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Apostila de Farmacologia Clínica
Apostila de Farmacologia Clínica
4 - Urologia (bexiga hiperativa, hiperplasia prostática benigna, disfunção erétil e ejaculação rápida) -
Fábio (página 45)
Farmacocinética
- Com relação à via de administração, são fatores que influenciam na absorção: A área de contato,
grau de fluxo sanguíneo local. Então, cada fármaco tem sua via própria de administração.
- Com relação ao fármaco, são fatores que influenciam na absorção: O peso molecular e conformação
estrutural, o coeficiente de partição e a lipo/hidrossolubilidade, o grau de ionização e o pH do local
de administração.
- A molécula ácida é absorvida em meio ácido. A molécula básica é absorvida em meio básico. Isso
porque uma molécula ácida em meio básico e outra molécula básica em meio ácido tendem a ionizar,
dificultando suas absorções. Por isso a alimentação influencia na absorção de alguns fármacos.
- Molécula ionizada é mais polar, isso torna menos lipofílica e mais hidrofílica, o que diminui a
passagem pela membrana celular (ocorre aprisionamento iônico). Mas, de qualquer forma, sempre
fica uma proporção com moléculas ionizadas e não ionizadas.
- Biodisponibilidade é a fração do fármaco inalterada que consegue ser absorvido (que chega na
circulação sistêmica).
- Metabolismo de primeira passagem: Ocorre com os fármacos administrados via oral e via retal. São
absorvidos e caem nas veias do sistema porta hepático (metabolismo do fígado), o que reduz a
quantidade do fármaco ativo/inalterado antes de chegar ao resto do organismo para ter seu efeito
esperado. Então, o metabolismo de primeira passagem reduz a biodisponibilidade. Na via retal, no
- Além disso, existe uma grande variação individual da taxa de metabolismo de primeira passagem
para cada pessoa, o que torna imprevisível a dose necessária para cada um (uma pessoa pode ter mais
ou menos metabolismo, por exemplo).
- Distribuição: É a ida do fármaco da circulação sanguínea aos tecidos, ou seja, é quando ocorre a
passagem do fármaco de um compartimento para outro. Ocorre com as moléculas livres.
- Fatores que influenciam na distribuição das drogas: A permeabilidade capilar de cada local e a
presença de barreiras capilares fisiológicas, taxa de perfusão de cada tecido, o grau de ligação da
droga às proteínas plasmáticas (fármaco ligado não será distribuído, fica como uma reserva na
circulação), acúmulo seletivo em determinados tecidos (por exemplo, acúmulo de substância
lipofílicas no tecido adiposo).
- Nem todo fármaco precisa ser distribuído, tem aqueles fármacos que agem nos componentes do
sangue (fármacos intravasculares).
- Volume de distribuição (VD): Quanto maior o VD, maior a quantidade que sai do sangue e vai para
os tecidos (quanto maior, acaba aumentando o risco de acúmulo tecidual). O medicamento
acumulado será liberado gradualmente, mesmo após a parada do uso da medicação, por tempo
variável.
- Exemplos de fármacos ativos que geram metabólitos ativos: Diazepam > Nordiazepam, Morfina >
Morfina-6-glicuronídeo.
- Exemplos de fármacos ativos que geram metabólitos tóxicos: Diazepam > Oxazepam, Paracetamol
> Benzoquinonaimina.
- A biotransformação pelas cyp ocorrem em 2 fases, e, em geral, serve para tornar moléculas lipofílicas
em moléculas mais hidrossolúveis e inativas.
- Fase 1: Metabólito com atividade modificada, geralmente mais reativo. Essa fase é realizada pelas
cyp.
- O fármaco pode passar só pela fase 1, só pela fase 2, fase 1 e depois 2 ou nem ser metabolizado
antes de ser eliminado. O que não ocorre é passar pela fase 2 e depois pela fase 1.
- Fatores que interferem na biotransformação: Espécie, idade, sexo, patologias, uso de substâncias
indutoras ou inibitórias enzimáticas, polimorfismos genéticos (influenciam bastante).
- Indução enzimática: Ocorre quando as drogas aumentam a quantidade de cyp que metabolizam
fármacos. Por exemplo: Etanol, Rifampicina, Carbamazepina, Fenitoína, Fenobarbital, Griseofulvina.
Todos aumentam o metabolismo dos ACO, corticoides, varfarina e ciclosporina.
- Eliminação: É a remoção do fármaco do organismo, podendo ser o fármaco inalterado (sem sofrer
metabolismo) ou eliminação de seu metabólito.
- Principais vias de eliminação: Rins, bile e fezes. Também ocorre, em menor quantidade, eliminação
pelos pulmões (substâncias voláteis) e secreções (suor, saliva, lágrimas e leite).
- Rim: É a principal via de excreção. Se houver queda da função renal pode se reduzir a dose e
aumentar espaçamento entre elas, mas se for um comprometimento importante, os fármacos de
eliminação renal podem ser contraindicados.
- Fatores que influenciam na eliminação renal: Taxa de ligação às proteínas plasmáticas (o que
depende também da concentração das proteínas plasmáticas), perfusão renal e volemia (estado de
choque circulatório e desidratação irá reduzir excreção urinária e dos fármacos, consequentemente,
menor TFG), ocorrência de secreção tubular ativa e reabsorção tubular proximal, pH urinária e grau
de ionização das moléculas.
- Para eliminar em maior quantidade um fármaco ácido na urina, a urina deve estar mais básica para
ionizar mais essas moléculas, dificultando a reabsorção. Para eliminar mais um fármaco básico, tem
que acidificar mais a urina. Isso pode ser útil em intoxicações.
- Tempo de meia vida: É o tempo necessário para que a concentração plasmática se reduza a metade.
Conhecer o tempo de ½ vida do fármaco permite orientar o regime posológico com a finalidade de
manter as concentrações séricas ideais. O tempo para atingir o platô (em uma cinética de primeira
ordem), é de 4 a 6 tempos de meia vida. É por isso que respeitar a posologia é fundamental para
impedir que ocorram grandes flutuações das concentrações, ficando abaixo (ou acima) da
concentração terapêutica desejada.
Farmacodinâmica
- As moléculas dos fármacos precisam exercer alguma influencia química sobre um ou mais
constituintes celulares para produzir uma resposta ou alterar o funcionamento celular.
- Elas agem sobre os seus alvos moleculares/farmacológicos para produzirem suas respostas
orgânicas/biológicas. É necessário interação entre o fármaco e o alvo farmacológico (que geralmente
é uma macromolécula ou complexo macromolecular).
- Proteínas alvo para a ligação de drogas: Receptores celulares (os principais são os metabotrópicos),
nucleares e do tipo tirosina-quinase. E também temos as enzimas celulares, transportadores celulares
e canais iônicos celulares.
- A maioria dos fármacos age sobre receptores metabotrópicos, que estão acoplados a uma proteína
G. Eles estão suscetíveis a down ou up regulation.
- A down regulation ou dessensibilização ocorre quando o receptor está sofrendo exposição repetida
ou crônica ao agonista, ou seja, quando o receptor está sendo muito ativado. Nesse caso, ocorre
redução do número de receptores disponíveis. É isso que causa a tolerância a determinados fármacos,
sendo necessário que, para se ter o mesmo efeito, se tome doses cada vez maiores.
- Fármacos agonistas de receptores: Ativam o receptor gerando resposta celular, que pode ser
excitatória ou inibitória.
- Fármacos antagonistas de receptores: Ligam-se no receptor sem ativá-lo, apenas para bloquear a
ligação e ação de outras substâncias agonistas. Com base no sítio de ligação ele pode ser
competitivo/sintópico (sítio comum) ou não competitivo/alotópico (sítios diferentes). Além disso, a
ligação pode ser reversível ou irreversível. Quando a afinidade da ligação é baixa, ela é reversível, se
for alta, ela será irreversível.
- Observação: Um agonista parcial serve como antagonista competitivo reversível para um agonista
pleno, deslocando a curva dose/resposta para a direita, pois é necessário que a dose do agonista pleno
seja maior para se ter a mesma resposta/compensar.
- Receptores tirosina-quinase: Domínio extracelular conectado ao domínio intracelular por uma hélice
única. É nesse tipo de receptor que agem as citocinas, os fatores de crescimento, insulina, entre outros.
Tem uma latência farmacológica de horas.
- Receptores nucleares: Podem estar no citoplasma ou dentro do núcleo. São receptores das moléculas
lipofílicas (atravessam a membrana celular). Agem regulando e também modificando a transcrição
gênica. Nesses receptores agem os hormônios esteroides, vitaminas lipossolúveis. Tem latência
farmacológica de horas a dias.
- Enzimas: Os fármacos podem agir por inibição direta da atividade enzimática (como os AINES, iECAs)
ou podem agir como falsos substratos (como as estatinas, 5-FU), que sofrem ação da enzima, mas
geram metabólito diferente, competindo com o verdadeiro substrato enzimático.
- Canais iônicos: Cada canal é seletivo para determinados íons devido ao tamanho do seu poro e
natureza do seu revestimento. O seu mecanismo de comporta pode ser dependente de voltagem ou
de ligante, e esse ligante pode agir via extracelular ou via intracelular (regulado pelo cálcio, AMPc).
Muitos fármacos atuam de forma direta ou indiretamente, influenciando a concentração do cálcio
intracelular, pois o cálcio atua regulando a atividade de diversas proteínas como enzimas,
transportadores, canais, fatores de transcrição, proteínas das vesículas de armazenamento contráteis,
ou seja, afetas várias funções celulares.
- A potência é a relação entre a quantidade da droga e a resposta promovida. Avalia-se pela ED50
(dose efetiva 50%), que é a dose necessária para produzir 50% da resposta máxima (POT = ED50) ou
produzir a resposta em 50% de uma população. Potência relativa é o termo utilizado quando se
compara 2 fármacos. Para o mesmo nível de resposta, qual é a dose necessária de cada um? O que
precisa de menor dose é o mais potente. É diferente de eficácia relativa, que compara a resposta
máxima, sendo que quanto maior a resposta do fármaco quando comparado a outro, maior a sua
eficácia (refere-se, então, à máxima resposta do fármaco).
- Índice terapêutico (IT): Faz referência à relação entre efeitos terapêuticos e efeitos adversos, sendo
que IT = DL50 / ED50. Ou seja, IT é a razão entre a dose letal para 50% de uma população e a dose
necessária para causar efeito em 50% da população. Quanto maior o IT, mais seguro é o medicamento,
pois a diferença de uma ED50 para um DL50 é maior.
- Janela terapêutica: É a faixa de concentrações do fármaco que tem eficácia terapêutica sem causar
efeitos adversos. Ou seja, são as concentrações entre a concentração mínima para efeitos terapêuticos
e a concentração mínima para efeitos adversos (essa janela pode ser maior ou menos dependendo do
fármaco).
Questões 1
- Pressão arterial: É a pressão exercida pelo sangue contra a superfície interna das artérias. É produto
do débito cardíaco pela resistência vascular periférica. Logo, PA = DC x RVP.
- Hipertensão arterial: É uma doença crônica não transmissível definida por níveis pressóricos.
- O tratamento anti-hipertensivo pode ser feito por meio de medidas gerais e terapia farmacológica.
- Medidas gerais: Controle dietético (dieta hipossalina e hipolipidêmica), exercícios físicos, tratamento
de outros fatores de risco (como a obesidade e diabetes), retirar ou evitar fármacos hipertensores.
- Angiotensina I nos vasos: Gera vasoconstrição, aumento da resistência vascular e aumento da PA.
- Angiotensina renal: Aumento da renina > Aumento da aldosterona > Aumento da retenção de sódio
e água > Aumento do DC > Aumento da PA.
- Os iECAs são recomendados como tratamento de primeira escolha contra HAS em pacientes com
uma variedade de indicações, incluindo risco alto de DAC, história de DM, AVE, IC, IAM ou DRC.
- Tem também outros usos clínicos: Na insuficiência cardíaca (é o fármaco de escolha), após infarto
do miocárdio (previnem o remodelamento ventricular), doença renal crônica e nefropatia diabética
(retardam a progressão e diminuem albuminúria).
- Efeitos adversos: Hipotensão, angioedema, tosse seca (mais frequente em mulheres, causado pelo
acúmulo de bradicininas no pulmão), alteração na gustação e rashes (erupção cutânea), hipercalemia
(monitorar níveis séricos, por causa da liberação de aldosterona), hiperpotassemia.
- AINEs promovem redução dos efeitos dos iECA (pois os AINEs são inibidores das cicloxigenase que
geram as prostaglandinas).
- Tem como mecanismo o bloqueio dos efeitos da angiotensina II no receptor ATI (Gq).
- São fármacos de primeira escolha para o tratamento da HAS, especialmente em pacientes com DM,
IC ou DRC.
- Os efeitos adversos e interações são similares aos dos iECAs (menos risco de tosse e angioedema).
- Não devem ser associados aos iECAs e são contraindicados para gestantes.
- Diminuem a RVP e reduzem a PA, relaxando os músculos lisos dos vasos, sem gerar mudanças no
DC, por isso não ocorre taquicardia no tratamento prolongado.
- Uso clínico: Devido aos resultados fracos e ao perfil de efeitos adversos, os alfa-bloqueadores não
são recomendados no tratamento inicial da HAS, mas podem ser utilizados para casos refratários.
- Uso clínico: HAS com doença cardíaca concomitante, IAM, angina e ICC.
- A redução da atividade cardíaca pode produzir cansaço, que pode impactar em atividades físicas e
domésticas mais pesadas.
Succinato: 25-400mg/dia
Administrar juntamente
Metoprolol Tartarato: 50-450mg/dia
às refeições (tartarato)
2-3x/dia
- Estão presentes nas terminações nervosas pré-sinápticas, as quais quando estimuladas geram inibição
de noradrenalina.
- Afetam principalmente o músculo cardíaco e o músculo liso vascular, inibindo a entrada de cálcio.
- Os BCCs diidropiridinas são vasodilatadores potentes que têm pouco ou nenhum efeito clínico
negativo sobre a contratilidade ou condução cardíaca. Normalmente usados para tratar hipertensão
ou angina estável crônica. Os BBCs não-diidropiridinas (benzotiazepinas e fenilalquilaminas) são
vasodilatadores menos potentes em comparação com as diidropiridinas, mas têm um maior efeito na
- Angina: Pode ser tratada por meio dos BCCs diidropiridinas e Diltiazem.
- Efeitos adversos: Cefaleias, tonturas, náuseas, bradicardia e edema periférico. Também pode ocorrer
rubor, vertigem e hipotensão.
Diuréticos
- DC = FC x VS (Volume sistólico).
Diuréticos de alça
- Os diuréticos de alça inibem os co-transportadores e deixam o Na na alça, fazendo com que sejam
excretados na urina. Potencializa a excreção de Na, K e Cl.
- Usos clínicos: Sobrecarga de sódio e água associada à hipertensão, edema pulmonar agudo por IC
aguda, insuficiência cardíaca crônica, cirrose hepática, IR, tratamento agudo da hiperpotassemia.
- Não são primeira escolha na maioria dos casos, apenas em emergências e/ou casos mais graves.
Diuréticos tiazídicos
- Agem no túbulo contorcido distal, onde há um co-transportador de Na/Cl. A ideia é a mesma dos
diuréticos de alça.
- Sódio e potássio sofrerão uma excreção maior. Aqui teremos uma hipercalcemia, pois o cálcio tem
uma excreção urinária diminuída.
- Usos clínicos: Hipertensão (também são vasodilatadores), reduzem riscos de AVE e IAM associados
à HAS, insuficiência cardíaca leve, edema.
- Efeitos adversos: São mais tolerados que os diuréticos de alça. Podem causar alcalose metabólica,
hiperglicemia (inibição da secreção de insulina), hiperlipidemia (colesterol total e HDL), hiperuricemia
(gota), disfunção erétil, reações de hiperssensibilidade, hipercalcemia (vantajoso em idosos com risco
de osteoporose).
- No caso dos medicamentos que foram classificados como antagonistas da aldosterona, a expressão
de transportadores fica reduzida, o que reduz a capacidade de retenção de sódio, logo, o efeito final
será uma maior excreção de sódio.
Agentes osmóticos
- Usos clínicos: Hipertensão intracraniana aguda, elevação aguda da pressão intraocular. São usados
para manter o fluxo urinária após a ingestão de substâncias tóxicas agudas capazes de produzir IRA.
Hemostasia
- Processo responsável por manter a fluidez do sangue, visando o reparo da lesão vascular e a limitação
da perda de sangue.
- Em dose baixa e uso crônico inibe profundamente (> 95%) a síntese de tromboxane A2 (TXA2) das
plaquetas.
- Faz acetilação irreversível da COX-1, causando uma inibição de longa duração (7 a 10 dias).
Anticoagulantes
- Os anticoagulantes inibem a ação dos fatores de coagulação (heparina, por exemplo) ou interferem
na síntese dos fatores de coagulação (vitamina K, como a varfarina).
Heparinas
- Tempo de meia-vida maior que a HNF, administradas 1 a 2 vezes ao dia via SC.
- Eliminadas por via renal, são contraindicadas para pacientes com IR (prolongamento da meia vida).
- Usos clínicos: Usada na prevenção (para tratamentos agudos e/ou prolongados), trombose venosa
(perioperatória, fibrilação atrial, próteses). Para embolia pulmonar, infarto do miocárdio, coagulação
extracorpórea.
- As HBPMs são os anticoagulantes de escolha para o tratamento da gestante, pois não atravessa a
placenta, devido ao grande tamanho e à carga negativa.
- Efeitos adversos: Hemorragia (nesse caso, interromper o tratamento e realizar reversão da hemorragia
com sulfato de protamina via IV). Trombose.
Varfarina
- As heparinas e os inibidores da trombina têm ação imediata, enquanto a Varfarina leva de 3 a 4 dias
para exercer seu efeito (tempo necessário para a degradação dos fatores de coagulação pré-formados).
- Rivaroxabana e Apixabana são inibidores do fator Xa, de uso oral. Ligam-se ao fator Xa, impedindo
a conversão do protrombina em trombina.
- Usos clínicos: Tratamento e prevenção de TVP, EP e do AVE na fibrilação atrial não valvar.
- Efeitos adversos: Sangramento e anemia. IR prolonga o efeito desses fármacos (aumenta o risco de
hemorragia).
Fibrinólise
- Fármacos que ativam a conversão de plasminogênio em plasmina, uma serino-protease que hidrolisa
a fibrina e, assim, dissolve coágulos.
- Usos clínicos: IAM (até 12 horas depois), AVC trombótico (até 3 horas após), TVP, reabertura de
derivações e cânulas trombosadas.
- A reversão pode ser feita por meio do ácido tranexâmico, plasma fresco e fatores de coagulação.
- Alteplase, Duteplase e Reteplase (tPA recombinantes): Tecnologia de DNA recombinante. Via IV.
São mais ativas sobre o plasminogênio ligado a fibrina do que sobre o plasminogênio plasmático -
“seletivas para o coágulo”. Não são antigênicos - úteis para pacientes que desenvolvem anticorpos
contra a Estreptoquinase.
Anti-hemorrágicos
- Defeitos na coagulação: Hemofilia clássica (fator VIII), insuficiência hepática, terapia anticoagulante,
hemofilia B (fator IX), deficiência da vitamina K.
- Reposição dos fatores de coagulação: Plasma fresco ou concentrados de fator VIII ou IX.
- Vitamina K: Vitamina K lipossolúvel (Koagulation). K1: Fitomenadiona, encontrada nas verduras. K2:
Menadiona, sintetizada por bactérias no intestino. Cofator da gama-glutamil carboxilase, essencial
para a síntese dos fatores II, VII, IX e X. Para tratamento e/ou prevenção de hemorragia por tratamento
excessivo com anticoagulante oral (varfarina). Em bebês, para prevenir a doença hemorrágica do RN.
- Para deficiências de vitamina K em adultos: Espru, doença celíaca, esteatorreia, ausência de bile (na
icterícia obstrutiva).
Fármacos anti-fibrinolíticos
- Diabetes tipo 1: A - Deficiência de insulina por destruição autoimune das células beta, comprovada
por exames laboratoriais. B - Deficiência de insulina de natureza idiopática.
- Diabetes tipo 2: Perda progressiva de secreção insulínica combinada com resistência à insulina.
Insulina
- Fase I: Liberação rápida (bolus) - grande quantidade de insulina previamente estocada é liberada.
- Fase II: Liberação lenta - pequena quantidade de insulina recém sintetizada é liberada.
- Insulina de ação ultra-rápida: Início de ação de 5-15 minutos, com duração de ação de 4 a 6 horas.
Tem como representantes: Insulina Lispro, Asparte e Glulisina. Deve ser injetada imediatamente antes
das refeições.
- Insulina de ação rápida: Início de ação de 30-60 minutos, com duração de ação de 6 a 10 horas.
Exemplo: Insulina Regular (Rápida - Regular). Deve ser injetada entre 30-45 minutos antes do início
das refeições.
- Insulina de ação intermediária: Início de ação de 1-2 horas, com duração de 14 a 18 horas. Tem
como representante a Insulina NPH. Pode ser indicada 1-2 vezes ao dia, geralmente antes de dormir.
- Sintomas pela hipoglicemia: Cefaleia, ansiedade, taquicardia, confusão, vertigens, diaforese, visão
turva, tremores, aumento do apetite, fraqueza/fadiga, lipodistrofia e hipersensibilidade.
Hipoglicemiantes orais
Sulfonilureias
- São secretagogos de insulina. São eficazes apenas na presença de células beta funcionais.
Glinidas
- Essa classe de fármacos inclui a Repaglinida e a Nateglinida. As glinidas são consideradas também
secretagogas de insulina.
Biguanidas
- Efeitos adversos: Efeitos no TGI (anorexia, náuseas, diarreias), risco de acidose láctica (compromete
o metabolismo hepático do lactato), uso prolongado pode interferir na absorção da vitamina B12
(anemia, depressão, formigamento das extremidades).
