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XVI Semana

Rede Pedagógica
familia escola familia

Material Complementar
MACEDO, L. de. Capítulo 6 — Família, escola e saúde das
crianças (p. 156-191). Em José Luíz Egydio Setúbal &
Marcos Kisil (Orgs.) A saúde infantil e o
desenvolvimento sustentável da sociedade brasileira.
São Paulo: Fundação José Luíz Egydio Setúbal, 2022.

Família, escola e saúde-das crianças

LINO DE MACEDO

Introdução

P rocessos e estruturas do desenvolvimento humano costumam


ser analisados de duas formas. Uma delas, sob uma
perspectiva temporal, histórica divide o ciclo de vida em sucessivas
etapas ou períodos desde a concepção até a morte. No primeiro
capítulo deste livro, essa forma de análise foi apresentada na Figura
1, englobando os primeiros 8 mil dias do ser humano, da concepção
até a adolescência. Assim, a criança é vista como parte de um ciclo
de vida que inclui o jovem, o adolescente, o adulto e o velho.Em
outras palavras, a infância integra um todo chamado vida humana,
subdividido em recortes temporais significativos.
A outra forma de análise de processos e estruturas do
desenvolvimento humano envolve uma abordagem espacial, em que
a criança é considerada em dado momento particular de sua vida,
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incluindo simultaneamente suas relações com os entornos ou
contextos com os quais interage e dos quais depende para continuar
vivendo. Usualmente, esses entornos valorizam mais o que está
próximo à criança do que o que está distante, mas é igualmente
fundamental para seu desenvolvimento e sua qualidade de vida. Em
nossa sociedade, família, escola e serviço de saúde são as
instituições mais próximas à criança, enquanto instituições políticas
e jurídicas estão mais distantes — embora sejam igualmente
preciosas para seu bem-estar e desenvolvimento.
Quando observamos um fenômeno pela perspectiva espacial, é
importante considerar os objetos que o compõem e diferentes
posições e deslocamentos que podem assumir no espaço. Neste
capítulo, os "objetos" de conhecimento são a criança, sua família, a
escola, os serviços de saúde e a comunidade, bem como as
interações favoráveis ou contrárias aos processos de
desenvolvimento da criança. As diferentes posições são: criança
(enquanto parte do ciclo de vida), filho/filha (parte de uma família),
aluno/aluna (parte de uma escola), paciente ou cliente (beneficiário
de um sistema de saúde) e cidadão/cidadã (membro de uma
comunidade, com seus direitos e deveres). Os deslocamentos
implicam considerar o que é específico a cada um desses recortes e
mudar a perspectiva de análise de acordo com o aspecto analisado,
ou considerar as várias combinações possíveis de interações mútuas
entre os recortes. Aqui, há o desafio de sabermos que essas posições
podem ser alteradas conforme a perspectiva adotada.
Quando observamos um fenômeno sob a perspectiva temporal, é
importante considerar as transformações que ocorrem ao longo do
tempo em seu duplo jogo de continuidade e mudança: continuidade
porque se trata de um mesmo indivíduo ao longo de seu
desenvolvimento; mudança porque esse indivíduo não é o mesmo
quando criança, jovem, adulto ou velho, uma vez que mudam seus
interesses, desafios e possibilidades de leitura do mundo.

A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
Nascido na Alemanha, Erik Erikson foi um psicanalista e grande
professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que
muito influenciou a perspectiva psicossocial da Psicologia do
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Desenvolvimento norte-americana. Uma de suas famosas
contribuições foi a proposição e estágios de desenvolvimento ao
longo do ciclo da vida, cada um caracterizado por uma pergunta
crítica, cujo modo de enfrentamento e contexto de realização fazem
toda a diferença (MACEDO, 2016). Penso ser sempre útil revisar
essas questões e refletir sobre como as estamos enfrentando.
• “Será meu mundo social previsível e protetor?” é a questão que
caracteriza a primeira idade, ou seja, do nascimento até os 18
meses. É uma pergunta que deposita toda a esperança nos adultos —
pais, cuidadores, educadores ou responsáveis — que cuidam,
protegem e asseguram a cada criança, não importam sua condição
de saúde e sua classe social, um sentimento básico de confiança na
vida
• "Será que consigo fazer as coisas sozinho ou tenho a depender
quase sempre dos outros?" é a questão que caracteriza a segunda
idade, de 18 meses a 3 anos. Sentir-se independente, poder andar,
falar, cuidar de si nas coisas básicas, ter relações significativas com
seus pais e poder expressar sua força de vontade é tudo o que as
crianças dessa faixa etária querem.
• "Sereibom ou mau?"é a questão que caracteriza a terceira idade,
de 3 a 6 anos. Quanto e como os pais da criança e todos os adultos
que lhe são caros colaboram para que a resposta a essa pergunta seja
positiva fará toda a diferença. Sentir orgulho de suas capacidades
talvez seja a melhor forma de a criança resolver a crise proposta
pela questão que caracteriza seu estágio de desenvolvimento.
• "Serei competente ou incompetente?' é a questão característica da
quarta idade, de 6 a 12 anos. Aprender a ler, escrever e calcular,
conviver com iguais, respeitar e aceitar regras, fazer coisas com
habilidade e competência, juntos ou sozinhos, são desafios dos
escolares que trilham — diligentemente — o caminho entre ser
criança e se preparar para ser jovem.
• "Quem sou eu? O que vou fazer de minha vida? é a questão
característica da quinta idade, de 12 a 20 anos. Com ela, os adolescentes
encaram o desafio de se adaptar a tantas mudanças (muitos professores
na escola, tarefas e agenda a serem cuidadas por si mesmos, colegas,
esporte, identificação sexual, futuro).

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· "Deverei partilhar minha vida com alguém ou deverei viver
sozinho?" é a questão característica dos jovens adultos que estão na
sexta idade (de 20 a 35 anos). Serão eles capazes de amar e se
entregar, formando vínculos sociais (família e trabalho)? Aceitarão
encontrar-se e se perder no outro de forma amiga, colaborativa e
cooperativa?
· "Produzirei algo com valor, útil para mune para os outros?” é a
questão característica dos adultos “plenos", isto é, que estão na
sétima idade (de 35 a 65 anos). De fato, é nesse estágio do ciclo de
vida que se espera a melhor e maior contribuição dos adultos. De
seu cuidado e produção dependem a sociedade como um todo e, em
particular, crianças, jovens, doentes, incapacitados e idosos.
• "Valeu a pena viver?" é a questão característica da oitava idade, ou
seja, das pessoas com mais de 65 anos. "Estou satisfeito com a
vida?", "quanto ela foi ou tem sido valiosa para mim e todos os
meus?", "viver foi um tempo perdido, impossível de recuperar?", de
fato, são questionamentos que os idosos fazem frequentemente.
Refletir sobre eles e tentar encontrar respostas com humanidade faz
parte da sabedoria acumulada.
Sendo resultantes da temporalidade, essas questões acompanham e
marcam as relações que se dão no nível de todas as estruturas
sociais para o desenvolvimento humano, sejam elas as famílias ou
as escolas, sejam os serviços de saúde ou a própria comunidade.

BIOECOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO


O psicólogo russo-americano Urie Bronfenbrenner pesquisou, em uma
perspectiva sistêmica as duas formas de análise do desenvolvimento
humano, isto é, a horizontal (ou espacial) e a vertical (ou temporal). Ele
designou essa perspectiva como bioecologia do desenvolvimento humano
(BRONFENBRENNER, 2012).
De acordo com a análise horizontal, o desenvolvimento da criança
acontece graças à atuação de diferentes instituições socioculturais, já
apontadas acima. É importante lembrar o que nos ensina a epigenética: as
manifestações (fenótipo) de nosso patrimônio genético são influenciadas
pela interferência de fatores externos facilitadores ou bloqueadores do
desenvolvimento. Nesse sentido, considerar a criança e sua interação
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direta ou indireta com os contextos em que vive é de extrema importância
para estimular seu desenvolvimento integral, garantir seu direito ao bem
-estar e ao desenvolvimento de seu potencial, evitando os fatores do
ambiente que dificultam esse desenvolvimento ou estimulando os que o
facilitam.
Família, escola, serviços de saúde e comunidade são estruturas
socioculturais que influenciam diretamente o desenvolvimento de cada
criança, em seus componentes físicos, psíquicos e sociais. Essas estruturas
são "úteros" ou continentes sociais, culturais e educacionais graças aos
quais a saúde e o bem-estar podem ser oferecidos visando ao melhor
desenvolvimento integral e integrado da criança.

A CRIAN ÇA E A FAMÍLIA

A família é um sistema social muito importante para o


desenvolvimento e o bem-estar das crianças (SANTROCK 2014).
De modo geral, é composta por um ou dois adultos, vivendo juntos
e cuidando de crianças, suas filhas biológicas ou adotadas. A forma
como tais adultos interagem entre si e com a criança ou as crianças
faz muita diferença. Quanto mais essa interação for positiva, tanto
melhor para elas. E vice-versa. Uma característica destacada por
John W. Santrock é que o sistema familiar é bidirecional: pais
influenciam os filhos e filhos influenciam os pais, em direção seja
positiva, seja negativa.
Assim, o que os pais pensam, sentem, agem e fazem são aspectos
muito importantes para compreender como funcionam os processos
familiares. Seus modos de compreender a função parental — suas
crenças e seus valores sobre seu papel — podem ter efeitos
positivos ou negativos no desenvolvimento e no bem-estar das
crianças. Além disso, seus sentimentos e as formas como regulam
suas emoções têm muita influência em suas relações com os filhos.
É importante considerar que os adultos estão em um momento do
ciclo de vida diferente do de seus filhos, sendo desafiados em temas
que não fazem parte dos interesses das crianças ou adolescentes —
que, por sua vez, enfrentam problemas e conflitos também
diferentes. Amaneira como essas duas qualidades de interação com
as coisas do mundo se combinam tem efeitos sobre a convivência
familiar. Além disso, a relação entre pais e filhos, sobretudo nos
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primeiros anos de vida até a maioridade, é assimétrica; cabe aos pais
cuidar dos filhos, protegê-los e educá-los, o que significa exercer
controle sobre eles e tomar decisões em seu nome. Ao mesmo
tempo, em muitas circunstâncias — durante atividades lúdicas, por
exemplo — . as relações podem ser de reciprocidade, isto é, pais e
filhos interagem de igual para igual.
Uma relação harmoniosa e constante para o desenvolvimento
biopsicossocial da criança é, infelizmente, uma idealização. Por
razões econômicas, pais e mães sofrem com desemprego ou
subemprego, famílias vivem em locais inseguros e insalubres, pais e
mães que trabalham fora têm pouco tempo para ficar com os filhos.
São muitos os desafios para garantir que estejam todos juntos e
prover o melhor ambiente para o desenvolvimento das crianças
Às questões econômicas somam-se as de ordem social cultural ou
antropológica. Por exemplo: hoje, é comum os pais terem menos
filhos (um ou dois) e em diferentes momentos da vida adulta (uns
têm filhos quando mais velhos e outros, quando mais jovens). As
pesquisas indicam que ser pai ou mãe como adulto mais velho ou
mais jovem; faz diferença no cuidado e na educação dos filhos.
Ser pai ou mãe é uma função adulta que altera muito a vida e requer
adaptações significativas. Os pais, hoje, são vistos como gestores e
orientadores da vida de seus filhos, ao menos até a maioridade
destes: lhes oferecem oportunidades que os iniciam na vida social,
cultural e educacional. Pesquisas indicam que o monitoramento dos
jovens pelos pais está associado a níveis mais baixos de
delinquência e a um melhor desempenho escolar. Mas a qualidade
do cuidado e da gestão pode estar associada ao que Diana Baumrind
(1966) chama de estilos parentais autoritativo, autoritário,
negligente e indulgente. Tais estilos são manifestações que os pais
direcionam a seus fihos e que caracterizam a natureza de sua
interação eles (REPPOLD et al., 2002). Os estilos do pai e da mãe
podem se combinar de diferentes modos, contrapondo-se ou
complementando-se.
Pais autoritativos

Segundo a psicóloga Olivia Maitret (2020), pais autoritativos:


• Esperam muito dos filhos;
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• São bons para escutá-los e observá-los, agindo de modo
adequado em cada situação;
• Comunicam-se facilmente com eles e levam em conta seus
sentimentos, opiniões e preferências;
• Apoiam e orientam seus filhos a conseguir ficar dentro dos
limites estabelecidos por eles;
• Elogiam os comportamentos positivos.
A autora dá algumas sugestões aos pais autoritativos:
• Filhos são bons observadores dos modos de agir e reagir
dos pais, por isso é muito importante considerar a
qualidade das interações com eles;
• É precioso ouvir os filhos e considerar suas características
individuais, habilidades e fases de desenvolvimento;
• É sempre bom explicar por que algo está certo ou errado.
Além disso, ela indica benefícios de uma parentalidade autoritativa.
Destaca que explicar as relações de causa e efeito:

• Tem consequências diretas e positivas para os filhos;


• Melhora as relações entre pais e filhos;
• Aumenta a chance de os filhos se tomarem "independentes,
autossuficientes, socialmente aceitos, academicamente bem-
sucedidos e bem-comportados, além de terem autocontrole e
regulação emocional".
Ao mesmo tempo, ela adverte sobre os desafios desse estilo parental:
• Exige autocontrole, paciência e consistência;
• Nem sempre funciona com todas as crianças;
• É muito difícil que pai e mãe tenham o mesmo es ou que sejam
flexíveis em caso de discordância;
• Não é fácil estabelecer limites sem consequências severas.

Pais autoritários

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Pais autoritários, ainda que esperem muito de seus filhos não
conseguem ser responsivos ou acolhedores. Fazem exigências
descabidas e inquestionáveis, ditam regras rígidas, mas não
orientam seus filhos sobre como segui-las.
Há uma tentativa de controlar e modelar, de forma rígida, as atitudes
da criança. Pais desse estilo valorizam obediência absoluta,
recorrendo a medidas punitivas (verbais ou físicas) para que o filho
se comporte de acordo com suas exigências. São frequentes as
críticas ou ameaças à criança. Quando Baumrind (1966) estudou as
crianças criadas por um pai autoritário, descobriu que elas, em
geral, tinham temperamento infeliz: pareciam distantes, hostis,
ansiosas e com pouco controle sobre suas próprias emoções
negativas. Isso trazia consequências:
• Os filhos tendiam a apresentar desempenho moderado na escola,
não apresentavam problemas de comportamento e, geralmente,
eram crianças e adolescentes quietos e passivos;

• Se a coerção dos pais fosse muito forte, podiam mostrar


hostilidade e agressividade contra figuras de autoridade;

• Apresentavam pior desempenho em habilidades sociais e humor


instável e eram pouco amigáveis.

Pais indulgentes ou permissivos


São pais centrados em suas crianças. Dão muito apoio e atenção
emocional, mas pouca estrutura positiva e orientação. Têm receio de
rejeição e de não serem amados pelos filhos, aí ... permitem em demasia,
sentem culpa por sua ausência (por trabalharem, por exemplo) ou são
inconsistentes. Quando Baumrind estudou as crianças criadas nesse estilo
parental, descobriu que elas eram teimosas, provocadoras, rebeldes e
incapazes de regular a maior parte das emoções que enfrentavam. Isso
resultava em sérias consequências para os filhos:

• Tornavam-se mais propensos a se envolver em problemas de


comportamento e tinham pior desempenho na escola, mas
aparentavam ter boa autoestima boas habilidades sociais e
baixos níveis de depressão

• Havia um alto risco de envolvimento com drogas no futuro, pois


não tinham aprendido que existem regras e limites no mundo:
poderiam e deveriam experimentar tudo e testar todos.
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Pais negligentes

É o estilo dos pais ausentes, que deixam a criança fazer o que bem
quiser. É o que tem mais efeitos negativos sobre as crianças, porque
elas não recebem a atenção de que precisam para se desenvolverem
tendo limites e respeitando regras de convívio cultural ou social.
Esse estilo tez impactos no comportamento também dos pais, já
que:
• Sem tolerância, os pais se aborrecem facilmente com o
choro natural de um bebê ou com os pedidos de uma.
criança ou de um adolescente;
• Quando os filhos chegam ao limite ou quando eles
próprios (os pais) sentem culpa por serem ausentes: podem
se descontrolar exageradamente ou punir com severidade;
• Mantêm apenas a satisfação de necessidades básicas
(físicas, sociais, psicológicas e intelectuais) de seus filhos.
Esse comportamento negligente também traz sérias consequências
para os filhos:
• Apresentam pior desempenho em todas as áreas e podem ter
atraso no desenvolvimento, bem como problemas afetivos e
comportamentais;

• Esse estilo parental correlaciona-se com uso de drogas e álcool e


com início precoce da vida sexual;

• Baixo desempenho acadêmico, baixas habilidades sociais e


futuro comportamento antissocial (mentir, roubar, agredir,
machucar, xingar...).
Em síntese, o estudo dos estilos parentais divide as reações entre pais e
filhos (de qualquer idade) em quatro tipos básicos: autoritativo (centrado
na relação e socialização dos filhos); negligente (pais ausentes);
autoritário (centrado nos pais); e permissivo (centrado nos filhos). É
importante, acima de tudo, valorizar a negociação e a expressão dos
afetos, que tantas vezes é esquecida, desvalorizada ou mesmo inexistente.
Segundo Santrock (2014), a etnia dos pais pode influenciar os estilos de
criação dos filhos. Ele menciona também o valor negativo dos maus-
tratos, por colocarem em risco o desenvolvimento infantil — o mesmo
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pode acontecer devido a divórcios e problemas de conduta na família. Já a
boa relação entre os pais e um bom ambiente familiar são favoráveis ao
desenvolvimento das crianças. O autor sublinha a importância da relação
dos irmãos no desenvolvimento das crianças, em especial: (1) qualidade
emocional do relacionamento, (2) familiaridade e intimidade do
relacionamento e (3) variação nos relacionamentos entre irmãos.
Os relacionamentos entre irmãos incluem não apenas conflito e briga, mas
também ajudar, ensinar, compartilhar e brincar — e os irmãos podem
funcionar como rivais, apoios emocionais e parceiros de comunicação.
(SANTROCK. 2014)

A ordem de nascimento dos filhos também pode ser outra variável


relevante.
Os filhos primogênitos são mais auto-controlados, conformados e
argumentativos; têm mais culpa e ansiedade; e se destacam
academicamente e profissionalmente em comparação com crianças
nascidas depois. No entanto, alguns críticos argumentam que a influência
da ordem de nascimento foi superestimada como um preditor do
comportamento infantil (SANTROCK, 2014)

Recentemente, o padrão familiar alterou-se muito, e o trabalho dos pais


pode produzir efeitos positivos ou negativos na criação dos filhos. De
acordo com Santrock (2014):
Em geral, o fato de ambos os pais trabalharem em tempo integral fora de
casa não demonstrou ter efeitos negativos sobre os filhos. No entanto,
dependendo das circunstâncias, se os pais experimentam más condições de
trabalho, frequentemente tomam-se desatentos para com os filhos, que
apresentam mais problemas de comportamento e têm um desempenho
escolar pior do que os filhos cujos pais têm melhores condições de
trabalho. Há uma ligação positiva entre a participação em atividades
extracurriculares e desempenho acadêmico, ajuste psicológico e interação
positiva com os pais. (SANTROCK. 2014)

Algumas observações do autor sobre a relação familiar:


Crianças de famílias divorciadas apresentam mais problemas de adaptação
do que suas contrapartes em famílias não divorciadas. É difícil determinar
se os pais devem permanecer em um casamento infeliz ou conflituoso por
causa dos filhos. Os fatores a serem considerados em relação ao
ajustamento dos filhos em famílias divorciadas são o ajuste anterior ao
divórcio, a personalidade e o temperamento, o estádio de desenvolvimento,
o gênero e os arranjos de custódia. A perda de renda para mães divorciadas

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pode estar ligada a uma série de estresses que podem afetar a adaptação da
criança. (SANTROCK. 2014)

Assim como nas famílias divorciadas, as crianças em famílias adotivas têm mais
problemas do que suas contrapartes em famílias não divorciadas. A re-
estabilização geralmente leva mais tempo em famílias adotivas do que em
famílias divorciadas. (SANTROCK 2014)

Aproximadamente 33% das lésbicas e 22%dos gays são pais. Há uma diversidade
considerável entre mães lésbicas, pais gays e seus filhos. Os pesquisadores
encontraram poucas diferenças entre crianças que crescem com pais gays ou
lésbicas e crianças que crescem com pais heterossexuais. (SANTROCK, 2014)

Variações culturais, étnicas e socioeconômicas afetam as relações familiares. Por


exemplo, [nos Estados Unidos] crianças afro-americanas e latinas têm mais
probabilidade do que crianças brancas de viver em famílias mono-parentais,
famílias maiores e famílias com conexões extensas. Famílias com alto nível
socioeconômico tendem a evitar o uso de disciplina física, esforçam-se para criar
uma atmosfera familiar em que as regras sejam discutidas e preocupam-se em
desenvolver a iniciativa das crianças e adiar a gratificação. As famílias com baixo
nível socioeconômico são mais propensas a usar o castigo físico para disciplinar
seus filhos, são mais diretivas e menos conversadoras e desejam que seus filhos
correspondam às expectativas da sociedade. (SANTROCK 2014)

A família, qualquer que seja o combinatório de suas possibilidades de


constituição e funcionamento, é responsável pelos cuidados de saúde e
bem-estar de suas crianças Sem esses cuidados, os filhos não poderiam
sobreviver. É a família que provê as condições para a criança dormir
alimentar-se, tomar banho e trocar de roupa, ser protegida do calor, do
frio, da chuva e dos ventos, e brincar. É ela também que leva a criança ao
médico ou posto de saúde para tomar vacinas, ser tratada quando doente e
ser provida de condições que lhe propiciem bem -estar e sentido de vida.
Como um dos componentes mais importantes na saúde infantil refere-se
à alimentação, o próximo tópico tratara de alguns aspectos relativos a esse
cuidado.

A CRIANÇA E A SAúDE ESCOLAR


É interessante lembrar que o vínculo entre saúde e educação é antigo.
Casemiro, Fonseca e Secco (2014), por exemplo, publicaram uma revisão
bibliográfica abrangendo o período de 1995 a 2013 na América Latina.
Figueiredo, Machado e Abreu (2010) escreveram um "breve relato
histórico sobre a saúde na escola" no Brasil e no mundo.

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O tema da criança e da saúde escolar está presente na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), no Programa Saúde na Escola e nas
Diretrizes Básicas em Saúde Escolar, publicadas pelos departamentos de
Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo e da Sociedade
Brasileira de Pediatria, em parceria com a Associação Brasileira de Saúde
Escolar.
A BNCC divide a educação básica usando a temporalidade até os 18 anos:
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. A educação infantil
subdivide-se em três etapas: a) para as crianças de 1ano a 1ano e 6 meses,
b) para as crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos 11 meses, e c) pré-escola,
para crianças de 4 anos a 5anos e 11 meses. O ensino fundamental
subdivide-se em duas etapas: a)anos iniciais, para a faixa etária de 6 a 10
anos, e b) anos finais, para adolescentes de 11e 14 anos. E o ensino médio
é para adolescentes com idade de 15 a 17 anos. De um modo geral, a
educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental são
responsabilidade do município, enquanto os anos finais do fundamental e
o ensino médio são responsabilidade do estado. O governo federal provê
recursos e torna decisões técnicas, reguladoras do processo de educação
escolar em todo o Brasil.
A BNCC propõe a seguinte definição de competência:
Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades
(práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e
do mundo do trabalho. (BRASIL, 2018)

Anteriormente, publiquei um texto com Maria Inês Fini analisando todos


os termos dessa definição (MACEDO e FINI, 2018). Além disso, a BNCC
propõe dez competências gerais a serem desenvolvidas ao longo da
educação básica (MOVIMENTO PELA BASE NACIONAL COMUM,
2018), das quais três são muito importantes para a escola que valoriza a
saúde e o bem -estar de seus alunos:
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade
para lidar com e com a pressão do grupo.

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,


fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia,
gênero, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer

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outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma coletividade com
a qual deve se comprometer"

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,


flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base nos
conhecimentos construídos na escola segundo princípios éticos
democráticos, inclusivas, sustentáveis e solidários.” (BRASIL, 2018)

O fato é que a escola é ou pode se tornar um importante agente na


promoção da saúde integral de seus alunos. Hoje, felizmente,
crianças e adolescentes com até 18ares devem frequentar a escola
para aprender tudo aquilo que ela tem o compromisso de ensinar.
Como direito, espera-se que as crianças possam frequentar a escola
e nela aprender. Como dever, espera-se que a família e o Estado lhes
proporcionem essa oportunidade tão fundamental para sua
educação. E, enquanto convivem e aprendem no contexto escolar,
um dos pontos que favorecem se desenvolvimento e bem-estar é o
bom cuidado com os diversos componentes de sua saúde.
Porém, a escola não pode cuidar sozinha da saúde infantil. Ela
precisa do apoio da família, da comunidade e do sistema de saúde.
Ou seja, são pelo menos quatro instituições agindo, de forma
interdependente, em favor do melhor desenvolvimento da saúde e
do bem-estar das crianças. Aqui, comunidade refere-se às pessoas
que representam os sistemas jurídico, legislativo e executivo.
Nesse sentido é que deve ser tomado o Programa Saúde na Escola
(PSE), instituído pelo decreto 6.286, de 5 de dezembro de
2007, que prevê práticas a serem executadas pelos ministérios
da Educação e da Saúde (BRASIL, 2009 e 2018). Em síntese,
o programa visa a contribuir para a formação integral dos
alunos na educação básica em escolas públicas por meio de
ações de prevenção, promoção e atenção à saúde, nelas
incluída a prática de uma cultura de paz. Prevê também que o
Sistema único de Saúde (SUS) se articule com as redes
públicas de educa- cão básica a fim de alcançar e impactar o
público desse programa. Assim, será possível construir um
sistema de atenção social comprometido com a promoção da
cidadania e do exercício dos direitos humanos, graças ao qual
se poderão enfrentar vulnerabilidades no campo da saúde,
evitando-se prejudicar o pleno desenvolvimento escolar das
crianças. Escolas e unidades de saúde, em suas comunidades,
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devem compartilhar informações relativas às condições de
saúde, bem como planejar, executar e avaliar as ações
realizadas. Dessa forma, é esperado que os governos —
federal, estadual e municipal — se organizem para fortalecer a
participação comunitárias nas políticas de educação e saúde,
incluindo a saúde escolar.
As atividades de educação e saúde do PSE ocorrem em
territórios definidos segundo a área de abrangência da
Estratégia Saúde da Família do Ministério da Saúde, tornando
possível a criação de núcleos e ligações entre os equipamentos
públicos da saúde e da educação (escolas, centros de saúde,
áreas de lazer como praças e ginásios esportivos e equipes de
Saúde da Família), em ações que envolvam crianças,
adolescentes, famílias e a própria comunidade.
O PSE é constituído por cinco componentes: a) avaliação das
condições de saúde das crianças, adolescentes e jovens que estão na
escola pública; b) promoção da saúde e prevenção de riscos; c)
educação permanente e capacitação dos profissionais da educação e
da saúde, bem como de crianças, jovens, famílias e membros da
comunidade em temas importantes para o desenvolvimento
integrado; d) monitoramento e avaliação da saúde dos estudantes; e)
monitoramento e avaliação do programa.
Os municípios interessados em aderir ao PSE devem fazer um
projeto identificando prioridades e aspectos a serem ajustados face
às características de seu território. Para isso, apresentam um
diagnóstico da situação (determinantes sociais, cenário
epidemiológico e modalidades de ensino), especificam suas
responsabilidades, indicam os números de alunos e escolas e
definem as responsabilidades das secretarias de Saúde e de
Educação. Em síntese produzem uma agenda nessas duas áreas.
É importante diferenciar o papel do professor em questões de saúde
escolar. Dado seu contato diário e prolongado com as crianças, é
bom que esteja preparado para identificar e atender aquelas que
apresentam problemas Crianças estão sujeitas a morbidade e
agravos decorrentes de fatores pessoais e ambientais, o que pode
influenciar sua aprendizagem. O professor pode observar,
igualmente, mudanças no comportamento que talvez signifiquem
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sujeição à violência e ao uso de drogas e álcool. Infelizmente, nem
sempre ele tem o conhecimento, as atitudes, as habilidades e as
práticas para exercer esse papel tão relevante — daí a importância
de capacitá-lo para agir diante de problemas de saúde de seus
alunos, fazendo triagens e encaminhamentos para os serviços de
saúde de referência para o programa.
Os departamentos de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São
Paulo e da Sociedade Brasileira de Pediatria, com a Associação Brasileira
de Saúde Escolar, elaboraram um documento propondo ações
programáticas em saúde escolar (SPSP et al., 2020). Segundo as diretrizes,
a saúde escolar precisa ser desenvolvida de forma integrada,
multidisciplinar e interdisciplinar pelos setores da educação e da saúde. O
professor tem papel preponderante nessas ações, a serem realizadas de
forma descentralizada, regionalizada, horizontalizada e hierarquizada. As
atividades abrangem a área assistencial, a educação e a vigilância em
saúde.

A área assistencial contempla o Programa de Atenção Integral à


Saúde da Criança e do Adolescente, sob a responsabilidade do setor
de saúde. O objetivo é valorizar tanto a saúde individual como a
saúde coletiva e ambiental. as ações, estimulam-se a participação e
o envolvimento da escola, da família e da comunidade. Nesse
sentido, deve ser valorizada a vigilância epidemiológica, sanitária e
nutricional. A equipe da Saúde da Família deve ser o elemento
central desse processo, que, por sua vez, deve orientar cada caso de
acordo com a eventual necessidade de atendimento especializado,
como:
· Saúde bucal. Realização de ações para promover a fluoração e a
escovação, de modo a controlar e reduzir a incidência de cárie e
doença periodontal.
• Saúde auditiva. Em função do excesso de demandas de diagnóstico
em fonoaudiologia - e dada a natureza desse tipo de avaliação - ,
propõe-se que escolas de educação infantil e ensino fundamental
passem informações sobre desenvolvimento e estimulação da
linguagem, visando à identificação de problemas. É feita uma
triagem auditiva em crianças de creches, pré-escolas e da primeira
série do ensino fundamental, por meio da aplicação de testes de
acuidade auditiva. As crianças triadas são levadas para avaliação
diagnostica, e as que tiverem problemas confirmados devem ser
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encaminhadas para tratamento especializado, inclusive com o
fornecimento de aparelho auditivo.
• Saúde mental. Há uma tendência à psicologização do fracasso escolar.
Deve-se diferenciar os determinantes mais frequentes do fracasso escolar -
que são socioculturais e pedagógicos - daqueles que possam ter origem na
estrutura emocional da criança e de suas relações. Sobre esse assunto, tive
a oportunidade de publicar um livro em co-autoria com Rodrigo Bressan
(MACEDO e BRESSAN, 2016).

• Saude ocular. Como é extremamente importante para o desempenho


escolar, pais e professores são orientados a observar eventuais problemas
de visão em seus filhos ou alunos. O professor aprende a aplicar o Teste de
Acuidade Visual e, se perceber indicadores de dificuldades visuais,
encaminha os casos a um oftalmologista. Há alunos que precisam usar
óculos. Os pais devem saber que a criança não nasce enxergando: recém-
nascida, ela percebe apenas luz e vultos, sem saber interpretá-los; pouco a
pouco, ela desenvolve coordenação visual; aos 5 anos é que terá uma
visão comparável a do adulto. Os pais devem observar os olhos da criança,
verificando os seguintes sintomas: estão vermelhos? Há produção de pus?
A pupila ("menina dos olhos”) é branca? Os olhos estão constantemente
lacrimejantes? Os olhos evitam a luz? São estrábicos (vesgos, tortos) ou
esbranquiçados? Fazer tais observações possibilita que os pais levem o
filho ao oftalmologista ou a Unidade Básica de Saúde mais próxima em
sua comunidade.

• Saúde nutricional Como bem lembra Marcos Kisil, a cesta básica


de alimentos no Brasil inclui alimentos para adultos, não para
crianças. É uma pena. Há, por exemplo, muitas crianças com
anemia, isto é, que não ingerem a quantidade ideal de ferro ou
recebem excesso de açúcar. Uma pesquisa sobre ações do PSE para
prevenção do excesso de peso infantil em escolas públicas de
Itapevi, na Grande São Paulo, analisou o estado nutricional dos
escolares, a qualidade da alimentação escolar e a inserção no
currículo de temas relacionados a alimentação, atividade física e
nutrição. Concluiu que era necessário ajustar o cardápio escolar para
reduzir o excesso de peso entre os alunos (BATISTA, et al. 2016). A
determinação da obesidade infantil é complexa e envolve,
principalmente, fatores relacionados ao estilo de vida —
alimentação e atividade física — e às condições socioeconômicas,
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culturais e demográ cas, além das condições familiares. Nesse
sentido, o balanceamento nutricional da merenda de escolas
públicas é um importante elemento para evitar excessos e garantir
que a criança tenha o necessário para seu sadio desenvolvimento.
Infelizmente, contudo, muitas prefeituras não dão a devida atenção
à aquisição e utilização de alimentos saudáveis nas escolas.

A questão nutricional: um exemplo para entender a relação entre


família, escola e serviço de saúde

A Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES), por meio de seu


Instituto Pensi, mantém o Centro de Excelência em Nutrição e
Dificuldades Alimentares, coordenado pelo pe diatra Mauro Fisberg,
especializado em nutrologia. Com esse centro e seu coordenador,
aprendi a importância não só dos cuidados nutricionais para um
desenvolvimento sadio, mas também da relação que deve ocorrer
entre a criança e os espaços que ocupa, seja na residência, seja na
escola, seja em espaços comunitários.
Como sabemos, alimentação é o consumo de alimentos; nutrição é o
conjunto de processos pelos quais o organismo utiliza a energia e as
propriedades dos alimentos, a fim de transformá-los em componentes
necessários para garantir que o organismo se mantenha e se desenvolva
No Brasil, o tema da alimentação e da nutrição está inserido em diversos
marcos legais, como a lei 8080/199 (que, ao dispor sobre a organização do
sistema público de saúde, insere o conceito de alimentação como fator
condicionante e determinante da saúde) e o decreto que a regulamenta
(7.508/2011), que favorece a oferta e a organização das ações de
alimentação e nutrição no SUS. Além desses instrumentos oficiais, a
emenda constitucional 64, aprovada em 2010, insere a alimentação como
um dos direitos sociais dispostos no artigo 6° da Constituição.

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde,


aprovada em 1999 e atualizada pela Portaria 2.715/2011, tem como
propósito melhorar as condições de alimentação, nutrição e saúde da
população brasileira mediante a promoção de práticas alimentares
adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional e a prevenção e
o cuidado integral dos agravos relacionados a alimentação e nutrição.
Dificuldades alimentares podem prejudicar esses processos e, além disso,
têm importantes repercussões sociais, culturais e afetivas. Há crianças que
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fi
apresentam falta de apetite ou que são altamente seletivas, apresentam
fobia alimentar ou excesso de peso. Por outro lado, seus pais ou
educadores podem ter interpretação equivocada sobre cuidados
alimentares ou dificuldades para bem geri-los. Como a boa alimentação é
um componente fundamental ao desenvolvimento integral da criança,
requer esforço dos adultos (pais, educadores, pediatras, nutricionistas,
fonoaudiólogos, psicólogos, políticos e comunidade que produz e
comercializa alimentos). Daí que o Centro de Excelência em Nutrição e
Dificuldades Alimentares é um importante lugar de atendimento e
pesquisa voltados a bebês, crianças e adolescentes cujos pais ou
responsáveis queixam-se de problemas com a alimentação.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece tanto
alimentação escolar em si como ações de educação alimentar e nutricional
em todas as etapas da educação básica pública. Por meio desse programa,
o governo federal repassa a estados, municípios e escolas federais valores
financeiros de caráter suplementar em dez parcelas mensais (de fevereiro a
novembro) para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de
matriculados. São atendidos pelo programa os alunos de toda a educação
básica (infantil, fundamental, médio e educação de jovens e adultos)
matriculados em escolas públicas, filantrópicas e em entidades
comunitárias (conveniadas com o poder público).
Os valores são repassados diretamente aos estados e municípios, com base
no Censo Escolar realizado no ano anterior, e acompanhados e
fiscalizados pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação
Escolar (CAE), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE),pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria
Gera1 da União (CGU) e pelo Ministério Público. E, com a lei
11.947/2009, 30% do valor repassado pelo PNAE deve ser investido na
compra direta de produtos da agricultura familiar, medida que estimula o
desenvolvimento econômico e sustentável das comunidades.
É importante observar que o cardápio da escola deve ser elaborado por
nutricionista, respeitando os hábitos alimentares locais e culturais e
atendendo a necessidades nutricionais específicas, conforme percentuais
mínimos estabelecidos no artigo 14 da resolução 26/2013, emitida pelo
FNDE.
Assim, a merenda escolar passa a ser um importante elemento de equidade
e benefício para os estudantes de escolas públicas, principalmente aqueles
de famílias extremamente pobres e que, muitas vezes, fazem suas únicas
refeições do dia na escola.

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A seguir, destaco alguns aspectos da questão nutricional lembrados por
Mauro Fisberg e Priscila Maximino (2012):

• O comportamento alimentar envolve fatores irredutíveis,


complementares e indissociáveis.

• Além dos aspectos propriamente nutricionais e orgânicos, há


fatores culturais, religiosos, sociais, emocionais, cognitivos,
físicos e neurológicos a serem considerados.

• “Doutor, meu filho não quer comer” é uma afirmacao recorrente


dos pais de família de classe média e alta nas consultas
pediátricas de crianças entre 2 e 6 anos.

• Entre as famílias cujo drama é não ter o que oferecer como


alimento ao filho, devido ao estado de pobreza ou de miséria em
que vivem, normalmente a dúvida é se a criança consegue
receber algum alimento — e se conseguir, há uma forte
prevalência de carboidratos.
Assim, a boa assimilação dos alimentos "implica fatores genéticos,
exposição precoce a sabores, disponibilidade de alimentos em casa, estilos
parentais e práticas alimentares" (FISBERG e MAXIMINO, 2012). Em
situações vividas por famílias de classe média e alta, é possível
identificar a relação entre os estilos parentais e a educação alimentar
que proporcionam a seus filhos, com variações quanto aos graus de
exigência e resposta dos pais.
• Estilo autoritário: alta exigência e baixa capacidade de resposta. O
pai ou mãe controladores "pressionam a criança para comer",
"restringem comidas", "subornam ou usam recompensas” e
"ignoram os sinais de fome da criança".
• Estilo responsivo (autoritativo): alta exigência e alta capacidade de
resposta. O pai ou mãe responsivos "estabelecem limites em relação
ao onde, quando e o que a criança come", "modelam de maneira
adequada a alimentação", "conversam de forma positiva sobre as
comidas” e "respondem aos sinais de fome e guiam a criança a
comer".

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• Estilo indulgente: baixa exigência e alta capacidade de resposta. Os
indulgentes "não fixam limites" — a criança pode comer "o que,
quando e onde quiser" — e "ignoram os sinais de fome do filho.
• Estilo negligente: baixa exigência e baixa capacidade de resposta.
O pai ou mãe "não assumem responsabilidades de cuidado","não
fixam limites"e "ignoram necessidades físicas, emocionais e de
fome” da criança.
Conforme Fisberg e Maximino (2012), 50% dos pais adotam um estilo
controlador. E muitos deles "retêm a comida como punição ou a
usam como recompensa". Na prática, pais controladores "estão
ensinando a criança a comer quando não está com fome"e "a comer
para agradar outras pessoas ou para obter algo que ela quer". Assim,
ensinam que "comer não é prazeroso” e que não vaie a pena "gostar
de alimentos saudáveis", mas sim "gostar de alimentos não
saudáveis". Pais que adotam práticas negligentes ou indulgentes
ensinam"um fraco senso de fome e saciedade”, ‘uma relutância em
provar novos alimentos” e "a gostar de comidas não saudáveis".
Pais que adotam práticas alimentares responsivas ensinam seus
filhos a ter "uma compreensão de fome e saciedade, a experimentar
novos alimentos sem estresse, a adotar padrões de refeições
culturais e familiares” e a compreender que "alimentos são bons” e
que "comer é prazeroso". Para isso, segundo os autores, devem ser
adotadas regras alimentares: comer em horários regulares, não
oferecer guloseimas, sucos ou leite entre as refeições e, quando
houver sede, oferecer apenas água. E, principalmente: vale a pena
incentivar a “auto-alimentação”, ou seja, desenvolver a autonomia
alimentar das crianças.
Assim, percebem-se o contraste com as famílias pobres ou
extremamente pobres e a importância que adquiriu a Bolsa Família,
lançado em 2003 pelo governo federal para superar a fome, a miséria
e a vulnerabilidade social (BRASIL, 2004; MARTINS et sl ., 2013).
Trata-se de programa de transferência condicionada de renda que
atendia famílias em situação de pobreza e pobreza extrema
(BRASIL, 2006) e tinha como objetivo principal combater a
escassez monetária, bem como minimizar a fome e, como
consequência, promover a segurança alimentar e nutricional
(BURLANDY, 2007).

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É importante destacar que, segundo a lei 11.346/2006 (Lei de Segurança
Alimentar e Nutricional), segurança alimentar consiste na realização do
direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a
outras necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade
cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente
sustentáveis". Em contrapartida, a insegurança alimentar pode variar
desde a preocupação básica com a obtenção e comida até os agravos
nutricionais propriamente ditos (HACKETT et al., 2008).
Hoje sabemos que o Bolsa Família possibilitou que os beneficiados
que não tinham alimentação básica suprida passassem a comprar
mais alimentos considerados básicos, como feijão e arroz. Já para as
famílias que tinham a alimentação básica suprida, o programa
possibilitou a aquisição de alimentos mais caros, como frutas,
verduras, legumes, alimentos industrializados e carne (IBASE,
2008). A influência de programas de transferência condicionada de
renda na alimentação e nutrição de famílias no Brasil é, portanto,
positiva (MARTINS et al., 2013).
Ao melhorar quantitativamente o consumo alimentar, o Bolsa
Família pôde promover melhorias também na alimentação e na
saúde das crianças beneficiárias. Um estudo para avaliar o impacto
do programa na qualidade de vida, com amostra aleatória de 3 mil
famílias, verificou que a percepção dos beneficiários sobre o
aumento na frequência de consumo de alimentos antes não
disponíveis na unidade familiar aumentou à medida que aumentava
a faixa do beneficio - e que 94,2% das crianças estudadas faziam
três ou mais refeições ao dia (BRASIL, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se valoriza, como acontece hoje, o desenvolvimento


integral das crianças (MACEDO,2019), é importante assumir uma
visão em que diferentes instituições — família, escola, saúde,
políticas públicas, sociedade — complementam suas formas de
cuidar. Neste capítulo, nosso o objetivo foi destacar alguns aspectos
em que família, escola e saúde podem contribuir para favorecer o

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desenvolvimento e o bem-estar de todas as crianças, seja agora, seja
quando forem adultas.

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25 de 25
Sumário
Agradecimentos, 9

Prefácio da edição revista, 11

1. Introdução, 21

2. O signi cado da teoria geral dos sistemas, 54

Alguns conceitos dos sistemas considerados em termos matemáticos


elementares, 82

Os progressos realizados na teoria geral dos sistemas, 125

O organismo considerado como sistema físico, 161

O modelo do sistema aberto, 183

Alguns aspectos da teoria dos sistemas em biologia, 201

O conceito de sistema nas ciências do homem, 238

A teoria geral dos sistemas em psicologia e psiquiatria, 261

A relatividade das categorias, 281

Página 1 de 64

fi
Apêndice I - Observações sobre desenvolvimentos na teoria matemática dos
sistemas, 314

Apêndice II - O signi cado e a unidade da ciência, 321

Bibliogra a, 325

Sugestões de leitura complementar, 353

Índice, 358

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1
Introdução
Os sistemas estão em toda parte
Se alguém se dispusesse a analisar as noções correntes e os slogans em
moda encontraria bem no alto da lista a palavra "sistemas". Este conceito
invadiu todos os campos da ciência e penetrou no pensamento popular, na
gíria e nos meios de comunicação de massa. O pensamento em termos de
sistemas desempenha um papel dominante em uma ampla série de campos,
que vão das empresas industriais e dos armamentos até tópicos esotéricos da
ciência pura, sendo-lhe dedicadas inumeráveis publicações, conferências,
simpósios e cursos. Apareceram nos últimos anos pro ssões e empregos
desconhecidos até pouco tempo atrás, tendo os nomes de projeto de
sistemas, análise de sistemas, engenharia de sistemas e outros. São o
verdadeiro núcleo de uma nova tecnologia e tecnocracia. Seus executantes
são os "novos utopistas" de nosso tempo (BOGUSLAW, 1965), que - em
contraste com a raça clássica cujas ideias permaneciam entre as capas dos
livros - estão em ação criando um mundo novo, admirável ou não.

São complexas as raízes desta evolução. Um de seus aspectos é a passagem


da engenharia de produção de energia - isto é, libertação de grandes
quantidades de energia tal como acontece nas máquinas a vapor ou elétricas -
para a engenharia de controle, que dirige processos empregando dispositivos
de baixa potência e conduziu aos computadores e à automação. Apareceram
máquinas auto-controladas, desde o humilde termostato doméstico até os
mísseis auto-guiados da Segunda Guerra Mundial e os mísseis imensamente
aperfeiçoados de nossos dias. A tecnologia foi levada a pensar não em termos
de máquinas isoladas, mas em termos de "sistemas". Uma máquina a vapor,
um automóvel ou um receptor de rádio achavam-se dentro da competência do
engenheiro treinado na respectiva especialidade. Mas quando se chega aos
mísseis balísticos ou aos veículos espaciais, estes engenhos têm de ser

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fi
constituídos pela reunião de componentes originados em tecnologias
heterogêneas, mecânicas, eletrônicas, químicas, etc. As relações entre o
homem e a máquina passam a ter importância e entram também em jogo
inumeráveis problemas nanceiros, econômicos, sociais e políticos. Ainda
mais, o tráfego aéreo ou mesmo o de automóvel já não é mais uma questão de
número de veículos em operação, mas formam sistemas que devem ser
planejados ou organizados. Assim, são numerosos os problemas que estão
surgindo na produção, no comércio e nos armamentos.

Deste modo, tornou-se necessário um "enfoque sistêmico". Suponhamos que


seja dado um certo objetivo. A descoberta dos meios e modos que levem à
sua realização requer um especialista de sistemas (ou uma equipe de
especialistas), para examinar as soluções possíveis e escolher as que
prometem ter caráter ótimo com a máxima e ciência e o mínimo custo numa
rede tremendamente complexa de interações. Isto exige técnicas complicadas
e computadores para resolverem problemas que transcendem de muito a
capacidade de qualquer matemático individual. Tanto os equipamentos
(hardware) dos computadores, da automação e da cibernética quanto os
"programas" (software) da ciência dos sistemas representam uma nova
tecnologia. Tem sido chamada a Segunda Revolução Industrial, que se vem
desenvolvendo apenas há poucos decênios.

Estes acontecimentos não se limitaram ao complexo industrial-militar. Os


políticos frequentemente reclamam a aplicação do "enfoque sistêmico" a
problemas urgentes, tais como a poluição do ar e da água, o
congestionamento do trânsito, a bruma urbana, a delinquência juvenil e o
crime organizado, o planejamento das cidades (WOLFE, 1967), etc.,
designando isto um "novo conceito revolucionário" (CARTER, 1966; BOFFEY,
1967). Um primeiro-ministro canadense (MANNING, 1967) inclui a abordagem
por meio de sistemas em sua plataforma política, dizendo que existe uma
relação entre todos os elementos e constituintes da sociedade. Os fatores
essenciais dos problemas públicos, das questões e programas a adotar
devem sempre ser considerados e avaliados como componentes
interdependentes de um sistema total.

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Esta evolução seria simplesmente mais uma das múltiplas facetas da
modi cação que se passa em nossa sociedade tecnológica contemporânea se
não fosse a existência de um importante fator que pode não ser devidamente
compreendido pelas técnicas altamente complicadas e necessariamente
especializadas da ciência dos computadores, da engenharia dos sistemas e
campos relacionados com estas últimas. Não é apenas a tendência da
tecnologia de fazer as coisas maiores e melhores (ou, no caso oposto, mais
lucrativas, destruidoras, ou ambas). Trata-se de uma transformação nas
categorias básicas de pensamento da qual as complexidades da moderna
tecnologia são apenas uma - e possivelmente não a mais importante -
manifestação. De uma maneira ou de outra, somos forçados a tratar com
complexos, com "totalidades" ou "sistemas" em todos os campos de
conhecimento. Isto implica uma fundamental reorientação do pensamento
cientí co.

É inexequível fazer a tentativa de resumir o impacto dos "sistemas" e


implicaria em uma antecipação das considerações deste livro. Alguns poucos
exemplos, escolhidos mais ou menos arbitrariamente, bastam para esboçar a
natureza do problema e a consequente reorientação. O leitor deverá desculpar
um traço egocêntrico nestas citações, tendo em vista o fato de que a
nalidade deste livro consiste em apresentar o ponto de vista do autor e não
uma análise neutra do assunto.

Em física, sabe-se bem que os enormes progressos realizados nas últimas


décadas engendraram também novos problemas - ou possivelmente uma
nova espécie de problemas - que evidenciam melhor aos leigos no número
inde nido de centenas de partículas elementares das quais a física atualmente
não pode dar explicações nem razões. Conforme disse um conhecido
representante dessa ciência (DE-SHALIT, 1966), o progresso ulterior da física
nuclear "exige muito trabalho experimental, assim como a criação de novos e
poderosos métodos para o tratamento de sistemas com muitas, mas não
in nitamente muitas, partículas". A mesma exigência foi expressa por A.
Szent-Györgyi (1964), o grande siologista, de um modo extravagante:

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[Quando entrei para o Institute for Advanced Study em Princeton] tomei esta
decisão na esperança de que esfregando os cotovelos nesses grandes físicos
e matemáticos atômicos aprenderia alguma coisa a respeito da matéria viva.
Mas, logo assim que revelei que em qualquer sistema vivo existem mais de
dois elétrons, os físicos não quiseram mais falar comigo. Com todos os seus
computadores não sabiam dizer o que o terceiro elétron poderia fazer. O que
há de notável no caso é que o elétron sabe exatamente o que tem de fazer.
Assim, esse pequeno elétron conhece uma coisa que todos os sábios de
Princeton ignoram, e que só pode ser uma coisa muito simples.

Bernal (1957), há alguns anos atrás, formulou da seguinte maneira os


problemas ainda sem solução:

Ninguém que conheça as di culdades agora existentes acredita que a crise da


física tenha a probabilidade de ser resolvida por algum simples truque ou
modi cação das atuais teorias.

Exige-se algo radical, que terá de ir muito além da física. Está sendo forjada
uma nova compreensão do mundo, mas será exigida muita experiência e
argumentação antes de chegar a uma forma de nitiva. Terá de ser coerente,
de incluir e esclarecer o novo conhecimento das partículas fundamentais e de
seus campos complexos, de resolver os paradoxos de onda e partícula, terá
de tornar igualmente inteligíveis o mundo interior do átomo e os amplos
espaços do universo. Deverá ter dimensões diferentes de todas as anteriores
concepções do mundo e incluir em si a explicação do desenvolvimento e da
origem de novas coisas. Neste sentido terá naturalmente de alinhar-se com as
tendências convergentes das ciências biológicas e sociais, nas quais um
modelo regular se entrosa com a história de sua evolução.

Nos últimos anos o triunfo da biologia molecular, o "fracionamento" do código


genético, as consecutivas realizações na genética, na evolução, em medicina,
siologia celular e muitos outros campos tornaram-se conhecimento comum.
Mas, a despeito de - ou justamente por causa de - uma percepção
aprofundada conseguida pela biologia "molecular" , tornou-se visível a
necessidade de uma biologia "organísmica", conforme o autor vem advogando

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há mais de quarenta anos. A biologia não tem de ocupar-se apenas com o
nível físico-químico ou molecular, mas também com os níveis mais elevados
de organização da matéria viva.

Como teremos ocasião de discutir em seguida, tem sido estabelecida com


renovada intensidade a exigência de considerar estes aspectos nos fatos e no
conhecimento recentes. Mas não foi acrescentada nenhuma argumentação
que já não tivesse sido anteriormente discutida (VON BERTALANFFY, 1928a,
1932, 1949a, 1960).

Assim, a concepção básica em psicologia costumava ser o "modelo robô". O


comportamento tinha de ser explicado pelo esquema mecanicista estímulo-
resposta (E-R). O condicionamento, de acordo com o padrão das experiências
em animais, era julgado ser o fundamento do comportamento humano. O
"signi cado" devia ser substituído pela resposta condicionada e a
especi cidade do comportamento humano devia ser negada, etc. A psicologia
da Gestalt fez uma primeira invasão no esquema mecanicista há cerca de
cinquenta anos atrás. Mais recentemente toram feitas muitas tentativas no
sentido de se obter uma "imagem do homem" mais satisfatória e o conceito
de sistema vem ganhando importância (capítulo 8). Piaget, por exemplo,
"relaciona expressamente suas concepções com a teoria de Bertalan y sobre
os sistemas gerais" (HAHN, 1967).

