Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As Dificuldades Dos Professores Na Formulação Dos Objectivos
As Dificuldades Dos Professores Na Formulação Dos Objectivos
República de Angola
--- «» ---
Instituto Superior de Ciências da Educação
--ISCED --
LUANDA
OPÇÃO: Pedagogia
2017
República de Angola
--- «» ---
Instituto Superior de Ciências da Educação
--ISCED --
LUANDA
OPÇÃO: Pedagogia
2017
INTRODUÇÃO
Perante esta situação, é de todo interesse saber como é que os directores e inspectores
vêm os professores com dificuldades de formulação de objectivos para ajuda-los a vencer tais
dificuldades.
A motivação para este estudo surgiu na nossa actividade docente na base de vivências,
onde constatamos professores com inúmeras dificuldades de formulação de objectivos de
ensino.
Também analisamos a forma como os directores lidam com professores que apresentam
dificuldade de formulação dos objectivos.
Para aprofundar o conhecimento sobre este assunto, a partir dos pressupostos acima, foi
feita uma pesquisa, sobre as “As Dificuldades dos Professores na Formulação dos Objectivos
de Ensino na Disciplina de Língua Portuguesa: Caso da Escola Primaria Nº 1205 do Distrito
Urbano do Kilamba Kiaxi”, realizando um guia de entrevista que pretende ser analisado de
forma a compreender como é que os inspectores e os directores vêm esta problemática.
No segundo capítulo incidimos a nossa abordagem nas concepções teóricas que dão
corpo ao trabalho. Por outras palavras, sobre a fundamentação teórica, onde definimos os
termos e conceitos relacionados ao estudo.
1.1-Formulação do problema
Este tema em estudo carece de uma análise, visto que é através da formulação dos
objectivos que se determina antecipadamente o resultado de qualquer actividade. Então é
necessário que estes objectivos sejam formulados segundo os critérios da formulação dos
mesmos, tendo em conta a função didáctica da aula, procedimentos, actividades a realizar na
acção educativa.
É comum ouvir professores comentando que sua a disciplina tem muito conteúdo para
ser trabalhado, que o tempo disponível não é suficiente para trabalhar todo esse conteúdo, que
os alunos não são capazes de assimilar tudo que é trabalhado na disciplina de Língua Portuguesa
e que não se sabe o que fazer.
Assim, têm surgido vários problemas relacionados com a formulação dos objectivos nas
escolas. O professor não sabe ao certo que verbo utilizar para formular um determinado
objectivo e como escolher os objectivos que levem a concretizar os conteúdos que são
administrados na aula de Língua Portuguesa na 3ª classe.
Muitas vezes os objectivos que são traçados não são em função do aluno, o professor
improvisa a sua aula, não sabendo que objectivos escolher para que as finalidades da aula sejam
atingidas.
Os conteúdos estão ligados aos objectivos assim como os objectivos estão ligados aos
conteúdos que se deseja alcançar e aos métodos de ensino que possibilitarão atingir tais
objectivos. Devem preparar os alunos para solucionar problemas e trabalhar em equipas,
comunicar-se, emitir juízos de valor, assumir posição de líder e de subordinado, desenvolver
valores e qualidades de personalidade e desenvolver uma cultura científica, ética profissional e
responsabilidade social.
Temos observado um fraco interesse por parte dos professores nesta questão, são poucos
os seminários de capacitação para ajudar os professores no problema da formulação dos
objectivos educacionais.
A direcção da escola pouco ou nada faz para pôr cobro a esta situação. A maioria dos
professores apresenta problemas na formulação dos objectivos educacionais, porque na sua
maioria não tem agregação pedagógica o que dificulta na formulação dos objectivos
educacionais para que estes sejam atingidos. E como resultados assiste-se um elevado índice de
reprovações e alunos que transitam com muitas lacunas para outras classes.
Na perspectiva de Vygotsky (2001:19)e seus seguidores "o processo de ensino-
aprendizagem se organiza a partir da formulação dos objectivos ligados às acções que o aluno
deve desenvolver e ao perfil que deve apresentar no final de um grau de estudos". Os conteúdos
devem ser seleccionados de forma a garantir a formação de conhecimentos e características da
personalidade é necessária para a realização de diferentes tipos de actividades. Esses conteúdos
devem ser estruturados de forma sistemática. O processo de ensino-aprendizagem precisa
considerar os componentes funcionais da actividade que são a orientação, a execução e o
controle; a relação professor-aluno assume uma nova característica cabendo ao professor
orientar e guiar o processo de aprendizagem considerando os interesses do aluno e suas
possibilidades de desenvolvimento.
