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Robson Pereira de Almeida
Robson Pereira de Almeida
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE MATERIAIS E NANOTECNOLOGIA
São Paulo
2021
ROBSON PEREIRA DE ALMEIDA
São Paulo
2021
A447d Almeida, Robson Pereira De
Desenvolvimento de membranas poliméricas baseadas em materiais
híbridos de óxido de grafeno e zeólita para tratamentos de águas /
Robson Pereira de Almeida
119 f.: il.; 30 cm
BANCA EXAMINADORA
Dedico esse trabalho à Cibele, por todo apoio,
e aos meus filhos Felipe e Sara, pela
compreensão.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter transformado minha vida, colocado pessoas maravilhosas ao meu
redor, me dado novas oportunidades e novos rumos, persistência para prosseguir em tempos
difíceis e esperança para alcançar dias sempre melhores.
Abner, Alisson, Carol Tegan, Cristiane, Danilo, Duda, Felipe, Fernanda, Giane,
Josué, Marcos, Marina, Matheus Guitti, Pablo, Rafael e Vinícius.
Some of the most important challenges today is to guarantee the supply of water in sufficient
quantity and quality for the demands of society. Population growth, industrialization and
climate change are factors that have contributed to the scarcity of these water resources. In order
to face this problem, it is important to develop efficient and sustainable technologies to exploit
unconventional water sources, such as sea water, brackish water or wastewater, and to obtain
an increase in water supply beyond the sources natural. In this sense, this work aims to study
and develop membranes for water treatment applications, with the objective of desalinating
water and using for the most diverse industrial uses, using graphene oxide and zeolites obtained
from biomass ash. For the preparation of the membranes, polysulfone was solubilized in
chloroform was used as the supporting polymer and the formation of the polymer composite
with graphene oxide and zeolite. Two types of graphene oxide oxidized for two different
periods were tested, one for 2 hours and the other for 48 hours of oxidation. The GO samples
were dispersed in ethanol and N-methyl-pyrrolidone with the aid of sonication and, later,
incorporated into the polymeric binder agent. ZeoA was dispersed directly with PSF in
chloroform. The material was applied on a glass slide and by phase inversion in deionized water
occur the thin film membranes formation. The evaluation of salt removal of these membranes
was done by ion chromatography (IC) with standard solutions of Na+, K+, Ca2 + and Mg2 +. The
results with PSF/GO membranes indicated reductions of 49.5% for sodium, 38.5% for
potassium, 60.2% for calcium and 59% for magnesium. With the PSF/GO/ZeoA hybrid
membranes, 43.4% for K+, 90.3% for Ca2+ and 87.5% for Mg2+ ion using filtration processes,
compared to the polymeric membrane that it does not have nanomaterials incorporated in its
formulation. In addition to the experimental tests, simulations of molecular dynamics were also
carried out, confirming that the presence of more oxidized GO in the membrane, presents better
removal results for the K+, Ca2 + and Mg2 + ions. The results obtained demonstrated the potential
of polymeric composites synthesized with nanomaterials, in the removal of ionic species, in
addition to the ease of their preparation, which can even be scaled for industrial use.
.
Keywords: Reverse Osmose, graphene oxide, thin-film-composite membrane, polysulfone,
zeolite A.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 21. CROMATOGRAMA DOS PADRÕES DE CALIBRAÇÃO DE SÓDIO, POTÁSSIO, CÁLCIO E MAGNÉSIO............. 59
FIGURA 22. CURVAS DE CALIBRAÇÃO DE ÍONS SÓDIO, POTÁSSIO, CÁLCIO E MAGNÉSIO. ......................................... 59
FIGURA 23. CROMATOGRAMA DA SOLUÇÃO PADRÃO MULLTIELEMENTAR USADA PARA AVALIAÇÃO DAS
MEMBRANAS. ................................................................................................................................................. 60
FIGURA 24. ESPECTRO RAMAN DE AMOSTRA DE GO-2H (VERMELHO) E GO-48H (PRETO) ..................................... 62
FIGURA 25. INTENSIDADES DAS BANDAS D E G DE UM ESPECTRO RAMAN DE AMOSTRA DE GO-2H CALCULADAS
POR DECONVOLUÇÃO. .................................................................................................................................... 63
FIGURA 26. INTENSIDADES DAS BANDAS D E G DE UM ESPECTRO RAMAN DE AMOSTRA DE GO-48H CALCULADAS
POR DECONVOLUÇÃO. .................................................................................................................................... 64
FIGURA 30. ESPECTROS DE UV-VIS OBTIDOS A PARTIR DAS DISPERSÕES DE GO-2H (EM VERMELHO) E GO-48H (EM
PRETO) EM ÁGUA. .......................................................................................................................................... 69
FIGURA 31. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA DO GO-48H –TERMOGRAMA E DERIVADA DTG............................... 70
FIGURA 32. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA DO GO-2H – TERMOGRAMA E DERIVADA DTG. ............................... 71
FIGURA 33. DIFRATOGRAMAS DE RAIOS X DOS MATERIAIS DE CARBONO. .............................................................. 73
FIGURA 34. DIFRATOGRAMA DE RAIOS X EXPLORATÓRIO DO GO-2H. .................................................................... 74
FIGURA 35. IMAGENS DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DA AMOSTRA DE GO-2H COM DIFERENTES
MAGNIFICAÇÕES ............................................................................................................................................ 75
FIGURA 43. IMAGENS DE MEV DA MPSF COM AS MAGNIFICAÇÕES: (A) SUPERFÍCIE DA MEMBRANA 1000 X, SEÇÃO
TRANSVERSAL COM (B) 2000 X, (C) 5000 X E (D) 8000 X. ............................................................................ 82
FIGURA 44. IMAGENS DE MEV DA MPSFGO2H0.2 COM AS MAGNIFICAÇÕES: (A) SUPERFÍCIE COM 1000 X, SEÇÃO
TRANSVERSAL (B) 1000 X, (C) 3000 X E (D) 5000 X...................................................................................... 83
X. ................................................................................................................................................................... 87
FIGURA 49. ESPECTROS DE FTIR DAS MEMBRANAS EM COMPARAÇÃO COM GO-48H. ........................................... 88
FIGURA 50. ESPECTROS DE FTIR DAS MEMBRANAS. .............................................................................................. 90
FIGURA 51. IMAGENS DOS ÂNGULOS DE CONTATO DE AVANÇO E RECESSO PARA AS MEMBRANAS COM ÁGUA DI. . 92
FIGURA 52. IMAGENS DE SIMULAÇÃO DE DINÂMICA MOLECULAR ENTRE PSF/GO. ................................................ 98
FIGURA 53. PERMEABILIDADE DAS MEMBRANAS EM FUNÇÃO DA PRESSÃO MÍNIMA DE TRABALHO. ..................... 100
FIGURA 54. RESULTADOS COMPARATIVOS DA REMOÇÃO DE SOLUTOS DAS MEMBRANAS MPSF E MPSFGOXHY.
..................................................................................................................................................................... 101
FIGURA 55.RESULTADOS COMPARATIVOS DA REMOÇÃO DE SOLUTOS DAS MEMBRANAS HÍBRIDAS MPSFGOXHY-
ZEOA30. ...................................................................................................................................................... 103
FIGURA 56. COMPARAÇÃO ENTRE OS TEORES DE SOLUTOS NO REJEITO E NO PADRÃO INJETADO. ......................... 105
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 14
2 OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 17
3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................................... 18
ANEXO III – APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS (FORMA ORAL) – 2020 E 2021 .................................. 116
14
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 JUSTIFICATIVA
processos, a partir do bagaço da cana. A queima dessa biomassa gera ainda, de 3 a 12 milhões
de toneladas de cinzas por ano. Todo esse material, tido como um resíduo de processo industrial,
poderia ser convertido na zeólita que possui a nobre função de ser um agente de adsorção,
podendo ser usado em diversos processos de tratamento ambiental. Desta forma, vislumbra-se
o uso racional e total de um material renovável, em todas as etapas do processo, inclusive no
aproveitamento e valorização do resíduo final, em uma destinação muito mais nobre que o
simples descarte no solo ou em aterros. Sendo assim, empregar a zeólita A, sintetizada a partir
das cinzas de cana-de-açúcar, também corrobora com o aspecto ambiental deste trabalho.
