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Anti-inflamatórios Não-esteróides (AINEs)

PREVENÇÃO E CONTROLE DA DOR E INFLAMAÇÃO

INFLAMAÇÃO
● Pequena escala – restaura equilíbrio homeostático, combate doenças e estimula cicatrização
● Escala maior – levar ao desenvolvimento de doenças
● Mecanismos – mediadores inflamatórios regulam o dano tecidual → IDENTIFICAÇÃO DE
ALVOS FARMACOLÓGICOS

DOR
→ PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO INTERVENÇÕES ODONTOLÓGICAS INVASIVAS
● Paciente previamente assintomático
● Regime analgésico – previamente ao estímulo lesivo ou imediatamente após a lesão tecidual
ANALGESIA PREEMPTIVA ou PREVENTIVA

INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS MAIS COMPLEXAS -


Exemplos:
● Remoção de terceiros molares inclusos
● Cirurgias periodontais ou de implante

Quando o traumatismo tecidual é mais intenso, gerando respostas inflamatórias caracterizadas por
hiperalgesia persistente e edema

Período pós-operatório: paciente sente maior desconforto e, às vezes, limitação da mastigação

Prescrição de analgésico e fármacos com atividades ANTI-INFLAMATÓRIAS (para prevenir a
hiperalgesia e controlar o edema pós-operatório)
ESTÍMULO NOCIVO → formação prostaglandina

ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINEs)

Via Cicloxigenase – COX:


Pela via da COX, o ácido araquidônico irá gerar substâncias que produzem diferentes efeitos em
função do tipo celular envolvido
AINEs:
Propriedades analgésica, antitérmica, anti-inflamatória e antitrombótica*

Mecanismo de Ação:
CICLOXIGENASES (X) - COX
inibem a síntese de prostaglandinas (PG)
COX

COX-1 (constitutiva)
Plaquetas, rins e mucosa gástrica → estímulos fisiológicos → ácido araquidônico → PGs: proteção
da mucosa gástrica, regulação da função renal, agregação plaquetária

COX-2 (induzida)

Células inflamatórias → estímulos inflamatórios → ácido araquidônico → PGs – inflamação, dor e


febre
PRODUTOS GERADOS:
● Células injuriadas no local inflamado: prostaglandinas;
● Células endoteliais: prostaciclinas;
● Plaquetas: tromboxanas

● PROSTAGLANDINAS e PROSTACICLINAS:
○ Causam hiperalgesia (dor)
○ Vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular (edema)

Farmacocinética – AINEs
● Via Oral
● absorção: trato gastrintestinal
● [ ] plasmática máx = 1 a 4 hs;
● > 90%: ligação com albumina
● biotransformação: fígado;
● Excreção: rins

EFEITOS ADVERSOS
● gastrintestinal, ulceração e hemorragia;
● Anti-inflamatórios Não-Esteróides (AINEs)

CONTRA-INDICAÇÕES:
● Inflamação ou ulceração gástrica;
● História de hipersensibilidade;
● Distúrbios hemorrágicos
● Náusea, vômito e diarréia;
● Uso prolongado: insuficiência renal crônica
● Nefrotoxicidade e hepatotoxicidade

Classificação

Inibidores NÃO seletivos da COX:


1. Derivados do ácido salicílico: Aspirina*
2. Derivados do ácido enólico (Oxicam): Piroxicam, Meloxicam
3. Derivados do ácido propiônico: Naproxeno, Ibuprofeno, Cetoprofeno
4. Derivados do ácido fenilacético: Diclofenaco
5. Derivados da sulfonanilida: Nimesulida
6. Derivados do ácido heteroanilacético: Cetorolaco
1) Derivados do ácido acetilsalicílico
● Aspirina
○ introduzida em 1899 - Bayer
○ popular – drogas mais
● AAS
● Doril
● Buferin
Efeitos: analgésico, antipirético, anti-inflamatório e antiagregante plaquetário, de acordo com a dose

Aspirina:

EFEITOS FARMACOLÓGICOS:
● SANGUE:
○ Inibe a agregação plaquetária
○ Dose pequena: Ex.: 100 mg – duplica tempo de sangramento
○ AAS – acetilação irreversível da COX
○ redução de tromboxano (TXA2)
○ Síntese de novas plaquetas - recuperação
○ Aplicação profilática:
■ PREVENIR TROMBOSE
■ infarto do miocárdio
■ acidente vascular encefálico
■ embolia pulmonar

EFEITOS ADVERSOS:
● A gravidade dos efeitos depende do estado geral de saúde do paciente, da extensão da
administração e da ingestão diária total
● Trato GASTRINTESTINAL:
○ Desconforto gástrico
○ Sangramento gástrico oculto
○ Hemorragia aguda

