Você está na página 1de 12

Práticas Essenciais no Atendimento com Adolescente

1. Quem era você como Adolescente?

Todos querem ser adolescentes: a criança, o adulto, o idoso, mas eles


mesmos queriam estar em outro lugar. Um lugar menos inquietante e
imprevisível. Um lugar do não sei quem sou e tão pouco o que posso me tornar.
O adolescente que encontramos na prática psicoterapêutica nos convoca a
pensar no adolescente que fomos, nas angustias e conflitos que passamos, nas
rupturas que nos obrigaram a fazer e nas mudanças e atitudes, muitas vezes
impensáveis hoje enquanto adultos, foi preciso submeter-nos, lá atrás.

E você? Já parou para pensar que o adolescente que foi pode implicar na
relação com o adolescente que você recebe na sua prática profissional? Reviver
e relembrar essa adolescência a partir da nossa perspectiva de vida é mais que
importante, é imprescindível para estarmos tranquilos diante do adolescente de
hoje, para não projetarmos neles as nossas expectativas e sonhos frustrados,
nosso olhar precisa ser alinhado e disponível para acolher o adolescente que
vamos receber em nossos espaços terapêuticos e não moralizado e enviesado
no adolescente que talvez não perdoamos por ter ou não sidos.

ATIVIDADE SUGERIDA:

Para te ajudar nesse processo inicial vou te sugerir uma atividade


importante para ser feita antes de começarem o processo terapêutico com os
adolescentes. Escreva em um papel quem você era na adolescência, o que te
lembra desse momento, o que mais gostava de fazer, quais eram suas dúvidas,
suas dores, suas preocupações, quais os vínculos que estabeleceu nessa fase
da sua vida que mantém até hoje; quais eram as suas atividades preferidas,
como era enquanto estudante, quais as suas maiores dificuldades e facilidades
na relação com seus pares e sua família; como se percebia, qual era a tua
percepção de auto imagem, o que você sente saudades dessa época? Depois
que escrever sobre tudo isso tenta encontrar suas recordações (se você ou
alguém da sua família guardou), e confere para ver se o que escreveu sobre
você na adolescência tem a ver com as coisas que conseguiu resgatar dessa
época, pergunte para seus familiares ou amigos da adolescência também.
Depois disso feito, acredito que sua percepção sobre a adolescência de hoje
tomará uma amplitude maior e costurado na elaboração da adolescência que
você viveu e isso facilitará na construção da relação terapêutica com o
adolescente que estará diante de você.

2. Quem é o Adolescente que você recebe no seu espaço


terapêutico?

Na adolescência há uma dicotomia comportamental entre rebeldia e


dependência. Nesta etapa, os jovens vivenciam toda a agressividade em um
momento e, em outro parecem crianças, manifestando padrões de dependência
que lembram os primeiros anos de vida. Vivem em luta interna com eles
mesmos. Trazem aspirações, idealismo e o pensamento criativo. O adolescente
tem uma não conformidade e uma preocupação real de estar no mundo e fazer
parte dele. Sofre com as decepções que vão tendo à medida que crescem e se
aproxima do mundo adulto, decepções com os seus pais, com os amigos, com
os colegas de escola, com suas escolhas e com suas próprias mudanças
relativas à puberdade. A dificuldade de tolerar essas mudanças é muito grande
e por isso apresentam tantas alterações de humor e irritações por qualquer coisa.
A OMS – Organização Mundial de Saúde reconhece a adolescência como
um período biológico, psicológico e social abarcado entre 1 a 19 anos de idade.
Esses são os adolescentes que recebemos em nossos espaços terapêuticos,
numa construção e diferenciação muitas vezes radical entre uma idade e outra,
alguns ainda na pré-adolescência, necessitando de uma atenção mais focada
nas relações familiares, ainda se despedindo da infância e por isso muitas vezes
confusos demais sobre quem são e como podem se comportar. E outros mais
próximos da fase adulta, desejando serem mais responsáveis e amedrontados
com o que estar por vir, se realmente darão conta de serem tudo aquilo que se
espera de um adulto: responsabilidade, autossuficiência, menos dependência
financeira e emocional, exercer vários papéis ao mesmo tempo...