Por esta razão, as autoras deste trabalho de fim de curso, sentiram-se motivadas em
investigar o problema para identificar e explicar as causas que estão por detrás dessas
dificuldades (formulação de objectivos) e que minimamente já não deveria ser problema para
os professores de acordo com o perfil de saída da formação de professores e dos seminário de
capacitação que os professores tem frequentado e, a partir daí, propor alguns procedimentos
para colmatar as dificuldades existentes neste professores a fim de ajuda a tornar mais capazes
no exercício da sua missão docente.
Diante da problemática em referência, formulamos como pergunta de partida ou
problema de estudo (de forma implícita), “A importância da Formulação dos Objetivos
Educacionais no Processo Pedagógico, especialmente na disciplina de Língua Portuguesa”.
1.2-Questão de estudo
Objectivo geral
Objectivos específicos
Pretendemos com a realização deste estudo apelar aquém de direito para que se reflita
sobre a problemática em torno da formulação dos objectivos no processo de
ensino/aprendizagem, desenvolvendo nos professores competências habilidades na formulação
dos objectivos tanto gerais como específicos, tendo em conta a melhoria da qualidade de ensino.
Estas considerações servem para despertar os professores quanto ao cuidado que devem
ter ao formular objectivos, sabendo que é uma meta a ser atingida no processo de
ensino/aprendizagem, que servirá para desenvolver o homem na sua integridade.
A elaboração de um plano de ensino, qualquer que seja o seu nível, inicia-se com a
formulação de objectivos. Por essa razão, qualquer planeamento consequente requer
primeiramente a definição clara e precisa do que se espera que o aluno seja capaz de fazer após
a conclusão de um curso, disciplina, unidade ou aula.
2.1.1- Professor
Queremos de principio apresentar um texto sobre ser professor do livro sou professor
citado por Freire (2014:83)
O professor abre a vida à criança, aquele que acompanha em seu processo de descoberta
e de experimentação do mundo, mediante o acompanhamento desde a infância até a idade
adulta. Sendo assim, professor é aquele que transforma o individuo, ajuda a desenvolver suas
capacidades ao criar as competências para que o aluno consiga, por si, resolver e solucionar os
diferentes problemas que possam surgir.
Segundo Freire (2014:25) o professor é a luz, a referencia, o farol que indica caminhas
e ensina a caminhar.
Hoje o professor está envolvido num papel central em tudo isto, pois é sobre ele que
recai a tarefa de pôr em prática qualquer forma de educação que procuremos desenvolver. Neste
ambiente moderno, o professor já não pode ser funcionário cego; a sua tarefa está a tornar-se
crescentemente mais difícil, de muitas maneiras. Quer a teoria quer a bibliografia moderna
acerca da educação aumenta continuamente a um ritmo cada vez mais acelerado, pelo que é
agora confrontado com a difícil situação de que quanto mais saber acerca do processo educativo
mais exigente se torna a tarefa de avaliar as diferentes alternativas.
Segundo Haydt (2010: 57) o professor tem, basicamente, duas funções na sua relação
com o aluno:
• uma função incentivadora e energizante, pois ele deve aproveitar a curiosidade natural
do educando para despertar o seu interesse e mobilizar seus esquemas cognitivos (esquemas
operativos de pensamento);
• uma função orientadora, pois deve orientar o esforço do aluno para aprender, ajudando-
o a construir seu próprio conhecimento.
O professor, portanto, em sua actividade docente, poderá estar trabalhando para mudar
a sociedade ou para conservá-la na forma em que ela se encontra. Neste sentido, Maria Teresa
Nidelcolff (citado por Piletti 2007:20) apresenta três tipos de postura possíveis para o professor:
a) Existem mestre para quem tudo está muito bem do jeito que está e para quem os
valores e as características da sociedade actual não devem mesmo ser difundidos.
