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ESTABILIZAÇÃO DE ENCOSTAS: ESTUDO DE CASO DA

GEOMANTA APLICADA NA CIDADE DE SALVADOR

Pablo Hayne Dourado Macedo1


Vitor Cunha da Silva2
Analécia Cruz Santana Monteiro3

RESUMO

Este artigo tem por finalidade analisar o uso das geomantas impermeabilizantes na cidade de
Salvador, que possui 45,5% da população vivendo em áreas de risco, sendo que grande parte desse
percentual vive sobre a iminência de desabamento ou soterramento devido às condições de
instabilidades das encostas. Nos meses chuvosos esse perigo aumenta consideravelmente e o uso
das lonas plásticas que se apresentavam como uma solução paliativa, nem sempre surtia o efeito
esperado. A erosão antrópica, a ocupação desordenada, impulsionada a partir da década de 50, e o
relevo da cidade colocam Salvador como a campeã nacional de moradores convivendo em áreas de
risco, estando à cidade em constante flerte com grandes desastres por soterramento e desabamento
de encostas. Sendo assim, pretende-se discutir o uso da geomanta como mecanismo de
estabilização de encostas e melhoria das condições de vida, minimizando os perigos de deslizamento
de terras e soterramento de casas. Para tanto, o artigo irá fazer uma apresentação do processo de
execução visando assim entender a escolha desta tecnologia verificando a viabilidade técnica e sua
eficácia.

Palavras-chave: geomanta, encostas, taludes, estabilização.

ABSTRACT

The purpose of this article is to analyze the use of waterproofing geomants in the city of Salvador,
which has 45.5% of the population living in areas of risk, and a large part of this percentage lives on
the imminence of collapse or burial due to the instabilities of slopes. In the rainy months this danger
increases considerably and the use of plastic tarpaulins that presented as a palliative solution did not
always have the expected effect. Anthropogenic erosion, disorderly occupation, boosted since the
1950s, and the relief of the city place Salvador as the national champion of residents living in risky
areas, being constantly flirting with the city with great disasters due to burial and slope collapse . Thus,
it is intended to discuss the use of geomanta as a mechanism for slope stabilization and improvement
of living conditions, minimizing the dangers of landslides and burial of houses. To do so, the article will
present the execution process in order to understand the choice of this technology, verifying the
technical feasibility and its effectiveness.

Key words: geomanta, slopes, slopes, stabilization.

1 INTRODUÇÃO

A cidade de Salvador desde 1549, época de sua fundação, enfrentou diversos

1 Graduando do curso de Engenharia Civil, do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE). E-


mail: pablohayne@hotmail.com
2 Graduando do curso de Engenharia Civil, do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE). E-

mail: Vitor_08@live.com
3 Engenheira Civil. Professora Orientadora do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário

Jorge Amado. E-mail: analecia@globo.com


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problemas para alavancar seu crescimento. Situada em uma estreita planície


litorânea onde foram fincadas as primeiras hordas populacionais, Salvador sofreu ao
longo de sua colonização entraves poderosos impostos pelos maciços que limitavam
o seu alargamento e crescimento. O relevo da cidade além das planícies litorâneas e
das regiões de vale é formado por diversos morros, escarpas e colinas, oriundos de
uma falha geológica conhecida como “falha do Salvador”.
Aliado aos problemas topográficos e geológicos Salvador, assim como toda
grande cidade brasileira sofreu com o desenvolvimento e a urbanização desenfreada
e desorganizada que agravou ainda mais os problemas urbanísticos da cidade.
Já no ano de 1952, quatrocentos anos após sua fundação, o Geógrafo AZIZ
NACIB AB’SABER, em viagem a Salvador fez os seguintes comentários:
“Devemos dizer que o Salvador, entre as grandes
cidades do Brasil, é a que possui os maiores problemas de espaço urbano e
circulação interna, em relação ao número de seus habitantes e à potência de seu
crescimento. Isso explica, aliás, o fato de ter continuado, sem grandes
modificações, o seu plano e estrutura urbana tradicionais. A despeito de estar à
borda do Atlântico, ladeada por extensas planícies costeiras, é uma cidade de
escarpas, morros e outeiros, onde os espaços planos são extremamente
minguados. Nisto reside a maior parcela das paisagens pitorescas da cidade e a
grande diferenciação de feições próprias do núcleo urbano: mas, resultam também
os maiores problemas vitais que o organismo urbano possui.”