É um adolescente que chega para nós vivenciando uma alternância de


estado de humor e de comportamento em pequenos espaços de tempo e deixam
também os adultos confusos sem uma estratégia para comunicação e interação.
Estas alternâncias dizem respeito a sentimentos opostos, muitas vezes no
mesmo dia, como amar e odiar os pais; ser rebelde e ao mesmo depender
intensamente deles; sentir envergonhado da mãe ou do pai e, em outro
momento, reconhecê-los em público; ser idealista, amante da arte, da música e
criticar em demasia as atitudes dos pais, ser desinteressado e irresponsável,
algumas vezes e altamente controlador em outras; ser extremamente rigoroso
moralmente quando diz respeito aos seus pais e exigir flexibilidade. Estas
flutuações são consideradas normais quando são vividas pelos adolescentes na
época em que vivenciam essa fase.

No entanto, para além das generalizações o adolescente que aparece


espaço terapêutico é um sujeito único, singular, com suas dores e euforias
próprias, com suas demandas e desejos que podem divergir da demanda da
família ou da instituição que os acolhe ou os educa. O adolescente que chega
para você terapeuta é uma pessoa que está em construção de identidade e em
metamorfose tanto física quanto psíquica. Está em ebulição, e a forma que
demonstra essas transformações pode ser tanto para fora (euforia,
agressividade, intensidade, deslumbramento) como para dentro (timidez,
ansiedade, depressão, introspecção). E cabe a nós terapeutas conhecer, avaliar
e ajudar em seu processo de desenvolvimento de forma construtiva, criativa e
potencializada.

3. Vínculo Terapêutico com Adolescentes

Os adolescentes são levados ao processo psicoterapêutico na maioria


das vezes pela família, em algumas situações eles pedem pelo
acompanhamento e em outras circunstâncias os pais que solicitam que eles
façam psicoterapia. Quando a família demanda a terapia do adolescente,
normalmente é movida pelo sintoma (comportamento) revelado por ele. Um
sintoma que precisa ser desembrulhado, acolhido e entendido pelo terapeuta.
São os sinais de que algo não vai bem, ou está em desequilíbrio com a relação
familiar e o desenvolvimento emocional e psíquico do adolescente.

É esse sintoma que o terapeuta percebe na primeira sessão com o


adolescente? Não necessariamente, esse sintoma vem na entrevista inicial com
os pais, mas nem sempre o adolescente demonstra como sendo sua demanda,
muitas vezes eles dizem que quem precisa do acompanhamento
psicoterapêutico são os pais. Nessa situação o profissional se encontra num
dilema? Depende de como fará essa escuta do adolescente e de como pode
acolher e minimizar a ansiedade de resposta dos pais.

Assim, o vínculo que o terapeuta deve fazer com o adolescente precisa


ser feito nesse primeiro momento, priorizando o sigilo e focando no desejo, na
solicitação, no pedido ou queixa do próprio adolescente, mesmo que seja a
recusa ou resistência pelo processo psicoterapêutico. É importante trabalhar
com esse adolescente de forma a não o julgar, não o cobrar e não o criticar,
condutas muitas vezes vinculadas aos papéis parentais e de autoridade deles.
Os profissionais que atendem os adolescentes não são seus pais, seus
professores e seus patrões. São vínculos estruturantes na sua construção
psíquica para que possam na relação social e pessoal se posicionarem de forma
autônoma e saudável.

Esse vínculo pode e deve ser feito através de ferramentas que aproximem
o terapeuta do que o adolescente pensa, sente e faz. Das suas preferências, do
seu jeito de estar no mundo, de se perceber no conflito e nas dúvidas. Se
aproximar do adolescente precisa ser o objetivo principal nesse momento de
vinculação do processo terapêutico. É preciso estar atento e aberto para uma
escuta mais que qualificada, como para suas queixas, seus sonhos, projetos,
angústias, medos, assuntos aparentemente bobos e vazios.

