlace nia funefonando Serco de enlace nin jnpientade. Tabela 3.2: FungSes das mensagens do modo nko balenceado do TEC 60810-5-10 As normas IEC 60870-5-3 ¢ 60870-5-4 definem as unidades de dados ¢ 0s ‘Sementos de informagio da camada de aplicagio do IEC 60870-5-101, respectivamente, * snidade de dados de aplivagio do IEC 60870-S-101 ou ASDU ~ Application Service Data “Se = composta de duas partes: um Identificador da unidade de dados - Data Unit “Sesser - e um ou mais objetos de informagao - Information Object(s), essas partes esto “Sosnitas a seguir, e mostradas na figura 3.11. = Sata Unit Identifier — Esse identificador € subdividido nes seguintes campos: © Tipo de identificador - dentifier Type: campo de | octeto que define a estrutura, © tipo ¢ 0 formato do campo Information Object. A faixa de valores de 1 a 127 € utilizada como padréo, enquanto a faixa de 127 a 255 € reservada pare uso especial, que pode variar conforme a implementagao. 2s Qualificador de estrutura - Structure Qualifier: campo de I octeto que define como esta estruturado 0 campo Information Object. O bit mais significative informa se os objetos podem ser acessados individualmente, quando o bit é igual a “0”, ou acessados como uma seqiiéncia de clemenitos de informagdo em um, limico objeto, quando o bit & igual a “1”, Os sete bits restantes informam 0 mimero de Information Objects existentes, que pode variar de 0 a 127 * Causa da transmissdo - Cause of Transmission: como 0 nome indica, representa a causa da transmissio ¢ tem tamanlio de 1 octeto. O bit mais significativo indica se é uma ASDU gerada durante uma condigao de teste ou nao; segundo bit mais significative expressa se a mensagem é uma confirmagao positiva ou negetiva. Finalmente, os tltimos bits representam a causa propriamente dita que pode ser, por exemplo, uma ativagio (valor 6) ou uma confirmagdo de ativagao (valor 7). ‘+ Enderego comum - Common Address: define 0 enderego da estagio € pode ter tamanho de 1 ou 2 actetos. O enderego zero nio € utilizado ¢ 0 ultimo endereco, que pode ser 255 ou 65535, a depender de tamanho do campo, é sempre utilizado para indicar broadcast. * Endereco do objeto de informago - Information Object Address: campo de |, 2 ou 3 octetos que é utilizado como enderego de destino, quando a ASDU é direcionada ao mestre ou como enderega de origem para o sentido inverso, * Information Object ~ Essa parte da ASDU contém os dados propriamente ditos, que podem serum ou mais valores e que podem estar agrupados ou no. Conforme deserito, © tamanho desse campo ¢ variavel. voamrirexcon 26780 faORLCADOR OE ESTATE Tpeds Undade de dogos leenticadse [causa an TRansussto anti [Journ ‘Thacnecoconm eT EnBEeg ong aT toe a> x Mariage ce oto de etormagso Tempo “TAG obo Oncor px sens rn Figura 3.11; Quadro da camada de aplicagao. Capitulo 4 — Modelo para a interligagdo das redes A idéia da utilizagdio da rede CoserNet como wma rota altemativa para o envio dos dados do sistema de automagao das subestagées — sistema SAGE ~, em momentos de falha, ou de manutengao, na rede de radios digitais que compéem a infra-estrutura sob a qual esses dados normalmente trafegam, surgiu pouco tempo apés a implementagio da solugao que permitiu a utilizagdo da rede de automagio como rota de contingéncia para o tréfego da rede CoserNet. Como nao existia nenhum produto, ou equipamento, ao nivel de soffware hardware, pronto para ser wilizado, essa nova idéia requeria uma solugio nao trivial, Dessa forma, foi preciso o desenvolvimento de um modelo proprio, capaz de equacionar os varios problemas encontrados para integragdo das redes sob essa nova dtica. Nesse capitulo & apresentado todo o proceso de desenvolvimento do modelo proposto, desde uma descrigio sobre os detalhes de funcionamento da rede de automaeao, seguido pela anilise dos requisitos necessirios a definigao de um modelo de integragdo das, redes, pelo estudo de modelos possiveis, até a especificagao formal do modelo escolhido. Finalmente apresenta-se sua implementagdo, onde sio mostrados os pormenores da solugao de interligasao das redes de todos os médulos de software criados, bem como os equipamentos utilizados. 