O aspecto ambiental caminha junto com o aspecto econômico, haja visto que todas estas
melhorias trazem uma consequência que é a redução de custos operacionais. Outro desafio é
desenvolver com menor custo em relação as tecnologias disponíveis comercialmente.
A relevância técnica está focada na inovação tecnológica, de forma a aprimorar um
equipamento já existente e consagrado, que vem sendo utilizado durante anos no tratamento
terciário de águas para usos industriais. O que se vem buscar neste trabalho é o uso de
nanomateriais incorporados a um polímero de suporte adequado de forma a extrair desses
nanomateriais propriedades mecânicas para o aumento da robustez do produto, propriedades
químicas relacionadas à seletividade e adsortividade dos sais que deverão ser removidos da
água e de resistência a ataques químicos pois, pretende-se utilizar este equipamento após o
tratamento primário, que normalmente conta com a adição de produtos químicos para promoção
da coagulação/floculação dos detritos maiores encontrados na água.
20
4 REVISÃO DA LITERATURA
A geração de vapor nas indústrias é um processo muito importante, pois, é com esse
vapor que se fornece energia a diversos sistemas reacionais, processamento de materiais,
aquecimento e climatização de laboratórios, geração de energia elétrica por meio da cogeração
de energia dentre outros.
A operação segura e eficiente de um sistema de geração de vapor depende
fundamentalmente da qualidade da água empregada para se evitar danos à caldeira, seja por
problemas de corrosão, seja por problemas relacionados às incrustações nos trocadores de calor
(JOHN TODD et al., 2004). As incrustações podem causar num primeiro momento, uma
redução na eficiência de troca térmica fazendo com que se utilize uma quantidade maior de
combustível para gerar a mesma quantidade de vapor devido ao aumento da espessura da parede
dos trocadores (metal + incrustação). Num segundo momento, as incrustações podem provocar
entupimentos dos trocadores de calor, causando acidentes fatais em virtude de possíveis
explosões do equipamento (KOO; MOHAMMAD; SUJA’, 2011).
Em sistemas de geração de vapor, é comum se fazer a recuperação e retorno do
condensado utilizado no processo industrial para a caldeira, pois, se sabe que este condensado
é uma água já tratada, apresentando um teor de pureza maior do que a água de alimentação.
Além disso, o condensado retorna do processo aquecido, contribuindo para a economia de
insumos, tais como o combustível usado na geração de vapor e os produtos químicos utilizados
para melhorar a qualidade da água de alimentação (KOO; MOHAMMAD; SUJA’, 2011).
A água, de uma forma geral, é capaz de dissolver diversas substâncias químicas, dentre
elas, sais, óxidos, hidróxidos, gases, além de dispersar materiais insolúveis, tais como, argila,
materiais orgânicos, óleos. Por conta disso, é importante evitar que o vapor produzido não
contenha gotículas de água pois esta pode arrastar esses materiais dissolvidos para as tubulações
e trocadores de calor do sistema de aquecimento da planta fabril. Para tanto, faz parte do projeto
das caldeiras a vapor, sistemas de separação, tais como telas, separadores centrífugos ou de
ciclone, que têm o objetivo de remover a água do vapor.
Um dos materiais presentes mais preocupantes na água da caldeira, que pode ser
arrastado no vapor, é a sílica. Ela é capaz de formar depósitos impossíveis de serem removidos
sem causar prejuízos às partes metálicas da caldeira, geradores de energia e tubulações. Para se
evitar o arraste da sílica e de outros sólidos dissolvidos, também prejudiciais ao sistema de
vapor, deve-se fazer no mínimo o monitoramento do teor de sólidos dissolvidos e da
condutividade da água de caldeira. De fato, conforme a água passa para o estado de vapor e
22
deixa a caldeira, os materiais dissolvidos devem permanecer, evitando que sejam arrastados
para a região do vapor. Com o passar do tempo, a concentração de sílica, carbonatos de cálcio,
magnésio dentre outros sólidos dissolvidos atingem a sua concentração de saturação,
precipitando na caldeira e provocando a formação dos depósitos. Para se evitar que ocorra as
incrustações, é habitual se fazer descargas de fundo na caldeira, manual ou automaticamente a
partir dos resultados analíticos das concentrações dessas substâncias. Estas descargas de fundo
promovem uma redução da concentração dos sólidos dissolvidos, no entanto, acaba descartando
grandes quantidades de água aquecida, gerando desperdícios não somente da água, mas
também, dos insumos da caldeira e de combustível utilizado no aquecimento da água (JOHN
TODD et al., 2004).
Dependendo da aplicação do vapor, da pressão de trabalho e do tipo de caldeira, a
qualidade da água de alimentação também deve variar (ČUDA; POSPÍŠIL; TENGLEROVÁ,
2006). O vapor gerado para o uso em turbinas de cogeração precisa ter alta qualidade e ser
isenta desses materiais dissolvidos, pois, desta forma, se evita a erosão das pás ou falhas
prematuras em função dos depósitos que podem ser formados. A Figura 1 apresenta o modelo
esquemático de um sistema de geração de vapor interligado a turbina de cogeração de energia
elétrica.
Por isso, para se ter uma operação segura e isenta de corrosão e incrustações nas
caldeiras, é importante não só monitorar a qualidade da água de alimentação e a água de seu
interior, como também, fazer o tratamento adequado destas águas, de forma a remover essas
substâncias presentes. Deve-se atentar para manter os níveis baixíssimos de dureza,
23
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26
desenvolvimento das membranas foi restringido pelas limitações dos materiais de sua
confecção. No entanto, avanços recentes no controle de processos para melhorar sua estrutura
molecular e a funcionalização química dos filmes poliméricos têm apresentado um panorama
promissor quanto ao desenvolvimento de novas membranas para um amplo espectro de
aplicações antes não recomendadas devido às interações interfaciais e aos problemas de
incrustações (WERBER; OSUJI; ELIMELECH, 2016).
A maioria das membranas porosas disponíveis comercialmente, incluindo as
membranas para microfiltração (MF), as membranas para ultrafiltração (UF) e as mais densas,
de osmose reversa (OR), são produzidas pelo processo de inversão de fase. Esse processo se dá
através da precipitação controlada de um polímero dissolvido em um filme fino, conhecido
como membranas compósitas de filme fino (TFC – Thin Film Composite1), para produzir uma
estrutura de membrana porosa.
A principal técnica de inversão de fase é a separação de fases induzida por não-solventes
(NIPS – non-solvent-induced-phase2), a qual, uma película de polímero dissolvida em um
solvente orgânico é imersa em um banho com solvente inorgânico, por exemplo em água, de
forma que esta mudança entre solvente orgânico e inorgânico, faz com que haja a separação de
fases em fases rica e pobre em polímero, conforme apresentado na Figura 4. Essas duas fases
formam a matriz sólida da membrana, fase rica em polímeros, e a região porosa, fase pobre em
polímeros.
Uma outra técnica de inversão é a evaporação controlada de solvente, empregando-se
um solvente volátil junto com o filme líquido do polímero e o solvente inorgânico. A separação
de fases, induzida termicamente, ocorre quando a solução do polímero em alta temperatura é
resfriada lentamente até promover a separação de fases (WERBER; OSUJI; ELIMELECH,
2016).