Talvez ainda mais do que a psicologia, a psiquiatria assumiu o ponto de vista


dos sistemas (por exemplo Menninger, 1963; von BERTALANFFY, 1966;
GRINKER, 1967; GRAY e col.). Menciono aqui as palavras de Grinker:

Entre as chamadas teorias globais aquela que foi inicialmente enunciada e


de nida por Bertalan y em 1947 sob o título de "Teoria geral dos sistemas"
conseguiu manter-se... Desde en-

1. Conservamos na tradução o neologismo "organísmico" para indicar que se


trata de uma especial intenção do autor, explicada pelo contexto. Nesta
primeira ocorrência a palavra aparece entre aspas, mas nas seguintes vem
exposta sem este expediente. A palavra "orgânico", que em português serve

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de adjetivo tanto a "órgão" quanto a "organismo", não expressaria o que o
autor pretende dizer (N.T.).

tão aquele autor requintou, modi cou e aplicou seus conceitos, criou uma
sociedade para difundir a teoria geral dos sistemas e publicou General
Systems Yearbook. Muitos cientistas sociais, mas apenas alguns poucos
psiquiatras estudaram, compreenderam ou aplicaram a teoria dos sistemas.
De re-pente, sob a direção do Dr. William Gray, de Boston, foi alcançado um
limiar, de modo que na 122ª reunião anual da American Psychiatric Association
em 1966 foram realizadas duas sessões nas quais se discutiu esta teoria,
cando estabelecidos encontros regulares de psiquiatras para a futura
participação no desenvolvimento desta "Teoria Uni cada do Comportamento
Humano". Se tiver de haver uma terceira revolução (isto é, depois da
psicoanalítica e da behaviorista), esta será a do desenvolvimento de uma
teoria geral (p. ix).

O informe de uma recente reunião (American Psychiatric Association, 1967)


traça uma sugestiva imagem:

Quando uma sala com 1.500 pessoas está tão apinhada que centenas cam
de pé durante toda uma sessão matinal, o assunto deve ser de tal natureza
que desperte agudo interesse no público. Tal era a situação no simpósio sobre
o uso de uma teoria geral dos sistemas em psiquiatria, que teve lugar na
reunião realizada em Detroit pela American Psychiatric Associa-tion (DAMUDE,
1967).

O mesmo acontece nas ciências sociais. Uma única conclusão segura pode
tirar-se do largo espectro, da espalhada confusão e das contradições das
teorias sociológicas contemporâneas (SOROKIN, 1928, 1966), a saber, que os
fenômenos sociais devem ser considerados como "sistemas", por mais difíceis
e mal estabelecidas que sejam atualmente as de nições das entidades
socioculturais. Existe uma perspectiva cientí ca revolucionária (derivada) do
movimento de Pesquisa de Sistemas Gerais e (com uma) riqueza de princípios,
ideias e concepções que já trouxeram um alto grau de ordem e de
compreensão cientí cas a muitas áreas da biologia, psicologia e algumas

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ciências físicas ... A moderna pesquisa dos sistemas pode fornecer a base de
uma estrutura mais capaz de fazer justiça às complexidades e propriedades
dinâmicas do sistema sociocultural (BUCKLEY, 1967).

O curso dos acontecimentos em nossa época sugere uma concepção


semelhante na história, inclusive levando-se em conta que, a nal, a história é a
sociologia em ação ou em um estudo "longitudinal". São as mesmas as
entidades socioculturais que a sociologia investiga em seu estado atual e a
história em seu movimento.

Os primeiros períodos da história podem ter-se consolado acusando de


atrocidades e estupidez os maus reis, os nefandos ditadores, a ignorância, a
superstição, as carências materiais e fatores semelhantes. Em consequência, a
história tinha o caráter de "quem fez isto", "idiográ co", como era
tecnicamente chamado.

Assim, a Guerra dos Trinta Anos foi consequência da superstição religiosa e


das rivalidades dos príncipes alemães. Napoleão subverteu a Europa por
causa de sua desenfreada ambição, a Segunda Guerra Mundial pode ser
atribuída à maldade de Hitler e às tendências guerreiras dos alemães.

Perdemos este conforto intelectual. Num estado de democracia, educação


universal e abundância geral estas desculpas anteriores para a atrocidade
humana fracassam miseravelmente.

Contemplando a história contemporânea no próprio ato de se desenrolar, é


difícil atribuir o que nela há de irracionalidade e bestialidade unicamente aos
indivíduos (a não ser concedendo-lhes uma capacidade sobre-humana - ou
subumana - de malícia e estupidez). Ao contrário, parece que somos vítimas
de "forças históricas", qualquer que seja o signi cado deste termo. Os
acontecimentos parecem implicar mais do que unicamente as decisões e
ações individuais, sendo determinados mais por "sistemas" socioculturais,
quer sejam preconceitos, ideologias, grupos de pressão, tendências sociais,
crescimento e declínio de civilizações ou seja lá o que for. Conhecemos
precisa e cienti camente quais vão ser os efeitos da poluição, da devastação
dos recursos naturais, da explosão populacional, da corrida armamentista, etc.

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Todos os dias um incontável número de críticos dizem-nos isto, citando
argumentos irrefutáveis. Mas nem os dirigentes nacionais nem a sociedade em
totalidade parecem ser capazes de fazer alguma coisa a respeito desta
situação. Se não aceitarmos uma explicação teísta - Quem Deus perdere vult
dementai - parece que seguimos uma trágica necessidade histórica.

Embora compreendendo a vagueza de conceitos tais como civilização e as


de ciências das "grandes teorias" do tipo das de Spengler e Toynbee, a
questão das regularidades ou das leis dos sistemas socioculturais é dotada de
sentido, embora não signi que necessariamente inevitabilidade histórica, de
acordo com Sir Isaiah Berlin. Um panorama histórico como o livro de McNeill,
The Rise of the West (1963), que já no título indica sua posição
antispengleriana, é contudo uma história dos sistemas históricos. Esta
concepção penetra em campos aparentemente situados fora dela, e é assim
que já se disse que a "escola arqueológica do processo" "tirou o embrião de
seu desenvolvimento da concepção de Ludwig von Bertalan y, segundo a qual
os sistemas desencadeiam o comportamento em conjunturas críticas e, uma
vez isso acontecido, não podem mais voltar à.sua condição
original" (FLANNERY, 1967).

Embora a sociologia (e presumivelmente a história) trate de organizações


informais, outro recente desenvolvimento foi a teoria das organizações formais,
isto é, estruturas planejadas, tais como um exército, a burocracia, uma
empresa comercial, etc.

Esta teoria é "moldada em uma loso a que adota a premissa de que a única
maneira inteligível de estudar uma organização é estudá-la como sistema",
uma vez que a análise dos sistemas trata "a organização como um sistema de
variáveis mutuamente dependentes". Por conseguinte, "a teoria moderna das
organizações conduz quase inevitavelmente à discussão da teoria geral dos
sistemas" (SCOTT, 1963). Conforme as palavras de um pro ssional da
pesquisa operacional, nas últimas duas décadas assistimos à emergência do
"sistema" como conceito-chave na pesquisa cientí ca. Evidentemente, os
sistemas já eram estudados há séculos, mas algo novo foi agora

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acrescentado... A tendência a estudar os sistemas como uma entidade e não
como um aglomerado de partes está de acordo com a tendência da ciência
contemporânea que não isola mais os fenômenos em contextos estreitamente
con nados, mas abre-se ao exame das interações e investiga setores da
natureza cada vez maiores. Sob a égide da pesquisa dos sistemas (e seus
numerosos sinônimos) assistimos também à convergência de muitas criações
mais especializadas da ciência contemporânea... Esta pesquisa prossegue e
muitas outras estão sendo entrelaçadas em um esforço conjunto de
investigação, que envolve um espectro cada vez mais amplo de disciplinas
cientí cas e tecnológicas. Estamos participando do que é provavelmente o
mais amplo esforço para chegar a uma síntese do conhecimento cientí co
como jamais foi feita (ACKOFF, 1959).

Desta maneira, fecha-se o círculo e voltamos às realizações da sociedade


tecnológica contemporânea de que tínhamos partido. Dessas considerações -
embora apenas esboçadas e super ciais - emerge a noção de que na gama
das ciências e da vida moderna exigem-se novas conceitualizações, novas
ideias e categorias, e que estas, de uma maneira ou de outra, estão
centralizadas no conceito de "sistema". Citemos, para variar, um autor
soviético:

A elaboração de métodos especí cos para a investigação dos sistemas é a


tendência geral do conhecimento cientí co atual, assim como para a ciência
do século XIX era característica a concentração primordial da atenção na
elaboração de formas e processos elementares na natureza (LEWADA, apud
HAHN, 1967, р. 185).

Os perigos desta nova criação infelizmente são evidentes e já foram muitas


vezes enunciados. O novo mundo cibernético, de acordo com o psiquiatra
Ruesch (1967), não se refere a pessoas, mas a "sistemas". O homem torna-se
substituível e consumível.

Para os novos utopistas da engenharia dos sistemas, usando uma frase de


Boguslaw (1965), é o "elemento humano" que se revela ser precisamente o
componente falível de suas criações. Este elemento ou tem de ser eliminado

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de todo e substituído pelos equipamentos dos computadores, pela maquinaria
autorregulável e coisas semelhantes, ou tem de ser tornado tão digno de
con ança quanto possível, isto é, mecanizado, conformista, controlado e
padronizado. Em termos mais ásperos, o homem no grande sistema tem de
ser - e em larga extensão já é - um débil mental, um idiota amestrado ou
dirigido por botões, isto é, altamente treinado em alguma estreita
especialização ou então tem de ser simples parte da máquina. Isto está de
acordo com um princípio bem conhecido dos sistemas, o da progressiva
mecanização, na qual o indivíduo se torna cada vez mais uma roda dentada
dominado por uns poucos líderes privilegiados, mediocridades e misti ca-
dores que só têm em vista seus interesses privados sob a cortina de fumaça
das ideologias (SOROKIN, 1966, p. 5585).

Quer consideremos a expansão positiva do conhecimento e o controle


bené co do ambiente e da sociedade, quer vejamos no movimento dos
sistemas o advento do Brave new world e do 1984, o fato é que este
movimento merece intenso estudo e temos de aceitá-lo.

História da teoria dos sistemas

Como vimos, há acordo em todos os principais campos - da física subatômica


à história - sobre a necessidade da reorientação da ciência. As realizações da
tecnologia moderna reforçam esta tendência.

Tanto quanto é possível saber, a ideia de uma "teoria geral dos sistemas" foi
pela primeira vez introduzida por este autor, anteriormente à cibernética, à
engenharia dos sistemas e ao surgimento de campos a ns. A história da
maneira pela qual foi conduzida a esta noção acha-se narrada resumidamente
em outro lugar deste livro (p. 125ss), mas parece conveniente fazer-se uma
certa ampliação tendo em vista as recentes discussões.

Tal como se dá com qualquer nova ideia na ciência ou em outra atividade, o


conceito de sistema tem uma longa história. Embora o termo "sistema"
propriamente não tivesse sido empregado, a história deste conceito inclui
muitos nomes ilustres. Sob a designação de " loso a natural", podemos fazê-

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lo remontar a Leibniz, a Nicolau de Cusa, com sua coincidência dos opostos, à
medicina mística de Paracelso, à visão da história de Vico e Ibn-Kaldun,
considerada como uma série de entidades ou "sistemas" culturais, à dialética
de Marx e Hegel, para não mencionar mais do que alguns poucos nomes
dentre uma rica panóplia de pensadores. O apreciador de literatura pode
lembrar o De ludo globi de Nicolau de Cusa (1463; cf. VON BERTALANFFY,
1928b) e o Glasperlens-piel de Hermann Hesse, ambos vendo a construção do
mundo re etida em um jogo abstrato habilmente planejado. Houve algumas
obras preliminares no campo da teoria geral dos sistemas. As Gestalten físicas
de Köhler (1924) indicavam esta direção, mas não trataram do problema em
toda a sua generalidade, limitando-se às Gestalten em física (e nos fenômenos
biológicos e psicológicos presumivelmente interpretáveis nesta base). Em uma
publicação posterior (1927), Köhler levantou o postulado de uma teoria dos
sistemas destinada a elaborar as propriedades mais gerais dos sistemas
inorgânicos comparadas as dos sistemas orgânicos. Até certo ponto esta
exigência foi satisfeita pela teoria dos sistemas abertos.

A obra clássica de Lotka (1925) foi a que mais se aproximou do objetivo e por
isso devemos-lhe algumas formulações básicas. De fato, Lotka tratou do
conceito geral de sistemas (não tendo se restringido, como Köhler, aos
sistemas da física). Sendo um estatístico, porém, interessado nos problemas
da população mais do que nos problemas biológicos do organismo individual,
Lotka, de modo um tanto estranho, concebeu as comunidades como
sistemas, ao mesmo tempo em que considerava o organismo individual como
uma soma de células.

Entretanto, só recentemente se tornou visível a necessidade e a exequibilidade


da abordagem dos sistemas. A necessidade resultou do fato do esquema
mecanicista das séries causais isoláveis e do tratamento por partes terem se
mostrado insu cientes para atender aos problemas teóricos, especialmente
nas ciências bios-sociais, e aos problemas práticos propostos pela moderna
tecnologia. A viabilidade resultou de várias novas criações - teóricas,
epistemológicas, matemáticas, etc. - que, embora ainda no começo, tornaram
progressivamente realizável o enfoque dos sistemas.

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O autor deste livro, na década de 1920, cou intrigado com as evidentes
lacunas existentes na pesquisa e na teoria da biologia. O enfoque mecanicista
então prevalecente, que acabamos de mencionar, parecia desprezar ou negar
de todo exatamente aquilo que é essencial nos fenômenos da vida. O autor
advogava uma concepção organísmica na biologia, que acentuasse a
consideração do organismo como totalidade ou sistema e visse o principal
objetivo das ciências biológicas na descoberta dos princípios de organização
em seus vários níveis. Os primeiros enunciados do autor datam de 1925-1926,
ao passo que a loso a do "mecanicismo orgânico" de Whitehead foi
publicada em 1925. O trabalho de Cannon sobre a homeostase apareceu em
1929 e 1932. A concepção organísmica teve como grande precursor Claude
Bernard, mas sua obra era pouco conhecida fora da França, e mesmo agora
ainda espera sua completa valorização (cf. BERNAL, 1957, p. 960). O
aparecimento simultâneo de ideias semelhantes independentemente umas das
outras e em diferentes continentes era um sintomático indício de uma nova
tendência que necessitaria, porém, de tempo para chegar a ser aceita.

Estas observações são suscitadas pelo fato de que nos últimos anos a
"biologia organísmica" foi re-acentuada por importantes biologistas
americanos (DUBOS, 1964, 1967; DOBZHANSKY, 1966; COMMONER, 1961),
os quais porém não mencionam o trabalho muito antigo do presente autor,
embora seja reconhecido na literatura da Europa e dos países socialistas (por
exemplo, UNGERER, 1966; BLANDINO, 1960; TRIBINO, 1946; KANAEV, 1966;
KAMARYT, 1961, 1963; BENDMANN, 1963, 1967; AFA-NASJEW, 1962). Pode-
se declarar com certeza que as recentes discussões do assunto (por exemplo,
NAGEL, 1961; HEMPEL, 1965, BECKNER, 1959; SMITH, 1966; SCHAFFNER,
1967), embora referindo-se naturalmente aos progressos da biologia nos
últimos quarenta anos, não acrescentaram qualquer ponto de vista novo ao
que tinha sido feito pelo trabalho deste autor.

Em loso a, o autor foi educado na tradição do neopositivismo do grupo de


Moritz Schlick, que veio a ser conhecido mais tarde como Círculo de Viena.
Evidentemente, porém, o interesse do autor no misticismo alemão, no
relativismo histórico de Spengler, na história da arte e outras atitudes não

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ortodoxas tornaram impossível vir a ser um bom positivista. Mais fortes eram
suas ligações com o grupo de Berlim da "Sociedade de Filoso a Empírica"
existente na década de 1920, na qual tinha papel proeminente o lósofo e
físico Hans Reichenbach, o psicólogo A. Herzberg, o engenheiro Parseval
(inventor da aeronave dirigível).

Em conexão com o trabalho experimental sobre o metabolismo e o


crescimento, de um lado, e o esforço para concretizar o programa
organísmico, de outro, a teoria dos sistemas abertos foi proposta, baseada no
fato bastante trivial de que o organismo é um sistema aberto, embora na
época não existisse nenhuma teoria desse tipo. A primeira apresentação, que
se seguiu a alguns ensaios de experiência, acha-se incluída neste volume
(capítulo 5). A biofísica parecia assim exigir uma expansão da teoria física
convencional no sentido da generalização dos princípios cinéticos e da teoria
termodinâmica, sendo esta última conhecida mais tarde como termodinâmica
irreversível.

Nessa ocasião, porém, apareceu uma outra generalização. Em muitos


fenômenos biológicos e também nas ciências sociais e do comportamento são
aplicáveis os modelos e as expressões matemáticas. Estes, evidentemente,
não se incluem entre as entidades da física e da química e nesse sentido
transcendem a física como paradigma da "ciência exata" (digamos de
passagem que a série Abhandlungen zur exakten Biologie depois dos
anteriores Abhandlungen zur theoretischen Biologie de Schaxel foi inaugurada
pelo autor, mas teve de ser suspensa durante a guerra). Tornou-se aparente a
semelhança estrutural desses modelos e seu isomor smo em diferentes
campos, e justamente revelaram-se centrais os problemas de ordem,
organização, totalidade, teleologia, etc., que eram excluídos dos programas da
ciência mecanicista. Esta foi, portanto, a ideia da "teoria geral dos sistemas" a
época não era favorável para esta realização. A biologia era interpretada como
idêntica ao trabalho de laboratório e o autor esteve em apuros quando
publicou Theoretische Biologie (1932), outro campo que só recentemente
tornou-se academicamente respeitável. Hoje em dia, quando há numerosas
revistas e publicações dedicadas a essa disciplina e a construção de modelos

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tornou-se um esporte caseiro de moda e generosamente nanciado, é difícil
imaginar a resistência feita a estas ideias. A a rmação do conceito de teoria
geral dos sistemas, especialmente pelo falecido professor Otto Pötzl, famoso
psiquiatra vienense, ajudou o autor a vencer suas inibições e publicar um
comunicado (reproduzido no capítulo 3 deste livro). Mais uma vez o destino
interveio. O artigo (na Deutsche Zeitschrift für Philosophie) chegou ao estágio
das provas, mas o número da revista que devia contê-lo foi destruído na
catástrofe da última guerra. Depois da guerra, a teoria geral dos sistemas foi
apresentada em conferências (cf. Apêndice), amplamente discutida com os
físicos (VON BERTALANFFY, 1948a) e discutida em conferência e simpósios
(por exemplo, VON BERTALANFFY e col., 1951).

A nalidade da teoria dos sistemas foi recebida com incredulidade, sendo


julgada fantástica ou presunçosa. Além do mais - objetava-se - a teoria era
trivial, porque os supostos isomor smos eram simplesmente exemplos do
truísmo segundo o qual a matemática pode aplicar-se a todas as espécies de
coisas e portanto não tem maior peso do que a "descoberta" de que 2 + 2 = 4
é igualmente verdadeira para maçãs, dólares e galáxias. Dizia-se também que
era uma teoria falsa e desnorteadora, porque as analogias super ciais - como
na famosa similitude entre a sociedade e um "organismo" - escamoteiam as
diferenças reais e assim conduzem a conclusões erradas e mesmo
moralmente inaceitáveis.

Ou, ainda uma vez, dizia-se que a teoria era losó ca e metodologicamente
infundada, porque a alegada "irredutibilidade" dos níveis superiores aos
inferiores tendia a impedir a pesquisa analítica, cujo sucesso era evidente em
vários campos, tais como na redução da química aos princípios físicos ou dos
fenômenos da vida à biologia molecular.

Aos poucos foi-se compreendendo que estas objeções não atingiam o alvo no
que diz respeito à natureza da teoria dos sistemas, a saber, a tentativa de uma
interpretação e uma teoria cienti ca em assuntos nos quais anteriormente não
existiam, e chegar a uma generalidade mais alta do que a das ciências
especiais. A teoria geral dos sistemas atendia a uma secreta tendência de

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várias disciplinas. Uma carta de K. Boulding, economista, datada de 1953,
resume bem a situação:

Parece que cheguei a uma conclusão muito semelhante à sua, embora


partindo da economia e das ciências sociais e não da biologia, a saber, que
existe um corpo daquilo que chamei "teoria empírica geral", ou "teoria geral
dos sistemas", em sua excelente terminologia, com larga aplicação em muitas
disciplinas diferentes. Tenho a certeza de haver muita gente em todo o mundo
que chegou essencialmente à posição que te-mos, mas estão amplamente
espalhadas e não se conhecem umas às outras, tão grande é a di culdade de
atravessar as fronteiras das disciplinas.

No primeiro ano do Centro de Estudos Superiores das Ciências do


Comportamento (Palo Alto), encontraram-se Boulding, o biomatemático A.
Rapoport, o siologista Ralph Gerard e o presente autor. O projeto de uma
Sociedade da Teoria Geral dos Sistemas foi realizado na reunião anual da
Associação Americana para o Progresso da Ciência em 1954. O nome mais
tarde foi mudado para a expressão menos pretensiosa "Sociedade de
Pesquisa Geral dos Sistemas", atualmente liada à AAAS, cujas reuniões
tornaram-se um apêndice bem frequentado das convenções da AAAS.
Estabeleceram-se vários grupos locais da Sociedade em vários centros dos
Estados Unidos e posteriormente da Europa.

O programa original da sociedade não precisou revisão:

A Sociedade de Pesquisa Geral dos Sistemas foi organizada em 1954 para


impulsionar o desenvolvimento dos sistemas teóricos aplicáveis a mais de um
dos tradicionais departamentos de conhecimento. Suas principais funções
são: (1) investigar a isomor a de conceitos, leis e modelos em vários campos e
promover a transferência útil de um campo para outro; (2) encorajar a criação
de modelos teóricos adequados em campos onde atualmente não existem; (3)
reduzir ao mínimo a duplicação do esforço teórico em diferentes campos; (4)
promover a unidade da ciência mediante a melhoria da comunicação entre os
especialistas.

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O Anuário da Sociedade, General Systems, e cientemente dirigido por A.
Rapoport, tem sido desde então seu órgão. Deliberadamente General Systems
não segue uma orientação rígida, mas ao contrário oferece lugar para artigos
de intenção diferente, conforme parece adequado em um campo que precisa
de ideias e exploração. Grande número de pesquisas e publicações
comprovam esta tendência em vários campos. Apareceu uma revista,
Mathematical Systems Theory.

Enquanto isto, outra linha de desenvolvimento teve lugar. Apareceu em 1948 o


livro Cybernetics de Norbert Wiener, resultado das aquisições, então recentes,
da tecnologia dos computadores, da teoria da informação e das máquinas
autorreguladoras. Ainda uma vez, foi uma dessas coincidências que ocorrem
quando as ideias estão no ar o fato de três contribuições fundamentais terem
aparecido aproximadamente no mesmo momento, a saber, Cybernetics de
Wiener (1948), a teoria da informação de Shannon e Weaver (1949) e a teoria
dos jogos de von Neumann e Morgenstern (1947). Wiener levou os conceitos
cibernéticos de retroação e informação muito além dos campos da tecnologia
e generalizou-os nos domínios biológico e social. É verdade que a cibernética
tinha precursores. O conceito de homeostase de Cannon foi uma pedra
angular nessas considerações. Modelos menos conhecidos, mas detalhados
de feedback de fenômenos siológicos, tinham sido elaborados pelo
siologista alemão Richard Wagner (1954) na década de 1920, pelo detentor
do Prêmio Nobel o suíço W.R. Hess (1941, 1942) e no Rea erenzprinzip de
Erich von Holst. A enorme popularidade da cibernética na ciên-cia, na
tecnologia e na publicidade geral é sem dúvida devida a Wiener e à sua
proclamação da Segunda Revolução Industrial.

A estreita correspondência entre os dois movimentos está bem documentada


no enunciado programático de L. Frank na introdução a uma conferência sobre
cibernética:

Os conceitos de comportamento nalista e de teleologia desde muito eram


associados a uma misteriosa capacidade de auto-aperfeiçoamento, ou de
procura de um m, ou uma causa nal, em geral de origem sobre-humana ou

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sobrenatural. Para poder prosseguir no estudo dos acontecimentos o
pensamento cientí co teve de rejeitar essas crenças na nalidade e estes
conceitos de operações teleológicas, substituindo-os por uma concepção da
natureza estritamente mecanicista e determinista. Esta concepção mecanicista
tornou-se rmemente estabelecida com a demonstração de que o universo
baseava-se na operação de partículas anônimas que se movem ao acaso, de
maneira desordenada, dando origem, por sua multiplicidade, à ordem e à
regularidade de uma natureza estatística, como na física clássica e nas leis dos
gases. O indiscutível sucesso desses conceitos e métodos em física e em
astronomia, e mais tarde em química, deram à biologia e à siologia sua
principal orientação. Este enfoque dos problemas dos organismos foi
reforçado pela preocupação analítica da cultura e das línguas europeias
ocidentais. As suposições fundamentais de nossas tradições e as persistentes
implicações da linguagem que usamos quase nos impelem a abordar o estudo
de qualquer objeto su-pondo-o composto de partes ou fatores separados,
discretos, que devemos isolar e identi car como causas poderosas. Daí
decorre nossa preocupação com o estudo da relação de duas variáveis.
Assistimos hoje a procura de novas abordagens para novos e mais amplos
conceitos e métodos capazes de tratar de grandes totalidades de organismos
e personalidades. O conceito de mecanismos teleológicos, sejam quais forem
os termos que o exprimam, pode ser considerado uma tentativa de escapar
daquelas velhas formulações mecanicistas que agora se mostram
inadequadas e fornecer novas e mais fecundas concepções e metodologias
mais e cazes para estudarem processos autorreguladores, sistemas e
organismos auto-orientados e personalidades que se dirigem a si mesmas.
Assim, os termos retroação, servo-mecanismos, sistemas circulares e
processos circulares podem ser considerados expressões diferentes, mas
equivalentes da mesma concepção básica (FRANK e col., 1948, resumido).

O exame do desenvolvimento da cibernética na tecnologia e na ciência


excederia os limites deste livro, sendo desnecessário em vista da extensa
literatura sobre o assunto. Entretanto, a presente síntese histórica é
conveniente porque surgiram certas incompreensões e interpretações

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errôneas. Assim, Buckley (1967, p. 36) declara que "a moderna teoria dos
sistemas, embora aparentemente tenha surgido de modo original do esforço
realizado na última guerra, pode ser considerada a culminação de um amplo
movimento na perspectiva cientí ca que tendia a tornar-se dominante desde
os últimos séculos". Embora a segunda parte da proposição seja verdadeira, a
primeira não é. A teoria dos sistemas não "surgiu do esforço realizado na
última guerra", mas remonta a tempos muito anteriores e tem raízes
inteiramente diferentes dos equipamentos militares e realizações tecnológicas
a ns. Tampouco houve uma "emergência da teoria dos sistemas partindo de
recentes progressos na análise dos sistemas de engenharia" (SHAW, 1965),
exceto em um sentido especial da palavra.

A teoria dos sistemas é também frequentemente identi cada com a


cibernética e a teoria do controle. Também isto é incorreto. A cibernética
enquanto teoria dos mecanismos de controle na tecnologia e na natureza,
fundada nos conceitos de informação e retroação, é apenas uma parte da
teoria geral dos sistemas. Os sistemas cibernéticos são um caso especial,
embora importantes, dos sistemas que apresentam autorregulação.

Rumos da teoria dos sistemas


Numa época em que qualquer novidade, por trivial que seja, é aclamada como
revolucionária, estamos cansados de ver usado este rótulo aplicado a criações
cientí cas. Uma vez que as minissaias e os cabelos compridos usados pela
juventude são chamados de revolução e qualquer novo estilo de automóvel ou
remédio lançados pela indústria farmacêutica são anunciados com este título,
a palavra converteu-se num slogan de propaganda que a faz dilicil-mente
merecer séria consideração. Entretanto, pode ser usada em sentido
estritamente técnico, isto é, as "revoluções cientí cas" podem ser
identi cadas por certos critérios de diagnóstico.

De acordo com Kuhn (1962), uma revolução cientí ca de ne-se pelo


aparecimento de novos esquemas ou "paradigmas" conceituais. Estes põem
em evidência aspectos que não eram anteriormente vistos nem percebidos, ou
eram mesmo suprimidos na ciência "normal", isto é, a ciência geralmente

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aceita e praticada no momento. Por conseguinte, há um deslocamento nos
problemas observados e estudados e uma mudança das regras da prática
cientí ca, comparável à troca nas gestalten perceptíveis nas experiências
psicológicas, quando por exemplo a mesma gura pode ser vista como
constituída por dois per s ou por uma taça, um pato ou um coelho. E bem
compreensível que nessas fases críticas seja acentuada a importância da
análise losó ca, que não é sentida com a mesma necessidade em períodos
de crescimento da ciência "normal". As primitivas versões de um novo
paradigma são na maioria das vezes toscas, resolvem poucos problemas e as
soluções dadas aos problemas individuais estão longe de serem perfeitas. Há
uma profusão e competição de teorias, cada uma das quais limitadas no que
diz respeito ao número de problemas a que se referem e à solução elegante
daqueles que são levados em consideração. Contudo, o novo paradigma
abrange novos problemas, especialmente os que anteriormente eram
rejeitados como "metafísicos".

Estes critérios foram extraídos por Kuhn do estudo das revoluções "clássicas"
em física e química, mas são uma excelente descrição das transformações
realizadas pelos conceitos de organismo e de sistema, elucidando ao mesmo
tempo os méritos e as limitações destes conceitos. Especialmente, mas não
de modo surpreendente, a teoria dos sistemas abrange um certo número de
enfoques diferentes quanto ao estilo e às nalidades.

O problema do sistema é essencialmente o problema das limitações dos


procedimentos analíticos na ciência. Isto costuma ser expresso em
enunciados semimetafísicos, tais como evolução emergente ou "o todo é mais
do que a soma de suas partes", mas tem uma clara signi cação operacional.
"Procedimento analíti-co" signi ca que uma entidade pode ser estudada
resolvendo-se em partes e, por conseguinte, pode ser constituída ou
reconstituída pela reunião destas partes. Estes procedimentos são entendidos
tanto em sentido material quanto em sentido conceitual.

Este é o princípio fundamental da ciência "clássica", que pode ser


apresentado de diversas maneiras, a saber, resolução em séries causais

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isoláveis, procura de unidades "atômicas" nos vários campos da ciência, etc.
O progresso da ciência mostrou que estes princípios da ciência clássica -
enunciados primeiramente por Galileu e Descartes - têm grande sucesso em
um amplo domínio de fenômenos.

A aplicação do procedimento analítico depende de duas condições. A primeira


é que as interações entre as "partes" ou não existam ou sejam su cientemente
fracas para poderem ser desprezadas nas nalidades de certo tipo de
pesquisa. Só com esta condição as partes podem ser "esgotadas" real, lógica
e matematicamente, sendo em seguida "reunidas". A segunda condição é que
as relações que descrevem o comportamento das partes sejam lineares, pois
só então é dada a condição de aditividade, isto é, uma equação que descreve
o comportamento do todo é da mesma forma que as equações que
descrevem o comportamento das partes. Os processos parciais podem ser
sobrepostos para obter o processo total, etc.

Estas condições não são satisfeitas pelas entidades chamadas sistemas, isto
é, consistindo de partes "em interação". O protótipo de sua descrição é um
conjunto de equações diferenciais simultâneas (p. 84ss), não lineares no caso
geral. Um sistema ou "complexidade organizada" (p. 57) pode ser de nido
pela existência de "fortes interações" (RAPOPORT, 1966) ou de interações
"não triviais" (SIMON, 1965), isto é, não lineares. O problema metodológico da
teoria dos sistemas consiste portanto em preparar-se para resolver problemas
que, comparados aos problemas analíticos e somatórios da ciência clássica,
são de natureza mais geral.

Conforme dissemos, há vários enfoques para tratar desses problemas.


Usamos intencionalmente a expressão um tanto vaga "enfoques" porque estes
são logicamente não homogêneos, representam diferentes modelos
conceituais, técnicas matemáticas, pontos de vista gerais, etc., concordando
porém na qualidade de serem "teorias dos sistemas". Deixando de lado os
enfoques da pesquisa aplicada dos sistemas, tais como os sistemas de
engenharia, a pesquisa operacional, a programação linear e não linear, etc., os

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enfoques mais importantes são os seguintes (para uma boa compilação veja-
se DRISCHEL, 1968):

A teoria "clássica" dos sistemas aplica a matemática clássica, isto é, o cálculo.


Tem por nalidade enunciar princípios que se aplicam aos sistemas em geral
ou a subclasses de nidas (por exemplo, sistemas fechados e abertos),
fornecer técnicas para sua investigação e descrição e aplicar estas técnicas
aos casos concretos. Devido à generalidade desta descrição pode-se a rmar
que certas propriedades formais se aplicarão a qualquer entidade enquanto
sistema (sistema aberto ou sistema hierárquico, etc.), mesmo quando sua
natureza particular, suas partes e relações sejam desconhecidas ou não
pesquisadas. Como exemplo podemos mencionar os princípios generalizados
da cinética aplicáveis a monulacões de moléculas ou a entidades biológicas
isto é, a sistemas químicos e ecológicos; a difusão, cujas equações podem
aplicar-se em físico-química e no espalhamento de boatos; a aplicação de
modelos de estado estável e de mecânica estatística ao uxo do tráfego
(GAZIS, 1967); análise alométrica de sistemas biológicos e sociais.

Computação e simulação. Os conjuntos de equações diferenciais simultâneas


como meio de "modelar" ou de nir um sistema são, quando lineares, de
solução fatigante, mesmo no caso de haver poucas variáveis. Quando não
lineares são insolúveis, exceto em casos especiais (Tabela 1.1).

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Por esta razão, os computadores inauguraram um novo enfoque na pesquisa
dos sistemas, não somente por facilitarem os cálculos que, a não ser assim,
excederiam o tempo e a energia dispo-níveis, substituindo a engenhosidade
matemática por procedimentos de rotina, mas também abrindo campos onde
não existiam teorias matemáticas ou meios de solução. Assim, sistemas que
excedem de muito a matemática convencional podem ser submetidos à
computação. Por outro lado, as experiências reais de laboratório podem ser
substituídas pela simulação em computadores sendo o modelo desenvolvido
dessa maneira submetido em seguida à prova pelos dados experimentais.
Deste modo, por exemplo, P. Hess calculou a cadeia de 14 estágios da reação
da glicólise na célula usando um modelo de mais de 100 equações diferenciais
não lineares. As análises deste tipo são agora rotineiras em economia, na
pesquisa de mercado, etc.

Teoria dos compartimentos. Um aspecto dos sistemas que pode ser


considerado separadamente devido à alta complexidade alcançada neste
campo é a teoria dos compartimentos (RES-CIGNO & SEGRE, 1966), isto é, a
teoria segundo a qual o sistema consiste de subunidades com certas
condições de fronteiras entre as quais podem ocorrer processos de transporte.
Esses sistemas de compartimentos podem ter, por exemplo, estrutura
"catenária" ou "mamilar" (cadeia de compartimentos ou um compartimento
central em comunicação com um certo número de outros periféricos).
Compreende-se bem que as di culdades matemáticas tornam-se proibitivas
no caso de sistemas de três ou mais compartimentos. As transformações de
Laplace, a introdução das redes e dos grá cos tornam a análise possível.

Teoria dos conjuntos. As propriedades formais gerais dos sis-temas, fechados


ou abertos, etc., podem ser axiomatizadas em termos da teoria dos conjuntos
(MESAROVIC, 1964; MACCIA, 1966). Em elegância matemática este enfoque
revela-se superior às formulações mais toscas e espaciais da teoria "clássica"
dos sistemas. As conexões da teoria axiomatizada dos sistemas (ou de seus
começos atuais) com os problemas dos sistemas reais são um tanto tênues.

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Teoria dos grá cos. Muitos problemas dos sistemas referem-se a propriedades
estruturais ou topológicas dos sistemas, e não a relações quantitativas. A este
respeito dispomos de várias abordagens. A teoria dos grá cos, especialmente
a teoria dos grá cos dirigidos (digrá cos), elabora as estruturas relacionais
representando-as em um espaço topológico. Foi aplicada a aspectos
relacionais da biologia (RASHEVSKY, 1956, 1960; ROSEN, 1960).

Matematicamente, esta teoria liga-se à álgebra das matrizes e em forma de


modelos com a teoria compartimental dos sistemas que contêm subsistemas
parcialmente "permeáveis". E a partir destes relaciona-se com a teoria dos
sistemas abertos.

A teoria das redes, por sua vez, liga-se às teorias dos conjuntos, dos grá cos,
dos compartimentos, etc. e aplica-se a sistemas tais como as redes nervosas
(por exemplo, RAPOPORT, 1949-1950).

A cibernética é uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação


(transferência de informação) entre o sistema e o meio e dentro do sistema, e
do controle (retroação) da função dos sistemas com respeito ao ambiente.
Como já foi mencionado e será discutido a seguir, o modelo é de ampla
aplicação, mas não deveria ser identi cado com a "teoria dos sistemas" em
geral. Em biologia e em outras ciências fundamentais, o modelo cibernético
serve para descrever a estrutura formal de mecanismos regula-dores, por
exemplo, por meio de diagramas de blocos e de uxo-gramas. Assim, a
estrutura reguladora pode ser reconhecida mesmo quando os mecanismos
reais permanecem desconhecidos ou não são descritos, e o sistema é uma
"caixa preta", de nida somente pela entrada e pela saída. Por motivos
semelhantes, o mesmo esquema cibernético pode aplicar-se a sistemas
hidráulicos, elétricos, siológicos, etc. A teoria altamente complexa dos ser-
vomecanismos na tecnologia foi aplicada aos sistemas naturais somente em
limitada extensão (cf. BAYLISS, 1966; KALMUS, 1966; MILSUM, 1966).

A teoria da informação, no sentido de Shannon e Weaver (1949), baseia-se no


conceito de informação, de nido por uma expressão isomór ca à da entropia
negativa da termodinâmica. Daqui deriva a expectativa de que a informação

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possa ser usada como medida de organização (cf. p. 42; QUASTLER, 1955).
Embora a teoria da informação tenha adquirido importância na engenharia da
comu-nicação, suas aplicações para a ciência permaneceram bastante in-
convincentes (QILBERT, 1966). A relação entre a informação e a organização, a
teoria da informação e a termodinâmica continua sendo um importante
problema (cf. p. 197ss).

A teoria dos autômatos (MINSKY, 1967) é a teoria dos autômatos abstratos,


com entrada, saída, possivelmente ensaios e erros e aprendizagem. Um
modelo geral é a máquina de Turing (1936). Expresso de maneira mais simples
um autômato de Turing é uma máquina abstraía capaz de imprimir (ou de
apagar) sinais "1" e "" em uma ta de comprimento in nito. É possível mostrar
que qualquer processo de qualquer complexidade pode ser simulado por uma
máquina se este processo for capaz de ser expresso em um número nito de
operações lógicas. Tudo aquilo que é logicamente possível (isto é, em um
simbolismo algorítmico) pode também ser construído - em princípio, embora
evidentemente nem sempre na prática - por um autômato (isto é, uma máquina
algorítmica).

A teoria dos jogos (VON NEUMANN & MORGENSTERN, 1947) é um enfoque


diferente, mas pode ser classi cado entre as ciências dos sistemas porque diz
respeito ao comportamento de jogadores supostamente "racionais" para obter
o máximo de ganhos e o mínimo de perdas mediante adequadas estratégias
contra o outro jogador (ou a natureza). Por conseguinte, refere-se
essencialmente a "um sistema" de "forças" antagonistas com especi cações.

A teoria da decisão é uma teoria matemática que trata de escolhas entre


alternativas.

A teoria da la refere-se à otimização de arranjos em condições de


aglomeração.

Mesmo pouco homogênea e incompleta como é, confundindo modelos (por


exemplo, sistema aberto, circuito de retroação) com técnicas matemáticas (por
exemplo, teoria dos conjuntos, dos grá cos, dos jogos), esta enumeração é
su ciente para mostrar que existe um conjunto de enfoques para a

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investigação dos sistemas, incluindo poderosos métodos matemáticos. O
ponto sobre o qual convém insistir é que os problemas anteriormente situados
fora do campo de exame, não tratados ou considerados estarem além da
ciência ou serem puramente losó cos, tornam-se progressivamente
explorados.

Naturalmente, existe frequentemente uma incongruência entre modelo e


realidade. Há modelos matemáticos altamente complicados e requintados,
mas continua sendo uma questão duvidosa saber como podem ser aplicados
aos casos concretos. Existem problemas fundamentais para os quais não
dispomos de técnicas matemáticas. Tem havido decepções relativas a
expectativas superestimadas. A cibernética, por exemplo, causou impacto não
somente na tecnologia, mas nas ciências fundamentais, produzindo modelos
para fenômenos concretos e trazendo os fenômenos teleológicos - que
anteriormente eram tabus - para o âmbito dos problemas cienti camente
legítimos. Mas não produziu uma explicação que abranja a totalidade das
coisas, ou uma grande "concepção do mundo", sendo mais uma extensão do
que a substituição da concepção mecanicista e da teoria das máquinas
(BRONOWSKI, 1964). A teoria da informação, com alto desenvolvimento
matemático, revelou-se decepcionante em psicologia e sociologia. A teoria
dos jogos foi aplicada com grandes esperanças à guerra e à política, mas
di cilmente alguém diria que conduziu à melhoria das decisões políticas e do
estado do mundo, fracasso não inesperado quando se considera a pequena
semelhança entre as potências e os jogadores "racionais" da teoria dos jogos.
Os conceitos e modelos de equilíbrio, homeostase, ajusta-mento, etc. são
adequados à manutenção de sistemas, mas inadequados aos fenômenos de
transformação, diferenciação, evolução, neguentropia, produção de estados
improváveis, criatividade, formação de tensões, autorrealização, emergência,
etc., como Cannon de fato compreendeu quando reconheceu, além da
homeostase, uma "heterostase", incluindo fenômenos do segundo tipo. A
teoria dos sistemas abertos aplica-se a uma ampla gama de fenômenos em
biologia (e em tecnologia), mas é necessária uma advertência contra sua
descuidada expansão a campos para os quais seus conceitos não foram

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feitos. Estas limitações e lacunas eram de esperar em um campo que tem
apenas pouco mais de vinte ou trinta anos de existência. Em última instância,
o desapontamento resulta da transformação de um modelo útil sob certos
aspectos em uma realidade metafísica e uma loso a do tipo "não é outra
coisa senão", conforme muitas vezes aconteceu na história intelectual.São
bem conhecidas as vantagens dos modelos matemáticos, a saber, a ausência
de ambiguidade, possibilidade de estrita dedução, veri cabilidade por meio de
dados observados. Isto não signi ca que os modelos formulados em
linguagem ordinária devam ser desprezados ou recusados.

Um modelo verbal é melhor do que nenhum modelo ou do que um modelo


que, visto poder ser formulado matematicamente, é imposto à força à
realidade, falsi cando-a. Teorias de enorme in- uência, como a psicanálise,
não foram matemáticas ou, como a teoria da seleção, seu impacto excede de
muito as construções ma-temáticas, que só apareceram mais tarde e cobrem
apenas aspectos parciais e uma pequena fração dos dados empíricos.

A matemática signi ca essencialmente a existência de um algoritmo que é


muito mais preciso que o de qualquer linguagem ordinária. A história da
ciência atesta que a expressão em linguagem ordinária frequentemente
precedeu a formulação matemática, isto é, a invenção de um algoritmo. Os
exemplos vêm facilmente ao espírito: a evolução da contagem por meio de
palavras para os numerais romanos (um meio algoritmo, semiverbal
desajeitado), para anotação arábica, com valor de posição; as equações, da
formulação verbal para o rudimentar simbolismo tratado com virtuosidade
(mas para nós difícil de acompanhar) por Diofanto e outros fundadores da
álgebra, para a notação moderna; teorias como as de Darwin ou da economia,
que somente mais tarde encontraram (parcial) formulação matemática. Pode
ser preferível ter primeiramente algum modelo não matemático com suas
insu ciências, mas exprimindo aspectos anteriormente desapercebidos,
esperando que o futuro desenvolvimento forneça o adequado algoritmo, do
que começar com prematuros modelos matemáticos que seguem conhecidos
algoritmos e portanto restringem possivelmente o campo de visão. Muitas
realizações da biologia molecular, da teoria da seleção, da cibernética e de

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outros campos mostraram os efeitos obsecantes daquilo que Kuhn chamou a
ciência "normal", isto é, os esquemas conceituais admitidos em caráter
monolítico.

Os modelos em linguagem ordinária têm portanto seu lugar na teoria dos


sistemas. A ideia de sistema conserva seu valor mesmo quando não pode ser
formulada matematicamente ou permanece uma "ideia diretriz" mais do que
uma construção matemática. Por exemplo, não podemos ter conceitos
satisfatórios de sistemas em sociologia. A simples compreensão de que as
entidades sociais são sistemas e não somas de átomos sociais, ou de que a
história consiste em sistemas (embora mal de nidos) chamados civilizações,
que obedecem aos princípios gerais dos sistemas, implica a reorientação
desses campos.

Conforme se vê pelo exame anterior, no "enfoque dos sistemas" há tendências


e modelos mecanicistas e organísmicos, que se estorçam por dominar os
sistemas quer pela "análise", "causalidade (incluindo a circular) linear",
"autômatos", quer por "totalidade", "interação", "dinâmica" (ou quaisquer
outras palavras que possam ser usadas para delimitar a diferença). Embora
estes modelos não sejam mutuamente exclusivos e os mesmos fenômenos
possam mesmo ser abordados por diferentes modelos (por exemplo,
conceitos "cibernéticos" ou cinéticos"; cf. LO-CKER, 1964), é possível
perguntar qual desses pontos de vista é o mais geral e fundamental. Em
termos amplos, esta é uma questão que deve ser proposta à máquina de
Turing em sua qualidade de autômato geral.

Um aspecto da questão (tanto quanto saibamos não tratado na teoria dos


autômatos) é o problema dos números "imensos". O enunciado fundamental
da teoria dos autômatos é que os acontecimentos capazes de serem de nidos
em um número nito de "palavras" podem ser realizados por um autômato (por
exemplo, uma rede neural formal, segundo McCulloch e Pitts, ou uma máquina
de Turing) (VON NEUMANN, 1951). A questão está no termo " nito". O
autômato pode por de nição realizar uma série nita de acontecimentos (por
maior que seja), mas não uma série in nita. Entretanto, o que acontece se o

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número de etapas requeridas é "imenso" , isto é, não in nito mas por exemplo
superando o número de partículas existentes no universo (avaliado ser da
ordem de 10%) ou de acontecimentos possíveis na duração do universo ou de
algumas de suas subunidades? (segundo a opinião de Elsasser, 1966, um
número cujo logaritmo é um número grande). Estes números imensos
aparecem em muitos problemas de sistemas com exponenciais, fatoriais e
outras funções explosivamente crescentes. São encontrados em sistemas
mesmo de um número moderado de componentes com fortes (não
desprezíveis) interações (ASHBY, 1964). Para "ma-peá-los" em uma máquina
de Turing seria preciso uma ta de comprimento "imenso", isto é, que
excedesse não somente as limitações práticas mas as limitações físicas.
Consideremos a título de simples exemplo um grá co dirigido de N pontos
(RAPOPORT, 1959b): Entre cada par pode existir ou não existir uma seta (duas
possibilidades). Há, por-tanto, 2'' diferentes modos de ligar os N pontos. Se N
for somente 5, há mais de um milhão de modos de ligar os pontos.

Com N = 20 o número de modos excede o número de átomos que se avalia


existirem no universo. Problemas deste tipo surgem, por exemplo, com as
possíveis conexões entre os neurônios (estimados serem da ordem de dez
bilhões no cérebro hu-mano) e com o código genético (REPGE, 1962). No
código, há um mínimo de vinte "palavras" (tripletos de nucleótides) escritas
com os vinte aminoácidos (realmente 64); o código pode conter alguns
milhões de unidades. Isto dá 201.000.000 de possibilidades. Suponhamos que
o espírito laplaciano tenha de descobrir o valor funcional de cada combinação.
Teria de fazer este número de ensaios, mas há somente 108° átomos e
organismos no uni-verso. Suponhamos (REPGE, 1962) que em certo momento
do tempo existam na Terra 103° células. Admitamos além disso que há uma
nova geração celular a cada minuto, o que daria, para uma idade da Terra de
15 bilhões de anos (10" minutos), um total de 10* células. Sem dúvida, para
obter o número máximo, teríamos de supor 10ª planetas dotados de vida. Por
conseguin-te, no universo inteiro, não haveria certamente mais do que 10€
seres vivos, o que é um grande número, mas está longe de ser "imenso". A
estimativa pode ser feita com diferentes suposições (por exemplo, número de

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possíveis proteínas ou enzimas), mas essencialmente com o mesmo resultado.
Ainda uma vez, de acordo com Hart (1959), a invenção humana pode ser
concebida como constituída por novas combinações de elementos
anteriormente existentes. Se assim é, a oportunidade de novas invenções
aumentará aproximadamente como função do número de possíveis
permutações e combinações de elementos disponíveis, o que signi ca que
este aumento será um fatorial do número de elementos. Por conseguinte, a
taxa de aceleração das transformações sociais está ela própria se acelerando,
de modo que em muitos casos será encontrada numa mudança cultural não
uma aceleração logarítmica, mas uma aceleração log-log. Hart apresenta
interessantes curvas mostrando que o aumento na velocidade humana, nas
áreas de morticínio das armas, na expectativa da vida, etc. seguem realmente
esta expressão, isto é, o ritmo de crescimento cultural não é exponencial ou
do tipo de juros compostos, mas constitui uma superaceleração à maneira da
curva log-log. De modo geral, os limites dos autômatos aparecerão se a
regulação de um sistema for dirigida não contra um único ou um ilimitado
número de perturbações, mas contra perturbações "arbitrárias", isto é, um
número inde nido de situações que possivelmente não teriam sido "previstas".
E isto largamente o que acontece no caso das regulações embrionárias (por
exemplo, experiências de Driesch) e neurais (por exemplo, experiências de
Lashley). As regulações resultam aqui da interação de muitos componentes
(cf. discussão em JEFFRIES, 1951, p. 32s).

Isto, segundo o próprio von Neumann admite, parece estar ligado com as
tendências à "autorrestauração" dos sistemas organísmicos ao contrário do
que acontece com os sistemas tecnológicos.

Expresso em termos mais modernos, este fato refere-se à natureza de


sistemas abertos que não é dada mesmo no modelo abstrato de autômato
como a máquina de Turing.

Parece, portanto que, conforme os vitalistas, tais como Driesch, tinham há


muito acentuado, a concepção mecanicista, mesmo tomada na forma
moderna e generalizada de um autômato de Turing, fracassa quando se trata

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de regulações subsequentes a perturbações "arbitrárias", o mesmo
acontecendo com acontecimentos nos quais o número de fases exigido é
"imenso" no sentido indicado. Surgem problemas relativos à possibilidade de
realização mesmo à parte dos paradoxos relacionados com os conjuntos
in nitos.

As considerações acima referem-se particularmente a um conceito, ou


conjunto de conceitos, que indubitavelmente é fundamental na teoria geral dos
sistemas, a saber, o de ordem hierárquica. "Vemos" agora o universo como
uma tremenda hierarquia, das partículas elementares aos núcleos atômicos,
aos áto-mos, às moléculas, aos compostos de elevado número de moléculas,
até a riqueza de estruturas (reveladas pelos microscópios luminosos,
eletrônicos) entre moléculas e células (WEISS, 1962b), às células, organismos
e, para além desses, as organizações supraindividuais. Um sugestivo esquema
da ordem hierárquica (há outros) é o de Boulding (Tabela 1.2). Uma hierarquia
deste tipo encontra-se tanto nas "estruturas" quanto nas "funções" Em última
instância, estrutura (isto é, ordem das partes) e função (ordem dos processos)
podem ser a mesma coisa. No mundo físico a matéria se dissolve em um jogo
de energias e no mundo biológico as estruturas são a expressão de um uxo
de processos. Atualmente, o sistema das leis físicas refere-se principalmente
ao domínio entre os átomos e as moléculas (e sua adição em macrofísica), o
que evidentemente é uma fatia de um espectro muito mais largo. As leis de
organização e as forças de organização são insu cientemente conhecidas no
domínio subatômico e supermolecular. Há penetrações tanto no mundo
subatômico (física das altas energias) quanto no mundo supramolecular (física
dos compostos moleculares elevados), mas estas acham-se aparentemente
apenas no começo. Isto é revelado de um lado pela atual confusão das
partículas elementares e de outro lado pela atual falta de compreensão física
de estruturas vistas ao microscópio eletrônico e pela falta de uma "gramática"
do código genético (cf. p. 199-200).