Assim, analisando o perfil do relevo acidentado, as origens topográficas e


geológicas que compõem o solo da cidade e a urbanização desorganizada pela qual
a cidade vem passando desde meados do século 20 torna-se imprescindível
despejar o olhar sobre o perigo constante que as encostas e taludes instáveis
representam para a população de Salvador. Desta forma, o presente estudo vai
discutir a eficácia do uso de geomanta como forma de prevenção de desabamentos
de encostas nesta cidade.
Levando em conta que essa tecnologia passou a ser usada de forma
abundante pelos órgãos competentes, é preciso executar um estudo sobre sua
eficácia, durabilidade e custo benefício da implantação desse artifício. Para tanto,
pretende-se investigar esses aspectos e perceber as vantagens e desvantagens que
o uso destes processos gera para a sociedade. Para esclarecer tais questões serão
realizadas visitas técnicas aos órgãos competentes tanto na esfera estadual como
municipal levantando as propriedades mecânicas, o tempo médio de duração dessas
mantas e sua eficácia. Em contrapartida, será verificado o custo para se instalar 01
m² de geomanta.
Este estudo tem por objetivos avaliar as vantagens e desvantagens da
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utilização da geomanta como mecanismos de contenção e estabilização de encostas


e taludes na cidade de Salvador, apreciando sua viabilidade econômica, a qualidade
e durabilidade. Em Salvador esta técnica de estabilização vem sendo bastante
utilizada para mitigar o processo de erosão das encostas. Este esforço se faz
necessário pela importância do tema: contenção e estabilização de encostas, visto
que a composição geológica e o relevo acidentado da cidade de Salvador requerem
cuidados para garantir a segurança das populações que vivem em áreas de risco.
2 DESENVOLVIMENTO

A compreensão da ocupação da cidade do Salvador é uma condição


necessária para avaliar a importância de políticas públicas voltadas para
estabilização de encostas e taludes. A ocupação desordenada impulsionou a
população de baixa renda a erguer suas moradias em zonas periféricas e sem
infraestruturas básicas necessárias para garantir a segurança. Em razão desse
crescimento acelerado e dessa ocupação desordenada, Salvador é a campeã
nacional de pessoas residindo em áreas de risco.
Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (IBGE 2012) cerca de 45,5% da
população de Salvador reside em áreas de risco como veremos na figura 1, o que
nos leva a discutir a importância de mecanismos para estabilização de encostas e
taludes nessas áreas. Desta forma, a ação do estado é de suma importância para
que esses ambientes propiciem as mínimas condições de segurança garantindo a
população dignidade e melhores condições.

Figura 1 - Ranking de municípios com população em áreas de risco

Fonte: IBGE, 2012.


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Para a contenção e ou estabilização das encostas são definidos planos e


projetos baseados em estudos técnicos que viabilizem a melhor solução a ser
adotada para cada tipo de situação. É preciso salientar que as encostas por si só já
possuem estruturas capazes de resistir às intempéries da natureza, a ação do
homem nessas áreas é que ferem este equilíbrio.
Existem diversos mecanismos que podem ser adotados para a estabilização e
contenção das encostas, respeitando uma hierarquia de ações que parte do
pressuposto mais simples, tais como o corte dos taludes que poderão melhorar a
condição de estabilidade das encostas, medidas intermediarias como o uso de
técnicas de reforço do solo com uso de geotêxtis e solos grampeados, e formas mais
complexas como o uso de cortinas atirantadas e muros de arrimo. Quaisquer das
medidas a serem tomadas devem passar por um rigoroso estudo que apontará quais
métodos podem ser seguidos e qual apresenta a melhor viabilidade técnica e
econômica.
A tecnologia a ser adotada na encosta deve garantir estanqueidade,
estabilidade, e ou contenção necessárias para garantir segurança e proteção contra
deslizamentos causados pela ação das intempéries e do homem. Nesse ínterim o
uso de geomanta que vem sendo amplamente utilizado numa maior escala
atualmente em Salvador faz com que nos debrucemos para avaliar essa categoria
de geossintéticos.
Existe uma infinidade de produtos geossintéticos sendo introduzido no
mercado anualmente, cada um com uma finalidade e uma função especifica para
determinado tipo de solo.
Segundo Palmeira (2018), geossintéticos são produtos de origem poliméricos
utilizados em obras geotécnicas e de proteção ambiental, eles podem ser de origem
manufaturada ou natural e são utilizados em inúmeras obras geotécnicas dentre
elas, estruturas de contenção, taludes íngremes ou aterros.
Seguindo a definição da IGS (International Geosynthetic Society, 2000) um
geossintético é um produto fabricado, obtido de polímeros sintéticos, usado com
solo, rocha ou ligado a outro material de engenharia geotécnica como uma parte
integral de um projeto, estrutura ou sistema (Barrela, 2007. Apud I.G.S 2000 p.5).
Aguiar (2003) em sua dissertação de mestrado apresenta uma infinidade de
famílias de geossintéticos cada uma com características próprias e indicadas para
cada tipo de solução desejada.
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Nosso objeto de estudo, a geomanta, é assim definido por Aguiar: produto