4.1 — Tépicos relevantes sobre a rede de automagio ‘Apés @ efetiva implantagao da solugio deserita na sesio 2.3, que relata 0 uso da rede de automago como rota alternativa para ser utilizada em casos de falhas nos enlaces de rede CoserNet, niio decorreu muito tempo até que uma nova idéia surgisse: Por que no possibilitar que uma subestacdo transmita seus dados pela rede CoserNet, em casos de falha nos enlaces de rédio? Ou seja, por que no usar a rede corporativa como meio de contingéncia para 0 trafego dos dados de automagao, de maneira andloga ao que jé fora implantado? Embora a oconéncia de falhas nos enlaces de ridio seja normalmente remota, elas existem. Como também existe a necessidade de se efetuar manutengdes, preventivas e corretivas, nos equipamentos de radio, que implica em desligamento desses equipamentos, ainda que em algumas vezes este seja momentineo. Em casos como esses, 0 Centro de Operagéo (CON) deixa de monitorar ¢ de controlar uma ou mais subestagSes. Além disso, uma falha em um tinico enlace pode trazer como consequéncia # perda de comunicagdo de Varias subestagdes, pois a topologia adotada na rede de automagao trabalha com enlaces ponto-a-ponto que concentram essas comunicagdes. A figura 4.1 ilustra como um defeito um tinico enlace pode causar a perda de comunicagao de varias subestagdes. A titulo de exemplo foi considerado que o enlace entre as subestagdes 1 e 2 - SEI ¢ SE2 —transmite 30 canais de 64 Kbps, em um tinico feixe do tipo El, que transporta, hipoteticamente, no canal 1 os dados da SE4, no canal 2 os dados da SE3 e no canal 3 os dados da SE2. My ae ae ae Neapolis SEI SE? SE4 Qe SES Figura 4.1: Exemplo da estrutura fisica de rede de ridios digitas, Como pode ser percebido, uma falha no enlace entre a SE 1 ¢ a SE 2 repercute na comunicago das subestagdes SE 2, SE 3 ¢ SE 4. Embora esse seja apenas um exemplo didatico, é justamente dessa forma que funciona a infra-estrutura de comunicagdo da rede de radios digital da COSERN A idéia de utilizar a rede CoserNet como contingéncia para os dados de automagao & ‘bem mais complexa do que a solugdo contraria, j4 implementada. Quando a rede de mutomagio foi configurada para ser o backup da rede CoserNet, a solugao achada foi de relativa simplicidade, uma vez que os radios podem ser ligados a modems com padre V.35, que & 0 mesmo padrao das portas (WAN) dos roteadores, nao sendo necessério, assim, a utilizago de nenhum tipo de conversor de sinais ou nenhum outro artificio. Além isso, os radios utilizam canais distintos para cada comunicagio, Cada um desses canais se somporta como um enlace exclusivo e “transparente” aos protocolos da camada de enlace (camada 2 OST) © das camadas superiores. Assim, um enlace de rédio disponibiliza um ‘sneio de transmissio, sobre 0 qual podem ser usados os mesmos protocolos utilizedos nos enlaces da rede CoserNet, sem necessidade de nenluma altetagdo. A saber, os protocolos tilizados so PPP ou HDLC, IP e TCP ou UDP, para as camadas de sub-rede, inter-rede e ansporte, respectivamente, Para o melhor entendimento dos problemas encontrados, das solugdes propostas ¢ ‘% protétipo implementado, que sto aptesentados nas prOximas segdes desse capitulo, faz- © necesstirio detalhar, um pouco mais a fundo, » exquitetura da rede de automagio, desde a rede local do SAGE, no Centro de Operagdes em Nedpolis, até uma subestagao. A figura +2 ilustra esse esquema, exemplificando a comunicagao entre 0 COT e urna subestacao, 28 Rede local do SAGE Subestacio Figura 4.2: Diagrams da rede local do SAGE e a comunicagio com uma Subestagao. ‘A rede local do SAGE funciona com tecnologia Fthemet utiliza a pilha de erotocolos TCP/IP. Os Terminals Servers, mostrados na figura 4.2 com as legendas TS1 € TS2, so equipamentos conversores de protocolo Ethernet / Serial RS232C, que