Uma teoria geral da ordem hierárquica seria evidentemente um esteio da teoria


geral dos sistemas. Os princípios da ordem hierárquica podem ser enunciados
em linguagem verbal (KOES-TLER, 1967). Há ideias semimatemáticas (SIMON,

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1965) relacionadas com a teoria das matrizes e formulações em termos da
lógica matemática (WOODGER, 1930-1931). Na teoria dos grá cos a ordem
hierárquica é expressa pela "árvore" podendo os aspectos relacionais das
hierarquias ser representados dessa maneira. Mas o problema é muito mais
amplo e profundo. A questão da ordem hierárquica está intimamente
relacionada com as questões da diferenciação, da evolução e com a medida
da organização, que não parece ser adequadamente expressa em termos quer
da energética (entropia negativa) quer da teoria da informação (bits). Em última
instância, conforme dissemos, a ordem hierárquica e a dinâmica podem ser a
mesma coisa, conforme Koestler exprimiu graciosamente em sua imagem de
"A árvore e a vela"

Assim, existe um arranjo de modelos de sistemas, mais ou menos avançado e


complexo. Certos conceitos, modelos e princípios da teoria geral dos
sistemas, tais como ordem hierárquica, diferenciação progressiva, retroação,
características dos sistemas de nidas pela teoria dos conjuntos e dos
grá cos, etc. são largamente aplicáveis aos sistemas materiais, psicológicos e
socioculturais. Outros conceitos, tais como os de sistema aberto, de nidos
pela troca de matéria, limitam-se a certas subclasses. A prática da análise
aplicada aos sistemas mostra que é preciso aplicar diversos modelos de
sistemas, de acordo com a natureza do caso e os critérios operacionais.

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Signi cado da Teoria Geral dos
Sistemas

Busca por uma Teoria Geral dos Sistemas

A ciência moderna é caracterizada por sua especialização cada vez maior,


necessária pela enorme quantidade de dados, pela complexidade das técnicas
e das estruturas teóricas em cada campo. Assim, a ciência é dividida em
inúmeras disciplinas, gerando continuamente novas sub-disciplinas. Em
consequência, o físico, o biólogo, o psicólogo e o cientista social estão, por
assim dizer, encapsulados em seus universos privados, e é difícil obter notícias
de um casulo para o outro.

Isso, no entanto, é oposto por outro aspecto notável. Pesquisando a evolução


da ciência moderna, encontramos um fenômeno surpreendente.
Independentemente um do outro, problemas e concepções semelhantes
evoluíram em campos muito diferentes.

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Era o objetivo da física clássica, eventualmente, resolver os fenômenos
naturais em um jogo de unidades elementares governadas por leis "cegas" da
natureza. Isso foi expresso no ideal do espírito Laplaceano que, a partir da
posição e do momento das partículas, pode prever o estado do universo a
qualquer momento. Essa visão mecanicista não foi alterada, mas sim
reforçada quando as leis determinísticas da física foram substituídas por leis
estatísticas. De acordo com a derivação de Boltzmann do segundo princípio
da termodinâmica, os eventos físicos são direcionados para estados de
probabilidade máxima, e as leis físicas, portanto, são essencialmente "leis da
desordem", o resultado de eventos estatísticos não ordenados. Em contraste
com essa visão mecanicista, no entanto, problemas de totalidade, interação
dinâmica e organização têm aparecido nos vários ramos da física moderna. Na
relação de Heisenberg e na física quântica, tornou-se impossível resolver
fenômenos em eventos locais; problemas de ordem e organização aparecem
se a questão é a estrutura dos átomos, a arquitetura das proteínas ou os
fenômenos de interação na termodinâmica.

Da mesma forma, a biologia, na concepção mecanicista, viu seu objetivo na


resolução de fenômenos de vida em entidades atômicas e processos parciais.
O organismo vivo foi resolvido em células, suas atividades em processos
siológicos e, em última análise, físico-químicos, comportamento em re exos
não condicionados e condicionados, o substrato da heredade em genes
particulados e assim por diante. Em contraste, a concepção orgânica é básica
para a biologia moderna. É necessário estudar não apenas partes e processos
isoladamente, mas também resolver os problemas decisivos encontrados na
organização e na ordem, uni cando-os, resultantes da interação dinâmica das
peças e tornando o comportamento das peças diferente quando estudados
isoladamente ou dentro do todo. Novamente, tendências semelhantes
apareceram na psicologia. Enquanto a psicologia da associação clássica
tentou resolver fenômenos mentais em unidades elementares - átomos
psicológicos, por assim diz, como sensações elementares e similares, a
psicologia gestalt mostrou a existência e a primazia de todos psicológicos que
são Não é uma soma de unidades elementares e são governadas por leis

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dinâmicas. Finalmente, nas ciências sociais, o conceito de sociedade como
uma soma de indivíduos como átomos sociais, por exemplo, o modelo do
Homem Econômico, foi substituído pela tendência de considerar a sociedade,
a economia e a nação como um todo superordinadas às suas partes. Isso
implica os grandes problemas da economia planejada, da dei cação da nação
e do estado, mas também re ete novas maneiras de pensar.

Esse paralelismo de princípios cognitivos gerais em diferentes campos é ainda


mais impressionante quando se considera o fato de que esses
desenvolvimentos ocorreram em independência mútua e principalmente sem
qualquer conhecimento de trabalho e pesquisa em outros campos.

Há outro aspecto importante da ciência moderna. Até os últimos tempos, a


ciência exata, o corpus de leis da natureza, era quase idêntica à física teórica.

Poucas tentativas de declarar leis exatas em campos não físicos ganharam


reconhecimento.

No entanto, o impacto e o progresso nas ciências biológicas,


comportamentais e sociais parecem tornar necessária uma expansão de
nossos esquemas conceituais para permitir sistemas de leis em campos onde
a aplicação da física não é su ciente ou possível.

Tal tendência para teorias generalizadas está ocorrendo em muitos campos e


de várias maneiras. Por exemplo, uma teoria elaborada da dinâmica das
populações biológicas, a luta pela existência e pelo equilíbrio biológico, se
desenvolveu, começando com o trabalho pioneiro de Lotka e Volterra. A teoria
opera com noções biológicas, como indivíduos, espécies, coe cientes de
competição e similares. Um procedimento semelhante é aplicado em
economia quantitativa e econometria.

Os modelos e famílias de equações aplicados neste último são semelhantes


aos de Lotka ou, aliás, da cinética química, mas o modelo de entidades e
forças que interagem está novamente em um nível diferente. Para dar outro
exemplo: os organismos vivos são essencialmente sistemas abertos, ou seja,
sistemas que trocam matéria com seu ambiente. A física convencional e a
física química lidavam com sistemas fechados, e somente nos últimos anos a

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teoria foi expandida para incluir processos irreversíveis, sistemas abertos e
estados de desequilíbrio. Se, no entanto, quisermos aplicar o modelo de
sistemas abertos a, digamos, os fenômenos do crescimento animal, chegamos
automaticamente a uma generalização da teoria referindo-se não a unidades
físicas, mas a unidades biológicas. Em outras palavras, estamos lidando com
sistemas generalizados. O mesmo é verdade para os campos da cibernética e
da teoria da informação que ganharam tanto interesse nos últimos anos.

Assim, existem modelos, princípios e leis que se aplicam a sistemas


generalizados ou suas subclasses, independentemente de seu tipo particular,
da natureza de seus elementos componentes e das relações ou "forças" entre
eles. Parece legítimo pedir uma teoria, não de sistemas de um tipo mais ou
menos especial, mas de princípios universais aplicáveis aos sistemas em
geral.

Dessa forma, postulamos uma nova disciplina chamada Teoria Geral dos
Sistemas. Seu assunto é a formulação e derivação dos princípios que são
válidos para "Sistemas" em geral.

O signi cado desta disciplina pode ser circunscrito da seguinte forma. A física
está preocupada com sistemas de diferentes níveis de generalidade. Estende-
se de sistemas bastante especiais, como os aplicados pelo engenheiro na
construção de uma ponte ou de uma máquina; a leis especiais de disciplinas
físicas, como mecânica ou óptica; a leis de grande generalidade, como os
princípios da termodinâmica que se aplicam a sistemas de natureza
intrinsecamente diferente, mecânica, calórica, química ou o que quer que seja.
Nada prescreve que tenhamos que terminar com os sistemas tradicionalmente
tratados na física.

Em vez disso, podemos pedir princípios aplicáveis a sistemas em geral,


independentemente de serem de natureza física, biológica ou sociológica. Se
zermos essa questão e de nirmos convenientemente o conceito de sistema,
descobriremos que existem modelos, princípios e leis que se aplicam a

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sistemas generalizados, independentemente de seu tipo particular, elementos
e "forças" envolvidas.

Uma consequência da existência de propriedades gerais do sistema é o


aparecimento de semelhanças estruturais ou isomor smos em diferentes
campos. Existem correspondências nos princípios que regem o
comportamento de entidades que são, intrinsecamente, amplamente
diferentes. Para dar um exemplo simples, uma lei exponencial do crescimento
se aplica a certas células bacterianas, a populações de bactérias, de animais
ou humanos e ao progresso da pesquisa cientí ca medida pelo número de
publicações em genética ou ciência em geral. As entidades em questão, como
bactérias, animais, homens, livros, etc., são completamente diferentes, assim
como os mecanismos causais envolvidos.

No entanto, a lei matemática é a mesma. Ou existem sistemas de equações


que descrevem a competição de espécies animais e vegetais na natureza. Mas
parece que os mesmos sistemas de equações se aplicam em certos campos
na física química e também na economia. Esta correspondência se deve ao
fato de que as entidades Os interessados podem ser considerados, em certos
aspectos, como "sistemas", ou seja, complexos de elementos em interação. O
fato de que os campos mencionados, e outros também, estão preocupados
com "sistemas", leva a uma correspondência em princípios gerais e até
mesmo em leis especiais quando as condições correspondem aos fenômenos
em consideração.

Na verdade, conceitos, modelos e leis semelhantes muitas vezes apareceram


em campos muito diferentes, de forma independente e com base em fatos
totalmente diferentes. Há muitos casos em que princípios idênticos foram
descobertos várias vezes porque os trabalhadores de um campo não sabiam
que a estrutura teórica necessária já estava bem desenvolvida em algum outro
campo. A teoria geral do sistema fará um longo caminho para evitar tal
duplicação desnecessária de trabalho.

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Os isomor smos do sistema também aparecem em problemas que são
recalcitrantes à análise quantitativa, mas, no entanto, são de grande interesse
intrínseco. Existem, por exemplo, isomor as entre sistemas biológicos e
"epiorganismos" (Gerard), como comunidades animais e sociedades humanas.
Quais princípios são comuns aos vários níveis de organização e, portanto,
podem ser legitimamente transferidos de um nível Para outro, e quais são
especí cos para que a transferência leve a falácias perigosas? Sociedades e
civilizações podem ser consideradas como sistemas?

Parece, portanto, que uma teoria geral dos sistemas seria uma ferramenta útil,
fornecendo, por um lado, modelos que podem ser usados e transferidos para
diferentes campos e salvaguardando, por outro lado, de analogias vagas que
muitas vezes estragaram o progresso nesses campos.

Há, no entanto, outro aspecto ainda mais importante da teoria geral dos
sistemas. Pode ser parafraseado por uma formulação feliz devido ao
conhecido matemático e fundador da teoria da informação, Warren Weaver. A
física clássica, disse Weaver, foi muito bem-sucedida no desenvolvimento da
teoria da complexidade desorganizada. Assim, por exemplo, o comportamento
de um gás é o resultado dos movimentos não organizados e individualmente
não rastreáveis de inúmeras moléculas; como um todo, é regido pelas leis da
termodinâmica. A teoria da complexidade desorganizada está, em última
análise, enraizada nas leis do acaso e da probabilidade e na segunda lei da
termodinâmica. Em contraste, o problema fundamental hoje é o da
complexidade organizada. Conceitos como os de organização, totalidade,
diretividade, tele-ologia e diferenciação são estranhos à física convencional.
No entanto, eles aparecem Em todos os lugares nas ciências biológicas,
comportamentais e sociais, e são, de fato, indispensáveis para lidar com
organismos vivos ou grupos sociais. Assim, um problema básico colocado
para a ciência moderna é uma teoria geral da organização. A teoria geral dos

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sistemas é, em princípio, capaz de dar de nições exatas para tais conceitos e,
em casos adequados, de colocá-los em análise quantitativa.

Se indicarmos brevemente o que signi ca a teoria geral do sistema, evitará


mal-entendidos também a rmar o que não é. Tem sido objetado que a teoria
dos sistemas não equivale a mais do que o fato trivial de que a matemática de
algum tipo pode ser aplicada a diferentes tipos de problemas. Por exemplo, a
lei do crescimento exponencial é aplicável a fenômenos muito diferentes,
desde o decaimento radioativo até a extinção de populações humanas com
reprodução insu ciente. Isso, no entanto, ocorre porque a fórmula é uma das
equações diferenciais mais simples e, portanto, pode ser aplicada a coisas
bem diferentes. Portanto, se as chamadas leis isomór cas de crescimento
ocorrem em processos totalmente diferentes, não tem mais signi cado do que
o fato de que a aritmética elementar é aplicável a todos os objetos contáveis,
que 2 mais 2 fazem 4, independentemente de os objetos contados serem
maçãs, átomos ou galáxias.

A resposta para isso é a seguinte. Não apenas no exemplo citado a título de


ilustração simples, mas no desenvolvimento da teoria dos sistemas, a questão
não é a aplicação de expressões matemáticas bem conhecidas. Em vez disso,
são colocados problemas que são novos e parcialmente longe de serem
resolvidos. Como mencionado, o método da ciência clássica era mais
apropriado para fenômenos que podem ser resolvidos em cadeias causais
isoladas, ou são o resultado estatístico de um número "in nito" de processos
aleatos, como é verdade para a mecânica estatística, o segundo princípio da
termodinâmica e todas as leis derivadas dela. Os modos clássicos de
pensamento, no entanto, falham no caso de interação de um número grande,
mas limitado, de elementos ou processos. Aqui surgem esses problemas que
são circunscritos por noções como totalidade, organização e similares, e que
exigem novas formas de pensamento matemático.

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Outra objeção enfatiza o perigo de que a teoria geral do sistema possa acabar
em analogias sem sentido. Esse perigo realmente existe. Por exemplo, é uma
ideia generalizada olhar para o estado ou a nação como um organismo em um
nível superordinado. Tal teoria, no entanto, constituiria a base para um estado
totalitário, dentro do qual o indivíduo humano aparece como uma célula
insigni cante em um organismo ou um trabalhador sem importância em uma
colmeia.

Mas a teoria geral dos sistemas não é uma busca por analogias vagas e
super ciais.

As analogias como tal são de pouco valor, pois além de semelhanças entre
fenômenos, as dissimilaridades sempre podem ser encontradas também. O
isomor smo em discussão é mais do que mera analogia. É uma consequência
do fato de que, em certos aspectos, abstrações e modelos conceituais
correspondentes podem ser aplicados a diferentes fenômenos. Somente em
vista desses aspectos as leis do sistema serão aplicadas. Isso não é diferente
do procedimento geral na ciência. É a mesma situação de quando a lei da
gravitação se aplica à maçã de Newton, ao sistema planetário e aos
fenômenos das marés.

Isso signi ca que, em vista de certos aspectos limitados, um sistema teórico, o


da mecânica, é verdadeiro; não signi ca que haja uma semelhança particular
entre maçãs, planetas e oceanos em um grande número de outros aspectos.

Uma terceira objeção a rma que a teoria do sistema não tem valor explicativo.
Por exemplo, certos aspectos da nalidade orgânica, como a chamada
equi nalidade dos processos de desenvolvimento (p. 40), estão abertos à
interpretação teórica do sistema.

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Ninguém, no entanto, hoje é capaz de de nir em detalhes os processos que
levam de um óvulo animal a um organismo com sua miríade de células, órgãos
e funções altamente complicadas.

Aqui devemos considerar que há diplomas em explicação cientí ca e que, em


campos complexos e teoricamente pouco desenvolvidos, temos que estar
satisfeitos com o que o economista Hayek justamente chamou de "explicação
em princípio". Um exemplo pode mostrar o que signi ca.

A economia teórica é um sistema altamente desenvolvido, apresentando


modelos elaborados para os processos em questão. No entanto, os
professores de economia, como regra, não são milionários. Em outras
palavras, eles podem explicar bem os fenômenos econômicos

"Em princípio", mas eles não são capazes de prever utuações no mercado de
ações em relação a certas ações ou datas. A explicação em princípio, no
entanto, é melhor do que nenhuma. Se e quando formos capazes de inserir os
parâmetros necessários, a explicação sistemática "em princípio" se torna uma
teoria, semelhante em estrutura às da física.

Objetivos da Teoria Geral do Sistema

Podemos resumir essas considerações da seguinte forma.

Concepções e pontos de vista gerais semelhantes evoluíram em várias


disciplinas da ciência moderna. Enquanto no passado, a ciência tentou
explicar fenômenos observáveis, reduzindo-os a uma interação de unidades
elementares investigáveis independentemente umas das outras, as
concepções aparecem na ciência contemporânea que se preocupam com o
que é vagamente chamado de "intedez", ou seja, problemas de organização,
fenômenos não resolvíveis em eventos locais, interações dinâmicas se
manifestam na diferença de comportamento das partes quando isoladas ou

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em uma con guração superior, etc.; em suma, "sistemas" de várias ordens
não compreensíveis pela investigação de suas respectivas partes isoladas.
Concepções e problemas dessa natureza apareceram em todos os ramos da
ciência, independentemente de coisas inanimadas, organismos vivos ou
fenômenos sociais serem objeto de estudo. Esta correspondência é mais
marcante porque os desenvolvimentos nas ciências individuais eram
mutuamente independentes, em grande parte inconscientes um do outro e
baseados em fatos diferentes e loso as contraditórias. Eles indicam uma
mudança geral na atitude e concepções cientí cas.

Não apenas aspectos gerais e pontos de vista são iguais em diferentes


ciências; frequentemente encontramos leis formalmente idênticas ou
isomór cas em diferentes campos. Em muitos Casos, leis isomór cas são
aplicáveis a certas classes ou subclasses de "sistemas", independentemente
da natureza das entidades envolvidas. Parece existir leis gerais do sistema que
se aplicam a qualquer sistema de um determinado tipo, independentemente
das propriedades particulares do sistema e dos elementos envolvidos.

Essas considerações levam ao postulado de uma nova disciplina cientí ca que


chamamos de teoria geral do sistema. Seu assunto é a formulação de
princípios que são válidos para "sistemas" em geral, qualquer que seja a
natureza de seus elementos componentes e as relações ou "forças" entre eles.

A teoria geral do sistema, portanto, é uma ciência geral de "intesividade" que


até agora era considerada um conceito vago, nebuloso e semimetafísico. De
forma elaborada, seria uma disciplina lógico-matemática, em si mesma
puramente formal, mas aplicável às várias ciências empíricas. Para as ciências
preocupadas com "todos organizados", seria de signi cado semelhante ao
que a teoria da probabilidade tem para as ciências preocupadas com "eventos
aleatórios"; este último, também, é uma disciplina matemática formal que
pode ser aplicada aos mais diversos campos, como termodinâmica,

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experimentação biológica e médica, genética, estatística de seguros de vida,
etc.

Isso indica os principais objetivos da teoria geral do sistema:

(1) Há uma tendência geral para a integração nas várias ciências, naturais e
sociais.

(2) Tal integração parece estar centrada em uma teoria geral de sistemas.

(3) Tal teoria pode ser um meio importante para visar a teoria exata nos
campos não físicos da ciência.

(4) Desenvolvendo princípios uni cadores que correm "verticamente" através


do universo das ciências individuais, essa teoria nos aproxima do objetivo da
unidade da ciência.

(5) Isso pode levar a uma integração muito necessária na educação cientí ca.

Uma observação quanto à delimitação da teoria aqui discutida parece ser


apropriada. O termo e o programa de uma teoria geral de sistemas foram
introduzidos pelo atual autor há alguns anos. No entanto, descobriu-se que um
grande número de trabalhadores em vários campos foi levado a conclusões e
formas de abordagem semelhantes. Sugere-se, portanto, manter esse nome
que agora está entrando em uso geral, seja apenas como um rótulo
conveniente.

Parece, a princípio, que a de nição de sistemas como "conjuntos de


elementos em inter-relação" é tão geral e vaga que não se pode aprender
muito com isso. Isso, no entanto, não é verdade. Por exemplo, os sistemas
podem ser de nidos por certas famílias de equações diferenciais e, se, da

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maneira usual de raciocínio matemático, condições mais especi cadas forem
introduzidas, muitas propriedades importantes podem ser encontradas de
sistemas em geral e casos mais especiais (cf. Capítulo 3).

A abordagem matemática seguida na teoria geral dos sistemas não é a única


possível ou mais geral. Existem várias abordagens modernas relacionadas,
como teoria da informação, cibernética, teorias de jogo, decisão e rede,
modelos estocásticos, pesquisa operacional, para mencionar apenas as mais
importantes.

No entanto, o fato de que as equações diferenciais cobrem extensos campos


nas ciências físicas, biológicas, econômicas e provavelmente também
comportamentais, as torna um acesso adequado ao estudo de sistemas
generalizados.

Agora vou ilustrar a teoria geral dos sistemas por meio de alguns exemplos.

Sistemas Fechados e Abertos: Limitações da Física Convencional

Meu primeiro exemplo é o de sistemas fechados e abertos. A física


convencional lida apenas com sistemas fechados, ou seja, sistemas que são
considerados isolados de seu ambiente. Assim, a química física nos fala sobre
as reações, suas taxas e os equilíbrios químicos eventualmente estabelecidos
em um vaso fechado, onde vários reagentes são reunidos. A termodinâmica
declara expressamente que suas leis se aplicam apenas a sistemas fechados.
Em particular, o segundo princípio da termodinâmica a rma que, em um
sistema fechado, uma certa quantidade, chamada entropia, deve aumentar ao
máximo e, eventualmente, o processo para em um estado de equilíbrio. O
segundo princípio pode ser formulado de maneiras diferentes, sendo uma
delas que a entropia é uma medida de probabilidade e, portanto, um sistema
fechado tende a um estado de distribuição mais provável. A distribuição mais

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provável, no entanto, de uma mistura, digamos, de contas de vidro vermelhas
e azuis, ou de moléculas com velocidades diferentes, é um estado de
desordem completa; ter separado todas as contas vermelhas de um lado e
todas as azuis do outro, ou ter, em um espaço fechado, todas as moléculas
rápidas, ou seja, uma temperatura alta no lado direito, e todas as lentas, uma
temperatura baixa, à esquerda, é um estado de coisas altamente improvável.
Portanto, a tendência à entropia máxima ou à distribuição mais provável é a
tendência à desordem máxima.

No entanto, encontramos sistemas que, por sua própria natureza e de nição,


não são sistemas fechados. Todo organismo vivo é essencialmente um
sistema aberto. Ele se mantém em uma entrada e saída contínuas, uma
construção e quebra de componentes, nunca estando, enquanto estiver vivo,
em um estado de equilíbrio químico e termodinâmico, mas mantido em um
chamado estado estacionário que é distinto do último. Esta é a própria
essência desse fenômeno fundamental da vida que é chamado de
metabolismo, os processos químicos dentro das células vivas. E agora?

Obviamente, as formulações convencionais da física são, em princípio,


inaplicáveis ao organismo vivo qua sistema aberto e estado estacionário, e
podemos muito bem suspeitar que muitas características dos sistemas vivos
que são paradoxais em vista das leis da física são uma consequência desse
fato.

É apenas nos últimos anos que uma expansão da física, a m de incluir


sistemas abertos, ocorreu. Esta teoria lançou luz sobre muitos fenômenos
obscuros em física e biologia, e também levou a importantes conclusões
gerais, das quais mencionarei apenas duas.

O primeiro é o princípio da equi nalidade. Em qualquer sistema fechado, o


estado nal é inequivocamente determinado pelas condições iniciais: por

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exemplo, o movimento em um planetário Sistema onde as posições dos
planetas em um tempo t são inequivocamente determinadas por suas
posições de cada vez para. Ou em um equilíbrio químico, as concentrações
nais dos reagentes dependem naturalmente das concentrações iniciais. Se as
condições iniciais ou o processo forem alterados, o estado nal também será
alterado. Isso não é assim em sistemas abertos. Aqui, o mesmo estado nal
pode ser alcançado a partir de diferentes condições iniciais e de maneiras
diferentes. Isso é o que é chamado de equi nalidade, e tem um signi cado
signi cativo para os fenômenos da regulação biológica. Aqueles que estão
familiarizados com a história da biologia lembrarão que foi apenas a
equi nalidade que levou o biólogo alemão Driesch a abraçar o vitalismo, ou
seja, a doutrina de que os fenômenos vitais são inexplicáveis em termos de
ciência natural. O argumento de Driesch foi baseado em experimentos em
embriões no início do desenvolvimento. O mesmo resultado nal, um indivíduo
normal do ouriço-do-mar, pode se desenvolver a partir de um óvulo completo,
de cada metade de um óvulo dividido ou do produto de fusão de dois óvuos
inteiros. O mesmo se aplica a embriões de muitas outras espécies, incluindo o
homem, onde gêmeos idênticos são o produto da divisão de um óvulo. A
equi nalidade, de acordo com Driesch, contradiz as leis da física e só pode ser
realizada por um fator vitalista semelhante à alma que governa os processos
de previsão do objetivo, o organismo normal para Ser estabelecido. Pode-se
mostrar, no entanto, que os sistemas abertos, na medida em que atingem um
estado estacionário, devem mostrar equi nalidade, de modo que a suposta
violação das leis físicas desaparece (cf. pp. 132f.).

Outro contraste aparente entre a natureza inanimada e animada é o que às


vezes era chamado de contradição violenta entre a degradação de Lord Kelvin
e a evolução de Darwin, entre a lei da dissipação em física e a lei da evolução
em biologia. De acordo com o segundo princípio da termodinâmica, a
tendência geral dos eventos na natureza física é em direção a estados de
desordem máxima e nivelamento de diferenças, com a chamada morte por
calor do universo como a perspectiva nal, quando toda a energia é

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degradada em calor uniformemente distribuído de baixa temperatura, e o
processo mundial pára. Em contraste, o mundo vivo mostra, no
desenvolvimento embrionário e na evolução, uma transição para uma ordem
superior, heterogeneidade e organização. Mas com base na teoria dos
sistemas abertos, a aparente contradição entre entropia e evolução
desaparece. Em todos os processos irreversíveis, a entropia deve aumentar.
Portanto, a mudança de entropia em sistemas fechados é sempre positiva; a
ordem é continuamente destruída. Em sistemas abertos, no entanto, não
temos apenas a produção de entropia devido a processos irreversíveis, mas
Também importação de entropia que pode muito bem ser negativa. Este é o
caso do organismo vivo que importa moléculas complexas ricas em energia
livre. Assim, os sistemas vivos, mantendo-se em um estado estacionário,
podem evitar o aumento da entropia e podem até se desenvolver em direção a
estados de maior ordem e organização.

A partir desses exemplos, você pode adivinhar o rolamento da teoria dos


sistemas abertos.

Entre outras coisas, mostra que muitas supostas violações das leis físicas na
natureza viva não existem, ou melhor, que elas desaparecem com a
generalização da teoria física. Em uma versão generalizada, o conceito de
sistemas abertos pode ser aplicado a níveis não físicos. Exemplos são seu uso
em ecologia e a evolução em direção a uma formação de clímax (Whittacker),
em psicologia, onde os "sistemas neurológicos" foram considerados como
"sistemas dinâmicos abertos" (Krech), na loso a, onde a tendência para
"trans-acional" em oposição aos pontos de vista "auto-acional" e
"interacional" corresponde de perto ao modelo de sistema aberto (Bentley).

Informação e Entropia

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Outro desenvolvimento que está intimamente ligado à teoria dos sistemas é o
da teoria moderna da comunicação. Muitas vezes tem sido dito que a energia
é a moeda da física, assim como os valores econômicos podem ser expressos
em dólares ou libras.

Existem, no entanto, certos campos da física e da tecnologia em que essa


moeda não é prontamente aceitável. Este é o caso no campo da comunicação
que, devido ao desenvolvimento de telefones, rádio, radar, máquinas de
cálculo, servomecanismos e outros dispositivos, levou ao surgimento de um
novo ramo da física.

A noção geral na teoria da comunicação é a da informação. Em muitos casos,


o uxo de informação corresponde a um uxo de energia, por exemplo, se as
ondas de luz emitidas por alguns objetos atingirem o olho ou uma célula
fotoelétrica, provocarem alguma reação do organismo ou de alguma
maquinaria e, assim, transmitirem informações. No entanto, exemplos podem
ser facilmente dados onde o uxo de informação é oposto ao uxo de energia,
ou onde a informação é transmitida sem um uxo de energia ou matéria.

O primeiro é o caso de um cabo telégrafo, onde uma corrente contínua está


uindo em uma direção, mas informações, uma mensagem, podem ser
enviadas em qualquer direção interrompendo a corrente em um ponto e
registrando a interrupção em outro. Para o segundo caso, pense nos abridores
de portas fotoelétricos, pois eles são instalados em muitos Supermercados: a
sombra, o corte da energia da luz, informa à fotocélula que alguém está
entrando e a porta se abre. Portanto, a informação, em geral, não pode ser
expressa em termos de energia.

Há, no entanto, outra maneira de medir a informação, ou seja, em termos de


decisões. Faça o jogo de Vinte Perguntas, onde devemos descobrir um objeto

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recebendo respostas simples de "sim" ou "não" às nossas perguntas. A
quantidade de informações transmitidas em uma resposta é uma decisão entre
duas alternativas, como animal ou não animal. Com duas perguntas, é possível
decidir por uma das quatro possibilidades, por exemplo, mamífero-não-
mamífero ou planta com ores-planta não- or.

Com três respostas, é uma decisão de oito, etc. Assim, o logaritmo na base 2
das possíveis decisões pode ser usado como uma medida de informação,
sendo a unidade a chamada unidade binária ou bit. As informações contidas
em duas respostas são log

4 = 2 bits, de três respostas, log2 8 = 3 bits, etc. Essa medida de informação é


semelhante à da entropia, ou melhor, da entropia negativa, já que a entropia
também é de nida como um logaritmo de probabilidade. Mas a entropia,
como já ouvimos, é uma medida de desordem; portanto, a entropia negativa
ou a informação é uma medida de ordem ou De organização, já que o último,
em comparação com a distribuição aleatória, é um estado improvável.

Um segundo conceito central da teoria da comunicação e do controle é o do


feedback. Um esquema simples para feedback é o seguinte (Fig. 2.1). O
sistema compreende, primeiro, um receptor ou "órgão sensorial", seja uma
célula fotoelétrica, uma tela de radar, um termômetro ou um órgão sensorial no
signi cado biológico. A mensagem pode ser, em dispositivos tecnológicos,
uma corrente fraca ou, em um organismo vivo, representada pela condução
nervosa, etc. Em seguida, há um centro recombinando as mensagens
recebidas e transmitindo-as a um efetor, consistindo de uma máquina como
um motor elétrico, uma bobina de aquecimento ou solenóide, ou um músculo
que responde à mensagem recebida de tal forma que há saída de alta energia.
Finalmente, o funcionamento do efetor é monitorado de volta ao receptor, e
isso faz com que o sistema se auto-regula, ou seja, garante estabilização ou
direção de ação.

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Os arranjos de feedback são amplamente utilizados na tecnologia moderna
para a estabilização de uma determinada ação, como em termostatos ou em
receptores de rádio; ou para a direção das ações em direção a um objetivo em
que a aberração desse objetivo é alimentada de volta, como informações, até
que o objetivo ou objetivo seja alcançado. Este é o caso de mísseis
autopropulsados que buscam seu alvo, sistemas de controle de fogo
antiaéreo, sistemas de direção de navios e outros chamados
servomecanismos.

De fato, há um grande número de fenômenos biológicos que correspondem ao


modelo de feedback. Primeiro, há o fenômeno da chamada homeostase, ou
Manutenção do equilíbrio no organismo vivo, cujo protótipo é a
termorregulação em animais de sangue quente. O resfriamento do sangue
estimula certos centros no cérebro que "ligam" os mecanismos de produção
de calor do corpo, e a temperatura corporal é monitorada de volta ao centro
para que a temperatura seja mantida em um nível constante. Mecanismos
homeostáticos semelhantes existem no corpo para manter a constância de um
grande número de variáveis físico-químicas. Além disso, sistemas de feedback
comparáveis aos servomecanismos da tecnologia existem no corpo animal e
humano para a regulação de ações. Se quisermos pegar um lápis, um relatório
é feito para o sistema nervoso central da distância pela qual não conseguimos
agarrar o lápis em primeira instância; essa informação é então devolvida ao

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sistema nervoso central para que o movimento seja controlado até que o
objetivo seja alcançado.

Portanto, uma grande variedade de sistemas em tecnologia e na natureza viva


segue o esquema de feedback, e é bem conhecido que uma nova disciplina,
chamada Cibernética, foi introduzida por Norbert Wiener para lidar com esses
fenômenos. A teoria tenta mostrar que os mecanismos de natureza de
feedback são a base do comportamento teleológico ou proposital em
máquinas feitas pelo homem, bem como em organismos vivos e em sistemas
sociais.

Deve-se ter em mente, no entanto, que o esquema de feedback é de natureza


bastante especial. Isso pressupõe arranjos estruturais do tipo mencionado.

Existem, no entanto, muitos regulamentos no organismo vivo que são de


natureza essencialmente diferente, ou seja, aqueles em que a ordem é
efetuada por uma interação dinâmica de processos. Lembre-se, por exemplo,
de regulamentos embrionários em que o todo é restabelecido a partir das
partes em processos equi nais. Pode-se mostrar que os regulamentos
primários em sistemas orgânicos, ou seja, aqueles que são mais fundamentais
e primitivos no desenvolvimento embrionário, bem como na evolução, são da
natureza da interação dinâmica. Eles são baseados no fato de que o
organismo vivo é um sistema aberto, mantendo-se ou se aproximando de um
estado estacionário. Sobrepostos são os regulamentos que podemos chamar
de secundários e que são controlados por arranjos xos, especialmente do
tipo de feedback. Este estado de coisas é uma consequência de um princípio
geral de organização que pode ser chamado de mecanização progressiva. A
princípio, os sistemas - biológicos, neurológicos, psicológicos ou sociais - são
regidos pela interação dinâmica de seus componentes; mais tarde, são
estabelecidos arranjos xos e condições de restrição que tornam o sistema e
suas partes mais e cientes, mas também diminuem gradualmente e,
eventualmente, abolem seu equipotenti-Alidade. Assim, a dinâmica é o

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aspecto mais amplo, já que sempre podemos chegar das leis gerais do
sistema à função semelhante à máquina, introduzindo condições adequadas
de restinção, mas o oposto não é possível.

Causalidade e Teleologia

Outro ponto que eu gostaria de mencionar é a mudança que a imagem do


mundo cientí co sofreu nas últimas décadas. Na visão de mundo chamada
mecanística, que nasceu da física clássica do século XIX, o jogo sem rumo dos
átomos, governado pelas leis inexoráveis da causalidade, produziu todos os
fenômenos do mundo, inanimados, vivos e mentais. Não foi deixado espaço
para qualquer diretividade, ordem ou telos. O mundo dos organismos parecia
um produto do acaso, acumulado pelo jogo sem sentido de mutações e
seleção aleatórias; o mundo mental como um epifenômeno curioso e bastante
inconsequente de eventos materiais.

O único objetivo da ciência parecia ser analítico, ou seja, a divisão da realidade


em unidades cada vez menores e o isolamento de trens causais individuais.
Assim, a realidade física foi dividida em pontos de massa ou átomos, o
organismo vivo em células, comportamento Em re exos, percepção em
sensações pontuais, etc. Da mesma forma, a causalidade era essencialmente
de mão única: um sol atrai um planeta na mecânica newtoniana, um gene no
óvulo fertilizado produz tal e tal caráter herdado, um tipo de bactéria produz
esta ou aquela doença, elementos mentais estão alinhados, como as contas
em um cordão de pérolas, pela lei de associação. Lembre-se da famosa tabela
de Kant das categorias que tenta sistematizar as noções fundamentais da
ciência clássica: é sintomático que as noções de interação e de organização
eram apenas preenchedores de espaço ou não apareceram.

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Podemos a rmar como característica da ciência moderna que esse esquema
de unidades isoláveis agindo em causalidade unidirecional provou ser
insu ciente. Daí a aparência, em todos os campos da ciência, de noções
como integralidade, holística, organismo, gestalt, etc., que signi cam que, em
último recurso, devemos pensar em termos de sistemas de elementos em
interação mútua.

Da mesma forma, as noções de teleologia e diretividade pareciam estar fora


do escopo da ciência e ser o playground de agências misteriosas,
sobrenaturais ou antropomór cas; ou então, um pseudoproblema,
intrinsecamente estranho à ciência, e apenas uma projeção deslocada da
mente do observador em uma natureza governada Por leis sem propósito. No
entanto, esses aspectos existem, e você não pode conceber um organismo
vivo, para não falar de comportamento e sociedade humana, sem levar em
conta o que variadamente e bastante vagamente é chamado de
adaptabilidade, intencionalidade, busca de objetivos e similares.

É característico da visão atual que esses aspectos são levados a sério como
um problema legítimo para a ciência; além disso, podemos muito bem indicar
modelos que simulam tal comportamento.

Dois desses modelos que já mencionamos. Uma é a equi nalidade, a


tendência a um estado nal característico de diferentes estados iniciais e de
diferentes maneiras, com base na interação dinâmica em um sistema aberto
atingindo um estado estacionário; a segunda, o feedback, a manutenção
homeostática de um estado característico ou a busca de um objetivo, com
base em cadeias causais circulares e mecanismos que monitoram informações
sobre desvios do estado a ser mantido ou o objetivo a ser alcançado. Um
terceiro modelo para comportamento adaptativo, um "projeto para um
cérebro", foi desenvolvido por Ashby, que aliás começou com as mesmas
de nições e equações matemáticas para um sistema geral que foram usadas

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pelo atual autor. Ambos os escritores desenvolveram seus sistemas de forma
independente e, seguindo diferentes linhas de Interesse, chegaram a
diferentes teoremas e conclusões. O modelo de adaptabilidade de Ashby é,
aproximadamente, o de funções de passo que de nem um sistema, ou seja,
funções que, depois que um certo valor crítico é passado, saltam para uma
nova família de equações diferenciais. Isso signi ca que, tendo passado por
um estado crítico, o sistema começa em uma nova maneira de
comportamento. Assim, por meio de funções de passo, o sistema mostra um
comportamento adaptativo pelo que o biólogo chamaria de tentativa e erro: ele
tenta diferentes maneiras e meios e, eventualmente, se instala em um campo
onde não entra mais em con ito com valores críticos do meio ambiente. Tal
sistema se adaptando por tentativa e erro foi realmente construído por Ashby
como uma máquina eletromagnética, chamada de homeostato.

Não vou discutir os méritos e de ciências desses modelos de comportamento


teleológico ou direcionado. O que deve ser enfatizado, no entanto, é o fato de
que o comportamento teleológico direcionado para um estado ou objetivo nal
característico não é algo fora dos limites para a ciência natural e um equívoco
antropomór co de processos que, por si só, são não direcionados e
acidentais. Em vez disso, é uma forma de comportamento que pode ser bem
de nida em termos cientí cos e para a qual as condições necessárias e
possíveis mecanismos podem ser indicados.

O Que É Organização?

Considerações semelhantes se aplicam ao conceito de organização. A


organização também era estranha ao mundo mecanicista. O problema não
apareceu na física clássica, mecânica, eletrodinâmica, etc. Ainda mais, o
segundo princípio da termodinâmica indicou a destruição da ordem como a
direção geral dos eventos. É verdade que isso é diferente na física moderna.
Um átomo, um cristal ou uma molécula são organizações, como Whitehead
nunca deixou de enfatizar. Em biologia, os organismos são, por de nição,

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coisas organizadas. Mas, embora tenhamos uma enorme quantidade de dados
sobre organização biológica, da bioquímica à citologia, à histologia e
anatomia, não temos uma teoria da organização biológica, ou seja, um modelo
conceitual que permita a explicação dos fatos empíricos.

Características da organização, seja de um organismo vivo ou de uma


sociedade, são noções como aquelas de totalidade, crescimento,
diferenciação, ordem hierárquica, dominância, controle, competição, etc. Tais
noções não aparecem na física convencional.

A teoria dos sistemas é bem capaz de lidar com esses assuntos. É possível
de nir tais noções dentro do modelo matemático de um sistema; além disso,
em alguns aspectos, teorias detalhadas podem ser desenvolvidas que
deduzem, da sussunção geral Ções, os casos especiais. Um bom exemplo é a
teoria dos equilíbrios biológicos, utuações cíclicas, etc., iniciada por Lotka,
Volterra, Gause e outros. Certamente será descoberto que a teoria biológica
de Volterra e a teoria da economia quantitativa são isomór cas em muitos
aspectos.

Há, no entanto, muitos aspectos das organizações que não se prestam


facilmente à interpretação quantitativa. Essa di culdade não é desconhecida
nas ciências naturais. Assim, a teoria dos equilíbrios biológicos ou a da
seleção natural são campos altamente desenvolvidos da biologia matemática,
e ninguém duvida que sejam legítimos, essencialmente corretos e uma parte
importante da teoria da evolução e da ecologia. É difícil, no entanto, aplicá-los
no campo porque os parâmetros escolhidos, como valor seletivo, taxa de
destruição e geração e similares, não podem ser facilmente medidos.
Portanto, temos que nos contentar com uma "explicação em princípio", um
argumento qualitativo que, no entanto, pode levar a consequências
interessantes.

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Como exemplo da aplicação da teoria geral dos sistemas à sociedade
humana, podemos citar um livro recente de Boulding, intitulado A Revolução
Organizacional.

Boulding começa com um modelo geral de organização e a rma o que ele


chama de Ferro Leis que são boas para qualquer organização. Tais Leis de
Ferro são, por exemplo, a lei malthusiana de que o aumento de uma
população é, em geral, maior do que o de seus recursos. Depois, há uma lei
de tamanho ideal das organizações: quanto maior uma organização cresce,
maior é a forma de comunicação e isso, dependendo da natureza da
organização, atua como um fator limitante e não permite que uma organização
cresça além de um certo tamanho crítico. De acordo com a lei da instabilidade,
muitas organizações não estão em um equilíbrio estável, mas mostram
utuações cíclicas que resultam da interação de subsistemas. Isso, aliás,
provavelmente poderia ser tratado em termos da teoria de Volterra, sendo a
chamada primeira lei de Volterra a de ciclos periódicos em populações de
duas espécies, uma das quais se alimenta às custas da outra. A importante lei
do oligopólio a rma que, se houver organizações concorrentes, a instabilidade
de suas relações e, portanto, o perigo de atrito e con itos aumenta com a
diminuição do número dessas organizações. Assim, desde que sejam
relativamente pequenos e numerosos, eles se misturam de alguma forma de
coexistência. Mas se apenas alguns ou um par concorrente forem deixados,
como é o caso dos blocos políticos colossais dos dias atuais, os con itos se
tornam devastadores a ponto de destruição mútua. O número de tais teoremas
gerais para organização Pode ser facilmente ampliado. Eles são bem capazes
de serem desenvolvidos de maneira matemática, como foi realmente feito para
certos aspectos.

Teoria Geral dos Sistemas e a Unidade da Ciência

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Deixe-me encerrar essas observações com algumas palavras sobre as
implicações gerais da teoria interdisciplinar.

A função integrativa da teoria geral dos sistemas talvez possa ser resumida da
seguinte forma. Até agora, a uni cação da ciência foi vista na redução de
todas as ciências à física, a resolução nal de todos os fenômenos em eventos
físicos.

Do nosso ponto de vista, a unidade da ciência ganha um aspecto mais


realista. Uma concepção unitária do mundo pode ser baseada, não na
esperança possivelmente fútil e certamente exagerada de nalmente reduzir
todos os níveis de realidade ao nível da física, mas sim na isomor a das leis
em diferentes campos. Falando no que tem sido chamado de modo "formal",
ou seja, olhando para as construções conceituais da ciência, isso signi ca
uniformidades estruturais dos esquemas que estamos aplicando. Falando em
língua "material", isso signi ca que o mundo, ou seja, o total de eventos
observáveis, mostra estrutural Uniformidades, manifestando-se por traços
isomór cos de ordem nos diferentes níveis ou reinos.

Chegamos, então, a uma concepção que, em contraste com o reducionismo,


podemos chamar de perspectivismo. Não podemos reduzir os níveis biológico,
comportamental e social ao nível mais baixo, o das construções e leis da
física. Podemos, no entanto, encontrar construções e possivelmente leis
dentro dos níveis individuais. O mundo é, como Aldous Huxley disse uma vez,
como um bolo de sorvete napolitano onde os níveis - o físico, o biológico, o
social e o universo moral representam as camadas de chocolate, morango e
baunilha. Não podemos reduzir o morango a chocolate - o máximo que
podemos dizer é que, possivelmente, em último recurso, tudo é baunilha, tudo
mente ou espírito. O princípio uni cador é que encontramos organização em
todos os níveis. A visão de mundo mecanicista, tomando o jogo de partículas
físicas como realidade nal, encontrou sua expressão em uma civilização que

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glori ca a tecnologia física que levou eventualmente às catástrofes do nosso
tempo. Possivelmente o modelo do mundo como uma grande organização
pode ajudar a reforçar o senso de reverência pelos vivos que quase perdemos
nas últimas décadas sanguinárias da história humana.

Teoria Geral do Sistema na Educação: A Produção de Generalistas Cientí cos

Após este esboço esboçado do signi cado e dos objetivos da teoria geral dos
sistemas, deixe-me tentar responder à questão do que ela pode contribuir
para a educação integrativa.

Para não parecer partidário, dou algumas citações de autores que não
estavam envolvidos no desenvolvimento da teoria geral dos sistemas.

Há alguns anos, um artigo, intitulado "A Educação dos Generalistas


Cientí cos", foi publicado por um grupo de cientistas, incluindo o engenheiro
Bode, o sociólogo Mos-teller, o matemático Tukey e o biólogo Winsor. Os
autores enfatizaram a "necessidade de uma abordagem mais simples e
uni cada aos problemas cientí cos". Eles escreveram:

Muitas vezes ouvimos que "um homem não pode mais cobrir um campo
amplo o su ciente" e que "há muita especialização estreita". ... Precisamos de
uma abordagem mais simples e uni cada aos problemas cientí cos,
precisamos de homens que pratiquem a ciência - não uma ciência em
particular, em uma palavra, precisamos de generalistas cientí cos (Bode et al.,
1949).

Os autores então deixam claro como e por que os generalistas são


necessários em campos como físico-química, biofísica, aplicação da química,
física e matemática à medicina, e continuam:

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Qualquer grupo de pesquisa precisa de um generalista, seja um grupo
institucional em uma universidade ou uma fundação, ou um grupo industrial...
Em um grupo de engenharia, o generalista estaria naturalmente preocupado
com problemas do sistema. Esses problemas surgem sempre que as peças
são feitas em um todo equilibrado (Bode et al., 1949).

Em um simpósio da Fundação para Educação Integrada, o Professor Mather

(1951) discutiu "Estudos Integrativos para Educação Geral". Ele a rmou:

Uma das críticas à educação geral é baseada no fato de que ela pode
facilmente degenerar na mera apresentação de informações coletadas em
tantos campos de investigação quanto houver tempo para pesquisar durante
um semestre ou um ano....

Se você ouvisse vários alunos seniores falando, poderia ouvir um deles dizer
"nossos professores nos encheram, mas o que tudo isso signi ca?" Mais
importante é a busca por conceitos básicos e princípios subjacentes que
podem ser válidos em todo o corpo de conhecimento.

Em resposta ao que esses conceitos básicos podem ser, Mather a rma:


Conceitos gerais muito semelhantes foram desenvolvidos de forma
independente por investigadores que têm trabalhado em campos muito
diferentes. Essas correspondências são aindo mais signi cativas porque são
baseadas em fatos totalmente diferentes.

Os homens que os desenvolveram desconheciam em grande parte o trabalho


um do outro. Eles começaram com loso as con itantes e ainda chegaram a
conclusões notavelmente semelhantes....

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Assim concebido, [Mather conclui], os estudos integrativos provariam ser uma
parte essencial da busca por uma compreensão da realidade.

Nenhum comentário parece ser necessário. A educação convencional em


física, biologia, psicologia ou ciências sociais os trata como domínios
separados, sendo a tendência geral que subdomínios cada vez menores se
tornam ciências separadas, e esse processo é repetido a ponto de cada
especialidade se tornar um campo insigni cantemente pequeno,
desconectado do resto. Em contraste, as demandas educacionais do
treinamento

"Generalistas Cientí cos" e de desenvolver "princípios básicos"


interdisciplinares são precisamente aqueles que a teoria geral do sistema tenta
preencher. Eles não são um mero programa ou um desejo piedoso, já que,
como tentamos mostrar, tal estrutura teórica já está em O processo de
desenvolvimento. Nesse sentido, a teoria geral dos sistemas parece ser um
progresso importante em direção à síntese interdisciplinar e à educação
integrada.

Ciência e Sociedade

No entanto, se falamos de educação, não nos referemos apenas a valores


cientí cos, ou seja, comunicação e integração de fatos. Também nos re ro a
valores éticos, contribuindo para o desenvolvimento da personalidade. Há algo
a ganhar com os pontos de vista que discutimos? Isso leva ao problema
fundamental do valor da ciência em geral e das ciências comportamentais e
sociais em particular.

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Um argumento frequentemente usado sobre o valor da ciência e seu impacto
na sociedade e no bem-estar da humanidade é algo assim. Nosso
conhecimento das leis da física é excelente e, consequentemente, nosso
controle tecnológico da natureza inanimada é quase ilimitado. Nosso
conhecimento das leis biológicas não está tão avançado, mas é su ciente para
permitir uma boa quantidade de tecnologia biológica na medicina moderna e
na biologia aplicada. Estendeu a expectativa de vida muito além dos limites
atribuídos aos seres humanos em séculos anteriores ou mesmo décadas. A
aplicação de Os métodos modernos de agricultura cientí ca, pecuária, etc.,
seriam su cientes para sustentar uma população humana que supera em
muito a atual do nosso planeta. O que está faltando, no entanto, é o
conhecimento das leis da sociedade humana e, consequentemente, uma
tecnologia sociológica. Assim, as conquistas da física são usadas para uma
destruição cada vez mais e ciente; temos fomes em vastas partes do mundo,
enquanto as colheitas apodrecem ou são destruídas em outras partes; a
guerra e a aniquilação indiscriminada da vida humana, cultura e meios de
subsistência são a única maneira de sair da fertilidade descontrolada e da
consequente superpopulação. Eles são o resultado do fato de que
conhecemos e controlamos as forças físicas muito bem, as forças biológicas
toleravelmente bem e as forças sociais não. Se, portanto, tivéssemos uma
ciência bem desenvolvida da sociedade humana e uma tecnologia
correspondente, seria a saída do caos e da destruição iminente do nosso
mundo atual.

Isso parece ser plausível o su ciente e é, de fato, uma versão moderna do


preceito de Platão de que somente se os governantes forem lósofos, a
humanidade será salva. Há, no entanto, um problema na discussão. Temos
uma boa ideia de como seria um mundo cienti camente controlado. Na melhor
das hipóteses, seria como o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, na pior
das hipóteses, como o 1984 de Orwell. É um fato empírico que cientí co As
conquistas são colocadas tanto, ou até mais, destrutivas quanto o uso
construtivo. As ciências do comportamento humano e da sociedade não são

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exceção. Na verdade, talvez seja o maior perigo dos sistemas do totalitarismo
moderno que eles estejam tão alarmantemente atualizados não apenas em
física e biológica, mas também em tecnologia psicológica. Os métodos de
sugestão de massa, da liberação dos instintos da besta humana, de
condicionamento e controle do pensamento são desenvolvidos para a mais
alta e cácia; só porque o totalitarismo moderno é tão terrivelmente cientí co,
faz com que o absolutismo dos períodos anteriores pareça um improvisado
deilettantis e comparativamente inofensivo. O controle cientí co da sociedade
não é uma estrada para a Utopia.

O Preceito Final: Homem como Indivíduo

Podemos, no entanto, conceber uma compreensão cientí ca da sociedade


humana e suas leis de uma maneira um pouco diferente e mais modesta. Esse
conhecimento pode nos ensinar não apenas o que o comportamento humano
e a sociedade têm em comum com outras organizações, mas também qual é a
sua singularidade. Aqui o princípio principal será: o homem não é apenas um
animal político; ele é, antes e acima de tudo, um indivíduo. Os valores reais Da
humanidade não são aqueles que ela compartilha com entidades biológicas, a
função de um organismo ou uma comunidade de animais, mas aqueles que
decorrem da mente individual. A sociedade humana não é uma comunidade
de formigas ou cupins, governada por instinto herdado e controlada pelas leis
do todo superordinado; é baseada nas conquistas do indivíduo e está
condenada se o indivíduo for feito uma engrenagem na máquina social. Este,
acredito, é o preceito nal que uma teoria da organização pode dar: não um
manual para ditadores de qualquer denominação de forma mais e ciente
subjugar os seres humanos pela aplicação cientí ca das Leis de Ferro, mas
um aviso de que o Leviatã da organização não deve engolir o indivíduo sem
selar sua própria desgraça inevitável.

