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Domínio: Sedimentação e rochas sedimentares

Parque Geológico de Danxia Landform Zhangye (China)


Depósitos de arenitos e de vários minerais que ocorreram há mais de 24 Ma.

As rochas sedimentares constituem apenas 5% a 10% do volume total da crusta terrestre.


Contudo, cerca de 75% da superfície terrestre é coberta por este tipo de rochas.
Rochas
preexistentes
As ROCHAS SEDIMENTARES formam-se à
Meteorização superfície da crosta terrestre ou perto dela
Sedimentogénese

(onde as condições de pressão e temperatura


Erosão
são baixas) a partir da deposição de materiais
Transporte provenientes de rochas preexistentes, da
transformação de restos de seres vivos ou por
Sedimentação
precipitação química.
A formação de uma rocha sedimentar implica
Diagénese
uma sequência de acontecimentos (ciclo
sedimentar) que têm duas grandes etapas:
Rochas
sedimentares sedimentogénese e diagénese.
Meteorização
Alteração das rochas.

Erosão
Remoção dos detritos resultantes
da meteorização.

Sedimentação
Transporte Quando os detritos se depositam,
Deslocação dos detritos pela água e vento. passam a denominar-se sedimentos.
A deposição dos sedimentos ocorre
em camadas sucessivas e horizontais
— estratos — num ambiente calmo,
denominado bacia de sedimentação.

A sedimentogénese corresponde ao conjunto de alterações de uma rocha até à formação de sedimentos


(meteorização, erosão, transporte e sedimentação).
A diagénese corresponde a um conjunto de processos que transformam sedimentos soltos em rochas
compactas. Envolve a compactação e a cimentação.

Compactação

Cimentação
METEORIZAÇÃO - Alteração química e/ou física das rochas. Ocorre quando estas, à superfície, estão sujeitas
à ação dos agentes da geodinâmica externa (água, vento, …) e a condições de pressão e temperatura
diferentes daquelas em que se formaram.

A meteorização física potencia a


meteorização química: a fragmentação da
rocha aumenta a sua superfície de exposição
aos agentes de meteorização química.

Meteorização física
Fragmentação da rocha
em fragmentos menores.

Meteorização química
Alteração da composição química
e mineralógica das rochas.
A meteorização física ou mecânica consiste na fragmentação da rocha em fragmentos cada vez menores,
os clastos ou detritos, mantendo as características químicas e mineralógicas da rocha.
Predomina em regiões áridas, desérticas e montanhosas.

Meteorização física

Desagregação em
fragmentos cada vez
menores.

Conservação das
características do
material original.

Aumento da superfície
de exposição aos
agentes de
meteorização.
AÇÃO DA CRESCIMENTO DE
AÇÃO DO GELO OU AÇÃO DOS SERES
TEMPERATURA OU MINERAIS OU
CRIOCLASTIA: ALÍVIO DA PRESSÃO: a VIVOS: o
TERMOCLASTIA: HALOCLASTIA:
expansão das descompressão crescimento das
dilatações e expansão de
fraturas devido ao resultante da erosão raízes das plantas
contrações dos fraturas devido à
congelamento de das camadas que
água, e
diferentes minerais formação e
recobrem a rocha,
e as galerias
que constituem uma desenvolvimento de escavadas pelos
consequente provoca um alívio
rocha quando sais ou outros animais dilatam
aumento de de carga e a fratura
submetidos a minerais, que
volume, retida no da rocha. as fendas das
grandes variações sofreram
seu interior. rochas.
de temperatura. precipitação.
① Crioclastia ou ação do gelo

Por diminuição da temperatura, a água


acumulada nas fraturas e fendas das
rochas pode congelar, aumentando de
volume. O gelo exerce uma pressão que
provoca o alargamento das fissuras e a
desagregação da rocha.

Gelo
② Termoclastia ou ação da temperatura

Em locais com grandes amplitudes térmicas, os minerais das rochas experimentam dilatações e contrações
sucessivas (a rocha dilata quando a temperatura aumenta e contrai quando diminui), levando à sua
fraturação.
③ Haloclastia ou crescimento de minerais

A água que existe nas fraturas das rochas contém sais dissolvidos. Com a evaporação da água, os cristais
precipitam e crescem, e exercendo uma força expansiva, que contribui para ampliar a largura das fendas.