com estrutura tridimensional permeável, usado para controle de erosão superficial do
solo. Sendo assim, a geomanta é um produto que ajuda a conter o deslocamento
das partículas melhorando a estabilidade das encostas em solos que não
necessitam de reforço e de contenção.
A erosão de uma forma ampla e contextual pode ser definida pelo processo
que caracteriza a desagregação e disposição das rochas ou solos. Para Silva et al
(2003) a erosão geológica é o desgaste natural da superfície da terra por água, gelo
ou outros agentes naturais, sob condições de meio ambiente natural em termo de
clima e vegetação, sem provocar processos artificiais para que o ciclo da erosão
seja concretizado por sua forma natural. Vejamos na tabela 1 a classificação dos
principais agentes erosivos e tipos de erosões.

Tabela 1 - Classificação das erosões


AGENTE EROSIVO CLASSIFICAÇÕES
ÁGUA EROSÃO HÍDIRICA
GELEIRA EROSÃO GLACIAL
NEVE EROSÃO NIVAL
VENTO EROSÃO EÓLICA
TERRA, DETRITOS EROSÃO SOLIGÊNCIA
ORGANISMOS EROSÃO ORGANOGÊNICA
Fonte: Neto 2014 (adaptado de Zachar, 1982.)

Por meio dessa tabela percebemos que a erosão hídrica é o tipo mais comum
em Salvador. A erosão hídrica tem como fundamentação e principais agentes o
escoamento superficial das águas da chuva majorado pelo alto índice pluviométrico
da cidade, determinando assim o aumento da poropressão nos taludes e a erosão
das camadas superficiais dos solos, agravando o risco de desabamentos em taludes
não estabilizados.
Com esses fatores climáticos e por se tratar de uma cidade a beira-mar
cercada por condicionantes que agravam o risco de deslizamentos devido a suas
características físicas, geológicas e geomorfológicas tais como declividade, retirada
da vegetação e desestabilização, através do corte do talude, muitas vezes
promovidas pelos próprios moradores que residem nessas áreas de risco, Salvador
a todo momento flerta com a iminência de desabamentos, na medida que a
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vulnerabilidade exponenciadas pela ameaça descritas acima leva a necessidade de


implementação de uma política rápida e eficaz que diminua os riscos de
desabamento, melhorando as condições de vida dos habitantes dessas áreas de
sub-habitação. Desta forma, a Geomanta ajuda a mitigar o processo erosivo uma
vez que recobre o talude impermeabilizando e melhorando a estabilidade da área.
A geomanta jateada com concreto é um mecanismo que vem dando
resultados positivos em áreas de risco como é o caso de estabilização de encostas
em Recife e Salvador, grandes capitais do Nordeste. A aplicação desse método se
da de forma simplificada com a colocação da manta e o posterior jateameto do
concreto, podendo ainda ser reforçada com o uso de geogrelhas extrudadas com o
objetivo de reforçar o solo e melhorar o escoamento da água, conforme vemos na
figura 2.

Figura 2 - execução da geogrelha para reforço do solo.

Fonte: infraestruturaurbana, 2016.

O que podemos perceber é que a geomanta se apresentam como uma


alternativa aos riscos de desabamento, ela é mais eficaz que as lonas, mais
adequadas que o gel impermeabilizante, contudo não representa efetivamente um
tipo de contenção, fornecendo solução final para determinados problemas. Desta
forma, nem sempre o uso da geomanta será indicado para resolução de
determinada dificuldade, cabendo ao executor da obra determinar que tipo de saída
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é mais viável para cada caso. Abaixo, na figura 3 podemos ver os principais tipos de
Geossintéticos e para que eles são indicados.

figura 3 - Tipos de Geossintéticos e suas principais aplicações


Aplicação
Geossintétic Refo Filtraç Drenag Proteç Separa Imperm Control
os rço ão em ão ção ea- e de
bilizaçã Erosão
o
Geotêxtil X X X X X X
Geogrelha X
Geomembra X X
na
Geocompos X X X
tos
Geobarras X
Geoespaça X
dores
Geotiras X
Georedes X
Geotubos X
Geomantas X X
Geocélulas X X
Fonte: Aguiar, 2003.