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Expressive Writing: Words
that Heal
James W. Pennebaker, Ph.D.
John F. Evans, Ed.D.

Conteúdo

Prefácios dos autores

I. Os fundamentos da escrita para a saúde


1. Por que escrever sobre trauma ou agitação emocional?

2. Como podemos nos preparar para escrever?

3. Quais são as técnicas básicas de escrita?

4. Como podemos olhar para trás em nossa escrita?

II. Experimentando com Escrita


5. Escrevendo para Quebrar Bloqueios Mentais

6. Escrevendo para apreciar o bem em um mundo às vezes ruim

7. Escrevendo e Editando Sua História

8. Escrevendo para Mudar Perspectivas

9. Escrevendo em Diferentes Contextos

10. Escrevendo Criativamente com Ficção, Poesia, Dança e Arte

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III. Transforme sua Saúde: Escrever para curar
11. Escrita Expressiva

12. Redação Transacional

13. Escrita poética

14. Contar histórias

15. Escrita A rmativa

16. Escrita Legada

17. Conclusões

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PARTE I

Os fundamentos da escrita para a saúde

A vida não examinada não vale a pena ser vivida.

- Sócrates

A Parte I analisa o básico da Escrita Expressiva. Incluímos alguns estudos


cientí cos que apoiam o uso da escrita, como se preparar para escrever, as
técnicas de escrita e como podemos aprender com o que escrevemos. A Parte
I foi escrita por Jamie Pennebaker e é baseada em sua pesquisa desde a
década de 1980.

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Por que escrever sobre trauma ou
perturbação emocional?

Qual é a melhor maneira de superar um trauma, melhorar a saúde e construir


resiliência? Pesquisadores têm abordado essa questão de muitas maneiras ao
longo do século passado. A psicoterapia e a medicação em profundidade
ajudaram milhões de pessoas. Técnicas de relaxamento, incluindo ioga e
meditação, também se mostraram bené cas. Exercícios extenuantes e
melhores hábitos alimentares também podem ajudar. Infelizmente, às vezes
nenhuma dessas técnicas funciona. O melhor que podemos dizer é que
algumas dessas estratégias funcionam para algumas pessoas, às vezes. Não
há técnica garantida.

O objetivo deste capítulo é convencê-lo de que a escrita é um método


potencialmente e caz para lidar com traumas ou outras perturbações
emocionais. A evidência da pesquisa é realmente promissora.

Desde meados da década de 1980, um número crescente de estudos


tem se concentrado na escrita expressiva como uma maneira de proporcionar
cura. Os primeiros estudos indicaram que escrever sobre experiências
traumáticas por apenas vinte minutos por dia durante três ou quatro dias pode
produzir mudanças mensuráveis na saúde física e mental das pessoas.
Estudos mais recentes demonstram que apenas um dia pode proporcionar
benefícios saudáveis (Chung & Pennebaker, 2008). A escrita emocional — ou o
que é frequentemente descrito em estudos de pesquisa como Escrita
Expressiva (EW) — pode afetar positivamente os hábitos de sono das pessoas,
a e ciência do trabalho e suas conexões com os outros. De fato, quando
colocamos experiências traumáticas em palavras, tendemos a estar menos
preocupados com os eventos emocionais que estão nos sobrecarregando.

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Talvez você não precise convencer, ou não esteja interessado na
pesquisa cientí ca sobre escrita. Se você quiser pular a pesquisa e a lógica
por trás da escrita expressiva e estiver pronto para entrar e experimentá-la, vá
diretamente para o Capítulo 2 para uma experiência de escrita de quatro dias.
Ou vá ainda mais longe para a Parte III para tentar um programa de seis
semanas de exercícios de escrita sequencial. No entanto, como usar este livro
é uma escolha que depende de você.

Se, como eu, você é um pouco cético em relação a qualquer novo


método que pretende ajudar as pessoas a lidar com a experiência traumática,
continue lendo. Pode ser útil para você aprender como a escrita expressiva foi
testada, quando e com quem funciona e quando não produziu resultados
convincentes.

Escrita emocional: Uma breve história

No início, é justo avisá-lo de que não sou uma fonte completamente


objetiva sobre o poder da escrita. Eu sou um pesquisador, não um terapeuta.
No nal dos anos 1970 e início dos anos 1980, investiguei experiências
traumáticas de todos os tipos: mortes de cônjuges, desastres naturais,
traumas sexuais de todos os tipos, divórcio, abuso físico, o Holocausto.

A comunidade cientí ca sabia há anos que qualquer tipo de trauma era


altamente estressante. Após uma convulsão emocional, era provável que as
pessoas cassem deprimidas, cassem doentes, ganhassem ou perdessem
peso e até morressem de doenças cardíacas e câncer em taxas mais altas. Na
verdade, um estudo histórico (Estudo de Experiências Adversas na Infância)
com mais de 12.000 pessoas estabeleceu que o trauma na infância era um
forte preditor de doença grave na idade adulta (Stockdale 2011; Brown et al.
2010; Dube et al. 2009; Fellitti 2009.) Quando meus alunos e eu estudamos os
efeitos colaterais dos traumas, observamos as mesmas coisas que esses
pesquisadores zeram.

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Mas também encontramos algo mais marcante. Ter uma experiência
traumática foi certamente ruim para as pessoas de muitas maneiras, mas as
pessoas que tiveram um trauma e mantiveram essa experiência traumática em
segredo estavam muito piores. Não falar com os outros sobre um trauma,
aprendemos, colocam as pessoas em risco ainda maior para doenças maiores
e menores em comparação com as pessoas que falaram sobre seus traumas.

Os perigos de manter segredos eram mais aparentes para grandes


traumas da vida. Em uma série de pesquisas, várias centenas de estudantes
universitários e pessoas que trabalhavam em uma grande corporação foram
solicitados a preencher um breve questionário sobre traumas que ocorreram
mais cedo em suas vidas. Os entrevistados foram questionados se antes dos
dezessete anos eles haviam experimentado a morte de um membro da família,
o divórcio de parentes, um trauma sexual, abuso físico ou algum outro evento
que "mudou sua personalidade". Para cada item, eles também foram
questionados se haviam conversado com alguém em detalhes sobre essa
experiência.

Figura 1. Visitas médicas anuais por doença entre pessoas que relatam não ter
tido um trauma infantil (Sem Trauma), ter tido um ou mais traumas sobre os

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quais con aram (Trauma - sem segredo), ou ter tido pelo menos um trauma
infantil signi cativo que mantiveram em segredo (Trauma - em segredo).

Três dos resultados marcantes são aparentes na Figura 1. Primeiro,


mais da metade das pessoas que pesquisamos relataram ter sofrido um
grande trauma em sua vida antes dos dezessete anos de idade. (Tenha em
mente que estes eram geralmente estudantes médios e superiores de classe
média e adultos.) Em segundo lugar, as pessoas que tiveram qualquer tipo de
trauma grave antes dos dezessete anos foram a médicos por doença no dobro
da taxa de pessoas que não tiveram um trauma. Finalmente, entre aqueles que
tiveram traumas, aqueles que mantiveram seus traumas em segredo foram aos
médicos quase quarenta por cento mais frequentemente do que aqueles que
falaram abertamente sobre seus traumas (Pennebaker & Susman 1988).

Projetos de pesquisa posteriores de vários laboratórios con rmaram


esses resultados. Adultos cujos cônjuges cometeram suicídio ou morreram de
repente em acidentes de carro caram mais saudáveis no ano seguinte à
morte se falassem sobre o trauma do que se não falassem sobre ele. Gays e
lésbicas que divulgaram abertamente seu status sexual — ou seja, estavam
fora do armário — tiveram menos problemas de saúde importantes do que se
mantivessem sua orientação em segredo (Cole, Kemeny, Taylor, et al. 1996).
Não falar sobre questões importantes em sua vida representa um risco
signi cativo para a saúde.

Essas descobertas originais sobre segredos levaram ao primeiro estudo


de escrita. Se não falar fosse potencialmente insalubre, pedir às pessoas que
falassem — ou até mesmo escrevessem — sobre perturbações emocionais
produziria melhorias na saúde? Em meados da década de 1980, testamos
essa ideia diretamente.

Quase cinquenta alunos participaram do primeiro projeto de escrita.


Eles eram jovens adultos regulares que eram razoavelmente saudáveis; a
maioria tinha acabado de começar a faculdade. Quando eles se inscreveram
para o experimento, eles sabiam que estariam escrevendo por quinze minutos

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por dia por quatro dias consecutivos. A única coisa que eles não sabiam era
quais seriam seus tópicos de escrita. Ao virar da moeda, os alunos foram
convidados a escrever sobre tópicos emocionais, traumáticos ou sobre
tópicos super ciais e não emocionais.

Como isso acabou sendo um experimento de mudança de vida para


alguns dos participantes (assim como para mim), pode ser útil para você
imaginar como era para as pessoas que foram convidadas a escrever sobre
tópicos emocionais. Imagine que você foi escoltado até o meu escritório e lhe
disseram o seguinte:

Você se inscreveu para um experimento em que escreverá por quatro


dias, quinze minutos por dia em uma sala solitária no corredor. Tudo o
que você escrever será completamente anônimo e con dencial. Você
nunca receberá nenhum feedback sobre sua escrita. No nal da
redação de cada dia, pedimos que você coloque sua escrita em uma
caixa grande para que possamos analisá-la. No entanto, você nos dá
isso depende completamente de você.

Em sua escrita, quero que você realmente se deixe ir e explore seus


pensamentos e sentimentos mais profundos sobre a experiência mais
traumática de sua vida. Em sua escrita, tente amarrar essa experiência
traumática para outras partes da sua vida — sua infância, seu
relacionamento com seus pais, amigos próximos, amantes ou outros
importantes para você. Você pode vincular sua escrita ao seu futuro e a
quem você gostaria de se tornar, a quem você foi no passado ou a
quem você é agora. O importante é que você realmente se deixe ir e
escreva sobre suas emoções e pensamentos mais profundos. Você
pode escrever sobre a mesma coisa durante todos os quatro dias ou
sobre coisas diferentes a cada dia — isso depende inteiramente de
você. Muitas pessoas não tiveram experiências traumáticas, mas todos
nós enfrentamos grandes con itos ou estressores

- E você pode escrever sobre isso também.

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Muitos alunos caram atordoados com essas instruções. Para nossa
surpresa, ninguém jamais os encorajou a escrever sobre algumas das
experiências mais signi cativas de suas vidas. No entanto, eles entraram em
seus cubículos e escreveram seus corações.

Neste estudo, como em todos os estudos que z, as pessoas


escreveram sobre experiências verdadeiramente horríveis em suas vidas —
histórias terríveis de divórcio, estupro, abuso físico na família, tentativas de
suicídio e até mesmo coisas peculiares que nunca poderiam ser
categorizadas. Muitos alunos saíram de suas salas de escrita em lágrimas.
Claramente, o experimento foi uma experiência emocionalmente difícil. Mas
eles continuaram voltando. E no último dia de escrita, a maioria relatou que a
experiência de escrever tinha sido profundamente importante para eles.

O verdadeiro teste, no entanto, foi o que aconteceria com essas


pessoas nas semanas e meses após os quatro dias de escrita expressiva.
Com a permissão deles, pudemos comparar suas consultas médicas devido a
doenças antes e depois do estudo.

Em nossos primeiros quatro estudos de escrita, aqueles na condição de


escrita expressiva zeram quarenta e três por cento menos consultas médicas
por doença do que aqueles que foram solicitados a escrever sobre tópicos
super ciais. A maioria das visitas para ambos os grupos foi para resfriados,
gripe ou outras infecções respiratórias superiores. No entanto, escrever sobre
traumas pessoais resultou em pessoas vendo médicos na metade de sua taxa
normal (Pennebaker & Beall, 1986).

Se você é acrítico e gosta de grá cos, pode car muito animado com os
resultados descritos na Figura 2. Mas é importante colocar esses efeitos em
perspectiva. Estas são descobertas estatísticas baseadas em quatro estudos
com estudantes universitários relativamente saudáveis. Eles não nos dizem
quem especi camente pode ter se bene ciado e quem não se bene ciou. Eles
não dizem nada sobre por que, quando e sob quais condições a escrita pode
funcionar. Mais importante, esses resultados não são muito úteis para
responder à pergunta: "A escrita me ajudaria a lidar com a minha vida?"

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Figura 2. Número anual de visitas médicas por doença nos três meses após o
experimento para os participantes nos três grupos. Os dados sem escrita são
baseados em alunos que não participaram do experimento.

Quais são os efeitos da escrita?

Desde que os primeiros estudos de escrita expressiva foram publicados


na década de 1980, pelo menos 300 estudos sobre os benefícios da escrita
expressiva. Enquanto os primeiros estudos se concentraram quase
exclusivamente em consultas médicas por doença, o escopo das medidas de
benefício cresceu exponencialmente. À medida que o número de estudos
aumentou, cou claro que a escrita era muito mais poderosa do que alguém
jamais sonhou.

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Quase trinta anos depois, apreciamos ainda mais o impacto potencial
da escrita expressiva. Agora somos capazes de identi car mais claramente as
áreas em que a escrita expressiva é e caz (Frattaroli 2006; Smyth &
Pennebaker 2008).

Efeitos biológicos

Sabemos que as pessoas vão ao médico com menos frequência depois


de escrever. Então, há mudanças biológicas como resultado da escrita? Sim, e
os efeitos se generalizam em vários sistemas siológicos. Revisões recentes
de pesquisas de escrita expressiva sugerem que a escrita expressiva é um
grande avanço médico (Stockdale 2011). Aqui estão algumas das maneiras
pelas quais a escrita expressiva bene cia aqueles que escrevem.

O sistema imunológico. O sistema imunológico do corpo pode


funcionar de forma mais ou menos e caz, dependendo do nível de estresse da
pessoa. Laboratórios do Estado de Ohio, Universidade de Miami, Faculdade
de Medicina de Auckland, na Nova Zelândia, e em outros lugares descobrem
que a escrita emocional está associada ao aprimoramento geral da função
imunológica (Koschwanez et al., 2013; Pennebaker, Kiecolt-Glasser & Glasser
1988; Lumley et al. 2011). Aviso: Nós realmente não sabemos o que esses
efeitos signi cam em termos de saúde a longo prazo.

No entanto, entendemos que, como a escrita expressiva melhora a


regulação das emoções, ela pode desempenhar um papel fundamental na
siologia cerebral e imunológica (Petrie et al. 2004).

Marcadores médicos de saúde. Para seus pacientes com problemas


crônicos de saúde, os médicos geralmente prestam atenção a indicadores
especí cos para determinar se a doença está sendo mantida sob controle ou
piorando. Nos últimos anos, os pesquisadores descobriram que, para pessoas
que precisam gerenciar doenças crônicas, a escrita expressiva está associada
a benefícios. Pacientes com asma e artrite reumatoide apresentaram melhorias
na função pulmonar e mobilidade articular (Smyth & Arigo 2009; Smyth, Stone

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& Hurewitz, et al. 1999). Maiores contagens de glóbulos brancos foram
demonstrados entre pacientes com AIDS (Petrie et al. 2004). Pacientes com
síndrome do intestino irritável alcançaram uma melhora signi cativa na
gravidade da doença (Halpert, Rybin e Doros 2010). Muitos estudos de
pacientes com câncer demonstram benefícios signi cativos na saúde física,
redução dos sintomas físicos, redução da dor em geral, melhor sono e maior
funcionamento diurno (Henry et al. 2010; Low et al. 2010; De Moor et al. 2002;
Rosenberg et al. 2002). Outros estudos com adultos relativamente saudáveis
encontraram reduções modestas nos níveis de pressão arterial em repouso
(McGuire 2005) e níveis mais baixos de enzimas hepáticas, muitas vezes
associados ao consumo excessivo de álcool (Francis & Pennebaker 1992).
Artrite e pacientes com lúpus que zeram escrita expressiva e que foram
especi camente solicitados a descrever os lados positivos de sua doença
relataram fadiga reduzida que foi mantida três meses após a escrita (Dano -
Burg et al. 2006).

Indicadores siológicos de estresse. Um pouco surpreendentemente,


enquanto as pessoas escrevem ou falam sobre traumas, elas geralmente
mostram sinais imediatos de estresse reduzido: menor tensão muscular no
rosto e quedas na condutância da pele da mão (muitas vezes usado na
detecção de mentiras para medir o estresse do engano e também facilmente
medido com termômetros de pele Biodot prontamente disponíveis).
Imediatamente após escrever sobre tópicos emocionais, as pessoas têm
pressão arterial e frequências cardíacas mais baixas (Pennebaker, Hughes e
O'Heeron 1987). Outros pesquisadores avaliaram indicadores de estresse,
como pressão arterial sistólica e diastólica, variabilidade da frequência
cardíaca e condutância da pele. Eles descobriram que a escrita expressiva
demonstrou benefícios que duraram até quatro meses (McGuire, Greenberg e
Gevirtz 2005).

Efeitos psicológicos

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Os efeitos psicológicos e emocionais da escrita são um pouco mais
complicados do que pensávamos originalmente. Achamos instrutivo distinguir
entre efeitos imediatos e de longo prazo da escrita expressiva.

O humor muda imediatamente após a escrita: sentir-se triste é normal.


Imediatamente depois de escrever sobre tópicos traumáticos, as pessoas
muitas vezes se sentem piores — tristes, até chorando. Esses efeitos são
geralmente de curto prazo e duram uma ou duas horas. A escrita emocional
pode ser equiparada a ver um lme triste — depois você se sente mais triste,
mas mais sábio. Estar ciente desse efeito é extremamente importante. Se você
planeja escrever sobre eventos importantes em sua vida, dê a si mesmo tempo
depois de escrever para re etir.

Mudanças de humor a longo prazo. Escrever pode deixá-lo triste por


um breve período de tempo após a escrita, mas os efeitos a longo prazo são
muito mais positivos. Em vários estudos, as pessoas que se envolvem na
escrita expressiva relatam se sentir mais felizes e menos negativas do que se
sentiam antes de escrever. Da mesma forma, os relatos de sintomas
depressivos, ruminação e ansiedade geral tendem a cair nas semanas e meses
após escrever sobre convulsões emocionais (Lepore 1997). Outros estudos
encontraram melhora no bem-estar geral e melhor funcionamento cognitivo
(Barclay & Skarlicki 2009).

Mudanças comportamentais

Escrever faz muito mais do que afetar sua saúde física e mental. Você
pode na verdade, comece a se comportar de forma diferente.

Desempenho na escola ou no trabalho. Entre os estudantes


universitários iniciantes, a escrita expressiva ajuda as pessoas a se ajustarem
melhor à sua situação. Consequentemente, pelo menos três estudos
descobriram que os alunos obtêm notas mais altas no semestre após um
estudo de escrita (Lumley & Provenzano 2003; Cameron & Nicholls 1998;

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Pennebaker, Colder, & Sharp 1990). Isso pode ser porque a escrita emocional
aumenta a memória de trabalho das pessoas.

Memória de trabalho é o termo técnico para nossa capacidade geral de


pensar em tarefas complexas. Se estamos nos preocupando com as coisas —
incluindo perturbações emocionais do passado — temos menos memória de
trabalho. A escrita expressiva, agora sabemos, libera a memória de trabalho,
permitindo-nos lidar com questões mais complicadas em nossas vidas (Klein &
Boals 2001). Os alunos que zeram escritos expressivos sobre os próximos
exames relataram melhora no humor antes dos exames e melhor desempenho
(Dalton & Glenwick 2009; Frattaroli, Thomas, & Lyubomirsky 2011).

Alguns pesquisadores acreditam que os benefícios da escrita


expressiva podem ser o resultado do aumento da exposição ao trauma, às
vezes referido como habituação.

À medida que as pessoas escrevem sobre isso vez após vez, suas
reações à experiência se tornam Cada vez menor. Outros pesquisadores
explicam que os benefícios da escrita expressiva vêm da identi cação,
rotulagem e integração de emoções negativas no contexto mais amplo da vida
(Baddeley & Pennebaker 2011; De Giacomo et al. 2010; Sloan & Marx 2009).

Lidando com nossas vidas sociais. Trabalhar com outras pessoas às


vezes pode ser uma tarefa psicológica assustadora. Quanto mais estamos sob
estresse emocional, mais desgastante é. Estudos recentes sugeriram que a
escrita expressiva pode melhorar a qualidade de nossas vidas sociais. Em uma
tentativa de explorar essa faceta da escrita, as pessoas foram convidadas a
usar um pequeno gravador nos dias antes e depois de escrever para que os
pesquisadores pudessem monitorar suas vidas sociais. No geral, as pessoas
que escreveram sobre experiências traumáticas conversaram mais com outras
pessoas, riram com mais facilidade e frequência e usaram palavras de emoção
mais positiva nas semanas seguintes. A escrita parecia tornar as pessoas mais
socialmente confortáveis — melhores ouvintes, falantes, realmente melhores
amigos e parceiros (Pennebaker & Graybeal 2001, Baddeley & Pennebaker,
2011).

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Estudos demonstram que a escrita expressiva ajuda os casais a reduzir
a raiva, a depressões e os sintomas de TEPT enquanto os casais estão em
psicoterapia após assuntos extraconjugais (Snyder et al. 2004). Soldados que
zeram escritos expressivos sobre se reunir com seus cônjuges e famílias
após o destacamento melhoraram sua satisfação conjugal (Baddeley &
Pennebaker 2011).

A escrita expressiva também pode ser um método para aliviar a raiva e


tornar as pessoas melhores candidatas a empregos. Há alguns anos, colaborei
em um projeto com homens de meia-idade que foram inesperadamente
demitidos de seus empregos de alta tecnologia depois de trabalhar com a
mesma empresa por mais de quinze anos. Como um grupo, este foi o grupo
mais irritado, hostil e desagradável com o qual já trabalhei. Alguns dos
participantes foram convidados a escrever sobre suas emoções e
pensamentos mais profundos sobre perder seus empregos; o restante
escreveu sobre como eles usaram seu tempo (parte da obsessão peculiar da
América com o gerenciamento do tempo). Oito meses depois de escrever,
cinquenta e dois por cento do grupo de redação emocional tinha novos
empregos, em comparação com apenas vinte por cento dos participantes do
gerenciamento de tempo. Os dois grupos zeram o mesmo número de
entrevistas. A única diferença foi que os escritores expressivos receberam
empregos (Spera, Buhrfeind e Pennebaker 1994).

De muitas maneiras, o estudo de demissão fala com o coração deste


livro. Aqui estava um grupo de homens de sucesso cujas vidas
inesperadamente desmoronaram em um dia frio de janeiro. O mercado era
terrível, a maioria dos homens tinha que sustentar uma família e, ao mesmo
tempo, tinham que lidar com a humilhação de perder seus empregos. A
maioria não conseguia falar sobre sua experiência em nenhum detalhe com
sua família, vizinhos ou amigos. Antes do estudo, os poucos que tinham ido a
entrevistas de emprego estavam tão cheios de hostilidade que seus
entrevistadores não queriam nada a ver com eles.

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Apenas aqueles homens que foram convidados a abordar suas
emoções por escrito se bene ciaram do exercício. A escrita os ajudou a
superar a experiência. Quando eles nalmente foram a entrevistas de emprego
nos meses após a escrita, eles estavam, sem dúvida, mais à vontade. Eles não
foram obrigados a dizer a seus potenciais empregadores como haviam sido
abusados por sua última empresa. A escrita ajudou a transformar esses
homens de ruminadores hostis em adultos mais abertos e receptivos.

Quem se bene cia com a escrita? Quem Não?

Em qualquer estudo, algumas - mas não todas - as pessoas se bene ciam da


escrita. Embora muito esforço tenha sido dedicado à criação de um per l do
escritor que se bene cia, a pesquisa teve apenas um sucesso limitado. Aqui
está o que sabemos até agora.

A personalidade do escritor: sexo, hostilidade, consciência emocional

Todos os tipos de pessoas parecem se bene ciar da escrita. Quaisquer


diferenças de personalidade que tenham sido encontradas foram
notavelmente sutis. Uma diferença pouco detectável, no entanto, é o gênero
do escritor. Em um grande número de estudos, os homens tendem a se
bene ciar mais da escrita do que as mulheres. Além disso, as pessoas que
tendem a ser naturalmente hostis e agressivas, bem como fora de contato
com suas próprias emoções, mostram mais melhorias na saúde após a escrita
em comparação com suas contrapartes mais descontraídas, auto-re exivas e
abertas (Smyth 1998; Christensen, Edwards, Wiebe, et al., 1996).

Pesquisas recentes descobrem que lidar reprimindo as memórias ou emoções


de um trauma e a incapacidade de encontrar linguagem ou expressão de
emoções estão ligados a certas condições crônicas; esses fatores limitam a
capacidade do sistema imunológico de funcionar de forma ideal. Estudos
mostram que respostas desadaptativas ao estresse aumentam o risco geral de
um indivíduo para distúrbios e doenças relacionados ao estresse (Cusinato &
L'Abate 2012; Stockdale 2011).

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Homens hostis e fora de contato podem ser particularmente bons candidatos
para escrever porque são os menos propensos a se abrir e conversar com os
outros. Quanto mais você puder ser você mesmo com seus amigos, maior a
probabilidade de trabalhar com convulsões emocionais. Tenha em mente, no
entanto, que mesmo a pessoa emocionalmente expressiva e aberta do mundo
às vezes pode entrar em uma situação em que ele ou ela não pode falar sobre
um trauma ou convulsão. Nesse caso, escrever provavelmente pode ajudar.

Educação ou capacidade de escrita

Estudos de escrita expressiva foram realizados com pessoas de níveis


educacionais e/ou habilidades de escrita muito variados. Em alguns estudos,
os participantes não tinham concepção de ortogra a ou gramática. Não fazia
diferença. Eles ainda podiam contar histórias convincentes e poderosas. Em
outros casos, trabalhei com pessoas que foram tão severamente derrotadas
em sua educação que quase tiveram medo de colocar qualquer coisa em
palavras por medo de que eu as desse um tapa nos dedos com uma régua.
Uma vez que eles apreciaram que sua escrita não seria classi cada, julgada ou
ligada a eles, sua ansiedade desapareceu.

Recência e tipo de trauma

No entanto, o quão recentemente um trauma ocorreu provavelmente é


importante. Embora não tenha havido pesquisas sistemáticas sobre isso, há
boas razões para acreditar que a escrita provavelmente não é bené ca se o
trauma tiver ocorrido nos últimos dias. Dependendo da gravidade do trauma,
as pessoas geralmente cam desorientadas nas primeiras uma a três semanas
após sua ocorrência. Se você sente que ainda está se recuperando de uma
experiência traumática, então provavelmente é muito cedo para começar a
escrever a sério.

Em termos de tipo de trauma, não encontramos nenhuma diferença nos


benefícios potenciais da escrita. Alguns pesquisadores acreditam que quanto

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mais inesperada e indesejada a agitação, maior a probabilidade de que a
escrita expressiva produza efeitos positivos. Por exemplo, um grupo de
pesquisa da Holanda descobre que escrever sobre a morte natural de um
amigo próximo ou membro da família não traz benefícios claros (Stroebe,
Stroebe, Zech, et al. 2002). De certa forma, isso faz sentido. Uma morte
esperada faz parte da ordem natural das coisas. Estamos confortáveis
conversando com outras pessoas sobre o evento, e nossos amigos
geralmente sabem como agir, o que dizer e o que esperar.

Cultura, classe e idioma

Efeitos positivos foram encontrados para a escrita expressiva em países ao


redor do mundo: Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, México, Holanda,
Alemanha, Espanha, Inglaterra, Hungria, Polônia e Texas. Escrever em
qualquer idioma parece funcionar - seja o idioma nativo ou o idioma aprendido
da pessoa. Da mesma forma, as pessoas podem estar nas classes sociais alta,
média ou inferior nesses países, e a escrita continua a trazer benefícios
(Lepore & Smyth 2002; Pennebaker 1997).

Certas maneiras de escrever funcionam melhor


do que outras?

Um dos principais debates no mundo da escrita hoje em dia diz respeito a


como e por que a escrita funciona. Temos descoberto gradualmente que
algumas maneiras de enquadrar a técnica de escrita são mais e cazes do que
outras. Algumas dessas variações são introduzidas nos exercícios de escrita
na Parte II e na Parte III deste livro.

Escrever versus falar

Falar sobre um trauma funciona, além de escrever sobre isso? Depende. Um


estudo comparou falar em um gravador com a escrita. Ambas as técnicas

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foram igualmente bené cas. Falar com uma pessoa real sobre um trauma é
muito mais complexo. Se a outra pessoa pode aceitá-lo, não importa o que
você diga, e você pode ser completamente honesto em sua divulgação, então
falar pode realmente ser melhor do que escrever. Mas aí está a fricção. Se a
pessoa em quem você está con ando não reage favoravelmente a você e ao
que você diz, então falar pode realmente ser pior do que não con ar.

Que tal escrever e depois ler para outra pessoa o que você escreveu?

Mesmo problema. Se o seu público não reagir bem a você, você pode sair
com sentimentos ainda mais negativos. O único estudo que encontrou efeitos
negativos da escrita emocional exigiu que pacientes traumatizados
escrevessem sobre seus traumas e depois lessem suas histórias para outras
pessoas em um grupo. Ao contrário das expectativas dos pesquisadores, essa
leitura pública de seus traumas deixou os pacientes mais deprimidos (Gidron,
Peri, Connolly, et al. 1996).

Segurança na escrita: O papel de um público

As pessoas geralmente não falam sobre convulsões emocionais porque


temem as reações dos outros. O propósito da escrita expressiva é que você
seja completamente honesto e abra com você mesmo. Seu público é você e
você sozinho. Estudos mostraram que quando as pessoas revelam um trauma
a alguém que não conhecem ou não con am, elas se seguram — e não
mostram benefícios.

Ao contrário de todos os artigos que você escreveu no ensino médio, a escrita


expressiva não precisa ser lida por ninguém para que você se bene cie dela.
Em um estudo em nosso laboratório há vários anos, (Pennebaker, 1997)
pedimos aos alunos que escrevessem sobre um trauma em papel comum ou
no bloco mágico de uma criança. (Lembra de almofadas mágicas? Você
escreve em uma folha de plástico cinza e quando você levanta a folha, toda a
escrita desaparece). Os mesmos benefícios acumulados. Na verdade,
pesquisas recentes sugerem que escrever à distância de um ajudante

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pro ssional tem um benefício potencial sólido. Estudos em escrita à distância
sugerem que a Internet pode facilitar isso muito bem (Baddeley & Pennebaker
2011; L'Abate & Sweeney 2011).

Estilo de Escrita

Algumas formas de escrever parecem funcionar melhor do que outras.


Estudos recentes de vários laboratórios estão convergindo em algumas
diretrizes comuns. As pessoas tendem a se bene ciar mais da escrita
expressiva se: Reconhecer abertamente as emoções. A experiência emocional
faz parte de um trauma. A capacidade de sentir e rotular os sentimentos
negativos e positivos que ocorreram durante e após o trauma é importante.

Trabalhe para construir uma história coerente. Imediatamente após um trauma,


as coisas muitas vezes parecem fora de controle e desconectadas. Um dos
objetivos da escrita expressiva é começar a juntar as coisas novamente. Uma
maneira de conseguir isso é fazer uma história signi cativa do que aconteceu
e como isso está afetando você. Muitos argumentam que o cérebro é um
órgão narrativo e que a criação de histórias está conectada à nossa própria
natureza. Criar uma narrativa, incluindo um começo, meio e m coerentes, é
uma parte bem documentada do tratamento do trauma e é muito promissor
para os benefícios de escrever sobre trauma.

Mudar de perspectiva. As pessoas que experimentaram um trauma


inicialmente o veem de uma perspectiva - a sua própria. De fato, quando os
indivíduos escrevem pela primeira vez sobre uma grande convulsão, eles
primeiro descrevem o que viram, sentiram e experimentaram. Estudos
recentes indicam que as pessoas que mais se bene ciam da escrita foram
capazes de ver os eventos através dos olhos dos outros. De fato, até mesmo
escrevendo sobre um evento pessoal no terceiro pessoa Provou ser bené co
(Anderson & Conley 2013; Campbell & Pennebaker 2003; Seih et al. 2011).

Encontre sua voz. Um princípio orientador da escrita expressiva é que você se


expressa de forma aberta e honesta. As pessoas que escrevem de maneira fria

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e desapegada e que citam Shakespeare, Aristóteles ou Henry Ford podem ser
bons historiadores e podem até escrever um ótimo editorial no jornal local.
Mas a escrita impressionante não é o objetivo da escrita expressiva. As
pessoas que mais se bene ciam da escrita são capazes de encontrar uma voz
que re ita quem elas são.

Escrevendo à mão ou digitando

Muitas pessoas pensam intuitivamente que escrever à mão é mais bené co do


que digitar. Na verdade, é mais lento e permite que eles tenham mais tempo
para pensar sobre o que estão escrevendo. No entanto, os poucos estudos
que examinaram as formas de escrever não encontraram diferenças
signi cativas (Brewin & Lennard 1999). A maioria dos pesquisadores
provavelmente recomendaria que você escrevesse usando o modo que achar
mais confortável.

Alguns Perigos Potenciais da Escrita

A maneira como a escrita expressiva tem sido retratada até agora faz com que
pareça a maior cura do mundo. Comece a escrever hoje e você terá um novo
emprego, sua saúde melhorará e você será amado e admirado por todos.
Parece quase bom demais para ser verdade. É. Há perigos imaginários e reais
para a escrita expressiva que muitas vezes não são apreciados.

Uma preocupação muito pequena: Perder o


controle

Em alguns setores, há uma crença de que algumas pessoas mal estão


mantendo sua sanidade. Mesmo mencionar algo perturbador pode fazer com
que essas pessoas enlouqueçam - para enlouquecer de uma maneira muito
desagradável. Uma extensão desse pensamento é que, se as pessoas forem

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convidadas a escrever sobre convulsões emocionais, uma certa proporção
começará a gritar, gritar e espumar incontrolavelmente na boca.

Suponho que isso possa acontecer. No entanto, nas milhares de pessoas que
vi escrever, isso ainda não aconteceu. Em algumas ocasiões, as pessoas
choraram e caram muito tristes.

Em três ocasiões em vinte anos, levamos as pessoas a um psicólogo. Mas


todos os três queriam voltar ao estudo no dia seguinte.

Como será discutido com mais detalhes no próximo capítulo, instituímos a


Regra Flip-Out em nossas pesquisas e workshops. É muito simples: se você
acha que vai car muito chateado quando escrever sobre um tópico
especí co, não escreva sobre isso. Se você acha que algo que vai dizer vai
fazer você enlouquecer, não diga. Esta regra é muito simples e tem sido
bastante e caz.

Uma preocupação mínima: análise excessiva e


observação do umbigo

A escrita auto-re exiva deve ser vista como um mecanismo de correção de


curso. Se você está lidando com uma experiência traumática, é importante
analisá-la, tentar entendê-la e continuar com a vida. Ocasionalmente, as
pessoas começarão a re etir sobre uma convulsão emocional e carão
completamente obcecadas com ela. Seu procedimento de escrita de quatro
dias se expande para quarenta dias e depois quatro mil dias. Muitas vezes eles
começam a contar as mesmas histórias repetidamente, nunca encontrando
nenhuma solução.

Há evidências convincentes de que escrever sobre o mesmo tópico da mesma


maneira dia após dia não é de todo útil — e pode ser prejudicial. Você pode
analisar algo demais. Se, depois de vários dias de escrita, você sentir que não
está fazendo nenhum progresso, então você precisa repensar sua estratégia
de escrita. Experimente algumas outras abordagens neste livro. Se eles não

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parecem estar funcionando, considere falar com um pro ssional - um
terapeuta, assistente social, ministro ou um amigo con ável.

Uma preocupação moderada: Chantagem e


humilhação

Na literatura sobre abuso infantil, uma das histórias mais preocupantes diz
respeito a casos em que as crianças contam a suas mães ou pais sobre abuso
sexual e seus pais não acreditam neles ou os culpam por causa-lo. As
evidências sugerem que, em muitos casos, essas crianças teriam sido
melhores mantendo o abuso em segredo.

E se você escrever sobre suas emoções e pensamentos mais profundos e


alguém ler seu diário? Ao longo dos anos, ouvi falar de muitos casos em que
um cônjuge, pai ou amigo leu o diário de uma pessoa e isso mudou seu
relacionamento para sempre - muitas vezes de uma maneira ruim. Sua escrita
deve ser privada e só para você. Se alguém puder ler sua escrita expressiva,
esconda-a ou destrua-a. Tenha cuidado com o que você Escrever em
dispositivos eletrônicos não é compartilhado automaticamente. Já é ruim o
su ciente lidar com grandes convulsões emocionais em sua vida. Você não
precisa de alguém para julgá-lo.

Uma preocupação séria: Mudanças potenciais na


vida

Vivemos nossas vidas em uma teia de conexões. Mudar uma coisa em nossas
vidas tem o potencial de afetar muitas outras ao nosso redor. As maneiras
pelas quais você está lidando com um trauma podem realmente ser
exatamente o que seus amigos e familiares mais desejam. Se você mudar
suas estratégias de enfrentamento, poderá afetar seus relacionamentos mais
próximos de maneiras que você nunca imaginou. Duas histórias ilustram esse
problema.

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Primeiro, há vários anos, trabalhei com uma jovem cujo marido havia morrido
de repente quase um ano antes. Através de seus colegas de trabalho, aprendi
que ela era vista como um pilar de força - ela tinha sido feliz, corajosa e até
inspiradora em seu otimismo após sua perda. Ela veio até mim porque sentiu
que precisava escrever sobre a morte, o que ela fez. No último dia de escrita,
ela foi transformada. Ela estava mais relaxada, sua pressão arterial estava mais
baixa e estava profundamente agradecida pela experiência de escrita.

Dois meses depois, nos encontramos para discutir a vida dela e a intervenção
de escrita. Nesse ínterim, ela largou o emprego, parou de ver seus amigos no
trabalho e voltou para sua cidade natal. Todas as mudanças que ela fez, disse
ela, como resultado da escrita.

Por causa da experiência de escrita, ela percebeu que estava em um caminho


de vida que não queria. Ela estava colocando uma falsa frente alegre para seus
amigos atuais, e descobriu que as únicas pessoas com quem ela poderia ser
verdadeiramente honesta eram seus amigos de infância.

Escrever era bom para ela? Alguns diriam que isso minou sua carreira, seu
futuro nanceiro e toda a sua rede social. Ela, no entanto, sustentou que era
um salva-vidas.

Um segundo caso é ainda mais impressionante. Uma mulher de quarenta e


poucos anos com três lhos me contou sua necessidade de escrever para lidar
com uma série de terríveis eventos de infância que ainda a assombravam.
Depois de vários dias escrevendo, ela relatou que se sentiu livre pela primeira
vez em sua vida. Nos meses seguintes, ela deixou o marido e, com os lhos,
mudou-se para moradias de baixa renda, onde mal ganhava a vida. Ela passou
por um período de depressão profunda, quase suicida, da qual gradualmente
escapou.

Em uma entrevista recente, ela sustentou que a escrita era a causa direta de
seu divórcio, depressão e pobreza. Mas ela, como a mulher cujo marido
morreu, ainda é grata pela escrita. No fundo, ela a rma, ela sabia que tinha
que abordar questões básicas em sua vida que estavam causando seu

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profundo con ito e instabilidade. O custo foi maior do que ela esperava, mas,
em retrospecto, valeu a pena.

Esses dois casos sugerem que a escrita pode ser uma ameaça signi cativa.
Ao reduzir seus con itos internos, você pode afetar o curso de sua vida e a
vida dos outros de maneiras não intencionais. As estatísticas mostraram que a
maioria das pessoas relata que as mudanças de vida após a escrita foram
bené cas. De fato, mesmo esses dois indivíduos apreciam o poder da escrita
expressiva.

Nada é tão simples quanto parece.

A escrita expressiva é uma ferramenta auto-re exiva com tremendo poder. Ao


explorar as convulsões emocionais em nossas vidas, somos forçados a olhar
para dentro e examinar quem somos. Esse autoexame ocasional pode servir
como uma correção do curso da vida. Nas páginas que se seguem, pense nos
vários aspectos da escrita expressiva e como ela pode bene ciá-lo.

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Como podemos nos preparar para


escrever?

No próximo capítulo, descrevemos um exercício básico de escrita. Uma


abordagem de escrita de quatro dias foi considerada e caz para melhorar a
saúde mental e física das pessoas. O que as instruções de escrita simples não
transmitem é o poder do contexto de escrita. Aprendemos que como, quando
e onde você escreve às vezes pode ser tão importante quanto o que você
escreve.

Este capítulo irá ajudá-lo a preparar o terreno para sua escrita. Na verdade,
pense na escrita como uma forma de ritual. Para que tenha o efeito máximo, é
melhor escrever em um lugar, tempo e atmosfera signi cativos. À medida que
você con gura o contexto para sua escrita, vamos começar com qual deve ser
o seu tópico de escrita.

O que você deve escrever?

Na sua superfície, este livro descreve como lidar com convulsões ou traumas
emocionais.

O que é desconcertante sobre os traumas, no entanto, é que eles in uenciam


direta ou indiretamente todas as partes da sua vida. O que signi ca que você
pode começar a escrever sobre uma experiência traumática clara e
inequívoca, mas depois se encontrar escrevendo sobre outra coisa. Por
exemplo, vi muitos casos em que uma pessoa começa a escrever sobre a
morte de um pai como sua experiência traumática e, em quinze minutos,

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dedica a maior parte de sua energia a escrever sobre questões de casamento.
Tudo bem.

Aqui estão algumas diretrizes simples.

Escreva sobre o que o mantém acordado à noite. A agitação emocional que


mais o incomoda e o mantém acordado à noite é um bom lugar para começar
a escrever. Na maioria dos casos, isso é bastante simples. Você sabe por que
está tendo problemas de sono, por que continua pensando na agitação.
Comece com essa agitação, mas se você se encontrar se mudando para outro
tópico, vá em frente.

Escreva para saber onde você precisa ir. Con e onde sua escrita o leva. Você
pode começar com um trauma, mas logo comece a escrever sobre outros
tópicos. Contanto que estes Outros tópicos são emocionalmente importantes,
siga-os. Se, no entanto, você se encontrar escrevendo sobre o que gostaria
para o jantar - ou algum outro tópico de distração - então force-se de volta ao
trauma. Além disso, se você car entediado com sua escrita de trauma, troque
de assunto. Procure outro tópico emocional que o mantenha acordado à noite
ou ocupe seus pensamentos durante o dia. Considere também qualquer
tópico que você tenha evitado ativamente.

Escreva sobre questões relevantes para o aqui e agora. Todos nós lidamos
com experiências dolorosas em nossas vidas nas quais não pensamos mais e
que não parecem nos afetar no presente. Se dragar essas questões antigas
não é relevante para a sua vida agora, por que escrever sobre elas? Deixe os
cães adormecidos mentir.

Escreva apenas sobre traumas que estão presentes em sua mente. Uma
quantidade notável de literatura lida com memórias reprimidas. A literatura de
memória reprimida explora a ideia de que as pessoas tiveram experiências
horríveis de infância das quais não se lembram - muitas das quais envolviam
abuso sexual infantil. A escrita que você está fazendo aqui se concentra no
que você está ciente agora. Se você não tem memória de uma determinada
experiência de infância, por que não ir com a suposição de trabalho de que

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isso nunca aconteceu? A nal, você não saberia a diferença de qualquer
maneira. Escreva apenas sobre Traumas e convulsões conscientes. Isso
economizará milhares de dólares em terapia e contas legais.

Quanto Tempo Você Deve Escrever?

Praticamente todos os estudos realizados com escrita expressiva pediram às


pessoas que escrevessem por cerca de vinte minutos em três ou quatro dias
consecutivos. Para o propósito deste livro, isso é tudo o que estou solicitando
também. Prometa a si mesmo que você tentará escrever expressiva por quatro
dias. Isso é tudo. Se você quiser escrever mais, faça isso. Se você quiser
experimentar outros exercícios de escrita sugeridos nos capítulos posteriores
do livro, ótimo. Se você quiser tentar uma abordagem mais estendida, siga o
programa de seis semanas descrito na Parte III deste livro. Mas para ver se a
escrita expressiva pode ser útil para você, use o Capítulo 3 como um guia e
organize para escrever por vinte minutos por dia durante quatro dias.

Com que frequência escrever. Embora haja algum debate sobre se é melhor
escrever por quatro dias consecutivos ou separar seus dias de escrita, não há
nada conclusivo de qualquer maneira. Um estudo, por exemplo, relatou que
pode ser melhor escrever uma vez por semana durante quatro semanas
consecutivas. Sua agenda e a urgência que vocêSentir-se ao lidar com
quaisquer convulsões emocionais com as quais você está vivendo,
desempenhar um papel no que funcionará para você. Minha experiência
pessoal é que escrever por quatro dias consecutivos é um pouco mais
e ciente. Deixe sua própria programação ser seu guia, mas por que não tentar
o modelo existente mais comum primeiro e depois ver o que mais pode
funcionar para você.

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Quanto tempo para cada sessão. Na maioria dos estudos em larga escala, as
pessoas escreveram por cerca de vinte minutos em três a quatro ocasiões.
Pesquisas recentes, no entanto, sugerem que as pessoas podem se bene ciar
da escrita se escreverem por períodos mais breves de tempo - apenas cinco
minutos em cada ocasião.

Embora não haja recomendação o cial, a maioria dos especialistas


provavelmente pediria a alguém que está apenas começando a escrever
expressivo que reserve vinte minutos para as primeiras vezes.

E se você quiser continuar escrevendo depois de vinte minutos? Então


continue escrevendo.

A regra dos vinte minutos é um mínimo arbitrário. Ou seja, planeje escrever por
pelo menos vinte minutos por dia com o entendimento de que você pode
escrever mais, mas não deve escrever menos.

Quantos dias para escrever. E se você achar que gosta de escrever e quiser
continuar nos últimos quatro dias? Faça isso. Muitas pessoas acham que, uma
vez que começam a escrever, elas Perceba que eles têm muitos problemas em
que pensar. Escreva por quantos dias você precisar - basta pensar nos quatro
dias como um mínimo.

Sessões de escrita de reforço. Pense na escrita expressiva como uma


ferramenta sempre à sua disposição, ou como ter remédios em seu armário de
remédios. Não há necessidade de tomar o remédio quando você está
saudável, mas quando você está sob o clima, você sempre pode se virar para
ele. Depois de tentar escrever como agente de cura, tente novamente quando
precisar. Além disso, você pode descobrir que, no futuro, não precisará
escrever por quatro dias, vinte minutos por dia. Meramente escrever
ocasionalmente quando algo te incomoda pode ser su ciente.

Escrevendo prescrição: Para o Journal ou não para o Journal?

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Às vezes, um pro ssional de saúde pode dizer a um paciente: "Você deve
escrever sobre isso em um diário", mas isso é o que diz respeito à prescrição.
Você pode se perguntar, manter um diário é uma boa ideia? Ironicamente, não
há evidências claras de que manter um diário ou diário seja bom para a sua
saúde, talvez em parte porque, uma vez que as pessoas adquirem o hábito de
escrever todos os dias, elas dedicam cada vez menos tempo para lidar com
questões psicológicas importantes. Às vezes, um diário pode se tornar um
caminho desgastado com Pouco benefício. Escrever em um diário sobre o
mesmo trauma, usando as mesmas palavras, expressar os mesmos
sentimentos repetidamente é um pouco como a avó na história de Eudora
Welty, A Worn Path. A mulher nesta história percorre o mesmo caminho todos
os anos ao mesmo tempo, procurando remédio para uma criança que morreu
anos antes. Nenhum remédio vai trazer de volta o lho morto da avó. Escrever
em um diário todos os dias sobre essa mesma questão com as mesmas
palavras da mesma maneira provavelmente não trará o alívio que você procura
e pode realmente fazer mais mal do que bem.

Minha própria experiência é que escrever um diário funciona melhor conforme


necessário como uma correção do curso de vida. Se sua vida está indo bem,
você está feliz e não está obcecado com as coisas do passado, por que se
analisar demais? Deixe para lá e aproveite a vida como ela vem. É seguro dizer
que algumas misérias futuras irão visitá-lo novamente. Quando eles
acontecerem, faça alguma escrita expressiva para lidar com eles.

Quando Você Deve Escrever?

Sem car muito losó co aqui, é verdade que várias questões do tempo
devem ser abordadas - do tempo da vida à hora do dia. Por exemplo, e quanto
ao tempo depois de um trauma? Quanto tempo depois de um trauma?

Traumas e convulsões emocionais podem ser complicados. Alguns acontecem


rapidamente e terminam abruptamente. Outros parecem nunca acabar. Ao
decidir escrever, considere as seguintes questões:

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Trauma recente. Se você enfrentou uma enorme experiência traumática em
sua vida nas últimas duas a três semanas, pode ser muito cedo para você
escrever sobre isso. No mínimo, pode ser muito cedo para você lidar com
algumas das emoções mais profundas que o trauma despertou. Se o trauma
ou a agitação emocional forem muito cruas, comece a escrever de uma
maneira relativamente segura, talvez descrevendo o que está acontecendo em
sua vida agora. À medida que você se sente confortável, você pode começar a
lidar com o trauma e seus efeitos mais profundamente. Se você não se sente
pronto para escrever, então não. Volte a este livro em algumas semanas.

Trauma presente. Escrever sobre uma agitação emocional contínua é uma boa
maneira de gerenciar sentimentos e alcançar alívio. Alguns traumas e
convulsões emocionais têm uma vida própria - eles estão sempre por perto de
uma forma ou de outra. Alguns exemplos incluem viver com uma doença fatal
ou crônica, passar por um divórcio ou lidar Com um pai ou cônjuge abusivo. A
lista é interminável. Para situações como essa, a escrita foi considerada
bené ca. Você pode achar que escrever por quatro dias agora faz uma grande
diferença. No entanto, à medida que seu evento emocional se desenrola no
futuro, uma escrita adicional também pode ser útil.

Trauma passado. A técnica de escrita original foi projetada para pessoas que
experimentaram uma experiência traumática no passado - um mês ou mesmo
décadas atrás.

Escrever é particularmente recomendado se você se encontrar pensando, se


preocupando ou sonhando demais com o evento. Também pode ajudar se
você achar que essa agitação está afetando negativamente sua vida atual de
alguma forma.

Trauma futuro. É útil escrever sobre a eventual morte de um ente querido? Ou


um divórcio que você sabe que está chegando? Ou outra coisa no futuro?
Claro, por que não?

É grátis. Mas em sua escrita, explore por que você está tendo os sentimentos
e como esses sentimentos se relacionam com outras questões em sua vida.
Lembre-se de que o objetivo desta escrita é como damos sentido a uma

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experiência ou evento preocupante e como incorporamos essa experiência em
toda a história de nossas vidas. Este é um bom momento na sua vida para
escrever?

A escrita expressiva pode forçá-lo a lidar com experiências emocionais


importantes que você pode estar evitando. Muitas vezes, as pessoas pensam
e conversam com outras pessoas sobre esses eventos em alguns detalhes ao
longo da escrita. Algumas vezes em sua vida podem ser melhores do que
outras para lidar com convulsões emocionais. Sendo todas as coisas iguais,
os seguintes horários seriam preferíveis se você tivesse o luxo de escolher seu
tempo de escrita:

✦ Você está de férias.

✦ É o começo de um m de semana.

✦ Você não está inundado com outras tarefas.

✦ Você tem algum tempo para si mesmo depois de cada dia de escrita
para re etir sobre si mesmo.

Infelizmente, as convulsões emocionais geralmente ocorrem em momentos


inconvenientes.

As convulsões também têm o hábito desagradável de criar inconvenientes.


Consequentemente, você pode ter que escrever em um momento agitado e
fora de controle. Isso é muito melhor do que não escrever. Qual é a melhor
hora do dia para escrever?

Eu acredito muito em tentar escrever ao mesmo tempo todos os dias, se


possível. Parte disso é estabelecer um ritual de escrita. Tanto quanto possível,
é fundamental considerar o que você estará fazendo após a escrita de cada
dia. Pelo menos dois estudos sugeriram que as pessoas precisam de algum
tempo de re exão após a escrita (Smyth & Pennebaker 2008; Petrie, Booth, &
Pennebaker 1998). Ou seja, você não quer con gurar sua escrita para que,
assim que terminar, você vá direto para uma reunião de negócios importante.