- Não provoca hipoglicemia e nem aumentos do peso corporal, diferente das sulfonilureias.
Inibidores do SGLT2
- Mecanismo de ação: Estes fármacos inibem a enzima DPP-4, que é responsável pela inativação dos
hormônios incretina, como o GLP-1. O prolongamento da atividade dos hormônios incretina aumenta
a liberação de insulina em resposta às refeições e a redução na secreção imprópria de glucagon. Os
inibidores da DPP-4 podem ser usados como monoterapia ou em associação com sulfonilureias,
metformina, TZDs ou insulina. Diferentemente dos incretinomiméticos, estes fármacos não causam
saciedade ou plenitude e são neutros em relação à massa corporal.
Incretinomiméticos
- São análogos do GLP1 - Atuam como agonistas dos receptores da incretina (administração via SC).
Suplementação
- Vitamina A e D: Começa em torno de 5 a 7 dias de vida, fazendo 2 gotas por dia até os 2 anos.
- Sulfato ferroso 125mg/ml 4-6mg/kg/dia. 1 gota = 1,25mg Fe: Esse é para tratamento da anemia
ferropriva. Dar meia hora antes do almoço com suco de laranja/limão por 3 meses. Para profilaxia, 1
gota por kg até os 2 anos a partir dos 3 meses de vida. Se estiver amamentando, inicia com os 3 meses.
Se uso de fórmula antes desse período, inicia quando começar a fórmula. Orientação de dar leite
materno em livre demanda, pois o leite materno não quela o ferro (tem lactoferrina, que é uma proteína
carreadora do ferro, e tem fator bífido, que acidifica o meio intestinal).
Antipiréticos e anti-inflamatórios
- Paracetamol 100mg/ml ou 200mg/ml (1 gt por kg de 6/6h se dor ou febre). É o que pode fazer
primeiro.
- Inalação: Soro fisiológico 0,9%, 5 ml // Berotec 1 gt a cada 3 kg se a criança estiver com sinais de
esforço respiratório ou 1 gt a cada 5 kg se a criança não estiver com sinais de esforço respiratório //
Atrovent é sempre o dobro de Berotec. Isso somente na UPA ou no posto. Exemplo: Criança com 15
kg, faz no máximo 10 gt de Berotec e 20 de Atrovent.
- Salbutamol (Aerolin): Fazer 3 puffs de 3/3h se crise, tosse, chiado ou canseira. Não é medicação
para usar direto, somente se estiver em crise. Deixar claro que não podemos usar direto, pois é
medicamento de resgate.
- Beclometasona 50, 200 ou 250 mcg (Clenil): É um corticoide. Faz o tratamento e manutenção (sem
crise). Fazer 1 puff de manhã e 1 puff à noite todos os dias por 3 meses (anotar nesses 3 meses quantas
vezes precisou usar o Aerolin, e se espera em 1 ano usar no máximo 2 para o tratamento estar correto
e em 3 meses nenhuma vez). A bombinha do dia a dia é Beclometasona. Este é o tratamento da
criança, que previne que ela use o Salbutamol (Aerolin). O que modula o tratamento é a quantidade
de crises que a criança tem em 1 ano. Nós esperamos no máximo 2 vezes o Salbutamol (tratamento
de resgate) se o tratamento estiver correto.
- Budesonida 32 mcg (corticoide intranasal): Aplicar 1 jato em cada narina toda noite antes de dormir
por 3 meses. Manter o nariz umidificado, pois previne o sangramento e garante fluidez para a secreção.
- Rinite, asma, dermatite: Não tem cura, mas melhora na adolescência, geralmente, e volta na vida
adulta (remissão de 10, 20, 30 anos). Rinite pode ser a criança obstruída ou espirrador. Quanto mais
seco o tempo, maior serão os ataques de rinite. Sempre manter o ambiente úmido e o nariz com soro.
- Óxido de zinco: Prevenção de assaduras. Faz uma camada de proteção contra os excrementos da
criança. Aplica-se a cada troca de fraldas. É uma prevenção, logo, aplica-se antes de ter assadura.
Substitui o talco (obstrui os poros).
- Miconazol // Cetoconazol // Nistatina pomada: Antifúngicos. Aplicar a cada troca de fralda (quando
tem a lesão, várias bolinhas). Aplica-se a cada troca de fraldas.
- Hidratantes (Hidrakids, Saniskin, Dermovance, Fisiogel, Cerave, Cetaphil, Avene): É indicado para
crianças com dermatite, deve-se passar todos os dias. Banho com água morna, e se sujar durante o
dia, lavar somente com água. Não usar o sabonete indiscretamente. Deixar hidratante já no chuveiro,
passar o hidratante enquanto a criança estiver com a pele úmida pois tem maior absorção. No calor
pode colocar a roupa molhada na criança para aliviar a coceira.
- Permanganato de potássio: Prescrição - Dissolver 2 cps em uma bacia com água e fazer banho de
assento por 10 minutos por 15 dias. Pode ser usado em paciente com fungo, com varicela também.
- Banho de aveia (a de comer): 20 colheres de aveia em floco na água (tem poder anti-inflamatório).
Diminui a irritação da dermatite. Ficar na água 1 vez por dia, pode fazer todos os dias. Auxilia no
tratamento de infecções fúngicas, varicela e outras lesões cutâneas e dermatites, pois tem ação
antisséptica.
Antiparasitários / Antifúngicos
- Antiparasitários somente para crianças acima de 2 anos se profilático, e, então, pode dar de 6 em 6
meses.
- Albendazol 400mg e Mebendazol 100mg: Pode usar em menores de 2 anos se houver sintomas
específicos). Albendazol 400mg - dar 10 ml pela boca 1 vez ao dia por 5 dias. Mebendazol 100mg -
dar 5ml de 12/12h por 3 dias, dar intervalo de 1 semana e repetir. Por 5 dias para pegar também
giárdia.
- Ivermectina 6mg: Escabiose e pediculose. Se maior de dois e pelo menos 15kg, se tiver com sarna
ou piolho. Prescrição - Tomar 1 cp pela boca, dar intervalo de 1 semana e repetir. Fazer receita para
toda a família. Colocar todas as roupas no sol, ferver a água, sempre passar. Damos o intervalo por
causa da ovopostura.
- Griseofulvina: É a opção de antifúngico para menores de 12 anos. Mandar manipular e dar 10,
25mg/kg/dia. A duração do tratamento com antifúngicos varia. Tinea do corpo são 2 a 4 semanas.
Tinea inguinal e pés são 4 semanas. Tinea capilar são 6 a 12 semanas. Tinea ungueal são 4 a 6 meses
para a mão e 6 a 12 meses para os pés.
Corticoides
- Prednisolona 3mg/ml: Faz-se 1mg/kg/dia 1 vez ao dia, por no máximo 7 dias, pela manhã.
Antialérgicos
Antibióticos
- Cefalexina 250/5: Faz de 6/6h. 50 a 100mg/kg/dia por 10 dias. É o melhor antibiótico para lesões de
pele.
- Eritromicina 250/5: Faz de 6/6h. 30 a 50 mg/kg/dia por 10 dias, sendo o máximo 500mg por dose
(máximo total de 2g).
Casos clínicos
- Caso clínico 1: Jonielson de Albuquerque de 6 anos, 22kg, chega no consultório com a história de
ferida no nariz e boca há 1 semana. Mãe relata que o menor iniciou com uma bolha pequena que
Receita
Jonielson de Albuquerque.
Uso oral
1. Cefalexina 250mg/5ml ------------------------- 1 frasco.
Dar 5,5 ml de 6/6g por 10 dias.
Uso tópico
2. Permanganato de potássio --------------------- 30 cps.
Dissolver 2 cps em uma bacia com água e fazer banho de assento por 10 minutos por 15
dias.
- Caso clínico 2: Jesmielly da Silva de 4 anos, 15 kg, vem para consulta com a mãe. Ela iniciou quadro
de rinofaringite. Após melhora parcial, evolui com 10 dias de tosse que piora a noite e rinorreia
amarelo esverdeada. Sua mãe relata obstrução nasal e episódios de febre há 3 dias.
Receita
Jesmielly da Silva.
Uso nasal
1. Soro fisiológico 0,9% ------------------- 1 frasco.
Aplicar 1 jato em cada narina várias vezes ao dia.
Uso oral
2. Amoxicilina 250/5 ----------------------- 1 frasco.
Dar 5ml pela boca de 8/8h por 10 dias.
3. Loratadina 10mg ------------------------- 1 frasco.
Dar 5 ml pela boca 1 vez ao dia por 5 dias.
4. Paracetamol 200ml ---------------------- 1 frasco.
Dar 15 gts pela boca de 6/6h se dor ou febre.
5. Prednisolona 3mg ------------------------ 1 frasco.
Dar 5ml pela boca 1 vez ao dia por 7 dias.
- Caso clínico 3: 26kg e 11kg. Uriesman Lima de 10 anos é levado ao posto de saúde por sua mãe.
Ela refere que o menor nunca tomou antiparasitário. Refere ainda que a irmã Waldisneia Lima dele de
1 ano e 3 meses está com prurido anal e vaginal intenso. Faça a prescrição adequada para as duas
crianças.
Receita
Uriesman Lima
Uso oral
1. Ivermectina 6mg ----------------- 2 cps.
Tomar 1 comprimido pela boca hoje, dar intervalo de 1 semana e repetir.
Receita
Waldisneia Lima.
Uso oral
1. Mebendazol 100mg/ml ----------- 1 frasco.
Dar 5ml de 12/12h por 3 dias, dar intervalo de 1 semana e repetir.
- Caso clínico 4: 15kg. Frouzen Santos de 6 anos, vai a Unidade Básica de Saúde. A mãe refere que a
menor chora ao fazer xixi e que a urina está mais escura. A mãe refere que a menor nunca teve quadro
semelhante anteriormente. Escreva a hipótese diagnóstica mais adequada, tratamento e se necessário
indique os exames que devem ser solicitados e faça orientações higienodietéticas e ambientais.
Receita
Frouzen Santos.
Uso oral
1. Cefalexina 250mg/ml ------------- 1 frasco.
Dar 4ml de 6/6h por 10 dias.
2. Dipirona 500mg/ml --------------- 1 frasco.
Dar 15 gotas de 6/6h se dor ou febre.
- Caso clínico 5: 13kg. Narutisson Ribeiro de 5 anos apresenta tosse pouco produtiva, coriza hialina,
obstrução nasal e espirros de caráter contínuo desde os 18 meses de vida. A mãe refere que o menor
sempre coça muito o nariz e os olhos, e que a criança respira sempre pela boca, pois vive obstruída e
está sempre gripada. Refere que quando fica perto do gato da tia o quadro piora. Escreva a hipótese
diagnóstica mais adequada pro caso, faça a prescrição e orientações higieno dietética e ambientais se
necessário.
Receita
Narutisson Ribeiro.
Uso nasal
1. Budesonida 32mcg --------------- 1 frasco.
Aplicar 1 jato em cada narina toda noite antes de dormir durante 3 meses.
Uso oral
2. Loratadina 1mg/ml ---------------- 1 frasco.
Dar 10ml 1 vez ao dia por 3 meses.
Uso tópico
5. Soro fisiológico 0,9% ------------- 1 frasco.
Aplicar 5ml com seringa no nariz várias vezes ao dia.
- Caso clínico 6: 25kg. A mãe de Narutisson diz que trouxe o outro irmão e pede uma consulta. Você
pensando no seu Juramento ao se formar de sempre ajudar quem precisa, concorda em atender o
irmão. Boruto Ribeiro de 10 anos tem quadro de cansaço e tosse recorrente principalmente à noite e
quando acorda, desde sempre. A mãe refere que ao levar as crianças para escola tem que parar pra
ele descansar pois ele sempre se cansa muito, enquanto os irmãos estão bem. Escreva a hipótese
diagnóstica mais adequada pro caso, faça a prescrição e orientações higieno dietética e ambientais se
necessário.
Receita
Boruto Ribeiro.
Uso inalatório
1. Beclometasona 50mcg ----------------- contínuo.
Fazer 1 jato de manhã e 1 jato à noite todos os dias.
2. Salbutamol 100mcg -------------------- contínuo.
Fazer 2 jatos de 2/2h, se crise de tosse, chiado ou canseira.
Uso nasal
3. Soro fisiológico 0,9% ------------------ contínuo.
Aplicar 5ml em cada narina várias vezes ao dia.
Uso oral
4. Loratadina 10mg ------------------------ contínuo.
Dar 10ml pela boca 1 vez ao dia por 3 meses.
5. Prednisolona 3mg ------------------ 1 frasco.
Dar 8ml 1 vez ao dia por 7 dias.
6. Dipirona 500mg/ml ---------------- 1 frasco.
Dar 15 gotas de 6/6h se dor ou febre.
- Caso clínico 7: 12kg. Quando Boruto Ribeiro entra no consultório, a mãe traz junto a filha mais nova
Sakura Ribeiro de 3 anos, e aproveita que já está todo mundo ali e pede pra você dar uma olhadinha
nela. Você diz que tudo bem. A mãe refere que a menor tem muito prurido atrás dos joelhos, nos
braços e no glúteo. Refere que as vezes a menor coça tanto que sangra. Refere que tem época que
melhora um pouco, mas nunca desaparece completamente. Ao fazer o exame você observa as lesões
de arranhadura e crostas com saída de secreção. Além disso, a pele está ressecada e apresenta
dermografismo. Escreva a hipótese diagnóstica mais adequada pro caso, faça a prescrição e
orientações de higieno, dietética e ambientais se necessário.
Receita
Sakura Ribeiro.
Uso tópico
1. Banho de aveia.
Encher a banheira com água morna e adicionar 20 colheres de aveia em flocos, fazer 1 vez
ao dia, todos os dias.
2. Dexametasona --------------- 1 frasco.
Aplicar na pele 3 vezes ao dia por 7 dias.
3. Hidratação (Hidrakids, Cerave, Cetaphil).
Aplicar todos os dias, em todo o corpo, após o banho, com a pele úmida.
Uso oral
4. Loratadina 10mg ------------------- contínuo.
Dar 10ml pela boca 1 vez ao dia por 3 meses.
5. Prednisolona 3mg ------------------ 1 frasco.
Dar 4ml 1 vez ao dia por 7 dias.
6. Cefalexina 250mg/5ml ------------ 1 frasco.
Dar 3ml de 6/6h por 10 dias.
- Caso clínico 8: 10kg. Jovenilson Antunes de 1 ano e 3 meses é levado na Unidade Básica de Saúde
pela sua mãe Joselita Antunes com quadro de prurido intendo nos pés e nas mãos há 1 semana. Mãe
refere que o prurido piora a noite, e que o irmão Jonielson Antunes de 5 anos está com quadro
semelhante. No exame físico, você observa pápulas com orifício enegrecido. Escreva a hipótese
diagnóstica mais adequada pro caso, faça a prescrição e orientações higieno dietética e ambientais se
necessário.
Receita
Jovenilson Antunes
Uso tópico
1. Permetrina 5% ------------- 1 tubo.
Passar do pescoço para baixo, dormir com a medicação e retirar após 12h, no banho. Fazer
por 5 dias, dar intervalo de uma semana e repetir.
Receita
Jonielson Antunes
Uso oral
1. Ivermectina 6mg --------- 2 cps.
Dose única, repetir em 7 dias.
- Caso clínico 9: 22kg. Zuleika Matos de 8 anos, vai ao Pronto Socorro com história de vômito 2
episódios e diarreia 3 episódios, sem sangue e muco. Mãe refere febre não aferida um episódio. Nega
demais sintomas. Ao exame físico: bom estado geral, ativa, reativa, eupneica e hidratada.
Receita
Zuleika Matos
Uso oral
1. Soro de reidratação oral ------------ 7 sachês.
Colocar 1 sachê em 1 litro de água filtrada e oferecer após os episódios de diarreia ou
vômito, por via oral.
2. Paracetamol 200mg ----------------- 1 frasco.
Tomar 22 gotas de 6/6h se dor ou febre.
3. Bromoprida 4mg/ml ----------------- 1 frasco.
Tomar 22 gotas de 6/6h se dor ou febre.
- Orientações gerais: Manter hidratação, lavar bem os alimentos, dieta leve (sopas, caldos), verificar
se a vacinação está em dia, realizar menor quantidade e maior frequência das refeições.
Bexiga hiperativa
- A bexiga hiperativa pode ter causa neurogênica, quando associada ao AVC, doença de Parkinson,
trauma raquimedular.
- Clínica: Paciente apresenta desejo de urinar, porém não consegue segurar até chegar ao banheiro. É
uma perda urinária após um forte desejo.
- Efeitos colaterais dos anticolinérgicos: Boca seca, constipação, tontura, confusão mental.
- Contraindicações dos anticolinérgicos: Glaucoma, obstrução do TGI. Seu uso é restrito em idosos.
- Cloridrato de Oxibutina, 5mg (Retemic): Anticolinérgico. 2 a 3 vezes ao dia. Não é seletivo. Possui
efeitos colaterais em 76% dos pacientes e apresenta baixa adesão. É uma droga barata, à disposição
do SUS.
- Succinato de Solifenacina 5 ou 10mg (Vesicare): Anticolinérgico. 1 vez ao dia. É mais seletivo para
a bexiga, apresentando menos efeitos colaterais. É uma droga mais barata que a Tolterodina. É a
primeira opção para pacientes que apresentam a condição.
- Mirabegrona 50mg (Myrbetric): Beta-3-AR agonista. Tem baixa afinidade por outros receptores.
Estimula o SNA simpático (noradrenalina) e, assim, faz o relaxamento vesical. Possui eficácia
semelhante aos anticolinérgicos, com menos efeitos colaterais que os anticolinérgicos. Porém, é uma
droga muito cara.
- Caso clínico 10: Paciente do sexo feminino, 27 anos, com história de aumento da frequência urinária,
urgência miccional (precisa correr para o banheiro) e também urgincontinência (alguns episódios de
perda involuntária de urina). Nega perdas urinárias ao esforço.
- O paciente urina mal por 2 motivos: 1) O aumento de células na zona transicional da próstata gera
uma obstrução mecânica na uretra. 2) Ocorre aumento do tônus da cápsula fibromuscular, gerando
uma hipertonia que comprime a próstata e, por consequência, a uretra (componente dinâmico).
- Quadro clínico: São os sintomas do trato urinário baixo (LUTS), que são divididos em sintomas
irritativos (de enchimento) e sintomas obstrutivos (de esvaziamento).
- Sintomas irritativos (de enchimento): Frequência (isto é, ocorre um aumento da frequência urinária),
urgência (tem que correr ao banheiro quando tem vontade de urinar), urgincontinência (quando dá
vontade de urinar tem que correr ao banheiro para não urinar na calça), polaciúria (mais relacionado
a doenças inflamatórias e não com a hiperplasia), nictúria (acorda durante a noite para urinar com
inversão do hábito), disúria (dor ao urinar, talvez relacionada a doenças inflamatórias).
- Sintomas obstrutivos (de esvaziamento): Jato fraco (paciente acaba fazendo esforço para urinar),
hesitação (a urina demora para sair), intermitência urinária (urina de forma parcelada), gotejamento
terminal e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
- Doxazosina 2 ou 4mg (Carduran): Alfabloqueador. Bloqueia os receptores alfa-1. Uso 1 vez ao dia,
de preferência à noite. É o que mais causa hipotensão, mas é de baixo custo. Não tem disponível no
SUS.
- Inibidores da 5-alfa-redutase: Inibem a enzima 5-alfa-redutase do tipo I e/ou tipo II, inibindo a
conversão de testosterona em DHT (metabólito ativo). Atua em dois sítios, na próstata e na pele (pode
ser usada para tratar alopecia androgênica). Nesse caso, quanto menor a seletividade, maior a eficácia
pois irá inibir os dois tipos da enzima. Reduz 20 a 30% do volume prostático em 6 meses. Reduz
falsamente o PSA em 50%. Logo, se o paciente chegar no consultório com PSA baixo e usa esse
medicamento, deve-se multiplicar o PSA por 2 para avaliar o risco de câncer.
- Finasterida 5mg (Proscar): Inibidor da 5-alfa-redutase. Inibe somente a 5-alfa-redutase tipo II (mais
seletiva). Diminui a DHT em 70%, mas possui início de ação mais demorado. Uso 1 vez ao dia.
- Dutasterida 0,5mg (Avodart): Inibidor da 5-alfa-redutase do tipo I e II. Diminui a DHT em 90%.
Possui efeito mais precoce. Uso 1 vez ao dia.
- Caso clínico 11: Paciente do sexo masculino, 64 anos, com queixa de jato miccional fraco, esforço
miccional, nictúria 3 vezes e urgência urinária. Nega tratamento prévio para doenças urológicas,
cirurgias ou sondagem uretral prévia. Ao toque retal, próstata com aproximadamente 60g,
fibroelástica, sem nódulos. PSA, função renal e exame de urinas normais. US: Bexiga normal, próstata
de 67g (normal até 30g), presença de resíduo miccional de 52 ml (normal até 30ml) e rins normais.
Hipótese diagnóstica: HBP.
Disfunção erétil
- Caso clínico 12: Homem de 61 anos, com dificuldade progressiva para iniciar e manter ereção há 3
anos. Nega tratamento prévio para disfunção erétil e cirurgias prévias. Tabagista 30 anos/maço.
Testosterona e perfil tireoidiano normais. Fatores de risco: Idade, tabagismo. Hipótese diagnóstica:
Disfunção erétil.
- Efeitos colaterais dos inibidores da 5-fosfodiesterase: Cefaleia, rubor facial, congestão nasal e
tontura.
- Tadalafila 5 ou 20mg (Cialis): Inibidor da 5-fosfodiesterase. Início de ação em 120 minutos e duração
até 36 horas. Não sofre influência da alimentação e pode ser usado em regime diário. Para pacientes
que têm vida sexual mais ativa.