A utilização dessas mantas requer um conhecimento em conceitos da


mecânica dos solos, dos sistemas de drenagens e propriedades geotécnicas que
abrangem todo esse meio dos materiais. Por isso é necessário informações
adequada sobre a reação do empuxo no talude, e onde vai ser realizado o serviço.
Visto que o empuxo atuando em um talude provoca deslocamento horizontal. Um
dos fatores mais abrangentes para que o empuxo venha se propagar é em relação a
topografia irregular e em casos de heterogeneidade do terreno, por isso são feitos
estudos para conter essas forças e desníveis que venham a ocorrer.
Sabemos que o relevo da cidade de Salvador é acidentado e por conta disso
as variáveis que se encontram no Brasil e em outros países, é um motivo de buscas
para aperfeiçoamento de métodos e estabilização de taludes. Vem sendo estudados
e implantados métodos para a mitigação de impactos ambientais de solos sem
proteção para não ocasionar fenômenos erosivos. No entanto, a aplicação de
geomanta, que vem sendo executado em Recife e Salvador, deve ser executada
com a limpeza prévia do terreno deixando o talude sem nenhuma vegetação e
principalmente com a raiz morta para não ocorrer o risco de a mesma crescer e
danificar a manta depois de aplicada sobre a encosta. Apesar de a vegetação ser
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um fator determinante para proteção do solo contra erosão, essa geomanta jateada
com concreto, não é feita com esse tipo de processo, o talude tem que estar sem
vegetação nenhuma, pois aplicado a manta e postergando o jateamento,
consequentemente não vai ocasionar a absorção da água da chuva.
Determinados fatores para o processo de execução dessa manta têm que ser
bem aliado e não fugir do padrão a ser feito, portanto se for executada de qualquer
maneira vai ocasionar danos em curto prazo. Existem diretrizes para serem seguidas
e uma delas é a forma de escoamento e drenagem da manta, pois o objetivo é não
ocorrer deslizamentos futuros e outras variáveis que incomodam esse processo. Um
dos grandes riscos do talude é a absorção de água da chuva que aumenta a
poropresão e a erosão e o deslizamento do mesmo, no entanto a impermeabilização
executada da melhor forma possível evita esse fator e acaba eliminando a absorção
da água no terreno e estendendo a proteção por mais tempo como vemos na figura
4 logo abaixo.

Figura 4 - Colocação de manta para estabilização do talude

Fonte: os autores, 2018.

Para o uso da manta e reconhecimento do local é preciso avaliar o lugar e


saber dos riscos ao talude, por conta disso, vários fatores podem ser citados como:
drenagem superficial inexistente, zonas preferenciais de percolação,
escorregamentos anteriores, relocação, sobrepassagem, etc. Segundo (Gerscovich,
2009) em alguns casos o investimento por ser alto e mal executado no local,
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abrange condicionantes que dependem de um acompanhamento técnico, apesar do


alto custo, é indispensável o acompanhamento do mesmo, pois muitas vezes a
segurança obtida, compensa o investimento a longo prazo.

2.1 Fatores determinantes para escolha do método construtivo.

A escolha do elemento construtivo a ser utilizado na estabilização e ou


contenção resulta de uma série de estudos preliminares que determinarão o tipo de
ação a ser adotada para a situação em questão. Diversos fatores podem determinar
qual tipo de tecnologia é a mais viável para cada situação problema encontrada em
uma determinada região, dentre eles precisamos compreender quais os tipos de
talude, os tipos de movimento de massa (terra) e os tipos de escorregamentos. Não
pretendemos aqui nos aprofundar nesses fatores, mas sim discorrer resumidamente
para que possamos entender porque determinada tecnologia se deu em detrimento
de outra.
Existem três tipos de taludes, o linear, o convexo e o côncavo conforme
veremos na figura 5 logo abaixo:

Figura 5 - tipos e formas geométricas de encostas

Fonte: Gerscovich 2009 (adaptado de Chorley, 1984.)

A ruptura dos taludes se caracteriza pelo deslocamento de camadas de solos,


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ou seja: uma estrutura não resiste a determinada situação a que está sendo exposta
e ocorre o processo de ruptura seguida do cisalhamento.
Para verificação do terreno, é colhida uma amostra e levada para analise
laboratorial através de ensaios determina-se os parâmetros que definem o
comportamento do solo determinando o seu desempenho referente as tensões x
deformações x resistência utilizando-se de teoria e métodos para determinar o fator
de segurança (GERSCOVICH 2009).
Existem diversos tipos de movimentos de massa, em sua maioria eles são
diferenciados de acordo com sua velocidade de movimentação e a forma da ruptura.
Após identificar esses fatores podemos agrupar os movimentos de massa em três
principais categorias: escoamentos, subsidências e escorregamentos. Existem
também os carregamentos de massa por processos erosivos, contudo esse
processo já foi explanado anteriormente.
A movimentação por escoamento pode ser divididas em escoamento por
rastejo ou fluência são caracterizadas por escorregamentos lentos e contínuos não
existindo uma superfície de ruptura definida que muitas vezes podem englobar
grandes áreas e são causadas pela ação da gravidade e variação da temperatura e
umidade e o escoamento por corridas que por sua vez se caracteriza por
movimentos rápidos com velocidade superiores a 10km/h causada pela perda da
resistência em virtude da presença de água em excesso. A figura 6 nos mostra
visualmente como ocorre esse tipo de escoamento.

figura 6 - Escoamento por rastejo ou fluência e Escoamento por corrida

Fonte: Gerscovich, 2009.