No livro muito popular The Artist's Way, Julia Cameron (2002) sugere que as
pessoas podem se bene ciar muito de exercícios de escrita relativamente

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desestruturados todas as manhãs assim que acordam. Em sua mente, esta é
uma maneira de limpar a mente antes de começar o dia. Embora eu não esteja
familiarizado com nenhuma pesquisa para apoiar essa ideia, intuitivamente
acho que faz sentido. Escrever sobre a experiência traumática pela manhã
também pode funcionar; se você tiver algum tempo livre depois, as manhãs
podem ser um bom momento para escrever. Em vários estudos, tivemos mais
sucesso com as pessoas escrevendo no nal de seu dia de trabalho. Se você
tem lhos e precisa alimentá-los, então depois que eles forem para a cama
pode ser um bom momento. A regra operativa, no entanto, é que você tenha
algum tempo livre depois de escrever para deixar sua mente re etir sobre o
que você escreveu.

Onde Você Deve Escrever?

Considere a construção de ambientes de cura. A maioria dos consultórios


médicos e hospitais tem layouts, cheiros, iluminação e uniformes comuns.
Depois de entrar nessas situações, você obtém uma sensação sutil de
limpeza, ciência, ordem, estrutura e, sim, cura física. Igrejas, templos e
mesquitas também têm seus próprios ambientes únicos. Ao entrar neles,
muitas vezes você pode sentir seu corpo relaxar e mudar.

Pense no método de escrita expressiva como seu próprio ritual de cura. Como
você é seu próprio médico, padre ou deusa, você pode criar seu próprio
cenário.

Com base na minha própria pesquisa com a escrita, certas sugestões vêm à
mente:

Criando um ambiente único. É ideal ter um lugar para sua escrita onde você
normalmente não trabalha. Se o seu arranjo de vida é tal que você não pode
conseguir nenhumPrivacidade, ir a uma biblioteca, estabelecimento religioso,
uma cafeteria ou até mesmo a um parque. Onde quer que você vá para
escrever, deve proporcionar uma sensação de conforto e segurança.

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A maioria das pessoas prefere escrever em casa. Se você tem uma sala
especial onde pode escrever, torne o espaço um pouco diferente do habitual.
Mude a iluminação, por exemplo.

Em uma série de estudos, cobrimos lâmpadas com celofane vermelho e as


colocamos no chão para criar sombras estranhas. Queríamos fazer o quarto
parecer nenhum outro.

Onde quer que você escolha escrever, crie seu próprio espaço, tanto
gurativamente quanto literalmente, onde você se sinta confortável
escrevendo.

Criando um ritual para escrever. Como parte do estabelecimento de um


ambiente único, pense em con gurá-lo da mesma maneira todos os dias. Você
pode considerar acender uma vela e acerá-la cerimonialmente quando
terminar de escrever. Algumas pessoas usaram incenso para criar um cheiro
distinto. Outros trouxeram imagens ou objetos para sua área de escrita como
uma maneira de trazer simbolicamente o evento emocional.

Seu ritual pode começar antes de escrever e se estender até o tempo depois
de escrever. Não é incomum que as pessoas se exercitem ou se envolvam em
meditação antes ou depois de escrever todos os dias. Um longo banho ou
banho antes ou depois de escrever também pode ser um ritual de limpeza. Da
mesma forma, colocar um boné, uma blusa ou camisa em particular, ou não
usar nada emTudo pode ser um sinal para você entrar em sua escrita. Você é o
chefe. Crie o ambiente e o ritual mais adequados à sua personalidade.

Qual tecnologia você precisa escrever?

Algumas pessoas preferem comprar seu próprio livro de diário, e outras


preferem escrever diretamente em um computador. Se você escreve em um
livro, em papel ou em um computador, não faz diferença em termos de valor
da escrita. O valor vem na escrita real.

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Muitas pessoas querem instruções explícitas sobre os detalhes da escrita.
Você deveria usar uma caneta ou lápis? A cor importa? Depende de você.
Você prefere escrever com uma caneta? Então use uma caneta. Você prefere
um lápis azul? Idem. Tinta invisível? Depende de você.

E, Finalmente, A Regra Flip-Out

Por meio deste, declaro que você está pronto para começar sua experiência
de escrita expressiva. Mas antes de começar, é importante revisar a Regra
Flip-Out.

Se você acha que escrever sobre um tópico especí co é demais para você
lidar, então não escreva sobre isso. Se você sabe que não está pronto para o
anúncio-Vista um tópico particularmente doloroso, depois escreva sobre outra
coisa. Quando estiver pronto, então aborde o outro tópico. Se você acha que
vai enlouquecer escrevendo, não escreva.

O que poderia ser mais simples?

Aproveite sua escrita.

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Quais são as técnicas básicas de
escrita?

Este capítulo apresenta as características essenciais do método de escrita


expressiva.

As instruções foram extraídas de dezenas de estudos de escrita bem-


sucedidos. Para este exercício, seu objetivo é escrever um mínimo de vinte
minutos por dia durante quatro dias consecutivos. Não há problema em pular
dias, mas quanto mais cedo você completar o exercício de quatro dias,
melhor.

Além de seguir as instruções de escrita, preencha o breve questionário no nal


da redação de cada dia. O questionário é um indicador aproximado de como a
escrita está afetando você. Depois de terminar todos os quatro dias de escrita,
volte e avalie como suas impressões evoluíram ao longo do tempo. O próximo
capítulo, Capítulo 4, irá orientá-lo através de maneiras de analisar e pensar
sobre sua escrita.

Instruções gerais

Nos próximos quatro dias, você escreverá sobre um trauma ou convulsão


emocional que afetou profundamente sua vida. Algumas diretrizes simples
para ter em mente enquanto você está escrevendo:

Escreva por vinte minutos por dia. Se você acabar escrevendo por mais de
vinte minutos, isso é ótimo. No entanto, no dia seguinte, você ainda precisa
escrever por pelo menos vinte minutos.

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Tópico de escrita. Você pode escrever sobre o mesmo evento em todos os
quatro dias ou sobre eventos diferentes a cada dia. Nem todo mundo teve um
grande trauma sobre o qual eles querem escrever. No entanto, todos nós
tivemos grandes con itos ou estressores em nossas vidas — você também
pode escrever sobre eles. O que você escolhe escrever deve ser algo
extremamente pessoal e importante para você.

Escreva continuamente. Depois de começar a escrever, escreva sem parar.


Não se preocupe com ortogra a ou gramática. Seu professor de inglês do
ensino médio nunca verá isso.

Escreva apenas para você. Você está escrevendo para si mesmo e para mais
ninguém. Planeje destruir ou esconder o que você escreveu quando terminar.
Não faça disso uma carta para alguém. Se, depois de terminar de escrever,
você quiser escrever uma carta, faça isso.

Mas este exercício é apenas para os seus olhos.

A regra Flip-Out. Se você sente que não pode escrever sobre um evento
especí co porque ele vai empurrá-lo para o limite, então não escreva sobre
isso. Lide apenas com os eventos ou situações que você pode lidar agora. Se
você tem tópicos traumáticos adicionais que não pode abordar agora, pode
lidar com eles no futuro.

O que esperar depois de escrever. Muitas pessoas muitas vezes se sentem


um pouco tristes ou deprimidas depois de escrever, especialmente no primeiro
dia ou dois. Se isso acontecer com você, é completamente normal. Esses
sentimentos geralmente duram apenas alguns minutos e, em alguns casos,
horas - muito parecidos com a maneira como você se sente depois de ver um
lme triste. Se possível, planeje ter algum tempo para si mesmo depois de
escrever para re etir sobre os problemas com os quais você tem lidado.

Se você car sem coisas para dizer, simplesmente repita o que já escreveu.

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Instruções de escrita do primeiro dia

Lembre-se de que este é o primeiro de quatro dias de escrita. Na escrita de


hoje, seu objetivo é escrever sobre seus pensamentos e sentimentos mais
profundos sobre o trauma ou a agitação emocional que mais tem in uenciado
sua vida. Em sua escrita, realmente deixe ir e explore este evento e como ele o
afetou. Hoje, pode ser bené co simplesmente escrever sobre o evento em si,
como você se sentiu quando ele estava ocorrendo e como você se sente
agora.

Ao escrever sobre essa convulsão, você pode começar a vinculá-la a outras


partes da sua vida. Por exemplo, como isso está relacionado à sua infância e
aos seus relacionamentos com seus pais e familiares próximos? Como o
evento está conectado às pessoas com quem você mais amou, temeu ou
cou com raiva? Como essa agitação está relacionada à sua vida atual - seus
amigos e familiares, seu trabalho e seu lugar na vida? E acima de tudo, como
esse evento está relacionado a quem você foi no passado, quem você gostaria
de ser no futuro e quem você é agora?

Na escrita de hoje, é particularmente importante que você realmente se deixe


ir e examine suas emoções e pensamentos mais profundos em torno dessa
convulsão em sua vida.

Lembre de escrever continuamente os vinte minutos inteiros. E nunca se


esqueça de que esta escrita é só para você e para você.

No nal de seus vinte minutos de escrita, leia a seção "Pensamentos pós-


escrita" e preencha o questionário pós-escrita.

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Pensamentos pós-escrita após a sessão de
escrita do primeiro dia

Parabéns! Você completou o primeiro dia de escrita. Após cada exercício de


escrita, pode ser útil fazer avaliações objetivas sobre como a escrita se sentiu.

Dessa forma, você pode voltar e determinar quais métodos de escrita são
mais e cazes para você.

Para este e para todos os futuros exercícios de escrita, responda a cada uma
das cinco perguntas a seguir no nal da sua escrita ou em um local separado.
Coloque um número entre 0 e 10 em cada pergunta.

0 - De jeito nenhum

5 - Algo

10 - Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos mais


profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para você?

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__ E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa se
referir a isso mais tarde.

Para muitas pessoas, o primeiro dia de escrita é o mais difícil. Esse tipo de
escrita pode trazer à tona emoções e pensamentos que você pode não saber
que tinha. Também pode ter uido muito mais facilmente do que você
esperava - especialmente se você escreveu sobre algo que tem guardado para
si mesmo há muito tempo.

Se você não quer que ninguém veja sua escrita, mantenha as páginas em um
lugar seguro ou destrua-as. Se mantê-los não for um problema, você pode
voltar e analisar as páginas no nal dos quatro dias de escrita.

Agora, tire um tempo para si mesmo. Até amanhã.

Instruções de escrita do segundo dia

Hoje é o segundo dia do processo de quatro dias. Em sua última sessão de


escrita, você foi solicitado a explorar seus pensamentos e sentimentos sobre
um trauma ou convulsão emocional que o afetou profundamente. Na escrita
de hoje, sua tarefa é realmente examinar suas emoções e pensamentos mais
profundos. Você pode escrever sobre o mesmo trauma ou convulsão que fez
ontem ou um completamente diferente.

As instruções de escrita de hoje são semelhantes às da sua última sessão de


escrita.

Hoje, tente vincular o trauma a outras partes da sua vida. Lembre-se de que
um trauma ou agitação emocional muitas vezes pode in uenciar todos os
aspectos da sua vida - seus relacionamentos com amigos e familiares, como
você e os outros o veem, seu trabalho e até mesmo como você pensa sobre
seu passado. Na escrita de hoje, comece a pensar em como essa agitação
está afetando sua vida em geral. Você também pode escrever sobre como
pode ser responsável por alguns dos efeitos do trauma.

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Como antes, escreva continuamente por todos os vinte minutos e abra seus
pensamentos e sentimentos mais profundos. No nal da sua escrita, preencha
o questionário pós-escrita.

Pensamentos após a sessão de escrita do dia dois

Você completou o segundo do exercício de escrita de quatro dias. Antes de


reservar sua escrita para o dia, preencha o seguinte questionário. Coloque um
número entre 0 e 10 em cada pergunta.

0 - De jeito nenhum

5 - Algo

10- Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos mais


profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para você?

Mais tarde.

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__ E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa se
referir a isso.

Agora você tem dois dias de escrita para comparar. Olhe para os números no
questionário desde o primeiro dia e da escrita de hoje. Como hoje se
comparou com o seu primeiro dia? Você notou que seu tópico estava
mudando? E o jeito que você estava escrevendo? Entre agora e sua próxima
escrita, pense no que você escreveu. Você está começando a ver as coisas
sob uma luz diferente? Como a escrita está afetando suas emoções?

Agora dê a si mesmo um pouco de tempo para se afastar da sua escrita. Até


amanhã.

Instruções de escrita do terceiro Dia

Você passou por dois dias de escrita. Depois de hoje, você terá apenas mais
um dia de escrita. Amanhã, então, você precisa encerrar sua história. Hoje, no
entanto, continue a explorar seus pensamentos e emoções mais profundos
sobre os tópicos que você tem abordado até agora.

Na superfície, a tarefa de escrita de hoje é muito semelhante às atribuições


anteriores. Em sua escrita, você pode se concentrar nos mesmos tópicos que
tem examinado ou pode mudar seu foco para outro trauma ou para alguma
outra característica do mesmo trauma. Seu principal objetivo, no entanto, é se
concentrar em suas emoções e pensamentos sobre os eventos que estão
afetando mais sua vida agora.

É importante que você não repita o que já escreveu em seus exercícios


anteriores. Escrever sobre o mesmo tópico geral é bom, mas você também
precisa explorá-lo de diferentes perspectivas e de maneiras diferentes.
Enquanto você escreve sobre essa agitação emocional, o que você está
sentindo e pensando? Como esse evento moldou sua vida e quem você é?

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Na escrita de hoje, permita-se explorar essas questões profundas sobre as
quais você pode ser particularmente vulnerável. Como sempre, escreva
continuamente os vinte minutos inteiros.

Pensamentos após a sessão de escrita do


terceiro dia

Você completou o próximo ao último dia de escrita. Preencha o seguinte


questionário usando um número entre 0 e 10 para cada pergunta.

0 - De jeito nenhum

5- Um pouco

10- Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos mais


profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para você?

Mais tarde.

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__ E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa se
referir a isso

Na maioria dos estudos, o terceiro dia de escrita é altamente signi cativo. As


pessoas muitas vezes chegam a questões críticas que têm evitado. Enquanto
as duas primeiras sessões de escrita podem ser como colocar os dedos dos
pés na água para ver se está muito frio, no terceiro dia algumas pessoas estão
prontas para entrar completamente. Um segundo grupo de pessoas abre mais
no primeiro dia. No terceiro dia de escrita, este segundo grupo às vezes está
começando a car sem energia. Ambos os padrões estão associados à
melhoria da saúde.

Como no seu último exercício de escrita, tente comparar o que você escreveu
nas três sessões. Quais questões estão surgindo como mais importantes para
você? Você cou surpreso com algum dos seus sentimentos enquanto
escrevia? A escrita provocou algum pensamento durante os períodos em que
você esteve longe dela?

Lembre-se de que amanhã é o último dia do exercício de escrita de quatro


dias. As instruções para sua última tarefa serão muito parecidas com as de
hoje. Como será o último dia, no entanto, pense em como você vai amarrar as
coisas.

Agora mime-se um pouco. Até amanhã.

Instruções de escrita para o quarto dia

Este é o último dia do exercício de escrita de quatro dias. Como nos escritos
dos dias anteriores, explore suas emoções e pensamentos mais profundos
sobre perturbações e problemas em sua vida que são mais importantes e
problemáticos para você. Ache-se e pense nos eventos, problemas,
pensamentos e sentimentos que você divulgou.

Em sua escrita, tente amarrar qualquer coisa que você ainda não tenha
confrontado. Quais são suas emoções e pensamentos neste momento? Que

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coisas você aprendeu, perdeu e ganhou como resultado dessa agitação em
sua vida? Como esses eventos passados guiarão seus pensamentos e ações
no futuro?

Realmente deixe de escrever e seja honesto consigo mesmo sobre essa


agitação. Faça o seu melhor para encerrar toda a experiência em uma história
signi cativa que você possa levar com você para o futuro.

Pensamentos após a sessão nal de escrita

Você completou o último dia de escrita. Preencha o seguinte questionário


usando um número entre 0 e 10 para cada pergunta.

0 - De jeito nenhum

5 - Algo

10 - Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos mais


profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

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__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para

__ E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa se
referir a isso?

Mais tarde.

Hoje conclui o exercício básico de escrita de quatro dias. A maioria das


pessoas acha o último dia de escrita o menos agradável. Isso geralmente é um
sinal de que você está cansado de lidar com esse trauma e quer continuar
com outras tarefas da vida.

De certa forma, é tentador voltar às várias amostras de escrita, respostas ao


questionário e observações pessoais imediatamente após o quarto dia de
escrita. De fato, é importante revisar sua escrita. No entanto, é altamente
recomendável que você tire pelo menos dois ou três dias de folga do exercício
de escrita antes de fazer isso. Quando estiver pronto para começar a avaliar
sua escrita, vá para o próximo capítulo.

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Como podemos olhar para trás em
nossa escrita?

O exercício de escrita de quatro dias fez a diferença na sua vida? Em caso


a rmativo, pode ser útil dissecar quais aspectos podem ter sido mais úteis,
para que você possa estruturar seus próprios exercícios de escrita no futuro
para maximizar o potencial de sua escrita.

Se você acha que não ganhou nenhum benefício com a escrita expressiva,
faça uma solução séria de problemas para ver o que pode ter dado errado.

Para obter o máximo benefício deste capítulo, leia-o vários dias ou mesmo
semanas após concluir o exercício de escrita de quatro dias. No entanto, se
você acabou de escrever e quer saber mais, vá em frente e leia o capítulo
agora, mas volte a ele depois de algum tempo. Se você salvou seus escritos,
tenha-os com você.

Medindo a mudança

Talvez seja o meu lado cientí co, mas acredito que é importante documentar
quaisquer mudanças que a escrita possa ter causado. Compare como você
tem se sentido e se comportado no último dia ou dois com os dias antes de
começar a escrever. Você notou algumas das seguintes mudanças?

‣ Sentindo emoções mais positivas; achando mais fácil rir

‣ Levando menos tempo para adormecer; melhor dormir em geral

‣ Sentindo-se mais saudável, menos dores e dores

‣ Beber menos álcool, tomar menos drogas, comer de forma mais saudável

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‣ Pensando no trauma com menos frequência, e quando você pensa sobre
isso, os pensamentos são menos dolorosos

‣ Sentindo-se menos irritável, tendo menos desentendimentos ou brigas com


os outros (a sensação de que outras pessoas parecem mais legais)

‣ Experimentando relacionamentos mais honestos e abertos com os outros

‣ Achando mais fácil se concentrar no trabalho e fazer as coisas

‣ Percebendo um maior senso de signi cado em sua vida; uma melhor


compreensão da agitação emocional sobre a qual você escreveu

Estas são algumas das descobertas mais comuns na literatura de pesquisa


sobre escrita expressiva. Se você notou mudanças em pelo menos alguns
desses sentimentos ou comportamentos, a escrita expressiva é provavelmente
um bom sistema de enfrentamento para você. De fato, você pode encontrar
valor adicional em experimentar outras estratégias de escrita descritas neste
livro.

E se a escrita fez você se sentir pior em vez de melhor? Isso pode acontecer
em uma pequena porcentagem de casos e é uma reação normal. Se você se
sente como se estivesse em péssima forma - sentimentos de depressão
profunda, pensamentos autodestrutivos, comportamentos potencialmente
perigosos - você precisa falar com alguém. Vários números de telefone para
aconselhamento de crise estão disponíveis na seção Recursos no nal do livro.

Se você não se bene ciou de escrever, mas ainda sente que há algum
potencial para você, leia o resto deste capítulo. Pode haver alguns segredos
que você pode descobrir em sua escrita que podem guiá-lo no futuro.

Olhando para os escritos

Se você escreveu à mão (em vez de em um computador ou no seu e-reader) e


salvou suas amostras de escrita, que para trás e olhe para elas como se

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fosse um cientista que não falava inglês. Comece com sua caligra a. A
limpeza geral da sua escrita mudou de dia para dia? Que tal a inclinação da
sua escrita? Muitas pessoas mudam sua escrita à medida que lidam
gradualmente com uma experiência perturbadora.

Olhe para a caligra a de uma mulher que escreveu por quatro dias sobre uma
experiência sexual profundamente perturbadora que aconteceu com ela
quando ela era uma jovem adolescente. No primeiro dia, ela foi muito
controlada ao descrever o evento. Mas à medida que ela escrevia mais nos
dias seguintes, sua caligra a se tornou mais expressiva. De muitas maneiras, a
maneira como ela escreveu re etiu as mudanças em seu pensamento sobre o
evento ao longo do tempo.

Figura 3. Uma amostra de caligra a de uma mulher escrevendo sobre a


mesma agitação emocional durante o exercício de escrita de quatro dias

Além disso, preste atenção aos strike-outs ou apagamentos. Quando as


pessoas estão se editando - ou controlando a maneira como aparecem - é
comum que elas editem cuidadosamente sua escrita à medida que avançam.
Marcações e correções também sugerem que a pessoa está prestando mais
atenção em como está escrevendo do que ao que está escrevendo.

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Finalmente, um número quase in nito de outras maneiras de analisar a escrita
existem para você.

Olhe para mudanças na ortogra a, uso de palavras especí cas, a pressão que
você estava exercendo no papel enquanto escrevia, ou mudanças na
pontuação ou até mesmo no layout da página do dia a dia. Como essas
mudanças estilísticas se mapeiam para os tópicos com os quais você estava
lidando? Tenha em mente que ninguém sabe como essas mudanças podem
revelar sua composição psicológica. Você, no entanto, será o melhor detetive
para este projeto.

Olhando para os números

No nal da escrita de cada dia, você recebeu quatro breves perguntas sobre
sua escrita. Se você preencheu os itens do questionário, olhe para trás.

A primeira pergunta perguntou o grau em que você expressou suas emoções e


pensamentos mais profundos naquele dia. Usando a escala de 10 pontos, a
maioria das pessoas marcará um 8, 9 ou10 - indicando que eles eram bastante
expressivos em sua escrita. A única exceção que às vezes encontramos é no
último dia. Muitas pessoas são muitas vezes psicologicamente acabadas com
sua escrita no último dia e não conseguem encontrar a energia para mergulhar
em seus pensamentos e emoções no mesmo grau que tinham nos dias
anteriores.

Se você relatou um número 5 ou menos na maioria dos dias de escrita, o que


estava acontecendo com você? Se você sentiu que escrever não era
particularmente bené co - e, ao mesmo tempo, não expressou muito suas
emoções e pensamentos - isso pode explicar o porquê.

As próximas perguntas perguntavam o quão triste e feliz você estava se


sentindo depois de escrever.

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Curiosamente, a maioria das pessoas se sente relativamente triste depois de
escrever - particularmente nos primeiros dias. No entanto, os indivíduos
geralmente cam menos tristes a cada dia. Essa queda na tristeza e um
aumento correspondente na felicidade indicam que você está se bene ciando
do exercício. Você também pode explorar como os tópicos que você abordou
estavam relacionados às suas mudanças de humor. Alguns tópicos afetaram
você de maneiras que você não esperava?

Em muitos aspectos, o último item do questionário foi o mais importante. Você


foi solicitado a avaliar o grau em que a escrita de cada dia foi valiosa e
signi cativa para você. Se seus números eram consistentemente baixos (5 ou
menos), repense como você estava se aproximando do exercício de escrita.
Pode ser que escrever não seja uma estratégia particularmente útil para você.
Alternativamente, esse tipo de escrita pode não ser útil, mas outros tipos
podem ser. Certi que-se de ler a próxima seção antes de decidir o que fazer.

Analisando seus escritos

Algumas formas de escrever são mais bené cas do que outras? Essa pergunta
está misti cando o mundo da pesquisa nos dias de hoje. Em teoria, se
pudermos encontrar certas formas de escrever que sejam as mais saudáveis,
podemos prescrevê-las às pessoas. Percebeu o quão pouco foi dito na
primeira parte do livro sobre como escrever? Isso porque a comunidade de
pesquisa ainda não descobriu o que funciona melhor.

Mas há algumas descobertas promissoras no horizonte. Nos últimos anos, os


pesquisadores têm analisado as amostras de escrita de pessoas que se
bene ciaram da escrita, bem como de pessoas que não se bene ciaram.
Embora os resultados sejam baseados em análises linguísticas bastante
esotéricas, eles podem ter valor para você na interpretação de sua própria
escrita.

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Expressando emoções por escrito

Experiências traumáticas, por sua própria natureza, provocam emo poderoso e


complexo emoções Ções. Sabemos há muito tempo que as pessoas que não
se referem ou não podem se referir aos seus sentimentos ao escrever sobre
um trauma tendem a não se bene ciar do exercício de escrita.

Use emoções negativas com moderação. Mais interessante, no entanto, é o


uso relativo de emoções negativas versus positivas na escrita. Os traumas, é
claro, tendem a estar associados a uma série de emoções negativas: tristeza,
culpa, raiva, ansiedade e depressão. Não ser capaz de expressar ou
reconhecer esses sentimentos reais pode ser um problema. Às vezes, as
pessoas não expressam esses sentimentos porque foram vistas como
emoções "inaceitáveis" em algum lugar do passado. Ter emoções não é uma
questão de certo ou errado - as emoções simplesmente são. Se você sentir
uma emoção ao escrever sobre um trauma, admita no papel.

O estranho sobre as emoções negativas, no entanto, é que elas precisam ser


reconhecidas - mas não habitadas. Em vários estudos, as pessoas que usam
as palavras de emoção mais negativas (por exemplo, ódio, choro, dor, medo)
enquanto escrevem sobre traumas tendem a não se bene ciar muito da
experiência de escrita. Pode ser que essas pessoas estejam em uma espiral
de autopiedade. Talvez muito foco em seus sentimentos negativos possa
cegar as pessoas para o signi cado mais amplo de uma convulsão emocional.
Finalmente, pode ser que um uso excessivo de emoções negativas na escrita
sinalize que o escritor Está profundamente deprimido. De fato, as pessoas que
estão profundamente deprimidas podem não se bene ciar de escrever até que
sua depressão se levante. (Nota: se você está profundamente deprimido,
procure ajuda. Consulte a seção Recursos para obter sugestões.)

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Emoções positivas: quanto mais, melhor. Mesmo as experiências de vida mais
horríveis podem fornecer sentimentos e insights positivos. Em alguns círculos,
isso é quase heregético de mencionar. Isso não quer dizer que os traumas
sejam uma boa ideia - em vez disso, eles têm o potencial de nos lembrar das
coisas boas da vida. Estudos recentes sobre escrita expressiva, onde o foco
está na busca de benefícios, documentaram resultados signi cativos (Stock-
dale 2011).

Uma das descobertas linguísticas mais surpreendentes sobre a escrita


expressiva é que as pessoas que usam mais emoções positivas em sua escrita
se bene ciam mais do exer-cise. Podemos ver emoções positivas quando
palavras como amor, carinho, engraçado, alegria, beleza e calor são usadas.
Se você pode usar essas palavras mesmo quando está lidando com traumas
terríveis, é mais provável que perceba melhorias depois de escrever.

Ser capaz de reconhecer emoções positivas ao lidar com eventos trágicos


está relacionado ao trabalho sobre otimismo e busca de benefícios (Seligman
2012; Seligman 2011;

Fredrickson 2009; Seligman & Csikszentmihalyi 2000). Através de um número


crescente Em todos os estudos, as pessoas que podem ver os lados positivos
das experiências negativas mostraram lidar melhor. Algumas pesquisas até
sugerem uma fórmula de lembrar apenas três coisas boas para ajudar a
aumentar o humor (Fredrickson 2009).

Isso não quer dizer que você deva ser algum tipo de Pollyanna que nge que
tudo é maravilhoso. Na verdade, se você tentou fazer isso no passado,
provavelmente aprendeu que não funciona. A mensagem desta pesquisa é que
é importante reconhecer o ruim e procurar o bom. O grau em que você pode

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fazer isso em sua escrita é um fator que se correlaciona com a melhoria da
saúde.

Construindo uma história

Por que os humanos teriam evoluído para que a escrita expressiva pudesse
ser emocionalmente bené ca? A resposta pode ser encontrada na natureza da
linguagem e das relações humanas. Desde o início da linguagem falada, as
pessoas têm usado palavras para descrever eventos para os outros. Parte de
qualquer descrição de um evento é construída em torno de uma história ou
narrativa. Se eu te contar como peguei um pneu furado no meu carro, há uma
maneira padrão de descrever o evento: o cenário da cena, a ocorrência do
evento inesperado, minha reação a ele e o que aconteceu depois.

As histórias são uma parte essencial de quem somos. Eles fornecem uma
maneira de entendermos experiências simples e extremamente complicadas.
Assim como precisamos de histórias para transmitir ideias aos outros, também
precisamos de histórias para entender as coisas que acontecem conosco.

Uma discussão dentro do mundo da escrita expressiva é se a capacidade dos


autores de construir uma história coerente em torno da experiência traumática
é um dos principais preditores de melhoria da saúde. Há algumas evidências
interessantes para isso.

Certos tipos de palavras podem servir como marcadores de histórias. Por


exemplo, palavras como causa, efeito, porque, razão e raciocínio sugerem que
o escritor está transmitindo o que pode ter causado o quê. O raciocínio causal
é uma maneira de entender um evento: se eu souber o que causou algo,
apreciarei melhor quando isso pode ocorrer no futuro. Da mesma forma, outra
classe de palavras chamadas palavras de insight (incluindo palavras como

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entender, perceber, saber e signi cado) aponta para a pessoa que se retira e
tenta formular uma compreensão mais ampla de algo.

Vários estudos mostraram que as pessoas que aumentam o uso desses


marcadores de história, palavras causais e palavras de percepção tendem a
mostrar as maiores melhorias na saúde física após a escrita expressiva
(Pennebaker, Mayne, & Francis 1997). Isso Parece que aqueles que começam
a usar um número relativamente baixo dessas palavras e aumentam seu uso
ao longo dos dias de escrita estão montando uma história de seu trauma.

Ao pensar na frase "construir uma história", deve haver uma ênfase na palavra
construção. Ter uma história para explicar um trauma não prevê melhorias na
saúde. Em vez disso, a pessoa deve construir ou construir uma história ao
longo da escrita.

Em nossa própria pesquisa, levei anos para apreciar o poder da construção da


história. Muitas vezes, alguém escrevia sobre uma experiência traumática e, no
primeiro dia de escrita, podia costurar uma história perfeita - um começo, meio
e m claros - uma explicação perfeita por que as coisas aconteceram como
aconteceram.

Muitas vezes eu cava impressionado com essas histórias porque o autor


parecia tão perspicaz e psicologicamente saudável. O que me incomodou, no
entanto, foi que muito poucas dessas pessoas mostraram algum benefício de
escrever. Agora está claro que eles já tinham uma história. Talvez essas
pessoas devessem ter escrito sobre outra coisa. Escrever parece mais
bené co quando você está tentando dar sentido a um evento que ainda não
entende.

A ideia de construir uma história é semelhante à do crescimento psicológico.


Se você se viu escrevendo sobre o mesmo trauma da mesma maneira durante

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o exercício de escrita de quatro dias, não é provável que a escrita tenha sido
particularmente bené ca para você.

A escrita expressiva, como psicoterapia ou até mesmo um relacionamento


humano, deve exibir mudanças ao longo do tempo para ser saudável.

Mudança de perspectivas

À medida que um trauma ou convulsão emocional se desenrola, tendemos a


olhar para ele de nossa própria perspectiva. Somente com o tempo somos
capazes de começar a apreciar o que os outros estavam pensando, sentindo e
vendo durante o mesmo período. Pesquisas linguísticas recentes agora estão
descobrindo que a capacidade de ver uma agitação de diferentes perspectivas
pode ser particularmente bené ca (Campbell & Pennebaker 2003).

A chave para as perspectivas vem de uma fonte improvável: pronomes.


Lembra dos pronomes do ensino médio? Eu, você, ele, ela, isso, nós, eles,, eu,
meu e assim por diante. Acontece que os pronomes são extremamente
importantes para entender como escrevemos (Pennebaker 2011). Por
exemplo, se você usar um grande número de pronomes da primeira pessoa do
singular (eu, eu, meu, meu, eu mesmo, você está enfatizando sua perspectiva
pessoal, E você também pode ser focado em si mesmo. Isso geralmente é
bom quando se escreve sobre experiências traumáticas. Mas a pesquisa
indica que é saudável escrever sobre outras pessoas também.

Volte aos seus quatro dias de escrita. Você pode até passar e circular os
pronomes da primeira pessoa do singular. Você está usando esses pronomes
aproximadamente na mesma taxa do dia a dia na sua escrita? As pessoas
tendem a se bene ciar mais da escrita se suas taxas de pronomes singulares
em primeira pessoa mudarem muito de um dia para o outro. Na verdade, se

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suas taxas forem muito semelhantes no dia a dia, é menos provável que você
mostre melhorias na saúde.

Mudanças no uso do pronome sugerem mudanças na perspectiva. Ao lidar


com algo tão massivo quanto um trauma, é importante vê-lo de vários ângulos
diferentes. Nenhuma perspectiva é melhor ou mais válida do que outras; em
vez disso, é importante ter uma noção das muitas dimensões do trauma que
você experimentou.

Juntando Tudo

Você pode achar estranho que eu esteja te contando sobre os segredos da


escrita saudável no Capítulo 4. Por que, você pergunta, você não mencionou
essas pedras preciosas antes dos quatro-Exercício de escrita de um dia? A
resposta é simples. Se você soubesse que deveria usar um alto número de
palavras positivas e moderadas de emoções negativas, que teria que construir
uma história e que deveria saltar no uso de pronomes, você estaria pensando
nas próprias palavras em vez de sua experiência traumática.

Ao olhar para trás em sua escrita, você pode ter notado que escreveu
naturalmente na maioria das maneiras que foram consideradas saudáveis.
Infelizmente, outras técnicas de escrita provavelmente exigem alguma prática
para se tornarem mais naturais. E é por isso que há mais capítulos neste livro.

Espero que o exercício de escrita de quatro dias tenha sido extremamente


bené co para você - tanto que você não tenha mais vontade de escrever, pelo
menos não neste momento da sua vida. Se é assim que você se sente, então
lentamente coloque o livro no chão e vá embora em silêncio. Para ser honesto,
é exatamente isso que eu faria.

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Meu coautor, John, tem uma perspectiva diferente. Ele escreve todos os dias e
obtém grande valor com isso. Ele sugeriria que, mesmo que o exercício de
escrita de quatro dias fosse maravilhosamente útil, você deveria continuar
lendo este livro e explorar métodos de escrita adicionais.

Nós dois acreditamos que, se o método de escrita de quatro dias não fosse
valioso, poderia ser uma boa ideia tentar algumas estratégias adicionais para
ver se uma poderia corresponder melhor às suas necessidades ou interesses.
Em ambos os casos, os capítulos a seguir foram projetados como uma série
de exercícios de escrita para ajudar a expandir seu horizonte de escrita.

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PARTE II

Experimentando com Escrita

Isto acima de tudo: para você mesmo seja verdadeiro, e deve seguir, como a
noite do dia, não podes, então, ser falso para nenhum homem.

— William Shakespeare (de Hamlet)

Não há uma maneira absolutamente correta de divulgar experiências


traumáticas. O exercício de escrita de quatro dias no Capítulo 3 é o método
mais rigorosamente testado disponível. Embora funcione em uma grande
porcentagem de pessoas na redução dos efeitos indesejados de convulsões
emocionais, a técnica de quatro dias está longe de ser perfeita. Pense na
técnica de escrita de quatro dias como seu modelo básico, sem frescuras e
despojado. Os pesquisadores estão atualmente estudando outras estratégias
de escrita que, ocasionalmente, têm Impulsionou o poder da escrita
expressiva. Alguns métodos têm sido bastante bem-sucedidos para algumas
pessoas, mas não para outras.

Nas seções a seguir, Jamie Pennebaker descreve vários métodos


experimentais. Os exercícios não são introduzidos em nenhuma ordem
especí ca. Em vez disso, eles representam um amplo espectro de maneiras
potencialmente valiosas de escrever para você experimentar.

Para a maioria das técnicas, sugere-se um breve exercício de escrita de dez


minutos. Alguns exercícios são recomendados para durar apenas cinco
minutos e outros até vinte minutos. Esses exercícios relativamente breves são

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projetados para lhe dar um gostinho de uma abordagem especí ca. Se ajudar,
use um relógio para garantir que você escreva pelo tempo mínimo
recomendado. Se você achar que essas técnicas são úteis ou de alguma
forma satisfazem seus impulsos criativos, expanda sua escrita além do mínimo
recomendado.

Na verdade, não se sinta compelido a usar um relógio se você acha que isso
pode restringi-lo.

Além disso, você pode tentar os mesmos exercícios vários dias seguidos.

Para cada um dos exercícios, primeiro leia sobre eles e veja se eles fazem
sentido para você.

Você é o especialista em você. Experimente os exercícios e descarte os


métodos que não funcionam. Além disso, invente seus próprios métodos e
estilos de escrita.

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Escrever para romper bloqueios
mentais

Não é incomum planejar escrever sobre um evento emocional e acabar


olhando para um pedaço de papel em branco ou uma tela de computador.
Você pode conhecer o sentimento. Você tem muito a dizer, mas não sabe por
onde começar. Ou você pode começar a escrever, mas tudo o que você
escreve soa falso, empolado ou simplesmente estúpido.

Uma razão pela qual as pessoas desenvolvem bloqueios mentais sobre


a escrita é que muitas vezes são muito autocríticas. Aquele pequeno censor na
cabeça deles está dizendo a eles que eles precisam escrever artisticamente ou
perfeitamente. Esse censor pode ser seu professor de inglês do ensino médio,
um pai ou mãe ou alguém que você queira impressionar. Para começar a
escrever expressivo ou terapêutico, você deve dispensar o censor e se dar
permissão para escrever qualquer coisa.

Fluxo de escrita consciente

Um método experimentado e verdadeiro de escrita é chamado de uxo


de escrita consciente: basta colocar seus pensamentos e sentimentos no
papel à medida que eles ocorrem. A única regra é que você escreva
continuamente. Não tente se censurar. Antes de ler sobre isso em detalhes,
experimente.

Basta começar a escrever. Você pode usar o recurso de anotações do


seu e-reader, seu caderno ou papel de folhas soltas. Escreva em um uxo
consciente contínuo por dez minutos ou até que aproximadamente duas
páginas de escrita sejam preenchidas. Em sua escrita, basta rastrear seus

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pensamentos e sentimentos à medida que eles ocorrem. Basta escrever o que
você está pensando, o que você está sentindo, ouvindo, cheirando ou
percebendo. É importante que sua escrita simplesmente siga seu uxo de
pensamento. Não se preocupe com ortogra a, gramática ou estrutura de
frases. Lembre-se de que esta escrita é apenas para você e que você pode
destruí-la quando terminar. Apenas comece a escrever e não pare.

William James, um dos primeiros fundadores da psicologia moderna, foi


uma das primeiras pessoas a explorar a ideia de uxo de consciência. Ele
acreditava que nosso uxo de consciência revelava muito sobre nós. Ele fez
quatro observações gerais:

Cada pensamento é, em última análise, pessoal. Sabemos o que o


pensamento signi ca, mas outros podem não. De certa forma, então, cada
pensamento que você escreve tem signi cado para você.

Os pensamentos são sensivelmente contínuos (como um uxo, o


pensamento um está relacionado ao pensamento dois e o pensamento dois
está relacionado ao pensamento três — mas o pensamento três pode não
estar relacionado ao pensamento um). Em outras palavras, pensamentos não
aparecem aleatoriamente, embora possa parecer. Analise sua escrita e explore
suas transições. Por que um pensamento levou ao próximo?

Podemos pensar conscientemente em apenas uma coisa de cada vez.


Mesmo que nossos cérebros possam estar detectando e analisando vistas,
sons, dores de fome e memórias agridoces de ontem à noite — tudo ao
mesmo tempo — podemos estar conscientemente cientes de apenas um
desses pensamentos ou percepções a qualquer momento.

É signi cativo explorar tanto o que pensamos quanto o que não


pensamos ativamente. Em algum nível, nossa mente escolhe para onde nosso
uxo de pensamento vai. Em sua própria escrita, você escolheu
conscientemente evitar um tópico? Ou mover sutilmente seu pensamento (ou
digitação) em uma direção que normalmente não teria ido?

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Tópico uxo de escrita consciente

O uxo de escrita consciente pode ser usada de várias maneiras. Se você está
bloqueado sobre escrever sobre um tópico especí co, você pode focar sua
escrita nele. Este tópico pode ser um problema emocional especí co, um
relatório chato para o seu trabalho ou uma escrita importante que as pessoas
acabarão avaliando. Se você não tiver problemas para escrever sobre algo,
pode pular esta seção. Mas se houver um problema ou projeto especí co que
você simplesmente não possa iniciar, isso pode ajudar.

O tópico uxo de escrita consciente usa os mesmos princípios que o


uxo de escrita consciente que você usou no início deste capítulo. A única
diferença é que você deve escrever sobre o tópico. Algumas sugestões
possíveis para você considerar:

‣ Estou sentado aqui incapaz de escrever sobre __________ . Por que estou
tendo problemas escrevendo sobre isso?

‣ Pensar sobre este tópico traz à tona uma série de pensamentos


desconectados, incluindo ...

‣ Na minha vida, houve outras vezes em que fui bloqueado sobre escrever.
Como esse tempo é parecido? O que há em mim que não me deixa
começar?

‣ Este tópico está despertando muitas emoções em mim. Algumas dessas


emoções incluem ...

Você pode ver a ideia por trás desses avisos. O mera abordar o
problema da escrita é um primeiro passo para superar um bloco de escrita. De
fato, vários estudos recentes sugeriram que simplesmente rotular o problema e
nossos sentimentos associados a ele pode ajudar. Uma vez que tenhamos
uma melhor compreensão dos fatores que nos impedem de escrever,
podemos seguir em frente.

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O uxo tópicos de escrita de consciência às vezes pode ser pensado
como um método de escorvar a bomba. Uma vez que você começa a escrever
sobre por que está tendo problemas para escrever sobre o tópico, as ideias
sobre ele começam a uir. Se isso acontecer, vá em frente. Você sempre pode
apagar seu uxo de meandros de consciência mais tarde (se isso for para um
relatório no trabalho).

Como um exercício simples, por que não experimentar o uxo tópico de


escrita de consciência? Aqui estão as instruções básicas:

Nos próximos dez minutos, escreva sobre esse problema sobre o qual
você está tendo problemas para escrever. Escreva continuamente sem se
preocupar com ortogra a ou gramática. Você pode começar usando um dos
prompts acima.

Escrita semi-automática

Se você está interessado no mundo oculto, pode ter ouvido falar de


escrita automática. A ideia é que as pessoas possam se colocar em um estado
mental passivo e escrever ao mesmo tempo. Algumas pessoas relatam que
suas mãos começam a escrever automaticamente. Essa "escrita automática" é
frequentemente atribuída a espíritos, anjos, demônios, alienígenas ou algum
outro fenômeno paranormal. Uma geração de pesquisas psicológicas mostrou
que esses sentimentos de posse são simples ilusões (Wegner 2002).

O que é interessante sobre o fenômeno da escrita automática é que


você pode usá-lo para desligar a censura da sua mente. Se algo está
incomodando você e você não tem certeza do que é, uma forma de escrita
automática pode ser útil. No entanto, não vamos chamar isso de escrita
automática. Que tal uma escrita semiautomática? A propósito, se você foi
sequestrado por alienígenas, acredita rmemente na posse demoníaca ou
acha que as forças alienígenas estão controlando seus pensamentos e
comportamentos, pule esta seção.

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A escrita semiautomática pode funcionar usando um computador ou
com caligra a. A única regra: não olhe para o que você está escrevendo. Para
um computador, basta desligar o monitor. Para escrever à mão, pegue um
pano ou toalha e coloque-o sobre sua mão de escrita e papel. Você também
pode simplesmente fechar os olhos ou olhar em outra direção. Antes de
começar a escrever, tente limpar sua mente. Você pode se concentrar em sua
respiração, suas emoções ou algum objeto.

Assim que sua atenção estiver em outro lugar, comece a escrever. Não
preste atenção consciente ao que você está escrevendo. Se você estiver
digitando, sem dúvida cometerá erros tipográ cos. Se você está escrevendo à
mão, nem sempre escreverá dentro das linhas. Não se preocupe com isso.
Apenas deixe-se escrever sem prestar atenção ao próprio processo de escrita.

Tente escrever dessa maneira por dez minutos.

Quando terminar, leia o que você escreveu. Às vezes você verá uma
confusão de palavras e letras. Outras vezes você pode se ver abordando
questões importantes. Tenha em mente que não há magia nessa estratégia. É
simplesmente uma maneira de você tocar em tópicos que você pode estar
evitando ou não estar profundamente ciente. De fato, algumas pessoas
sugeriram que os resultados da escrita semiautomática são um pouco como
sonhos. Eles nos dão um vislumbre de questões ocultas que estão nos
incomodando.

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Escrever para apreciar o bem em um
mundo às vezes ruim

Experiências traumáticas têm o potencial de tocar todas as partes de


nossas vidas — de maneiras boas e ruins. Depois de tragédias, por exemplo,
as pessoas muitas vezes relatam um senso mais forte de suas conexões
sociais e um senso de signi cado redescoberto em suas vidas.

Análises de amostras de escrita descobriram consistentemente que as


pessoas que podem expressar emoções positivas enquanto escrevem sobre
eventos trágicos tendem a se bene ciar mais da escrita expressiva. Nos
últimos anos, pesquisas em psicologia positiva mostraram que lembrar e
expressar sentimentos positivos tem benefícios para a saúde.

Sejamos claros desde o início. Se você sofreu um trauma, os amigos


podem ter lhe dito uma série de coisas simples, estúpidas e otimistas, como:

"Em alguns anos você vai olhar para trás e rir."

Não, você provavelmente não vai.

"Olhe pelo lado bom, pelo menos [preencha o platitude ridículo aqui]."

Pode não haver um lado bom que valha a pena olhar — agora ou nunca.
"Ei, anime-se!"

Ei, caia morto.

As pessoas muitas vezes querem que você seja feliz depois de um


trauma porque sua dor é difícil para elas lidarem. Se você pudesse colocar um
rosto alegre e otimista, eles seriam muito mais confortáveis. Mas essa falsa
felicidade não é uma verdadeira emoção positiva. Os exercícios deste capítulo
podem ser úteis para incentivá-lo a se basear em seus reservatórios mais
profundos de amor, signi cado e contentamento. Nenhum sorriso falso ou
expressões alegres são esperados (ou desejados).

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Reconhecer e expressar emoção positiva

Em 1989, dois psicólogos, Camille Wortman e Roxanne Silver,


publicaram um artigo inovador intitulado "Mitos de lidar com a perda". Com
base em um grande número de estudos sólidos, os autores apontaram que
nem todos cam deprimidos após a morte de um cônjuge ou lho. Na
verdade, quase metade daqueles que experimentaram uma grande perda são
saudáveis e felizes logo depois. Alguns psicólogos caram chateados ao saber
que as pessoas poderiam realmente ser felizes e bem ajustadas diante de um
trauma pessoal esmagador. De alguma forma, parecia socialmente inaceitável
e contrário à sabedoria comum.

Conforme discutido no Capítulo 4, a capacidade de usar palavras de


emoção positiva ao escrever sobre uma experiência traumática prediz melhor
saúde após o exercício de escrita. Algumas das centenas de palavras de
emoção positiva incluem:

amor alegria feliz carinhoso muito bom paz bom riso forte dignidade
con ança corajoso aceitando calmo divertido gentil humor inspirador
beijo perfeito orgulhoso satisfeito seguro satisfeito feliz alegre romântico
grato fácil

Para algumas pessoas, usar palavras de emoção positiva ao escrever


sobre trauma requer prática. Com o seu método preferido ou escrevendo seus
pensamentos e sentimentos, tente escrever sobre uma experiência negativa
por dez minutos usando o maior número possível de palavras de emoção
positiva. Você pode usar tantas palavras de emoção negativa quanto você
precisar também. O tempo todo, tente ser honesto sobre a experiência. Em
outras palavras, não minta para si mesmo e escreva que algo era alegre
quando não era.

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Ao selecionar um evento negativo, comece com algo apenas
ligeiramente negativo. Não entre em um grande trauma. O objetivo aqui é
praticar o uso de palavras de emoção positiva e, quando necessário, palavras
de emoção negativa. Na verdade, se você puder usar, digamos, "não calmo"
em vez de "preocupado", você terá usado uma das palavras de emoção
positiva. (Estudos sugerem que usar "não feliz" é melhor para a sua saúde do
que usar "triste.")

Então, aqui vamos nós. Nos próximos dez minutos, escreva


continuamente sobre uma experiência negativa. Descreva o que aconteceu,
como você se sentiu então e agora, e qualquer outra coisa relevante. Tente
usar o máximo de palavras de emoções positivas que puder e, ao mesmo
tempo, permanecer el à sua experiência. Escreva continuamente sem parar.

Se meus cálculos estiverem corretos, os últimos dez minutos de escrita


foram mais difíceis do que você pensava. Leia o que você acabou de escrever
e veja onde você usou emoções positivas versus palavras de emoções
negativas. Onde você foi honesto consigo mesmo e onde você não estava?
Em retrospecto, como você poderia ter usado palavras de emoção mais
positivas para descrever o evento e suas consequências?

Vamos tentar este exercício mais uma vez. Desta vez, não olhe para a
lista de palavras de emoção positiva. Escreva sobre a mesma experiência por
dez minutos e pense onde o sentimento positivo ocasional pode borbulhar.

Agora que você completou os dois exercícios de escrita, re ita sobre


como se sentiu depois de cada um. A maioria das pessoas se sente muito
mais confortável e satisfeita após o segundo exercício do que após o primeiro.
Preste atenção em como você usa as palavras ao falar ou escrever sobre
convulsões em sua vida. Reconheça e expresse sentimentos positivos quando
puder.

Escrever para encontrar benefício

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Outra abordagem às emoções positivas é procurar ativamente os benefícios
que podem vir como resultado de um trauma ou convulsão emocional. Várias
equipes de pesquisa descobriram que as pessoas que podem encontrar
signi cado ou outros benefícios no infortúnio lidam muito melhor com traumas
do que as pessoas que não conseguem. Alguns estudos de escrita expressiva
pediram explicitamente às pessoas que escrevessem sobre seus traumas de
uma maneira que enfatizasse sua experiência positiva. Para muitas pessoas,
essa perspectiva de escrita de busca de benefícios foi bené ca.

Para este próximo exercício, tente escrever para encontrar benefícios.


Pense em uma convulsão emocional ou outra experiência negativa no seu
passado. Nos próximos dez minutos, descreva brevemente o evento e, em
seguida, escreva sobre quaisquer benefícios que vieram dele, como uma maior
compreensão de si mesmo e dos outros, ou uma mudança na direção de sua
vida que possa ter evitado mais mágoa ou que levou à felicidade ou
crescimento.

Ao escrever, seja honesto e aberto consigo mesmo.

Conceder o perdão

Perdoe e esqueça. Há um núcleo de verdade neste adágio. Ser capaz


de dizer "Eu te perdoo" ou, se você for o malfeitor, "Por favor, me perdoe"
pode ser um passo signi cativo no processo de cura. Muitas vezes, pedir ou
conceder perdão não é possível. Talvez a outra pessoa não esteja disponível
ou não queira lidar com você.

Outras vezes, apenas falar com outra pessoa sobre uma experiência
perturbadora só abrirá feridas antigas que não podem ser curadas.
Especialmente quando há barreiras sociais como essas ao perdão, escrever
sobre uma injustiça passada pode ser útil.

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Concedendo perdão quando você foi a vítima

Para muitas pessoas, perdoar os outros por alterar suas vidas pode ser
uma tarefa quase impossível. Perdoar o perpetrador de um evento terrível
implica deixá-lo escapar de uma injustiça. Não perdoar, no entanto, implica a
continuação da raiva e da amargura. E embora raramente admitamos,
realmente odiar ou se ressentir de outra pessoa pode ser satisfatório. O
perdão, então, é potencialmente perturbador. A verdadeira recompensa, no
entanto, é que perdoar pode aumentar as chances de que você possa se dar
bem com sua vida.

Um exercício de concessão-perdão. Este é um exercício de escrita


para você se você sofreu uma injustiça como resultado de outra pessoa e
sente que poderia perdoá-la. Embora este exercício seja projetado para durar
apenas dez minutos, considere escrever por vinte minutos por dia por três a
quatro dias consecutivos se você tiver um problema sério de perdão para lidar.

Antes de escrever, pense em uma situação especí ca em que você foi


mal tratado por outra pessoa. Lembre-se de como você se sentiu antes,
durante e depois do evento. Mais importante, imagine como a outra pessoa
pode ter se sentido. Por que você acha que a pessoa sentiu desse jeito? Não
demonize a outra pessoa — ela é um ser humano como você, com medos,
inseguranças e histórias próprias.

Nos próximos dez minutos, escreva sobre suas emoções e


pensamentos mais profundos sobre este evento. Mencione brevemente o que
levou ao evento. Concentre-se mais na pessoa que foi responsável pelo que
aconteceu. O que você acha que estava acontecendo na vida dele ou dela na
época? Como você acha que a pessoa se sentiu depois? O que será preciso
para você perdoar o que foi feito? Se você sente que pode perdoar a pessoa,
faça isso no papel. Explore o que ser capaz de perdoar signi ca para você e

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para a outra pessoa. Como sempre, escreva continuamente e escreva de
maneira sem censura — planeje que ninguém mais veja sua escrita.