- Medicação intracavernosa: É a segunda linha de tratamento. Uso sob demanda. Age nos vasos e
sinusoides cavernosos, promovendo relaxamento da musculatura lisa. Possui alta eficácia (até 90%),
mas baixa adesão (50%).
- Combinação de drogas: Bimix ou Trimix. Aumenta a eficácia, mas também pode aumentar os efeitos
colaterais e complicações.
Ejaculação precoce
- Caso clínico 13: Homem de 21 anos, com dificuldade para controlar a ejaculação, desde o início da
vida sexual. Paciente bastante ansioso com a situação, já perdeu parceiras devido ao quadro. Exame
físico genital e neurológico normais. Hipótese diagnóstico: Ejaculação precoce.
- Não há um tempo mínimo para critério diagnóstico. O tratamento é realizado de acordo com o grau
de satisfação do paciente.
Questões 3
Definições
- Hipertensão arterial sistêmica: Condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada
dos níveis pressóricos maiores ou igual a 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente se associa a distúrbios
metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de
outros fatores de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e DM.
- Efeito do jaleco branco: Diferença de pressão entre as medidas obtidas no consultório e fora dele,
desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD.
- Hipertensão do jaleco branco: Valores anormais da PA no consultório, porém com valores que são
considerados normais pelo MAPA ou MRPA.
- Hipertensão mascarada: Valores normais da PA no consultório, porém com PA elevada pela MAPA
ou medidas residenciais.
- Hipotensão ortostática: Redução da PAS > 20 mmHg ou da PAD > 10 mmHg em relação à medida
sentado após o paciente estar 3 minutos em posição ortostática.
- A pressão arterial deve ser aferida após 3-5 minutos em repouso com o paciente sentado com os pés
no chão, braço na altura do coração, bexiga vazia, sem cigarro por 30 minutos e sem exercício por
60 minutos.
- Os sons de Korotkoff, auscultados no estetoscópio, possuem 5 fases: 1) Som nítido (PA sistólica), 2)
Som suave, 3) Som amplificado, 4) Som abafado, 5) Desaparece (PA diastólica).
- Essas relações podem ser definidas pela seguinte equação - PAM = DC x RVP.
- Nos estados hipertensivos estabelecidos, encontramos um aumento da RVP, aumento da PAM, com
diminuição do DC.
- A RVP é inversamente proporcional à quarta potência do raio dos vasos (pequenas dilatações dos
vasos correspondem a grandes quedas da RVP). Logo, a HAS é bastante dependente do raio (dilatação)
das artérias de pequeno calibre. Contudo, os mecanismos intrínsecos exatos que iniciam e mantêm a
hipertensão não são conhecidos (multifatoriais).
- Quase na totalidade dos estados hipertensivos ocorre o aumento da RVP e do fluxo cardíaco.
- Quanto maior o raio do vaso, maior a RVP. Portanto, se houver qualquer dilatação nas arteríolas de
pacientes hipertensos já conseguimos modificar a PA do paciente.
- Escalonamento: Baixas doses das drogas usadas em combinações racionais para se alcançar o
controle pressórico com efeito anti-hipertensivo aditivo.
- Essa prática tem mostrado diminuição das reações adversas às drogas, com relativa facilidade de
controle pressórico. A associação de fármacos em dose baixa é melhor do que a dose máxima de um
único fármaco.
- São muitas as drogas que podem ser utilizadas. As drogas anti-hipertensivas podem ser classificadas
de várias maneiras, embora consideremos a seguinte classificação abaixo a mais simples.
- Inibidores do sistema nervoso simpático: 1) Drogas de ação central (efeito antagônico do Na), 2)
Drogas de ação intermediárias (bloqueadores ganglionares ou pós ganglionares - não são usadas), 3)
Drogas de ação periférica (antagonistas dos adrenorreceptores beta {betabloqueadores} e antagonistas
dos adrenorreceptores alfa {alfabloqueadores}).
- Não associar iECA + BRA: Nunca associar os dois. Normalmente um desses ou um bloqueador de
canal de cálcio que são os de primeira escolha, se monoterapia.
- Outra coisa importante é que, quando há três fármacos associados, um deles deve ser um tiazídico.
- A HAS é um desafio de adesão terapêutica, uma vez que o paciente não tem sintomas na maioria
das vezes, e trata-se de uma doença com consequências especialmente vasculares.
Diagnóstico e classificação
- O diagnóstico é feito com a média de 2 medidas em, pelo menos, 2 consultas: ≥ 140 x 90 mmHg.
- MRPA: ≥ 135x85 (6 aferições ao dia, durante 5 dias consecutivas e feito a média entre as medidas).
Tratamento
- Moderação no consumo de bebidas alcóolicas, com máximo de 30g/dia de etanol para homens e
15g para mulheres (15g correspondem a aproximadamente a 1 lata de cerveja, 1 taça de vinho ou 1
dose de destilado).
- Atividade física de leve a moderada intensidade, supervisionada por profissional habilitado. Meta
de 150min/semana.
- Cessação do tabagismo (embora a abstenção não promova redução dos níveis tensionais, ela deve
ser encorajada por ser um importante fator de risco cardiovascular).
- Logo, o tratamento não farmacológico deve ser incentivado e orientado a todos os pacientes.
- Se não atingiu a meta, pode aumentar a dose, associar segundo medicamento. Se efeitos colaterais
intoleráveis, pode trocar o medicamento.
Diuréticos
- Nos EUA, o uso dos diuréticos tem sido reduzido, devido aos efeitos metabólicos adversos potenciais.
- O local de ação dessas drogas é no néfron (unidade funcional do rim). O mecanismo exato pelo qual
os diuréticos reduzem a pressão arterial ainda não é totalmente compreendido. Inicialmente, eles
produzem uma leve depleção de sódio, levando à diminuição do fluido extracelular e do DC. Com a
continuidade da terapia, ocorrem diminuição da RVP e restauração do DC.
- Sua atuação a longo prazo consiste na depleção de sódio. O sódio contribui para a RVP e atividade
neural, possivelmente em decorrência do cálcio intracelular.
- Essas drogas depletam o sódio através da inibição do transporte de eletrólitos nos túbulos renais.
- Hidroclorotiazida tem efeito vasodilatador a partir de 4 semanas, e antes disso o paciente urina muito.
Diuréticos tiazídicos
- São agentes de primeira linha, sendo um dos 5 fármacos para começar o tratamento da HAS.
- Inclui Hidroclorotiazida, Clortalidona (mais potente e mais efeitos colaterais) e Indapamida (é mais
fraco).
- O aumento da excreção de sódio causa excreção secundária de água uma vez que esta segue o Na.
- Depois que para de urinar muito que começa o efeito anti-hipertensivo (vasodilatador).
- Têm efeito vasodilatador secundário e tardio, permitindo ocorrer uma ação anti-hipertensiva lenta,
com reações compensatórias reflexas menos intensas.
Diuréticos de alça
- Atuam na alça ascendente de Henle e no túbulo contorcido distal, diminuindo a reabsorção de sódio
pela inibição de um co-transportador de Na/Cl na membrana luminal dos túbulos.
- A grande potência e o início rápido dos diuréticos de alça não proporcionam vantagem adicional ao
tratamento diário da hipertensão crônica.
- Efeitos colaterais: Danos à audição, aumento de ácido úrico, perda de potássio, aumento dos níveis
de creatinina, desidratação, diminuição dos níveis de magnésio, altos níveis de cálcio no sangue e
reações alérgicas.
- Os diuréticos poupadores de potássio são fármacos que atuam nas células principais dos ductos
coletores para induzir a diurese, evitando a excreção de potássio.
- Contraindicação: Insuficiência renal crônica (creatinina > 1,5) ou hipercalemia (potássio > 6).
- Os diuréticos poupadores de potássio devem ser dados a pacientes muito vulneráveis à hipocalemia.
- Efeitos adversos: Ginecomastia, impotência sexual, agranulocitose, úlcera péptica, gastrite e injúria
hepática.
- Espironolactona é utilizada também na SOP, mas não influencia na PA, pois não tem disfunção no
eixo renina-angiotensina.
- O cérebro exerce o controle maior sobre a circulação. O bulbo e o hipotálamo parecem ser os locais
responsáveis pela atividade do coração e dos vasos. Parece lógico atuar farmacologicamente nessa
área para diminuição da PA dos hipertensos.
- Não são drogas de primeira linha, pois causam muitos efeitos colaterais por agirem nas vias do SNA.
- A droga de escolha para gestantes hipertensas é a Metildopa. Dá também para usar Nifedino como
medicamento de segunda escolha (BCC).
- Essas duas substâncias (Clonidina e Alfametildopa) deprimem o tônus simpático por ação agonista
nos receptores pré-sinápticos alfa-adrenérgicos e imidazólicos do sistema nervoso central (SNC). Essa
estimulação diminuiria a eficácia da liberação de noradrenalina dos nervos terminais em resposta à
despolarização.
- A única diferença entre a Clonidina e a Alfametildopa é que a primeira age direto nos receptores
alfa-2-adrenérgicos e imidazólicos, enquanto a segunda é convertida antes em alfametilnoradrenalina
para atuar (pró-droga).
- Elas reduzem o nível de renina plasmática por mecanismo ainda não esclarecido. Não alteram o
fluxo sanguíneo renal ou a taxa de filtração glomerular, porém reduzem a resistência vascular renal.
- Podem causar bradicardia como resultado da redução da atividade simpática e ativação dos centros
vagais.
- Alfametildopa (Metildopa) é a droga preferível para a hipertensão específica da gestação, pois reduz
a morbimortalidade materna e fetal, de acordo com estudos epidemiológicos com grande amostra de
gestantes.
- Em pacientes com insuficiência renal crônica, essas drogas também são indicadas.
- Cuidados devem ser tomados com a interrupção súbita da droga, devido ao efeito rebote, com crise
hipertensiva grave em alguns casos. Precisa, então, fazer desmame.
- Efeitos menos comuns: Diarreia, alteração do sono, congestão nasal, depressão, impotência sexual,
anemia hemolítica, hepatopatia tardia.
- Essas drogas atuam na porção intermediária da via simpática entre o SNC e os nervos periféricos.
- São drogas menos usadas hoje em dia devido aos seus efeitos colaterais.
- São drogas que antagonizam competitivamente as respostas às catecolaminas, as quais são mediadas
pelos receptores betas.
- Os betabloqueadores (BB) adrenérgicos, com relação aos efeitos no sistema cardiovascular, inibem
as respostas cronotrópicas, inotrópicas e vasoconstritoras da ação da epinefrina e norepinefrina (que
são catecolaminas) nos receptores beta-adrenérgicos.
- Embora existam perfis farmacológicos diferentes entre elas, esse bloqueio é responsável pela sua
capacidade de baixar a pressão arterial.
- São drogas muito populares, bem toleradas, e com efeitos adversos sérios raramente observados.
- Pioram um pouco o perfil glicêmico e lipídico, por isso não se utiliza de rotina como primeira opção.
- Em um primeiro momento, a RVP é elevada por via reflexa como resultado da diminuição do DC.
- O retorno venoso, o volume e a atividade da renina plasmática são também diminuídos com essas
drogas.
- Para pacientes metabólicos sem doenças associadas usamos drogas neutras (que não alteram no perfil
lipídico e glicêmico), que são os iECAs, BRA e BCC.
- Indicações dos BB: Há indicação formal para seu uso em pacientes hipertensos com cardiopatias
(doença arterial coronariana, taquiarritmias e insuficiência cardíaca congestiva).
- Indicações compulsórias dos BB como terapia anti-hipertensiva inicial: Angina estável, infarto do
miocárdio prévio, insuficiência cardíaca diastólica e sistólica, enxaqueca, estado hiperadrenérgico
(atividade simpática aumentada), aneurisma de aorta sob tratamento clínico conservador, arritmias
supraventriculares.
- Gestante: Usa BB em último caso. O Metoprolol não atravessa muito a barreira placentária.
- Efeitos colaterais dos BB: Fadiga, letargia e frieza de extremidades são as queixas mais comuns. -
Com os lipossolúveis podem ocorrer insônia e pesadelos. Podem provocar broncoconstrição e não
devem ser usados em pessoas com passado de asma, mesmo os beta-1-seletivos. Os betabloqueadores
induzem alterações no perfil lipídico através do aumento nos triglicerídeos. Não seletivos podem gerar
hiperglicemia e a sensibilidade à insulina.
- iECA, BRA e BCC são utilizados como drogas neutras (não influenciam no perfil lipídico) e não
influenciam na potência sexual.
- ICC sistólica (FE < 50%): Carvedilol (SUS), Metoprolol (SUS, e não atravessa barreira placentária),
Nebivolol e Bisoprolol.
- São drogas que bloqueiam os receptores alfa-simpáticos pós-sináptico das arteríolas pré-capilares
(vasos de resistência) da circulação periférica.
- Contudo, o bloqueio não seletivo de receptores Alfa-1 e Alfa-2 produz taquicardia reflexa, retenção
de sódio e água, o que tem limitado o seu uso crônico na HAS.
- Os alfa-1-seletivos (Prazosina) têm sido aplicados com algum sucesso no tratamento da HAS.
Vasodilatadores diretos
- Hidrazina e o Minoxidil (principalmente indicado para hipertensão pulmonar; tem efeito colateral
anti-androgênico).
- Efeitos colaterais simpáticos: No esquema, seriam o sexto ou sétimo medicamento a ser associado.
- Hidralazina: Tem como indicações para pacientes com hipertensão grave da toxemia gravídica, por
via parenteral. Insuficiência renal crônica e gestação. A PAD é geralmente reduzida em uma extensão
maior que a PAS. Atualmente essa droga é pouco usada por via oral devido aos frequentes efeitos
adversos. Tratamento crônico da hipertensão arterial durante a gravidez. É indicada para emergências
hipertensivas na gravidez. Efeitos colaterais de cefaleia, náuseas, hipotensão postural e taquicardia.
- Minoxidil: É um vasodilatador oralmente eficaz. Promove abertura dos canais de K nas membranas
das células do músculo liso. Como a hidralazina, ele dilata as arteríolas, mas não as veias. É indicado
em esquemas triplos em que haja insuficiência renal e hipertensão arterial grave. Pode ser usado na
hipertensão pulmonar.
- Os antagonistas dos canais de cálcio (ACC) diminuem as concentrações de cálcio livre intracelular
principalmente através desse influxo transmembrana via canais L, causando potente vasodilatação.
- BCCs não diidropiridínicos (Verapamil 80mg 8/8h ou 12/12h e Diltiazem 60 mg 8/8h) são utilizados
como antiarrítmicos.
- Verapamil e Diltiazem (BCCs não diidropiridínicos): Deixar que os cardiologistas receitem, porque
é mais complicado. Se quisermos receitar, a gente receita BB.
- Antiarrítmicos.
BCC - Diidropiridínicos
- Nifedipina (20mg 12/12h) e Anlodipino (5mg em algumas situações podem ser utilizados 1 vez ao
dia ou de 12/12h).
- Efeitos adversos: Em até 10% dos usuários. A diminuição é responsável por cefaleia, rubor facial e
edema maleolar (dose dependente). Edema no tornozelo, inchaço em MMII são muito comuns, deve-
se reduzir dose.
- Têm perfis metabólico e hemodinâmico favoráveis e podem ser usados na vigência de outras doenças
associadas.
- A angiotensina II (AII) aumenta a pressão arterial por diferentes mecanismos: Ação vasoconstritora
direta, interação com o sistema simpático por vários mecanismos e locais, exacerbação da resposta
ao estímulo alfa-adrenérgico, estímulo à produção de aldosterona, levando à retenção de sódio e água,
crescimento das células musculares lisas devido à hipertrofia muscular.
- Mecanismo de ação dos iECA: A diminuição da AII é provavelmente o mecanismo principal que é
responsável pelo efeito anti-hipertensivo. O fato de o sistema simpático não se tornar ativado durante
o bloqueio da síntese de AII certamente representa uma grande vantagem para a ação dessas drogas.
Ao contrário, tem-se observado leve estímulo parassimpático.
- Negros hipertensos apresentam menor resposta aos iECAs. Melhor resposta em idosos.
- iECA ou BRA para diabético hipertenso: Diminui a microalbuminúria (importante para a prova).
- Contraindicações: O uso dos iECAs é contraindicado em gestantes (má formação fetal), IRC classe
IV (creatinina > 2,5), anúria, hipercalemia importante (K > 6,0) e na persistência do canal arterial.
- Em mulheres jovens é necessário avisar que não pode engravidar de maneira alguma, melhor usar
os BCCs. Precisa trocar de anti-hipertensivo antes.
- SUS: Tem o Enalapril (10mg 12/12h – Dose máxima é de 20mg 12/12 horas), Captopril (25mg, 50mg
8/8 horas). Meia vida de 6 a 8 horas.
- Efeitos adversos: Hipotensão, hipercalemia e piora da função renal. A tosse seca é um efeito adverso
clássico (10-12% dos pacientes, mas na prática é 30% dos pacientes).
- Irritação alérgica a nível pulmonar -> Tosse seca -> Trocar pelo BRA (Losartana). A tosse seca pode
ser explicada pela potencialização ou liberação de bradicininas.
- Os receptores para AII estão localizados em vários órgãos, estando envolvidos com a homeostase da
circulação (córtex adrenal, vasos sanguíneos, rins e terminações nervosas noradrenérgicas).
- A ligação de AII a seus receptores nesses tecidos modula os eventos como – formação e secreção de
aldosterona, vasoconstrição, reabsorção renal de sódio e água, liberação de noradrenalina.
- Diferentemente dos iECA, essa droga não interfere nos sistemas da bradicinina e das prostaglandinas.
- Indicações: Drogas de primeira linha de tratamento da HAS. Possuem efeitos semelhantes aos iECAs.
Reduzem a microalbuminúria (sendo ótima droga para diabéticos). Nefroproteção e efeitos antitróficos
como na hipertrofia ventricular e vascular. Doença coronariana e IC. Não mostram alterações que são
desfavoráveis nos lipídeos/glicose assim como os iECAs. Promovem diminuição do ácido úrico (gota).
- Efeitos adversos: Reações subjetivas semelhantes às dos iECAs, com exceção da tosse (não causam).
HAS refratária
- Alfa-agonista central (Clonidina) ou BB podem ser o quinto fármaco, ficando o uso de vasodilatadores
reservado para casos especiais.
Questões 4
Síndromes hipertensivas
- É possível prevenir pré eclampsia? Sim, duas medicações mais importantes – cálcio e AAS a partir
de 12 semanas, com a primeira invasão trofoblástica, e o cálcio é necessário complementar caso a
paciente não tenha uma ingesta adequada de cálcio na dieta. A dieta adequada de cálcio é de 1 a 2
gramas por dia (um copo de leite, uma fatia de queijo e um iogurte) – 750 mg aproximadamente. A
maioria das pacientes vai ter que suplementar cálcio por ingesta inadequada.
- Não somente em pacientes com pré eclampsia, porém todas as pacientes que foram diagnosticadas
com alguma deficiência precisam fazer a sua suplementação durante a gestação.
- AAS serve apenas para causas inflamatórias, por ser um anti-inflamatório usado em baixas doses,
agindo somente em uma dessas 4 causas citadas, É eficaz em 60% dos casos e nos outros 40%, mesmo
usando, pode desenvolver pré eclampsia grave, porque existem outros fatores de risco.
- Os outros 3 fatores (estresse oxidativo, invasão trofoblástica e causas genéticas) estão associados a
lesão endotelial – geralmente tem distúrbios de coagulação e o AAS não entra nessa via.
- Qual a relação do uso do cálcio como profilaxia em relação aos fatores de risco? Não tem nenhum
estudo que deixa certo sobre a sua função, o que se sabe é que mulheres que tem pré eclampsia tem
baixa dose de cálcio sérica, não sabendo se a pré eclampsia que leva a isso ou o contrário, porém o
que os estudos definiram é que as mulheres que tem alto consumo de cálcio diário tem menos risco
para desenvolver pré eclampsia.
- Fatores de risco: Primiparidade ou partos com distância de 10 anos (depois desse tempo, considera-
se a mulher como sendo primigesta novamente), história familiar (mães e irmãs), pré eclampsia em
outra gestação, hipertensão arterial ou doença renal pré existente, obesidade, DM, trombofilias, LES,
idade materna maior que 40 anos, gravidez múltipla e fertilização in vitro.
- Nesses casos, se durante a consulta na UBS já for identificado um desses fatores de risco para a
presença de pré eclampsia, já é necessário explicar e propor o uso de cálcio e AAS como profilaxia
para pré eclampsia, dependendo da idade gestacional.
- Proteinúria é importante para fazer diagnóstico diferencial entre as síndromes hipertensiva e pode
ser medida na urina de 24 horas, quando maior ou igual a 300 mg, na amostra isolada de urina com
apenas uma cruz na fita ou a relação proteinúria dividida por creatinúria é maior ou igual a 0,3 por
dL – qualquer um desses alterados fecha critério para alguma das síndromes hipertensivas existentes.
- Sinais clínicos que não fazem diagnóstico de pré eclampsia, porém na ausência de proteinúria e
dos exames, mas sugere: Inchaço em mão e face (anasarca), aumento súbito de peso (mais de 1 kg
por semana). Nesses casos, sempre pensar em edema, ou seja, perda de volume para o terceiro espaço,
sendo um sinal clínico importante de pré eclampsia e no exame físico pode ser feita a palpação do
edema maleolar ou na coluna sacral.
- Classificação das síndromes hipertensivas: Pré eclampsia, eclampsia, HAS crônica, HAS crônica com
pré eclampsia sobreposta e hipertensão gestacional.
- HAS (duas aferições maiores que 140/90 mmHg no intervalo de 4 horas ou intervalo de 5 minutos
acima de 160/110 mmHg) que começa a partir da 20ª semana de gestação, em gestante sem história
prévia de HAS. Dessa forma, não se pode dar o diagnóstico de pré eclampsia antes da 20ª semana de
gestação, com exceção de dois fatores de risco: mola hidatiforme e gestação múltipla – nesses casos,
a mulher pode ter pré eclampsia mesmo antes das 20 semanas.
