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Resenha do filme Cidade de Deus

Do diretor Fernando de Meireles, o filme Cidade de Deus faz crítica a uma série de problemas
estruturais de nossa sociedade, desigualdade social, crescimento urbano acelerado,
desorganizado e mal assistido pelo poder público, corrupção do sistema de segurança,
hipocrisia geral do sistema, racismo, extrema violência nas comunidades carentes dominadas
pelo tráfico de drogas são apenas alguns dos temas abordados, os quais parecem estar
entrelaçados de forma permanente.

Em evidência, está as cenas de violência causada pelo crime organizado e tráfico de drogas na
então chamada Cidade de Deus, uma comunidade localizada no Rio de Janeiro - de onde
advém o título do filme.

A trama , narrada por Buscapé, conta histórias trágicas se habitantes do local ao mesmo tempo
que mostra os esforços desse protagonista em fugir da violência e perseguir seu sonho de
tornar-se fotógrafo.

Em meio a tantas cenas de violência, não é difícil notar relação com a violência-privada um
problema que está diretamente ligado aos outros problemas apresentados;

Por exemplo, a corrupção do sistema em geral, a desigualdade social e precariedade do modo


de vida das pessoas que vivem em comunidades de grande pobreza, os que muitas vezes faz
com o que estes, não tenham acesso adequado à justiça, ao direito de defesa, à educação de
qualidade, os deixando reféns indigência. Sabemos que essa precariedade molda o estilo de
vida das comunidades, resultando num abismo de violência alimentada pelo tráfico, onde
infelizmente não raras vezes recrutam cada vez mais pessoas, cada vez mais jovens, que
possuem oportunidades limitadas estando quase que predestinadas a viverem na miséria e se
envolverem com o crime.

Sabendo que a violência é uma realidade quase que natural nesses locais, é comum que as
pessoas optem por muitas vezes, “fazer justiça com as próprias mãos” sem nem hesitar, visto
que a justiça ideal pode ser utopia para eles. E Isso ocorre entre os próprios aliados do tráfico,
entre traficantes e habitantes da comunidade, entre esses e os agentes de segurança, por
ambas as partes.

Muitas vítimas dessa violência privada, por vezes se quer, são realmente culpadas de algo, e
ainda que não fossem, todos nós temos (ou deveríamos ter) o direito a um digno julgamento e
sentença por nossos atos, o que é incerto, já que nosso sistema jurídico é falho

Todavia, diante da incerteza de punição, será que podemos considerar válida essa violência
privada em determinados casos? Como por exemplo, um pai que espanca ou assassina o
estuprador de seu filho(a)

Não é difícil encontrar alguém que concordariam com tal atitude, o que nos remete à
correlação entre violência privada e o código de Hamurabi, o qual, com o objetivo de acabar
com essa modalidade de justiça defendia uma retaliação proporcional do crime praticado e
sua pena. Seria esse estilo de vingança, o instinto natural do homem? Estando nós então,
apenas “controlados e limitados” pelas influências panificadoras, pelas leis e suas penalidades?

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