Pedir perdão quando você causou sofrimento

Assim como todos nós fomos vítimas em alguns momentos de nossas vidas,
também causamos sofrimento em outros — intencionalmente ou
acidentalmente. Embora pedir perdão por escrito seja um ato socialmente
isolado, pode ser de valor psicológico. Mais do que tudo, força os escritores a
reconhecer sua mão em causar a infelicidade de outra pessoa.

Antes de escrever, passe algum tempo pensando em algo que você fez
no passado que causou dor emocional a outra pessoa. Pense cuidadosamente
sobre o que levou ao evento, o que estava acontecendo em sua mente na
época e como você se sentiu depois. Imagine como a outra pessoa se sentiu e
o que ela pode ter pensado. Considere também como sua ação pode ter
afetado indiretamente a família ou amigos da outra pessoa.

Finalmente, pense em como você poderia ter se sentido e se


comportado se o mesmo evento tivesse acontecido com você.

Assim como no exercício de concessão-perdão, use a seguinte tarefa


de escrita como um experimento. Se você tem um problema que é central
para quem você é, considere escrever por vinte minutos por dia por três a
quatro dias consecutivos com as mesmas instruções gerais. Além disso, você
pode ter mais de uma pessoa para quem gostaria de dizer "Sinto muito".
Experimente o exercício de dez minutos para o perdão para aqueles mais
relevantes para sua vida.

Nos próximos dez minutos, descreva brevemente o que aconteceu e


que papel você desempenhou em causar dor para outra pessoa. Não use sua
escrita para justi car suas ações. Em vez disso, concentre-se nos sentimentos
e pensamentos da outra pessoa. Se você puder, expresse sua tristeza por este
evento. Você pode escrever um pedido de desculpas para a outra pessoa

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como se ela ou ela fosse lê-lo. Explore a possibilidade do que seria preciso
para fazer as pazes com essa pessoa e seus amigos e familiares agora. Como
sempre, escreva continuamente e escreva de maneira sem censura — planeje
que ninguém mais veja sua escrita.

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7
Escrever e editar sua história

Como observamos no Capítulo 1, a pesquisa que lida com a escrita


expressiva sugere que é mais provável que as pessoas se bene ciem de
escrever sobre um trauma se puderem construir uma história coerente de sua
experiência. A palavra operativa é construir uma história — não apenas ter
uma. Um problema: decidir o que é uma boa história. O que pode ser bom
para uma pessoa pode ser super cial ou iludido para outra.

Apesar das muitas discordâncias sobre o que constitui uma história


coerente, a maioria das pessoas concorda com alguns elementos básicos. Se
você está escrevendo um romance ou apenas sobre um trauma pessoal, os
seguintes recursos geralmente estão incluídos:

Uma descrição do cenário. Quando e onde o evento ocorreu? O que


estava acontecendo na época?

Um senso dos personagens principais. Quem estava envolvido e o


que eles estavam fazendo? O que eles estavam pensando e sentindo? O que
você estava fazendo, pensando e sentindo antes do evento?

Uma descrição clara do evento ou convulsão. O que desencadeou o


evento e o que exatamente aconteceu? Como você reagiu enquanto se
desenrolava?

As consequências imediatas e de longo prazo. O que aconteceu


como resultado do evento? Como essa agitação in uenciou sua vida e a vida
dos outros? Como o evento moldou sua situação atual e estado emocional?

O signi cado da história. Por que você está contando essa história
para si mesmo ou para os outros? Por que isso teve tanto efeito em você? O
que você aprendeu como resultado da sua experiência?

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Nem todas as boas histórias incluem todos esses recursos. Na verdade,
de acordo com a pesquisa de escrita expressiva, algumas das melhores e
mais úteis narrativas começaram com buracos gritantes. Quando começaram
a escrever, os participantes muitas vezes não sabiam exatamente o que
aconteceu, quais eram as consequências reais ou o que isso signi cava. No
entanto, ao longo dos dias da escrita, eles começaram a construir uma história
mais coerente e signi cativa que fazia sentido para eles.

Um exercício de construção de história simples

Para ilustrar as etapas na construção de uma história signi cativa, este


exercício é um processo de duas etapas. Em vez de escrever sobre uma
grande reviravolta em sua vida, pense em um evento perturbador ou confuso
que aconteceu com você recentemente. Talvez uma briga com um membro da
família ou amigo, ou talvez um con ito inesperado no trabalho. Idealmente,
este evento deve ser algo em que você pensou algumas vezes nos últimos
dias. Tem um evento em mente? Bom.

Passo um: Basta escrever

Sem pensar ou censurar seus pensamentos, escreva por no máximo


dez minutos sobre o que aconteceu. Apenas cuspa no papel. Não tente impor
qualquer tipo de estrutura ao evento. Não há necessidade de analisá-lo.
Apenas escreva.

Agora que você terminou, volte e leia o que escreveu. Com toda a
probabilidade, sua escrita foi muito menos aleatória do que você pensava.
Você provavelmente juntou as coisas de uma maneira surpreendentemente
organizada. Ao lê-lo, no entanto, você provavelmente notará que deixou
algumas coisas importantes de fora e que não abordou certos pensamentos e
emoções.

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Antes de prosseguir para o próximo passo, dê a si mesmo algum tempo
— até mesmo alguns minutos — para reconsiderar este evento. Quando você
retornar, seu objetivo será escrever sobre o mesmo evento enquanto impõe
mais estrutura a ele. Ou seja, você será solicitado a incluir informações sobre o
cenário, personagens, o evento em si, consequências, e o signi cado disso
como se você estivesse contando a história para outra pessoa. Pense nisso
por alguns minutos.

Passo dois: Construindo uma história

Humanos em todas as culturas ao redor do mundo criam histórias em


parte para transmitir ideias e emoções complexas aos outros de maneiras
organizadas e simples. O evento sobre o qual você escreveu no Passo Um
provavelmente foi moderadamente complexo. Se você estivesse preocupado
com detalhes, provavelmente poderia ter estendido o evento para cinco ou dez
páginas — talvez em um romance que nem você gostaria de ler. As histórias
também são criadas porque nos permitem resumir eventos complexos em
pacotes menores.

Considere os elementos de uma história boa e coerente. Concentre-se


especialmente no evento, suas consequências e seu signi cado. Para esta
fase do exercício, reescreva o evento que você abordou no Passo Um. Desta
vez, no entanto, imagine que você está contando o evento a um estranho que
nunca mais verá. Na sua história, seja um bom e honesto contador de
histórias. Depois de começar a escrever, não olhe para a sua amostra de
escrita original. Tente escrever sua história em dez minutos, mas demore mais
tempo se precisar.

Quando você tiver concluído o Passo Dois, volte e compare suas duas
histórias. Como eles mudaram? Como você se sente sobre o evento em si
agora que o abordou duas vezes? A maioria das pessoas acha que o segundo

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exercício de escrita foi menos emocionante de escrever, mas de alguma forma
as fez passar melhor do evento. A segunda experiência de escrita tende a
forçar a estrutura do evento perturbador que não estava lá antes. Na verdade,
agora você pode considerar o episódio inteiro um pouco tedioso. Talvez você
queira passar para outras questões em sua vida. E esse é precisamente o
objetivo de escrever sobre o evento duas vezes.

Reescrever e editar sua experiência traumática

O objetivo do simples exercício de construção de histórias era estimular


seu pensamento sobre a ideia de que traumas pessoais são uma forma de
história. Se você for capaz de transformar uma reviravolta pessoal caótica em
uma história honesta e coerente, é mais provável que você consiga superar o
evento.

Assim como você pode usar o processo de construção da história em


convulsões relativamente menores, você também pode usá-lo em grandes
traumas. Existem algumas diferenças importantes, no entanto. Um grande
trauma pessoal pode ser uma história em si. Também pode ser tão grande em
sua vida que pode criar várias mini-histórias. Um trauma, então, tem o
potencial de se transformar em um romance onde um evento se transforma em
outros, cada um com seu próprio enredo e signi cado.

Para aplicar o processo de construção da história à sua própria grande


agitação, comece usando as instruções de escrita no Capítulo 3. Depois de
concluir a redação do Capítulo 3, você pode usar essa experiência como base
para os seguintes exercícios. Duas técnicas sobrepostas são descritas. O
primeiro incentiva você a reconsiderar seu trauma como uma história ampla
usando todos os elementos de uma história clássica. A segunda técnica
sugere maneiras de voltar e editar sua narrativa do trauma. Experimente esta
ampla reescrita e edição quando tiver tempo de sobra.

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Trabalhar seu trauma em uma história

Se você manteve sua escrita do Capítulo 3, volte e leia-a. Se não, tente


reconstruir o que você escreveu. É provável que sua escrita tenha lidado com
várias questões que podem realmente ter sido mais do que uma convulsão
emocional. Para o propósito deste exercício, tente se concentrar no que você
acredita ser o evento ou problema mais central para você.

Leia e pense na sua escrita expressiva. Considere os aspectos


essenciais disso. Em sua escrita original, você provavelmente se viu lidando
com questões tangenciais ou até mesmo tópicos que o distraíram do que você
realmente precisava escrever. Ao ler e pensar sobre esse trauma, considere
como você pode tornar essa experiência uma história organizada e
signi cativa. Como sempre, esta história é para você e apenas para você — o
que signi ca que precisa ser honesta em todos os sentidos.

Para este exercício, escreva por um mínimo de vinte minutos em uma


única ocasião. Você pode achar que uma única sessão de escrita para essa
tarefa é impossível. Se você precisar escrever mais, então faça isso. A história
de cada pessoa é muito diferente. Alguns podem resumir sua agitação em um
tema simples e amarrar os pontos principais em dez minutos. Outros
escreverão por vários dias.

Antes de começar a escrever, revise os elementos essenciais de uma


boa história: cenário, personagens, uma descrição do evento e as
consequências imediatas e de longo prazo do evento. Mais importante,
concentre-se no signi cado do evento. Não faria mal considerar também as
descobertas do Capítulo 5 — lembre-se de que enfatizar os benefícios
positivos ou potenciais de uma experiência indesejada pode produzir melhor
saúde.

Instruções básicas. Nos próximos vinte minutos, trabalhe sua


experiência traumática em uma história com um começo, meio e m claros.
Descreva a experiência e como ela afetou você e os outros. O que esse evento

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signi cou para você? Ao escrever, expresse suas emoções livremente e seja
honesto consigo mesmo. Depois de começar a escrever, escreva
continuamente os vinte minutos inteiros. Se a sua história vai em uma direção
que você não esperava, siga seu coração. Você sempre pode escrever
novamente amanhã.

Como sempre, esta escrita é só para você. Não se preocupe com


ortogra a, gramática ou estrutura de frases.

Muitas pessoas acham difícil fazer uma história coerente sobre um


evento esmagador — especialmente em sua primeira tentativa. Se esta foi a
sua experiência, considere escrever sobre o mesmo evento novamente. Toda
vez que você escreve, no entanto, tente mudar sua orientação e pensamento.
Trabalhe para tornar o evento mais organizado e estruturado. Se você acha
que é justi cado, escreva a história uma e outra vez até car entediado com
ela. A propósito, car entediado com seu próprio trauma é um sinal de
progresso. O tédio é um sinal do seu cérebro dizendo para você ir com sua
vida.

O possível poder de editar e re-trabalhar sua


escrita

Agora nos demos a um tópico discutível. Várias pessoas que eu


respeito profundamente acreditam que editar e reescrever sua escrita
expressiva é poderoso e saudável. Outras pessoas simplesmente não gostam
de fazer isso. Esta é claramente uma questão de gosto pessoal. Leia a ideia
por trás disso e experimente. Se você achar a reescrita signi cativa,
experimente mais com ela por conta própria.

Ao escrever sobre um trauma, você pode ter di culdade em saber quais


características do trauma são mais importantes. Às vezes você acha que um
aspecto pode ter mudado sua vida, mas re etindo, você percebe que outra
coisa era muito mais signi cativa.

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Quando você volta e edita seus escritos expressivos, você pode refazer
sua própria história com o benefício da retrospectiva. Isso não quer dizer que
você esteja reinventando seu trauma. Em vez disso, a extensa edição e
reescrita da sua história ajuda você a se concentrar no que é mais relevante
para a sua vida agora.

Se você fez a maioria dos exercícios de escrita em capítulos anteriores,


você tem várias amostras de escrita possíveis para trabalhar. Talvez o mais
relevante seja o exercício de escrita expressiva no Capítulo 3 ou o exercício de
trauma em uma história que você acabou de concluir. Você pode usar
qualquer escrita, mas para o propósito deste exercício, vamos usar seu
exercício de trauma em uma história.

Instruções básicas. O objetivo deste exercício é reescrever e editar sua


amostra em uma história mais organizada, honesta e coerente. Ao contrário de
todos os outros escritos, com este, você deve colaborar com o "censor" da
sua mente. Ou seja, você deve olhar para o uxo lógico de sua escrita, seu
estilo de escrita e o que pretende dizer. Seu objetivo é tornar essa história
melhor em todos os sentidos.

Como primeiro passo, basta fazer uma cópia limpa da história — talvez
copiá-la em um computador ou em um caderno. Corrija quaisquer erros
ortográ cos ou frases estranhas. Seja honesto consigo mesmo ao relatar os
sentimentos e pensamentos. Trabalhe gradualmente na estrutura do ensaio.
Você pode ter que trabalhar nisso em um nível de frase por frase. Cada ideia
segue de uma maneira signi cativa e lógica?

Depois de trabalhar nisso por um tempo, tire um tempo — vários


minutos, horas ou até dias. Quando você retornar, leia e faça mais alterações.
Esta é uma história para você que deve expressar suas emoções e
pensamentos mais profundos de uma maneira aberta e honesta. Também deve
ser uma história com um começo, meio e m claros. Acima de tudo, sua
história deve ter um ponto. Por que você está contando essa história? Que
benefícios essa experiência trouxe para você?

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Se parecer que esse processo de edição levará muito tempo, dê a si
mesmo um prazo. Se você achar que está cando obcecado com este projeto,
pare. O objetivo deste exercício de escrita é que você trabalhe através do
trauma — não se envolva nele. Se você não consegue encontrar nenhum
signi cado no evento, não importa o quanto você olhe, então admita e vá
embora. Algumas experiências na vida simplesmente podem não ter nenhum
signi cado ou valor.

Como nota nal, as pessoas variam tremendamente no que consideram


histórias satisfatórias e signi cativas. Con e em seus próprios instintos em sua
escrita. Se, depois de escrever algo, você se sentir como se tivesse se
bene ciado com isso, mesmo que a maioria das outras pessoas veriam isso
como uma bagunça confusa, depois se dariam um tapinha nas costas. Você
conseguiu.

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Escrever para mudar perspectivas

Algumas das descobertas de pesquisa mais empolgantes dizem


respeito ao papel da perspectiva na escrita expressiva. As pessoas que mais
se bene ciam de escrever sobre traumas mudam a forma como se
concentram em um trauma no dia a dia. Um dia, por exemplo, eles podem se
concentrar principalmente em seus próprios sentimentos e experiências; em
outros dias, eles podem falar sobre os pensamentos e sentimentos de outras
pessoas que estiveram envolvidas no trauma.

Como esta pesquisa é muito nova, é difícil saber por que mudar sua
perspectiva está relacionada à melhoria da saúde. Talvez se você puder olhar
para um evento perturbador de diferentes ângulos, você seja capaz de se
afastar disso. Em outras palavras, a capacidade de adotar perspectivas
alternativas requer e re ete um certo desapego.

Houve alguns estudos preliminares em que as pessoas foram


convidadas a tentar mudar suas perspectivas enquanto escreviam sobre
convulsões pessoais (Andersson & Conley 2013; Campbell & Pennebaker
2003; Seih, Chung, & Pennebaker 2011). Os resultados iniciais são
promissores, embora algumas pessoas claramente gostem mais de mudar de
perspectiva do que outras. Dois exercícios de mudança de perspectiva são
descritos neste capítulo: escrever a partir da perspectiva da terceira pessoa e
escrever de forma exível com pronomes. Experimente-os e veja se você os
acha valiosos.

Escrever na perspectiva da terceira pessoa

Muitos romancistas lutam com a voz (ponto de vista) de seu


personagem principal. Quais são as implicações se a história começar com

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uma perspectiva de primeira pessoa versus uma perspectiva de terceira
pessoa? Considere as duas primeiras frases de um ensaio de trauma:

Voz em primeira pessoa: Quando eu tinha dezessete anos, meu pai


saiu de casa. Eu estava preso em uma guerra familiar entre minha irmã e
minha mãe. Eles se odiavam e tentaram me puxar para suas batalhas. Até
mesmo escrever sobre isso traz à tona a dor e a tristeza que sempre senti em
nossa casa.

Voz em terceira pessoa: Quando ele tinha dezessete anos, seu pai saiu
de casa. Ele estava preso em uma guerra familiar entre sua irmã e sua mãe. Os
dois se odiavam e tentaram puxar Ele em suas batalhas. Até mesmo escrever
sobre isso traz à tona a dor e a tristeza que ele sempre sentiu na casa deles.

Mudar a perspectiva da primeira pessoa (eu, eu, nosso) para a terceira


pessoa (ele, ele, eles) altera sutilmente o tom da história. A visão em terceira
pessoa é mais distante e, do ponto de vista do leitor, mais segura. Não é
incomum que pessoas que passaram por um trauma verdadeiramente maciço
(como a tortura) descrevam inicialmente a experiência na terceira pessoa.
Somente quando eles começarem a se sentir mais confortáveis falando sobre
isso, eles começarão a falar na primeira pessoa.

Dois exercícios de escrita em terceira pessoa são sugeridos. O primeiro,


lidando com um problema ou con ito recente, é para você praticar. Depois de
se sentir confortável usando a terceira pessoa, tente o segundo exercício e
escreva sobre uma característica do trauma ou convulsão emocional mais
relevante para sua vida.

Breve escrita de troca de perspectiva

Pense em um evento, con ito ou outro problema com o qual você tem lidado
ultimamente. Isso não deve ser um trauma enorme — em vez disso, escolha
algo que você rotularia como um mero aborrecimento. Conforme descrito
abaixo, seu objetivo é escrever sobre essa experiência em duas ocasiões,

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cada vez por cerca de dez minutos. Dê a si mesmo uma pausa de pelo menos
alguns minutos entre os dois exercícios de escrita.

Escrevendo na primeira pessoa. Estas devem ser instruções


familiares. Nos próximos dez minutos, descreva suas emoções e pensamentos
sobre um evento recente com o qual você está pensando ou se preocupando.
Descreva as coisas da sua perspectiva normal em primeira pessoa — a voz
"eu". Em sua escrita, descreva o evento e suas reações a ele. Você pode
vinculá-lo a outras coisas no seu passado ou presente. Depois de começar,
escreva continuamente por dez minutos inteiros.

Escrevendo na terceira pessoa. Antes de começar a escrever sobre


este exercício, olhe para trás e leia o que você escreveu como parte das
instruções em primeira pessoa. Nos próximos dez minutos, escreva sobre o
mesmo problema geral, mas desta vez use voz em terceira pessoa.

Se você é uma mulher, substitua seu "eu" normal por "ela". Use "ele" se
você for um homem. Em outras palavras, escreva sobre as ações e emoções
do personagem principal (quem é você) como se estivesse observando tudo
como um estranho. Tente incluir as mesmas informações básicas que você
incluiu inicialmente.

Quando você tiver concluído a escrita em terceira pessoa, acomode e


avalie como a escrita dessa maneira se sentiu em comparação com a sua
escrita normal em primeira pessoa. Muitas pessoas relatam sentimentos
mistos quando tentam pela primeira vez — que simplesmente não parece
natural.

Esta é uma questão de prática. Quanto mais você usar a perspectiva


em terceira pessoa em sua escrita, mais confortável ela se sentirá. Antes de
desistir da abordagem em terceira pessoa, tente este exercício novamente
mais tarde quando estiver escrevendo sobre outro tópico. Em vez de começar
com a primeira pessoa e depois mudar para a terceira pessoa, vá na ordem
inversa. Ou seja, primeiro descreva o evento da terceira pessoa distanciada e
depois escreva uma segunda vez na primeira pessoa.

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Abordando seu trauma da perspectiva da terceira
pessoa

O breve exercício de mudança de perspectiva foi realmente uma


maneira de praticar a escrita em terceira pessoa. O verdadeiro valor de
escrever na terceira pessoa é lidar com perturbações emocionais
particularmente poderosas. Se você continuar assombrado por um trauma ou
convulsão, pode achar bené co escrever na perspectiva da terceira pessoa.
Como em todos os exercícios, experimente e veja se é signi cativo para você.

Para este exercício, escreva sobre uma perturbação emocional que


domina seus pensamentos e sentimentos. Em sua escrita, tente se deixar ir e
explorar suas emoções e pensamentos mais profundos sobre isso. Em vez de
se referir a esse trauma como "minha experiência” ou "meus sentimentos",
escreva inteiramente na terceira pessoa como se você fosse um observador
relatando sua própria experiência. O que aconteceu com essa pessoa? O que
levou ao evento? Como a pessoa reagiu e por quê? Como outras pessoas
foram afetadas? Como a outra pessoa se sente agora? Que signi cado você
pode extrair da experiência dessa pessoa?

Escreva continuamente durante os vinte minutos inteiros e mantenha a


perspectiva da terceira pessoa. Se você entrar na primeira pessoa, marque e
mude o que você escreveu na terceira pessoa. Lembre-se de que esta escrita
é só para você.

Re etindo sobre a escrita em terceira pessoa. A escrita em terceira


pessoa pode ser uma ferramenta poderosa para lidar com eventos emocionais
altamente carregados. Muitas vezes, essas emoções e experiências que são
mais cruas e dolorosas podem ser melhor tratadas por uma voz mais
destacada. Com a narração repetida, você pode começar a passar para a
primeira pessoa mais natural. Este exercício deve ser visto como um primeiro
passo. Se foi útil, tente usar a terceira pessoa para outras tarefas. A
capacidade de usar as perspectivas em primeira e terceira pessoa pode ajudar

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a manter uma exibilidade emocional para lidar com quaisquer convulsões que
possam aparecer em seu caminho.

Escrevendo de forma exível com pronomes

Pronomes? Você já pensou que leria um livro que exaltasse a virtude


dos pronomes — ou qualquer parte do discurso, aliás? Como observado no
Capítulo 4, os pronomes podem realmente ser criticamente importantes para
entender o poder da escrita expressiva.

Curiosamente, esta foi uma descoberta acidental. Pesquisadores que


estudam amostras de escrita de experimentos antigos descobriram que as
pessoas que mudaram a forma como usavam pronomes de um dia de escrita
para o outro tiveram melhor saúde nos meses seguintes. Aqueles que usaram
pronomes da mesma maneira dia após dia não melhoraram.

Um olhar mais atento indica que a distinção central é entre a palavra


"eu" e todos os outros pronomes (você, eles,, eu, nós e assim por diante). Se a
pessoa usa muito a palavra "eu" em um dia e depois outros pronomes no dia
seguinte, isso é bom. Similarmente, usar outros pronomes em um dia (mas não
muito "") e depois uma grande quantidade de "Eu" no próximo também é bom.
Usar pronomes da mesma maneira em todos os dias está associado a apenas
pequenas melhorias de saúde após a intervenção de escrita.

Esses podem ser resultados extremamente importantes. Os pronomes


em si não estão deixando as pessoas saudáveis ou doentes, é claro. Em vez
disso, os pronomes re etem como as pessoas pensam sobre experiências
traumáticas. Se as pessoas escrevem sobre um determinado trauma vários
dias seguidos e sempre usam os mesmos pronomes, seu processo de
pensamento provavelmente é rígido. Talvez eles estejam falando sobre sua
própria perspectiva todos os dias; talvez estejam se concentrando apenas em
outra pessoa. Os escritores que se bene ciam, no entanto, estão invertendo
perspectivas no dia a dia. Um dia, o escritor pode estar descrevendo as ações

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e emoções de outro; no dia seguinte, o foco pode ser as próprias ações e
sentimentos do escritor.

É tentador con gurar um exercício de escrita onde você é solicitado a


usar pronomes da Lista A no primeiro dia de escrita e pronomes da Lista B no
dia seguinte. Infelizmente, essa abordagem não funcionará. As pessoas
olhavam com tanta frequência para as listas de palavras enquanto tentavam
usar os pronomes certos que se esqueciam sobre o que estavam escrevendo.
Uma abordagem melhor é pensar em perspectivas. Concentrar-se em pessoas
diferentes (enquanto ainda se inclui) de ensaio em ensaio pode fazer com que
os pronomes sigam.

Praticamente todas as convulsões pessoais são sociais. Um trauma


pode acontecer apenas com você, mas geralmente afeta os outros direta ou
indiretamente. Com toda a probabilidade, outra pessoa estava envolvida no
trauma. A razão pela qual usamos pronomes em taxas tão altas ao escrever
sobre traumas é porque precisamos falar sobre nós mesmos e sobre as outras
pessoas.

Neste exercício de escrita, tente descrever um evento emocionalmente


importante a partir de várias perspectivas. Planeje este exercício para durar
cerca de vinte minutos, dedicando cinco minutos a cada uma das quatro
perspectivas. No primeiro período de cinco minutos, deite o que aconteceu,
quem estava envolvido e o que está acontecendo agora. O segundo período
deve se concentrar exclusivamente em sua perspectiva, sentimentos e ações.
O terceiro período de escrita deve lidar com uma ou mais das outras pessoas
nesta história. No período nal de escrita, que para trás e tente integrar todas
as perspectivas. Para este exercício, basta passar de uma instrução de escrita
para a próxima sem parar.

Perspectiva Um: O quadro geral

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Nos próximos cinco minutos, escreva continuamente sobre uma
convulsão emocional que é importante para sua vida. Em sua escrita,
mencione o que aconteceu e quem estava envolvido. Como você e outros
reagiram a este evento, e como ele está afetando todos vocês agora? Assim
que terminar esta seção, continue com as instruções para a Perspectiva Dois.

Perspectiva Dois: Eu, eu e meu

Nos próximos cinco minutos, escreva sobre a mesma convulsão emocional,


mas concentre-se exclusivamente na sua perspectiva. O que você achou,
sentiu e reagiu? Como seus comportamentos afetaram os outros? O que você
gostaria que os outros soubessem sobre sua situação? Escreva de uma vez
em quando. Quando terminar, continue para a Perspectiva Três.

Perspectiva Três: As Outras Pessoas

Você está na metade do caminho com este exercício. Nos próximos cinco
minutos, escreva sobre o mesmo trauma geral, mas concentre-se no papel de
outra pessoa ou grupo.

O que estava e está acontecendo em suas mentes? O que eles zeram e


sentiram? O que você acha que eles gostariam que os outros soubessem
sobre a perspectiva deles? Tente olhar para os corações deles e assumir que
eles são seres humanos complicados, assim como você é. Escreva
continuamente e, quando terminar, passe para a Perspectiva Quatro.

Perspectiva Quatro: Outro Grande Quadro.

Antes de começar a escrever, olhe para o que você escreveu até agora. Você
tem sido honesto consigo mesmo e com as outras pessoas? Para este último

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período de escrita de cinco minutos, conte novamente a história desse trauma.
Tome uma perspectiva ampla. Que valor ou signi cado você e os outros
podem tirar dessa experiência? Escreva continuamente o tempo todo.

O objetivo deste último exercício era fazer você pensar em adotar várias
perspectivas para lidar com um evento emocional complexo. Volte e olhe para
o seu uso de pronomes de perspectiva em perspectiva. Idealmente, você
mudou muito na porcentagem de palavras "eu". Se o número de "" palavras foi
semelhante em todos os quatro escritos, pergunte a si mesmo por que esse foi
o caso. Pode ser bené co tentar essa tarefa novamente e conscientemente
tentar mudar seus pronomes para forçar uma mudança de perspectiva.

Se você achou este exercício útil, considere escrever sobre outras convulsões
em sua vida. Escreva sobre cada agitação em várias ocasiões, adotando um
pouco Perspectiva diferente a cada vez. À medida que você se torna adepto
de ver a mesma agitação de diferentes direções, você também se encontrará
cada vez mais desapegado do evento.

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Escrever em diferentes contextos

O contexto da sua escrita — quando e onde você escreve —


provavelmente in uencia o que você escreve. Locais, públicos e horários
potenciais são sugeridos neste capítulo, mas experimente suas próprias
sessões de escrita para criar os melhores contextos para sua escrita.

Algumas situações podem fazer você se sentir na defensiva, enquanto


outras permitem que você seja vulnerável. Embora muito pouca pesquisa
sólida tenha sido realizada sobre o contexto de escrita, algumas descobertas
sugerem que mudanças no tempo e no local da escrita podem afetar a
orientação das pessoas para uma convulsão emocional. Este capítulo exige
que você conduza seus próprios pequenos experimentos. Ao ler este capítulo,
siga seus próprios instintos. Seja brincalhão e cientí co ao mesmo tempo.
Como sempre, abrace o que funciona e descarte o que não funciona.

Locais e con gurações

Onde você está afeta como você pensa. Se você passar por um
restaurante, muitas vezes não pode deixar de pensar em comida. O tipo de
música que você ouve em uma história de supermercado pode in uenciar o
que você compra. Um estudo recente, por exemplo, descobriu que, se as
pessoas ouvissem música italiana em uma loja de vinhos, eram mais
propensas a comprar vinho italiano. Segue-se, então, que onde você escreve
pode afetar sutilmente as memórias e emoções que borbulham à superfície.

As con gurações de escrita podem variar ao longo de um número


in nito de dimensões. Em vez de uma lista de lugares para escrever, quatro
contextos simples para escrever serão sugeridos. Experimente-os e veja o que
acontece.

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Escrevendo para aumentar o autofoco com espelhos

Quando vemos nosso re exo ou ouvimos nossa própria voz,


automaticamente nos tornamos mais autoatentivos. A partir da década de
1970, um número impressionante de experimentos descobriu que, quando as
pessoas eram colocadas na frente de um espelho, elas se tornavam mais
honestas e conscientes de quem eram. Embora os efeitos fossem
impressionantes, eles eram sutis. As pessoas não tinham ideia de que os
espelhos as estavam afetando (Wicklund 1979).

É possível que escrever na presença de um espelho possa in uenciar


sua escrita? Em um teste recente dessa ideia, descobrimos que, para algumas
pessoas, escrever na frente de um espelho foi uma experiência
particularmente poderosa. Experimente.

Se você está escrevendo à mão, em um laptop ou em um e-reader,


encontre um lugar com um espelho grande. O melhor cenário seria na frente
de um espelho que re ete seu rosto ou — melhor ainda — todo o seu corpo.
Se você estiver escrevendo em um computador estacionário, traga um
espelho ao seu lado — até mesmo apenas um espelho de mão. Sua tarefa
geral de escrita será explorar uma questão emocionalmente importante em sua
vida e como ela se relaciona com quem você é.

Instruções básicas. Olhe para si mesmo no espelho. Olhe em seus


próprios olhos. Olhe para o seu rosto. Veja a si mesmo como os outros o veem
e como você se vê. Enquanto olha para a sua imagem, pense em um problema
pessoal signi cativo e como ele se relaciona com onde você está em sua vida,
suas conexões com os outros e quem você realmente é. Depois de se
examinar de perto no espelho por vários minutos, comece a escrever.

Escreva continuamente por um mínimo de dez minutos. De vez em


quando, olhe para o seu re exo. Seja honesto consigo mesmo.

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Quando terminar esta tarefa, revise o que você escreveu. Você achou
este exercício valioso? Se sim, escreva sobre outras experiências emocionais
signi cativas dessa maneira também.

Encontrar um contexto seguro e pací co

As pessoas geralmente revelam histórias extremamente pessoais


quando se sentem mais seguras. A con ssão pessoalmente ou através da
oração em uma casa de culto, conversar com um amigo próximo sob as
estrelas de verão ou até mesmo con ar no consultório de um terapeuta são
exemplos de lugares onde podemos decepcionar nossas defesas. Para este
exercício, seu objetivo é encontrar um cenário Onde você normalmente se
sente seguro para se revelar. Idealmente, deve ser um lugar onde você
geralmente não escreve, longe de lembretes de sua vida cotidiana.

Vá para um local onde você se sinta particularmente seguro. Pode ser


do lado de fora em um parque ou na oresta, em uma sala de aula não
utilizada, uma igreja, uma biblioteca, a casa de um velho amigo ou até mesmo
um banco dentro de uma área comercial ou cafeteria. Antes de começar a
escrever, você deve relaxar e apreciar seu ambiente. Basel-se nos sentimentos
de familiaridade e conexões com o seu passado e com outras pessoas. Se
você escolheu um ambiente espiritual, considere oferecer uma oração
silenciosa.

Instruções de escrita. Escreva por pelo menos dez minutos sobre uma
experiência importante no seu passado. Antes de escrever, no entanto,
concentre-se em seus sentimentos de segurança e paz ligados à situação em
que você está. Pense em como essa experiência passada se conecta com
quem você é agora. Em sua escrita, explore suas emoções e pensamentos
sobre essa experiência passada. Escreva continuamente sem censurar a si
mesmo.

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A princípio, pode ser difícil se ajustar a uma nova situação ao escrever. Se
essa experiência foi valiosa, retorne a esse cenário e aborde questões mais
profundas e signi cativas. Mesmo que este não tenha sido um exercício
particularmente útil, considere tentar outros ambientes novos. Você pode
procurar especi camente lugares que toquem diferentes partes do seu
passado: espiritual, lar, primeira infância, escola ou aqueles lugares únicos que
só você pode associar à segurança, honestidade e con ança.

Usar símbolos do passado

Pessoas diferentes que usam este livro experimentaram tipos muito


diferentes de experiências traumáticas. Para alguns, este exercício pode ser
inadequado ou muito doloroso. Para outros, pode ser ideal para enfrentar o
passado. Lembrando-se da Regra Flip-Out, use seu próprio julgamento sobre
se este exercício pode ser útil para você.

Evidências cientí cas crescentes sugerem que as pessoas que


experimentaram traumas no passado podem se bene ciar de se reexpor a
memórias dolorosas do evento. Essa técnica — chamada de inundação,
exposição ou terapia implosiva — tem sido usada no tratamento dos efeitos
do estupro e outros abusos violentos, bem como medos incapacitantes
resultantes de outros incidentes traumáticos. Se os seus sintomas de um
trauma forem particularmente problemáticos, procure a ajuda de um
psicoterapeuta. No entanto, se você acha que pode se bene ciar de uma
forma diluída de exposição, tente o seguinte exercício de escrita.

Para este exercício de vinte minutos, você escreverá sobre uma


convulsão emocional associada a um determinado local, pessoa ou até
mesmo um cheiro. Escolha um local para sua escrita que você normalmente
não usa para escrever — talvez uma garagem, a biblioteca, até mesmo um
banheiro. Sua tarefa: reunir lembretes ou símbolos da agitação no local em que
você escreverá. Esses lembretes podem ser fotos, cartas, roupas — quase

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tudo o que você naturalmente associa à agitação. Depois que todos esses
símbolos forem coletados, siga as instruções de escrita.

Instruções. Antes de começar a escrever, passe vários minutos


olhando, sentindo e até cheirando os vários símbolos. Deixe-se experimentar
algumas das sensações e emoções do passado. (Aviso: Se você car muito
chateado fazendo isso, pare e vá à loja e pegue um sorvete em vez disso.)
Depois de alguns minutos, comece a escrever.

Durante os vinte minutos que você escreve, explore seus pensamentos


e sentimentos sobre essa agitação emocional. Como isso afetou você no
passado e como continua a in uenciá-lo agora? Mencione brevemente cada
um dos símbolos e explique por que eles são tão poderosos para você. Você
pode vincular essa experiência emocional a outros aspectos da sua vida —
relacionamentos, carreira ou família.

Como sempre, escreva continuamente e lembre-se de que esta escrita é


apenas para você e para você. Além disso, lembre-se da Regra Flip-Out: se
você car muito chateado com sua escrita, simplesmente pare.

Muitas pessoas acham este exercício extremamente poderoso. Muitas


vezes, a mera capacidade de verbalizar os medos e experiências de alguém
pode ajudar a reduzir sua in uência. Da mesma forma, vincular experiências
emocionais a símbolos importantes do passado pode ajudar a esclarecer o
signi cado de uma experiência terrível.

Se você achou este exercício particularmente valioso, tente novamente.


Quanto mais vezes você zer isso, no entanto, mais importante será se basear
em outros exercícios neste livro. Ou seja, tente usar palavras de emoção
positiva, construir uma história e mudar de perspectiva cada vez que escrever.

Experimentar com um público simbólico

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A ideia de um cenário ou contexto geralmente provoca pensamentos de
locais. Os contextos, no entanto, também são de nidos pelas pessoas que os
habitam. Se você está em uma sala de aula vazia, o pensamento de um
professor é muitas vezes inevitável. Sua casa de infância provavelmente evoca
memórias de uma série de outras pessoas. Essas outras pessoas "invisíveis",
então, se tornam parte do contexto.

Uma vez que começamos a pensar nas pessoas como parte de um


ambiente, não podemos escapar de como a presença implícita dos outros
pode afetar nossos pensamentos, emoções e como escrevemos.

Ao longo deste livro, a maioria das tarefas de escrita tem sido explícita
para fazer com que você escreva para si mesmo e não para outra pessoa. Mas
muitos estudiosos debateram se isso é possível. Ao escrever, você pode ter se
pego pensando: "O que meus amigos (ou cônjuge, lho ou inimigo) pensarão
quando lerem isso?" Na realidade, mudamos nossa escrita dependendo de
quem achamos que o público pode ser.

Neste exercício, você escreverá para diferentes públicos simbólicos


sobre uma experiência pessoal importante. Embora você seja solicitado a
imaginar que esses outros As pessoas verão sua escrita, não mostre a elas.
Este exercício de escrita é apenas para os seus olhos.

Instruções gerais. Este exercício deve levar cerca de vinte minutos.


Seu objetivo: escrever sobre a mesma experiência geral para quatro públicos
completamente diferentes.

Planeje escrever cerca de cinco minutos para cada público. Seu tópico
de escrita deve ser algo emocionalmente importante para você. Pode ser algo
que aconteceu com você anos atrás ou mais recentemente. Idealmente,
escreva sobre algo que envolvia outra pessoa próxima a você na época. Se
eles estão vivos hoje não é importante.

Depois de começar a escrever, não pare até que cinco minutos acabem.
Para cada cenário, tente ser o mais honesto possível.

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Audiência Um: Figura de autoridade. Imagine que você deve contar a
uma gura de autoridade em sua vida sobre essa experiência emocional. Essa
gura de autoridade não deve fazer parte da história. A pessoa pode ser um
juiz, chefe, agente do FBI, pai ou professor. Deve ser alguém com quem você
teve um relacionamento bastante formal ou alguém com quem você respeita e
teme um pouco. Imagine que sua escrita será avaliada por essa gura de
autoridade.

Em sua escrita, conte à gura da autoridade sobre essa importante


experiência emocional em sua vida. Quais eram seus pensamentos e
sentimentos antes e agora, e como essa experiência afetou sua vida desde
então?

Audiência Dois: Um amigo próximo e compassivo. Escreva sobre a


mesma experiência, mas desta vez imagine que você mostrará sua escrita a
um amigo próximo. Esse amigo deve ser alguém em quem você con a
profundamente e que o aceitará, não importa o que você diga. Além disso,
esse amigo não deve estar ligado à experiência de forma direta. Se você não
consegue pensar em um amigo assim, invente um.

Ao escrever, conte ao seu amigo sobre essa importante experiência


emocional em sua vida. Quais eram seus pensamentos e sentimentos antes e
agora, e como essa experiência afetou sua vida desde então?

Público Três: Outra pessoa envolvida nesta experiência. Para este


exercício de escrita de cinco minutos, imagine que sua escrita será avaliada
por alguém diretamente relacionado a essa experiência. Idealmente, escolha
alguém com uma perspectiva muito diferente sobre o que aconteceu e seu
signi cado.

Em sua escrita, conte a essa pessoa sobre essa importante experiência


emocional em sua vida. Quais eram seus pensamentos e sentimentos antes e
agora, e como essa experiência afetou sua vida desde então?

Audiência Quatro: Você mesmo. Para a tarefa nal de cinco minutos,


você deve ser o único público. Agora você está escrevendo para si mesmo e

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para mais ninguém. Para tornar a experiência mais poderosa, considere olhar
para si mesmo no espelho antes de começar a escrever. Imagine que você
destruirá esta amostra de escrita assim que terminar.

Em sua escrita, conte a si mesmo sobre essa importante experiência


emocional em sua vida. Quais eram seus pensamentos e sentimentos antes e
agora, e como essa experiência afetou sua vida desde então?

Agora que você concluiu todas as quatro tarefas de escrita, analise


como elas diferiam. Você se sentiu diferente enquanto os escrevia? Algumas
tarefas pareciam mais genuínas do que outras? Alguma tarefa lhe deu uma
perspectiva diferente sobre sua experiência?

Esse tipo de tarefa de escrita pode ser e caz para aprender a apreciar
os papéis que os outros desempenham em nossas histórias pessoais. Você
pode se bene ciar de escrever para mais de um público imaginado. Se você
achar que sua história muda muito de Público para público, você
provavelmente ainda não tem uma boa compreensão disso.

Assim como os exercícios de mudança de perspectiva, escrever para


diferentes públicos pode ajudar a dar a você uma maior sensação de
desapego sobre a experiência.

Brincar com tempos de escrita

Algumas pessoas trabalham melhor de manhã cedo, e outras se saem


melhor tarde da noite.

Quando você escreve é uma questão de preferência pessoal. Como


observado anteriormente, a única recomendação sobre quando você escreve é
que você tem tempo livre depois de escrever. Esse tempo livre pode ser gasto
caminhando, dirigindo, jardinando, lavando pratos ou atividades semelhantes.
Assistir TV é uma má ideia — naturalmente bloqueia nossa capacidade de
re etir sobre si mesmo.

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Após sessões importantes de escrita, é essencial que você tenha algum
tempo para continuar pensando no seu tópico de escrita.

Você já pode ter estabelecido seus melhores momentos para escrever.


No entanto, nunca é demais agitar um pouco sua agenda. Experimente alguns
dos exercícios de escrita neste livro em diferentes momentos do dia. Algumas
possibilidades incluem:

Escrita de manhã cedo. Assim que você acordar de manhã, comece a


escrever. Você pode escrever na cama ou em algum outro lugar da sua casa.
Decida qual é o seu tópico Será antes de você ir para a cama. Sinta-se à
vontade para mudar o tópico com base em como você se sente naquela
manhã. Além disso, tire proveito de quaisquer sonhos da noite anterior.

Escrita na hora do almoço. A maioria dos exercícios deste livro leva de


dez a vinte minutos. Mesmo no trabalho, você pode encontrar tempo para
escrever seriamente durante a sua pausa para o almoço. Idealmente, sua
escrita deve começar assim que seu intervalo começar. Isso lhe dará algum
tempo livre depois de escrever para re etir. Você pode até fazer essa tarefa em
vez de comer um grande almoço. Para que você possa aprender sobre si
mesmo e perder peso ao mesmo tempo!

Escrita antes de ir para a cama. No nal de um dia agitado, a escrita


expressiva pode ser uma fuga bem-vinda. Muitas pessoas temem que a
escrita na hora de dormir lhes dê pesadelos.

Na verdade, isso não acontece com a maioria das pessoas. Se isso


acontecer com você, no entanto, não escreva um pouco antes de dormir. Em
um estudo com divulgação noturna, os pesquisadores descobriram que as
pessoas que escreveram antes de dormir realmente dormiram mais
rapidamente e dormiam melhor do que as pessoas que não tiveram a
oportunidade de divulgar seus pensamentos e sentimentos.

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Escrita no meio da noite. Falei com uma pessoa que ajustou o
despertador para tocar às 3:00 da manhã. Ele silenciosamente saía da cama e
escrevia por vinte minutos. Ele jura por sua técnica. Experimente se quiser.

Falando em um gravador na cama. Vá para a cama com um gravador


na mão. Quando as luzes estiverem apagadas, basta falar sobre seus
pensamentos e sentimentos no microfone. Isso é recomendado para pessoas
que não têm um parceiro para dormir, é claro. Em um experimento usando
esse método, os participantes relataram que isso ajudou na qualidade do
sono.

Nunca é demais exercitar sua mente e sair de suas rotinas habituais.


Experimente novos tempos e lugares para escrever. Julgue por si mesmo o
que funciona melhor e por quê.

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Escrever criativamente cção, poesia,
dança e arte

As técnicas de escrita expressiva neste livro incentivam você a se


expressar em palavras. Através da escrita, você pode começar a construir
histórias signi cativas de experiências profundamente pessoais. Escrever, é
claro, não é a única maneira de se expressar. Dançar, cantar, pintar, atuar e
muitas outras formas de arte também podem nos ajudar a controlar as
convulsões emocionais.

Neste capítulo, você é encorajado a desenhar do seu lado criativo.


Deixe que suas experiências emocionais no passado sejam expressas através
de outras formas de escrita ou arte. Como você verá, cada uma dessas
técnicas depende do poder das palavras de alguma forma. No entanto, a
inventividade do nosso cérebro pode nos ajudar a criar histórias melhores e
mais perspicazes.

Escrita de cção: Construir histórias imaginárias

Quanto mais você escreve sobre tópicos emocionais e pessoais, mais


você pode apreciar a linha tênue entre a escrita expressiva e a escrita criativa.
Você não pode deixar de se perguntar onde a narrativa pessoal termina e a
cção começa. Escrever histórias ctícias melhora a saúde tanto quanto
explorar suas próprias experiências? Possivelmente. Um estudo fascinante
realizado em meados da década de 1990 por Melanie Greenberg e seus
colegas fez com que as pessoas escrevessem sobre traumas que nunca
haviam acontecido com elas.

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Os participantes escreveram sobre os traumas como se eles realmente
tivessem ocorrido em seu próprio passado. Surpreendentemente, as pessoas
que escreviam sobre esses traumas imaginários mostraram melhorias
signi cativas na saúde.

Antes de discutirmos por que escrever histórias imaginárias pode ser


bom para sua saúde, tente o seguinte exercício de escrita de vinte minutos. A
caixa abaixo inclui as informações básicas sobre quatro traumas diferentes.
Sua tarefa é escolher um dos traumas — idealmente um que seja menos
relevante para sua vida. Não escolha nenhum trauma que tenha acontecido
com você ou com um amigo próximo.

Quatro experiências traumáticas imaginárias

1. Ao voltar para casa do trabalho, você descobre que sua casa de


quinze anos queimou até o chão. Todos os seus pertences — roupas, jóias,
fotos e lembretes do passado — são destruídos. A polícia prende você sob a
acusação de incêndio criminoso, mesmo que você não seja culpado. Você é
eventualmente libertado. Você se mudou com um primo enquanto pensa no
que fazer.

2. Você vai a um restaurante com três amigos divertidos. Depois de


comer, os outros convencem você a sair correndo pela porta sem pagar. Vocês
quatro entram no seu carro e começam a sair. A garçonete corre para sinalizar
você. Você acidentalmente bateu nela, o que a colocará em uma cadeira de
rodas pelo resto de sua vida. Você se afasta e nunca é pego. Você nunca mais
vê esses amigos. Você logo se muda para outra cidade, mas a memória do
evento continua assombrando você.

3. Você está casado há sete anos no que acha que foi um bom
casamento. Você descobre acidentalmente que seu cônjuge está envolvido em
um relacionamento amoroso com seu melhor amigo há mais de um ano. Você

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descobre que todos os seus amigos e familiares suspeitaram disso o tempo
todo. Depois de confrontar seu cônjuge, seu Amigo e cônjuge te abandonam.
Agora são dois anos após o seu divórcio e você está prestes a sair no seu
primeiro encontro.

4. Quando você tinha dez anos, sua mãe se casou novamente. Ela está
mais feliz do que você já a viu. Uma noite depois de beber muito, seu padrasto
entra no seu quarto e acaricia você. Ele ameaça que, se você contar a alguém,
ele negará. Nos próximos cinco anos, isso acontece mais uma dúzia de vezes.
Você nunca conta para sua mãe. Você pensa sobre isso todos os dias e se
pergunta como isso está in uenciando você agora.

Instruções de escrita

Escolha um dos quatro cenários listados acima que seja menos


relevante para sua própria vida. Agora imagine que esse evento aconteceu
com você. Realmente deixe ir e tente sentir as emoções e considerar os
pensamentos que você teria atualmente. Reserve pelo menos dez minutos
para relaxar profundamente enquanto pensa neste evento. Crie cenas em sua
mente e torne-as o mais vívidas possível. Finalmente, coloque-se no presente
e considere como seria para você agora lidando com esse trauma.

Nos próximos vinte minutos, escreva sobre esse trauma como se


realmente tivesse acontecido com você. Explore suas emoções e
pensamentos mais profundos sobre este evento. Como isso pode estar
relacionado a outros eventos em sua vida? Como esse trauma deve ter
afetado você quando aconteceu? Como isso afeta você agora? Que
signi cado você pode discernir deste evento?

Depois de pensar profundamente sobre essa experiência, comece a


escrever. Escreva continuamente por um mínimo de vinte minutos.

Quando terminar de escrever, analise como isso o afetou. Até que ponto
você foi capaz de adotar esse trauma como seu? Você achou valioso ou

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signi cativo escrever sobre isso? Uma razão pela qual escrever sobre traumas
imaginários pode ser útil: todos nós experimentamos eventos terríveis que
envolvem perda, humilhação, sigilo, traição e raiva. Mesmo que você não
tenha tido sua casa destruída, você sabe como é se sentir sozinho ou
falsamente acusado de algo. Escrever sobre traumas imaginários pode nos
ajudar a dar sentido às experiências emocionais confusas em nossas próprias
vidas.

Se você achou este exercício valioso, tente novamente usando um dos


outros traumas. Ou, aliás, pegue uma tragédia do jornal de hoje e escreva
sobre isso como se tivesse acontecido com você. Além de ajudá-lo a aceitar
alguns de seus próprios problemas emocionais, isso também deve torná-lo
mais empático sobre as condições dos outros.

Experimentar com poesia

Embora tenha havido muito pouca pesquisa cientí ca sobre o poder


curativo da poesia, ela é comumente usada em psicoterapia. Intuitivamente,
parece que expressar emoções sobre experiências poderosas através da
poesia deve ter efeitos positivos na saúde. Ao contrário da escrita em prosa
direta, a poesia muitas vezes captura as contradições de emoções e
experiências.

A maioria das pessoas que gostam de escrita expressiva também


aprecia poesia. Para este próximo exercício, lembre-se ou encontre um poema
favorito. À medida que você pensa ou lê um poema signi cativo, caia na
emoção e na cadência dele. Se você não tem um poema à mão, aproveite o
bem conhecido "The Road Not Taken" de Robert Frost.

Duas estradas divergiram em uma oresta amarela,

E desculpe, eu não pude viajar ambas

E ser um viajante, por muito tempo eu quei

e olhei para baixo uma o mais longe que pude

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Para onde ela se dobrou na vegetação rasteira;

Então pegou o outro, tão justo quanto,

e tendo talvez a melhor reivindicação,

porque era gramada e queria desgaste;

Embora, quanto a isso, a passagem lá

os tivesse usado realmente da mesma forma,

E ambos naquela manhã igualmente deitado

em folhas, nenhum degrau tinha pisado preto.

Oh, eu guardei o primeiro por mais um dia!

No entanto, sabendo como o caminho

leva ao caminho,

Eu duvidei se algum dia eu deveria voltar.

Estarei dizendo isso com um suspiro

em algum lugar, idades e idades a partir de agora:

Duas estradas divergiram em uma oresta, e eu -

peguei a menos percorrida, e isso fez toda a diferença.

Instruções de escrita. Para esta tarefa de escrita, transforme uma


experiência pessoal sua em poesia. Não precisa rimar. Deve ser tão livre
quanto você quiser. Desligue a censura da sua mente e toque em uma
emoção, pensamento ou sonho que está profundamente dentro de você
agora. Deixe os sentimentos se cristalizarem em palavras. Vamos dispensar o
limite de tempo — escreva o tempo que quiser.

Expressão e palavras não Verbais: Dança e arte

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As palavras são necessárias para que a cura ocorra? Se você pudesse
expressar um trauma através da dança, da música ou da arte, você obteria os
mesmos benefícios que obteria através da escrita? Esta pergunta foi testada
com um grupo de estudantes universitários usando uma forma de terapia de
dança. Os resultados sugerem que a expressão não verbal é poderosa para
fazer as pessoas se sentirem melhor. Melhor ainda, se eles empregassem tanto
o movimento corporal quanto a escrita, os efeitos curativos seriam ampliados.
Há boas razões para acreditar que traduzir experiências emocionais na
linguagem podem solidi car mudanças de longo prazo no pensamento de
forma mais e ciente do que apenas usar a expressão não verbal.