- Precisa ter pico hipertensivo e mais um critério: Proteinúria ou quando não tiver acesso ao exame
de urina, se a mulher apresentar sinais de gravidade e esses sinais seriam: 1) Pico hipertensivo (maior
igual a 160/110 mmHg), 2) Trombocitopenia (plaquetas menores que 100 mil), 3) Insuficiência renal
(na clínica médica valor maior que 1,5 é considerado alterado, na gestante, considera menor que 1,1
- é considerado um valor menor porque se tem a hemodiluição fisiológica da gestação - ou o dobro
do que era basal, 4) Função hepática alterada (TGO, TGP 2 vezes o valor basal), 5) Edema agudo de
pulmão.
- Sinais e sintomas: Hipertensão, cefaleia, borramento da visão, dor epigástrica e dor no hipocôndrio
direito (quando tem distensão da cápsula hepática) – sinais de eminência de eclampsia.
- A eclampsia é quando ocorre a convulsão, que antes de acontecer, tem esses sinais citados antes.
Ocorrem crises convulsivas tônico clônicas generalizadas.
- Evolução muito rápida, com alta mortalidade: Geralmente antes de desenvolver a síndrome, a
gestante apresenta uma pré eclampsia, hipertensão gestacional ou eclampsia e, em sequência, evolui
para a síndrome HELLP, por isso sempre fazer o diagnóstico precoce e intervenção precoce e no
momento adequado.
- Desenvolvimento de HAS antes das 20 semanas de gestação ou paciente que já chega hipertensa na
primeira consulta do pré natal e que se mantém no puerpério (maior que 12 semanas).
- Leve a moderada: 140 a 159 mmHg de pressão sistólica e 100 a 109 mmHg de pressão diastólica.
- A paciente que já tem hipertensão crônica, ou seja, já tem o diagnóstico de hipertensão mesmo antes
da gestação, normalmente já chega fazendo uso de algumas medicações e as principais medicações
usadas para tratamento de HAS – iECA (captopril, Enalapril), BRA (Losartana) e diuréticos (Furosemida,
Hidroclorotiazida e Espironolactona, sendo menos frequente – nesses casos, precisa suspender essas
medicações – iECA e BRA (aumentam o risco de teratogênese, oligodrâmnio e de má formação na
primeira e segunda invasão trofoblástica) e a Hidroclorotiazida pode ser mantida no primeiro trimestre,
porém o ideal é trocar pela Metildopa, porém se achar necessário continuar com a Hidroclorotiazida,
pode continuar.
- Paciente que tem a hipertensão arterial e a partir da 20ª semana de gestação começa a aparecer
proteinúria na urina ou sinais de gravidade para pré eclampsia.
- Para paciente que apresenta quadro de hipertensão crônica, é muito importante saber há quanto
tempo essa paciente é hipertensa, lembrar de começar o AAS e o cálcio no início do primeiro trimestre,
trocar a medicação para Metildopa e fazer uma rotina de triagem a partir da 20ª semana, porque a
paciente tem alto fator de risco para pré eclampsia, por isso é importante saber TGO, TGP, ureia e
creatinina basais.
- Começa a fazer pico a partir da 20ª semana, mas não tem alterações laboratoriais ou não tem sinais
de gravidade, porque se tivesse qualquer um desses dois fatores, ela se encaixaria em um quadro de
pré eclampsia.
- Tríade mortal: Pré eclampsia grave, eclampsia e síndrome HELLP. Tem alta taxa de mortalidade fetal
e materna – deixa de fazer diagnóstico e tratamento.
- Exames que precisam ser pedidos na UBS ou PS: 1) Hemograma e esfregaço de sangue periférico,
2) Proteinúria de 24 horas (demora cerca de 3 dias a 1 semana para sair o resultado, por isso não é
- Lembrar que, na UBS, essa rotina também deve ser seguida para acompanhamento dessas pacientes.
- Caso faça o diagnóstico dessas alterações, se estiver na UBS precisa encaminhar para um hospital
terciária e em caso de PS precisa internar a paciente até resolução do quadro ou estabilização clínica.
- Precisa fazer avaliação do bem estar fetal: Ecografia (para avaliar o crescimento fetal – geralmente
tem crescimento restrito), cardiotocografia, volume do líquido amniótico (quem tem insuficiência
placentária, tem ILA diminuído), doppler para ver sofrimento fetal crônico.
- Resumindo: Precisa fazer tanto os exames laboratoriais quanto os exames de bem estar fetal.
- AAS vale a pena começar apenas com fatores de risco, ou seja, identificou os fatores, começa com
AAS entre 12 e 16 semanas, caso chegar depois disso, exemplo, 24 semanas, vale a pena iniciar,
mesmo com benefício pequeno, ou seja, menor que 60%.
- Não são recomendados: Repouso ou restrição de atividade física (recomendar atividade leve para a
paciente), vitamina C e E, redução do sal dietético (somente em caso de HAS crônica), restrição de
proteínas e calorias em mulheres obesas – precisa de dieta hiperproteica porque está perdendo
proteína na urina e diuréticos.
- Tolera uma pressão arterial de até 140/90 porque são valores que permitem a perfusão para o feto,
quando sem comorbidades.
- Primeira escolha: Metildopa – dose mínima de 750 mg por dia, comprimido de 250 mg, dessa forma,
receita no mínimo, 250 mg de Metildopa de 8/8 horas em uso oral e pedir para fazer o MAPA e
retornar em 1 semana – se fizer picos hipertensivos ainda com a medicação – aumenta a dose da
Metildopa para 500 mg de 8/8 horas ou até 500 mg de 6/6 horas (2 gramas dia) e, se mesmo assim
tiver picos, associa outra droga, podendo ser Anlodipino ou Nifedipina. O mais utilizado é o
Anlodipino (menos intervalos ao dia, de 12/12 horas, porque Nifedipina tem meia vida mais curta, de
8/8 horas – por isso acaba sendo mais utilizado o Anlodipino).
- Quando chega com crise hipertensiva (pressão arterial maior que 160/110 mmHg ou sinais como
dor de cabeça, dor de estômago, visão turva), nesses casos a droga de primeira escolha para sintomas
- Na crise hipertensiva, com objetivo de diminuir o pico hipertensivo da paciente, usa-se Hidralazina
ampola de 1 ml e precisa diluir. Pode ser diluída para 20 ml ou para 10 ml. Se diluir para 20 ml, faz
5 ml de 20 em 20 minutos em até 6 vezes e se diluir em 10 ml, faz metade, ou seja, faz 2,5 ml de 20
em 20 minutos até 6 vezes – lembrar que se tiver dificuldade de diminuir a pressão da paciente,
obrigatoriamente, precisa fazer sulfato de magnésio também.
- Sulfato de magnésio: Deve vir antes mesmo da Hidralazina, porque sempre que pensa em eminência
de eclampsia, precisa pensar em Sulfato de Magnésio – a importância dele é que reduz em até 58% a
chance de convulsão, reduz em 45% a mortalidade materna e reduz em 33% o descolamento
prematuro de placenta. Apresenta neuroproteção materna e fetal.
- Sulfato de magnésio precisa ser feito de forma endovenosa – métodos de Zuspan e Pritchard.
- Na UTI, pode ser usado em bomba de infusão – não é o obstetra que faz.
- Manutenção: 10 ml (5g) diluído em 490 ml de SF e faz 100 ml por hora – quando tem bomba de
infusão, pode fazer.
- Transporte de SAMU ou sem bomba de infusão: Nesses casos faz o Pritchard, o ataque é o mesmo
e a manutenção é 5g em cada glúteo IM da paciente porque a chance de intoxicação é menor. A única
contraindicação é quando a paciente tem plaquetopenia porque pode fazer hematoma onde aplica.
- Na avaliação clínica, não precisa ficar dosando magnésio, porque muitas vezes não tem acesso, mas
precisa ficar avaliando o reflexo patelar, diurese maior que 25 ml por hora, FR maior que 14 ou 16 –
sempre cuidar com isso.
- Tempo de administração de 24 a 48 horas até estabilizar ou parto cesárea ou parto normal (não é
contraindicação – preferível que induza e faça parto normal do que faça cesárea, porque cesárea
sangra bem mais).
- Como toda droga que é passível de intoxicação, o antídoto do sulfato é o Gluconato de cálcio a 10%
(sempre que observar que o paciente entrou em PCR ou apresentou sinais de intoxicação) - 1 ampola
IV em 2 a 3 minutos.
- Orientações quando a paciente não melhora do quando convulsivo: Decúbito lateral esquerdo para
descompressão da veia cava, proteção da cabeça, virar a perna em cima do corpo para manter em
decúbito, não colocar dentro da boca da paciente.
- Ofertar oxigênio e se não melhorou, vai ter hipoxemia, prejudicando muito o feto, dessa forma
precisa pensar em cânula de Guedel ou em IOT.
- Lembrar que Nifedipina não pode sublingual, tem que ser via oral. Não pode ser para manutenção.
Hemorragia pós-parto
- Fatores de médio risco: Cesárea e cirurgia uterina prévia, pré eclampsia, hipertensão gestacional,
superdistensão uterina (gemelaridade, fetos macrossômicos, polidrâmnio), mais do que 4 partos
vaginais, corioamnionite, história prévia de atonia uterina (hemorragia em parto anterior), IMC maior
que 35 – 2 fatores de risco garantem alto risco.
- Fatores de alto risco: Placenta prévia ou inserção baixa, pré eclampsia, hematócrito menor que 30,
plaquetas menores que 100 mil, coagulopatias, uso de anticoagulantes, descolamento prematura da
placenta, placenta anômala, acretismo.
- Enfermeira faz um checklist e conforme o que a paciente apresenta, vai ser tomada uma conduta
diferente de tratamento.
- Quando for de alto risco: Acesso venoso calibroso, hemograma, tipagem sanguínea e reserva de
sangue de 2 concentrados de hemácias – paciente perde sangue muito rápido, por isso precisa se
preparar para isso antes – até 600 ml por minuto, por isso precisa ter essa reserva de sangue.
- Baixo risco: Não precisa fazer nada em um primeiro momento, somente faz acompanhamento da
paciente no pós parto.
- Conduta no pós parto: Manejo ativo do terceiro período - leve tração da placenta e ela deve sair em
cerca de 30 minutos e sempre precisa ter acompanhante para ajudar a cuidar dessa paciente no pós
parto.
- Normal – parto normal: Cerca de 500 ml e parto cesárea cerca de 1000 ml – depois disso precisa
abrir protocolo de hemorragia.
- Precisa sempre pesar as compressas para estimar a perda de sangue, ou seja, a cada 1 grama de
compressas ou de coágulos, equivale a 1 ml de sangue perdido – com isso, abre mais vezes o protocolo
de hemorragia pós parto.
- M – Massagem uterina bimanual (uma mão dentro da vagina comprimindo o útero e a outra mão
em cima comprimindo o útero por fora).
- O – Ocitocina em dose de ataque (trata-se de um útero tônico, responsável por fazer a contração
uterina – geralmente faz dose de ataque de 5 ml EV e depois faz a manutenção com 20 unidades ou
4 ampolas de ocitocina em um SF de 250 ml e corre o soro a 125 ml/hora).
- R – Reposição volêmica (de preferência usa o Ringer Lactato, mas pode usar o SF; o Ringer é melhor
porque ele fica mais no intravascular do que o SF e a intenção é expansão vascular, por isso pode
começar com 500 ml e avalia os sinais vitais e ausculta respiratória, se estiver melhorando, não precisa
fazer mais, porém, se não estiver melhorando, precisa fazer mais 500 ml de Ringer, não melhorou,
mais 500 ml até chegar a 1,5 litros – quando chegar nesse valor, precisa pedir transfusão – sempre
lembrar que na gestante é mais comum transfundir porque não se espera resultado de hemograma ou
gasometria) – correr de forma rápida.
- T - Transamin (ácido tranexâmico 1g – padrão – fazer 4 ampolas de 250 mg e corre em 10 min com
SF de 250 ml – é uma medicação adjunta do protocolo, então se usa ocitocina para contrair o útero e
o Transamin pensando nos fatores de coagulação – quanto mais tempo demora para fazer, menos
chance de controlar a hemorragia do paciente).
- Avaliar tônus (atonia), trauma (trajeto), tecido (resto placentária) e trombina (dengue hemorrágica,
síndrome HELLP, uso de enoxaparina ou algum anticoagulante) – 4 T’s.
- Avaliar o índice de choque: Pressão sistólica dividida pela pressão cardíaca, quando menor que 1
significa que a paciente está melhorando e quando está maior que 1, precisa abrir o Bundle de 2ª
linha.
- Atonia: Dobra a dose da ocitocina, aumentando para 250 ml/hora, coloca Misoprostol 800 mg via
retal e Methergin (faz contração uterina, porém como faz contração da musculatura lisa, ele também
pode acabar fazendo pico hipertensivo, contraindicado em ICC, edema agudo de pulmão e paciente
hipertensa).
- Para a heparina não fracionada, o antídoto é a vitamina K ou a reposição dos fatores de coagulação.
- No caso da enoxaparina, não tem antídoto específico, podendo ser usada a protamina, mas só tem
efeito em cerca de 25% dos casos.
- Reavaliar a paciente continuamente e se não melhorar, faz transfusão maciça de 1:1:1 (concentrado
de hemácias // concentrado de plaquetas // plasma).
- Procedimentos mais invasivo: Nunca se deve postergar a histerectomia, porque tempo é sangue,
então quanto mais demora para pensar na histerectomia, menos chance de vida a paciente tem.
Métodos contraceptivos
- Coisas que precisam se atentar: Se paciente tem útero ainda, comorbidades, para que vai usar o
anticoncepcional (controle de SOP, endometriose, controle do sangramento uterino anormal), fatores
de risco para alguns métodos contraceptivos, querem ou não continuar menstruando?
- Barreira: Preservativos.
- Injetáveis: Principais erros consistem em aplicar fora da data ou fazer massagem depois que aplica,
porque acaba diluindo e consome mais hormônio.
- Critérios de elegibilidade: Método usado sem restrições é 1 e quando método não pode ser usado
de forma nenhuma (totalmente contraindicado) é 4. Contraception – aplicativo que coloca fatores de
risco da paciente para ver qual é o melhor método para ela.
- O melhor anticoncepcional para a paciente é aquele em que ela se adapta, gera menos efeitos
colaterais e que se adeque aos objetivos que ela tem (não pensando somente em gestação).
- Mecanismo de ação: Progesterona leva à anovulução e quando utilizada a longo prazo leva a
anovulação crônica, bloqueando o LH e impede que tenha o pico. Estrogênio faz feedback negativo
no FSH. Todos os ACO tem progesterona, por isso pode ter anticoncepcional sem estrogênio.
- Efeitos secundários: Espessamento do muco cervical (protege relativamente contra DIP – paciente
exposta vai continuar tendo risco da mesma forma), efeito antiproliferativo do endométrio (controla
sangramento, não permitindo que o endométrio prolifere muito), alteração da secreção e peristalse
das tubas.
- Efeitos adversos: Principalmente quem toma pílulas, náuseas, vômitos – dependendo da dose e de
qual estrogênio e qual progesterona, mastalgia, cefaleia e irritabilidade.
- Na cefaleia, sempre cuidar com a enxaqueca – sempre questionar a paciente se a sua enxaqueca é
com aura ou sem, porque em casos de enxaqueca com aura é contraindicado anticoncepcional
combinado e em casos de enxaqueca sem aura, pode usar, mas a partir de 35 anos de idade, é
totalmente contraindicado.
- Os efeitos colaterais causados pela progesterona: Sonolência, fadiga, cansaço, queda da disposição,
queda do raciocínio, aumento do apetite.
- Injetáveis trimestrais de progesterona: Único método que leva ao aumento de peso. As pílulas
anticoncepcionais não tem esse papel e somente podem levar a uma retenção de líquido, mas é pouco
para justificar o aumento de peso.
- Acne e oleosidade da pele, sangramento uterino irregular e aumento de peso estão relacionado com
os injetáveis.
- Anticoncepcional aumenta a chance de ter trombose ou não? Mesma chance em pessoas que não
usam anticoncepcional, porque precisa ter fatores genéticos que gerem uma pré disposição a
trombofilias, ou seja, comparado a população geral, não aumenta o risco de trombose, porém se sabe
que alguns estrogênios e algumas progesteronas podem aumentar nos 3 primeiros meses em até 6% o
risco de trombose, por isso o ideal não é ficar trocando de anticoncepcional e não trocar mais que 2
vezes no ano, porque a cada troca de pílula aumenta em 6% o risco de trombose, cuidar com a marca
também – comparar genérico também pode gerar essa questão.
- Teste de anticoncepcional: Dura 90 dias, mesmo que tenha efeitos colaterais, o ideal é não trocar
justamente por essa questão da trombose. As progesteronas aumentam as proteínas C e S, podendo
aumentar o risco de trombose.
- Benefícios dos anticoncepcionais com progesterona: Promovem melhora dos sintomas pré
menstruais, regularização do ciclo, melhora da dismenorreia, diminuição de perda sanguínea, redução
ou desaparecimento de cistos ovarianos (Mirena aumenta um pouco a prevalência de cistos), diminui
câncer de endométrio e câncer de ovário, doenças ovarianas benignas e miomas uterinos.
- Anticoncepcional aumenta chance de câncer de mama? Não aumenta, mas se a paciente já tem
câncer de mama e esse câncer é receptor positivo para estrogênio e progesterona, pode piorar.
- Combinados: Monofásicos - Qlaira, Yasmin (mimetiza o ciclo fisiológico. Mais atuais) – progesterona
+ valerato de estradiol. Tem também os Bifásicos e trifásicos.
- 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração: Precisa saber sobre as progesteronas, porque de acordo com a queixa da
paciente, consegue fazer o direcionamento mais preciso de qual progesterona ela vai precisar usar.
- Estradiol (etinilestradiol) tem em todos os anticoncepcionais e o valerato de estradiol tem nos mais
atuais – Qlaira, Yasmin.
- É sempre obrigatório escrever como vai ser feito o uso – precisa explicar certo para a paciente,
escrevendo na receita – maioria dos erros que ocorrem de gestação é porque não foi orientada de
forma correta: Iniciar o anticoncepcional no primeiro dia do ciclo – primeiro dia da menstruação e no
pós parto (recomenda iniciar o uso de 3 a 6 semanas após o parto e, em caso de anticoncepcional
combinado, começar com 6 semanas porque aumenta o potencial trombogênico).
- Aleitamento materno: Não se usa estrogênio porque ele diminui a lactação, usando somente os
anticoncepcionais com progesterona.
- Paciente quer menstruar ou não quer? Se ela quiser menstruar, precisa fazer a pausa e se não quiser
menstruar, precisa usar de forma contínua – não tem problema nenhum usar contínuo.
- Quando faz uso de forma contínua, tem aumento da chance de escape, onde pode fazer uma pausa,
a cada 3 meses ou 6 meses, para reduzir o escape.
- Cartelas de 28 dias: 4 ou 7 últimos são placebo para criar o hábito de tomar a pílula diariamente
para não esquecer.
- Esquecimento da pílula: Ideal é tomar no mesmo horário e não precisa fazer a ingesta de água – em
caso de esquecimento com menos de 24 horas – utilizar imediatamente, utilizando a seguinte no
mesmo horário regular no dia seguinte e em caso de esquecimento por mais de 24 horas – preconiza-
se a ingestão de dois comprimidos no horário regular e tomar o restante das pílulas de maneira
habitual, porém se recomenda o uso de preservativo como forma de prevenção adjuvante por ao
menos 7 dias.
- Caso a paciente vomitar até 1 hora após ingestão – tem chance de engravidar.
- Antibiótico não diminui efeito da pílula, com exceção da Rifampicina (usado para tratamento de
tuberculose), que age no cromossomo P450 no fígado.
- Se aumentar o trânsito intestinal, diminui absorção da pílula, como ocorre na síndrome do intestino
irritável, disenteria, doença de Crohn.
- Contraindicações: Trombose prévia, AVC, IAM, HAS, tabagismo (maior ou menor que 35 anos).
- Anel vaginal: Contém etinilestradiol e etonogestrel – poucas pessoas fazem uso desse método porque
é um pouco desconfortável fazer a colocação e a retirada dele. Coloca e usa por 7 dias, faz a troca e
coloca novamente, usando 3 anéis no mês, após isso tira e fica 7 dias sem e tem um outro tipo que
dura mais dias e troca menos vezes. Único inconveniente é o toque vaginal para inserção do anel.
Inserção de novo anel precisa ser no mesmo horário que foi colocado o anterior. Inserido pela própria
paciente entre o primeiro e quinto dia do ciclo menstrual – associar métodos de barreira nos primeiros
7 dias. Contraindicações semelhante as do ACOH, não deve ser indicado na presença de estenose
vaginal, atrofia severa de vagina, prolapso uterino, cistocele ou retocele importantes. Efeitos adversos:
vulvovaginite e aumento da secreção.
- Injetável trimestral: Somente existe a Medroxiprogesterona, não tem outro disponível no mercado.
- Implante: Implanon.
- Mecanismo de ação: Bloqueia o LH. Nos casos do Mirena e Kyleena, tem liberação local de
progesterona, o que leva a atrofia do endométrio e aumenta o espessamento do muco cervical,
diminuindo a chance de o espermatozoide subir até o útero e mesmo que ele consiga ascender, o
endométrio está atrófico, diminuindo a chance de nidação, ou seja, não é abortivo. Em caso de
fecundação, a chance de gestação ectópica aumenta devido a essa questão de atrofia do endométrio.
- Indicações: Qualquer faixa etária e apresenta menos risco em comparação com os anticoncepcionais
combinados, mesmo com enxaqueca, HAS e demais comorbidades.