1
Membrana compósita de filme fino, referenciado pela sigla TFC do inglês.
2
Este procedimento é referenciado pela sigla NIPS do inglês.
27
Figura 6. Representação esquemática da polimerização interfacial para formar membranas de osmose reversa
composta por compósito de filme fino (TFC).
poliamida. Estes nódulos, geralmente, são ocos e as imagens sugerem que as paredes possuem
espessura que varia de 10 a 30 nm.
Embora a morfologia nodular aproximada aumente a tendência às incrustações, o
aumento da área superficial devido a essa morfologia também contribui para um aumento da
permeabilidade de água (KARAN; JIANG; LIVINGSTON, 2015).
Na Figura 6, em (A) verifica-se uma imagem de MEV visão superior do filme bruto de
poliamida a um ângulo de visualização de 45 °, (B) é uma imagem de microscopia eletrônica
de transmissão (TEM) de uma seção transversal fina mostrando o filme de poliamida rugosa
formado em uma membrana PSF-UF e (C) mostra uma imagem de espectroscopia de dispersão
de energia dispersiva de TEM correspondente; a presença de enxofre e nitrogênio delineia a
camada de PSF e o filme de poliamida, respectivamente.
Os polímeros de PSF e seus derivados, possuem características predominantemente
amorfas com respeito à sua estrutura cristalina. Apresentam resistência química elevada, sendo
resistentes aos ácidos, álcalis, soluções salinas, detergentes, óleos e álcoois. Podem ser atacados
por solventes orgânicos polares, tais como, hidrocarbonetos halogenados, cetonas, e
hidrocarbonetos aromáticos (LIU et al., 2018; NOGUEIRA, 2012).
31
As PSF podem ser produzidas a partir de uma reação do tipo Friedel-Crafts, ou por
reação nucleofílica de deslocamento, com o uso de cloretos de sulfonila. A estrutura molecular
da PSF pode ser observada na Figura 8 (A), podendo apresentar outras variações, como a
polietersulfona, conforme Figura 8 (B).
água potável, em ultra filtração, sem o uso da poliamida (PA). Ela pode ser empregada como
membrana híbrida de PES com até 15% de nano partículas de TiO2, com o objetivo de reduzir
o crescimento de bactérias, impedindo a bioincrustração (LI et al., 2009).
Há também estudos onde se incorporam nanopartículas de prata à PSF/PES também
para impedir a formação de filmes biológicos incrustantes (TAUROZZI et al., 2008). Outro
estudo foi feito com o preparo do compósito de PSF e ZrO2, para verificar as propriedades de
adsorção desse material (AERTS et al., 2006).
Um dos primeiros estudos de membranas de OR empregando-se zeólita em membranas
compósitas de PSF/PA foi 2005 (JEONG et al., 2005), mas o processo de preparo era bastante
complexo por conta que precisavam fazer uma membrana de duas camadas de polimerização
por interface para manter as nanopartículas inclusas na membrana.
Também foi estudado o uso de nanotubos de carbono incorporado à membrana de
PSF/PA em aplicações de separação de gases e íons, e a presença de nanotubos de carbono
ajudou a mitigar o biofouling (ISMAIL et al., 2009).
Já foram realizados estudos do uso da PSF e PES em aplicações como filtração e
purificação de biodiesel (ALVES, 2015), na imobilização de lipase (SOUZA, 2006).
Estudos do desenvolvimento de membranas de PSF/Quitosana reticulada com
glutaraldeído também foi estudada, em processos de OR visando a inibição de bioincrustração.
(NOGUEIRA, 2012).
Estudos mais recentes mostraram o uso de nanocompósitos de PSF-TiO2/GO na
aplicação em osmose direta (FO3), porém, usando-se polivinilpirrolidona (PVP) e N-metil-
pirrolidona (NMP) como solventes da PSF e para a dispersão do TiO2 e do GO, seguido da
polimerização de PA como camada seletiva sobre a membrana compósita de suporte
(SIRINUPONG et al., 2018).
Outros estudos também foram realizados com o propósito de modificar a PSF para
melhorar seu desempenho em OR, como o uso da PSF com polissulfona sulfonada (LIU et al.,
2018).
Encontra-se um estudo mais recende onde se sintetizou uma membrana nanohíbrida de
GO zwiteriônico aplicado à membrana de fibra oca de PSF para rejeição de corantes orgânicos
em efluentes (SYED IBRAHIM et al., 2020).
3
FO – do inglês, forward osmose – osmose direta
33
Como se pode ver, a PSF é uma membrana bastante versátil e que serve tanto de suporte
para outros materiais seletivos como em modificações, para aprimorar seu desempenho em
membranas compósitas ou híbridas em diversas aplicações.
Água doce de Arsênico natural, Redução de nitrato, ferro, MF, UF, NF e OR Infiltração de água do mar
nitratos, ferro e
aquíferos manganês, e materiais nos aquíferos próximos ao
manganês (manchas) e
cátions divalentes incrustantes oceano, sobre exploração
dos aquíferos
Águas
Residuárias
Esgoto municipal Patógenos Remoção de matéria MF, UF, NF e OR Legislação para reuso
microbianos,
orgânica degradada, como potável, odores
micropoluentes,
fosfatos (problemas de remoção ou inativação de característicos das plantas
floração de algas) e
patógenos, remoção de de tratamento, alto
amônia
nutrientes (nitrogênio e potencial de incrustação
fosfato) das membranas
Água produzida Aditivos de fluido de Reuso de fluidos de Reuso de fluidos de Alto consumo de água, alto
perfuração (por
de gás de Xisto, perfuração: remoção de perfuração: MF e UF; teor de sólidos totais
exemplo, surfactantes,
perfuração de oxidantes, ácidos sólidos suspensos de Dessalinização: NF, dissolvidos, quantidade e
fortes), óleo e graxa,
poços de petróleo perfuração; Destinação OR (para águas de qualidade de água
rádio e cátions
divalentes final: materiais oleosos e baixa salinidade), sobrenadante, legislação
salinidade Osmose Direta (FO), para descarte, alto
destilação por potencial de incrustação
membrana (DM1) das membranas
Dessulfuração de Metais tóxicos (por Remoção de metais tóxicos MF, UF, NF, OR, DM Legislação de zero descarte
exemplo, arsênio,
gás de combustão dissolvidos e redução de e FO de efluentes
selênio e mercúrio),
de usina de carvão amônia e ácidos salinidade
orgânicos
* A eletrodiálise é um método de dessalinização acionado eletricamente que utiliza membranas de troca iônica. 1 Destilação
por membrana é um processo de dessalinização conduzido termicamente, no qual uma membrana porosa hidrofóbica separa
uma corrente de alimentação a quente de um permeado frio. Um gradiente de pressão de vapor conduz o fluxo de vapor de
água
Fonte: WERBER, OSUJI e ELIMELECH, 2016
35
4.7 O grafeno, óxido de grafeno (GO) e óxido de grafeno reduzido (rGO), características
e obtenção
O grafeno é formado por uma rede alveolar hexagonal de carbonos com hibridização
sp2, que pode ser obtido a partir da esfoliação do grafite. Ele é um material bidimensional, com
espessura monoatômica, sendo que o empilhamento e interação se dá via ligações de Van der
Waals.
O isolamento, caracterização e identificação do material ocorreu pela primeira vez em
2004, pelos pesquisadores A. Geim e K. Novoselov, da Universidade de Manchester, o que
rendeu o prêmio Nobel de física em 2010 (MEHL et al., 2014). Para fazer o isolamento
individual das folhas de grafeno, eles fizeram o “peeling” de um pedaço de grafite, em etapas
sucessivas, utilizando fitas adesivas (NOVOSELOV et al., 2004).