possuem ‘ema porta para a rede local, padrdo Ethernet, € até 64 portas seriais assincronas, onde sto sonectados of modems. Cada medem utiliza um canal do sistema de radio cada canal ‘aterliga uma subestagdo; na subestagio, esse canal do rédio € novamente figado a um snodem, que por sua vez é ligado A porta RS232C da RTU e, finalmente, a RTU se liga aos Espositivos [EDs dessa subestagio, E {importante perceber que na rede local do SAGE os servidores ¢ os Terminals Servers se comunicam através dos protocolos TCP/IP. Também se deve salientar, que 0 settware SAGE incorpora tabelas internas, cuja fungGo ¢ associar a cada porta serial dos Terminals Servers, que podem ser acessadas independentemente, uma subestagdo do ‘seems, com 0 intuito de criar um esquema de enderecamento capaz de permitir 0 acesso a ‘> uma das subestagSes. A fim de prover tolerancia a falhas na rede local do SAGE, foi sseplementada a dualidade fisica tanto dos servidores quanto dos Terminais Servers, que sselham em pares. Dessa forma, em caso de falhas em um servidor ou em um Terminal Serer, 0 outro conjunto servidor-Terminal Server assume o controle automaticamente € “seslica para o operador do sistema Como nfo existe redundincia nos enlaces de ridio, faz-se necessisio o uso de um “Ssspemento, chamado Splitter, que possibilita a conexio fisica de duas portas RS232C, ema de cada Terminal Server, com um tinico modem. O Modem Splitter € basicamente um “Se Scuior, ou ttiplicador, de portas RS232C que possui quatro conectores fisicos tipo S25. conforme mostra a figura 4.3. A porta prineipal do Splitter transmite e recebe sinais sodas as outras portas, enquanto que os sinais enviados pelas portas 1,2 ¢ 3 somente ‘S=xsmitidos para a porta principal. Dessa forma, o modem é ligado porta principal € 29 08 Terminals Servers sao ligados as portas 1 e 2. A porta 3 atualmente é utilizada somente quando se deseja capturar dados, oriundos de uma determinada subestagio, para fins de andlise, PORTA Pamo St porta? PanoS2 BORTAS PORTA PRINCIPAL Par Modes Figura 4.3: Modem Splitter. 4.2 ~ Anflise de requisitos ‘Como foi mencionado anteriormente, a integrago das redes para permitir que dados da rede SAGE possam trafegar pela rede CoserNet, apresenta vérios problemas a serem resolvidos. Esses problemas localizam-se em diferentes pontos e envolvem solugdes que exigem diferentes niveis de conhecimento, sobre uma vasta gama de tecnologias da area de redes de comunicagao, tais como: protocolos para comunicagao de sistemas SCADA - DNP3.0 ¢ IEC 60870-5-101, protocolos da pilha TCP/IP, protocolos de roteamenio, seguranga de dados ~ criptografia, IPsec, VPN — Virtual Private Network, Firewall, dimensionamento de volume de trafego para linhas de transmissio de dados, conversio de protocolos de camada fisica - Serial RS232C e Ethernet, entre outros. Assim, pode ser dito que o problema apresentado requetia solugées individualizadas, havendo varios pontos a serem analisados ¢ testados com distintas possibilidades de implementagio. Uma anilise majs detalhada da idéia proposta permitiu enumerar uma série de uestées, no tocante aos problemas a serem resolvidos, para a efetiva implementagao de um prot6tipo capaz de realizar a tarefa de interligar as duas redes da COSERN, conforme ja Gescrito no inicio desse capitulo. Alguns requisites foram identificados, tais como: solugdo de baixo custo com baixa complexidade, de facil configuragao ¢ manutengdo, que permita operacao automatica, devendo possibilitar 9 acompanhamento do funcionamento por operador humano, causar baixo impacto na rede TCP/IP e alterar minimamente no sistema SAGE. A partir do estudo detalhado dos varios aspectos relativos as redes que se pretende interligar, elaborou-se uma lista dos requisitos minimos e obrigatsrios, que norteou as fases, &s especificagao formal ¢ de implementagio do protétipo. 