A subsidência por sua vez é a movimentação de massa ocorrida pela ação


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do adensamento ou afundamento das camadas inferiores, em geral abrange


grandes áreas e podem ser causadas por vários fatores, dentre eles destacamos a
vibração em sedimentos que não estão consolidados, ação do peso próprio e o
escoamento de águas subterrâneas com rebaixamento do lençol freático.
O recalque é um tipo de subsidência caracterizado pelo rebaixamento do
lençol freático, pelo peso do próprio talude e pela remoção de confinamentos laterais
devido a escavações que podem causar grandes quedas e desabamentos bruscos.
Suas principais características são os movimentos tipos quedas livres ou em planos
inclinados com velocidades de movimentação de terra muito altas. Vejamos
exemplos na figura 7 abaixo.

Figura 7 - Movimentação por subsidência

Fonte: Gerscovich, 2009

Já a movimentação por escoamentos como podemos ver na figura 8 se


caracteriza por movimentos rápidos em superfícies bem definidas eles ocorrem com
o aumento das tensões cisalhantes. Eles podem ocorrer em grandes áreas
movimentando pequenas ou grandes quantidades de terras deixando grandes vazios
e modificando completamente a paisagem do local afetado.
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Figura 8 - Movimentação por escoamento - Cunha

Fonte: UNESP (modificada de Infanti Jr. & Fornasari Filho, 1998.)

Como verificamos existem diversas classificações de movimentos de massa,


não iremos aqui discorrer tempo exemplificando e ponderando sobre todos, no
apêndice A traremos uma figura exemplificando uma classificação que é bastante
adequada para os casos brasileiros.

2.2 Principais fatores para deslizamentos de taludes.

Diversos fatores contribuem para desestabilização do talude podemos citar:


efeito da erosão do solo, aumento das tensões atuantes na parte superior do talude,
retirada do recobrimento natural, corte e retaludamento retirando e redefinindo o
talude expondo-o aos efeitos de sedimentação, etc. Estes fatores sem dúvida
influenciam negativamente para aumentar o risco de desabamento e instabilidade
das encostas de Salvador, mas existe um fator preponderante e que associado as
ações do homem no talude geram maior preocupação e instabilidade nessas áreas
de sub-habitação. Estamos falando aqui do aumento do fator água no solo e do
consequente aumento da poropressão ou pressão neutra nos solos. Para
Gerscovich (2009) a água é um dos fatores mais importantes em estudos de
estabilização. Ela pode apresentar pressão positiva ou negativa e ainda está parada
ou em movimento. Essas características influenciam na tensão efetiva do solo
modificando sua resistência, variando a massa do solo em função da mudança do
peso especifico desse, se estiver em movimento pode gerar erosões internas com o
deslocamento de partículas. Desta forma os períodos chuvosos em Salvador que vai
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de abril a julho, veja na figura 9, é o período que mais devemos ter atenção para
evitar o deslizamento das encostas. Além disso, Salvador tem diversas áreas
consideradas de risco e um sistema de esgotamento sanitário considerado na
grande maioria dos domicílios inadequado, mesmo que nos últimos anos esses
problemas de esgotamento sanitário venham sendo gradativamente melhorados,
ainda encontra-se muitas dificuldades em saná-los por completo, existem ainda uma
infinidade de pessoas que residem em situação de vulnerabilidade potencializando
as ameaças de desabamento e aumentando o risco de grandes desastres.

Figura 9 - Índice de precipitação e de temperatura de Salvador.

Fonte: Climatempo, 2018.

2.3 Caracterizações do perfil geológico e do relevo de Salvador.

A cidade de Salvador possui um perfil bastante acidentado em seu relevo com


varias encostas e uma declividade acentuada com variações que podem chegar a
90º. A morfologia do terreno é dominada por colinas sinuosas côncavas com
desníveis topográficos acentuados, subdivididas em topos, encostas e vales. Por
isso mesmo, Salvador está dividida em cidade alta e cidade baixa, mas a divisão vai
além dessa nomenclatura. De forma geral Salvador caracteriza-se por encostas
alongadas e sinuosas esculpidas em perfis de alteração evoluídos a partir do
embasamento cristalino. Estes perfis são constituídos tanto por rochas metamórficas
como por rochas magmáticas que oferecem boas resistência ao intemperismo e a
erosão (veja mapa geológico de Salvador no Apêndice B).
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No doravante, a ocupação desordenada pela qual Salvador passou a ter a