O grafeno possui diversas características importantes, mas uma que se destaca é o fato
dele ter sido o primeiro material cristalino bidimensional isolado de forma estável. Por conta
do longo sistema p conjugado na estrutura do grafeno, o confinamento eletrônico em duas
dimensões faz com que esse material tenha propriedades superlativas. Dentre suas
propriedades, pode-se citar a elevada mobilidade eletrônica, elevada condutividade térmica e
alta resistência mecânica.
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38
favorecem uma boa hidrofilicidade e permitem uma excelente dispersão dos flocos de GO em
água (CHOI et al., 2013; HUANG et al., 2015; LI et al., 2013).
São apresentados na Figura 11, os possíveis mecanismos de reação para a preparação
de GO a partir de uma folha de grafite. É possível verificar neste exemplo, que a folha de grafite
é oxidada pelo método de Hummers, com o uso de ácido sulfúrico, permanganato de potássio
e peróxido de hidrogênio (REN et al., 2011).
4.8 Zeólitas
O termo “zeólita” foi utilizado pela primeira vez pelo mineralogista sueco Alex Fredrik
Cronstedt há 250 anos, após descobrir uma zeólita natural, a estilbita. O nome utilizado por
Cronstedt deriva das palavras gregas, zeo – que ferve e lithos – pedra, ou seja, pedra que ferve,
usando o termo para generalizar a zeólita (BERTOLINI, 2014; IZIDORO, 2013; PACE, 2000).
O campo da química das zeólitas ficou quase estagnado por algumas décadas, até que
Barrer e Milton descobriram as zeólitas sintéticas (MASTERS; MASCHMEYER, 2011).
As zeólitas são formadas por alumino-silicatos hidratados de metais alcalinos e
alcalinos terrosos, em especial Na, K, Mg e Ca, estruturados em redes cristalinas
tridimensionais, compostas de tetraedros do tipo TO4 (T = Si, Al, Ga, Ge, Fe, B, P, Ti, etc.)
unidos nos vértices através de átomos de oxigênio, conforme a Figura 12 (BECK, 1993;
GHOBARKAR; SCHÄF; GUTH, 1999).
Observa-se na Figura 12, a representação bi e tridimensionais da rede estrutural das
zeólitas.
40
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42
mulitas, anidritas de cal e quartzo (SONI; SHUKLA, 2019). Cerca de 20% das cinzas geradas
a partir de usinas termelétricas são utilizadas para a produção de cimento nas cimenteiras, no
entanto, a maior parte é descartada diretamente no solo (IZIDORO, 2013; MOLINA; POOLE,
2004).
classificada como “cancerígena humana” e podendo causar a doença crônica chamada silicose
(LE BLOND et al., 2010). Nas usinas, a temperatura de combustão dos resíduos geralmente
varia entre 850 °C e 920 °C, mas pode alcançar valores acima de 1000 °C.
As cinzas de cana-de-açúcar podem conter íons metálicos em concentrações superiores
ao limite máximo de solubilidade, conforme o anexo G da normativa NBR 10004/2004, desta
forma, sendo classificadas como resíduo não-inerte - classe IIA. Os resíduos com esta
classificação podem ter propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade
em água, e não podem ser descartados no ambiente (SALES; LIMA, 2010).
A prática do uso das cinzas como fertilizante misturadas com vinhoto e/ou com a torta
de filtro da cana-de açúcar é comum nas plantações do Brasil. No entanto, essa ação não é
totalmente recomendada, pois nos solos desse tipo de plantação há agroquímicos persistentes.
Também, as cinzas são de difícil degradação, tem poucos nutrientes e a sua toxicidade deveria
ser determinada antes de seu uso, segundo Resolução CONAMA 313 (CONAMA, 2002;
SALES; LIMA, 2010).
Sendo assim, os possíveis impactos ambientais negativos causados pelas cinzas de
resíduo de cana-de-açúcar vêm causando preocupação devido a sua geração crescente causada
pela expansão da demanda por combustíveis menos poluentes e por energias renováveis. Assim,
a conversão dessas cinzas em materiais de valor agregado, como as zeólitas A e X, podem
mitigar os problemas apontados.
O diagrama apresentado na Figura 14, resume o caminho que a cana-de-açúcar percorre
até a geração das cinzas.
44
o escalonamento dessa membrana utilizando essa técnica é bastante desafiador, porque requer
o preparo de uma grande área de grafeno de forma barata, de camada única, livre de defeitos,
bem como a formação de nanopartículas de tamanho uniforme, também por meio de um
processo escalonável (O’HERN et al., 2012, 2014, 2015).
Mesmo se alcançando a utilidade de grafeno nanoporoso, o aumento da permeabilidade
da água tem um efeito mínimo acima dos níveis atuais das membranas de dessalinização de
TFC. Logo, é necessário melhorar o processo de produção dos nanoporos, deixando-os
finamente ajustados, para que possam rejeitar também pequenos solutos neutros, pois, caso
contrário, o grafeno nanoporoso estará em desvantagem quando comparado às membranas de
TFC (WERBER; OSUJI; ELIMELECH, 2016).
Quanto às membranas produzidas a base de grafeno, estas são feitas a partir do
empilhamento de camadas de folhas de óxido de grafeno com tamanho típico de 1 µm e
separação entre as camadas de GO suficiente para acomodar uma camada móvel de água, com
morfologia e mecanismos de transporte de água diferentes do grafeno nanoporoso (JIN et al.,
2018; JOSHI et al., 2014; MI, 2014). Elas são formadas como laminados por meio de filtração
à vácuo ou deposição de camada sobre camada de óxido de grafeno, produzidos a partir da
oxidação do grafite. Esta produção ocorre de forma menos dispendiosa, além de estável em
suspensão aquosa, conforme apresentado na Figura 94.
As estruturas de GO permitem uma permeação de água muito rápida, devido ao fluxo
de deslizamento ao longo dos canais de grafeno não oxidados e atomicamente lisos. Esse
mecanismo é semelhante ao fluxo de água dentro dos nanotubos de carbono (JOSHI et al.,
2014). Entretanto, o espaçamento entre folhas contíguas aumenta de 0,9 ± 0,1 nm em ar úmido
para 1,3 ± 0,1 nm quando imerso em água, o que acaba resultando em permeação rápida de
cátions monovalentes e bivalentes, dificultando seu uso (JOSHI et al., 2014).
As estruturas de GO apresentam um corte baseado em tamanho, mas esse tamanho é
muito grande para a dessalinização. Além disso, os laminados de óxido de grafeno geralmente
são instáveis em água. Isso ocorre devido as folhas de GO ficarem carregadas negativamente
durante a hidratação. Estas folhas podem ser estabilizadas pela adição de cátions bivalente ou
trivalentes, como o Mn2+ ou o Al3+ (YEH et al., 2015), no entanto, tornam-se contaminantes
indesejáveis. Para facilitar a dessalinização neste caso, é possível diminuir o espaçamento entre
as camadas e a estabilidade pode ser melhorada por meio de redução química ou térmica,
removendo as espécies de oxigênio. A redução total do óxido de grafeno diminui o espaçamento
4
Figura 9 - Membranas seletivas baseadas em design de nível molecular, página 36.
46
da camada intermediária para 0,36 nm, o que é muito pequeno para permitir o fluxo de água
entre as folhas, restringindo a permeação de água (SU et al., 2014).
Uma membrana de rGO permite a permeação de água com alta retenção de sais na
Osmose Direta (FO5), no entanto, a permeação orientada por defeitos apresenta limitações.