O que pode ser feito de várias formas, nunca com limitações, imposições
pedagógicas ou regras disfuncionais para o processo. Por exemplo se o
adolescente estiver com seu celular esse deve se tornar um recurso que
colabore no setting e não um dificultador da relação terapêutica. Outra dica é
pedir para o adolescente preparar uma carta para ele mesmo dizendo o porquê
foi para a terapia, o que o motivou, se escolheu por sua conta ou foi sugerido
pelos pais, o que espera alcançar no processo e quais situações ele acha que
podem facilitar e dificultar seus momentos em psicoterapia. No final do
acompanhamento essa carta pode ser aberta pelo terapeuta e analisada pelo
adolescente para entender se o que construíram até ali valeu a pena e foi
suficiente bom para o adolescente.

ATIVIDADE SUGERIDA:

Essa atividade é para ser desenvolvida com o adolescente logo nas


primeiras sessões. Peça para ele escolher três brinquedos (você pode deixar
previamente separados numa caixa) e para cada um falar sobre o que aqueles
brinquedos significam para ele, do que se lembram. O profissional pode ajudar
o adolescente questionando para ele o que aquele brinquedo escolhido tem a
ver com sua personalidade, com sua história de vida. Essa atividade ajuda o
adolescente se conectar com sua infância perdida e com os vínculos
estabelecidos até então, além disso é um recurso lúdico que pode trazer à tona
sentimentos de acolhimento e afetividade. A ideia não é que o brinquedo seja
utilizado para o adolescente brincar e sim para pensar e refletir sobre suas
escolhas e lembranças.

4. Técnicas e Recursos de apoio para Adolescentes

Em primeiro lugar um dos recursos a serem pensados é o ambiente. O


local onde será realizado o atendimento com o adolescente deve trazer conforto,
segurança e liberdade, para tanto, deverá obter espaço, claridade e cuidado com
a privacidade (sala acústica). Estes aspectos se mostram relevantes por
trazerem condições facilitadoras para que eles expressem como estão e do que
necessitam no processo terapêutico.

Alguns instrumentos que o terapeuta poderá utilizar no seu local de


atendimento lúdico são: papéis, lápis grafite e colorido, pincéis, jogos (UNO,
baralho, dama, xadrez, Jogo da Vida, Cuca Legal, dominó, quebra cabeças),
testes projetivos, filmes, colagens, livros, séries, músicas, fotografias e a internet.

Uma sugestão é criar com o adolescente em atendimento um mosaico


sobre ele, que inclua aspectos das demandas trazidas para o processo de
psicoterapia e características deles. Esse mosaico pode ser construído através
de colagem, de frases escritas em post its, em cadernos como forma de
agendas, desenvolvendo em paralelo o processo criativo do adolescente o que
para a maioria é bastante motivador.

A depender da idade do adolescente ele não aceita bem começar o


processo terapêutico com jogos, pode sentir-se infantilizado e comportar-se de
forma resistente. O ideal é começar conhecendo o adolescente e suas
preferências. Uma ferramenta muito legal é pedir para ele escrever uma carta
dizendo quem ele é e depois ler o que escreveu. Caso ele demonstre resistência
em escrever ele pode desenhar ou simplesmente falar. Essa carta pode ser
também guiada pelo terapeuta com sugestões de questionamentos que o
adolescente pode fazer a si mesmo sobre como ele se percebe e como os outros
o percebe também.

Existem muitos instrumentos destinados para este público em situação


terapêutica, contudo, eles não podem ser cristalizados e usados de forma
generalizada para um determinado fim, pois o profissional deve entender que o
sujeito é singular e, logo, trará comportamentos peculiares e dignos de uma
sessão imprevisível. Portanto, a psicoterapia com adolescentes é uma arte e
deve-se combinar conhecimento, preparo, experiência, sentido intuitivo e
criativo, bem como gostar e conhecer essa fase de desenvolvimento para
trabalhar com eles.

ATIVIDADE SUGERIDA:

Que tal criar uma ferramenta de atendimento para os adolescentes a partir


da demanda de um em especial que estejam atendendo ou já atenderam. Para
orientação vou dar um passo a passo a ser seguido:

1. Escreva e delimite qual é a demanda que quer trabalhar com esse


adolescente. Pense em quais são as características mais marcantes que
ele trouxe no momento inicial de avaliação. Quem é o adolescente que
você vai trabalhar com a ferramenta? Do que ele gosta? Quais são as
suas potencialidades? E limitações?