- Drospirenona: Progesterona nova que tem efeito diurético e pode até mesmo reduzir a pressão
arterial.
- Efeitos adversos: Sangramento irregular (escapes – quando faz uso de estrogênio, a chance de
sangramento de escape diminui), cefaleia, tontura, acne, mudanças de humor, ganho de peso
(medroxiprogesterona – até 2 kg de ganho de peso), drospirenona (perda de peso), dor nas mamas e
queda de cabelo.
- Injetável trimestral: Uso a cada 90 dias e até 18 meses para voltar a fertilidade.
- DIU: Mirena: 52 mcg e Kyleena: 19 mcg – Fazem efeito dentro do endométrio, fazendo a atrofia
endometrial, podendo ter uma pequena absorção sistêmica, ou seja, quem tem CA de mama é
contraindicado, principalmente aqueles que tem receptor de progesterona positivo.
- Taxa de abortamento é de 75% quando o DIU passa do tempo de duração dele e permanece na
cavidade uterina.
- Riscos do DIU: Colocado no consultório ou no centro cirúrgico, tendo risco de perfuração uterina,
sangramento quando ocorre inserção, dificuldade de colocar no consultório dependendo da posição
do útero, pode dar dor, cólica, sangramento, síndrome vasovagal. Cerca de 3% das pacientes podem
ter uma reação de expulsão do DIU, pelo fato do corpo identificar como sendo um material estranho
– precisa fazer ultrassonografia transvaginal 30 dias após a inserção e acompanhamento 1 vez ao ano
para confirmar que o DIU está bem posicionado.
- Puérperas: Pode ser inserido em até 48 horas pós parto ou após 4 semanas.
- DIU de cobre dura 10 anos, com prata ou mini DIU – dura 5 anos.
- Cobre torna o ambiente hostil, gerando um processo inflamatório, o qual diminui a chance de a
paciente gestar, alterando o muco endocervical e não é abortivo.
- Contraindicação: Gravidez (sempre útil pedir um beta HCG antes da inserção, mas não é uma
recomendação absoluta do Ministério da Saúde), doença inflamatória pélvica ou IST atual, recorrente
ou recente, sepse puerperal, imediatamente após aborto séptico, SUA não diagnosticado, CA cervical
ou endometrial.
Anticoncepção de emergência
- DIU de cobre pode ser usado, etinilestradiol + levonorgestrel, levonorgestrel 15 mg dose única.
- Ideal começar nas primeiras 24 horas, mas pode ser usado até 72 horas depois, porém quanto mais
horas se passam, maior a chance de gestação.
Questões 5
- Essas drogas têm como objetivo reduzir o nível de consciência, mantendo o controle álgico rigoroso,
para realização de procedimento invasivo ou não invasivo, sem repercussão nos sistemas respiratório
ou cardiovascular. Por exemplo, sedação leve para um paciente com claustrofobia fazer uma RM ou
TC, para fazer uma redução de luxação, realizar uma intubação, endoscopia.
- Sedação moderada: Paciente sofre uma redução da sua responsividade, mas permanece consciente,
além disso, mantém ventilação, via aérea e função cardiovascular normais (funções vitais inalteradas).
- ASA III: Doenças sistêmicas graves (DM ou HAS mal controlados, DPOC, IMC > 40, hepatites em
atividade, abuso e dependência de álcool, ICC, DRC dialítica, doença arterial coronariana com stent,
doença cerebrovascular (doença sistêmica com limitação, mas sem incapacidade).
- Para planejamento da sedação e analgesia é preciso ter uma estrutura física mínima disponível.
- Monitor multiparamétrico (PA, SatO2, cardioscopia, eliminação de CO2), Ambu com fonte de O2,
máscara laríngea, cânulas, laringoscópio, tubo orotraqueal, sistema de aspiração, drogas reversoras
(Naloxone – Antagonista de Opioide) e Flumazenil (Antagonista de BZD), drogas de reanimação e
carrinho de parada com desfibrilador.
- Fentanil: É um opioide 100 vezes mais potente que a morfina. O tórax rígido pode ocorrer quando
se faz a infusão rapidamente. O paciente evolui com insuficiência respiratória, sendo necessário uso
de bloqueador neuromuscular e intubação.
- Quetamina: Faz sedação dissociativa (perda da consciência, mantém sinais vitais estáveis) e também
tem potente ação analgésica. Não fazer em bolus. Correr em 5 a 10 minutos.
- Etomidato: Sedativo, bastante utilizado na sequência rápida para intubação. Ação rápida e não faz
hipotensão.
- Naloxone: Antagonista de opioides. Tem início imediato e duração de 30 minutos. Na dose de 0,1 a
0,2mg IV a cada 2 minutos até o paciente eliminar o opioide.
- Em relação ao jejum pré-indução – não há diferença no risco de aspiração entre pacientes em jejum
e pacientes que se alimentaram já a mais de 2 horas, tanto em crianças quanto em adultos que foram
submetidos à sedação para procedimentos no departamento de emergência.
- Caso clínico 14: Paciente do sexo feminino, 61 anos, 70kg, com hipertensão prévia já controlada e
portadora de TAG (transtorno de ansiedade generalizado) – ASA II. Paciente hemiplégico à esquerda
há 30 minutos. Não consegue realizar TC por claustrofobia (necessidade de sedação). Nesse caso nós
podemos utilizar um sedativo como o Midazolam (sedação mínima). Prescrição: Midazolam 0,1mg/kg
(70kg = 7mg ou 2ml) IV ou IM.
Outras situações: Punção lombar, exame após estupro, drenagem de abscesso (com anestésico local
ou regional.
- Caso clínico 15: Paciente do sexo masculino, 18 anos, 80kg, hígido – ASA I. Luxação de ombro
direito no Crossfit - Analgesia, sedação? Deve-se fazer sedação moderada e analgesia. Quetamina
0,5mg/kg IV (80kg = 40-80mg ou 1-1,5ml) ou Propofol 0,5mg/kg (80kg = 40mg ou 4ml) + Fentanil
2mcg/kg (80kg = 160mcg ou 3ml) lentamente. Etomidato 0,1-0,3mg/kg (80kg = 8mg ou 4ml) + Fentanil
2mcg/kg (80kg = 160mcg ou 3ml) lentamente.
- Etomidato: Principalmente para intubação. Não faz hipotensão. Bom para reduzir rapidamente o
nível de consciência sem risco cardiovascular.
- Em geral, os efeitos adversos mais comuns são depressão respiratória e hipoxemia (monitorização).
- Laringoespasmo.
- Vômitos e broncoaspiração (usar antiemético e fazer proteção de via aérea. O maior risco de ocorrer
é na intubação, se a sedação não estiver adequada pode ter o reflexo de vômito pelo estímulo na via
aérea superior.
- Dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável provocada por lesão real ou potencial de
tecidos. Sua intensidade e percepção pode variar de acordo com fatores culturais e étnicos, uso de
substâncias previamente, presença de depressão e/ou ansiedade associada, idade, gênero, ou seja, sua
percepção é muito individual.
- É importante estimar a intensidade da dor, isto é, quantifica-la. Para isso, utilizam-se escalas da dor.
É importante não interpretar a dor do paciente de acordo minha experiência. Portanto, é importante
não subtratar a dor.
- Dor aguda: Existe um fator precipitante claro. Ocorre em menos de 30 dias (em geral, < 7 dias).
Ocorre liberação de leucotrienos, bradicininas, histamina e tromboxano.
- Dor crônica: É uma dor prolongada (além do esperado), de associação complexa. Tem momentos
de aumento de dor. Impacto na vida diária. Mal adaptativa.
- Dor nociceptiva: Origem de nociceptores de terminações nervosas livres, podendo ser somática ou
visceral. Originada por lesões das próprias estruturas do sistema nervoso, podendo ser a nível central
ou periférico. Tem fisiopatologia complexa, envolvendo mudanças e desorganizações celulares dos
neurônios e suas estruturas, causando maior sensibilidade à dor, um estado neuronal hiperexcitável,
podendo a sua percepção ser até espontânea.
- Dor nociceptiva visceral (convergência): Mal localizada, converge com dor somática.
- Dor neuropática: Lesões das próprias estruturas do SNP e SNC. São lesões do SN diretamente.
Diferenciar de dor nociceptiva. Cronicidade. Refratário a medicações habituais. Tem duração além do
esperado para dor aguda. Alodinia, anestesia e disestesias. Hiperalgesia. Dor fantasma e dor referida.
Espontânea e envolve a liberação dos neurotransmissores. Podem envolver todo o sistema nervoso,
são de mais difícil resolução.
- Dor neuropática periférica: Tende a seguir a região de distribuição dos nervos (irradiação), podendo
ser em queimação, formigamento, pontada, podendo ser lancinante. Pode ser bilateral em caso de
polineuropatias (como a diabética). Exemplos de dor: Dor do membro fantasma, neuropatia diabética,
neuropatia pós-herpética, dor associada a câncer, esclerose múltipla, neuralgia do trigêmeo, dor por
compressão do nervo ciático.
- Dor neuropática central: Pode aparecer tardiamente após meses ou anos da lesão, que pode ter sido
um AVC, tumor, epilepsia, traumas, esclerose múltipla, Parkinson. Tende a ser do tipo hiperalgesia,
alodinia, disestesia. Pode ser localizada ou difusa.
- Ao longo de todos os degraus o uso de analgésicos não opioides e AINEs permanece (dependendo
do tipo de dor), para que a dose no opioide não precise ser muito alta.
- Além disso, pode usar outras drogas adjuvantes (efeito principalmente em neurotransmissores) para
o tratamento em qualquer nível, principalmente se o mecanismo for neuropático (relaxante muscular,
antidepressivo tricíclicos, gabaérgicos (Pregabalina e Gabapentina).
- A escolha de acordo com a intensidade e, principalmente, também se é uma dor aguda ou crônica,
nociceptiva ou neuropática.
- Tratamento não farmacológico em todas as etapas (repouso, imobilização, gelo, calor, psicoterapia
e fisioterapia). Empatia com o paciente.
- Dor aguda leve: Em geral, são usados analgésicos não opioides, como Paracetamol, Dipirona, AINEs,
agentes tópicos.
- Dor nociceptiva somática geralmente responde muito bem a analgésicos simples (dipirona e
paracetamol) e AINEs, mas dependendo da intensidade pode ser necessário opioides.
- Dor nociceptiva visceral: Pode se apresentar como somática. Tratar a etiologia da dor.
- Dor neuropática: O tratamento não farmacológico é fundamental (atividade física, fisioterapia para
analgesia, sono adequado, mudar estilo de vida, acupuntura, terapia cognitivo comportamental (TCC).
As dores crônicas, em sua maioria, têm base neuropática. Aqui é muito importante o uso de drogas
- Segunda linha na dor neuropática: Tramadol, Capsaicina tópica, intervenções invasivas (injeção de
lidocaína).
- Terceira linha na dor neuropática: Opioides fortes (Morfina, Fentanil e Oxicodona), intervenções
invasivas (bloqueio do nervo com toxina botulínica).
- Dipirona: Comum no Brasil, é o analgésico simples mais utilizado. Tem efeitos colaterais mínimos.
Por ter um histórico raro de farmacodermia é proibida nos EUA. É uma pró-droga que tem seu efeito
analgésico por 4-metil-aminoantipirina e 4-amino-antipirina. Tem efeito em 30-60 minutos e duração
de até 4 horas.
- AINEs: Fazem bloqueio da COX-1 e COX-2, reduzindo a produção de prostaglandinas. São eficazes
em diversas situações (pós-operatório, dor dentária, traumas, dor musculoesquelética, urolitíase,
cefaleia e dor aguda nociceptiva principalmente). Não usar em hepatopatas em nefropatas e no risco
de sangramento. Seus efeitos colaterais são de sangramento do TGI, úlcera, gastrite e aumento do risco
cardiovascular. Para dor lombar crônica têm o mesmo efeito que os opioides. Em algumas situações
podem ser mais efetivos que opioides, por exemplo na litíase.
- Exemplos de AINEs não seletivos (COX-1 e 2): Aspirina, Indometacina, Ibuprofeno, Naproxeno,
Diclofenaco, Piroxicam, Cetoprofeno, entre outros.
- Opioides: Ação em receptores Mi, Kappa e Lambda. Inibe a propagação do estímulo doloroso. No
Brasil, temos preconceito contra opioides. Efeitos colaterais: Náuseas e vômitos, tontura, sedação, IR,
constipação (quando prescrevemos precisamos passar um laxante em conjunto), hipotensão, liberação
histamínima (prurido, rash e cutâneo). Desenvolvimento de tolerância e adição. Devem ser usados na
dose efetiva mais baixa e pela duração mais curta. Sempre a droga de conversão é a morfina. Morfina
IV é 3 vezes mais potente, então se uso 10mg IV a cada 4 horas, o paciente irá precisar de 30mg a
cada 4 horas para obter o mesmo efeito. Para dor lombar, um opioide é igual um AINE.
- Morfina 0,1mg/kg: Padrão ouro. Tem ação em 5 a 15 minutos. Efeito dura de 3 a 6 horas. Deixamos
doses de resgates para caso o paciente sinta dor durante as 4-6 horas da prescrição da morfina. Não
tem dose de teto estabelecida para controle da dor, deve-se controlar pelo risco de intoxicação nas
situações de tolerância. Reduz a percepção de dispneia.
- Fentanil: É 100 vezes mais potente que a morfina, porém, a duração de ação é muito curta, cerca de
30 minutos, sendo mais utilizado a nível de PS (para procedimentos agudos) e não para tratamento de
doenças crônicas.
- Tramadol: É uma mistura racêmica de dois enantiômeros. Além de agir em receptores opioides Mi
também é inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina. É o único opioide recomendado na
- Corticoides: Possuem potente efeito anti-inflamatório. Inibem o fator de transcrição NF-K-Beta. São
usados principalmente para dores nociceptivas – utilizados para dor lombar, odinofagia, crise aguda
de gota, migrânea/enxaqueca. A longo prazo possuem muitos efeitos colaterais, por isso tem que fazer
o desmame (em geral, uso a curto prazo).
- Lidocaína: É um anestésico local do tipo aminoamida, com ação antiarrítmica, analgésica, sedativa
e anti-inflamatória. Interrompe início e transmissão do impulso nervoso. Tem metabolização hepática.
Prescreve-se da seguinte forma – Lidocaína 2% (20mg/ml) - 0,5-2,5mg/kg em 20 minutos. Anestésico
usado mais na forma injetável localmente, por exemplo, para realização de procedimentos - bloqueio
de plexos nervosos, bloqueio dentário, anestesia local de fraturas de costela, anestesia para sutura,
drenagem de abscesso.
- Quetamina: Faz sedação e potente analgesia. É um antagonista NMDA (glutamato). Agonista opioide.
Não causa tolerância. Bom feito anti-alodinia e anti-hiperalgesia. Segunda linha para uso ambulatorial.
É usado quando ocorre falha de outras terapias analgésicas ou em situação de contraindicação de
opioides. Quetamina 0,2 a 0,4mg/kg – efeito analgésico sem causas dissociação. 1 a 2 mg/kg é para
procedimentos, intubação. Não fazer em bolus. Fazer em 5 a 10 minutos.
- Exemplos: Anestesia guiada por US em fratura de quadril, costela, luxações. Também em fraturas,
abscessos, bloqueios dentários.
- O objetivo do nosso manejo é funcionalidade e não zerar a dor. Considerar combinações de não
opioides. Se usar opioides, começar baixo e ir devagar. Não esquecer da analgesia regional. Não
esquecer de investigar a causa da dor, mas também não deixar o paciente sofrendo até você definir o
diagnóstico.
Antitrombóticos
Antitrombóticos - Introdução
- Lesão endotelial -> Exposição da matriz subendotelial -> Aderência da plaqueta (o fator de VW e a
fibronectina conectam os receptores GP1b59 da plaqueta ao colágeno) + Ativação plaquetária ->
Secreção de substâncias agonistas plaquetárias pela própria plaqueta (como tromboxano e ADP) e
exposição de receptores como GP2b3a -> Agregação entre plaquetas mediada pelo fibrinogênio e
esses receptores -> Formação do tampão plaquetário da hemostasia primária. A hemostasia secundária
é a coagulação propriamente dita.
- Os agonistas plaquetários são o ADP, a trombina, a epinefrina, o fator de ativação plaquetária (PAF),
o tromboxano e o colágeno.
- TAP: Avalia a ação dos fatores da via comum (X, V, trombina e fibrinogênio) e via extrínseco (VII).
- KPTT ou PTT ou TTPA: Avalia a ação dos fatores da via comum e via intrínseca (VIII, IX, XI e XII).
- A hemostasia envolve 3 passos principais: 1) Vasoconstrição reflexa do vaso lesionado para reduzir
hemorragia. 2) Ação plaquetária (se aderem e se agregam no leito plaquetário, formando um tampão
frouxo). 3) Formação do coágulo de fibrina (tampão reforçado). Então, vai haver uma lenta dissolução
da fibrina pela plasmina e vai ocorrer reparo tecidual, até que o vaso esteja íntegro e sem trombos.
- Lesão endotelial -> Exposição do subendotélio -> Aderência de plaquetas ao colágeno subendotelial.
- Ácido acetilsalicílico (AAS - Aspirina): Inibe a COX-1 de forma irreversível (ocorre acetilação). Em
dose baixa e uso crônico vai inibir mais de 95% da síntese de tromboxano A2 plaquetária pela COX-
1. Dose para prevenção de trombose é de 100 a 300mg 1 vez ao dia. Em dose mais altas (doses anti-
inflamatórias – dose máxima de 4g por dia), começa a inibir em maior proporção a COX-2 junto,
também de forma irreversível. Por inibir as encimas plaquetárias de forma irreversível e pelo fato de a
plaqueta não ter núcleo, ela não terá mais enzimas ativas para produzir durante toda sua vida (7 a 10
dias). Por isso, cerca de 7 a 10 dias antes de procedimentos cirúrgicos pedimos para o paciente parar
o AAS, caso contrário há risco de hemorragia durante o procedimento.
- Via extrínseca: Inicia-se com o tecido traumatizado -> Liberação do fator tissular -> Formação do
ativador de protrombina.
- Heparinas não-fracionadas (HNF): São misturas heterogêneas com peso molecular médio de 15k
Daltons.
- Mecanismo de ação: Inibem os fatores IIa e Xa e, em menor proporção, os fatores IXa, XIa e XIIa
tanto a HNF quanto a HBPM possuem o mesmo mecanismo de ação. Atuam na via intrínseca.
- Farmacocinética da heparina não fracionada (HNF): Na via IV tem efeito imediato. Na via SC tem
início de efeito em 2 horas. Na via IM tem absorção imprevisível com risco de sangramento. Não
atravessa a placenta e não é secretada no leite materno (seguro para grávidas). Metabolismo hepático
e sistema retículo endotelial. Excreção renal.
- Vantagens da HBPM em relação à HNF: Tem resposta anticoagulante mais previsível, meia vida
plasmática mais longa e maior disponibilidade, redução da trombocitopenia induzida pela heparina,
menor osteopenia, sem necessidade de linha venosa e bomba de infusão. Monitorização laboratorial
mínima.
- Quando utilizamos HNF ao invés de HBPM? A meia vida da HNF é menor (intervalos de 6 horas)
do que a meia vida da HBPM (intervalos de 12 horas). A HNF é neutralizada com mais eficácia do
que a HBPM com o sulfato de protamina. Então, em pacientes instáveis e com maior risco de
hemorragia, utilizamos HNF.
- Quando monitor os níveis de HBPM? Indicadores de monitorização dos níveis de HBPM – Disfunção
renal, obesidade mórbida (peso > 120kg), baixo peso (< 40kg), gestantes.
- A trombocitopenia induzida por heparina é relativamente comum, principalmente para HNF (não
tanto pela HBPM). É uma plaquetopenia imunomediada, que ocorre geralmente na primeira semana
já. Essa complicação, por se basear em resposta de anticorpos, pode causar coagulação intravascular.
Há intensa agregação e destruição plaquetárias, tendo como consequências eventos tromboembólicos
venosos e arteriais.
- TVP/TEP: Enoxaparina 1mg/kg de 12/12 horas (se ClCr < 30, fazer 1mg/kg de 24/24 horas). HNF em
bolus de 80UI/kg + Manutenção de 18UI/kg/h (manter KPTT entre 1,5 e 2,5 vezes o valor normal em
segundos).
- Profilaxia de TVP/TEP: Enoxaparina 40mg 24/24 horas se ClCr > 30 (se ClCr < 30 fazer 20 mg 24/24
horas. HNF 5000 UI 8/8 horas.
- IAM em < 75 anos: 200mg de AAS + 300mg de Clopidogrel + Enoxaparina SC 1mg/kg 12/12 horas,
além da manutenção de 100mg de AAS e 75mg de Clopidogrel 1 vez ao dia.
- IAM em > 75 anos: 200mg de AAS + 75mg de Clopidogrel + Enoxaparina 0,75mg/kg 12/12 horas.
- Farmacocinética: Absorção intestinal (uso exclusivo VO). Apresentam ampla ligação às proteínas
plasmáticas (95-99%). Tem metabolização hepática ampla (CYP 450). Excreções renal e biliar dos
metabólitos.
- Cuidado: A Varfarina tem muitas interações medicamentosas e é um fármaco cujo principal efeito
adverso é o sangramento.
- Segurança e efeitos adversos: Hemorragias (gastrointestinal, urinária, principalmente se INR > 7),
necrose cutânea, síndrome do dedo azul (embolização de cristais de colesterol), calcificação vascular
(terapêutica crônica), contraindicado na gravidez (teratogênese).
- Apresenta maior risco em pacientes idosos, maior risco em mulheres, risco alto no primeiro ano de
uso, se INR alvo é maior, se INR atual é alto, sangramento TGI prévio, doença cerebrovascular, se
hipertensão, alcoolismo ou doença hepática. Todos esses são riscos para sangramento.