30 s requisitos foram relacionados em dois blocos distintos: mum primeito bloco estéio as questées relativas as fangdes que o proiétipo deve necessariamente disponibilizar, para permitir que pacotes com dados do sistema SAGE possam trafegar a rede CoserNet; nesse ‘grupo esto os itens: a,b,0,0,f € g- No segundo bloco, formado pelos itens dh € i, esto as questées que dizem respeito 4 rede TCP/IP, e que necessitam da implementagio de equipamentos extras ou configuragdes especiais nos equipamentos da rede, principalmente nos roteadores. Essa lista de requisitos e os comentérios a respeito de cada um deles so descritos em seguida. a) Na rede CoserNet existe apenas um canal fisico entre um escritério ¢ a sede, por onde todos os dados trafegam, enquanto que na rede da automacao os ridios separam as comunicagdes em canais distintos e exclusivos; ou seja, os dados do sistema de automagao dividem um ou mais enlace(s) com outros fluxos de dados, pertencentes a aplicagdes diversas, tais como trafego dos protocolos HTTP, ETP, SMTP, NETBEUI (protocolo da rede Microsoft), entre outros. Cada um desses fluxos pode ter sido originado em um equipamento diferente © também ser destinado a equipamentos distintos; b) A pilha de protocolos de automagao é completamente distinta da pilha de protocolos da CoserNet. A rede de automagio trabalha com os protocolos DNP3.0 ¢ IEC 60870-S-101, enquanto a rede corporativa utiliza a pilha de protocolee TPC/P. Uma vez que essas duas arquiteturas sto bastante diferentes, desde as implementagdes da camada fisica até o enderegamento dos equipamentos, torna-se virtualmente impossivel o tréfego de pacotes IEC 60870-5-101 nos enlaces da rede TCP/IP; ©) Para que um dado possa ser encaminhado pela rede CoserNet, esse dado deve ser transportado, nativamente, pela ptha TCP/IP ou, em caso contrario, deve ser “eneapsulado” pelo protocolo de transporte dessa pilha, ou sea, pelos protocolos TCP ou UDP. Dessa forma, um pacote de dados pode partir de qualquer ponto da rede e ser encaminhado, por um ou mais roteadores, até 0 destino correto; Em verdade seria também possivel que pacotes de alguns outros protocolos, como por exemplo ATM e IPX/SPX, fossem transportados na rede CoserNet, uma vez que os roteadores da rede possuem a capacidade de manipular além da pilka TCP/IP algumas outras famflias de protocolos. Vale salientar que, por questocs de seguranga, atualmente os roteadores $6 permitem o trafego de pacotes TCP/IP: 4) A rede local do SAGE, em Ne6polis, onde estdo instalados os servidores do SAGE © 0 Centro de Operagies do sistema de automago, é a rede de onde partem e chegam as comunicagdes com as subestages. Essa rede néo possui interligagao com a rede CoserNet, mais especificamente com a rede local da CoserNet em Neépolis. Assim, ainda que um pacote, contendo dados do sistema da automagio, conseguisse trafegar pela rede CoserNet, desde um escritério até a rede local de ‘Néopolis, nao seria possivel sua entrega & rede local no SAGE; ©) Os dados de automagao, ao trafegarem pela rede CoserNet estardo, de certa forma, ‘mais expostos do que quando trafegam pela sua propria rede, Esse fato & verdadeiro ee NN pode trazer consequéncias indesejdveis. Uma vez que a rede CoserNet possui um grande néimero de equipamentos, a possibilidade de algum desses equipamentos ter instalado, intencionalmente ou no, um programa como um virus ou um sniffer, por exemplo, que posta danificar pacotes é muito maior que na rede de automagio. Esse risco € potencializado, mais ainda, uma vez que atualmente a rede CoserNet esté totalmente interligada as redes da COELBA e da CELPE; 1. Qual a melhor localizagGo fisica para instalar o(s) equipamento(s) capaz(es) de realizar a tavefa de interligar as redes, e quais os componentes necessirios? Nesse momento do estudo ja parecia claro que 0 equipamento principal da solugio seria um microcomputador executando um ou mais aplicativos desenvolvidos especialmente para desempenhar as tarefas necessirias; 2) Como o processo de monitoragdo das subestagdes ¢ feito por com processo de polling, de forma continua, existe um alto indice