Eles actuam conscientemente como representantes do actual regime social,
assumindo a responsabilidade de incorporar os alunos a tal regime, e de adaptá-los
ao sistema de vida aos valores que a sociedade propõe.
b) Outros, que são a maioria, definem-se a si mesmos como professores e nada mais,
professores-professores. Afirmam que a escola e a politica é politica. Em outras
palavras: eles não percebem ou não querem perceber as implicações ideológicas e
sociais de muitas das tarefas e dos ritos escolares.
c) A terceira opção pode ser definida como o professor-povo. Ele não acredita que sua
missão seja difundir entre o povo os valores do opressor; ao contrário, acredita que
o sentido de seu trabalho é ajudar o povo a se descobrir, a se expressar, a se liberar.
Quer construir a escola do povo, a partir do povo. Ou seja, professor do povo é
aquele que quer contribuir através do seu trabalho para a criação de homens novos
e para a edificação de uma sociedade também nova, onde se dê primazia aos
despossuídos e onde o povo se torne protagonista. Ele será um professor para
modificar, não conservar.
Cabe ao professor, durante sua intervenção em sala de aula e por meio de sua interação
com a classe, ajudar o aluno a transformar sua curiosidade em esforço cognitivo e a passar de
um conhecimento confuso, sincrético, fragmentado, a um saber organizado e preciso. Haydt
(2010:57)
- Assegurar aos alunos o domínios mais seguro e duradouro possível dos conhecimentos
científicos;
Para que o professor possa atingir efectivamente os objectvos, é necessário que realize
um conjunto de operações didácticas coordenadas entre si, que são a planificação, a direcção
do ensino/aprendizagem e a avaliação.
Para Gandhi (citado por Freire 2014:88), o professor “precisa ser as transformações que
queremos ver no mundo”.
Concordando com este autor, podemos dizer que o aluno ou a realidade do aluno é o
elemento fundamental a ter em conta para a formulação dos objectivos. Ou seja, sempre que se
pretende formular os objectos devemos saber quem irá alcançar.
Podemos ainda dizer, que o professor espera atingir certos resultados durante a sua
atuação pedagógica, estes resultados só será possível se houver uma interação entre o professor
e aluno e o professor fazer o uso de meios como métodos e recursos de ensino.
Portanto, segundo Piletti (2007:65) “os objectivos educacionais são metas e os valores
mais amplos que a escola procura atinguir.”
Do ponto de vista de Doron e Parot "os objectivos educativos é o efeito esperado de uma
acção educativa, descrito previamente em termos de capacidade do formando" (2001:537).
2.1.3- Ensino
Segundo o conceito etimológico, ensinar (do latim signare) é colocar dentro, gravar no
espirito. De acordo com esse conceito ensinar é gravar ideias na cabeça do aluno. Nesse caso,
o método de ensino é o de marcar e tomar a lição.
Após varias criticas sobre este conceito tradicional de ensino, surgiu a teoria
denominada Escola Nova.
A Escola Nova veio dar uma outra visão de ensino, considerando que:
2.1.4- Escola
Durante muito tempo, a escola foi um meio de educação dirigido somente a algumas
pessoas, classes e grupos privilegiados. A posição do Estado relativamente à educação escolar
era de desinteresse e de alheamento.
A partir do século XX, e como consequência indirecta das revoluções liberais ocorridas
nos países europeus, a educação formal passa a ter um papel essencial no progresso e harmonia
social e, desta forma, “a escola é o local por onde todos devem passar” Pires et al. (1991:78).
a) Domínio cognitivo
Conhecimento: evocação de algo que tenha sido aprendido. Os objectivos neste nível
podem ser expressos por verbos como: citar, identificar, listar e definir. Por exemplo:
“Definir o conceito de pronome pessoal”
Compreensão: reafirmação do conhecimento sob novas formas. Neste nível, o indivíduo
conhece o que está sendo comunicado e pode fazer uso do respectivo material ou ideia.