partir de 1950, propiciou grandes transformações na fisiologia da cidade,
impulsionando a população que chegava a cidade a buscar erguer suas moradias
nas áreas denominadas de “miolo de Salvador”. Para Giuidice (1999) esse grande
fluxo migratório deveu-se a industrialização das grandes cidades brasileiras gerando
novas oportunidades de emprego e acelerando a urbanização.
Uns dos pontos negativos dessa urbanização desorganizada foram os
grandes impactos ambientais produzidos pela ocupação do homem, este confronto
intensificou as transformações do meio, causando grandes impactos que só depois
de décadas começaram a ser tratadas com a devida atenção pelos órgãos
competentes.
Outro fator importante para compreensão do tema é a subdivisão das bacias
hidrográficas de Salvador (vide Apêndice C). Os impactos ambientais gerados por
essa ocupação além de modificar o ambiente ocasionaram problemas nas bacias da
cidade que impactaram sensivelmente o escoamento e a vazão destas. Esse
agravamento aumenta os riscos de deslizamento de terra, pois o assoreamento
dessas bacias aumenta o tempo de contato e infiltração da água no solo
maximizando os efeitos da poropressão e influenciando no comportamento dos
solos.

3. ESTUDO DE CASO DO USO DA GEOMANTA COMO PREVENÇÃO DE


DESABAMENTOS NA CIDADE DE SALVADOR.

O uso das geomantas em Salvador foi iniciado no ano de 2016, de lá pra cá


esse processo vem ganhando força e passou a ser bastante utilizado na cidade em
substituição ao uso de lonas plásticas garantindo maior segurança, durabilidade e
qualidade de vida para os moradores das zonas de risco. Ao todo já existem 115
áreas contempladas com a instalação do equipamento e mais 25 em processo de
execução totalizando 140 áreas contempladas num valor total de investimento em
torno de R$ 12 milhões com um preço médio de R$ 156,63 por m². Vale salientar
que o valor do m² varia de área pra área, pois cada talude exige um tipo de
intervenção diferente, exigindo uma série de procedimentos e melhorias no entorno
para agregar qualidade de vida e condições de conservação adequadas para o
equipamento. Na figura 10 podemos ver a intervenção com o uso da geomanta para
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melhorar as condições de vida dos moradores do bairro de Pernambués.

figura 10 - Uso da geomanta como prevenção de desabamentos na cidade de Salvador

Fonte: os autores, 2018.

Outra área contemplada com essa tecnologia foi o Bairro do Uruguai, nesta
geomanta encontramos vários detritos por baixo dela, aparentemente a impressão
era que alguém quis esconder algo por lá, mas isso gerou uma dúvida. como se dá a
preparação do local para a aplicação da geomanta? A manta se encontrava solta,
será que alguém fez isso ou a execução foi malfeita? Na figura 11 podemos verificar
a situação na qual se encontrava esse equipamento.
Figura 11 - Geomanta com erros de aplicação no bairro do Uruguai - Salvador

Fonte: os autores, 2018.

O uso da geomanta oferece algumas limitações, as três principais restrições


são: não é utilizada em solos expansivos. Essa restrição oferece uma grande
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limitação para aplicação numa área grande de Salvador, o subúrbio ferroviário. No