- Principais usos clínicos: Trombose venosa profunda (TVP), ICC, cirurgia recente, trauma, neoplasia
(pulmão, pâncreas, próstata, mama e ovário), uso de anticoncepcionais orais, inatividade prolongada,
prótese valvar mecânica, cardiopatia isquêmica, fibrilação atrial.
- A posologia da Varfarina deve ser individualizada. Geralmente, iniciamos com doses de 2,5-5mg por
dia. Pacientes obesos podem necessitar de doses maiores, e desnutridos de doses menores (tendência
da Vitamina K).
- O ajuste deve ser feito por meio do INR (avalia a via extrínseca).
- Varfarina é uma droga de difícil manejo (início de ação tardio, faz monitorização do INR).
- Os novos anticoagulantes orais entraram no contexto de alternativas às drogas até então existentes.
- Drogas aprovadas pela ANVISA no Brasil: Apixabana (Eliquis), Dabigatrana (Pradaxa), Rivaroxabana
(Xarelto) e Edoxabana (Lixiana).
- São drogas de início de ação rápido, sem necessidade de monitorização laboratorial e sem interações
alimentares.
- Antídotos para sangramento não apresentam ainda evidências bem estabelecidas na literatura.
- Marevan (Varfarina) tem antídoto que é a Vitamina K ou plasma (fatores de coagulação, já os novos
anticoagulantes não têm antídotos, o que complica muito as coisas, pois não conseguimos reverter e,
geralmente, têm ação de 24 horas.
- Mecanismo de ação: São drogas que promovem inibição direta dos fatores de coagulação. Inibem o
fator Xa (RivaroXabana e ApiXabana). Inibe fator IIa (Dabigatrana).
- Para HNF: 1mg de Sulfato de Protamina para cada 100UI de heparina administrada. A meia vida da
HNF é de 60 a 90 minutos (o intervalo de administração é de 6/6 horas).
- Para HBPM: Plasma fresco congelado (20-30ml/kg) + 1mg de Sulfato de Protamina para cada 100UI
de Anti-Xa (cada 1mg de Enoxaparina tem 100UI de Anti-Xa), uma segunda dose de 0,5 de Protamina
para cada 100UI de Anti-Xa pode ser feita, caso o sangramento continue.
- INR entre 2 e 5, sem sangramento: Diminuir dose da Varfarina ou omitir 1 dose (se aumento mínimo,
não é necessário mudanças).
- INR entre 2 e 5, com sangramento leve: Descontinuar a Varfarina por 1 a 2 doses e iniciar a Vitamina
K 10mg EV, reiniciar Varfarina com dose menor.
- INR entre 5 e 9, sem sangramento: Omitir 1-2 doses e reiniciar em dose menor ou omitir 1 dose e
dar Vitamina K oral.
- INR > 9, sem sangramento: Suspender Varfarina e dar Vitamina K EV, reiniciar Varfarina quando INR
estiver terapêutico.
- INR em qualquer valor, com sangramento grave: Vitamina K 10mg EV, suspender o uso de Varfarina.
Caso seja um sangramento com complicação considerada uma urgência, considerar transfusão de
plasma fresco congelado ou, idealmente, complexo pró-trombínico.
- Idarucizumab foi a primeira droga a ser aprovada pelo FDA (Praxbind) para reversão dos efeitos
anticoagulantes da Dabigatrana (Pradaxa), 2015.
- Exemplo: Se um paciente chega em tempo de trombólise para AVC, se ele estiver usando um novo
anticoagulante oral, ele é excluído e não pode fazer o tratamento trombolítico.
- Em termos didáticos: Anticoagulante “afina” o sangue, enquanto o antiagregante não deixa o sangue
“engrossar”. Em AVC de padrão trombótico usamos AAS ou Clopidogrel (não deixa o sangue
engrossar), e no AVC embólico precisar “afinar” o sangue (anticoagular para diminuir a produção de
êmbolos).
- Século XVII: Extrato da adrenal e pituitária com efeito vasoconstritor e inotrópico sendo nomeadas
respectivamente epinefrina e vasopressina.
- Choque é um desbalanço entre a oferta e consumo de O2 por hipoperfusão tecidual, com redução
da DO2 (oferta de O2) e, consequentemente, aumento do metabolismo anaeróbico.
- As drogas vasoativas são usadas em estados de choque para aumentar a DO2 tecidual, podendo ser
por aumento do trabalho cardíaco e/ou vasoconstrição/dilatação. Depende do tipo de choque.
- Adrenalina: Tem ação predominante em receptores α1 (+++) e β1 (+++). Menor efeito em β2 (++).
- Dobutamina: Efeito predominante em β1 (+++) e menor em β2 (++). Sem efeito sobre α1.
- Dopamina: O efeito sobre cada receptor depende da dose, com dose em mcg/kg/min. Dose de 2 a
5 age somente em receptores de Dopamina, 5 a 10 age em β1, β2, DA (++), > 10 age em α1, β1, β2
e DA (++).
- Vasopressores puros: Agem apenas nos vasos. Vasopressina e Fenilefrina (é uma droga de ação super
rápida, sendo mais usada em cirurgias para reverter hipotensão induzida na anestesia).
- Quando houver necessidade estabilização hemodinâmica urgente, não deve aguardar passagem de
cateter venoso central (CVC), deve-se fazer em acesso periférico mesmo em veia calibrosa com cateter
18/20, mas por curto período de tempo (de 6 a 12 horas), até passar mais tranquilamente o CVC.
- Se extravasar para a pele e subcutâneo pode causar isquemia e necrose, podendo usar Fentolamina
ou Nitroglicerina no local para reverter o efeito.
- Aumentam a força de contração e reduzem a pós-carga. Melhora o débito cardíaco. Porém, cuidar,
pois se o paciente estiver hipotenso a vasodilatação vai piorar ainda mais a hipotensão, não sendo
boa opção nesse caso. Só usa se a pressão estiver adequada.
- Dobutamina: Tem efeito em β1 e β2. Dose de 2,5 a 20mcg/kg/minuto. Efeitos adversos incluem as
taquiarritmias e aumento do VOE miocárdio (consumo de O2). Indicação: Droga de escolha para o
choque cardiogênico (por exemplo, na IC descompensada). Evitar em IAM, FA, EAP e em pacientes
betabloqueados. Evitar nos pacientes em uso de BB porque não terá efeito, os receptores β já estão
bloqueados.
- Nitroprussiato de sódio: É um vasodilatador venoso e arterial. Não é muito bom para vasodilatação
coronariana. Dose de 0,5 a 5mcg/kg/minuto, podendo fazer até 10mcg/kg/minuto no máximo. Tem
indicação em emergência hipertensiva. Efeito colateral: Intoxicação por cianeto e tiocianato (em uso
prolongado, semanas).
- Vasopressina ou ADH: Estímulo para liberação endógena -> Hipotensão, hipovolemia e aumento da
osmolaridade sérica. V2 - Receptores dos ductos coletores, fazem a retenção de água. V1 (V1a) - Estão
na musculatura lisa vascular e também nas plaquetas e outros tecidos. V3 (V1b) - Estão no SNC,
induzem a secreção de corticotropina (ACTH). Dose de 0,01 a 0,04 U/min. Apresenta meia vida de
até 20 minutos. Indicação: É a segunda opção para vasopressor depois da noradrenalina; deficiência
endógena na morte encefálica (sempre faz tratamento na UTI com ADH, pois esse paciente terá
diabetes insipidus, e também já mantém a PAM).
- Existem duas formas de IC: a disfunção sistólica e a disfunção diastólica. Os estudos com as drogas
modificadoras da história natural da doença são para a disfunção sistólica. Vemos os tipos logo abaixo.
- A partir de um evento que leve à alteração cardíaca (hipertrofia e/ou dilatação), pode ocorrer a IC,
resultando em ativação neuro-humoral para tentar aumentar a pré-carga e pós-carga. Além disso, a
ativação neuro-humoral também causa um remodelamento inadequado no tecido cardíaco, ou seja,
com o tempo esses mecanismos compensatórios irão piorar ainda mais a IC (ciclo vicioso).
- As duas ICCs fazem aumento da função do ventrículo esquerdo e vão gerar congestão pulmonar por
mecanismos diferentes.
- ICC diastólica: Alteração no relaxamento ventricular com contratilidade preservada, ou seja, fração
de ejeção normal. Alguns casos de IC diastólica tendem, em uma fase final, a virar uma IC sistólica,
pois com o tempo a FE reduz. O ritmo de galope é uma tentativa de compensar o volume sanguíneo.
A principal causa é HAS não controlada.
- As duas classificações podem ser vistas na tabela abaixo. Serão essenciais para definir as condutas.
- NYHA III: Atividades físicas menos intensas que as atividades habituais causam sintomas. Limitação
importante, porém, confortável ao repouso (sintomas moderados).
- NYHA IV: Incapacidade para realizar qualquer atividade sem apresentar desconforto. Sintomas ao
repouso (sintomas graves).
- Estágio A: Risco de desenvolver IC. Sem doença estrutural ou sintomas de IC. Deve-se fazer o controle
de fatores de risco para IC – tabagismo, dislipidemia, HAS, etilismo, diabetes mellitus e obesidade.
Monitorar a cadiotoxicidade.
- Estágio B: Doença estrutural cardíaca presente, mas sem sintomas de IC. Considerar iECA, BB e um
antagonista mineralocorticoide.
- Estágio C: Doença estrutural cardíaca presente, com sintomas prévios ou atuais de IC. Considerar
tratamento clínico otimizado – considerar terapia de ressincronização cardíaca (TRC), cardioversor-
desfibrilador implantável (CDI) e transplante cardíaco (tratamento cirúrgico).
ICC - Diagnóstico
ICC - Tratamento
- As drogas modificadoras são: 1) iECAs – Captopril, Enalapril, Lisinopril. Lembrar que o Captopril e
o Lisinopril não são pró-fármacos, os outros são. Têm eliminação renal. 2) BRA – Losartana, Valsartana
e Candesartana. Têm eliminação renal e hepática. 3) Betabloqueadores (BB) – Metoprolol (Succinato),
Carvedilol e Bisoprolol. Têm eliminação hepática. Vão fazer proteção miocárdica contra os efeitos
tóxicos da ativação simpática exacerbada, redução da FC com controle da PA e taquiarritmias, com
diminuição da renina. 4) Diuréticos – Espironolactona, Eplerenona, de eliminação hepática. 5) Outras
drogas – Sacubitril, Ivabradina, Hidralazina com Isossorbida.
- Para ICC diastólica, deve-se tratar a causa base, que pode ser uma taquiarritmia, alguma cardiopatia
hipertensiva, cardiomiopatia hipertrófica, insuficiência coronariana, entre outras.
- Na HAS, nós geralmente não damos muito iECAs aos pacientes (por causa dos efeitos colaterais,
como a tosse), já na ICC, nós costumamos usar mais essa classe, pois ela faz remodelamento cardíaco
e também melhora a parte hemodinâmica (promove vasodilatação e redução da pós-carga).
- Estágio B (doença assintomática - NYHA 1): Utiliza-se iECA e BB tanto para disfunção do ventrículo
esquerdo de etiologia isquêmica quanto não isquêmica. Além disso, pode-se utilizar a Espironolactona
para pacientes pós-infarto e diabéticos.
- Hidralazina com Isossorbida: É uma opção para negros hipertensos ou em intolerância a iECAs.
- iECA: Indicado para todos os pacientes, mesmo assintomáticos. Redução da angiotensina II, aumento
da bradicinina, redução da atividade simpática, redução da vasopressina, redução da aldosterona,
redução de endotelina, redução de PAI-1. Tem ação hemodinâmica (redução da pós e pré-carga). Tem
ação trófica (redução de remodelagem ventricular).
- Antagonista da Aldosterona: Indicado para NYHA 2 a 4 (sintomáticos em terapia padrão). Não usar
se K > 5,5. Representante principal é a Espironolactona.
- BRA: Indicado para pacientes intolerantes ao iECA (tosse pela indução de bradicininas).
- Ivabradina: Inibidor seletivo da corrente If do NSA (bloqueia a função cardíaca – age como um BB).
- Valsartana + Sacubitril (Entresto): Inibidor da neprilisina, que degrada vasodilatador. Possui efeito
do iECA só que potencializado. É indicado para substituir iECA nas classes 2 e 3 com níveis elevados
de peptídeos natriuréticos.
- Digital: Cronotropismo negativo e positivo. É difícil usar a dose inteira. É indicado para refratários,
promovem melhora dos sintomas e diminuição de internação. Não usar se IC diastólica pura ou
cardiomiopatia hipertrófica. Digoxina.
- As drogas antiarrítmicas são classificadas de acordo com os seus efeitos específicos na condutância
iônica desde a apresentação original de Vaughan-Williams (1969), com adaptação recente.
- Classe I: Bloqueadores de Canais de Sódio (tem subtipos A, B e C). São exemplos – a Procainamida,
Disopiramida, Quinidina, Mexiletina, Lidocaína, Tocainida, Flecainida, Propafenona.
- Classe III: Drogas que aumentam a duração do potencial de ação – Amiodarona e Sotalol.
Antianginosos
- BBs: Reduzem a frequência cardíaca em repouso e durante o exercício, e isso aumenta o tempo de
diástole, melhorando a perfusão coronariana. Melhoram o relaxamento ventricular, o que também
favorece a diástole, melhorando o fluxo coronariano. Além disso, a redução da FC e da PA reduzem
o consumo de O2 do miocárdio (mVO2), aumentando o limiar para a angina.
- BCCs: Também muito importantes para o tratamento da angina, por serem eficazes e com poucos
efeitos colaterais. Ao bloquearem os canais de cálcio do coração, eles desaceleram a geração e
condução do estímulo elétrico e reduzem a intensidade da contração dos miócitos. Isso reduz o VO2,
aumentando diástole. Principalmente Verapamil e Diltiazem. Os diidropiridínicos são mais seletivos
para os vasos.
- Nitratos: São vasodilatadores. Fazem vasodilatação coronariana e maior desvio do fluxo sanguíneo
das arteríolas cardíacas da área não isquêmica para a área isquêmica pela circulação colateral. São
contraindicados em associação com Sildenafila. Nitroglicerina EV em situação de SCA, por ter ação
rápida. Isossorbida (dinitrato ou mononitrato) ambos têm na forma VO, e o mononitrato tem também
EV.
- Trimetazidina: Não tem efeito hemodinâmico, mas sim metabólico. Age bloqueando a beta-oxidação
de ácidos graxos nos miócitos, fazendo com que, durante a isquemia, o uso predominante de glicose
permita maior geração de ATP. Isso aumenta o limiar de angina.
Antiagregantes
- O endotélio vascular quando lesado ativa receptores plaquetários que são glicoproteínas (GP) de
membrana, que permitem a ligação das plaquetas ao fator de von Willebrand (receptor GP lb), ao
colágeno subendotelial (receptor GP la) ou ao fibrinogênio (receptor GP Ilb/IIIa).
- O fator de von Willebrand também se liga ao receptor GP Ilb/IIIa, contribuindo para maior adesão
e agregação plaquetárias.
- Durante e após a agregação, as plaquetas liberam potentes agentes vasoconstritores, como serotonina
e tromboxano A2, e outras substâncias importantes como fator plaquetário e o fator de crescimento
derivado das plaquetas (PDGF).
- Em geral são usados em tromboses arteriais (tratamento e prevenção) – SCA, AVCi, revascularização
arterial. Não são usados para prevenção e tratamento de eventos trombóticos venosos.
- Aspirina (AAS): Inibe a COX1 de forma irreversível (ocorre acetilação). Em dose baixa e uso crônico
vai inibir mais de 95% da síntese de Tromboxano A2 plaquetário pela COX1. A dose de prevenção de
trombose arterial é de 100 a 300mg 1 vez ao dia. Em dose mais alta (doses anti-inflamatórias – dose
máxima de 4g por dia), começa a inibir em maior proporção a COX2 junto, também irreversivelmente.
Por inibir as enzimas plaquetárias de forma irreversível e pelo fato de a plaqueta não ter núcleo, ela
não terá mais enzimas ativas para produzir durante toda sua vida (7 a 10 dias). Há risco de hemorragia
do TGI e redução da taxa de filtração glomerular (principalmente em doses anti-inflamatórias). Cuidar
em casos de insuficiência renal e hepática (metabolização hepática e eliminação renal).
Anticoagulantes
- Varfarina: 5mg/cp. O efeito anticoagulante é mediado através da inibição dos fatores de coagulação
vitamina K-dependentes (II, VII, IX e X). Via extrínseca (coletar TAP).
- Controle do RNI: Maior parte das patologias com alvo entre 2,0 e 3,0.
Hipolipemiantes
- Estatinas: Possuem como mecanismo de ação a inibição competitiva da HMG-CoA redutase, enzima
responsável pela formação de colesterol (LDL) pelo fígado e lipoproteínas plasmáticas. Tem efeitos
colaterais de mialgia, hepatite. Por exemplo, as que reduzem mais o LDL (até 55%) são a Atorvastatina
e Rosuvastatina. A Sinvastatina reduz em até 42% o LDL. Mialgia é mais frequente em doses altas.
Questões 7
- Quando pensamos em ortopedia, a principal queixa que lembramos é a dor. Esse paciente pode ter
uma doença inflamatória, algum trauma, por exemplo.
- Então, como que a dor é sentida? Sabemos que a dor é um sintoma, mas também pode ser um sinal.
É um sintoma porque o paciente refere essa dor, e um sinal porque pode revelar alguma anormalidade
adjacente.
- A dor é processada em 5 etapas: 1) Transdução (esse estímulo, se for nociceptivo, isto é, produtor
de dor, ele vai gerar um impulso elétrico). 2) Condução (impulsos carreados no primeiro neurônio
sensitivo, leva até a medula). 3) Transmissão (é quando ocorre sinapse de transmissão para o segundo
neurônio, isto é, leva o impulso da medula para o tálamo e depois córtex). 4) Percepção (interpretação
do estímulo como dor). 5) Modulação (é importante em alguns tipos de tratamento, existem vias
inibitórias ou excitatórias). Exemplo: Você machucou, bateu o braço, por exemplo, é instintivo passar
a mão no local, para competir com o estímulo doloroso, diminuindo um pouco a ascendência da dor
para permitir que o estímulo tátil se sobressaia.
- Fibra A beta: Fibras A são mielínicas, grossas (de alta velocidade). A beta é para estímulos não
dolorosos. Pode estar relacionada com a alodinia (dor neuropática), que é quando ocorre percepção
dolorosa de um estímulo não doloroso.
- Fibras A delta: São grossas também (de alta velocidade), e são mecanorreceptoras (estímulos
nóxicos), geralmente relacionadas a regiões específicas das articulações. As dores, nesse caso, são
agudas e de localização definida.
- Fibras C: É uma fibra fina e amielínica, atípica, que é responsável por 75% dos impulsos aferentes
sensoriais. Dor de localização difusa (paciente não vai saber localizar um local específico, mas sim
toda uma região - pé inteiro, por exemplo).
- Primeiro neurônio sensitivo: Começa na pele, no músculo ou no órgão, e vai fazer sinapse no gânglio
da raiz dorsal (onde está localizado o seu corpo celular). É aqui onde se faz a modulação da dor (dor
crônica).
- Fenômeno de Wind Up: É um estímulo repetitivo das fibras C (como se fosse um alerta constante
que fica enviando informação ao córtex), que, por consequência, vai fazer uma sensibilização central
(hiperalgesia secundária). Por exemplo: A pessoa sofre uma entorse de tornozelo, fica com a dor por
muito tempo, vai ocorrer uma forma de plasticidade no corno dorsal da medula, que pode induzir as
sinapses das fibras C, por meio dos receptores NMDA (n-metil d-aspartato) e dos canais de Na. Por
consequência, a pessoa pode vir a apresentar uma hiperalgesia, mais difusa. A pessoa vai apenas
colocar a meia e já dói todo o pé.
- Segundo neurônio sensitivo: Faz a sinapse na medula e depois sobe. São os tratos ascendentes
(espinotalâmicos). Impulsos da medula chegam ao tálamo (que faz o gerenciamento dos estímulos
sensitivos) e depois chega ao córtex somatossensorial (giro pós-central).
- Modulação da dor (prova): Como que fazemos uma modulação da dor? São 3 coisas principais. 1)
Impulsos descendentes (diferente do impulso sensitivo que é ascendente). 2) Serotonina e
- Dor crônica: É uma dor que perdura além do estímulo, mesmo após o reparo tecidual. É uma dor
com duração maior que 3 meses. Não existe processo ativo na dor crônica (as fibras C ficam enviando
informações de dor ainda).
- Fatores associados à dor crônica: Genética (alguns genes alteram a resposta da dor), dores agudas
mal tratadas (se não tratada pode ocorrer o fenômeno de Wind Up, gerando dor crônica), lesão
nervosa, sexo feminino (relação com depressão, flutuações hormonais que ocorrem a partir dos 40
anos), procedimentos cirúrgicos (fibroses, dor na cicatriz).
- Dor nociceptiva: É uma dor por lesão tecidual (trauma, por exemplo). Pode ainda ser dividida em 2
tipos. A dor nociceptiva somática, que é quando ocorre em tecidos mais superficiais, bem localizada,
mais associada a receptores de tato e de pressão (fibra A delta). E também tem a dor nociceptiva
visceral, que ocorre em órgãos internos, sendo mais difusa.
- Dor neuropática: Pode ser tanto por lesão ou disfunção do SNC ou SNP. Quando é uma dor mediada
pelo SNA, a pessoa vai apresentar sinais e sintomas autonômicos. A dor neuropática periférica
(neuralgia pós-herpética, neuroma). A dor central pode ser, por exemplo, uma dor pós AVC.
- Dor leve (degrau 1): Dor de cabeça, contusão, por exemplo. Analgésicos simples (Dipirona,
paracetamol) e AINEs (função de reduzir o estímulo inflamatório de dor).