Outra abordagem apresentada para diminuir o espaçamento entre as camadas e aumentar a
estabilidade do rGO é fazer uma reação de ligações cruzadas (ou reticulação covalente) entre
as nanopartículas do rGO presentes na membrana (HUNG et al., 2014; MI, 2014; ZHANG;
ZHANG; CHUNG, 2015).
Quanto às membranas de matrizes mistas reforçadas com zeólitas, verifica-se que estas
têm sido foco de estudos recentes, por conta de suas propriedades de adsorção, troca iônica,
resistência ao desgaste e alta resistência mecânica. Tem-se utilizado como matrizes poliméricas
a poliamida, polissulfona e policarbonato (TUL MUNTHA; KAUSAR; SIDDIQ, 2016).
Uma outra abordagem é o uso de membranas inorgânicas, pois, são materiais capazes
de suportar altas pressões e temperaturas, o que é uma vantagem em relação as membranas
poliméricas. Para esses casos, somente íons ou gases específicos são capazes de atravessar as
estruturas densas por meio de mecanismo misto iônico-eletrônico ou por meio de difusão de
solução. Alguns exemplos de membranas inorgânicas são as de materiais cerâmicos para
separação de oxigênio e filmes metálicos para recuperação de hidrogênio. No entanto, estas
membranas possuem algumas desvantagens como baixa sensibilidade e permeabilidade ao
envenenamento de membranas densas (TUL MUNTHA; KAUSAR; SIDDIQ, 2016).
Em relação ao uso das zeólitas, um fator importante está em aplica-las como reforço dos
polímeros, pois, ela favorece uma melhora da cristalinidade e propriedades mecânicas dos
mesmos (ZAKARIA; KAMARUDIN; TIMMIATI, 2016).
Existem três mecanismos de separação nas membranas com zeólitas. Um deles é a
seletividade de difusão, onde uma amostra que contêm moléculas ou íons de tamanhos
diferentes têm suas menores moléculas ou íons difundindo a uma taxa muito mais rápida que
as maiores. Outro mecanismo é a seletividade de adsorção, onde um componente é adsorvido
mais fortemente que outro componente da amostra, sendo que o componente mais fortemente
adsorvido terá maior ocupação da zeólita, aumentando a força motriz do processo. O terceiro
mecanismo é a exclusão de tamanho, quando um componente da mistura não consegue permear
os poros da zeólita. A razão zeolítica Si/Al influencia fortemente a integridade da camada da
5
FO – do inglês, Foward Osmose, que significa Osmose Direta.
47
5 PARTE EXPERIMENTAL
Todas as soluções aquosas foram preparadas com água deionizada (resistividade > 18.2
MΩ.cm) obtida com sistema de purificação Smart Park Millipore.
Para o preparo do GO foram usados grafite em flakes obtidos da Sigma-Aldrich (75% ≤
100 Mesh.) e KMnO4 (Synth, 99%), NaNO3 (Merck 99,5%), H2SO4 (Synth 98%), H2O2 30%
v.v-1 (Merck), etanol (Fisher Scientific) e acetona (Sigma-Aldrich).
Na síntese da ZeoA de alta pureza usando fusão prévia, utilizou-se NaOH (97%) e
aluminato de sódio (100%) ambos da Sigma-Aldrich e cinzas dos resíduos de cana-de-açúcar.
Para o preparo das membranas foram utilizados resina de PSF ParylsÒ Polysulfones
(ParylsÒ PSU F3150), clorofórmio (Merck 99,5%), N-metil-pirrolidona (Merck, 99,5%) e
etanol. As propriedades da resina são apresentadas na Tabela 3.
As soluções estoques de Na+, K+, Ca2+ e Mg2+ 0,10 mol.L-1 foram preparadas pela
dissolução dos sais de NaCl, KCl, CaCl2.2H2O e MgCl2.6H2O (Merck, 99,9%) em água
deionizada. Na análise dos cátions por cromatografia de íons, utilizou-se um eluente contendo
uma mistura de ácido dipicolínico 2,0 mmol.L-1 e HNO3 1,7 mmol.L-1. As soluções analíticas
multielementares de Na+, K+, Ca2+ e Mg2+, utilizadas na calibração do cromatógrafo de íons e
como solução padrão dos testes de filtração, foram preparadas diariamente por diluição das
soluções estoques.
5.2 Instrumentação
As análises das soluções salinas utilizadas para os testes de filtração com as membranas
produzidas foram realizadas com cromatógrafo de íons Metrohm modelo 761 Compact IC com
coluna Metrosep C4 150 mm.
As determinações de ângulo de contato foram realizadas com goniômetro da KRÜSS,
modelo Drop Shape Analyzer usado para avaliar a hidrofilicidade das membranas e um
micrômetro Schut, com resolução de 1,0 µm foi utilizado para avaliar a espessura das
membranas.
Figura 15. Sistema reacional para síntese do GO por oxidação química do grafite
Figura 16. Amostras de GO obtidas após secagem em estufa a vácuo. (A) GO-2h com 2 horas de oxidação; (B)
GO-48h com 48 horas de oxidação
O polímero escolhido para o preparo das membranas foi a PSF, por ser o material
utilizado como membrana de suporte nas membranas de poliamida comumente
comercializadas.
Os testes realizados visaram comparar a eficiência de retenção dos íons Na+, K+, Ca2+ e
Mg2+ em membranas finas preparadas em quatro situações distintas:
i. membranas de PSF sem adição de GO;
ii. membranas de PSF com adição de GO de 2 horas de oxidação (GO-2h);
iii. membranas de PSF com adição de GO de 48 horas de oxidação (GO-48h);
iv. membranas de PSF com adição de ZeoA e GO-48h.
6
Flash-off – do inglês, é um tempo de descanso de filmes poliméricos ainda úmidos para a evaporação inicial de
solventes leves, como o clorofórmio neste caso, para impedir que ocorra um defeito conhecido como fervura do
filme, onde ocorrem erupções de pequenas bolhas no filme pré-curado por conta da saída abrupta do solvente leve.
54
úmido. A espessura do filme úmido fica em torno de 108 µm, enquanto as membranas
polimerizadas ficaram com espessura de 30±2 µm.
Essas membranas foram nomeadas MPSF.
Figura 19. Processo de aplicação da membrana sobre o vidro e polimerização por inversão de fase
Vale notar que a espessura do filme seco, a presença de mesoporos e o aspecto geral da
membrana depende de diversas variáveis, tais como, tempo de agitação do material, velocidade
de aplicação do filme úmido, umidade do ar, temperatura ambiente, velocidade de evaporação
do solvente, dentre outros. Para se obter uniformidade e melhores condições de aplicação, os
experimentos foram conduzidos em temperatura ambiente de 20 oC, dentro da capela.
Para se obter membranas de diferentes formulações, produziu-se 3 membranas de cada
fórmula, para obtenção de membranas com espessura adequada, homogênea e sem defeitos.
Foram realizadas diversas dispersões variando-se as proporções entre a PSF e o clorofórmio
para se obter a fórmula base com a melhor aplicabilidade sobre o vidro, sem a presença de poros
e estrias visíveis a olhos nu após a polimerização e com espessuras similares.
As membranas foram testadas, a partir de um período mínimo de 24 horas entre sua
polimerização e o uso. Após o período de “descanso”, fez-se a medição das camadas com o uso
do micrômetro externo digital Schut (0-25 mm, resolução 1,0 µm). Em seguida, recortou-se a
55
área circular de teste com 47 mm de diâmetro, para utilização da membrana nos sistemas de
filtração do laboratório.