Não se torna capaz, no entanto, de relacioná-lo a outro material ou de perceber suas
implicações mais complexas. Os objectivos neste nível podem ser expressos por verbos
como: ilustrar, exemplificar e traduzir. Por exemplo: “explicar as regras de escrita”
Aplicação: uso de abstracções em situações particulares e concretas. As abstracções
podem apresentar-se sob a forma de ideias gerais, princípios técnicos ou regras de
procedimento que devam ser aplicadas. Os objectivos neste nível podem ser expressos
por verbos como: aplicar, demonstrar, usar, inferir etc. Por exemplo: “aplicar o princípio
da resistência a situações práticas em Aerodinâmica”
Análise: separação de um todo em suas partes componentes. Em sua forma mais
elementar, a análise envolve uma simples relação de elementos. Num nível mais
elevado, implica determinar a natureza do relacionamento entre esses elementos. Os
objectivos neste nível podem ser expressos com verbos como: analisar, distinguir,
categorizar e discriminar. Por exemplo: “Distinguir juízos de facto de juízos de valor”
Síntese: Combinação conjunta de certo número de elementos para formar um todo
coerente. Envolve o processo de trabalhar com peças, partes ou elementos, dispondo-os
de forma a construir um padrão ou estrutura que antes não estava evidente. Os objectivos
neste nível podem ser expressos por verbos como: resumir, compor, formular e deduzir.
Por exemplo: “resumir uma obra literária”
Avaliação: julgamento acerca do valor do material e dos métodos para propósitos
determinados. Esta categoria constitui o mais alto nível da taxonomia do domínio
cognitivo. Seus objectivos podem ser expressos por verbos como: avaliar, criticar,
julgar, e decidir. Por exemplo: “avaliar um plano de disciplina, levando em consideração
o conteúdo programático e o nível de conhecimento dos alunos”
b) Domínio afectivo
Imitação: observar uma acção e tentar repeti-la, ou observar um produto acabado e tentar
explicá-lo. Os objectivos neste nível podem ser expressos por verbos como copiar,
duplicar, imitar, repetir, reproduzir. Por exemplo repetir os movimentos de braço do
professor.”
Manipulação: desempenhar uma habilidade ou elaborar um produto de uma forma
reconhecível, seguindo mais instruções do que observações. Objectivos neste nível
podem ser expressos por verbos como: adquirir, completar, manipular, operar e
produzir. Por exemplo: “Operar um cronómetro segundo instruções contidas no
manual.”
Precisão: desempenhar com proficiência uma acção ou elaborar um produto com
precisão e sem hesitação. Objectivos neste nível podem ser expressos por verbos como:
alcançar, concluir, refinar, superar e transcender: “concluir a elaboração de um molde
de prótese dentária.”
Articulação: modificar procedimentos com vista a adequá-los a novas situações.
Objectivos neste nível podem ser expressos por verbos como: adaptar; alterar; mudar;
reorganizar e revisa.
Naturalização: desenvolver novas acções ou formas de manipular materiais,
transcendendo as habilidades já desenvolvidas, de maneiras automática (sem pensar).
Os objectivos neste nível são expressos por verbos como arranjar; combinar, compor,
construir e criar.
Apesar dos três domínios do ser humano, os objectivos referem-se apenas a uma
realidade total do homem concreto, como uma unidade física, psicológica, intelectual, social e
moral.
AMOSTRA DE VERBOS
NÍVEL DEFINIÇÃO
OBJECTIVO OBJECTIVO
GERAL ESPECÍFICO
O aluno irá recordar ou Enumerar, definir, descrever,
identificar, denominar, listar,
CONHECIMENTO
reconhecer informações,
fatos, fenómenos, idéias e nomear, combinar, realçar,
princípios na forma apontar, relembrar, recordar,
(aproximada) em que foram Conhecer relacionar, reproduzir,
aprendidos. solucionar, declarar,
distinguir, rotular,
memorizar, ordenar e
reconhecer.
O aluno traduz, compreende Alterar, construir, converter,
ou interpreta informação decodificar, defender,
com base em conhecimento definir, descrever, distinguir,
prévio. Organiza a discriminar, estimar,
COMPREENSÃO
generalizar, inventar,
Sintetizar modificar, organizar,
originar, planejar, propor,
reorganizar, relacionar,
revisar, reescrever, resumir,
sistematizar, escrever,
desenvolver, estruturar,
montar e projetar.
O aluno aprecia, avalia ou Avaliar, averiguar, escolher,
AVALIAÇÃO critica com base em padrões comparar, concluir,
e critérios específicos contrastar, criticar, decidir,
defender, discriminar,
Avaliar explicar, interpretar,
justificar, relatar, resolver,
resumir, apoiar, validar,
detectar, estimar, julgar e
selecionar.
2.3- Tipos de Objectivos
a) Objectivos gerais – são aqueles previstos para um determinado grau ou ciclo, uma
escola ou uma certa área de estudos, e que serão alcançados a longo prazo. Haydt
(2010:114)
Para Libâneo (1994: 121) “os objectivos gerais expressam propósitos mais amplos
acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas pela realidade social e diante
do desenvolvimento da personalidade dos alunos”.