Na verdade, a maioria das terapias não verbais — terapia de arte e


dança em particular — emprega tanto a expressão não verbal quanto a
linguagem. Geralmente, a pessoa é encorajada a primeiro expressar uma
agitação emocional através do desenho ou movimento. Quando terminar, a
pessoa é encorajada a falar sobre seu produto artístico. Pode muito bem ser
que a combinação de ambas as expressões não verbais junto com a escrita
(ou conversa) possa ser uma das estratégias de cura mais poderosas
disponíveis. Infelizmente, isso ainda não foi testado em laboratórios
su cientes. Nesta seção, dois breves exercícios são recomendados — um
envolvendo dança e o outro com arte. Experimente-os e veja se valem a pena.

Movimento expressivo e escrita

Para este exercício, encontre um lugar onde você possa se mover


livremente por pelo menos dez minutos. Poderia ser uma sala de estar com as
mesas fora do caminho. Pode ser um espaço do lado de fora, ou até mesmo
uma garagem ou sala de aula vazia. Idealmente, encontre um lugar onde você
possa se mover sem que os outros o observem (supondo que você esteja
totalmente autoconsciente). Se um espaço tão grande e sem pessoas não for
realista, tente usar seu chuveiro. Embora isso seja referido como uma forma de
dança, nenhuma música é necessária.

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Por dez minutos, use o movimento para expressar seus pensamentos e
sentimentos mais profundos sobre o problema ou evento que é mais
signi cativo em sua vida. Pode ser uma experiência traumática ou muito
problemática ou perturbadora. Pode ser uma situação atual ou con ito, ou
pode ser algo do passado ainda muito em sua mente. O importante é
expressar com o movimento do seu corpo o que você nunca foi capaz de dizer
em palavras. O que você faz e como você faz depende inteiramente de você.
Não há maneira certa ou errada de mover seus sentimentos. É o seu corpo, e
só você conhece sua experiência e o que sente por dentro. Comece com o
que faz sentido para você. Você pode se mover no chão, car de pé ou usar a
sala de qualquer maneira. Você pode se mover rápida ou lentamente, forte ou
suavemente. Você pode usar áreas do seu corpo que normalmente não usa
conscientemente de forma expressiva, como sua coluna, seus pés, seu rosto,
seus ombros. O único requisito é continuar se movendo o tempo todo; mesmo
que você esteja expressando um sentimento preso, cansado ou rígido, sempre
há uma maneira de traduzi-lo em ação.

Após seus dez minutos de movimento, encontre um lugar para escrever


por um mínimo de mais dez minutos. Em sua escrita, explore seus
pensamentos e sentimentos sobre sua experiência de movimento. O que
estava acontecendo em sua mente e corpo? O que você estava expressando?
O que seu corpo lhe disse que você pode não estar ciente? Use esse tempo
para tentar entender tanto a agitação emocional quanto sua reação a ela.
Depois de começar a escrever, continue sem parar por pelo menos dez
minutos.

Muitas pessoas acham a experiência do movimento expressivo


estranhamente poderosa. Você pode se encontrar analisando o que fez e por
que nas horas seguintes. Às vezes, seu movimento pode ter grande signi cado
— outras vezes pode não ter. Se você achar essa forma de expressão útil,
experimente por vários dias seguidos.

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Expressão artística e escrita

Assim como o movimento expressivo pode ajudar a desenhar questões


que você pode não ter considerado, outras formas de expressão artística
podem fazer o mesmo. Desenho, pintura, escultura e outras artes visuais são
conhecidas há muito tempo por expressar os pensamentos e sentimentos
mais profundos das pessoas. Embora eu acredite que a expressão artística
seja sicamente saudável, nenhum estudo ainda demonstrou isso. Apesar
disso, há estudos de caso su cientes para con armos em nossos instintos.

Para o exercício de escrita de arte, primeiro desenhe e depois escreva.


Você pode ou não ser capaz de desenhar até mesmo uma linha reta — isso
não é relevante aqui. Você pode, no entanto, se expressar desenhando ou até
mesmo rabiscando.

Nos próximos dez minutos, use papel em branco — talvez de uma


copiadora ou impressora — para expressar um evento, con ito ou sentimento
emocionalmente importante. Seu desenho pode ser abstrato, concreto ou
aparentemente aleatório. O importante é que você realmente se deixe ir e
expresse suas emoções e pensamentos mais profundos desenhando. Não se
julgue durante o tempo que está desenhando — apenas deixe seu lápis ou
caneta fazer o trabalho. Depois de começar, continue desenhando sem parar.
Use papel adicional, se necessário. O importante é que você realmente se
liberte e apenas desenhe.

Após dez minutos, estude seu desenho. O que estava passando pela
sua mente enquanto você estava trabalhando? O que você estava sentindo?
Pense nessa experiência por alguns minutos. Agora use a escrita expressiva.
Traduza sua experiência de desenho em palavras. Baseia-se em suas
emoções e pensamentos.

Aborde questões sobre a agitação emocional, bem como a experiência


de desenho. Você normalmente não usa conscientemente de forma
expressiva, como sua coluna, seus pés, seu rosto, seus ombros. O único

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requisito é continuar se movendo o tempo todo; mesmo que você esteja
expressando um sentimento preso, cansado ou rígido, sempre há uma maneira
de traduzi-lo em ação.

Após seus dez minutos de movimento, encontre um lugar para escrever


por um mínimo de mais dez minutos. Em sua escrita, explore seus
pensamentos e sentimentos sobre sua experiência de movimento. O que
estava acontecendo em sua mente e corpo? O que você estava expressando?
O que seu corpo lhe disse que você pode não estar ciente? Use esse tempo
para tentar entender tanto a agitação emocional quanto sua reação a ela.
Depois de começar a escrever, continue sem parar por pelo menos dez
minutos.

Muitas pessoas acham a experiência do movimento expressivo


estranhamente poderosa. Você pode se encontrar analisando o que fez e por
que nas horas seguintes. Às vezes, seu movimento pode ter grande signi cado
- outras vezes pode não ter. Se você achar essa forma de expressão útil,
experimente por vários dias seguidos.

Expressão artística e escrita

Assim como o movimento expressivo pode ajudar a desenhar questões que


você pode não ter considerado, outras formas de expressão artística podem
fazer o mesmo. Desenho, pintura, escultura e outras artes visuais são
conhecidas há muito tempo por expressar os pensamentos e sentimentos
mais profundos das pessoas. Embora eu acredite que a expressão artística
seja sicamente saudável, nenhum estudo ainda demonstrou isso. Apesar
disso, há estudos de caso su cientes para con armos em nossos instintos.

Para o exercício de escrita de arte, primeiro desenhe e depois escreva.


Você pode ou não ser capaz de desenhar até mesmo uma linha reta — isso
não é relevante aqui. Você pode, no entanto, se expressar desenhando ou até
mesmo rabiscando.

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Nos próximos dez minutos, use papel em branco — talvez de uma
copiadora ou impressora — para expressar um evento, con ito ou sentimento
emocionalmente importante. Seu desenho pode ser abstrato, concreto ou
aparentemente aleatório. O importante é que você realmente se deixe ir e
expresse suas emoções e pensamentos mais profundos desenhando. Não se
julgue durante o tempo que está desenhando — apenas deixe seu lápis ou
caneta fazer o trabalho. Depois de começar, continue desenhando sem parar.
Use papel adicional, se necessário. O importante é que você realmente se
liberte e apenas desenhe.

Após dez minutos, estude seu desenho. O que estava passando pela
sua mente enquanto você estava trabalhando? O que você estava sentindo?
Pense nessa experiência por alguns minutos. Agora use a escrita expressiva.
Traduza sua experiência de desenho em palavras. Baseia-se em suas
emoções e pensamentos. Aborde questões sobre a agitação emocional, bem
como a experiência de desenho.

Este exercício em particular baseou-se no desenho. Se preferir,


experimente outras formas de arte. Muitas pessoas gostam da sensualidade
da pintura com os dedos, da brincadeira ou dimensionalidade da argila, da
vivacidade do acrílico ou aquarelas ou de outro meio artístico. Para o propósito
deste exercício, o período de desenho foi de apenas dez minutos. Você pode
querer dedicar uma tarde inteira para se expressar sobre uma experiência
emocional importante. Na verdade, você não precisa se limitar às formas de
arte tradicionais. As pessoas muitas vezes expressam seus pensamentos e
sentimentos mais profundos através de madeira, jardinagem, culinária, costura
ou brincadeira com areia. O que quer que você escolha fazer, considere
escrever sobre isso depois. Colocar experiências emocionais em palavras
fornece uma estrutura adicional para uma experiência que pode produzir
benefícios a longo prazo.

Prescrição de arte: Escreva para Curar

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Aqui está um exemplo de como a escrita e a arte podem ser
combinadas. Em um workshop chamado "Art Prescription: Write to Heal", os
pacientes com câncer foram convidados a escrever sobre sua experiência de
serem diagnosticados e, em seguida, sobre sua experiência com câncer em
qualquer estágio do tratamento. Eles escreveram por vinte minutos.

Então eles receberam materiais de pintura em aquarela: pincéis, tinta,


água e uma tela. Eles foram instruídos a pintar qualquer coisa, qualquer visão,
qualquer sentimento que a escrita parecesse provocar neles.

Quando a arte terminou, os participantes contaram a história de sua


pintura. Um participante escreveu que, após o choque inicial de ser
diagnosticado, ele começou a usar uma técnica de visualização. Nele, ele
imaginou seu corpo como um oceano e o câncer como um material estranho
que poderia ser limpo por peixes que comem can-cer. Os peixes eram
vermelhos com uma linha ou toque de verde. O paciente com câncer disse
que o verde e o vermelho representavam a vida ou a força vital e os atores no
sistema imunológico. No terço inferior da pintura, ele usou cores marrons
escuras, apresentando um fundo do oceano turvo ou lamacento. No terço
médio da pintura, as cores se iluminaram para incluir verde claro e amarelo
com linhas onduladas que sugeriam azul escuro, água pura. No terço superior,
a cor dominante era azul, com guras que sugeriam muitos peixes nadadores.

No terço superior, duas ovais dominaram. Eles estavam conectados no


meio como um par de óculos ou óculos, talvez sugerindo uma presença
benigna e vigilante. Aqui está a pintura. Você pode ver uma versão colorida do
site: ExpressiveWriting.org

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PARTE III

Transforme sua saúde: Escrever para


curar

Escrever sobre o que é doloroso é começar o trabalho de cura.

— Pat Schneider, Como a Luz Entra

Parabéns: Você chegou à Parte III deste livro, seja porque terminou de
ler as duas primeiras partes ou porque decidiu mergulhar direto no programa
de seis semanas de escrita para a saúde.

Transforme sua saúde: Escrever para curar é um programa de seis


semanas criado por John Evans. Baseado nas duas primeiras partes deste
livro, este programa é projetado e organizado como uma progressão de
atividades de escrita, cada uma com base na outra. As sessões de escrita
começam com a escrita expressiva com base na pesquisa original descrita no
Capítulo 3. A partir dessa escrita expressiva intimamente pessoal e privada, os
exercícios então progridem de sobreviver a um trauma para criar um legado de
resiliência.

Cada um dos capítulos a seguir fornece um exercício de escrita


destinado a uma semana de escrita. A quantidade de tempo que você gasta
escrevendo vai variar. A maioria das tarefas de escrita é projetada para levar
vinte minutos, embora algumas possam demorar um pouco mais e exigir
vários períodos curtos de escrita a cada dia durante dois ou três dias da
semana. Você pode achar útil reservar um dia, hora e lugar especí cos para
fazer a escrita apresentada nestes capítulos.

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Os prompts de escrita devem ser concluídos na ordem em que são
apresentados. Lembre-se de que você é responsável por de nir sua própria
agenda para escrever. Seja exível na criação de espaço para sua escrita.
Fazer uma pausa na escrita — e no pensamento e sentimentos que ela evoca
— é importante. Você é encorajado a preencher pesquisas curtas após cada
sessão de redação para acompanhar suas respostas aos exercícios. Exemplos
de outros escritores fornecem comparações que você pode achar
interessantes. Suas respostas podem diferir muito do que você leu aqui, mas
não se preocupe com isso; isso não é uma competição.

Aqui está a programação semanal descrita na Parte III.

✓Semana Um: Escrita Expressiva

✓Semana Dois: Escrita Transacional

✓Semana Três: Escrita Poética, Parte Um

✓Semana Quatro: Escrita Poética, Parte Dois

✓Semana Cinco: Escrita A rmativa

✓Semana Seis: Escrita Legada

Embora uma rica base de pesquisa suporte os avisos de escrita


expressiva nos exercícios de escrita da primeira semana (veja o Capítulo 1), a
pesquisa sobre escrita transacional, poética, a rmativa e legada está apenas
nos estágios iniciais. As respostas às pesquisas pós-escrita de mais de
duzentos participantes descrevem como eles perceberam a e cácia dos
exercícios de escrita e ressaltam o potencial de novas pesquisas. Pedimos que
você seja seu próprio cientista e observe o que encontra quando tenta essa
abordagem para escrever.

Vamos começar.

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Escrita Expressiva

Nossas próprias feridas podem ser veículos para explorar nossa


naturalidade essencial, revelando as texturas mais profundas de nosso
coração e alma, se ao menos nos sentarmos com elas, nos abrirmos
para a dor ... Sem se segurar, sem culpa.

Wayne Muller, Legado do coração

Bem-vindo ao seu primeiro dia do programa de seis semanas,


Transforme sua saúde: Escrever para curar. Aqui você encontrará instruções
para a experiência de escrita expressiva também descrita no Capítulo 3. Se
você já escreveu isso, talvez queira pular para o Capítulo 12. Ou se você fez a
escrita no Capítulo 3 há algum tempo, você pode Gostaria de tentar
novamente. Para ajudar no seu planejamento, leia estas diretrizes para os
quatro dias de sessões de escrita expressiva. Seguindo as diretrizes, você
encontrará os prompts de escrita expressivos.

Tempo: Escreva por um mínimo de vinte minutos por dia por quatro dias
consecutivos.

Tópico: O que você escolhe escrever deve ser pessoal e importante


para você.

Escreva continuamente: Não se preocupe com pontuação, ortogra a e


gramática. Se você car sem coisas para dizer, desenhe uma linha ou repita o
que já escreveu. Mantenha a caneta no papel.

Escreva apenas para você: Planeje destruir ou esconder o que você


está escrevendo. Não transforme este exercício em uma carta. O exercício é
apenas para os seus olhos. As cartas podem vir mais tarde, se você quiser.

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A Regra Flip-Out: Se você entrar na escrita e sentir que não pode
escrever sobre um determinado evento porque ele vai empurrá-lo para o limite,
PARE de escrever!

O que esperar: Algumas pessoas se sentem um pouco tristes ou tristes


após a escrita expressiva, especialmente no primeiro dia ou dois. A maioria
das pessoas relata que esse tipo de tristeza é semelhante a ouvir uma história
triste de um amigo ou assistir a um lme triste ou show de televisão. Embora a
tristeza possa permanecer, ela geralmente se levanta após uma hora ou mais à
medida que você se envolve em outras atividades. Registre como você se
sente usando a pesquisa pós-escrita. Dê a si mesmo algum tempo depois de
escrever para re etir sobre o que você escreveu. Seja paciente e compassivo
consigo mesmo.

Processo de escrita: No primeiro e segundo dia, permita-se pelo


menos vinte minutos para escrever. Certi que-se de também permitir alguns
minutos depois de escrever para relaxar e re etir sobre sua escrita. O tópico
permanece essencialmente o mesmo tanto no primeiro quanto no segundo
dia. No terceiro dia, você mudará sua escrita para que esteja considerando o
tópico de uma perspectiva ou ponto de vista diferente.

Escreva sobre como esse evento moldou sua vida e quem você é.
Explore especialmente aquelas questões profundas sobre as quais você pode
se sentir particularmente vulnerável. No quarto dia, você vai se a recuar e
pensar sobre os eventos, problemas, pensamentos e sentimentos que você
desatou. Realmente seja honesto consigo mesmo sobre essa convulsão e faça
o seu melhor para encerrar sua escrita sobre esse tópico em uma história
signi cativa que você pode levar com você para o futuro.

Instruções de escrita do primeiro dia

Lembre-se de que este é o primeiro de quatro dias de escrita. Hoje, seu


objetivo é escrever seus pensamentos e sentimentos mais profundos sobre o

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trauma ou agitação emocional que mais tem in uenciado sua vida. Em sua
escrita, realmente deixe ir e explore este evento e como ele o afetou. Para
começar, pode ser bené co simplesmente escrever sobre o evento em si,
como você se sentiu quando ele estava ocorrendo e como você se sente
agora.

Ao escrever sobre essa perturbação, você pode começar a vinculá-la a


outras partes da sua vida. Por exemplo, como isso está relacionado à sua
infância e aos seus relacionamentos com seus pais e familiares próximos?
Como isso está conectado às pessoas que você mais amou, temeu ou cou
com raiva? Como essa agitação está relacionada à sua vida atual? — seus
amigos e familiares, seu trabalho e seu lugar na vida? E acima de tudo, como
esse evento está relacionado a quem você foi no passado, quem você gostaria
de ser no futuro e quem você é agora?

Lembre-se de escrever continuamente os vinte minutos inteiros. E


nunca se esqueça de que esta escrita é só para você e para você. No nal dos
seus vinte minutos de escrita, leia a seção "Pensamentos Pós-Escrita" e
preencha o questionário pós-escrita.

Pensamentos pós-escrita, dia 1

Parabéns! Você completou o primeiro dia de escrita. Antes de reservar


sua escrita para o dia, responda ao seguinte questionário. Coloque um número
entre 0 e 10 em cada pergunta.

0 — De jeito nenhum

5— Um pouco

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6

10 — Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Para muitas pessoas, o primeiro dia de escrita é o mais difícil. Esse tipo
de escrita pode trazer à tona emoções e pensamentos dos quais você pode
não estar ciente. Também pode ter uido mais facilmente do que você
esperava — especialmente se você escreveu sobre algo que tem guardado
para si mesmo há muito tempo.

Se a sua escrita é algo que você não quer que ninguém veja, você pode
se livrar dela agora: destrua o papel, rasgue as páginas do seu diário, exclua
os arquivos do computador ou apague as notas do seu e-book. Se mantiver
sua escrita por um tempo não é um problema, faça isso. Isso permitirá que
você volte no nal dos quatro dias de escrita e analise o que você escreveu.
Você sempre pode destruir a escrita mais tarde.

Agora, tire um tempo para si mesmo. Até amanhã.

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Instruções de escrita do segundo dia

Hoje é o segundo dia do processo de quatro dias. Em sua última sessão


de escrita, você foi solicitado a explorar seus pensamentos e sentimentos
sobre um trauma ou perturbação emocional que o afetou profundamente. Na
escrita de hoje, sua tarefa é realmente examinar suas emoções e pensamentos
mais profundos. Você pode escrever sobre o mesmo trauma ou convulsão de
ontem, ou pode escolher um diferente.

As instruções de escrita de hoje são semelhantes às da sua última


sessão de escrita. Hoje, tente vincular o trauma a outras partes da sua vida. É
importante apreciar que um trauma ou agitação emocional muitas vezes pode
in uenciar todos os aspectos da sua vida — seus relacionamentos com
amigos e familiares, como você e os outros veem você, seu trabalho e até
mesmo como você pensa sobre seu passado. Na escrita de hoje, comece a
pensar em como essa agitação está afetando sua vida em geral. Você também
pode escrever sobre como pode ser responsável por alguns dos efeitos do
trauma.

Como antes, escreva continuamente por todos os vinte minutos e abra


seus pensamentos e sentimentos mais profundos. No nal da sua escrita,
preencha o questionário pós-escrita.

Pensamentos pós-escrita, segundo dia

Você completou o segundo dia do exercício de escrita de quatro dias.


Antes de guardar sua escrita para o dia, preencha o seguinte questionário.
Coloque um número entre 0 e 10 em cada pergunta.

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0— De jeito nenhum

5— Um pouco

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Agora você tem dois dias de escrita para comparar. Como a escrita de
hoje se compara ao seu primeiro dia de escrita? Você notou que seu tópico
estava mudando? E o jeito que você estava escrevendo? Entre agora e sua
próxima sessão de redação, pense no que você escreveu. Você está
começando a ver as coisas sob uma luz diferente? Como a escrita está
afetando suas emoções?

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Agora dê a si mesmo um pouco de tempo para se afastar da sua
escrita. Até amanhã.

Instruções de escrita do terceiro dia

Parabéns! Você passou por dois dias de escrita. Depois de hoje, você
terá apenas mais um dia de escrita. Amanhã, então, você encerrará sua
história. Hoje, no entanto, é importante que você continue a explorar seus
pensamentos e emoções mais profundos sobre os tópicos que você tem
abordado até agora.

Na superfície, a tarefa de escrita de hoje é muito semelhante às


atribuições anteriores. Em sua escrita de hoje, concentre-se nos mesmos
tópicos que você tem examinado ou mude seu foco para outro trauma ou para
outra característica do mesmo trauma. Seu principal objetivo, no entanto, é se
concentrar em suas emoções e pensamentos sobre os eventos que estão
afetando mais sua vida agora.

É importante que você não repita o que já escreveu nos últimos dois
exercícios. Escrever sobre o mesmo tópico geral é bom, mas você precisa
explorá-lo de diferentes perspectivas e de maneiras diferentes. Enquanto você
escreve sobre essa agitação emocional, o que você está sentindo e
pensando? Como esse evento moldou sua vida e quem você é?

Na escrita de hoje, permita-se explorar essas questões profundas sobre


as quais você pode ser particularmente vulnerável. Como sempre, escreva
continuamente os vinte minutos inteiros.

Pensamentos pós-escrita, Dia 3

Você completou o próximo ao último dia de escrita. Preencha o seguinte


questionário usando um número entre 0 e 10 para cada pergunta.

0 — De jeito nenhum

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1

5— Um pouco

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Na maioria dos estudos, o terceiro dia de escrita é altamente


signi cativo. Aqui, as pessoas podem descobrir problemas críticos —
problemas que estavam evitando. Enquanto as duas primeiras sessões de
escrita podem ser como colocar os dedos dos pés na água para ver se está
muito frio, no terceiro dia algumas pessoas estão prontas para entrar
completamente. Um segundo grupo de pessoas abre mais no primeiro dia. No
terceiro dia de escrita, eles podem estar cando sem energia. Ambos os
padrões estão associados à melhoria da saúde.

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Como no seu último exercício de escrita, tente comparar o que você
escreveu nas três sessões. Quais questões estão surgindo como mais
importantes para você? Você cou surpreso com algum dos seus sentimentos
enquanto escrevia? A escrita provocou algum pensamento durante os
períodos em que você esteve longe da sua escrita?

Lembre-se de que amanhã é o último dia do exercício de escrita de


quatro dias. As instruções para sua última tarefa serão muito parecidas com as
de hoje. Como será o último dia, no entanto, pense em como você vai amarrar
as coisas.

Agora mime-se um pouco. Até amanhã.

Instruções de escrita — dia quatro

Este é o último dia do exercício de escrita de quatro dias. Como nos


escritos dos dias anteriores, explore suas emoções e pensamentos mais
profundos sobre essas convulsões e problemas em sua vida que são mais
importantes e problemáticos para você. Ache-se e pense nos eventos,
problemas, pensamentos e sentimentos que você divulgou. Em sua escrita,
tente amarrar qualquer coisa que você ainda não tenha confrontado. Quais são
suas emoções e pensamentos neste momento? Que coisas você aprendeu,
perdeu e ganhou como resultado dessa agitação em sua vida? Como esses
eventos no passado guiarão seus pensamentos e ações no futuro?

Realmente desapegue-se ao escrever e seja honesto consigo mesmo


sobre essa agitação. Faça o seu melhor para encerrar toda a experiência em
uma história signi cativa que você possa levar com você para o futuro.

Pensamentos pós-escrita, dia quatro

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Você completou o último dia de escrita. Preencha o seguinte
questionário colocando um número entre 0 e 10 em cada pergunta.

0 — De jeito nenhum

5— Um pouco

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Hoje conclui o exercício básico de escrita de quatro dias. A maioria das


pessoas acha o último dia de escrita o menos agradável. Isso geralmente é um
sinal de que você está cansado de lidar com esse trauma e quer continuar
com outras tarefas da vida.

Você pode car tentado a revisar as várias amostras de redação,


respostas ao questionário e observações pessoais imediatamente após o

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quarto dia de redação. De fato, é importante fazer isso. No entanto, é
altamente recomendável que você tire pelo menos dois a três dias de folga do
exercício de escrita antes de revisitar sua escrita.

Antes de passar para a próxima experiência de escrita, faça uma pausa


na escrita e leia como os outros re etiram sobre sua experiência de escrita. Ou
apenas faça uma pausa de tudo e volte na próxima semana para começar sua
experiência de Escrita Transacional.

Como os participantes re etiram em sua escrita


expressiva

O ato de escrever sobre uma experiência traumática muitas vezes


apresenta uma mistura de sentimentos. Em suas pesquisas pós-escrita, você
respondeu a quatro perguntas para classi car sua experiência de escrita em
uma escala de um a dez. A maioria dos escritores indicou que foram capazes
de expressar seus pensamentos e sentimentos mais profundos em alto grau,
classi cando isso como um oito,Nove, ou dez. Pesquisas pós-escrita também
mostram, em média, que a escrita era valiosa e signi cativa na mesma medida
em que os escritores expressaram seus sentimentos mais profundos. Em
re exões sobre suas sessões de escrita expressiva, os escritores muitas vezes
discutiram a mudança de uma linguagem negativa para uma linguagem mais
positiva. Eles descrevem como o evento traumático, embora doloroso,
contribuiu com algo de bom para suas vidas ou os ajudou a se tornarem mais
compassivos consigo mesmos ou com os outros.

Muitas das pesquisas pós-escrita re etem realizações sutis e


expectativas para receber o futuro. Um participante escreveu: "Uma frase se
destacou para mim, que terminou com, 'e isso é o que eu não tenho
estabelecido no meu coração'... embora as coisas pareçam menos cruas, há

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um aspecto de estar perturbado sobre acolher o novo à sombra das coisas
passadas."

Nem todas as pesquisas pós-escrita mostram um movimento


dramático. No entanto, os escritores muitas vezes relatam como seus
pensamentos e sentimentos inesperados forneceram insights que eles
acreditam que foram descobertos porque escreveram.

Um participante completou uma pesquisa pós-escrita e re etiu


dessa maneira.

Pesquisa Pós-escrita — Tarefa de Escrita Expressiva

A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos: 10

B. Até que ponto você sente tristeza atualmente: 2

C. Até que ponto você se sente feliz atualmente: 10

D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para você:
10+++

Hoje eu fui para o próximo passo lógico na minha escrita, mais uma vez,
ganhando algum encerramento na história da minha educação. Tem sido a
saga contínua de empurrar e puxar, tecendo através de sentimentos de raiva e
uma profunda tristeza pela inocência perdida. Mas hoje, a partir de um novo
entendimento, meu foco mudou de se sentir como uma vítima para as
motivações dos meus pais — seus problemas, sua incapacidade de se
tornarem as pessoas que deveriam se tornar. Acabei expressando
agradecimentos e gratidão e z as pazes com o que eles me deram porque
isso me tornou a pessoa que eu sou.

Outro participante completou a pesquisa e re etiu de forma um


pouco diferente.

Pesquisa Pós-escrita — Tarefa de Escrita Expressiva

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A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos
mais profundos: 8

B. Até que ponto você sente tristeza atualmente: 7

C. Até que ponto você se sente feliz atualmente: 5D. Até que ponto a
escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para você: 9

Eu senti isso no meu corpo. Senti uma pontada dolorosa enquanto


escrevia. Fiquei ciente do pouco que me lembrei, mas também continuei
empurrando a caneta e acredito que não importava que eu não me lembrasse
de todos os rostos e detalhes. Isso trouxe à tona as emoções e descobriu
algumas crenças defeituosas— Mas ainda honrou minha confusão, linhas de
falha — É como quando os caixões se levantam em cemitérios baixos — eu
cheguei a um lugar de bondade para comigo mesmo.

Para outro participante, a escrita se tornou um meio de ver um eu


mais forte.

Hoje eu tive um senso de resistência à escrita, pois parecia chato e


distante escrever sobre isso novamente. Mas, então, a experiência se tornou
uma porta pela qual eu pude ver outro evento, mais recente, muito, muito
fresco, que ainda não conheço o impacto total na minha vida. O que eu
reconheci, no entanto, foi uma ameaça semelhante à identidade em um papel e
um relacionamento. De alguma forma, eu me sinto mais forte no presente.

Aqui está como um participante descreveu todos os quatro dias de


escrita.

Achei o trabalho com as quatro tarefas diferentes do que eu esperava.


Eu acho que o que eu esperava era tristeza e arrependimento e um "oh bem, é
assim que é" sentimento.

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Comecei no primeiro dia, sentado em silêncio e comecei a escrever,
comprometido apenas em ser o mais honesto possível e a não censurar minha
escrita. Eu estava escrevendo sobre alguns eventos que ocorreram há cerca de
20 anos, entre as idades de cerca de 18 e 22 anos. Fiquei chocado quando as
palavras que vi surgindo na minha página estavam com raiva e selvagens. Eu
não esperava tanta raiva, tão agressivamente expressa. No segundo dia de
escrita, minhas palavras mudaram e eu vi a tristeza surgir debaixo da raiva crua.
Uma tristeza profunda e angustiada, que no terceiro dia mudou para tristeza —
tristeza pelo profundo impacto que esses eventos tiveram na minha vida e pela
sensação de perda que senti.

Mas o quarto dia foi interessante. Até agora, minha história parecia com
raiva, depois triste, cheia de desespero, mas quando comecei a escrever para
o quarto dia para reunir o signi cado na minha história, algo mudou. Eu tinha
imagens das muitas coisas maravilhosas que experimentei durante a minha
vida também, as aventuras, as muitas pessoas notáveis que conheci. Eu vi
outras coisas que estavam presentes — e maiores — por causa da busca e da
busca que esses eventos anteriores haviam inspirado. Resiliência, compaixão,
graça, humor, ternura, atenção plena. Eu também vi como minha maneira de
responder aos eventos foi profundamente in uenciada por um contexto cultural
e social que era conservador e patriarcal, mas que eraApenas uma perspectiva.
Tive a sorte de que este programa de redação veio ao mesmo tempo em que
eu estava concluindo um curso de coaching de saúde integrativa e os dois
juntos tiveram um efeito tão profundo. Uma gratidão veio sobre mim e um novo
senso de propósito e terra. Nova esperança para facilitar a transformação na
vida dos outros, como muitos têm para mim. Um sentimento renovado de paz
e con ança comigo mesmo. Sou grato por essa nova perspectiva.

O que é interessante nessas respostas e outras como elas é como os


escritores descobrem signi cado e signi cado enquanto escrevem. Eles estão
moldando sua história no ponto de enunciado. Embora eles comecem a

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escrever sobre um evento no passado, muitas vezes terminam sua escrita de
uma maneira que molda seu presente.

Olhando para a linguagem no último exemplo, vemos como esse


escritor passa de palavras descritivas negativas, como raiva e selvagem,
expressa agressivamente, raiva crua, tristeza profunda e angustiada, tristeza
para expressões mais positivas, como maravilhosa, notável, resiliência,
compaixão, graça, humor, ternura, atenção plena. O escritor conclui com
"gratidão" e um "novo senso de propósito e fundamentação", "um senso
renovado de paz", "con ança em mim mesmo" e "uma nova perspectiva".

A experiência de cada escritor é única.

Quando estiver pronto, olhe para sua escrita e suas respostas ao que
você escreveu. Ler o que os outros escreveram e comparar isso com o que
você escreveu pode fornecer informações. Mas tenha em mente que sua
resposta é tão única quanto você. Por mais interessantes que outras respostas
sejam, as suas são mais importantes para a sua saúde. Observe suas escolhas
de palavras. Eles são negativos, positivos ou uma mistura? Quais são os
pronomes predominantes? Há movimento na sua história ou sua história
permanece a mesma? Há alguma mudança na sua perspectiva ou apreciação
por outro ponto de vista? Você já descreveu quais coisas aprendeu, perdeu e
ganhou como resultado dessa convulsão? Você descreve como esses eventos
passados orientam seus pensamentos e ações no presente e no futuro?

Antes de ir para o próximo capítulo e a próxima experiência de escrita,


faça uma pausa. Volte na próxima semana para começar sua experiência de
escrita transacional. Enquanto isso, faça algo que você gosta de fazer e seja
gentil consigo mesmo.

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Escrita transacional

O que é cura, mas uma mudança de perspectiva?

Mark Doty, Heaven's Coast

Bem-vindo à segunda semana de Transforme sua saúde: Escreva para


curar. Parabéns por terminar algumas tarefas muito desa adoras na escrita
expressiva na semana passada. Seu trabalho da semana passada deve
fornecer uma boa base para entrar na tarefa desta semana: redação
transacional.

A escrita transacional é mais formal do que a escrita expressiva, embora


o conteúdo possa ser tão pessoal. A escrita transacional geralmente ocorre em
pro ssões ou negócios; oferece uma troca de algum valor, atende às
expectativas de outro, ou completa uma obrigação. Por uma questão de
escrita para cura, considere que sua escrita transacional cuida dos negócios
de sua vida emocional, sejam novos negócios ou negócios inacabados, a m
de expressar compaixão, empatia ou gratidão.

O objetivo da escrita transacional é completar uma troca de


pensamentos, crenças e sentimentos com outra pessoa. Para sua atribuição
transacional, você também pode considerar algum aspecto de si mesmo como
público. Por exemplo, você pode escrever uma carta de compaixão, empatia
ou gratidão ao seu antigo eu, ao seu futuro ou a outro aspecto de si mesmo.
Muitos participantes fazem isso, mas a maioria escreve para outra pessoa: um
amigo, um membro da família ou um outro signi cativo. Às vezes, os
participantes escrevem para uma gura de autoridade, às vezes para um
estranho que desempenhou um papel importante em uma experiência.

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Não enviado ou enviado. Não se preocupe em enviar as cartas que você
escreve como parte desta redação transacional. Na verdade, pode ser
inteligente não enviar as cartas que você escreve para este exercício. Este
exercício é, em última análise, para a sua saúde mental, não para o
destinatário pretendido. Depois de terminar o exercício e tirar alguns dias de
folga, volte e olhe para suas cartas e considere se o envio das cartas seria
bené co para outros. Se seus escritos não bene ciariam claramente a pessoa
para quem você escreveu, não os envie.

Observar convenções. Ao contrário da escrita expressiva, a escrita


transacional observa algumas convenções comuns para cartas, como uma
saudação e um encerramento. No ato de escrever qualquer carta, o escritor
intencionalmente se torna consciente de outra pessoa, e essa consciência
in uencia muito a escolha das palavras, a ordem das palavras e até mesmo a
pontuação e a estrutura da frase. Portanto, em maior medida do que a escrita
expressiva, a escrita transacional observa convenções de linguagem e estilo,
como gramática, ortogra a e pontuação, tanto quanto o escritor é capaz.

Mudar a perspectiva. Tenha em mente: um princípio orientador da


escrita transacional é tornar-se consciente da perspectiva do outro, e uma
característica de nidora da escrita transacional é comunicar uma mensagem.
No entanto, não se preocupe com as convenções como seu foco imediato ou
principal. Em vez disso, concentre-se em comunicar seus pensamentos,
sentimentos, crenças, opiniões e julgamentos a outra pessoa. Você é
encorajado a escrever quantos rascunhos da sua carta desejar, então não se
preocupe em escrever um primeiro rascunho perfeito.

Vamos começar.

Sua atribuição na escrita transacional

Leia as três opções abaixo e escolha a que melhor atende aos seus
propósitos. Ou você pode decidir combinar elementos de cada opção, mas

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precisa escrever apenas uma carta para esta tarefa. Claro, se você não
consegue resistir a fazer mais, então vá em frente.

Escolha #1 — A carta compassiva

Imagine se alguém que você ama, seu amigo mais próximo, seu lho,
seu parceiro ou seu parceiro tivesse sofrido o mesmo trauma ou traumas sobre
os quais você escreveu em sua tarefa de escrita expressiva.

De uma maneira compassiva e respeitosa, escreva uma carta com


conselhos com base na sua experiência. Você também pode fazer qualquer
um ou todos estes:

> Escreva sobre o que você gostaria de ter sabido, mas aprendido mais
tarde, e o que você imagina que eles podem aprender com o evento.

> Escreva sobre as maneiras pelas quais você está crescendo agora e
como eles também podem crescer.

> Escreva sobre quaisquer benefícios da crise.

> Escreva sobre o que seu ente querido pode ter aprendido sobre si
mesmo ao passar por essa di culdade.

Nesta carta ao seu ente querido, use palavras encorajadas de


esperança, conforto e conselhos.

Escolha #2 — A carta empática

Simbolicamente, tire sua licença do passado e siga em frente


compondo uma carta para si mesmo ou para outra pessoa envolvida no
evento angustiante que você descreveu em suas sessões de escrita
expressiva anteriores. Tente entender por que essa pessoa fez, disse ou agiu
da maneira que fez. Você não está dizendo que o que aconteceu é certo, justo
ou justo. Em vez disso, você está tentando entender e ter empatia. Comece a

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partir da suposição de que a pessoa não é uma pessoa ruim; ela apenas fez
algo que te machucou ou que você não entende. O que eles poderiam estar
pensando?

> O que poderia ter acontecido com eles no passado para fazê-los fazer
o que zeram?

> O que eles poderiam ter sentido como zeram, e o que poderiam ter
sentido depois?

> Como eles se sentem agora?

O objetivo desta carta é entender como essa pessoa se sente sobre o


evento.

Escolha #3 - Carta de gratidão

Escreva uma carta para alguém em sua vida para agradecê-lo por algo
que eles lhe deram, ensinaram ou inspiraram em você. Vá direto ao ponto e
não se desculpe por não ter escrito antes. Imagine como o destinatário pode
se sentir quando ler sua carta. Descreva seu relacionamento com eles e o
contexto para esta ocasião. Descreva o dom, a habilidade ou a inspiração que
você recebeu ao conhecê-los. Na sua carta, diga a eles:

> O que o presente deles signi cou para você quando você o recebeu.

> Como você se sentiu sobre isso então e agora.

> Como você usou este presente ou a habilidade ou a inspiração que


recebeu deles.

> Como sua vida foi enriquecida pelo que você recebeu deles e pela
presença deles em sua vida.

Quando você tiver feito sua escolha sobre qual carta escrever, escreva a
carta do início ao m. Depois de terminar de escrever o primeiro rascunho,
volte e altere ou adicione o que quiser. Reescreva conforme necessário até que

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sua carta seja tão boa quanto você puder. Você pode fazer tudo isso em um
dia, ou re etir sobre o que escreveu e terminá-lo no dia seguinte.

Lembre-se de que toda a escrita para esta sessão é con dencial. Você
pode compartilhá-lo se quiser, mas não há expectativa de que você realmente
envie esta carta — ou qualquer uma das cartas, se você escrever mais de
uma. Se você enviá-lo, certi que-se de que ele ajudará o destinatário. Escrever
a carta, mesmo sem enviá-la, é tudo o que você precisa fazer para se ajudar.

Quando estiver satisfeito com a maneira como fez a redação


transacional como assinatura, re ita sobre sua experiência e preencha a
pesquisa pós-escrita abaixo.

Pesquisa pós-Escrita — Atribuição de escrita


transacional

Parabéns! Você completou sua experiência de escrita transacional.


Preencha o seguinte questionário. Coloque um número entre 0 e 10 da escala
abaixo para cada pergunta.

0 — De jeito nenhum

5— Um pouco

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10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

— D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde. Faça uma pausa antes de ir para o próximo
capítulo e a próxima experiência de escrita.

Você pode querer ler como os outros re etiram sobre sua experiência
de escrita, ou você pode querer relaxar e não pensar em escrever agora.
Ambos estão perfeitamente bem! Volte na próxima semana para começar sua
experiência de escrita poética. Enquanto isso, faça algo que você goste de
fazer e seja gentil consigo mesmo.

Re exões sobre escrita transacional

Um participante escreveu isso em sua resposta à sessão de


redação transacional.

Escrevi uma carta empática para minha ex-mulher. Fomos casados por
32 anos e nos divorciamos há 20 anos. Nos encontramos algumas vezes por
ano na casa da minha lha e nos damos bem. O divórcio foi muito traumático
para mim e difícil para ela (embora ela tenha solicitado). Minha carta expressa
minha tentativa de entender e simpatizar com o que imagino serem os
sentimentos dela sobre o nosso casamento. Pensei nos sentimentos dela
muitas vezes, mas esta foi a primeira vez que escrevi sobre eles. A carta foi

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difícil de escrever e me deixou com sentimentos tristes e arrependidos. Eu
certamente não me sinto feliz pensando no casamento e no divórcio, mas sinto
uma sensação maior de calma e encerramento depois de escrever a carta. A
experiência tem sido, portanto, muito produtiva.

Outro participante re etiu dessa maneira.

Acabei escrevendo duas cartas, embora não tivesse planejado


inicialmente. Eu escrevi pela primeira vez a carta compassiva e achei que isso
muda profundamente a perspectiva. Construído sobre a tarefa de escrita
expressiva, aprofundou e expandiu o signi cado e a história que eu havia
escolhido para seguir em frente. Também me deu mais clareza sobre como eu
tinha cado preso em um ponto de vista e no pensamento habitual. Esse ponto
de vista, sendo apenas uma das verdades da situação. Também me deixou tão
consciente de como posso, em muitas situações da vida, julgar os outros a
partir de uma perspectiva cultural ou "norma" social, em vez de procurar "ver"
e conhecer a pessoa.

Embora minha escrita recente [expressiva| não tenha sido diretamente


relacionada ao meu pai, isso me trouxe a uma compreensão mais profunda de
como o pensamento do meu pai me in uenciou. De muitas maneiras, ele tem
sido um pai gentil e dedicado, mas sua visão de mundo de escassez, medo e
perfeccionismo e sua baixa auto-estima (muitas vezes levando a um
comportamento narcisista) afetaram profundamente nossa família.

Na segunda carta, pude expressar meus sentimentos sobre isso, vê-lo


no contexto de sua infância e entender melhor de onde sua visão de mundo
pode ter vindo. Eu também poderia expressar tristeza por ele não ter sido
capaz de lidar com isso com autoconsciência como adulto, mas acabei
sentindo um tipo de aceitação e compaixão.

Ambas foram experiências profundamente signi cativas para escrever.

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Aqui está o que um participante disse sobre uma carta de gratidão
que ele escreveu para si mesmo.

Escrevi uma carta de gratidão àquela parte de mim que me protegeu de


muitos dos efeitos do trauma signi cativo que experimentei quando criança. Eu
vi mais claramente o trabalho incrível que a parte "protetora" de mim fez,
segurando a dor, o auto-ódio, a depressões e a ansiedade que vieram como
resultado do trauma. Sinto-me feliz que a descrição do trabalho do meu
protetor tenha sido alterada e que ele não tenha mais que suportar essa carga
que nunca foi realmente destinado a suportar.

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Escrita poética

... nossas vidas, qualquer vida, é digna de poesia.

A experiência de qualquer ser humano é digno de poesia.

— Philip Levine

Bem-vindo à terceira semana de Transforme sua saúde: Escreva para


curar. Parabéns por terminar as tarefas na redação transacional na semana
passada. Seu trabalho das últimas duas semanas deve fornecer uma boa base
para a mudança para a tarefa desta semana: escrita poética.

Muitos de nós obtêm nossa de nição de escrita poética a partir de


nossas experiências escolares, e consideramos a escrita poética algo que
requer um dom especial — ou pelo menos uma inclinação para ritmo e rima.
Mas deixe-me garantir que nenhuma experiência anterior ou a nidade com a
escrita de poemas é necessária para essas tarefas.

Para entender a escrita para curar, pense na escrita poética de forma


mais ampla do que você poderia ter aprendido na escola. Ao escrever para
saúde e cura, a escrita poética expressa a condição humana usando
linguagem gurativa e estruturas narrativas. A escrita poética pode então
incluir — mas não se limita a — escrever um poema ou uma narrativa. As
características de nidoras da escrita poética são metáfora, analogia, estrutura
narrativa, caráter e descrições imaginativas de con gurações.

Esta semana haverá duas sessões de escrita, uma sobre atenção plena
e outra sobre conexões mente/corpo. Cada sessão de escrita poética começa
com uma atividade de pré-escrita que incentiva você, através de perguntas e
discussões, a se concentrar na atenção plena ou nas conexões mente/corpo.
Pense na pré-escrita como um exercício de aquecimento para seus músculos

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de escrita. A pré-escrita ajuda você a descobrir o que tem a dizer. Depois de
terminar de pré-escrever, você lerá um poema escrito por um participante de
um programa de seis semanas Transform Your Health: Write to Heal. Pense
neste poema como um modelo para o seu próprio poema. Ou pense no
poema de exemplo como um andaime. Sua estrutura básica, incluindo
palavras temáticas, comprimento da linha, ritmo, metáfora e repetição, servirá
como um guia para o seu próprio poema. Aqui está uma atividade de pré-
escrita para você começar a escrever um poema de atenção plena.

Pré-escrita para poema de Atenção Plena

Respire fundo ou duas ou três. Respire no diafragma. Devagar. Observe


o ritmo da sua respiração, como seu corpo se move quando você respira
profundamente. Torne-se consciente de seus pensamentos como um
observador que não está envolvido nos pensamentos. Apenas tome
consciência. Esteja presente sem julgamento, sem tentar resolver um
problema ou continuar um diálogo.

Relaxe e deixe as palavras virem naturalmente. Não se preocupe com a


forma. Apenas deixe as palavras virem. Desligue o crítico interno. Esteja atento
às suas palavras que aparecem na tela enquanto pressiona as teclas com
letras, ou esteja atento à sua caneta ou lápis se movendo pela página. Deixe a
sala cair e concentre-se apenas na sua escrita.

Escreva sobre o seu primeiro pensamento enquanto está deitado na


cama acordando esta manhã. Descreva sua consciência do novo dia antes de
sair da cama. Qual era o seu primeiro pensamento? Como você dormiu?
Descreva quaisquer sonhos de ontem à noite. Descreva quaisquer
preocupações que você possa ter tido quando acordou. Descreva seu primeiro
vislumbre do clima do dia quando você saiu da cama.

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Descreva como você se sentiu ao sair da cama, física e
emocionalmente. Descreva seus preparativos matinais enquanto se prepara
para o seu dia. Descreva o que você comeu no café da manhã. Escreva sobre
suas atividades matinais. O que você gostou? Descreva seu ritmo ou seu ritmo
matinal. Descreva sua hora do almoço. Você comeu sozinho? O que você
comeu? Beber? Qual foi a melhor parte? Escreva sobre sua tarde. Descreva
qualquer música ou programa de rádio que você ouviu, ou descreva suas
preocupações ou quaisquer pensamentos recorrentes ao longo do dia. Que
planos você tem para a sua noite ou para o tempo depois de terminar de
escrever? Como você se sente sobre esses planos? Como este dia se encaixa
no resto da sua semana?

Poema de Atenção Plena

Agora leia o poema abaixo. Um participante do workshop usou o poema


de Jane Kenyon "Otherwise" como andaime para seu próprio poema (http://
www.poemhunter.com/poem/otherwise/). Em outras palavras, ela usou as
metáforas, o comprimento da linha, as palavras temáticas, os ritmos e as
repetições de Kenyon como modelo para escrever seu próprio poema sobre
estar atenta ao seu dia. Leia este poema original em voz alta duas vezes,
depois escreva o seu próprio.

Senão
Por um participante

Eu saí da cama,

Lençóis sedosos, gato branco ronronando,

poderia ter sido de outra forma.

Eu quei encantado

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Em uma xícara de chá quente.

Poderia ter sido de outra forma.

Eu brinquei com meus lhos

na minha cama. Risos, cócegas, alegria.

A manhã toda, eu li, escrevi e corri,

algumas das minhas coisas favoritas.

Ao meio-dia eu me diverti com um banho quente,

depois fui para a casa de um amigo.

Poderia ter sido de outra forma.

Nós jantamos, marroquino e delicioso,

Bebeu vinho, compartilhou histórias, riu, comeu mais, bebeu mais.

Amizade. Poderia ter sido de outra forma.

Eu dormi em uma cama,

Hortênsias do lado de fora da minha janela,

Obras de arte dos meus lhos nas paredes e planejei outro dia,

Assim como este.

Mas um dia, eu sei que será de outra forma.

Depois de ler este poema em voz alta duas vezes, tente escrever um
poema sobre estar atento ao seu dia. Use sua pré-escrita para conteúdo, se
desejar. Use o tema, ritmo ou repetições do poema como andaime para o seu
próprio poema, ou crie seu próprio tema, ritmo ou repetições. Se você quiser,
sinta-se à vontade para começar com a linha: "Eu saí da cama..."

Pesquisa Pós-Escrita — Atribuição de Atenção


Plena

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Parabéns! Você completou sua experiência de escrita de atenção plena.
Preencha o seguinte questionário. Coloque um número entre 0 e 10 da escala
abaixo para cada pergunta.

0 — De jeito nenhum

5— Um pouco

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Depois de terminar o poema de atenção plena, faça uma pausa.


Provavelmente é melhor esperar até o dia seguinte para começar o poema de
conexão mente/corpo.

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Pré-escrita para um poema de conexão mente/
corpo

Após suas instruções de pré-escrita, há um poema de conexão mente/


corpo de um participante de um programa de seis semanas Transform Your
Health: Write to Heal. Pense neste poema como um modelo para o seu próprio
poema. Ou pense no poema de exemplo como um andaime. A estrutura
básica do poema, incluindo palavras temáticas, comprimento da linha, ritmo,
metáfora e repetição, guiará seu próprio poema. Aqui está uma atividade de
pré-escrita para você começar um poema de conexão mente/corpo.

Reserve alguns momentos para pensar em como descrever seu corpo e


sua relação com ele. Quanto de você é o seu corpo? Onde você está se não é
o seu corpo? O que você é se não é o seu corpo? Sabemos que há uma
relação entre nossos pensamentos e nosso corpo porque experimentamos um
pensamento e depois uma resposta em nosso corpo a esse pensamento,
certo? Pense em corar. Pense em unhas em um quadro de giz. Pense em
arrepios.

Quando você responder às perguntas acima, deixe as palavras virem


naturalmente. Não se preocupe se as respostas não chegarem rapidamente.
Escreva o que vier à mente em relação às perguntas.Agora escaneie seu corpo
da cabeça aos pés e de um lado para o outro. Seja tão no quanto quiser, até
a sarda, se quiser. Não se preocupe com o seu formulário ou faça julgamentos.
Apenas descreva o que você observa. Deixe as palavras virem. Desligue o
crítico interno. Esteja atento às letras que se movem pela sua tela, ou sua
caneta ou lápis se movendo pela página, e as palavras preenchendo o espaço.
Esteja atento a um velho amigo que está diante de você no olho da sua mente.
Deixe a sala cair e concentre-se apenas na sua escrita. Ninguém pode te ver
ou saber sobre o que você está escrevendo.

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Escreva sobre seu primeiro pensamento quando ler "descreva seu
corpo". Descreva sua consciência de si mesmo. Quais são seus principais
pensamentos sobre o seu corpo? Como você gosta de todo o seu eu
enquanto se imagina nu e em pé diante de um espelho? Escreva sobre as
partes que você gosta e não gosta, se for esse o caso.

Escreva sobre suas pernas, braços, pés, mãos, cabelo, olhos, lábios,
barriga ou qualquer outra parte com a qual você gostaria de conversar. O que
você gostaria de dizer às suas partes individuais e ao seu corpo como um
todo? Escreva sobre partes do corpo que você não consegue ver. Seus
órgãos. Suas células. Seus ossos. Suas articulações. Descreva todos eles, se
quiser. O que você gostaria de dizer a eles, que eles saibam, que eles
entendam sobre você? Descreva seu cérebro e onde a capacidade de escrever
reside e está tomando decisões, mesmo enquanto você digita ou escreve
agora mesmo. Que parte da sua mente é o seu cérebro, ou a sua mente é
parte do seu cérebro? Onde é aquele lugar onde você se lembra de um sonho
ou de algum sonho de ontem à noite ou da noite anterior? Descreva quaisquer
preocupações com uma parte do corpo que você possa ter quando acordar de
manhã. Descreva seu primeiro vislumbre de si mesmo no espelho depois de
sair da cama hoje. Você parecia melhor ou pior do que se sentia? Descreva o
lugar onde você acredita que esse sentimento reside. Que história seu corpo
contaria sobre você?

Agora escreva sobre uma parte do seu corpo com a qual você teve um
relacionamento desa ador, ou uma com a qual você teve um bom
relacionamento depois de aprender aAjuste sua atitude sobre isso. Talvez você
não tenha gostado dessa parte e tenha tentado mudá-la. Talvez haja uma
parte que você goste e tenha aprendido a mostrá-la. Talvez você queira usar
uma mortalha durante todo o verão, ou anseia pelos dias que são tão frios que
as pessoas têm que usar parkas com capuz ou ternos de moto de neve. Talvez
seus olhos sempre tenham sido sua melhor característica e você saiba como
usá-los. Talvez haja outro recurso que você costumava pensar que não era tão
bom, mas agora você o usa a seu favor.