subúrbio encontramos o massapé que é um tipo de solo expansivo e nesta área
talvez seja a área de maior risco de desabamento na cidade, lá que no ano de 1989
aconteceu a tragédia do motel Mustang. Apesar da restrição a aplicação da manta
em solos expansivos foi executado uma aplicação de geomanta. Esta execução foi
feita em uma área de pouco risco até mesmo para verificar como vai se comportar o
equipamento nessas condições de solo. Contudo, não se indica colocar geomantas
nesses tipo de solos.
A segunda restrição são em solos com presença de rochas. Não se colocam
porque a geomanta não funciona como sistema de contenção, ela apenas age
protegendo o solo com a impermeabilização.
Solos com inclinação acentuada, segundo o coordenador do programa de
aplicação de geomantas da CODESAL, inclinações superiores a 60º não são
indicadas para a colocação das geomantas, contudo a verificação no campo
possibilitou perceber que as geomantas estão sendo colocadas em encostas
íngremes com elevação de até 80º aproximadamente, isso depende da situação de
consolidação do maciço. Se por um lado a inclinação restringe o uso dessa
tecnologia, por outro ele favorece na preservação e no aumento da durabilidade
dela, já que as pessoas não circularão pelo espaço ajudando a manter o
equipamento preservado.
Outro fator restritivo é a detecção de alguma cicatriz no terreno, se for
verificado indicio de que a terra já está se depreendendo, a geomanta não irá
segurar o terreno já que ela não funciona como contenção. Desta forma, esse são os
principais fatores que limitam o uso das geomantas, apesar de nem sempre eles
serem totalmente restritivos como salienta o coordenador da CODESAL.
Verificou-se que de todos os fatores o único que realmente inviabilizou a
colocação da geomanta foi a presença de rochas no solo, os demais condicionantes
restritivos podem ser atenuados tomando-se algumas medidas para melhorar a
estabilidade do talude, tais como corte e retaludamento da encosta, verificação da
situação de peso e sobrepeso nos arredores e outras medidas que ajudam a inibir o
risco de desabamentos.
Existem alguns critérios que são tomados para escolha do local onde será
aplicada a geomanta, as áreas são escolhidas a depender de um parecer técnico,
muitas vezes também é determinada pela ação política, depois da área estabelecida
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faz se uma outra visita técnica para verificação se ela cabe ou não a aplicação da
geomanta.
A geomanta não é um dispositivo estabilizante ela só se aplica em solos já
estabilizados. Ou seja, o trabalho primário para boa implantação da geomanta
consiste em estabilizar a encosta. A preparação do solo pode ser feita através de
corte, com estabilização por geometria, colocação de berma, botar calha, etc. Só
depois de estabilizado é que se pode colocar a geomanta, ela em si não é um
dispositivo estabilizante, ela assegura a manutenção da estabilidade de encostas
que já se encontram estáveis.
Após a verificação do local onde a geomanta será aplicada a empresa inicia a
limpeza do local com remoção total de vegetação, retirada de entulho, de lixo e o
retaludamento da encosta veja esse processo sendo executado na figura 12. É
preciso um cuidado muito grande nessa etapa de concepção da obra, pois se a
encosta não é bem preparada previamente para receber posteriormente a manta, ela
deixará de ser um equipamento viável e poderá funcionar até como propagador de
futuros acidentes, já que o lixo é um elemento desestabilizador de encostas.

Figura 12 - Retaludamento

Fonte: os autores, 2018.

A geomanta é composta por duas camadas, a primeira um geocomposto de


PVC e a segunda um geotextil. A primeira camada tem ação impermeabilizante, é
ela que vai proteger a camada de solo da ação erosiva das chuvas e ventos. A
segunda camada existe para que o material possa ter melhor aderência com a
argamassa que será jateada pois o PVC não possui a aderência necessária para
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que exista a interação entre o conjunto. Essas mantas recebem uma cola para fazer
a junção entre elas, evitando que não ocorra espaçamentos e aberturas no
equipamento, elas também são presas ao solo com grampos, no entanto vale
salientar que esses grampos servem apenas para prender o equipamento ao solo e
que eles não funcionam como elementos estruturantes, imprimindo maior resistência
e estabilidade ao talude. Esses grampos são feitos geralmente com ferro de 8mm
com comprimento de 50 cm em formato de "L" ou "U", na figura 13 podemos ver os
materiais utilizados. Eles serão fixados por toda a extensão do equipamento
principalmente nos pontos de junção das mantas, para eliminar os vácuos, espaços
entre a manta e o solo e nas bordas evitando que o equipamento fique depreendido
do solo. Nas bordas são feitas cravas por todo o perímetro, geralmente elas tem
20x25 cm de (largura x Profundidade), na parte superior faz-se umas dobras nas
mantas aumentando a sua resistência, coloca-se os grampos e chumba com
concreto para dar melhor fixação a lona, funciona como um tipo de engastamento da
manta com o solo para melhorar a fixação. Após essa etapa inicia-se o jateamento
da argamassa que tem uma espessura variando entre 0,5 e 2,0 cm.

Figura 13 - Materiais

Fonte: os autores, 2018.

Finalizado o processo, para melhorar a conservação do equipamento


aconselha-se fazer alguns serviços agregados tais como a construção de calhas que
ajudará a melhorar a drenagem do entorno e sobre a manta, colocação de muretas,
cercas, ou outro tipo de proteção se for necessário para evitar o trânsito de pessoas.
A figura 14 descreve ponto a ponto as etapas para execução da geomanta.
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figura 14 - processo de colocação da geomanta

Fonte: Infraestruturaurbana, 2011.