- Pelo sistema escolar, que expressa as finalidades educativas de acordo com ideias e
valores dominantes na sociedade;
- Pelo professor, que concretiza no ensino da matéria a sua própria visão de educação e
de sociedade.
O professor deve ligar os objectivos específicos aos objectivos gerais, tendo em conta a
situação da sociedade, da escola, da matéria e dos alunos em que serão aplicados.
Neste contexto, queremos dizer que deve haver, portanto, uma relação entre os
objectivos gerais e os objectivos específicos. Segundo Libâneo (2006:124) os “objectivos gerais
podem auxiliar os professores na selecção de objectivos específicos e conteúdos de ensino.”
Segundo Bloom citado por Piletti (2007:83) “a formulação de objectivos tem por
finalidade classificar para o professor, em sua própria mente, ou comunicar a outros as
mudanças desejadas no aprendiz.”
- Comunicar de modo mais claro e preciso seus propósitos de ensino aos próprios alunos,
aos pais e a outros educadores.
Para tal, não se deve, apenas, simplesmente copiar os objectivos, conteúdos e métodos
previsto no programa oficial do ministério da educação, mas deve-se reavalia-los em função de
objectivos sociopolíticos que expressem os interesses do povo, das condições da escola, da
problemática social vivida pelos alunos, das peculiaridades socioculturais e individuais dos
alunos. Neste sentido, os objectivos devem estar relacionados com os conteúdos e os métodos.
“Os métodos não têm vida independentemente dos objectivos e conteúdos, assim como a
assimilação dos conteúdos depende tanto dos métodos de ensino.” Libâneo (2006:153)
A primeira consideração que devemos fazer a esse respeito é que o conteúdo de ensino
não é a matéria em si, mas uma matéria de ensino seleccionada e preparada pedagógica e
didacticamente para ser assimilada pelos alunos. Libâneo (2006:153)
De acordo com este autor podemos compreender que não basta simplesmente transmitir
a matéria, mas, é necessário considerar que a matéria de ensino está determinada por outros
aspectos politico-pedagógicos, lógicos e psicológicos, o que significa considerar a relação
objectivos, conteúdo e métodos.
Por exemplo, para uma aula de leitura estabelecemos objectivos, conteúdos e métodos.
Se decidimos aplicar o método de leitura expressiva, nosso objectivo é que o aluno domine uma
habilidade de leitura. Neste caso, o método se converte em objectivo e conteúdo.
Ela é constituída por 16 salas de aulas, que funcionam em regime de dois turnos, dois
gabinetes para direcção, uma sala de professores, uma secretária administrativa, um pátio, dois
wc e uma guarita.
Segundo Flick (citado em Vieira, 2005:217) assim, podemos afirmar que a “amostra
relativa aos nossos participantes pode ser caracterizada como uma amostra de conveniência,
uma vez que os participantes foram selecionados por facilidades, tendo em conta a
disponibilidade demonstrada pelos mesmos”.
Segundo Laurindo Vieira (2016) “a opção por uma metodologia qualitativa decorre do
facto de se pretender compreender a visão dos diversos actores entrevistados sobre a
problemática em análise” (2016:63).
Segundo Mayo, citado por Neves e Domingues (2007:18), “é importante sabermos que
a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenómenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.
Santos Filho (2001) reforça a ideia de que a base do paradigma qualitativo está na
“interpretação” de uma dada realidade sociocultural, e não especificamente na “quantificação”
dessa realidade. Tal processo envolve a tentativa de compreender os outros mediante o estudo
interpretativo das suas singularidades em linguagem, gestos, arte, política, leis etc.
Segundo Pinto (2009: 11) “a pesquisa descritiva pode assumir diversas formas, entre as
quais se destacam: pesquisa bibliográfica, documental, de campo, de opinião, de motivação,
exploratória, histórica e estudo de caso.”
Na nossa óptica, a pesquisa qualitativa possibilita fazer descobertas, achar novas ideias
acerca do tema estudado, discutir e avaliar o que já é conhecido, confirmar e reconhecer os
conhecimentos como algo inacabado ou seja os conhecimentos faz se de forma contínua.