Para preparar as membranas de PSF com ZeoA, seguiu-se o procedimento do item 5.5.1,
utilizado para a solubilização dos pellets de PSF em clorofórmio, adicionando-se as quantidades
de ZeoA juntamente com os pellets do polímero, de acordo com as fórmulas da Tabela 5. Houve
uma modificação do procedimento, adicionando-se o NMP apenas à membrana
MPSFZeoA30NMP nos 30 minutos finais de agitação. Em seguida, aplicou-se as membranas
líquidas sobre o vidro, seguido da solidificação por inversão de fase. Estas membranas foram
sintetizadas para se avaliar a melhor concentração de ZeoA que deveria ser usada com GO nas
membranas híbridas de PSF, GO e ZeoA.
As membranas compósitas com ZeoA foram nomeadas de acordo com a concentração
de ZeoA em relação à PSF (% m/m). Desta forma, os nomes usados foram MPSFZeoAW, onde
56
W é a concentração da ZeoA em relação à PSF. A membrana com ZeoA e NMP foi nomeada
MZeoAWNMP.
Tabela 5. Formulação das membranas de PSF e ZeoA
buscava acertar a fórmula base de melhor aplicabilidade sobre o vidro e sem defeitos como
poros e estrias visíveis a olho nu.
O segundo sistema utilizado foi um Sartorius – 6980801, construído em aço inox, para
uso com membranas de 47 mm de diâmetro. Este dispositivo é capaz de suportar pressões de
até 20 Bar, podendo ser utilizado como sistema de Osmose Direta. Esse sistema foi utilizado
para os testes das membranas compósitas de PSF com GO, PSF com ZeoA e PSF com GO e
ZeoA.
É apresentado na Figura 20 A o sistema de filtração Sartorius – 16526 e o diagrama do
processo utilizado durante os testes de filtração. O sistema Sartorius – 6980801 e o diagrama
do processo de osmose reversa é mostrado na Fig. 20 B.
Figura 20. Diagrama de Filtração utilizando (A) sistema de filtração Sartorius – 16523, (B) sistema de filtração
Sartorius – 6980801.
58
A avaliação da capacidade de rejeição dos sais pelas membranas foi realizada com
auxílio de uma solução padrão contendo 3,9 mg L-1 de Na+, 4,9 mg L-1 de K+, 4,2 mg L-1 em
Ca2+ e 4,2 mg L-1 de Mg2+.
As análises da solução padrão e das amostras obtidas do permeado foram feitas por
cromatografia íons, que é uma técnica analítica que oferece elevada seletividade e sensibilidade
para análise de baixas concentrações de íons orgânicos e inorgânicos. A separação dos íons de
uma solução ocorre através de uma coluna de separação de troca iônica, que proporciona uma
interação diferente para cada íon da amostra injetada durante o processo de eluição.
Para esta aplicação, o cromatógrafo foi calibrado com soluções padrão de Na+, K+, Ca2+
e Mg2+ nas concentrações de 0,1 mg.L-1, 1,0 mg.L-1, 2,0 mg.L-1, 4,0 mg.L-1 e 8,0 mg.L-1, para
cada cátion. Os cromatogramas típicos obtidos com injeções de 100 µL de soluções padrão sob
vazão de 1,0 mL min-1 do eluente (solução aquosa contendo ácido 2,6-piridinodicarboxílico
(C7H5NO4) 2 mmol L-1 e HNO3 1,7 mmol L-1), são apresentados na Figura 21.
O sinal relativo ao eluente que usualmente aparece antes de 3 minutos após a injeção da
amostra foi omitido no cromatograma.
59
Figura 21. Cromatograma dos padrões de calibração de sódio, potássio, cálcio e magnésio.
Figura 23. Cromatograma da solução padrão mulltielementar usada para avaliação das membranas.
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 25. Intensidades das bandas D e G de um espectro Raman de amostra de GO-2h calculadas por
deconvolução.
Figura 26. Intensidades das bandas D e G de um espectro Raman de amostra de GO-48h calculadas por
deconvolução.
Tabela 7. Densidade de defeitos (ID/IG) nas amostras de GO-2h e GO-48h através dos espectros Raman.
Material ID IG ID/IG
GO-2h 80,13 ± 0,69 82,75 ± 0,86 0,96
GO-48h 88,85 ± 0,53 91,35 ± 0,65 0,97
representam os pontos de menores valores. Pode-se sugerir por esta imagem, que a oxidação
ocorre majoritariamente no plano basal do grafite. causando aumento da desordem do material
nessas regiões, indicado pelas altas intensidades da banda D (GUERRERO-CONTRERAS;
CABALLERO-BRIONES, 2015). Além disso, através da imagem do microscópio óptico,
verifica-se que o flake do GO-48h é bem maior que os flakes do GO-2h. Numa análise simples
por espectroscopia Raman, se obtém altos valores de intensidades da banda D do GO-2h, por
conta das bordas dos flakes, corroborando com os altos valores da razão ID/IG obtidos
inicialmente, muito similares entre as duas amostras. No entanto, os resultados obtidos pelo
mapeamento Raman, deixam claro que os dois materiais possuem um grau de oxidação bem
distintos.
Figura 29. Espectro de FTIR das amostras de Grafite (em cinza), GO-2h (em
vermelho) e GO-48h (em preto).
Verifica-se o espectro do grafite utilizado para a síntese das amostras de GO, sem a
presença de bandas de absorção que representam os grupos oxigenados ligados à estrutura
grafítica.
68
Observa-se que a amostra de GO-48h apresenta duas bandas de absorção bem definidas.
Uma banda de maior intensidade em 230 nm, relacionada à transição p-p* de ligação C-C dos
anéis aromáticos e uma banda menor intensidade em 300 nm que está usualmente associada à
transição n-p* de ligação C=O (PAREDES et al., 2008). O GO-2h apresenta uma banda de
absorção máxima deslocada para 236 nm. Na comparação dos sinais obtidos com as duas
amostras, a amostra de GO-48h mostra bandas de maior absorção. Este comportamento ocorre
quando se tem amostras de GO com menor número de camadas. À medida que o número de
camadas aumenta, a intensidade das bandas de absorção diminui. Um único pico de absorção
em 230 nm pode ser relacionado a amostras de GO que apresentam de 1 a 3 camadas enquanto
amostras de GO multicamadas (4 – 10 camadas ou mais) apresentam deslocamento da banda
em 230 nm e um ombro em 310 nm (SHARON; SHARON, 2015). A confirmação do número
de camadas das amostras só pode ser feita através da microscopia de força atômica, mais
adiante.
70
Observa-se nos resultados analíticos, 5 eventos principais de perda de massa, sendo que
3 deles se sobrepõem aos eventos de outro material presente na amostra. Atribui-se esse
comportamento ao processo de lavagem que foi insuficiente. A amostra de GO foi analisada no
DRX e confirmada a presença de óxido de manganês, o que explica os eventos sobrepostos,
sendo que o difratograma é apresentado mais adiante.
72
atribuído ao plano (002). Conforme vai ocorrendo a oxidação do grafite, surgem picos
atribuídos a outros planos, confirmando a distância interplanar.
De acordo com a figura 34, os picos em evidência estão de acordo com os sinais da
forma cristalina do g-MnO2 ortorrômbico, sendo 2q = 21,63o, 37,19 o, 41,9 o, 42,42 o, 55,56 o,
66,67 o e 68,2 o com os planos cristalinos (1 2 0), (2 3 0), (0 0 2), (1 6 0), (2 4 2), (4 2 1) e (0 0
3), respectivamente (NADERI; REZA GANJALI; NOROUZI, 2016), confirmando assim, a
presença desse material como resíduo.