Salpicos de água do mar


originam pequenos depósitos
de halite em fendas nas rochas.
④ Alívio da pressão ou exfoliação mecânica

A redução da pressão sobre uma massa rochosa pode causar a sua


expansão e posterior fragmentação. As rochas formadas em profundidade,
como as rochas magmáticas plutónicas, quando aliviadas do peso das
rochas suprajacentes, expandem, fraturam e formam diáclases (fraturas).
Este processo está na origem da formação dos blocos arredondados,
característicos da paisagem granítica. Se as fraturas forem concêntricas,
semelhantes a camadas de cebola, chama-se disjunção esferoidal.

Diáclases
Disjunção esferoidal
⑤ Ação dos seres vivos ou atividade biológica

As raízes das plantas que crescem em fendas de rochas contribuem para a separação dos blocos. Alguns
animais escavam tocas ou galerias, favorecendo a desagregação dos blocos rochosos.
A meteorização química consiste na alteração dos minerais primários da rocha por ação, sobretudo, da
água e dos gases atmosféricos (O2 e CO2), e deve-se, essencialmente, ao facto de muitos dos minerais das
rochas serem estáveis no ambiente em que se formaram, mas tornarem-se instáveis nas novas condições
superficiais. É mais rápida e intensa em regiões de clima quente e húmido (favorece as reações químicas)
e quando a rocha se encontra desagregada.

Meteorização química

A estrutura interna dos minerais é alterada, podendo ocorrer


remoção ou introdução de elementos químicos, levando à
formação de novos minerais (minerais de neoformação), mais
estáveis nas novas condições ambientais.

Os minerais são totalmente dissolvidos (ainda que


posteriormente possam voltar a precipitar).
Na natureza, a acidificação da água é frequente pois o CO2 pode reagir com a água, formando ácido
carbónico, que tende a ionizar-se, de acordo com a reação seguinte:

H+
H2O + CO2 H2CO3
(ácido carbónico) HCO3-
(ião hidrogenocarbonato)

O ácido carbónico é o
principal ácido envolvido
na meteorização química
das rochas.

A acidez deve-se essencialmente à dissolução de CO2 quando a


água da chuva se forma na atmosfera ou quando a água circula
pelo solo e rochas, dissolvendo o CO2 existente. Estas águas
acidificadas reagem com os minerais, provocando a sua
alteração, destacando-se duas reações:
▪ Hidrólise
▪ Dissolução
① Hidrólise

Os iões hidrogénio (H+), que podem ter origem na água ou num ácido, substituem catiões (K+, Na+, Ca2+) na
estrutura cristalina dos minerais.

Caulinização – hidrólise do feldspato (ortóclase)


No granito verifica-se a substituição do K+ do
2 KAℓSi3O8 + H2CO3 + H2O → Aℓ2Si2O5(OH)4 + K2CO3 + 4 SiO2
Feldspato Ácido Caulinite Sílica feldspato potássico pelo H+, formando-se um
carbónico (mineral de argila) novo mineral de argila – a caulinite.

Exploração de caulinite
(mineral de neoformação
bastante estável à
superfície) na Indonésia
② Dissolução

Os minerais reagem com água ou com ácido, quebrando a ligação química entre os iões, que ficam
dissolvidos em solução.

A halite é um mineral muito solúvel na água. A calcite, presente nas rochas calcárias, não é

Quando em contacto com esta, dissolve-se solúvel na água mas reage facilmente com

originando água salgada, com iões de cloro e de água acidificada, formando produtos solúveis.

sódio dissolvidos: Esta reação de alteração dos calcários designa-


se carbonatação e traduz-se pela seguinte
NaCℓ + H2O → Na+ + Cℓ- reação:
(Halite)

CaCO3 + H2CO3 → Ca2+ + 2(HCO3-)


(Calcite)
② Dissolução A carbonatação é responsável pela
formação de grutas em zonas cársicas
CaCO3 + H2CO3 → Ca2+ + 2(HCO3-)
Carbonato de cálcio Ácido Ião cálcio Ião e pela destruição de monumentos e
(Calcite) carbónico (solúvel) hidrogenocarbonato
edifícios construídos com calcário ou
mármore.
A dissolução da calcite (carbonato de cálcio) é o
principal processo que leva à formação do modelado
cársico, paisagem sedimentar que inclui campos de
lapiás, grutas e algares.