- Dor moderada (degrau 2): Analgésicos simples // AINEs + Opioide fraco (codeína, porém tem efeito
adverso do TGI; tem o tramadol também).
- Dor intensa (degrau 3): Fácies de dor, alteração cutânea, sudorese, paciente agitado, pálido.
(Analgésicos simples // AINEs + Opioides fortes {morfina}).
- Dor refratária (degrau 4): Procedimento intervencionista (bloqueios dos nervos, jogando anestésico
nos nervos). Associando drogas adjuvantes.
- Paracetamol: Faz a inibição das prostaglandinas centrais. Tem ação antitérmica e analgésica
(principal), com menores efeitos colaterais (hepatotoxicidade). Intervalo de 6/6h. Dose máxima de
4g/dia.
- Dipirona: Também faz a inibição das prostaglandinas centrais, ação antitérmica e analgésica. Melhor
para dores pós-operatórias. Não é liberado no EUA devido a um efeito colateral raro (agranulocitose).
Tem eficácia dose-dependente (1g/dose), com intervalo de 6/6h. Dose máxima de 4g/dia.
- Codeína: É um agonista de curta duração, considerada opioide fraco. Tem função de pré-droga, pois
para metaboliza-la em morfina precisa do citocromo P450. Algumas pessoas não tem esse citocromo
e, por isso, mesmo dando o remédio a pessoa fica com dor e começa a apresentar os efeitos adversos
(efeitos do TGI, constipação, rebaixamento sensorial). A fluoxetina pode inibir o efeito da codeína.
- Tramadol: É de curta duração, opioide fraco, porém é sintético, você toma a droga e ela já vai fazer
efeito. É agonista de receptores UM, e faz inibição da recaptação pré-sináptica de serotonina e
noradrenalina (modulação da dor). Tem o risco de causar síndrome serotoninérgica (depressão do SNC
em doses altas). É chamado de opioide-like, pois é um sintético.
- Morfina: Opioide padrão. Forte ação analgésica (dor nociceptiva). É agonista dos receptores opioides
de curta duração (metabolização rápida de 4 horas). Não apresenta efeito teto, isto é, as doses podem
ser aumentadas conforme a necessidade. Porém, quanto mais aumenta, também tem chance de fazer
rebaixamento do nível de consciência. Tem risco de depressão respiratória em nefropatas. A dose
geralmente começa em 4mg de 4/4h para adultos. Se não respondeu, aumenta para 5 mg, sempre
avaliando a resposta.
- Metadona: É um opioide forte de longa duração (por isso vicia mais). É agonista do receptor UM, faz
antagonismo dos receptores NMDA e bloqueio da recaptação das monoaminas (serotonina e
noradrenalina). Meia-vida de eliminação incerta. Risco de prolongar o intervalo QT e aumenta a
incidência de arritmias cardíacas. Metabolização pelo citocromo P450.
- Oxicodona: É um opioide de forte ação, sintético. Agonista dos receptores UM. Tem alta
disponibilidade por via oral. Efeitos colaterais de depressão respiratória e bradicardia.
- Clonidina: É dose-dependente. Faz estimulação dos receptores alfa-2. Mimetiza ativação da via
descendente inibitória da dor. Menos efeitos colaterais (hipotensão, bradicardia e boca seca).
- Então, vamos utilizar a escala visual analógica da dor e perguntar diretamente ao paciente o quanto
está doendo, de 0 a 10.
- Dor leve (1 a 3), prescrever AINEs, analgésicos comuns ou crioterapia. Dor moderada (4 a 6),
acrescenta-se tramadol ou codeína. Dor intensa (7 a 10), pode prescrever morfina ou metadona.
Sempre reavaliar visando alívio da dor e detecção de efeitos adversos dos medicamentos empregados.
- Analgesia preemptiva: Antes do trauma cirúrgico (do evento nóxico). Diminui a intensidade da dor
e necessidade de analgésico. Fármacos: Gabapentina, AINEs e Cetamina. Anestésicos locais ou
anestesia locorregional.
- Analgesia no neuroeixo: Opioide peridural ou intratecal. Tem analgesia intensa por 24 horas. Reduz
consumo de analgésico pós-operatório.
- Tratamento da dor crônica: Independente do trauma inicial, da causa, você tem que tratar de forma
multimodal (sensibilização central, relações psicológicas). Não adianta apenas tratamento
farmacológico, deve ser também multidisciplinar (medicina, psicologia e fisioterapia). Dentre as
técnicas intervencionistas, tem-se o bloqueio com corticoides e as infiltrações. A diferença entre eles
é que o bloqueio é geralmente no nervo e a infiltração pode ser na articulação, por exemplo.
- Analgesia de lesão musculoesquelética: Para lesões maiores - Paracetamol 750mg 6/6h ou Dipirona
6/6h, Tramadol 50mg 6/6h SN, Ibuprofeno 600mg 8/8h. Para lesões menores - Tramadol 37mg 8/8h,
Paracetamol 325mg 6/6h ou Dipirona 500mg 6/6h, Ibuprofeno 600mg 8/8h.
- Caso clínico 16: JPD, 26 anos, chega ao OS segurando seu braço direito, ansioso, com fácies de dor.
Refere queda sobre ombro durante partida de futebol. EFO ombro direito - Dor intensa à palpação,
incapacidade de mobilizar o ombro.
- Para redução da luxação, qual a medicação indicada? R - Opioide forte de curta duração (Morfina).
- Após a redução, qual o tratamento medicamentoso a ser prescrito? R - Faz Tramadol 37mg 8/8h,
Paracetamol 325mg 6/6h ou Dipirona 500mg 6/6h e Ibuprofeno 600mg 8/8h.
- No acompanhamento, após 2 meses de PO, paciente refere persistência da dor de forte intensidade
em punho e mão, edema e calor local em mão, formigamento e incapacidade de flexão dos dedos.
EFO mão esquerda: edema, eritema em face volar e dorsal de mão, incapacidade de flexão dos dedos
e dor à palpação difusa.
- Síndrome dolorosa regional complexa: É uma dor neuropática crônica, persiste após o fim do trauma,
sendo desproporcional ao trauma inicial. Paciente apresenta alterações autonômicas, motoras e
tróficas. Dor intensa, do tipo em queimação, e contínua. Ocorre em mulheres, geralmente tabagistas,
com 40 anos ou mais.
- Nesse caso, qual o tratamento a ser iniciado? Vitamina C 1g VO por 60 dias (neuroprotetor),
Dexametasona 20mg VO por 15 dias (para diminuir inflamação), Paracetamol 750mg 6/6h ou
Dipirona 1g 6/6h, Tramadol 50mg 8/8h, Pregabalina 75mg VO ao dia, Duloxetina 30mg VO ao dia //
Fisioterapia.
- Fatores neuronais (Ach), parácrinos (histamina) e endócrinos (gastrina) ativam receptores acoplados
às proteínas G transmembrana das células parietais e células enterocromafins (EC).
- A gastrina é produzida pelas células G no antro e estimula a secreção ácida direta nas células
parietais ou de forma indireta por meio do estímulo para sintetizar a histamina.
- Todos possuem um objetivo único, que é de secretar H+ para manter o pH do meio intracelular da
célula parietal em aproximadamente 7,3 e o pH canalicular em aproximadamente 0,8.
- Vários fatores centrais influenciam na produção ácida, como estímulos visuais e o estresse.
- Os inibidores da bomba de prótons são irreversíveis e, por isso, não perdem potência ao longo do
tempo. Já os antagonistas H2 são reversíveis e perdem a potência com o aumento compensatório da
histamina.
- Mecanismo de ação: Inibem a ATPase que realiza a saída de H+ e entrada na célula parietal. Todos
os fármacos são convertidos à sulfenamida, que interage com os grupos sulfidrila da bomba e bloqueia
- É indicado que a medicação seja tomada em jejum pois o pH gástrico está mais ácido, permitindo
uma dissociação e conversão em sulfenamida mais facilmente. Porém, se tomado fora do jejum, não
há grandes diferenças.
- O aumento do pH, promovido pelo fármaco, leva à transcrição de RNA e também formação e novas
proteínas para que, em 48h, novas bombas de prótons sejam produzidas.
- Um estudo demonstrou que o uso de inibidores aumentava a mortalidade em pacientes idosos, mas,
hoje, sabe-se que isso não é verdade.
- Efeitos colaterais: Cefaleia, diarreia (risco de clostridioses), rashes, tonturas, sonolência, confusão
mental, impotência, ginecomastia, dor muscular e articular, osteoporose.
- Mecanismo de ação: Inibem a produção de ácido competindo de modo reversível com a histamina.
Bloqueiam 70% da secreção ácida. Inicia-se desenvolvimento de tolerância em 3 dias, pois o aumento
compensatório da produção de histamina desfaz o bloqueio reversível.
- Uso terapêutico: Inibem predominantemente a secreção basal de ácido (à noite), portanto, devem
ser tomados nesse período.
- Efeitos adversos raros: Diarreia, cefaleia, fadiga, tonturas, dores musculares, alopecia, rashes
transitórios, confusão em idosos e hipergastrinemia.
- Sucralfato (Sucrafilm 1mg): Forma um polímero em pH ácido (< 4), que protege a mucosa gástrica.
Deve ser utilizado 1 hora antes das refeições para que dê tempo de a droga reagir com o ácido e
formar esse polímero que funciona como barreira de proteção artificial. Boa indicação para pacientes
com úlcera gástrica que não é causada pelo H. pylori. Pouco utilizada. Previne danos agudos
quimicamente induzidos na mucosa e cura úlceras crônicas sem alterar a secreção de ácido gástrico
e pepsina ou tamponar significativamente o ácido. Uso limitado ao tratamento inicial da DRGE na
gravidez. Poucos efeitos adversos: Constipação, bezoar gástrico, boca seca, náuseas, vômitos,
cefaleias e rashes.
- Bismuto: Tão eficaz quanto à Cimetidina. Caiu em desuso, mas ainda é utilizado em alguns esquemas
de erradicação do H. pylori, pois, além de formar uma camada de proteção, tem efeito citotóxico
(efeito bacteriostático). É utilizado para tratamento de sintomas gastrointestinais leves. Muito pouco é
absorvido, mas se a eliminação renal for comprometida, as concentrações plasmáticas elevadas
podem resultar em encefalopatia (ataxia, cefaleia e crises convulsivas). Os efeitos adversos incluem
náuseas e vômitos e escurecimento da língua e das fezes.
- Tratamento na gravidez: Usar antiácidos e, em casos mais severos, Ranitidina (classe B). Um estudo
com ratas mostrou que o uso de inibidores de bomba em estágios iniciais da gravidez está relacionado
ao risco de malformações ósseas.
- Estágio II: Sintomas frequentes, com ou sem esofagite. Ocorrem mais de 2 a 3 episódios por semana.
Estão indicados os inibidores de bomba de próton, que são mais eficazes que os antagonistas H2.
- Estágio III: Sintomas inexoráveis e crônicos. Sem terapia há recidiva imediata. Há presença de
complicações esofágicas (estenose, metaplasia). Inibidores de bomba de próton 1 ou 2 vezes ao dia.
- Apesar de as úlceras gástricas e duodenais serem as mais diagnosticadas, qualquer porção do TGI
exposta a suficientes concentrações de ácido clorídrico e pepsina por certo tempo pode abrigar a
lesão.
- A presença do H. pylori pode causar uma inflamação crônica da mucosa gástrica. Deve ser feita a
erradicação do H. pylori.
- Tratamento para erradicação do H. pylori (prova): É um tratamento tríplice por 14 dias. Inibidor de
bomba de próton + Claritromicina 500mg, 2 vezes ao dia + Metronidazol 500mg ou Amoxicilina 1g,
2 vezes ao dia. A amoxicilina, que é um beta-lactâmico, tende a ser superior ao Metronidazol. A
evidência é favorável ao uso por 14 dias de preferência na primeira vez que usa, porque começa a ter
mais resistência do H. pylori se usar só por 7 dias. Retratamentos têm menor taxa de sucesso quando
comparados ao primeiro tratamento. Na UBS, o paciente consegue pegar o Omeprazol (IBP) e a
Amoxicilina (Beta-lactâmico), mas deve comprar a Claritromicina. O cuidado é que o paciente não
comece a tomar o Omeprazol e a Amoxicilina sem antes comprar a Claritromicina, porque a eficácia
terapêutica do tratamento só é atingida quando tomados todos os medicamentos juntos (esquema
tríplice).
- Diagnóstico: Endoscopia digestiva alta se tornou o método de escolha para o diagnóstico da doença
ulcerosa péptica, substituindo os estudos radiológicos com contraste. Além de maior acurácia, permite
a realização de biópsias com coleta de material para o exame histopatológico, importante para
diferenciação entre úlceras pépticas e neoplásicas e detenção de H. pylori.
- Tratamento: Tem como objetivo o alívio da dor, promoção de cicatrização da lesão e prevenção de
recorrências e complicações. O manejo da dor e a aceleração da cicatrização são obtidos com o uso
de agentes antissecretores. Se há infecção por H. pylori, utilizam-se combinações de antibióticos e
antissecretores, e isso independe do consumo crônico de AINEs. Nos usuários de AINEs, esses devem
ser suspensos sempre que possível, paralelamente ao tratamento.
Anti-eméticos
- Causas de náusea e vômito: Cefaleia, infecções virais, IAM, dor severa, gravidez, abuso de álcool,
intoxicação alimentar, causas abdominais (apendicite, hepatite e cólica renal), medicamentos
(aminoglicosídeos, agentes citotóxicos e opioides), movimentos de carro, ônibus (cinetose).
- Glicocorticoides e anti-inflamatórios: Para náusea causada por cólica renal ou cefaleia (enxaqueca).
- Soluções de carboidratos fosforadas: Glicose + Frutose (para vômitos por abuso ou intoxicação
alcóolica).
- Antagonistas dos receptores D2 puro: Tem como representante a Domperidona, que é utilizada para
aumento da produção de leite em puérperas. Não exige receita na farmácia. Outro medicamento é a
Levosulpirida (exige receita na farmácia). A vantagem dessas drogas é que elas não penetram a barreira
hematoencefálica, por consequência não provocam reações extrapiramidais. Assim, principalmente
na pediatria, o tratamento de DRGE para o RN é receitado Domperidona.
Constipação
- É importante lembrar que as obstruções (impactações) devem ser removidas antes de se usar laxantes
e que o uso crônico de laxantes pode ocasionar desequilíbrios eletrolíticos e redução da motilidade
peristáltica.
- O balanço do que entra e do que sai de água é o que faz com que tenha diarreia, constipação ou
intestino normal.
- Cerca de 8 a 9 litros de água entram no delgado e somente 1 a 1,5 litros passam pela válvula
ileocecal. Isso indica que grande parte da água é absorvida no intestino delgado e quando chega no
intestino grosso, resta um pouco de água e sais para absorção.
- É necessário diferenciar causas reversíveis de causas secundárias da constipação. 60% das pessoas
constipadas não apresentam distúrbios da motilidade, o que torna muito difícil explicar o motivo da
constipação. A não ser a constipação causada por fármacos, torna-se muito difícil determinar a sua
causa.
- Sempre reforçar ao paciente que quando ele sentir o reflexo gastro-cólico (vontade de fazer cocô),
deve ir ao banheiro imediatamente, pois o reflexo dura cerca de 5 minutos e depois desaparece. Só
volta a aparecer cerca de 6 a 8 horas após. Nesse meio tempo, o intestino irá absorver mais água e
tornar as vezes mais secas.
- Agentes higroscópicos e formadores de bolo fecal: Policarbofila (Muvinor 500mg, 1g dela consegue
adsorver 50g de água). Plantago ovata (Plantaben - importante aliado fitoterápico, que tem mais fácil
acesso do que a policarbofila). Essas drogas possuem propriedade adsortiva, isto é, não deixam a água
sair no lúmen intestinal. Tem a vantagem de não causarem diarreias osmóticas como os laxantes.
- Fármacos osmóticos: Sais inorgânicos (fosfato de sódio, sulfato de magnésio), açúcares não
absorvíveis.
- Óleo mineral: Não deve ser usado a longo prazo, pois tem o risco de aspiração em crianças pequenas
(< 2 anos) com possibilidade de gerar pneumonite química. Pode gerar disabsorção de vitaminas
lipossolúveis.
- Laxantes estimulantes (que são irritativos): Cáscara sagrada, Sene (antracenos e glicosídeos),
Fenolftaleína, Bisacodil (componente do Almeida Prado). São anti-fisiológicos, não respeitam o reflexo
gastro-cólico. Tentar evitar esses ao máximo.
- Agentes pró-cinéticos: Aumentam o trânsito intestinal e motilidade pela interação com receptores
específicos que alteram a motilidade intestinal: Moduladores 5HT, Eritromicina, Domperidona,
Prucaloprida e Lubiprostona (em testes ainda).
- Constipação farmacológica: É causada por opioides (morfina, codeína) e pela Loperamida (Imosec,
que é um antidiarreico usado em crianças). A estase intestinal aumenta superinfecção bacteriana. A
princípio, em diarreias com provável causa infecciosa, não se utiliza antidiarreico, pois aumenta a
viremia e tem maior risco de as bactérias sofrerem translocação.
- Os laxantes formadores de volume demoram um pouco mais para fazer efeito (cerca de 1 a 3 dias),
enquanto os laxantes estimulantes atuam em 6 a 8 horas com fezes moles ou semilíquidas e os laxantes
osmóticos fazem efeito em cerca de 1 a 3 horas com evacuações líquidas.
- Laxantes amolecedor do bolo fecal: Ação de diminuição da tensão superficial das fezes facilitando
a junção de água e gordura e amolecendo as fezes. Exemplo: Docusato de sódio (Humectol). Tempo
de ação: 1 a 3 dias. Efeitos colaterais: Náuseas e vômitos, diarreia, dor abdominal. Indicado quando
deve-se evitar esforço evacuatório, como em pós operatórios e pós IAM. Contraindicação: Apendicite,
hepatite aguda, obstrução intestinal.
- Laxantes lubrificantes: Tem ação de amolecer fisicamente as fezes. Exemplo: Óleo mineral. Efeitos
colaterais de má absorção de vitaminas lipossolúveis, risco de pneumonia lipoídica se
broncoaspiração. Contraindicado em crianças e idosos com refluxo.
- Laxantes osmóticos: Tem ação de aumentar a água na luz intestinal para manter o equilíbrio
osmótico, distendendo as alças, maior peristaltismo e evacuações. Exemplo: Hidróxido de Magnésio
(Leite de Magnésia), Sulfato de Magnésio (Sal amargo), Lactulona (Lactulose), Supositório de Glicerina,
Manitol, PEG, Sorbitol (Minilax), Macrogol (Muvinlax). Tempo de ação de 3 a 6 horas. Efeitos
colaterais de flatulência, cólica, diarreia, náusea, vômito, hipermagnesemia, hiperfosfatemia,
hipocalcemia. Bom para refratários a fibras, grávidas e idosos.
- Laxantes estimulantes ou irritantes: Tem ação de estímulo do SNE, gerando uma resposta
inflamatória limitada que leva à secreção de água e eletrólitos, o que faz aumentar a motilidade.
Exemplo: Bisacodil (Lactopurga), Picosulfato de Sódio (Rapilax), Óleo de Ricino e Antraquinonas
(Cáscara sagrada e Sene). Tempo de ação de 6 a 8 horas. Efeitos colaterais de dor abdominal, cólon
catártico, melanose colis, taquifilaxia, inflamação e destruição do plexo mioentérico. É indicado para
constipação refratária.
Pró-cinéticos
- O estímulo seletivo da função motora do intestino aumenta a pressão do EEI, melhora o esvaziamento
gástrico, estimula o intestino delgado e intensifica o trânsito colônico.
- Sistema nervoso entérico: Extenso conjunto de nervos que constitui a terceira divisão do SNA capaz
de funcionar autonomamente no controle da atividade contrátil do TGI. Os agentes pró-cinéticos são
fármacos estimulantes da motilidade do TGI de modo coordenado, favorecendo o trânsito do bolo
alimentar.
- Embora a acetilcolina (Ach) liberada pelos neurônios motores primários do plexo mioentérico seja
o mediador imediato principal da contratilidade muscular, a maior parte dos fármacos procinéticos
age “antes”, nos receptores do neurônio motor ou nas células situadas uma ou duas posições distantes
dele.
- Antagonistas dopaminérgicos: Dopamina tem efeitos inibitórios na motilidade, fazendo redução das
pressões do EEI e gástricas, tem ação antináusea e antiemética. Usos clínicos: DRGE, alteração do
esvaziamento gástrico (pós-operatório e gastroparesia diabética), dispepsia não ulcerosa, prevenção
dos vômitos. Efeitos colaterais: inquietação, sonolência, insônia, ansiedade e agitação e em até 25%
- Moduladores dos receptores de serotonina: 90% dos receptores de 5HT estão no intestino,
produzida pelas células enterocromafins. A serotonina no intestino tem função de estimular o
peristaltismo quando se liga aos receptores 5HT3 e 5HT4 ou inibir o peristaltismo quando se liga ao
receptor 5HT1a. Ao estimular os receptores 5HT4, ocorre aumento de liberação da Ach na junção
neuromuscular, provocando diarreia. Por isso é que muitos fármacos antidepressivos têm o poder de
causar diarreia em alguns pacientes (fluoxetina, por exemplo, dependendo da dose). O seu
representante é a Cisaprida.
- Prucaloprida (Resolor): Agonista específico dos receptores 5HT4, aumentando o trânsito oral-cecal
e o trânsito colônico sem afetar o esvaziamento gástrico. A posologia recomendada para adultos é 2
mg, uma vez ao dia. A Prucaloprida não deve ser administrada em pacientes com idade inferior a 18
anos e deve ser administrada com cautela em idosos com idade superior a 65 anos – iniciar tratamento
com 1 mg/dia e aumentar dose para 2 mg/dia apenas se necessário.