de respostas, vindas de ‘subestagées, que contém apenas um aviso de que nao existem informagdes novas a transmitir, Porém, a transmnisstio de respostas desse tipo, quando do uso da rede ‘TPCIIP, representa um desperdicio de banda, que pode vir a contribuir para uma sobrecarga no(s) exlace(s) da rede CosexNet; hb) Numa rede TCP/P 0s pacotes so encaminhados, pelo roteadores, de acordo que uma fila, que normalmente é do tipo FIFO ~ First in First Out — onde os pacotes so tratados por ordem de chegada. Em momentos em que essas filas estojam “cheias” podem ocorrei atrasos significativos no envio dos pacotes, ¢ até mesmo perda de pacotes que nfo possam ser acomodados da fila, A perda de pacotes, ou mesmo um atraso superior ao limite permitido pode acarretar problemas para o sistema SAGE; i) Os tempos de transmissio dos dados de rede do sistema de automagio sto praticamente constantes, tanto para os pacotes partindo dos servidores do SAGE para uma subestagao, quanto no sentido contrarie; no existindo, assim, valores de variancia significativos, nem atrasos relevantes, salvo em condigies de anormalidades, como por exemplo na ocorréncia de ruido nos canais. Ui item de vital importancia é 0 item i, uma vez.que a solugdo proposta e implementada s6 tem sentido se os tempos envolvidos pata o processamento, a transmissio e a entrega de um auadro IEC 60870-5-101 forem compativeis com os tempos praticados na rede de sutomagao. Dessa forma, fica 0 registro que um dos pontos de maior interesse para andlise durante a fase de teste, que sera apresentada no capitulo 5, diz respeito justamente a suediggo desses tempos. E interessante esclarecer, também, que além das questdes ja spresentadas, outras dificuldades surgiram, sobretudo na fase de constracdo dos aplicativos, Sevido a limitagdes e as caracteristicas proprias das linguagens de programasio utilizadas, «saber a linguagem C e uma ferramenta de escrita de scripts, que so pequenos programas swe permite a chamada de comandos do sistema operacional, conhecida no LINUX com BASH, que € bastante poderosa, 32 Na fase de testes, também foi pereebido a necessidade de se realizar alguns ajustes ou alteragdes no cédigo escrito, tanto para sanar erros de programagio, quanto para incluir novas funcionalidades para melhorar o sistema, como por exemplo uma interface capaz de sinalizar 0 estado do sistema ao operador. 4.3 —Estudo de modelos de interligagao A partir das premissas apresentadas na segio anterior, foram estudadas duas possibilidades: utilizar alguma solugZo existente no mercado ou desenvolver protétipos , capazes de realizar todas as tarefas evigidas. Nessa fase surgiram, de fato, solugdes distintas ' que atendiam as necessidades impostas, o que pode ser considerado perfeitamente normal, haja visto que n&o existia um nico problema a ser resolvido e sim um conjunto de problemas, onde cada parte do problema, muitas vezes, admitia mais de uma solugZo. Coube, entio, fazer a identificagio das possiveis solugdes e verificat quais dessas solugées poderiam ser implementadas de mancira mais simples, aproveitando a estrutura jé existente © com a melhor relagiio custo/beneficio. A seguir sio apresentados dois dos modelos propostos: um modelo baseado em um Gateway € um modelo baseado em dois Gateways. So também discutidas as razSes que levaram A escolha do modelo de dois Gatewavs. Ainda no decorre: dessa segéio é apresentado 0 médulo de controle, que tem como fungio a ra ativagtio © desativagéo dos médulos Gateways, mediante a verificaggo da existéncia de ; fathas nos enlaces da rede de automagio, 4.3.1 - Modelo baseado em um Gateway 4 primeiro modelo concebido para a integragao das duas redes, de forma a permitir 9 trafego de dados de automacdo pela rede corporativa de dados, foi denominado de modelo de um Gateway e é mostrado na figura 4,4. Seu funcionamento pode ser deserito de seordo com o seguinte esquema: a) Ativagiio de um navo canal do enlace de rédio (canal 2) entre a subestagao e 0 