Campo de lapiás

Modelado cársico
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico

Lapiás Lapiás
Sulcos mais ou menos
profundos, que recortam a
superfície do maciço.
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Dolina
Dolina
Ligeira depressão, de
contorno oval, fundos
planos. Por vezes sinuosa.
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Algar Algar
Poço alargado, mais ou
menos profundo.
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Gruta
Cavidade subterrânea de
dimensões variáveis, onde
podem observar-se
estalactites e estalagmites.

Gruta
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Estalactites
Estalactite Corpos mais ou menos
alongados, pendentes do
teto da gruta, que crescem
de cima para baixo.
Resultam da precipitação da
calcite.
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Estalagmites
Crescem a partir do chão da
gruta na dependência das
estalactites. Resultam da
precipitação da calcite.

Estalagmite
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Colunas
União entre uma estalactite
Coluna
e uma estalagmite.
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Exsurgências
Aparecimento, ao ar livre,
de águas que, por
infiltração, se juntaram nas
fendas do calcário e
avançaram por condutas
subterrâneas.

Exsurgência
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico
Algar Lapiás
Dolina
Estalactite
Coluna

Estalagmite

Gruta

Exsurgência
② Dissolução (carbonatação) – Modelado cársico

Quando as reações de
carbonatação ocorrem sobre
calcários margosos (com
fração calcária e uma fração
argilosa), a argila, insolúvel e
rica em ferro, oxida em
contacto com o ar, adquirindo
uma cor avermelhada - a terra
rossa.
③ Oxidação

O oxigénio provoca oxidações, ou seja, a perda de eletrões. As oxidações ocorrem, sobretudo, nos minerais
com ferro na sua constituição (olivinas e piroxenas) ao reagir com o oxigénio atmosférico, passando de
ferroso (Fe2+) a férrico (Fe3+). O ferro oxidado (ferrugem) torna-se insolúvel em água, formando um
precipitado vermelho-alaranjado.

4 FeS2 + 3O2 → 2 Fe2O3 + 8S


Pirite Hematite
④ Hidratação/desidratação

Incorporação de moléculas de água na estrutura cristalina dos minerais (hidratação) ou a sua remoção de
outros (desidratação). No caso da hidratação, ocorre um aumento de volume que facilita a meteorização.

A hematite, por hidratação, forma limonite. O gesso, por desidratação, forma anidrite.

Fe2O3 + 3H2O → 2 Fe2(OH)3 CaSO4.2H2O → CaSO4 + 2H2O


Hematite Limonite Gesso Anidrite
Mineral: biotite
Rocha: granito

Quartzo Mineral: quartzo


Mineral: feldspato
Biotite
Feldspato

Quando um granito aflora à superfície, os


seus minerais primários (quartzo, feldspato e
biotite), que foram formados em
profundidade, tornam-se instáveis nas novas
condições ambientais, sofrendo alterações.
Progressiva alteração dos minerais primários
No granito, a meteorização química é
facilitada pela presença de diáclases,
que fazem aumentar a área de
exposição da rocha à ação da água.

Caos de blocos
Minerais secundários:
Minerais primários:
• Minerais de argila
• Quartzo
• Óxidos de ferro
• Feldspato
• Micas (biotite, essencialmente)
A rede de diáclases
favorece a alteração
Os fenómenos de
da rocha: nas zonas
Devido a descompressão, Os vértices dos
mais expostas, os
movimentos devido à remoção blocos
minerais perdem a
tectónicos ou das camadas desaparecem, as
coesão e
através da remoção superiores, arestas suavizam-se,
desagregam-se,
de camadas associados às tornando-se
convertendo-se
suprajacentes, o variações de arredondadas e
numa areia que,
granito aflora à temperatura, formam bolas
arrastada pelas
superfície. originam inúmeras amontoadas – os
águas de
superfícies de caos de blocos.
escorrência, vai
fratura, as diáclases.
sendo removida –
arenização.
EROSÃO - remoção dos materiais resultantes da meteorização, pela ação da água, do vento, do gelo, da
gravidade, …