A aplicação da geomanta só é indicada quando a encosta já é estável,


quando não existe estabilidade no talude, solos expansivos, com a presença de
rocha, com fraturas e com elevada inclinação, o uso desta tecnologia deixa de ser
viável, cabendo ao engenheiro indicar que outro tipo de solução se mostra mais
compatível. Desta forma, Para fins desse estudo, após analise do material e do
equipamento in loco somando-se as entrevistas com profissionais gabaritados da
área, concluímos que a geomanta é viável naquilo que ela se propõe a fazer,
impermeabilização e controle da erosão do solo, melhorando um pouco a
estabilização da encosta devido aos serviços preliminares que são executados no
local e em seu entorno. Contudo, não podemos aplicar a geomanta como solução
viável para todos os casos. A aplicação das tecnologias da engenharia, assim como
na medicina onde cada doença exige um tipo de medicamento e cada paciente
reage ao medicamento de uma determinada forma, a estabilização das encostas
podem ser solucionadas por diversas formas, não existe solução única e mágica, é
preciso que se faça uma avaliação do local determinando as implicações de cada
escolha e a partir desse estudo indicar quais soluções podem ser aplicadas. Não
podemos cair no engodo do modismo e achar que a geomanta é a solução do
momento e que ao falar em encosta podemos aponta-la logo como solução final é
preciso ter discernimento e se cercar de profissionais competentes para que a
escolha não seja feita de forma equivocada para que os desastres sejam evitados e
20

que a tecnologia não seja desacreditada e condenada pelo fato de que profissionais
a indicaram para um área em que ela não seria a solução ideal. Portanto, a geomata
é um método viável desde que circunscrita ao objetivo que se destina, nestes casos
devem-se observar o custo benefício que ela vai proporcionar. Abaixo vemos nas
figuras 15, 16 e 17, o processo de aplicação da geomanta no bairro de Pernambués

figura 15 - colocação de manta no bairro de Pernambués - Salvador-Ba.

Fonte: os autores, 2018.

figura 16 - colagem e grampeamento da geomanta no bairro de Pernambués - Salvador-Ba

Fonte: os autores, 2018.

figura 17 - preparação da calha de escoamento da geomanta no bairro de Pernambués - Salvador-Ba

Fonte: os autores, 2108.


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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

______. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


12553– Geossintéticos – Terminologia, 2003.
______. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
11682– estabilidade de taludes,1991.
AGUIAR, Vinícius Roberto. Ensaios de rampa para estudo da resistência de
interfaces de solo-geossintéticos. Porto Alegre: UFRGS, 2003.
BARRELA, Catarina. Aplicação de geossinteticos no controlo da erosão
superficial e costeira. Lisboa: Laboratorio Nacional de Engenharia, 2007.
GERSCOVICH, Denise M. S.. Estabilidade de taludes. Rio de Janeiro: Faculdade
de Engenharia, departamento de Estrutura e Fundações, 2009.
GOMES, João Henrique Oliveira de Souza; BARRETO, Gabriel Augusto de Souza
Londres; NÓBREGA, Natasha Coelho Figueiredo. Geomantas impermeabilizantes
na cidade do Recife.
NETO, Carlindo Avelino Bezerra. Desenvolvimento de um equipamento para
avaliação do desempenho de geomantas. Natal: Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, 2014.
PALMEIRA, Enio Marques. Geossintéticos em geotecnia e meio ambiente. São
Paulo: editora oficina de textos, 2018.
PAE. Plano de Ações Estruturais Padre Ugo. Codesal, Salvador, 2018.
TEIXEIRA, Rita Maria de Jesus; GIUDICE, Dante Severo; RODRIGUES, Jamile Araújo.
EXPANSÃO URBANA E IMPACTOS AMBIENTAIS: ANÁLISE DO
BEIRU/TANCREDO NEVES - SALVADOR-BA.
GIUDICE, Dante Severo. Impactos Ambientais em área de ocupação
espontânea: (exemplo do bairro do Calabar, Salvador-Ba). Salvador, 1999.
Dissertação de mestrado.
______.População em áreas de Risco no Brasil. IBGE, 2018. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/pt/2012-agencia-de-noticias/noticias/21566-
estudo-inedito-mostra-moradores-sujeitos-a-enchentes-e-deslizamentos.html>.
Acessado em: 09 de setembro de 2108.
http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php?id_pag=831>.
Acessado em: 10 de outubro 2018
http://igsbrasil.org.br/os-geossinteticos >. Acessado em 12 de outubro de 2018.
22

http://infraestruturaurbana17.pini.com.br >. Acessado em: 13 de outubro.


http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09d.html >. Acessado em: 27
de outubro de 2018.
https://www.climatempo.com.br/climatologia/56/salvador-ba >. Acessado em 27 de
Outubro de 2018.
23

5. APÊNDICE

APÊNDICE A - CARACTERISTICAS DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE


PROCESSOS DE ESCORREGAMENTOS.

Fonte: Gerscovich, 2009 (adaptado de Augusto Filho, 1992.)


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APÊNDICE B - MAPA GEOLÓGICO DE SALVADOR

Fonte: PAE, Codesal, 2018.

APÊNDICE C - MAPA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DE SALVADOR

Fonte: PAE Codesal, 2018.

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