EFEITOS ADVERSOS e CONTRA-INDICAÇÕES:


USO TERAPÊUTICO – MEDICINA E ODONTOLOGIA (?):
● DOR, FEBRE e INFLAMAÇÃO
● Artrite Reumatóide: doses altas (longos períodos)
● Profilaxia do infarto do miocárdio: doses baixas diárias

2) Derivados do ácido enólico - OXICAMS


● Piroxicam
● Meloxicam

EFEITOS FARMACOLÓGICOS:
● Analgésico, Antipirético, Anti-inflamatório
● Inibe agregação plaquetária

Piroxicam

FARMACOCINÉTICA:
● Bem absorvido (TGI); pico da concentração plasmática (3 a 5 hs), metabolização hepática e
excreção renal.
● Lento início de ação analgésica*
● Meia-vida plasmática: 50 hs
● Lenta taxa de eliminação permite a administração de dose única diária

Efeitos adversos:
● desconforto gastrointestinal, edema periférico e dano renal

Posologia:
● Piroxicam 20 mg – a cada 24 hs

Meloxicam
- (Seletividade 2 vezes maior pela COX-2 em relação COX-1)
● Lento início de ação analgésica* (não é conveniente no tratamento da dor odontológica
pós-operatória aguda)
● Meia-vida plasmática: 15 a 20 hs
● Permite a administração de dose única diária

Posologia:
● Meloxicam 15 mg – a cada 24 hs
● Tenoxicam 20 mg – a cada 24 hs

USO TERAPÊUTICO – MEDICINA :


● Tratamento de artrite reumatóide, gota aguda, dor pós-parto;
● POUCO UTILIZADO NA ODONTOLOGIA
● Piroxicam (Feldene):
3) Derivados do ácido PROPIÔNICO
● Naproxeno*
● Ibuprofeno*
● Cetoprofeno*
● Fenoprofeno*
● Flurbiprofeno

● Úteis: tratamento de artrite reumatóide, febre, cefaléia e processos inflamatórios


odontológicos

FARMACOCINÉTICA:
● bem absorvido (TGI);
● pico da concentração plasmática (1 a 4 hs),
● Alto grau de ligação às proteínas plasmáticas (>90%) metabolização hepática
● excreção renal.

Ibuprofeno, cetoprofeno, fenoprofeno


● Meia-vida plasmática curta: 1 a 4 hs

Naproxeno:
● Meia-vida plasmática: 15 hs

● Analgesia oral MAIOR que aspirina


● Administração pré-operatória ou pós-operatória imediata
● Retardar início da dor pós-operatória ou diminuir sua intensidade

Ibuprofeno:
● 1º Analgésico oral aprovado pelo FDA com pico de efeito maior que aspirina

Posologia:
Adultos: dose de 400 mg (intervalo de 8 hs)
dose de 600 mg (intervalo de 12 hs)

Naproxeno:
● Meia-vida longa
● Mais irritante para TGI que o ibuprofeno
● comprimidos de 250 e 500 mg
● Adultos: 250 mg a 500 mg a cada 8 ou 12 hs

Naproxeno sódico:
● absorção mais rápida e preferido para uso analgésico
● comprimidos de 275 mg e 550 mg
Cetoprofeno:
● É mais potente que ibuprofeno no alívio da dor dentária

Apresentação e Posologia:
● cáps. de 50 mg, comp. de 100 mg;
● comp. ação prolongada de 150 mg, 200 mg;

Esquema:
● Doses de 100 mg a cada 12 hs;
● Dose de 150 mg a cada 24 h

4) Derivados do ácido FENILACÉTICO


● Diclofenaco sódico - VOLTAREN
● Diclofenaco potássico - CATAFLAM
● Aceclofenaco - PROFLAN

MECANISMO DE AÇÃO:
● Inibição da COX-1 e COX-2
● Bloqueia diretamente a sensibilização dos nociceptores

● CONTROLE DA DOR INSTALADA

● Ação anti-inflamatória: tratamento de artrite reumatóide


● Ação analgésica: dor pós-traumática, pós-operatória

APRESENTAÇÃO E POSOLOGIA

Voltaren (diclofenaco sódico)


● comprimidos de 50 e 75 mg
● comprimidos de 100 mg (liberação lenta)
● supositórios de 50 mg
● solução injetável de 75 mg (IM)

● 50 mg (1 comp. de 8/8 hs)


● 75 mg (1 comp. de 12/12
● 100 mg (1 comp. ao dia)