Segundo Cervo e Bervian (1976:69) “qualquer tipo de pesquisa em qual quer área do
conhecimento, supõe e exige pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento da
situação em questão, quer para a fundamentação teórica.”
Esta técnica foi aplicada para recolher informações em livros, enciclopédias, revistas,
jornais, folhetos, boletins, monografias, teses, dissertações sobre as dificuldades na formulação
dos objectivos e compreendermos as respostas dos nossos entrevistados acerca dos guiãos em
anexos que aplicamos aquando das entrevistas realizadas por nossa parte.
3.4.1.2- Entrevista
Segundo Duarte e Mnayo, citado por Neves e Domingues (2007: 62), a entrevista é a
obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Podemos
dizer que a entrevista é uma técnica de investigação composta por um conjunto de perguntas
orais dirigida a um ou mais indivíduos a serem entrevistados, com finalidade de recolher
informações sobre o tema investigado. A entrevista pode ser: estruturada, semi-estruturasa e
não estruturada.
No nosso estudo optamos pela entrevista semi-estruturada uma vez que procura garantir
que os diversos participantes nomeadamente: o director, subdirectores e professores
seleccionados aleatoriamente, respondam as mesmas questões e mantenham um grau elevado
de flexibilidade na exploração das questões. Ajuda na optimização do tempo disponível e
introdução de novas questões. E tendo em conta a temática do nosso trabalho, as questões foram
dirigidas num ambiente ameno e de interacção harmoniosa, no sentido de deixar os nossos
entrevistados descontraídos para melhor recolha de dados. Concordamos com Marconi, M. &
Lakatos, E. (2008:279), “que sublinham que na entrevista estruturada, quando o entrevistador
tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direcção que considere adequada, é
uma forma de poder explorar mais amplamente a questão”. Por isso nós permitimos que os
nossos entrevistados se sentissem o mais à vontade possível.
3.4.2- Instrumentos
Os instrumentos utilizados para este trabalho foram o guião de entrevista em anexos 1,2
e análise de documentos. Para nós os guiãos de entrevistas em anexos permitiram-nos a
obtenção dos resultados do nosso trabalho, onde os mesmos entrevistados responderam as
questões em causa sobre a pesquisa realizada, e análise de documentos, que espelha como a
escola em estudo encontra-se estruturada em termos de organização administrativa e
pedagógica.
Neste contexto, as questões éticas foram tidas em conta durante a pesquisa, auscultou-
se a opinião dos entrevistados de forma clara e foi prometido a todos os entrevistados o
anonimato pela entrevista no momento da elaboração do trabalho, porque o mais importante
para o estudo é a opinião do entrevistado e aspectos ligados à contextualização.
3.6.1- Procedimentos
Para efectuar esse trabalho de pesquisa, tivemos que observar os seguintes passos e
procedimentos:
Primeiro, fizemos a escolha do tema, sua aprovação pela direcção académica, seguido
dos respectivos acertos com o tutor;
Depois de uma abordagem nos capítulos I e II, é chegado o momento para apresentarmos
os resultados e as percentagens fixados em tabelas. Segundo Gil (2009:113) diz que o processo
de análise dos dados envolve diversos procedimentos: Codificação das respostas, tabulação dos
dados e cálculos estatísticos. Relativamente a análise, pode ocorrer também à interpretação dos
dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos
com outros já conhecidos, quer seja derivado de teoria, quer seja dBe estudo realizado
anteriormente.
“Os objectivos são o marco director de uma aula. Outrossim não teria razão
de ser. Os objectivos são tão importantes quantos os outros elementos do
processo de ensino, mas posso afirmar que todos outros elementos virão apenas
para fazer cumprir que os objectivos sejam alcançados” (Entrev. SDP).
Referindo-se ainda a importância dos objectivos o SDP realça que, “primeiro temos de
ter os objectivos bem traçados para depois termos os outros elementos” (Entrev. SDP).
Categoria 2. Selecção adequada dos objectivos por parte dos professores com fins de
obter sucesso na aula de Língua Portuguesa.
Para a DG,
“Se no acto da selecção dos objectivos da aula, este não for feito de forma
profissional e inteligente, todo processo de ensino e aprendizagem será
comprometido, uma vez que o que se espera duma aula é que aquilo que temos
propósito, vontade e desejo em relação aos nos alunos seja alcançado. Daí
chamar atenção aos professores e todos os agentes da educação que os
objectivos de ensino devem ser criteriosamente seleccionados ou elaborado uma
vez que estes fazem parte do cerne da aula em questão” (Entrv. DG).