Os detritos arrastados pelo vento


embatem nas rochas provocando-lhes
um grande desgaste, dando origem a
formas típicas - blocos pedunculados.
Em regiões constituídas por materiais
heterogéneos, com um bloco rochoso mais
resistente à erosão a cobrir parte da
restante rocha, a ação da água desgasta as
formações rochosas menos resistentes,
dando origem a uma erosão diferencial.

Chaminés-de-fada
A – Paisagem modelada por um rio B – Paisagem modelada por um glaciar
TRANSPORTE - movimento/deslocação das partículas. O transporte pode ser devido à gravidade, à energia
dos ventos, dos glaciares ou das correntes dos rios e dos mares.

A distância do transporte depende do tamanho das


partículas transportadas e da velocidade do agente
de transporte (é inversamente proporcional ao
tamanho das partículas e diretamente proporcional
à velocidade do agente de transporte).
▪ Se o transporte foi curto, os materiais
apresentam-se, em geral, angulosos e com
tamanhos variáveis (mal calibrados).
▪ Se o transporte foi longo, os materiais
apresentam-se arredondados e com um
tamanho aproximado (bem calibrados).

Transporte reduzido Transporte longo


O transporte dos detritos pelas águas pode fazer-se por vários processos:
• em suspensão, se os materiais são finos;
• em solução, no caso dos iões;
• por saltação, se os materiais são médios;
• por rolamento ou deslizamento, se os materiais são mais pesados e
grosseiros.
Agentes de
transporte

Vento Glaciares Rios

clastos muito bem a diminuição do tamanho


calibrados porque o vento clastos mal calibrados (com dos clastos ao longo do
apenas transporta detritos dimensões muito variáveis) curso do rio é acompanhada
leves (pequenos) por uma melhor calibragem
Deposição das partículas transportadas, constituindo sedimentos. Ocorre quando os agentes
transportadores perdem energia, ficando os materiais dispostos em camadas horizontais – os estratos.

A maioria dos sedimentos é depositada no fundo


de lagos, rios, mares – bacias de sedimentação.
A ordem de sedimentação dos
detritos é condicionada pelas
dimensões e pela densidade
desses materiais: primeiro
depositam-se os detritos maiores
e mais densos e, posteriormente,
os mais pequenos e leves.
Montanhas

Balastros
MONTANTE Areia Silte e argila
JUSANTE
• A deposição de sedimentos origina estratos.

• Estes consistem em camadas, de espessura variável,


com características litológicas distintas.

• Os estratos são, geralmente, delimitados por


superfícies planares designadas por superfícies de
estratificação.

• A superfície de estratificação superior corresponde


ao teto do estrato e a inferior corresponde ao muro.
Conforme a velocidade da corrente e do
tamanho dos grãos, pode ocorrer erosão,
transporte ou deposição.
No caso de uma bacia hidrográfica, os
sedimentos que atingem os oceanos são
predominantemente os de granulometria
média e fina. As argilas, por exemplo, podem
ser carregadas em suspensão a grandes
distâncias oceano adentro, depositando-se a
grandes profundidades (sobretudo na
plataforma e no talude; menos
frequentemente na planície abissal).
Com a deposição de novas camadas, os sedimentos dos estratos mais antigos vão ocupando posições cada
vez mais profundas (afundamento), experimentando um aumento da pressão e da temperatura. Nestas
condições ocorre a diagénese ou litificação, ou seja, a transformação dos sedimentos em rocha
sedimentares consolidadas.
Cimento
Poro

Compactação – consiste na Cimentação – os espaços vazios


diminuição de volume devido à remanescentes são preenchidos por
pressão das camadas superiores materiais resultantes da precipitação de
(pressão litostática); ocorre redução substâncias químicas dissolvidas na água,
dos espaços vazios (poros) e perda formando-se, assim, um cimento que liga os
de água. sedimentos.

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