5) Derivado da SULFONANILIDA

Nimesulida
● inibe PREFERENCIALMENTE a COX-2, maior afinidade (5 a 15 vezes) em relação a COX-1
● Ação analgésica, antipirética e anti-inflamatória
FARMACOCINÉTICA:
● Absorção: TGI;
● Pico de concentração plasmática: 1-2 horas;
● Ligação às proteínas plasmáticas: 99% ;
● Meia-vida de eliminação: 2 a 5 horas;
● Metabolização: fígado;
● Eliminação predominantemente renal

EFEITOS ADVERSOS
● menor incidência de problemas gastrintestinais
● maior probabilidade de doença hepática e renal

Insuficiência HEPÁTICA fulminante


Proibida no Reino Unido e Alemanha
Retirada de circulação: EUA, Canadá, Japão, Espanha, Finlândia, Irlanda, Bélgica, Dinamarca, Holanda
e Suécia

Posologia:
BRASIL - Adulto: 100 mg a cada 12 hs

6) Derivados do ácido HETEROANILACÉTICO

Cetorolaco (Toragesic®)
● Via sublingual
● Potente ação analgésica,
● Moderada ação anti-inflamatória
● Inibe a agregação de plaquetas

Esquema:
● 10 mg de 8/8 hs (comprimido sublingual)/
● 12 em 12 hs

ODONTOLOGIA
Regime mais eficaz AINEs: analgesia preventiva (após lesão tecidual e antes da sensação dolorosa)
DURAÇÃO DO TRATAMENTO - AINEs: período de 48 a 72hs – Máximo 3 dias**
Justificativa: a dor decorrente de procedimentos odontológicos cirúrgicos eletivos perdura, em geral,
24 hs. O edema inflamatório atinge seu ápice após 36 horas do procedimento

QUANDO E COMO EMPREGAR AINEs ?


● Indicados para controle da dor aguda de intensidade moderada a severa;
● Podem ser úteis no controle da dor já instalada, decorrente de processos inflamatórios
agudos, como complemento após a remoção da causa;
● Os intervalos entre as doses de manutenção deverão ser estabelecidos em função da
intensidade do traumatismo tecidual e da meia-vida plasmática

Posologia:

PRECAUÇÕES e CONTRAINDICAÇÕES
● Uso concomitante de piroxicam, ibuprofeno e outros AINEs com a varfarina (anticoagulante
oral) pode potencializar o efeito anticoagulante e provocar hemorragia;
● O uso concomitante dos AINEs com certos anti-hipertensivos pode precipitar uma elevação
brusca da pressão arterial;
● Deve-se evitar a prescrição a pacientes com história de infarto do miocárdio, angina e stents
nas artérias coronárias (risco aumentado de trombose, especialmente em idosos);
● Todos os AINEs podem causar retenção de sódio e água, diminuição da taxa de filtração
glomerular e aumento da pressão arterial, especialmente em idosos

Classificação

Inibidores seletivos da COX-2


COXIB:
● Celecoxib* – Celebra;
● Rofecoxib – Vioxx;
● Etoricoxib* – Arcoxia;
● Parecoxib – Bextra;
● Lumiracoxib - Prexige
MAIOR BENEFÍCIO – diminuir complicações gastrintestinais
COX-2:
● Regulação renal da excreção de sal;
● Homeostasia da pressão arterial;
● Controle da agregação plaquetária
● Inibem produção de prostaciclina (célula endotelial) → Hipertensão, aterosclerose e
agregação plaquetária

EFEITOS ADVERSOS:
● Uso crônico dos coxibes pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares, como infarto do
miocárdio, acidentes vasculares encefálicos, hipertensão arterial e falência cardíaca
● Retirada do mercado farmacêutico mundial: proibido o uso crônico.

Devem ser evitados:


● Pacientes com hipertensão arterial, doença cardíaca isquêmica ou com história de acidentes
vasculares encefálicos
● Nas demais situações, deve-se empregar a menor dose eficaz pelo menor tempo de duração
possível
○ Celecoxibe
○ Etoricoxibe

Considerações:
● A ação analgésica e anti-inflamatória dos inibidores seletivos de COX-2 não é superior à
apresentada pelos inibidores não seletivos (que atuam na COX-1 e COX-2);
● O uso dos coxibes (celecoxibe e etoricoxibe) deve ser considerado exclusivamente para
pacientes com risco aumentado de sangramento gastrintestinal, mas sem risco simultâneo
de doença cardiovascular;
● Não há estudos que demonstrem a segurança da utilização dos inibidores seletivos de COX-2
em pacientes menores de 18 anos;
● Na prescrição de qualquer inibidor de COX-2, deve-se usar a menor dose efetiva pelo menor
tempo necessário de tratamento;
● É contra-indicado o uso de inibidores seletivos da COX-2 em pacientes que fazem uso
contínuo de antiagregantes plaquetários, como a aspirina e o clopidogrel

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