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Programa de Pós-Graduação em Geografia

Resenha do texto: M. Brocx1 & V. Semeniuk2 - The geoheritage significance of crystals.


Feature. © Blackwell Publishing Ltd, The Geologists’ Association & The Geological
Society of London, Geology Today, Vol. 26, No. 6, November–December 2010

Introdução

De acordo com Brocx e Semeniuk (2010), os cristais são partes constitutivas da


Terra, portanto, é um planeta cristalino com inúmeros cristais de rica variedade mineral,
que ocorrem em diversos ambientes. Como testemunho da geoheritage do planeta,
muitos cristais e minerais podem servir aos estudos da geodiversidade devido as
variáveis de tamanho, composição, forma, zoneamento, bordas de reação, inclusões
minerais, inclusões de fluidos e gases, geminação,deslocamentos, exsolução, ocorrência
incomum ou raridade de um atributo de cristal e sua forma de agregação, como as rosas
do deserto ou drusas. As características geológicas na macroescala têm grande
relevância nos estudos da história de evolução da Terra, e os cristais e minerais, são
partes importantes desses elementos que respondem a padrões que auxiliam nos estudos
do patrimônio geográfico do planeta. Os autores citam o gesso gigante no México e
Espanha, os cristais de zircão de Jack Hills que são os mais antigos da Terra, a grande
pirita na Espanha, granadas bola de neve, entre outros exemplos de elementos da
geoheritage constituídos por cristais, que devem ser protegidos por processos de
geoconservação. Estudar os cristais é complexo devido à ampla variedade de minerais
que os formam, assim como, os tipos de cristais, tamanhos, paragênese e configuração
geológica. As localidades de ocorrência e os empreendimentos de proteção de jazidas de
cristais e minerais de importância global e nacional fazem parte do escopo do estudo
dos autores apresentado no presente texto. Nesse contexto, são apresentados como
marco inicial a definição de geoheritage, geoconservação, o escopo e escala desses
conceitos, critérios para seleção de locais de importância geológica, a natureza dos
cristais e minerais, suas variedades que são estudados como elementos da geoheritage
que devem ser conservados, integrando a história evolutiva da Terra e dos homens com
dados históricos, científicos, culturais, valores estéticos e religiosos. Dessa forma,
alguns exemplos de elementos da geoheritage de importância global são citados pelos
autores como aspectos de localidade e também de valor histórico cultural. Nesse
sentido, as inconformidades de James Hutton em Siccar Point como representante de
um sítio geológico histórico, as Sete Irmãs ao longo das falésias calcárias de Sussex, no
Reino Unido e Uluru um inselberg de megaescala como representante de locais culturais
importantes. Os fenômenos geológicos que possuem importância geoheritage foram
citados pelos autores, com importância relativa aos cristais e minerais têm-se: locais
onde uma característica geológica, tipo de rocha, espécime de tipo de planta ou fóssil foi
primeiro reconhecido e descrito (ou seja, localidades de tipo); locais historicamente
significativos onde contribuições originais para a compreensão dos processos ou
princípios geológicos foram inspiradas; exemplos de livros de recursos e processos
geológicos; características geológicas que oferecem oportunidades de pesquisa ou
educacionais; exemplos notáveis de estágios significativos na história evolutiva da
Terra; a variedade de características geológicas relacionadas e significativas dentro de
uma pequena área geográfica; mesmo que qualquer característica possa não ser digna de
reconhecimento especial, a combinação de características relacionadas na proximidade
pode ser única e geologicamente significativa; características geológicas, formações e
paisagens de excepcional beleza natural com usos recreativos existentes ou potenciais;
e, locais de coleta de espécimes de rochas e minerais com usos recreativos existentes ou
potenciais ou valor educacional. Os cientistas do Reino Unido desenvolveram o método
de inventário em que a estratigrafia, paleontologia, petrologia estrutural e metamórfica e
outros, são passíveis de encapsular a história geológica e a essência de um local
permitindo o estudo sistemático e seletivo da evolução do planeta em termos de
geoheritage. A criação de áreas protegidas como o Grand Canyon no Arizona, EUA e
outros sítios destacados pelos autores são importantes para a geoconservação em
megaescala. Porém, os estudos iniciam-se em escalas de cristais, constituindo-se como
um dos importantes componentes do alfabeto de leitura do processo evolutivo da Terra.
Os padrões em cristais podem ser lidos pelos ciclos das rochas (processos de formação
de rochas magmáticas ou metamórficas) as composições, tamanhos, arranjos, origem,
reabsorções marginais, zoneamento de cristais, inclusões cristalina e de fluidos e gases
são avaliados na reconstituição do processo de formação do planeta. Esses critérios
podem ser globais, nacionais, regionais ou locais, com significância independente do
tamanho do fenômeno geológico, portanto, terreno, afloramento, leito ou cristal são
avaliados segundo critérios próprios. O cristal é um corpo sólido homogêneo
constituído por um elemento ou um composto ou mistura isomorfa, com arranjo
atômico de repetição regular expresso externamente como faces planas (euédricos) e
sem faces planas anédricos, com formas subédricas. Os que não possuem faces planas
são internamente cristalinos, são os cristais. Há sete sistemas de categorias: (cúbico,
tetragonal, ortorrômbico, hexagonal, trigonal, monoclínico e triclínico), com variedades
de classes de simetrias e formas dependentes das faces desenvolvidas, estilo de
intersecção nos eixos cristalográficos, o que confere aos cristais diversas geometrias. Os
cristais são expressão de minerais cristalizados, podem ser elementais, óxidos, sulfetos,
halogenetos, sulfatos, carbonatos ou silicatos simples, complexos ou híbridos. Variam
em tamanho de <1 µm a decímetros, metros e muito mais. Os minerais e suas formas
cristalinas são comuns e onipresentes no planeta Terra, sendo esta considera cristalina, a
exceção do seu interior fundido. Alguns cristais possuem importância geoheritage que
podem ser lidas a partir da história hidroquímica e das pressões e temperaturas
alcançadas expressas nos cristais que compõem as rochas que fazem parte da geologia
estrutural. Os autores consideram os cristais importantes devido à possibilidade de
captar informações sobre a Terra, por meio da datação radiométrica do cristal ou zonas
nos cristais que ilustram como cresceram ou como os magmas evoluíram. A
microestratigrafia que são camadas de composição do cristal também é considerada. O
interior dos cristais carrega informações importantes de processos evolutivos do planeta,
sendo a geoconservação dos locais que possuem cristais com geoheritage primordial
para os estudos da história da Terra.
Segundo os autores, a conservação in situ de cristais que possuem significado
geoheritage é o preferível, associando-os à geologia circundante e à história da região.
Não sendo possível, a conservação ex situ em coleções e em museus é o melhor a ser
feito.

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