2. Escolha o material que irá utilizar como suporte da ferramenta: Material


escrito? Criativo? Audiovisual? Vai entregar algo pronto, previamente
sugerido a ser completado ou continuado? Vai solicitar que comece do
zero, que invente algo a partir de um material apresentado? Vai ser
construído junto com o terapeuta, ou ele fará sozinho? Será realizado na
sessão? Em apenas uma ou terá uma continuidade?

3. Faça primeiro você ou com alguém que conheça, uma pessoa na sua
casa, um adolescente de sua convivência ou seja você mesmo a pessoa
a desenvolver a ferramenta. É importante estar no lugar de quem
experimentou e fez parte do processo.

4. Pode adaptar um recurso que já exista, um jogo comercial ou pensar em


algo completamente inovador, peça sugestões ao adolescente que deseja
aplicar a ferramenta.

Tenha em mente que nenhuma ferramenta substitui o seu olhar qualificado e sua
leitura tanto teórica quanto técnica sobre o adolescente que está atendendo. Os
recursos que são utilizados no processo de psicoterapia devem ser vistos como
apoio para o processo e não como determinante para que ela aconteça. Fazer
atividades demais com o adolescente pode fazer com que ele se bloqueie e
entenda que está vivenciando um processo pedagógico muito mais que psíquico.
Cuidado para não exagerar ou tornar o processo psicológico do adolescente em
um roteiro previamente estabelecido e sempre cercado de atividades a serem
cumpridas. Se houver qualquer resistência por parte do adolescente em
desenvolver um recurso sugerido por você, não insista, dê dois passos para trás
se necessário for para dar um para frente.

5. Relação com a família do Adolescente na Terapia

Talvez a maior dificuldade dos pais em lidarem com esse adolescente seja
pelo fato de que as mudanças que atravessam os jovens nessa fase da vida
implicam em uma mudança de posição subjetiva do lugar desses pais na
formação dos filhos. Todos precisam viver o luto da infância perdida, tanto o
adolescente que não se vê mais como criança quanto os pais que perdem em
seu imaginário, o filho que precisa se separar para crescer.

Porém nem todos os pais estão preparados para essa mudança. Eles são
surpreendidos por esse crescimento e não tem, muitas vezes, o tempo
necessário para se organizarem diante desse novo sujeito que está aparecendo.
E o adolescente precisa destituir esses pais do lugar de autoridade máxima, do
lugar daqueles que eram onipotentes e onipresentes, esses pais saem desse
lugar intocável, de super-heróis e precisam se humanizar. Para criar um novo
referencial e uma independência de valores, é preciso uma ruptura, conflitos e
embates. Não dá para o adolescente mudar o pensamento internamente se
reproduz a ideia inicial que foi comprada do pai e da mãe.

Dentro dessa perspectiva essa criança que entra na adolescência é


atravessada por vários discursos, um discurso consumista, individualista e
competitivo, onde precisa se sustentar numa base psíquica ainda em formação,
resinificando o lugar no mundo interno e externo a eles. O adolescente está
vivenciando muitos conflitos e precisa de um certo distanciamento, a partir daí
aparece a importância dos grupos, dos referenciais sociais. O grupo legitima
esse adolescente, ele abarca, aceita, modifica e interage, se acolhem numa
irmandade, e o adolescente encontra nos pares um subsidio necessário para a
virada e para a desconstrução para depois construir-se novamente.

Diante disso, um dos grandes problemas dos pais na relação terapêutica


dos adolescentes é que muitos deles colocam uma expectativa muito grande nos
seus filhos, é como se os filhos pudessem dar continuidade aos projetos que
ficaram inacabados, as frustrações, e esse adolescente acaba assumindo um
peso tão significativo de ser o projeto acabado e bem-sucedido pelos pais que
ele não tem a chance de ousar pelas suas próprias pernas. É como se houvesse
uma superposição de crises, a da adolescência e a crise dos pais, que também
começam a ter que lidar com seu próprio envelhecimento, não tão mais jovial,
pois agora tem alguém que ocupa o lugar de desejo deles (os filhos).