Figura 35. Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura da amostra de GO-2h com diferentes magnificações
Tanto o GO-2h quanto o GO-48h apresentam estruturas com tamanho lateral que
variam de 1 a 5 µm e de 1 a 20 µm, respectivamente. Ambos apresentam pontos de
empilhamentos, regiões de contraste variados que indicam espessuras variadas e folhas com
pequenas dobras, mais evidentes para o GO-48h, estando de acordo com a literatura (DAVE et
al., 2016). Os pontos claros do GO-2h com formas poligonais irregulares sugerem a presença
de partículas de óxido de grafite que não foram oxidados e esfoliados completamente. Não se
verifica pontos poligonais irregulares no GO-48h, o que indica que o material bulk obteve uma
oxidação de maior extensão sendo confirmada pelo mapeamento Raman (MEHL et al., 2014;
MUNUERA et al., 2016).
76
Para melhor visualização e investigação dos flakes e resíduos presentes nas amostras
de GO, foram feitas imagens de microscopia óptica. As Figuras 37 e 38 se referem ao GO-2h e
GO-48h respectivamente.
É possível verificar nas imagens de AFM e no perfil de altura dos flakes que o GO-48h
possui flakes com espessura entre 1,14 a 1,7 nm, comprovando a boa exfoliação auxiliada pelo
banho de ultrassom e água como solvente (EIGLER; GRIMM; HIRSCH, 2014). Como o
espaçamento entre folhas contíguas de GO pode variar entre 0,9 ± 0,1 nm (em ar úmido) para
1,3 ± 0,1 nm quando imerso em água (JOSHI et al., 2014), pode-se concluir que esta amostra
apresenta flakes com 1 a 2 camadas de GO.
Quanto a amostra do GO-2h, verifica-se nas imagens de AFM e no perfil de altura dos
flakes, que essa amostra possui flakes com espessura que variam entre 1,4 a 16 nm,
79
comprovando que o material menos oxidado oferece mais resistência ao processo de exfoliação
em banho de ultrassom (EIGLER; GRIMM; HIRSCH, 2014). Sendo assim, pode-se concluir
que o GO-2h possui flakes que variam entre 2 a 17 camadas (JOSHI et al., 2014).
A = Zeolita A: Na2Al2Si1.85O7.7.5.1H2O(38-241)
6000 Q = Quartzo: SiO2 (46-1045)
5000 A
A
A A
4000
Intensidade
A A
3000 A
2000
A
Q
A
A
A
1000 Q A A
A A
A A AA A A A A A
A AA A A
A A A
A AA
0
10 20 30 40 50 60 70 80
2q (°)
Figura 42. Imagens de MEV da Zeólitas A com magnificação de 5000 x (A), 9500 x (B), 10000 x (C) 1000 x
(D).
Conforme as micrografias acima, observa-se que a ZeoA pode ser vista com clareza,
sendo totalmente compatíveis com o formato descrito na literatura, com estruturas cúbicas,
dimensões laterais que variam entre 0,5 a 3 µm.
81
Figura 43. Imagens de MEV da MPSF com as magnificações: (A) superfície da membrana 1000 x, seção
transversal com (B) 2000 x, (C) 5000 x e (D) 8000 x.
Figura 44. Imagens de MEV da MPSFGO2h0.2 com as magnificações: (A) superfície com 1000 x, seção
transversal (B) 1000 x, (C) 3000 x e (D) 5000 x.
A superfície da membrana não apresenta poros visíveis Fig. 44A, mas mostra
rugosidade que pode ser atribuída a aglomerados de GO-2h que migraram para superfície
(ZHAO et al., 2013).
Na vista da seção transversal da membrana (Figs. 44 B a 44D) observam-se os mesmos
tipos de célula apresentadas na MPSF, no entanto, seu tamanho varia entre 4 a 7 µm.
Observa-se a presença de um aglomerado de GO (seta em azul) entre as células da base
polimérica, com tamanho aproximado de 12 µm, indicando uma dispersão deficiente do
nanomaterial.
Observa-se também pequenas estruturas lamelares dispersas no polímero,
principalmente próximo à superfície (setas em vermelho), que se assemelham aos flakes de GO,
o que indica que o nanomaterial pode colaborar com a redução de poros e a formação de uma
camada seletiva.
Figura 45. Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura da MPSFGO48h0.2 com magnificações: (A)
superfície 1000 x, seção transversal (B) 2000 x, (C) 3000 x e (D) 8000 x.
Observa-se em (A) que a membrana apresenta alguns poros em sua superfície, que
variam entre 0,5 a 13 µm, marcas de rugosidade que pode ser atribuído aos flakes de GO-48h
que podem migrar para superfície.
Nas imagens feitas da seção transversal (C) a (D), verificam-se células que variam entre
3 a 10 µm, seguindo o padrão das membranas de PSF. Em (B) e (C) é possível ver pequenas
estruturas lamelares (setas em vermelho) próximas à superfície, que podem ser atribuídas aos
flakes do nanomaterial.
Figura 46. Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura da MPSFGO48h2.0 com as magnificações: (A)
superfície 1000 x, seção transversal (B) 1000 x, (C) 3000 x e (D) 5000 x.
Observa-se em (A) que a membrana não apresenta poros em sua superfície, visíveis com
esta técnica, mas se percebe marcas de rugosidade e estruturas lamelares dos flakes de GO-48h
que podem ter migrado para superfície.
Nas imagens feitas em corte transversal (C) a (D), verificam-se células que variam entre
3 a 10 µm, seguindo o padrão das membranas anteriores.
Observa-se em (A) que a membrana não apresenta poros em sua superfície, que possam
ser vistas com esta técnica, mas se percebe marcas de rugosidade e estruturas geométricas
atribuídas às zeólitas que também migram para superfície.
Nas imagens feitas em corte transversal (C) a (D), verificam-se células que variam entre
3 a 10 µm, com distribuição mais desordenada, mais heterogênea, atribuídas às diferentes
dimensões das partículas de ZeoA.
Figura 48. Figura 47. Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura da MPSFGO48h0.7-ZeoA30 com as
magnificações: superfície (A) 1000 x, seção transversal (B) 1000 x, (C) 3000 x e (D) 5000 x.
Observa-se em (A) que a membrana não apresenta poros em sua superfície, que possam
ser vistas com esta técnica, mas é a que apresenta a maior quantidade de rugosidade que pode
ter sido provocado pelo GO e estruturas geométricas das zeólitas que também migram para
superfície.
Nas imagens feitas em corte transversal (C) a (D), verificam-se células difíceis de se
medir seus diâmetros por conta da distribuição altamente desordenada, com maior
heterogeneidade, atribuídas às diferentes dimensões das partículas de ZeoA e possivelmente,
por conta da maior concentração de GO-48h.
Em (B) e (C) é possível ver as zeólitas (setas em azul) dispersas de forma heterogênea
ao longo da membrana, porém, mais concentrada na superfície e alguns pontos de aglomerados
próximos a região inferior.
Também é bastante nítido as vibrações 𝜈S=O dos grupos sulfona nas regiões entre 1370
a 1300 cm-1 e 1350 a 1140 cm-1 (PAVIA et al., 2015).
superfície. Os polímeros também apresentam esta rugosidade devido ao modo com que suas
cadeias se conformam e durante a relaxação de suas estruturas químicas e interações
moleculares. Ainda que as superfícies dos polímeros não sejam perfeitamente planas e
homogêneas, utiliza-se o método da gota séssil para medir o ângulo de contato à temperatura
ambiente (KWOK; NEUMANN, 1999).
Em geral, a orientação das cadeias poliméricas é diferente na superfície das membranas
em relação ao interior do material. Na superfície, as cadeias podem se organizar de forma
planar, orientadas na superfície plana. Também podem ter algum grupamento de final de cadeia
atraído para a superfície, de forma que, neste caso, as orientações dos meros ocorrerão normais
à superfície. Nesses casos, pode-se considerar que a concentração de um grupo é maior na
superfície que no interior do material (CALLISTER, 2002; SPERLING, 2015).