escritério mais proximo, bastando para tanto apenas um par de modems; b) Na subestagho, interligar um novo modemn na RTU, através de um modem splitter; 0 modem splitter faz-se necessirio, pois a RTU ja se encontra conectada a0 modem da rede de automagao, conforme mostrado na figura 4.4; ©) No escritério, o outro modem, que termina o canal 2 do enlace de radio, deve ser ligado a um equipamento capaz de receber sinais seriais através de uma porta tipo RS232C. Deve fiear claro que, na verdade, os sinais recebidos sic quadros da camade de enlace do protacolo IEC 60870-5-101. A esse equipamento foi atribuido ‘0 nome de Gateway TEC-TCP/IP, que & 0 elemento principal desse modelo de interligagio; 3 @) © Gateway também deve encapsular 0 quado {EC 60870-5-101 em um segmento de transporte TCP, ou datagrama UDP, de maneira tal que esse segmento seja transportado pela rede CoserNet, desde 0 eseritério em questo até a rede local de Neépolis, onde também esté localizada a rede local do SAGE; ©) Considerando que as duas redes locais (a do SAGE e a da CoserNet em Neopolis) so caleadas sob a mesma plataforma IP sobre Ethernet, sua interligagiio & perfeitamente possivel pelo uso de um equipamento tipo roteador. Dessa maneira, um datagrama IP sairia do Gateway do escritorio, tendo como seu enderego de destino 0 enderego IP do servidor do SAGE, utilizanio como caminho de transmissio o enlace entre os roteadores ROT 1 € ROT 2, seguindo pelo enlace entre ROT 2 ¢ ROT3 ¢ finalmente atingindo a rede local do SAGE pelo novo roteador, indicado em vermelho, Figura 4.¢: Diagrama do modelo de um Gateway. ‘Nessa abordagem, 0 envio de uma mensagem do servidor para uma subestagdo, considerando-se um momento em que a rede CoserNet esteja sendo utilizada como meio de transmissio, s6 seria possivel se 0 software SAGE, ao invés de enviar uma mensagem para um dos dois Terminal Servers, como ¢ feito normalmente, enviasse a mensagem com 0 enderego IP do Gateway do escritério em questo, Para tanto, seriam necessérias alteragdes no cédigo fonte do sistema SAGE. Entretanto, como o cédigo fonte do SAGE nao é aberto, somente 0 CEPEL poderia efetuar tais alteragdes. Embora 0 modelo de um Gateway seja a 4 solugdo mais simples de ser implementada, sob a ética de equipamentos ¢ sofheare necessarios, ela cria uma dependéneia indesejével em relagio ao CEPEL, visto que para cada nova subestagio que venha a utilizar esse esquema & preciso alterago no cédigo do SAGE. 4.3.2 — Modelo baseado em dois Gateways Tomando como base © modelo de um Gateway descrito, e de forma a evitar as alteragdes no cédigo do SAGE, um novo modelo foi concebido. Esse novo modelo serviu de base para 1 solugo que foi efetivamente implementada, e difere do modelo inicialmente proposto pela adigo de mais um Gateway, na rede de Neépolis, que tem fungo inversa ao Gateway do eseritério. Esse novo Gateway recebe um datagrama IP, originado no Gateway do escritério e entrega um quadro IEC 60870-5-101 ao Terminal Server, de maneira andloga & tarefa executada no Gateway do escritério. Nesse caso, uma mensagem IEC encapsulada pelos protocolos da pilha TCP/IP desde um Gateway até 0 outro. A figura 4.5 ilustra a configuragio do modelo de dois Gateways. Figura 4.5 : Diagrama do modelo de dois Gateways, Os elementos chamados de Gateways 1 ¢ 2 se comunicam com a rede de automagiio sravés de interfaces seriais tipo RS232C: no Gateway 1 a porta serial é interligada aos eauipamentos Terminal Servers por meio de dais Splitters, € no Gateway 2 2 porta setial € SEziamente conectada ao modem do canal 2 do enlace entre a subestagao € 0 escritério 35 Para a conexiio dos Gateways com a rede corporativa (TCP/IP) sao utilizadas placas de rede padr&o Ethernet. Para que 0 Gateway 1 funcionasse corretamente foi preciso a adigGo de um novo modem Splitter para interligar os Terminal Servers, © Galeway 1 € 0 modem, conforme o esquema mostrado na figura 4.6. Nesse esquema, toda a comunicagiio vinda de qualquer um dos Terminal