Essa experiência que foi vivenciada pelos pais é intransferível, é preciso


que o adolescente caia para se fortalecer quando se levanta, para saber lidar
com a frustração e ressignificá-la.

A partir da contextualização acima os profissionais que atendem


adolescente precisam cuidar para que a relação do profissional com a família do
adolescente seja feita com limitações, em sessões familiares antecipadamente
negociadas com o adolescente, com ou sem a possível presença do filho. É
importante saber manejar com os pais e evitar dar atenção a eles a revelia do
adolescente para que o vínculo construído de confiança não seja quebrado,
inviabilizando dessa forma, o processo psicoterapêutico. A família que
demonstra muita ansiedade e necessidade de estar a par de tudo que acontece
com o adolescente no acompanhamento precisa ser no momento da entrevista
inicial avisada de como se dará o processo, acordando com o profissional, em
contrato terapêutico, a sua participação não tão direta na terapia do filho.

Saber diferenciar as demandas da família e as demandas do adolescente


dentro do acompanhamento terapêutico faz toda diferença na aliança e vínculo
que será formado e no desenvolvimento produtivo do processo. Garante além
de um bom psicodiagnóstico do caso, uma boa lucidez para intervir e progredir
com as superações e modificações que serão imprescindíveis no atendimento.

Para isso é importante estarmos atentos a alguns passos:

Acolher os adolescentes e suas famílias de forma ética, diferenciada e


psicoeducando para uma melhor compreensão de como se dá o processo.
Acolher, ouvir, compreender e aceitar o adolescente que chega no seu
espaço com todas as suas singularidades e especificidades sem prejulgamentos
ou comportamento inquisidor. Colaborando para que ele se vincule com
confiança e credibilidade na sua postura imparcial e empática.

Utilizando recursos e técnicas do processo terapêutico em concordância


com as características e demandas de cada adolescente respeitando seus
tempos e suas limitações e possibilidades.

E por fim avaliando e reavaliando cada passo seguido permitindo utilizar


estratégias que perpassam desde novas formas de interagir com esse
adolescente em estado de mutação constante, quanto aproximando ou
afastando a família no percurso de forma flexível e adaptativa.

6. Finalizando o Atendimento com o Adolescente

Todo adolescente precisa de uma oportunidade para integrar e assimilar


com seus próprios mecanismos de maturação e crescimento às mudanças
resultantes da psicoterapia. Esse processo pode demorar o tempo necessário
para que essas transformações aconteçam e para que a demanda inicial seja
ultrapassada pela suficiente necessidade alcançada.

Contudo, uma melhora no comportamento ou sintoma do adolescente não


é necessariamente motivo suficiente para encerrar o processo psicoterapêutico.
Nessa direção, todo o material que é evidenciado durante as sessões deve ser
levado em consideração. Os sintomas podem ser substituídos por outros e isso
fica evidente no processo. É importante o terapeuta ter clareza desses
deslizamentos de sintomas e da direção que o acompanhamento vai tomando
no decorrer do processo. Para que seja alcançado não apenas os objetivos
iniciais do tratamento, mas também para que seja percebido o amadurecimento
e independência do adolescente na sua forma de lidar e se relacionar com seus
conflitos e desejos.

Outro aspecto relevante refere-se ao fato de que assim como a criança, o


adolescente nas suas devidas medidas, precisa ser preparado para o
encerramento da terapia, pois esta não pode ocorrer de forma abrupta. Embora
cada terapeuta ajude o cliente a adquirir o máximo possível de independência e
auto sustentação, certamente, são estabelecidos vínculos afetivos mútuos, que
devem ser bem trabalhados durante o encerramento final.

O término da psicoterapia não precisa, necessariamente, apresentar a


finalidade explícita do nome. Desse modo, término significa chegar a um lugar
de parada, um final neste exato momento e não um adeus definitivo. Alguns
adolescentes precisam ter uma segurança de que poderão retornar ao processo
terapêutico caso sintam necessidade (se isto for realmente possível e
necessário).

Psicóloga Daniela Rita de Souza


CRP 03/10945

Você também pode gostar