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Poema de conexão mente/corpo

Depois de terminar de escrever tudo o que pode pensar sobre seu


corpo, suas várias partes e como elas afetaram quem você é, leia este poema
de um participante do workshop que usou o poema Homage to My Hips de
Lucille Clifton (http:// www.poetryfoundation.org/poem/179615) como andaime
para uma parte do corpo com a qual ela teve um desa o, mas aprendeu a
apreciar. Vamos seguir o exemplo dela e prestar homenagem ao nosso corpo
ou a alguma parte dele.

Homenagem ao meu nariz


Por um participante

Este nariz é um nariz longo, é um nariz de família,

Precisa de liberdade,

Para ser apreciado pelo que é,

não gosta de ser descrito

com desdém,

Ele adora os aromas de comida e ores,

Cheira a beleza,

Este nariz é intuitivo,

Este nariz está guiando,

Eu conheci este nariz para

diagnosticar doenças, para me alegrar

com o cheiro de um lindo bebê recém-nascido.

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Agora tente escrever um poema sobre uma parte do seu corpo. Use sua
pré-escrita para conteúdo, se desejar. Use as metáforas, palavras temáticas,
comprimento da linha, ritmo ou repetições do poema como andaime para o
seu próprio poema ou crie seu próprio tema, ritmo ou repetições.

Pesquisa pós-escrita — Atribuição de escrita


mente/corpo

Parabéns! Você completou sua segunda experiência de escrita poética.


Preencha o seguinte questionário. Coloque um número entre 0 e 10 da escala
abaixo para cada pergunta.

0 — De jeito nenhum

5— Um pouco

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

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__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Você pode ler abaixo como os outros re etiram sobre sua experiência
de escrita, ou simplesmente voltar a escrever na próxima semana para
começar sua experiência de contar histórias. Enquanto isso, faça algo que
você goste de fazer e seja gentil consigo mesmo.

Re exões sobre escrita poética

O participante, cujos poemas usamos como andaimes, respondeu às


sessões de escrita poética assim.

Gostei imensamente dessa tarefa, embora me sentisse bastante


"desajeitado". Isso me lembrou o quanto eu amo poesia. Palavras, expressas
em um poema, me movem e são poderosas. Eles evocam todos os
sentidos......

Caso contrário, era de fato uma prática de atenção plena, para mim. Isso
me trouxe ao momento. Isso me fez car rme na normalidade da minha vida
— e de repente me encontrei cheio de gratidão pela extraordinária que
encontrei lá, apenas olhando mais de perto, mais intencionalmente.

A segunda parte da tarefa me deixou ciente da minha conexão mente-


corpo. Isso me fez perceber que meus pensamentos e ideias são expressos de
muitas maneiras, através do meu corpo. Isso me fez perceber o quanto eu
valorizo um corpo forte e saudável, um corpo resiliente. Isso me fez querer
cuidar do meu corpo, agradeça a ela por tudo o que ela faz por mim. Eu
escrevi pela primeira vez sobre meus braços — escrevendo "seguro" para mim.
Mas então eu passei a escrever sobre o meu nariz — o relacionamento mais
desa ador — e isso realmente me encheu de senso de humor (sobre o quão

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engraçados alguns dos meus pensamentos sobre o meu nariz têm sido!) E
gratidão — que no grande esquema das coisas, o que é um nariz longo de
qualquer maneira? Estou feliz por cheirar tantas coisas maravilhosas e adorar
comida!

Outro participante respondeu assim.

Fiquei realmente surpreso! Eu não sou poético ou leio muitos poemas


além dos Salmos, mas a estrutura ou o andaime me permitiram não me
preocupar se eu poderia escrever umPoema ou não e imediatamente me
transportou para um lugar adorável onde meus pensamentos poderiam uir
livremente com os avisos servindo como degraus. Na verdade, quei chocado
por realmente ter gostado disso.

Um participante descreveu a experiência dessa


maneira.

Através desses exercícios, a rmei a vida maravilhosa que é minha, bem


como o fato de que o que me faz verdadeiramente feliz são os prazeres simples
da vida. Também percebi que conscientemente sinto minha alma na minha vida
diária regularmente. Isso requer prática.

E outra participante escreveu isso sobre a experiência


dela.

Isso me fez parar e apreciar o que tenho na minha vida. Mais do que as
outras tarefas de escrita, eu vi a conexão com a atenção plena. Nos outros
tipos de escrita em que a caneta nunca para, é difícil para mim sentir a atenção

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plena, porque o uxo da caneta se sente um pouco como o uxo dos
pensamentos na minha cabeça. Essa experiência de escrita foi mais deliberada
e me fez focar no que estava presente agora na minha vida.

Muitas vezes eu escrevo junto com os participantes e concluo as tarefas


sozinho. Seguindo o andaime do poema de Jane Kenyon, consegui chegar a
um lugar conscienteSobre os meus dias. Isso me lembrou que mesmo os dias
mais comuns são requintados do ponto de vista de Caso contrário." Cheguei a
um lugar de gratidão pela ordinário e rotina dos meus dias e elogiei sua falta de
drama — porque às vezes sei que é diferente.

Quando segui o andaime do poema de Lucille Clifton, me vi retornando


ao meu coração - não ao romântico e não ao órgão, mas ao meu coração
abstrato, aquele volante interno que continua girando, continua me fornecendo
resiliência e seu toque de graça.

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Contar histórias

Nós contamos histórias para viver. . Interpretamos o que vemos, selecionamos


a mais viável de várias opções. Vivemos totalmente, especialmente se somos
escritores, pela imposição de uma linha narrativa sobre imagens díspares,
pelas "ideias" com as quais aprendemos a congelar a fantasmagórica em
mudança, que é a nossa experiência real.

—Joan Didion, O Álbum Branco

Esta semana passamos para o contar histórias. Em geral, isso inclui


qualquer escrita criada com uma abordagem imaginativa. É a escrita que apela
aos nossos sentidos, usa expressão metafórica e usa as ideias discutidas no
Capítulo 7: uma descrição do cenário, um senso dos personagens principais,
uma descrição clara do evento ou perturbação, as consequências imediatas e
de longo prazo e o signi cado da história. Contar histórias pode ser cção,
ensaio pessoal ou não- cção criativa.

A tarefa desta semana tem várias etapas. O primeiro passo é ler não-
cção criativa. O segundo passo é escrever uma resposta a ele. O terceiro
passo é escrever sua própria peça de não- cção criativa. As instruções são
fornecidas para cada etapa.

Quando você terminar todas as três partes desta tarefa, pode lhe
interessar ler como dois participantes concluíram a tarefa e responderam à
escrita um do outro.

Passo Um: Lendo "Salvation"

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Leia a seguinte peça de não- cção criativa, "Salvation" de Langston
Hughes. Você pode descobrir que esta peça revela muitos insights sobre a
dinâmica familiar, especialmente aqueles que cercam as crenças religiosas de
uma família e o rito de passagem mal sucedido de um jovem. Mas estamos
usando a escrita de Hughes um pouco mais amplamente do que isso. Os
tópicos para sua escrita em resposta a Hughes não se limitam à religião ou
ritos de passagem. Ao ler, preste atenção ao tipo de palavras que Hughes usa,
especialmente ao uso da metáfora e ao contraste entre linguagem concreta e
literal.

Salvation
Langston Hughes

Eu fui salvo do pecado quando estava no treze. Mas não realmente


salvo. Aconteceu assim. Houve um grande reavivamento na igreja da minha tia
Reed. Todas as noites, durante semanas, houve muita pregação, canto, oração
e grito, e alguns pecadores muito endurecidos foram trazidos a Cristo, e os
membros da igreja cresceram aos trancos e barrancos. Então, pouco antes do
m do reavivamento, eles realizaram uma reunião especial para crianças, "para
trazer os jovens cordeiros para o rebanho". Minha tia falou sobre isso por dias
à frente. Naquela noite, fui escoltado para a primeira la e colocado no banco
dos enlutados com todos os outros jovens pecadores, que ainda não haviam
sido levados a Jesus.

Minha tia me disse que quando você foi salvo, viu uma luz, e algo
aconteceu com você lá dentro! E Jesus entrou na sua vida! E Deus estava com
você a partir de então! Ela disse que você podia ver, ouvir e sentir Jesus em
sua alma. Eu acreditei nela. Eu tinha ouvido muitos idosos dizerem a mesma
coisa e me pareceu que eles deveriam saber. Então eu me sentei lá
calmamente na igreja quente e lotada, esperando que Jesus viesse até mim.

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O pregador pregou um sermão rítmico maravilhoso, todos os gemidos e
gritos e gritos solitários e imagens terríveis do inferno, e então ele cantou uma
música sobre os noventa e nove cofres na dobra, mas um pequeno cordeiro
foi deixado de fora no frio. Então ele disse: "Você não virá? Você não virá até
Jesus? Cordeiros jovens, vocês não virão?" E ele estendeu os braços para
todos nós, jovens pecadores, lá no banco dos enlutados. E as meninas
choraram. E alguns deles pularam e foram até Jesus imediatamente. Mas a
maioria de nós acabou de se sentar lá.

Um grande número de idosos veio e se ajoelhou ao nosso redor e orou,


mulheres idosas com rostos pretos e cabelos trançados, homens velhos com
mãos de trabalho. E a igreja cantou uma música sobre as luzes mais baixas
estão queimando, alguns pobres pecadores para serem salvos. E todo o
prédio balançou com oração e música.

Ainda assim, eu cava esperando para ver Jesus.

Finalmente, todos os jovens foram ao altar e foram salvos, mas um


menino e eu. Ele era lho redondo chamado Westley. Westley e eu estávamos
cercados por irmãs e diáconos orando. Estava muito quente na igreja, e está
cando tarde agora. Finalmente Westley me disse em um sussurro: "Maldição!
Estou cansado de car sentado aqui. Vamos nos levantar e ser salvos." Então
ele se levantou e foi salvo.

Então eu fui deixado sozinho no banco dos enlutados. Minha tia veio e
se ajoelhou de joelhos e chorou, enquanto orações e canções giravam ao meu
redor na pequena igreja. Toda a congregação orou por mim sozinha, em um
poderoso lamento de gemidos e vozes. E eu continuei esperando serenamente
por Jesus, esperando, esperando — mas ele não veio. Eu queria vê-lo, mas
nada aconteceu comigo. Nada! Eu queria que algo acontecesse comigo, mas
nada aconteceu.

Ouvi as músicas e o ministro dizendo: "Por que você não vem? Meu
querido lho, por que você não vem a Jesus? Jesus está esperando por você.
Ele quer você. Por que você não vem? Irmã Reed, qual é o nome dessa
criança?"

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"Langston", minha tia soluçou.

"Langston, por que você não vem? Por que você não vem e é salvo?
Oh, Cordeiro de Deus! Por que você não vem?"

Agora estava cando muito tarde. Comecei a ter vergonha de mim


mesmo, segurando tudo por tanto tempo. Comecei a me perguntar o que
Deus pensava sobre Westley, que certamente também não tinha visto Jesus,
mas que agora estava sentado orgulhosamente na plataforma, balançando as
pernas e sorrindo para mim, cercado por diáconos e mulheres idosas de
joelhos orando. Deus não matou Westley por tomar seu nome em vão ou por
estar deitado no templo. Então, eu decidi que talvez para evitar mais
problemas, é melhor eu mentir também, e dizer que Jesus tinha vindo, e se
levantar e ser salvo.

Então eu me levantei.

De repente, a sala inteira invadiu um mar de gritos, quando me viram


subir. Ondas de alegria varreram o lugar. As mulheres se atiram no ar. Minha tia
jogou os braços em volta de mim. O ministro me pegou pela mão e me levou
até a plataforma.

Quando as coisas se acalmaram, em um silêncio silencioso, pontuado


por alguns "Amens" extáticos, todos os novos jovens cordeiros foram
abençoados em nome de Deus. Então o canto alegre encheu a sala.

Naquela noite, pela primeira vez na minha vida, mas uma porque eu era
um menino grande de doze anos — eu chorei. Eu chorei, na cama sozinho, e
não consegui parar. Eu enterrei minha cabeça debaixo das colchas, mas minha
tia me ouviu. Ela acordou e disse ao meu tio que eu estava chorando porque o
Espírito Santo havia vindo à minha vida e porque eu tinha visto Jesus. Mas eu
estava realmente chorando porque não aguentava dizer a ela que tinha
mentido, que havia enganado todos na igreja, que não tinha visto Jesus e que
agora não acreditava mais que havia um Jesus, já que ele não veio me ajudar.

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Passo Dois: Preparando-se para escrever sobre
"Salvation" e suas próprias experiências.

Considere estas perguntas para ajudar a orientar sua re exão. O que está
acontecendo à medida que a cena principal se desenrola? O que Hughes
sugere quando escreve: "Eu fui salvo do pecado quando estava indo com
treze. Mas não realmente salvo." Qual é a fonte de confusão para o jovem
Langston? Por que ele hesitou em se juntar aos outros no altar? Quais são as
principais guras de linguagem que se movem entre a linguagem gurativa e a
linguagem literal? Como seu conhecimento prévio ou experiência anterior
pode explicar o dilema de Langston? Escreva sobre o que você acredita que
está acontecendo em "Salvação" e explique como você acha que Hughes
pode ter incorporado sua experiência juvenil na igreja em sua vida adulta. O
que, se alguma coisa, na experiência de Langston ressoa com a sua própria
experiência?

Se você tiver problemas para começar, pule adiante no capítulo para ver
o que os outros escreveram em resposta a essas perguntas.

Passo Três: Crie uma pequena peça criativa de


não- cção

Imediatamente após terminar o Passo Dois — ou no dia seguinte, o que


for melhor — escreva uma história própria de cerca de 300-500 palavras. Em
sua escrita, conte a história de uma experiência pessoal que você teve onde
você foi capaz ou incapaz, disposto ou não disposto a completar um rito de
passagem familiar ou cumprir as expectativas da família. Atualize sua história
concluindo com o que você pensa sobre isso agora e como você incorpora
essa história ao tecido de sua identidade e sua vida agora.

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Pesquisa pós-escrita — Atribuição ao contar
histórias

Parabéns, você completou sua experiência de contar histórias.


Preencha o seguinte questionário. Coloque um número entre 0 e 10 da escala
abaixo para cada pergunta.

0— De jeito nenhum

5— Um pouco

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

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Exemplos de escrita e respostas de não- cção
Os exemplos oferecidos aqui são diferentes dos de outros capítulos
porque são retirados de uma versão on-line do Transform Your Health: Write to
Heal oferecido em setembro de 2012 através da Associação Internacional de
Escritores de Periódicos. Nos outros capítulos, eu disse que você poderia ler
os exemplos se quisesse. Neste capítulo, encorajo você a lê-los. Tudo bem se
você não zer isso, mas há alguns insights profundos a serem encontrados
aqui. Na versão on-line, os participantes zeram as mesmas atividades de
escrita que fariam em um workshop presencial, mas em vez disso usaram os
Grupos do Google para ler tarefas, visualizar as respostas dos outros às
tarefas e postar respostas para outras pessoas. Havia doze participantes neste
workshop on-line.

Você notará que a escrita está em uma forma ligeiramente diferente da


escrita nos capítulos anteriores. Em vez de compartilhar apenas o que os
participantes escreveram em pesquisas pós-escrita, estou incluindo respostas
mais completas de dois participantes. Em vez de re exões sobre o processo
de escrita deles, aqui está a escrita real deles em resposta a esta tarefa, meus
comentários sobre a escrita deles e também comentários de outro participante
do workshop. Adotar essa abordagem ligeiramente diferente pode ilustrar a
qualidade dinâmica desses escritos e padrões de resposta e o potencial de
engajamento e troca ricos entre os participantes de um workshop on-line.

Aqui está como um participante que desejava ser conhecido como


Irish Rose respondeu à não- cção criativa de Hughes.

Quando Hughes escreve que foi salvo do pecado, mas não realmente
salvo, ele signi ca que estava ciente de que não estava sendo el a si mesmo.
Ele hesitou em se juntar aos outros no altar porque estava esperando que
Jesus aparecesse a ele ou visse uma luz, isso não aconteceu. Isso lhe causou
profunda tristeza. Ele, como muitas crianças, con ava nos adultos da igreja.

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Hughes estava com medo de ser a única ovelha perdida porque
acreditava que sua salivação não era verdadeira. Isso o deixou triste porque
ninguém quer ir para o inferno, especialmente uma criança. Isso fez com que
ele casse com medo, mas ele era sincero e estava esperando por um sinal de
Jesus.

As pessoas na igreja estavam presas em uma alta emocional que beirava


a insanidade, mas Hughes, sendo uma criança, queria agradar aqueles ao seu
redor para serem aceitos e terminar o culto, já que era tarde e quente.

Hughes nalmente foi ao altar e chorou naquela noite na cama porque


isso o incomodou ao mentir. Ele chegou à conclusão de não acreditar em
Jesus, já que não veio para ajudá-lo.

Eu não duvidaria que quando Hughes se tornou adulto, ele nunca


permitiu que ele ou seus lhos fossem submetidos a crenças religiosas
radicais. Ele gostaria de proteger seus lhos e a si mesmo da culpa/vergonha
que eles doutrinam.

Eu teria di culdade em pensar que Hughes acreditaria em Jesus


novamente. Acho que por causa dessa experiência ele aprendeu a ser el a si
mesmo. Senti empatia por Hughes enquanto lia a história. — Irish Rose

Aqui está o que Irish Rose escreveu como resposta ao Passo Três.

Resgate

Minha mãe teve quatro lhos em cinco anos, eu era o mais novo e o
menos querido. Na verdade, minha mãe me dizia diariamente. Quando eu
nasci, ela estava muito zangada com seu casamento e sua vida em geral.

Depois que meus pais se divorciaram, nós nos mudamos. Minha irmã
teve que dividir um quarto comigo pela primeira vez. Ela sempre teve seu

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próprio quarto, e não estava feliz com esse arranjo. Ela era a mais velha, dois
irmãos estavam no meio. O quarto que nos foi atribuído era o maior quarto da
casa, com um pequeno closet de cada lado. A cama foi colocada sob as
janelas no centro da sala. Minha irmã desenhou uma linha invisível no centro da
sala, dizendo: "Nunca atravesse do meu lado do quarto, ou da cama, ou
então." Ela era cinco anos mais velha do que eu, uma garota atarracado,
enquanto eu parecia magra e frágil.

Minha irmã escolheu o armário à esquerda que tinha linóleo no chão e


paredes de papel de parede. Meu armário, à direita, à esquerda, muito a
desejar, mas eu não reclamei. Tinha largas tábuas de madeira não pintadas
com grandes lacunas no chão. O gesso estava caindo e muitas ripas
apareceram através de buracos no teto e nas paredes. O teto se inclinou com a
linha do telhado para que eu só pudesse me levantar na porta, caso contrário,
tive que me curvar para não bater a cabeça.

A porta do quarto estava na parede sul no meio da sala e a cama estava


sob as janelas em frente à porta, então car do meu lado não foi problema. O
que eu gostei nesse arranjo foi que a luz estava presa à parede do meu lado da
sala. Passei muitas horas satisfeitas sentado no chão, sob a luz, lendo. O
problema era muitas vezes no meio da noite enquanto eu dormia
profundamente, minha irmã me bateva no rosto com o punho, causava um
nariz ensanguentado, olho negro, me chutava no estômago ou abria minha
carne com as unhas.

Eu corria para o banheiro para lavar minhas feridas. Então ela me faria
trocar os lençóis antes que eu pudesse voltar para a cama, e me avisava se
isso acontecesse novamente, chegando muito perto do lado dela da cama, eu
não teria tanta sorte da próxima vez.

Depois de alguns anos dessa punição, por me mudar para a cama, sofri
de insônia e minhas notas estavam caindo na escola. Eu estava com tanto sono
que o professor cou embaçado e eu não conseguia me concentrar. Fiquei
quieto, retraído, com medo de ir para a cama e me ensinei a congelar na
posição, segurando a ligação da borda do colchão.

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Como todos amavam minha irmã, eu não sentia que havia ninguém com
quem eu pudesse conversar. Ela foi a primeira neta, nascida no aniversário do
meu avô, e a rainha da beleza da família. Ela mentiu e virou a maioria das
minhas tias, tios, avós e primos contra mim. Ela me chamava de "Bruxa" a
maior parte do tempo.

Eu tinha um primo que era sete anos mais velho que eu. Ele era gentil e
protetor. Ele amava crianças. Eu pensei que poderia ser seguro falar com ele
porque ele levou um tempo comigo, me ensinando a atirar, me ensinando os
nomes de árvores e ores silvestres. Ele até me ajudou a puxar ervas daninhas
no jardim. Finalmente, um dia, quando estávamos procurando por quatro
trevos de folhas no campo perto da casa, eu disse a ele [sobre como eu dormi).
Sua primeira expressão parecia indignada, mas depois ele disse: "Bem, vamos
ver o tamanho do seu armário". Juntos, mudamos a pesada cama dobrável de
aço da varanda da frente para cima para o meu armário. Nós varremos as teias
de aranha e encontramos uma folha velha. Ele disse: "Você deveria estar
seguro aqui." Agora, a cama não cava plana, pois as paredes eram muito
estreitas, então eu tive que dormir em uma posição sentada. Daquele momento
em diante, até minha irmã se casar, eu dormi em um armário minúsculo, sem ar
e sem janelas, onde às vezes fragmentos de gesso caíam sobre mim.

Aos olhos da minha família, minha irmã não podia fazer nada de errado,
então eu quei quieto. Minha família varreu coisas desagradáveis para debaixo
do tapete, ignorou-as ou manteve-as em segredo. Que eu saiba, ou ninguém
sabia que eu dormia no armário, ou eles não se importavam. Mas, eu estava
seguro por último e estou eternamente grato ao meu primo.

Essa experiência me ensinou a ser protetor, simpático e gentil com as


crianças. Isso me fez car mais confortável dormindo sozinho. Aprendi que não
mereço ser maltratado e agora tomo uma posição contra ações injustas e
agressores.

Aprendi que era muito indulgente, estava procurando amor e aceitação,


então tentei agradar os outros e permiti que eles me maltratassem. Aprendi que

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é aceitável não gostar de algumas pessoas. Eu posso perdoá-los, ou não, essa
é a minha escolha, e está tudo bem.

Não me sinto confortável no centro das atenções, mas gosto de trazer


felicidade aos outros, em particular. Há poucas fotos minhas quando criança
porque minha irmã prosperou com a atenção. Ela mentiu, causou problemas,
reclamou e era uma rainha do drama. Ela era barulhenta, abrasiva, irritante,
cruel e tinha uma história triste para contar a qualquer um que ouvisse.

Uma vez, durante uma das visitas do papai, eu estava sentado nas
escadas enquanto minha irmã falava com ele durante todo o tempo dele. Mais
tarde, ele me levou de lado e disse: "Não pense que eu não te amo tanto, mas
a roda estridente ca com graxa." Foi anos antes que eu entendesse o que ele
quis dizer.

Agora, eu abraço cada dia e aproveito as criações de Deus. Todo dia traz
alegria e gratidão pela beleza e bondade ao meu redor. Eu encontro paz em ver
uma folha cair suavemente e silenciosamente no chão, na música, arte, ioga,
viagens, leitura e escrita. Estou muito feliz por estar vivo, ver, ouvir, amar e
trabalhar. Sou grato pelo amor e amizade que minha lha e eu compartilhamos
e pelos meus dois preciosos netos.

Acho alegria em me voluntariar, ajudar veteranos, idosos, visitar a casa e,


recentemente, reunir um lho com seu pai biológico, que ele nunca conheceu e
teve muitos genealogistas procurando, por 25 anos. Este jovem agora tem tios,
tias, primos e um pai em Oklahoma. Ele está tão feliz quanto sua nova família.
Encontrei realização em fazer pequenas ações para ajudar os outros.

Sou el a mim mesmo, encontrei a paz porque aprendi que toda a luz
que precisarei está dentro de mim e meu objetivo é deixar memórias positivas e
amorosas para trás. — Irish Rose

Em resposta ao Irish, escrevi.

Caro Irish,

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Gostaria de saber se você se importaria de compartilhar como foi para você
escrever sobre o seu quarto em um armário? O que você sentiu ao escrever
sobre isso? Como se sentiu depois que você escreveu?

Casa de banho

O irlandês me responde.

Caro John,

Escrever "Rescue" foi emocionalmente exaustivo e trouxe de volta mais


memórias enquanto eu digitava. Eu me senti triste pensando na criança que
estava apenas tentando sobreviver.

Estar no meu armário me fez sentir seguro, mas muito sozinho e triste.
Meu primo acabou sendo meu protetor pelo resto de sua vida. Ele guardou
meus segredos, nunca me causou nenhuma dor e, a partir desse momento,
passou mais tempo em nossa casa. O armário nunca mais foi mencionado pelo
resto de sua vida.

Ele me disse que era a "Ovelha Negra" de sua família, nunca sentiu que
pertencia e também nunca foi favorecido, e no nal nós dois estaríamos
melhor. Ele sempre teve uma atitude positiva e me encorajou. Ele é meu herói
de infância. Ele é o único que me viu chorar e o único que me consolou.
Percebi enquanto escrevia que sofria de depressão durante a maior parte da
minha infância e aprendi desde cedo a esconder meus sentimentos reais.

Depois de escrever "Rescue", senti uma sensação de alívio, de deixar ir


completamente. Na verdade, eu não pensava no incidente há muitos anos, mas
ler "Salvação" acendeu muitas memórias e cicatrizes de infância. Suas
palavras, "Às vezes temos que fazer família daqueles que são capazes de nos

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amar em vez daqueles que deveriam nos amar." me trouxeram mais cura do
que as palavras poderiam expressar, eu agradeço.

Tudo de bom,

Irish Rose

Aqui está uma resposta ao Irish de T. Seddon, outro participante do


on-line Transform Your Health: Write to Heal.

Caro Irish,

Obrigado pela sua resposta ao meu poema. Eu sei que todos nós temos
cicatrizes e signi ca muito que o poema tenha te ajudado. Eu sei que às vezes
estou em desacordo com meu corpo e isso ajudou a reescrever a história como
um passado do qual estou avançando.

Também estou emocionado com sua escrita honesta sobre seu evento
familiar em "Rescue". Embora eu não tenha o mesmo evento com uma irmã ou
compartilhando um quarto, ainda entendi como era não ser acreditado ou
culpado por agitar as coisas. Eu era o mais velho com dois irmãos mais novos.
Esperava-se que meus irmãos lutassem e fossem um pouco agressivos, mas se
eu zesse coisas semelhantes, me disseram que estava sendo "Irritário." Em
outros casos, quando eu era intimidado na escola, meus irmãos (que eram
mais populares) reviravam os olhos e diziam que eu estava sendo dramático.
Nos últimos anos, minha mãe começou a reconhecer as desigualdades que
ocorreram. Mas é extremamente doloroso ser de alguma forma invisível em sua
própria família. Estou impressionado que você tenha ganhado tanta força e
empatia de uma situação difícil.

Eu amo o fato de você ser " el a si mesmo"! Seddon T.

Irish escreve de volta para T. Seddon dessa maneira.

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Obrigado Seddon pela sua resposta a "Resgate". Devo admitir que
foram muitos anos antes de aprender a ser " el a mim mesmo". A vida é
interessante e essa aula me ajudou a me abrir. Na verdade, z tudo o que pude
para ganhar o amor e a aprovação da minha irmã até os últimos anos. Ela
sempre se aproveitou de mim e me causou tristeza até que eu percebi que não
tinha respeito por ela e a deixei ir. Agora, estou feliz por estar livre do drama e
percebi que tenho muitas irmãs [amigas), que me respeitam e me encorajam.

Seu incentivo tem sido refrescante, eu agradeço. Seu poema foi uma
grande inspiração para mim, eu te agradeço.

Tudo de bom,

Irish Rose

T. Seddon explica como ela abordou sua tarefa criativa de não-


cção em resposta à "Salvation".

Para minha escrita criativa de não- cção, optei por escrever sobre uma
situação em que me senti extremamente julgado pelos meus pais quando eu
era um adolescente atrasado. Basta dizer que a conversa que eu tive com eles
me deixou ferido. Eu discuti isso recentemente com minha mãe. Ela levou
algum tempo para re etir sobre isso e se desculpou por ela e meu pai ter
lidado mal com a situação e me deixou sentindo como se eu fosse um
constrangimento.

Ainda não me sinto confortável em compartilhar o conteúdo da


conversa, mas posso dizer que meus pais me deixaram com um sentimento de
vergonha. Também quei desapontado com eles porque esperava que
pudéssemos conversar como adultos durante esse período de tempo.

Ao começar a escrever esta peça, escrevi e escolhi entre vários cenários


em que fui confrontado com as expectativas da família. Em alguns casos, eu
concordei com as expectativas da minha família; em outros não. Quando
identi quei as situações mais profundas e difíceis para eu escrever, me senti

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um pouco enjoado lembrando do passado e como fui feito sentir. Os
momentos em que eu me sentia pior também foram os momentos em que eu
não me êstei rmemente no que eu acreditava. Pensei ainda mais em como
Langston Hughes era corajoso para escrever sobre sua "Salvação", porque ele
tinha que expor seus pensamentos mais íntimos na época e revelar (talvez para
esses mesmos membros da família) que ele tinha que mentir para fazê-los se
sentir melhor.

Esta não foi uma peça fácil de escrever — em parte porque eu escolhi
uma ferida profunda. Mas percebi ao escrever isso, como é importante ser el
ao que acredito, seja o que minha família ou outros querem ouvir. Podemos ser
assombrados pelos fantasmas de coisas que não dissemos ou situações que
não enfrentamos.

Em termos de meu próprio desenvolvimento, aprendi a ouvir


atentamente os outros e tentar entender o que eles realmente signi cam.
Também aprendi que às vezes é su ciente sentar em silêncio com alguém em
uma situação difícil e não julgá-lo quando os tempos são difíceis.

Irish Rose responde a T. Seddon

Você diz que somos assombrados pelo fantasma de coisas que não
dizemos ou situações que não enfrentamos. Muitas vezes o resultado poderia
ter sido diferente se nossa resposta tivesse sido diferente. Se as pessoas
estivessem dispostas a ser humildes e admitir seus erros, o mundo seria um
lugar tão melhor. Começa em cada um de nós, aprender e ensinar aos outros
que não é fraqueza, mas força e pode ajudar muito na reconciliação de muitos
relacionamentos. É injusti cável quando os pais fazem com que seus lhos
sintam vergonha e isso me enjoa também. Não é um pai amoroso que faz isso.
Eu amo essas palavras de sabedoria:

"Quando nos perguntamos honestamente qual pessoa em nossas vidas


signi ca mais para nós, muitas vezes descobrimos que são aqueles que, em
vez de dar conselhos, soluções ou curas, escolheram compartilhar nossa dor e
tocar nossas feridas com uma mão quente e macia. O amigo que pode car em

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silêncio conosco em um momento de desespero ou confusão, que pode car
conosco em uma hora de luto e luto, que pode tolerar não saber, não curar,
não curar e enfrentar conosco a realidade de nossa impotência, que é um
amigo que se importa."

Um constrangimento? Isso é muito indelicado depois de se desculpar


pela maneira como eles lidaram com isso. Os pais cometem erros, eles não são
perfeitos e devem estar dispostos a assumir seus erros, teríamos mais respeito
por eles no nal. Eu era ingênuo e costumava pensar que havia uma solução
para todos os problemas, mas aprendi que nem sempre há uma resolução e
devemos deixá-la ir e abraçar o momento presente e encontrar nossa própria
paz interior.

Muito do que você escreveu me corta profundamente, desejo-lhe tudo


de bom através da escrita para curar.

Obrigado por compartilhar. Atenciosamente, Irish Rose

Aqui está o que eu escrevi para Seddon T.

Caro T. Seddon,

Obrigado por compartilhar sua re exão sobre escrever sua peça de não-
cção criativa.

Se você não está familiarizado com o trabalho dela, pode achar


interessante a palestra TED de Brené Brown sobre vergonha: http://
www.youtube.com/watch? v=psN1DORYYVO

Você saberá melhor se e quando deseja compartilhar sua história com


outras pessoas, mas isso não é necessário para o seu trabalho neste curso.

Felicidades, John

E T. Seddon T. me responde.

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Oi John —UAU — essa foi uma palestra incrível do TED sobre vergonha.
Eu tive lágrimas escorrendo pelo meu rosto na primeira vez que assisti. Na
segunda vez, eu pude realmente ouvir com atenção.

Eu realmente me identi quei com a forma como Brené Brown distinguia


vergonha e culpa: A culpa é "Sinto muito por ter cometido um erro". A
vergonha é "Sinto muito por ser um erro".

Eu conheço muito bem esse sentimento de "ser um erro", infelizmente.


No entanto, identi car a vergonha que senti soa como o primeiro passo para a
cura dela. Estou interessado em ouvir e ler mais sobre o trabalho de Brené
Brown sobre vergonha e planejo acompanhá-lo.

Você acha que compartilhar minha história ajudaria a deixar alguns


desses sentimentos de vergonha para trás? Pergunto porque quanto mais
penso no meu desconforto em compartilhar minha não- cção criativa — mais
percebo que parte da minha hesitação em compartilhar foi baseada na
vergonha que foi internalizada. Que de alguma forma eu seria julgado e as
pessoas não me veriam da mesma maneira (mesmo neste pequeno grupo).
Sinto muito amor e calor de todos (especialmente os comentários dos
irlandeses sobre minha resposta) e vejo as feridas profundas naqueles que são
corajosos o su ciente para compartilhar sua própria versão da "Salvation" de
Langston.

Obrigado por organizar esta aula e seu apoio ao longo desta jornada
juntos. — Seddon T.

Alguns dias depois, Seddon T. decide compartilhar sua não- cção


criativa.

Oi John —

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Pensei em compartilhar minha peça criativa de não- cção com você e
outras pessoas, caso ajude a aliviar sentimentos de vergonha e me ajude a
seguir em frente. Você pode comentar ou não — tenho esperança de que esse
ato de me tornar um pouco mais vulnerável e não manter a história em segredo
contínuo possa me ajudar a lidar com suas repercussões e sentimentos de
vergonha com os quais quei.

Obrigado pela sua gentileza ao ler e discutir nossas histórias. — T.


Seddon

Segredo do Seddon

No nal do meu segundo ano na faculdade, eu estava em casa durante o


verão e andando junto com minha mãe na minivan da família voltando de uma
viagem de compras. Meus pais enfatizaram uma discussão honesta e aberta de
ideias e situações adultas que eu poderia encontrar. Até então, meus pais
pareciam elogiados por eu ter sido franco com eles e eles prometeram que, se
eu precisasse de uma carona para casa, eu poderia chamá-los sem
repercussão.

Enquanto dirigia, minha mãe mencionou casualmente que eu deveria


fazer meu primeiro exame ginecológico em breve e talvez falar com o médico
sobre controle de natalidade. Eu engoli, me perguntando se eu poderia impedir
que essa conversa acontecesse. Mas eu sempre prometi a mim mesmo que, se
perguntado, seria honesto e responderia a quaisquer perguntas feitas a mim.
Então... Limpei minha garganta e respondi que já tinha feito meu primeiro
exame ginecológico na faculdade e já estava tomando a pílula. A ironia dessa
a rmação foi que eu tinha vários amigos na escola que achavam incomum que
eu ainda não tivesse feito um exame ginecológico como calouro (mesmo que
eu ainda fosse virgem naquele momento) e me encorajaram a ir ao médico
como uma escolha sábia de saúde. Eu tinha aceitado a recomendação deles e

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tomado a pílula para ajudar a controlar meus períodos extremamente pesados
e dolorosos.

Minha mãe simplesmente respondeu: "Oh." Todo o resto do passeio de


carro foi silencioso. Não conversamos sobre por que eu tinha feito a escolha de
ir em frente e cuidar das minhas necessidades femininas ou se eu era
sexualmente ativo. Eu só recentemente me tornei sexualmente ativo e,
honestamente, o controle de natalidade não se destinava a esse propósito.

Quando chegamos em casa, ela disse que falaríamos com meu pai
sobre isso e que eu poderia esperar no meu quarto até que ele chegasse do
trabalho. Ele chegou em casa cedo e nós três nos sentamos. Eles nunca me
zeram nenhuma pergunta para começar as coisas e imediatamente meu pai
começou a me dizer o quão desapontado ele estava comigo. Ele disse que eles
esperavam mais de mim. Fiquei bastante surpreso por estar recebendo uma
palestra, já que permaneci virgem até muito recentemente e senti que tinha
sido responsável por lidar com minhas decisões. Minha mãe disse muito pouco
durante esse encontro.

Fiquei chocado com a palestra e as palavras que foram usadas. Eu senti


como se eles estivessem me chamando de vadia e juraram nunca mais me
abrir emocionalmente sobre o que realmente estava dentro de mim. O que eles
não sabiam e não perguntavam era que, um ano antes, eu transei pela primeira
vez em uma situação de estupro bem próxima de um namoro. Eles ainda não
sabem disso e assumiram que eu tinha escolhido recentemente fazer sexo com
meu namorado naquela época.

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Escrita a rmativa

Seu trabalho é descobrir seu trabalho e, em seguida, com todo o seu coração,
se entregar a ele.

— Gautama Siddhartha

Agora você completou quatro semanas do nosso programa de seis


semanas Transforme sua saúde: Escreva para curar. Você pode sentir que fez
um trabalho muito pesado nas primeiras quatro semanas. Lembro-me que,
como Natalie Goldberg diz em Old Friend from Faraway, "Escrever é uma
atividade atlética... os músculos da escrita não são tão visíveis, mas são
poderosos: determinação, atenção, curiosidade, um coração apaixonado."

Também me lembro que os tipos de escrita que você fez e está fazendo
levam tempo para ter todos os seus efeitos e benefícios. Um dia, nas próximas
semanas, você perceberá que algo que tinha sido preocupante é apenas... não
está lá. Você não vai perceber que o peso é tirado de você até que ele utue
para a consciência, e então você pode dizer: "Oh, aquela coisa velha de novo.
Não é interessante como estou pensando nisso agora com uma consciência
mais consciente e sem julgamento?" Pensar no seu futuro assim é uma boa
maneira de começar nossa semana de escrita a rmativa.

Como a escrita expressiva e poética, a escrita a rmativa pode ser uma


escrita pessoal e emocional. No entanto, além de expressar nossas emoções,
a linguagem a rmativa geralmente fornece correções ao longo da vida. A
escrita a rmativa nos permite perceber novamente as coisas através da
seleção imaginativa e arranjo de palavras que descrevem nossos objetivos,
aspirações e intenções em linguagem positiva. Na escrita a rmativa,

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prestamos atenção ao presente e olhamos para o futuro escrevendo sobre
nossos pontos fortes no corpo, mente e espírito.

A escrita a rmativa descreve nossos resultados ou sentimentos


desejados como se eles já estivessem em nossa posse. Com a escrita
a rmativa, expressamos metas ou crescimento realisticamente alcançáveis em
linguagem positiva usando linguagem em primeira pessoa e presente. ("Eu
sou...") Para alguns, o termo escrita a rmativa signi ca "escrever para frente"
porque estamos escrevendo sobre qualidades que desejamos a rmar que
estão disponíveis para nós no futuro. Dessa forma, escrevemos para apoiar
uma vida orescente cheia de bondade, geratividade, crescimento e
resiliência.

Exercício de escrita a rmativa

Neste exercício, consideramos como nos esforçamos para a auto-


realização. O que a auto-realização signi ca para você? O que, se alguma
coisa, você gostaria de poder mudar sobre si mesmo, toda a sua vida ou
aspectos físicos, emocionais ou espirituais da sua vida? Considere seu estado
atual e seus resultados desejados para suas dimensões física, emocional e
espiritual. Imagine-se daqui a seis meses. Talvez você queira olhar para um
calendário e marcar esse dia em seu diário eletrônico ou em papel.

Olhando para o futuro, escreva um parágrafo descritivo sobre você.


Para orientar sua escrita, considere: Como você se parece no seu melhor
pessoal daqui a seis meses? Qual é a imagem que vem à sua mente?
Descreva seu rosto e como ele re ete seu estado de espírito. Descreva seu
humor predominante. Como isso se re ete na sua auto-conversa? Descreva
sua dieta. Seu sono. Seus hábitos regulares ou novos. Como você gasta seu
tempo? Descreva suas interações com outras pessoas. Seus relacionamentos.
Seu trabalho. Escreva o quanto quiser. Leve o tempo que precisar. Escreva
quantos detalhes você precisar. Escreva sobre o seu futuro eu na primeira
pessoa, presente. Comece com as palavras "Eu sou".

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Por exemplo, você pode começar assim:

Eu sou uma pessoa vigorosa e enérgica com um comportamento calmo.


Meu rosto, embora mais velho, é calmo com uma qualidade sobre isso. Eu sou
como pessoas de uma certa idade cujos olhos podem ter uma pitada de humor
ou espanto silencioso. As pessoas me dizem que pareço calmo e pací co. Eu
sinto uma força silenciosa no meu corpo e equilíbrio na minha vida. Minha dieta
está cheia de ingredientes bons, mas simples, naturais, um copo de vinho de
vez em quando. Eu me exercito regularmente, pratico atenção plena e escrevo
regularmente. Eu gosto da minha família e amigos. Sou grato por estar mais
atento das maravilhas da vida todos os dias...

Pesquisa pós-escrita — Avaliação de escrita


a rmativa

Parabéns! Você completou sua experiência de escrita a rmativa. Por


favor, preencha o seguinte questionário em seu diário. Coloque um número
entre 0 e 10 da escala para cada pergunta.

0 — Não de todo

5 — Alguma coisa

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10 — Um grande negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ B. Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ C. Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ D. Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para
você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Faça uma pausa antes de ir para o próximo capítulo e a próxima


experiência de escrita. Você pode querer ler para ver como os outros re etiram
sobre sua experiência de escrita, ou você pode querer relaxar e não pensar em
escrever agora. Ambos estão perfeitamente bem! Volte na próxima semana
para começar sua experiência de escrita legada. Enquanto isso, faça algo que
você goste de fazer e seja gentil consigo mesmo.

Re exões sobre escrita a rmativa


Um participante respondeu assim.

Este exercício realmente me ajudou a me concentrar e aprimorar quais


são meus valores e a direção que eu gostaria de tomar no meu negócio e na
minha vida pessoal. Os objetivos não parecem tão elevados ou distantes
quando escritos e expressos de forma tão ousada. Sinto que já estou lá de
certa forma, mas só precisava dizer isso a mim mesmo. Muito poderoso. Adoro
a sensação de ser autocon ante.

Outro participante escreveu.

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Tão bom escrever isso! Muito melhor do que o cenário possível — muito
melhor realmente escrever o que é possível e incrível e inspirador pensar sobre
o que pode ser na minha vida — Obrigado!

Isso realmente me fez apreciar o que valorizo e me comprometo a


seguir na direção de continuar incorporando esses valores.

Um participante re etiu dessa maneira.

Essa experiência realmente a rmou não apenas minhas intenções para


objetivos futuros, mas também, e mais dramaticamente, a rmou essa escolha e
direção de vida que estou buscando agora. Uma coisa é pensar que o que
você está fazendo é uma compilação de todas as experiências de vida e
trabalho que você teve; outra é expressar isso em termos concretos, em azul e
branco neste caso, e ter o ponto de ser levado para casa por sua própria
escolha de palavras.

Outro participante comparou essa escrita à visualização.

Fazer esse tipo de escrita de visualização é como se comprometer


consigo mesmo. Dizemos o tempo todo que queremos fazer algo ou mesmo
que pretendemos fazê-lo, mas muitas vezes não seguimos em frente, devido ao
medo ou a outros obstáculos. Colocá-lo por escrito nos leva a um novo nível
de compromisso — se voltarmos e lermos e não o zermos, diremos: "Bem,
por que não?" O tempo presente torna a intenção concreta e ajuda a evitar a
procrastinação. Eu faço você perceber que você tem a capacidade. Eu estou
______ já, agora mesmo!

Uma participante sentiu um aumento de energia ao a rmar


seu caminho.

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Isso esclareceu para mim que estou no caminho certo. Fluiu uma
energia e emoção do meu espírito através da minha mão e para o meu papel
que é quase difícil de expressar. Foi como quando minha massagista me
perguntou sobre minha visão do que eu queria realizar voltando para a escola
porque estava estressando meu corpo e, enquanto eu falava, ela disse que
meus ombros e tensão desapareceram. Esta foi outra con rmação hoje de que
estou no caminho certo — então obrigado.

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Escrita como legado

A escrita como legado é uma maneira de documentar suas experiências de


vida, valores e opiniões para compartilhar com os outros. Pode ser um
presente querido para a família e entes queridos, e uma cura para os próprios
escritores.

— Andrew Weil, MD

Qual será o seu legado? As pessoas signi cativas em sua vida sabem o
que você mais valorizou, o que você pensou ser seu propósito ou o que você
aprendeu sobre a vida como a viveu? Eles sabem como você navegou pelos
desa os da vida, celebrou os presentes da vida ou como você simplesmente
gostou da beleza todos os dias? Eles sabem que você encontrou benefícios
dos desa os, bem como da beleza da vida? Eles sabem como você usou seus
momentos de re exão para fazer correções ao longo da vida? A escrita como
legado responde a essas perguntas e muito mais para os outros e para nós
mesmos.

Quando explicitamos nossos valores, propósito e crenças sobre nossa


vida — bem como nossos desejos de nossa morte e morte — respondemos a
perguntas que os outros podem querer fazer, mas não conseguem encontrar
as palavras. Nossas respostas estão enraizadas em nossas histórias de vida
do passado ou histórias de vida de signi cado no presente — e na
transmissão de nossa sabedoria, amor e bênçãos para o futuro. Na escrita
como legado contemporâneo, assim como na escrita antiga, escrevemos por
gerações agora e pelas gerações vindouras. Não são apenas presidentes e
guras públicas que desejam deixar um legado — muitas outras pessoas
querem saber como sua vida fez a diferença, que in uenciaram alguém ou
algo. A escrita de legado cumpre nosso desejo de que alguém nos conheça
em um nível profundamente profundo e pessoal.

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Prompts de escrita como legado

A seguir estão três opções de escrita legada. Para ns do seu programa


de seis semanas, escolha pelo menos uma opção e escreva por pelo menos
vinte minutos. Mais tarde, você pode decidir dedicar um período mais longo
de tempo e escrever sobre mais tópicos. Alguns zeram esse projeto de
escrita por conta própria. Muitas pessoas relatam uma mudança de
perspectiva quando pensam em como sua resposta re ete seus valores e
propósito.

Escolha # 1: Bênção como legado


Escreva uma bênção para alguém que promova sua felicidade, bem-
estar e prosperidade. Escreva por vinte minutos. Em sua escrita, a rme seus
dons e talentos. Considere os marcos que eles encontrarão em suas vidas e
ofereça sua sabedoria e apoio. Dê permissão para que eles amem os outros e
aproveitem a vida quando você não estiver mais com eles. Deixe o receptor
saber como eles o abençoaram e o que eles signi cam para você.

Escolha #2: Legado como gratidão e alegria

Escreva uma declaração de gratidão e alegria sobre uma pessoa,


evento especí co ou experiência de vida. Escreva por vinte minutos. Descreva
sua experiência mais alegre, maravilhosa e requintada. Lembre-se de como
você se sentiu, o que você pensou, o que você disse, o que os outros lhe
disseram, quem estava com você e onde você estava. Como você se sente
sobre isso agora?

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Escolha #3: Narrativa do Legado
Escreva uma pequena história sobre você sobre um dos tópicos abaixo.
Escreva por vinte minutos. Repita quantas vezes desejar.

> Seus ritos de passagem

> Que experiência importante te ensinou

> Como algo mudou sua vida

> Seus sonhos alcançados

> Seus sonhos frustrados

> Suas melhores lembranças

> Coisas que você esperava no passado e coisas que você espera
agora

> Como você lida com a diferença entre expectativas, desa os e


frustrações

> O que faz você se levantar de manhã

> O que te mantém acordado à noite?

> Como você relaxa ou como você não

> O que te torna resiliente

> Que cinco palavras você gostaria que as pessoas usassem quando te
descrevessem?

Pesquisa pós-Escrita — Avaliação da escrita


como legado

Parabéns! Você completou sua experiência de Escrita de Legado. Por


favor, responda ao seguinte questionário. Coloque um número entre 0 e 10 da
escala ao lado de cada pergunta.

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1 — Nada

5 — Algo

10— Um ótimo negócio

__ A. Até que ponto você expressou seus pensamentos e sentimentos


mais profundos?

__ Até que ponto você se sente triste ou chateado atualmente?

__ Até que ponto você se sente feliz atualmente?

__ Até que ponto a escrita de hoje foi valiosa e signi cativa para você?

E. Descreva brevemente como foi sua escrita hoje para que você possa
se referir a isso mais tarde.

Re exões sobre a escrita como legado

Abençoado por bênçãos: Vários participantes compartilham os


benefícios de escrever uma bênção.

Escrever uma bênção para o meu lho mais velho com quem tive um
relacionamento desa ador foi valioso e curativo. Foi uma experiência
maravilhosa expressar a ele o quão precioso ele é para mim. E foi empoderador
para mim — acontece que foi uma bênção para mim escrever isso e lembrar
que sou uma ótima mãe!

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Eu amo muito isso ... para abençoar alguém que amamos. Com que
frequência recebemos permissão para revelar nosso coração mais profundo no
papel? Posso ver muitas possibilidades de escrita de legado na minha vida. Me
deixa mais feliz escrever esses sentimentos e antecipar as respostas dos
destinatários.

Isso foi maravilhoso. Eu imediatamente lutei para decidir para quem


escrever. É algo que eu achei que realmente queria fazer muito, mas a escrita
real foi ótima. Eu gostaria de ter mais tempo, mas vendo como era importante
tirar um tempo para dizer essas coisas, continuarei esta carta no futuro e
espero embarcar nas outras que originalmente me chamaram também.

Eu não sabia para quem escreveria a carta, mas apenas mergulhei com
minha irmã que tentou suicídio após as cirurgias e está melhor no momento. Eu
queria transmitir a ela, embora possa parecer o oposto, que ela tem sido minha
professora. Estou surpreso com o que emerge quando começo a escrever e
desta vez me vi banhado em sentimentos de gratidão e amor. E eu sou grato
por isso.

As cinco palavras que escolhi para ser lembrado realmente são os


valores fundamentais da minha vida. Um exercício simples, mas profundo, que
leva você a destilar a essência do seu ser em cinco pequenas palavras. A carta
de bênção também foi signi cativa na medida em que trouxe gratidão no meu
coração por uma pessoa que não vejo há mais de 34 anos, mas que era uma
das minhas melhores amigas.

Os participantes sentiram tanto uma sensação de encerramento


quanto uma maneira de seguir em frente.

Estimulação esmagadora, mas muito para tirar dessa experiência. A


escrita de hoje pareceu o culminar de cinco semanas... uma estrutura para
pensar sobre nossas vidas e seu signi cado. Essas perguntas nais,

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abordagens, atribuições são um ótimo recurso para continuar nossa jornada. A
escrita do legado abriu uma janela que mostrava as coisas mais importantes da
minha vida. Consegui ver com clareza o que importa para mim e por quê e
gostaria de compartilhar isso com meus entes queridos. Foi uma ótima
experiência perfeita para a conclusão do curso.

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Conclusões

No nosso nal é o nosso começo. Agora nossa jornada juntos atingiu


um ponto de virada. Você concluiu o programa de seis semanas Transforme
Sua Saúde: Escrevendo para Curar. Ao participar, você aceitou um convite
pessoal para expressar o que pode ter sido abstrato e oculto. Você recebeu
um espaço seguro para expressar seus sentimentos mais profundos de uma
maneira perspicaz. Temos como objetivo fornecer um contexto seguro para
você entender uma agitação emocional e encontrar o movimento do trauma à
a rmação, conectando seu passado, presente e futuro de maneira
signi cativa.

Através da escrita, você prestou atenção — em vez de simplesmente


descrever — pensamentos e sentimentos que estão conectados a eventos,
pessoas, lugares e objetos. Você escreveu para cuidar de negócios
emocionais, novos, antigos ou inacabados.

Através da metáfora e da estrutura da história, você examinou


conscientemente os eventos diários comuns e as conexões mente/corpo
únicas para você. Você descobriu que escrever declarações a rmativas pode
fornecer consciência e clareza sobre seus dons e pontos fortes, e que escrever
sobre seu legado pode melhorar outras respostas emocionais positivas e pode
melhorar seus sentimentos em relação a si mesmo e aos outros. Em tudo, o
que você escreveu pode ajudá-lo a integrar eventos traumáticos em um
contexto mais amplo de sua vida.

Para continuar esse crescimento pessoal e cura, tente ver sua escrita
como uma prática, muito parecida com uma prática de ioga ou meditação, ou
como ir regularmente à academia. Use sua escrita para reformular
experiências, escrever sobre eventos de uma perspectiva de compaixão e
empatia, escrever sobre eventos cotidianos com grande atenção aos detalhes
e um espírito de atenção plena, e escreva seu apreço e gratidão pelo que

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muitos podem chamar de pequenas coisas — coisas que sabemos que são as
únicas coisas necessárias.

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