Quando se faz a medição dos ângulos de contato utilizando-se líquidos de polaridades
diferentes, é possível quantificar a molhabilidade das membranas e calcular valores de energia
livre de superfície (ELS), de forma que se pode obter a diferença de energia entre a superfície
e o interior do material, levando em consideração a organização dos átomos e moléculas que o
constituem (COSTA, 2017).
Os testes foram realizados em 3 regiões distintas de cada membrana, aplicando-se uma
gota de água deionizada por região analisada da membrana. Em média, cada gota possui um
volume de 9 µL, a temperatura de teste foi de 20oC, o método de ajuste usado foi elipse
(tangente-1) com gota séssil. Para cada ponto analisado, foram realizadas 20 leituras para se
estabelecer os valores médios de ângulo de contato dos três pontos e o desvio padrão
correspondente. Estes pontos são os pontos de avanço. Ao final das 20 medidas tomadas de
cada ponto, foi retirado, aproximadamente, a metade do volume da gota, com auxílio de uma
micropipeta, e refeitas as medidas. Estas medidas, de menor volume da gota foram chamadas
de recesso. As medidas de avanço e recesso foram feitas com água deionizada e todas as 20
medidas de cada ponto foram realizadas em menos de 1 minuto. Para avaliação da componente
polar e dispersiva e cálculo da energia livre de superfície, foram utilizados os valores de avanço
para a água e para o etileno glicol. Os cálculos realizados utilizaram os modelos matemáticos
de FOWKES e OWRK (COSTA, 2017). São apresentadas na Tabela 10, as propriedades
intrínsecas dos líquidos utilizados.
92
Encontram-se na Figura 51, as imagens das gotas de água DI sobre as membranas, com
os valores de ângulo de contato para avanço e recesso. Na Tabela 11 encontram-se os valores
de ângulo de contato e a histerese calculada conforme a equação 2:
Figura 51. Imagens dos ângulos de contato de avanço e recesso para as membranas com água DI.
93
94
Tabela 12. Propriedades de superfície obtidas para os filmes poliméricos à temperatura ambiente.
Comparando os três modelos estruturais representados na Figura 52, pode-se ver que ao
aumentar a quantidade de grupos funcionais oxigenados, o composto PSF/GO melhora de duas
maneiras: (a) a membrana torna-se mais homogênea, os flocos de GO ficam bem dispersos. (b)
as vias para os sais na membrana aumentam, tornando a membrana mais eficiente para a
dessalinização. Para tornar esta última afirmação mais clara, calculou-se a área de superfície de
cada estrutura. Em relação ao PSF-Grafeno (A), a área superficial aumentou 7% para o PSF-
GO (unilateral) (B) e 13% para o PSF/GO (C). A inspeção visual na simulação do PSF-GO
sugere interação polares do GO com PSF através de pontes de hidrogênio e interações π-π.
A medida de fluxos de permeados é uma das técnicas que podem ser utilizadas para
determinar o tamanho de poros de uma membrana. Para se realizar o estudo, é necessário o uso
de uma câmara de fluxo que possua ponto de entrada para alimentação da solução salina, ponto
de coleta de permeado e ponto de coleta do rejeito, além de manômetros em cada ponto para se
medir os valores de pressão e também, a possibilidade de variar as pressões ao longo dos testes.
Neste trabalho, o sistema de filtração utilizado não dispunha de tais recursos. Por esse motivo,
os testes foram realizados a partir da pressão mínima capaz de iniciar a permeação da solução
de teste.
As vazões foram medidas cronometrando-se o escoamento da solução padrão a partir
da primeira gota de permeado que fluiu pelo sistema de filtração. Para tanto, a pressão de
filtração foi sendo aumentada até iniciar a passagem da solução. O fluxo foi calculado através
da equação 3 e os valores de permeabilidade foram apresentados em forma gráfica de fluxo
(L/h.m2) em função da pressão (Bar) (BAKER, 2012). Durante a avaliação da eficiência de
retenção dos sais, algumas membranas apresentaram maiores fluxos de solução enquanto outras
apresentaram maiores restrições.
D
E
𝐽C = F×H (eq. 3)
Onde:
Jp = fluxo do permeado (L/h.m2)
Vp = volume de permeado (L)
t = tempo (h)
A = área da membrana (m2)
100
(QERSTãU VQEWTXWRSU )
% 𝑅𝑒𝑚𝑜çã𝑜 = × 100 (eq. 4)
QERSTãU
Figura 54. Resultados comparativos da remoção de solutos das membranas MPSF e MPSFGOXhY.
na comparação com membranas que empregam GO-2h. Estes resultados estão em acordo com
a simulações de dinâmica molecular que indicam que a área superficial das membranas aumenta
com incremento na quantidade de grupamentos na estrutura do GO. Entre as membranas
preparadas com GO-48h, a de melhor desempenho foi MPSFGO48h0.2. Os resultados obtidos
para esta membrana indicam valores de remoção de 49,5% para Na+, 38,5% para K+, 60,1%
para Ca2+ e 59% para Mg2+. Em geral, as membranas mostraram melhor desempenho para
remoção dos cátions bivalentes, Ca2+ e Mg2+, do que para os cátions monovalentes, Na+ e K+.
Estes resultados sugerem uma seletividade no processo de retenção das espécies iônicas
governada pela relação carga/raio iônico. O raio iônico das espécies monovalente indica Na+
< K+ enquanto para os cátions divalentes Mg+ < Ca2+ (MARCUS, 1988). Fazendo-se o cálculo
da relação carga/raio iônico, visto na Tabela 13, se observa uma relação direta entre os valores
calculados com os resultados de remoção de sais dos ensaios de filtração.
As três membranas híbridas não conferiram remoção para os íons Na+, uma vez que a
ZeoA possui alto teor desses íons em sua estrutura cristalina e é um material trocador de íons
(IZIDORO, 2013). Entretanto, a MPSFGO48h2.0-ZeoA30 foi a que reteve maior concentração
de íons Na+, por que esta membrana apresenta um teor de 2% de GO-48h em relação à PSF.
Por conta disso, o GO-48h possivelmente adsorveu parte dos íons Na+ presentes nas partículas
da ZeoA, deixando passar para o permeado, apenas 23,8%. Este fato proporcionou uma redução
da capacidade de adsorver os íons K+, Ca2+, Mg2+, possivelmente saturando o nanomaterial.
Ainda que as membranas que possuam de 0,2 e 0,7% de GO-48h, expulsaram 167,6%
e 142,9% de Na+ em relação à concentração contida na solução de teste. Elas tiveram um
104
excelente desempenho de remoção para os outros íons, sendo que o melhor desempenho foi
para a MPSFGO48h0.7-ZeoA30, que rejeitou 43,4% de K+, 90,3% de Ca2+ e 87,5% de Mg2+.
Cabe destacar que a questão da não retenção deverá ser investigada em trabalhos futuros.
O exíguo tempo disponível para a finalização deste trabalho, não permitiu estender a
investigação para superar este inconveniente.
A partir dos gráficos da Figura 56, é possível observar que os teores de íons Na+
aumentaram ligeiramente para a MPSFGO48h0.2 enquanto houve um aumento expressivo para
o caso da MPSFGO48h0.7-ZeoA30. No primeiro caso, é possível ter ocorrido o processo de
osmose reversa enquanto no segundo, é mais provável que tenha ocorrido a migração dos íons
Na+ da ZeoA presente na superfície da membrana para o rejeito. Já para os íons K+, Ca2+ e
Mg2+, houve uma redução de seus teores presentes no rejeito, indicando que houve adsorção
pelas membranas, haja visto que também houve redução no permeado, conforme visto
anteriormente no item 4.4.2. Desta forma, pode-se concluir que a adsorção é o fenômeno
majoritário que ocorre nas membranas sintetizadas.
106
7 CONCLUSÃO
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