Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E você? Já parou para pensar que o adolescente que foi pode implicar na
relação com o adolescente que você recebe na sua prática profissional? Reviver
e relembrar essa adolescência a partir da nossa perspectiva de vida é mais que
importante, é imprescindível para estarmos tranquilos diante do adolescente de
hoje, para não projetarmos neles as nossas expectativas e sonhos frustrados,
nosso olhar precisa ser alinhado e disponível para acolher o adolescente que
vamos receber em nossos espaços terapêuticos e não moralizado e enviesado
no adolescente que talvez não perdoamos por ter ou não sidos.
ATIVIDADE SUGERIDA:
Esse vínculo pode e deve ser feito através de ferramentas que aproximem
o terapeuta do que o adolescente pensa, sente e faz. Das suas preferências, do
seu jeito de estar no mundo, de se perceber no conflito e nas dúvidas. Se
aproximar do adolescente precisa ser o objetivo principal nesse momento de
vinculação do processo terapêutico. É preciso estar atento e aberto para uma
escuta mais que qualificada, como para suas queixas, seus sonhos, projetos,
angústias, medos, assuntos aparentemente bobos e vazios.
O que pode ser feito de várias formas, nunca com limitações, imposições
pedagógicas ou regras disfuncionais para o processo. Por exemplo se o
adolescente estiver com seu celular esse deve se tornar um recurso que
colabore no setting e não um dificultador da relação terapêutica. Outra dica é
pedir para o adolescente preparar uma carta para ele mesmo dizendo o porquê
foi para a terapia, o que o motivou, se escolheu por sua conta ou foi sugerido
pelos pais, o que espera alcançar no processo e quais situações ele acha que
podem facilitar e dificultar seus momentos em psicoterapia. No final do
acompanhamento essa carta pode ser aberta pelo terapeuta e analisada pelo
adolescente para entender se o que construíram até ali valeu a pena e foi
suficiente bom para o adolescente.
ATIVIDADE SUGERIDA:
ATIVIDADE SUGERIDA:
3. Faça primeiro você ou com alguém que conheça, uma pessoa na sua
casa, um adolescente de sua convivência ou seja você mesmo a pessoa
a desenvolver a ferramenta. É importante estar no lugar de quem
experimentou e fez parte do processo.
Tenha em mente que nenhuma ferramenta substitui o seu olhar qualificado e sua
leitura tanto teórica quanto técnica sobre o adolescente que está atendendo. Os
recursos que são utilizados no processo de psicoterapia devem ser vistos como
apoio para o processo e não como determinante para que ela aconteça. Fazer
atividades demais com o adolescente pode fazer com que ele se bloqueie e
entenda que está vivenciando um processo pedagógico muito mais que psíquico.
Cuidado para não exagerar ou tornar o processo psicológico do adolescente em
um roteiro previamente estabelecido e sempre cercado de atividades a serem
cumpridas. Se houver qualquer resistência por parte do adolescente em
desenvolver um recurso sugerido por você, não insista, dê dois passos para trás
se necessário for para dar um para frente.
Talvez a maior dificuldade dos pais em lidarem com esse adolescente seja
pelo fato de que as mudanças que atravessam os jovens nessa fase da vida
implicam em uma mudança de posição subjetiva do lugar desses pais na
formação dos filhos. Todos precisam viver o luto da infância perdida, tanto o
adolescente que não se vê mais como criança quanto os pais que perdem em
seu imaginário, o filho que precisa se separar para crescer.
Porém nem todos os pais estão preparados para essa mudança. Eles são
surpreendidos por esse crescimento e não tem, muitas vezes, o tempo
necessário para se organizarem diante desse novo sujeito que está aparecendo.
E o adolescente precisa destituir esses pais do lugar de autoridade máxima, do
lugar daqueles que eram onipotentes e onipresentes, esses pais saem desse
lugar intocável, de super-heróis e precisam se humanizar. Para criar um novo
referencial e uma independência de valores, é preciso uma ruptura, conflitos e
embates. Não dá para o adolescente mudar o pensamento internamente se
reproduz a ideia inicial que foi comprada do pai e da mãe.