Servers & transmitida para porta principal do Splitter | © por sua vez, para a porta principal do Splitter 2, pois as duas portas esto conectadas, Entdo, finalmente, a comunicagio chega em ambas as portas 1 e 2 do Splitter 2, onde estio ligados 0 modem do circuito da rede de automagao ¢ 0 Gateway 1, respectivamente. O caso contrério, em que a comunicagio inicia-se no modem, ou No Gateway 1, é possivel seguir 0 mesmo raciocinio, de modo que a comunicagie chega aos dois Terminal Servers. O cabo que interliga os Splitters é um cabo contendo dois conectores tipo DB25 e um esquema de ligagdo tipo RS232C. SPLITTER wera Fanos? Puen sens Figura 4.6 : Esquema de ligacdo dos Splitters. Os dois Gateways operam em conjunto © de modo andlogo. Por exemplo: 0 Gateway 1 recebe dados do SAGE, (uma pergunta para uma RTU, por exemplo) através da porta serial, processa os dados ¢ os envia para 0 Gafeway 2, pela porta Enemet; esse pacote a trafegar pela rede TCP/IP até atingir a interface Ethemet do Gateway 2. Este, pot sua vez, processa 0 pacote ¢ o envia para a RTU, através de sua porta serial. A resposta da RTU. ser encaminhada para o SAGE de maneira inversa. O processamento realizado pelos Gateways, que serd estudado em detalhes nas sepGes 4.4 e 4.5 desse capitulo, é 0 mesmo para ambos. Basicamente, um Gateway deve ‘suplementar um médulo de manipulacao de porta serial, que permita ler e gravar dados e = outro médulo que permite transmitir e receber dados pelo protocoto de transporte da jlba TCP/IP, que nesse caso € 0 protocolo UDP, além de enderegat, através do enderego 1. 0 Gateway destino do pacote. A figura 4.7 mostra uma primeira abordagem para os s2cdulos componentes do modelo de dois Gateways 36 Servidor Gateway 1 Gateway 2 R SAGE rere ans TU | -serat ‘Sera Male FP Méeuta sie: REDE TCP/AP Figura 4.7 : Primeira solusdo para o modelo de dois Gateways. No modelo de dois Gateways nfo ha necessidade de alteraglo alguma no cddigo do sistema SAGE, visto que os dois equipamentos Gateways tornam todo o processo de rransmissio e recepcao dos quadros da camada de enlace do protocolo IEC 60870-5-101 pela rede CoserNet, completamente transparente tanto para os Terminal Servers, quanto para a RTU, no lado da subestagio. Essa é a grande vantagem desse modelo, ou seja, ndo hha dependéncia em relagdo a CEPEL. Por outro lado, a solucio & mais complexa € mais Gispendiosa, uma vez que sto requeridos dois equipamentos Gateways e um Splitter, contra apenas um Gateway e um Splitter da primeira solugdo apresentada. Mesmo considerando seu maior custo € complexidade, 0 modelo baseado em dois Gateways foi a soiucio sseolhida para ser implementada, pois o fator de independéncia do sistema SAGE foi preponderante. Apés a definigdo da primeira solugdo de implementago do modelo baseado em dois Gateways, verificou-se a possibilidade de acrescentas uma funcionalidade extra ao modelo, de mada a evitar transunissfies de auadeas desnecessérias. Para issn, tornauss gor base 6 modo de funcionamento do sistema SAGE ¢ aptoveitou-se ‘as caracteristicas de implementagdo do protocolo [EC 60870-5-101. Estdo relacionados a seguir os fundamentos que possibilitaram o desenvolvimento desse médulo adicional e de uso opcional, Senominado médulo de economia de transmissées ®) 0 protocolo TEC 60870-5-101 implementa uma fungo contecida como “zona morta”, sme Kanciona. Ganenginte.CGreans AEN ESS OES AAG GREER, atuais dos dados requisitados com os valores da ultima medio. Caso esses valores sejam iguais on estejam dentro de uma margem previamente estabelecida, conhecida ‘como zona morta, a RTU transmite apenas um quadro Nack (No Acknowledge) & guisa de resposta ©) O sistema SAGE gera requisigbes continuas para as RTUs; ou soja, ao receber uma resposta de uma RTU, imediatamente o SAGE gera uma nova requisigio. Dessa maneira, muitas requisigdes so respondidas com quadros Nacks, haja visto a explicagdo jé apresentada anteriormente.

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