Já a SDP considera “os objectivos como sendo a razão pela qual se realiza o processo
de ensino e aprendizagem” (Entrv. SDP). Ainda segundo o nosso entrevistado:
“Não consigo imaginar uma aula sem objectivos de ensino, por esta e tantas
outras razões, os objectivos de ensino da Língua Portuguesa devem ser
seleccionadas de forma clara e objectiva, garantindo assim qualidade na
aprendizagem e uma maior participação dos outros agentes educativos”
(Entrev. SDP).
No ponto de vista da DG
Para o SDP afirma que “é sua tarefa verificar todos os dias as planificações diárias”, e
Ainda segundo o nosso entrevistado diz:
Para o SDP, a sua opinião não foi contra a da directora quanto a esta categoria,
afirmando:
Quanto aos procedimentos, tal como nas entrevistas anteriores, nas entrevistas dos
professores procuramos obedecer os mesmos critérios de análise, começando com uma leitura
dos resultados, seguida da pré-análise e posteriormente a discussão dos resultados.
O P1 afirma que:
Seleccionar verbos ou usar verbos que permitam perceber que o objectivo esta
centralizado no aluno e identificar quando é que o objectivos esta direcionado para o aluno.
O P3 diz:
Para alem do factor área de formação, um outro factor, tem haver com a política
do país, porque existem temas que deviam ser focados com um teor mais
académico e democrático e não são focados.
Motivo este que nos leva a pensar que um dos factores a ter em conta nas dificuldades
dos professores para formulação dos objectivos é a ignorância e a preguiça de investigação.
Pois muitos professores não gostam de se actualizar e muito menos de ir a busca de novos
saberes.
Esta taxonomia pode nos ajudar a formular os objectivos tendo em conta com
os domínios que desejamos alcançar nos alunos.
Com base a afirmação deste professor podemos perceber que ele ao formular os
objectivo não obedece o principio de que o objectivo deve focar o comportamento do educando.
Conforme afirma Haydt (2010:116) “focalizar o comportamento do aluno e não o do professor
- não se refere ao comportamento do professor, mas o do educando, descrevendo o
comportamento que se espera observar no aluno em decorrência da experiência educativa que
lhe é proporcionada”.
Categoria 6. Sugestões dos Professores à Direcção da escola para colmatar ou
minimizar com as dificuldades dos professores de Língua Português na formulação dos
objectivos.
A direcção da escola deve promover seminário de capacitação, palestras com tem ligado
a formulação de objectivo e com outras áreas da pedagogia e incentivar os professores a
formação.
Ao longo da entrevista nos deparamos com uma reclamação por parte do P4 que dizia:
Com base na analise e interpretação dos dados das entrevistas podemos afirmar que
formulação dos objectivos de ensino-aprendizagem na disciplina de língua portuguesa da 3ª
classe na referida escola é feita de forma deficiente porque:
- Quanto aos factores que estão na base das dificuldades dos professores na formulação
dos objectivos de ensino na disciplina de Língua Português, identificamos o factor área de
formação dos professores e as políticas educativas que rege o país.
Em suma, essa temática, ainda tem espaço para novas investigações e novas reflexões,
até porque há um farto material de análise encerrado nas respostas dos entrevistados que pode
despertar interesse em outras linhas de pesquisa.
SUGESTÕES
Após a elaboração do nosso trabalho na escola em estudo, apresentamos as seguintes
sugestões:
- Que os profissionais ligados directamente a formação dos docentes que trabalhem com
profissionalismo e rigor.
- Que a direcção da escola crie distribua nos professores uma copia da grelha de
taxonomia de Bloom ou afixa na sala dos professores.
BLOOM, B. et alii. (1973), Taxionomia dos objetivos educacionais; Globo Porto: Alegre.
CERVO, A. L. & BERVIAN, P. A. (1976), Metodologia Científica; São Paulo: McGraw- Hill
do Brasil.
GIL, A. C. (2002), Como Elaborar Projetos de Pesquisa; 4ª ed; São Paulo: Atlas.
LIEBSCHER, Peter; (1998), Teaching Quantitative and Qualitative Methods in a LIS Masters
Program Library Trends. V. 46, n. 4, Spring.