- Eritromicina: É ainda utilizada para o íleo paralítico em pacientes pós-cirúrgicos (3mg/kg). Usado
também para esclerodermia e eliminação de bezoares. Estímulo direto dos receptores da Motilina no
músculo liso gastrointestinal, promovendo contrações semelhantes às observadas na fase III do
complexo motor migratório. Aumenta a pressão esofágica distal e estimula a contratilidade do
estômago e do intestino delgado, mas demonstra pouca efetividade na motilidade do intestino grosso.
Indicação: Gastroparesia diabética, 3 mg/kg EV, ou 200-250 mg VO a cada 8 horas. Para estimulação
do intestino delgado, doses menores. Doses maiores que 3 mg/kg: Risco de contração espástica no
intestino delgado com resulta em cólicas, redução do trânsito e vômitos. O desenvolvimento rápido
de tolerância à eritromicina, assim como os efeitos indesejáveis do antibiótico neste contexto, tem
limitado o uso deste fármaco como pro-cinético.
Antidiarreicos
- Fármacos higroscópicos e formadores de bolo fecal (Policarbofila): Útil tanto na constipação quanto
na diarreia. Faz com que a motilidade diminua um pouco, fazendo com que a água tenha mais tempo
de absorção.
- Probióticos: Têm efeito duvidoso, pois alteram a flora intestinal transitoriamente, porém, quando
para de utilizar a droga, a flora retorna a original. Evidências consistentes apontam que são bons na
diarreia persistente (aquelas que duram mais que 5-7 dias).
Outras doenças
- Opções na fissura anal: Na fissura crônica, a maioria tem hipertonia do esfíncter. Pomada a base de
Nifedipina 0,2-0,5% (Antagonista do Canal de Cálcio) e também se utiliza Diltiazem 2% (Bloqueador
do Canal de Cálcio).
Questões 9
Eixo hipotálamo-hipófise-glândulas
- Na imagem abaixo temos um resumo dos principais hormônios produzidos pelo hipotálamo/hipófise
e seus locais de ação em vários órgãos e glândulas.
- Nessa outra tabela temos um resumo dos hormônios hipotalâmicos, os hormônios hipofisários que
são estimulados, os órgãos alvos e os hormônios de glândulas periféricas.
- Hormônio luteinizante (LH): Síntese de androgênios em células da teca, ovulação, faz aumentar a
produção de testosterona por células de Leydig testiculares.
- Prolactina (PRL): Aumenta a produção de leite, por diferenciação de glândulas mamárias e produção
de proteínas lácteas (caseína e lactoalbumina), participação na regulação do equilíbrio hidrossalina,
maturação folicular e estereoidogênese gonadal.
- Ocitocina: Aumenta as contrações uterinas em trabalho de parto, faz dilatação da cérvice uterina,
excitação sexual e orgasmo, contrações das células mioepiteliais mamárias, favorecendo a ejeção de
leite.
- O hipotálamo vai liberar o TRH (estimula tireotrófos e lactotrofos), vai ocorrer a liberação de TSH
pela hipófise. A proteína Gs vai fazer a captação de iodeto, a transcrição da tireoglobulina, ativação
da tireoperoxidase e atividade do simportador Na-Iodeto. A proteína Gq faz a regulação do efluxo de
Iodeto, produção da peroxidase e iodação da tireoglobulina.
- 1) Transporte ativo do I- através da membrana basal para dentro da célula tireoidiana (captação).
- 5) Desiodação das iodotirosina dentro da célula tireoidiana com conservação e reutilização do iodo
liberado.
Hipotireoidismo
- Síndrome clínica decorrente da redução da concentração ou da ação dos HTs no organismo com
prejuízo das atividades biológicas.
- Pode ser classificada em congênita ou adquirida (causa mais frequente é a autoimune - Tireoidite de
Hashimoto).
Hipotireoidismo - Tratamento
- Levotiroxina sódica: Apresenta meia vida longa, facilmente convertida a T3 (facilita a titulação da
dose e reduz o risco de induzir ao hipertireoidismo). Absorção oral varia entre 40-80%, principalmente
no jejuno e íleo proximal. Tem melhor absorção em jejum.
- Por isso, em caso de troca na marca utilizada, deve-se repetir os exames em 4 a 6 semanas para
avaliar a necessidade de ajustes.
Hipertireoidismo
- Causas: Doença de Graves (TRAB) é a principal causa. Pode ocorrer por bócio multinodular tóxico,
adenoma tóxico, hipertireoidismo induzido por iodo (fenômeno de Jod-Basedow), mola hidatiforme,
adenoma produtor de TSH.
Hipertireoidismo - Tratamento
- Indicações das Tionamidas: Doença de Graves, bócio multinodular (se contraindicação de cirurgia
ou I131), preparatório para tratamento cirúrgico ou I131.
- Metimazol (Tapazol): Tempo de ação mais prolongado, 1 tomada ao dia, dose de 30 a 40mg/dia.
- Reações adversas: As mais frequentes são rash cutâneo, urticária, náuseas, vômitos, incômodo em
região epigástrica, artralgia, parestesia, perda de cabelo, cefaleia e mialgia. As mais graves incluem a
aplasia medular, hepatite, periarterite e síndrome semelhante ao LES.
- Betabloqueadores: São úteis para reduzir os sinais de tireotoxicose, reduzindo a conversão periférica
de T4 em T3.
Hiperprolactinemia
- Causas fisiológicas: Gestação, amamentação, estresse, exercício físico, refeição, estímulo mamário,
estímulo de parede torácica, período neonatal e macroprolactinemia.
Hiperprolactinemia - Diagnóstico
- Se forem excluídas todas as causas anteriores, solicita-se uma ressonância magnética de hipófise.
- Se houver macroadenoma hipofisário, testar outros eixos hormonais hipofisários (acromegalia 30%
e Cushing 10% co-secreção) e campimetria visual.
- O tratamento visa restaurar os níveis hormonais, cessar a galactorreia, restaurar a fertilidade e também
prevenir a osteoporose.
- Cabergolina: É a primeira escolha, tem maior afinidade pelo receptor D2, tempo de ação prolongado.
Dose de 0,5 a 3,5mg/semana (2 vezes ou mais – tolerabilidade). Tem como efeitos adversos as náuseas,
vômitos, hipotensão postural, síncope, cefaleia e congestão nasal.
- Bromocriptina: Tempo de ação curto (3 tomadas ao dia), menor resposta (não seletivo para D2). Os
efeitos adversos são mais intensos.
- RM, dependendo da gravidade do caso pode ser feita a cada 3 a 6 meses se houver macroadenoma,
ou a cada 1 a 2 anos, se houver microadenoma.
- Dose do medicamento titulado objetiva a normalização dos níveis de PRL e a redução tumoral.
- Nos pacientes com quadro visual, a reavaliação por exame neuro-oftalmológico deve ser realizada
em dias, pois se não houver melhora, a cirurgia está indicada.
- Depois da normalização dos níveis de PRL, o seguimento com PRL sérica e RM pode ser anual e até
bianual, se houver estabilidade clínica.
- Os pacientes que obtêm controle clínico, com normalização da prolactina e redução de mais de
50% do tamanho do tumor nos macroprolactinomas (ou desaparecimento se microprolactinomas),
sem invasão do seio cavernoso nem proximidade do quiasma, podem ter o tratamento suspenso após
2 anos.
Hiperfunção somatotrófica
- GHRH: Estimula a secreção do GH, por meio de neurônios secretores situados no núcleo arqueado.
Acromegalia
- Sempre que suspeitar de acromegalia, se você puder fazer apenas 1 exame – fazer o IGF-1. Pois ele
sempre vai aumentar primeiro do que o GH basal aleatório. Mas na prática dosa os dois.
Acromegalia - Tratamento
- O tratamento cirúrgico tem como objetivo a ressecção ou controle da massa tumoral, preservando
o restante da função adenohipofisária, com prevenção de recidivas e controle das complicações, as
quais podem ser cardiovasculares, respiratórias e metabólicas. Tem como objetivo geral reduzir a
mortalidade. Tratamento cirúrgico – Microcirurgia transesfenoidal.
- Octreotida (primeira geração): Atua no receptor SSTR2, feito via subcutânea (SC), 2 a 3 vezes ao
dia, de rápida absorção com concentração sistêmica máxima em 0,4 horas. Meia-vida de eliminação
entre 1,7 a 1,9 horas. A duração de ação é de 12 horas.
- Octreotida Lar (primeira geração) microesferas com distribuição uniforme, via IM a cada 4 semanas.
Feito 20mg IM a cada 4 semanas por 3 meses. Se após esse período, GH > 2,5 ng/ml, IGF-1 elevado
e sintomas clínicos não controlados – deve-se ajustar para 30mg a cada 4 semanas.
- Lanreotida (Somatuline - Primeira geração): Atua no receptor SSTR2 e SSTR5. Tem meia de 23 a 30
dias. Feito via subcutânea profunda, em doses de 60, 90 e 120mg. Faz 90mg 4/4 semanas por 3 meses.
Se após esse período, GH > 2,5 ng/ml, IGF-1 elevado e sintomas clínicos não controlados – Ajustar
para 120mg a cada 4 semanas.
- Reações adversas da Lanreotida: Diarreia, colelitíase, dor abdominal, náuseas e reações no local da
injeção.
- Paseriotida (Signifor - Segunda geração): Agonista multireceptor (SSTR5, SSTR1, SSTR3), 40mg SC,
a cada 4 semanas, podendo ser aumentado para 60mg, se não houver resposta após 3 meses.
- Reações adversas da Paseriotida: Incidência acima de 20%, diarreia, colelitíase, hiperglicemia e DM.
- Cabergolina: Atua de maneira seletiva no receptor D2. Pode ser administrada 1 a 2 vezes por semana
(eliminação da hipófise, alta afinidade pelos receptores dopaminérgicos hipofisários e também por
sofrer extenso ciclo êntero hepático). A dose varia entre 0,5 e 7mg/semana.
- Reações adversas: Náuseas vômitos, hipotensão postural, síncope, cefaleia e congestão nasal.
- Dose de ataque é de 40mg SC, seguido de 10mg por dia a partir do dia seguinte da dose de ataque.
- Reações adversas: Infecções e reações no local de injeção, dor, náuseas, diarreia, alterações de
enzimas hepáticas, síndrome gripal.
Eixo-hipotálamo-hipófise-adrenal
- Glomerulosa: Sob controle da angiotensina II, potássio, e em menor grau ACTH. Age no equilíbrio
hídrico, contém retículo endoplasmático liso abundante.
- Fasciculada: Sob controle do ACTH, possui quantidades abundantes de gotículas lipídicas, produz
glicocorticoides.
- Vai depender da proteína reguladora aguda de esteroides - Proteína StAR. Vai fazer o transporte do
colesterol da membrana externa à membrana interna (onde vai ter a produção hormonal). Isso é feito
pela ação do ACTH (também é responsável pela transformação do colesterol em pregnenolona por
meio da enzina T colesterol desmolase).
Glicocorticoides
- Doença endógena é rara (cerca de 5-10 casos por milhão ao ano), com hipersecreção sustentada de
cortisol, perda do ritmo circadiano e perda do feedback normal do eixo H-H-A.
- Doença exógena: É a causa mais comum (prevalência de 50% em usuários crônicos de GC via oral,
inalatório, dérmico ou oftálmico).
- Se for uma síndrome de Cushing ACTH dependente, o exame de imagem será uma RM de hipófise.
- Se for uma síndrome de Cushing ACTH independente, o exame será a TC abdominal com contraste.
- Medicamentos: A terapia combinada tende a ser eficaz. Uso de menores doses de cada fármaco,
efeito sinérgico, com redução da ocorrência de efeitos adversos. São usados em Doença de Cushing
persistente ou recorrente, ou para pacientes com contraindicação cirúrgica, ou no pré-operatório ou
enquanto aguardam resultado da radioterapia. Classes de medicamentos utilizados: Inibidores da
estereoidogênese adrenal, moduladores da secreção de ACTH e bloqueadores do receptor de GC.
Insuficiência adrenal
- IA primária: Resultado de afecções com destruição de 90% ou mais do córtex adrenal (autoimune,
secundária a infecção tuberculosa, fúngica ou viral, neoplasias, trombose, adrenoleucodistrofia).
- IA secundária: Deficiência de ACTH e/ou CRH, resultando em atrofia adrenal, porém a função da
camada glomerular pode estar preservada (por controle pelo SRAA).
- Agudas: Agitação, confusão, febre, dor abdominal, náuseas e vômitos, hipotensão arterial (choque),
hiponatremia, hipercalemia (arritmias), acidose metabólica.
- Crônicas: Cansaço, fraqueza, depressão, anorexia, perda de peso, tontura, hipotensão postural, dor
abdominal, náusea e vômito, hiponatremia, hipoglicemia, anemia normocítica, linfocitose e também
eosinofilia.
- Hidrocortisona 50-200mg/m2/dia, EV de 6/6 horas por 24 horas. Se o paciente estiver estável, reduz
gradativamente doses no quarto ou quinto dia (50mg/dL) a cada 6 horas.
- Terapia aguda: Com corticoides (inferior a 7 a 14 dias) não desenvolve supressão do eixo H-H-A.
Nesse caso, o tratamento pode ser suspenso sem a necessidade de esquema de redução.
- Terapia crônica: Reduzir rapidamente a dose terapêutica para uma dose fisiológica e, em seguida,
proceder retirada mais lenta para permitir a recuperação do eixo.
- Sem doença: Se sintomas de insuficiência adrenal, aumentar a dose ou manter GC por mais tempo.
- Reduzir 20% da dose a cada 2-4 dias até atingir a dose fisiológica. Diminuir para metade da dose
fisiológica em 2-4 semanas. Dosar o cortisol sérico matinal e ACTH mensalmente até atingirem valores
normais. Quando valores normais, suspender o corticoide.
- Teste de estímulo rápido com o ACTH mensalmente até a resposta do cortisol pós-estímulo ser normal
(valor pós-estímulo > 20mcg/dL ou > 10mcg/dL em relação ao valor basal).
- Se não for possível, deve-se considerar como tendo suspensão do eixo H-H-A até 1 ano após a
suspensão do corticoide. Mantém suspenso o GC, mas orienta o paciente que ele mesmo assim pode
ter uma crise adrenal nesse período de 1 ano de suspensão.
Neurohipófise
- Em destaque, temos o ADH que será produzido nas células dos núcleos supraóptico e paraventricular
do hipotálamo, transportado e armazenado nos axônios de neurônios da neurohipófise, que serão
liberados na circulação sanguínea para terem efeito antidiurético.
Diabetes insipidus
- Poliúria – (volume urinário > 50ml/kg/24 horas) + Urina hipotônica (osmolalidade urinária <
300mOsm/kg) + Polidipsia – (ingesta de líquidos é > 3L/dia).
- Se o acesso à água for interrompido ocorre aumento da osmolaridade plasmática com manifestações
neurológicas (irritabilidade, confusão, ataxia, hipertermia e coma).
- Se der um resultado parcial, podemos fazer o exame da Copeptina para diferenciar se é diabetes
insipidus central ou nefrogênico.
- No caso do diabetes insipidus central e gestacional o tratamento será com desmopressina ou DDAVP.
Classificação da obesidade
Fisiopatologia da obesidade
Tratamento da obesidade
- Modificação dos hábitos de vida: Educação nutricional, atividade física e mudança comportamental.
- Medicamentos: Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não envolva a
mudança no estilo de vida. O tratamento medicamentoso é indicado em pacientes com IMC ≥ 30 ou
IMC ≥ 25 na presença de comorbidades, ou também na falha em perda de peso com tratamento não
farmacológico (perda de peso menos que 1% do peso inicial por mês, após 3 meses de tratamento não
farmacológico).
- Sucesso no tratamento: Habilidade de atingir e manter uma perda de peso clinicamente útil, que
resulte em efeitos benéficos sobre doenças associadas, como DM2, HAS e dislipidemia. Uma perda
de peso de 5% mantida é um critério mínimo de sucesso, pois leva à melhora das doenças associadas.
- Orlistate: Na dose de 120mg 1-3 vezes ao dia. Resulta em perda de peso, melhora da resistência à
insulina, melhora dos níveis de colesterol e melhora da pressão arterial. Tem como efeitos adversos as
Caso clínico 18
- HDA: Mulher, 32 anos, encaminhada para avaliação com queixa de galactorreia e irregularidade
menstrual há 1 ano. G1P1A0, parto vaginal há 2 anos, sem intercorrências. Menarca aos 12 anos,
DUM há 2 meses, fluxo menstrual com duração de 3 dias, quantidade habitual e intervalo variável
(37 dias, 40 dias ou 2 a 3 meses). Usa DIU de cobre. Nega outras queixas. Nega uso de medicações.
- Exame físico: Mamas com galactorreia bilateral espontânea. Restante do exame físico normal.
- Exames laboratoriais: Hemograma -> Leuco 9440 // Hb 13,7 // Ht 40,8 // Plaq 366k // Beta-HCG
negativo // Cr 0,56 // TGO 20 // TGP 18 // Gli 68. Dosagens hormonais -> Prolactina 103,1 (até 29),
T4L 1,08 // TSH 3,02 // LH 4,45 // FSH 6 // Estradiol 44 // Testo, 17OH-progesterona, Androstenediona
e DHEA-S normais.
- Diagnóstico: Hiperprolactinemia.
- Tratamento: Tem como objetivo restaurar os níveis hormonais, cessar a galactorreia, restaurar a
fertilidade e prevenir osteoporose. Em Prolactinomas é preferencial tratamento medicamentoso. Usa
o agonista do receptor de dopamina. A Cabergolina é a primeira escolha, tem maior afinidade pelo
receptor D2, com tempo de ação prolongado. Dose de 0,5-3,5mg/semana (2x ou mais tolerabilidade).
Efeitos adversos incluem náuseas, vômitos, hipotensão postural, síncope, cefaleia e congestão nasal.
Outro medicamento é Bromocriptina, que tem tempo de ação curto (3 tomadas/dia), apresenta menor
resposta (não seletivo para D2). Tem efeitos adversos mais intensos.
Caso clínico 19
- QP: Poliúria.
- HMA: Paciente com DM2 com diagnóstico há 5 anos, atualmente em tratamento com Insulina NPH
(8UI-0-8UI), Glifage XR 1g (0-0-1), Sitagliptina 100mg no café, Sinvastatina 40mg (0-0-1), Sertralina
50mg (2-0-0). O paciente vem em acompanhamento com o DM compensado (A1c = 6,8%), porém
permanece com quadro de poliúria e polidipsia, noctúria frequente nos últimos 3 anos. Refere que
desde que iniciou o tratamento para o DM2 está em acompanhamento nutricional com cardápio
variado e faz caminhadas regularmente (4x/semana).
- HMP: Dislipidemia em tratamento com Sinvastatina 40mg: Ansiedade em uso de Sertralina. Acidente
automobilístico com internação por traumatismo cranioencefálico há 3,5 anos. Nega outras doenças,
medicamentos e cirurgias.
- EF: 85kg, 175cm de estatura, IMC de 27, PA de 120/80 mmHg. Exame segmentar sp.
- Tratamento: Desmopressina ou DDAVP, que é um análogo sintético do ADH, droga de meia vida
prolongada com ação de 6 a 24 horas. Tem apresentações de solução intranasal (0,1mg/ml - 0,1ml =
10 μg) e Spray nasal 10 μg/jato. Dose inicial de 5 μg a 10 μg à noite. Efeitos colaterais pouco frequentes
e dose-dependentes: Cefaleia, náusea, epistaxe, rinite, rubor facial, cólicas abdominais e angina.
Caso clínico 20
- Mulher de 40 anos, natural de Santa Tereza do Oeste, encaminhada para avaliação por quadro de
obesidade de grau III (IMC 40), dislipidemia e diabetes mellitus tipo 2, em uso de Sinvastatina e
Metformina. Refere quadro de cefaleia frequente há 4 anos, com necessidade de uso de analgésicos.
- HMP: Síndrome do túnel do carpo à direta, com cirurgia para descompressão há 4 anos.
- EF: Discreto aumento do volume dos lábios e alargamento do nariz. PA 140/80 mmHg, 103 kg, IMC
40. Demais sistemas sem alterações.
Caso clínico 21
- HDA: FCL, 35 anos, masculino. Ganho excessivo de peso nos últimos 6 anos, associado a ansiedade
com compulsão alimentar e beliscos frequentes. Apresenta hipotireoidismo, em uso de Levotiroxina
150 mcg, HAS em uso de Losartana 50mg 12/12h e Clortalidona 25mg/d. Refere pirose e queimação
em região epigástrica, com piora durante a noite, roncos e apneia noturna.
- EF: 1,67m de estatura, 161kg, IMC 57, CA 110cm, PA 130/80 mmHg. Presença de acantose cervical.
- HMA: Refere aumento excessivo de peso nos últimos 3 meses (mais ou menos 8 kg), sem mudança
nos hábitos alimentares, aparecimento de acne, estrias em abdome e galactorreia. Alimentação com
beliscos e excesso de refrigerantes. Não faz atividade física regularmente.
- EF: 94kg, 175cm de estatura, IMC 30, PA 140/90 mmHg. Acne grau III em face e região dorsal, com
comedões. Gibosidade, fácies arredondada. Estrias avermelhadas em flancos e em raiz de coxas.
Caso clínico 23
- IP, 42 anos, sexo feminino, branca, natural e procedente de Capitão Leônidas Marques-PR.
- QP: Emagrecimento.
- HMA: Refere que está passando por período de estresse por separação e apresentou emagrecimento
de 3kg em 30 dias, apresentando também rouquidão, insônia, está mais agitada e apresenta queda de
cabelos. Nega alterações em hábito intestinal. Apresenta alimentação variada, boa ingesta de saladas
e frutas, evita doces.
- HMP: Nega doenças, medicações e alergias, faz uso de ACO (Depot Provera), nega tabagismo e
etilismo.
- HMF: Pai e irmão - HAS, irmão e filho - Hipotireoidismo, pai - AVC aos 60 anos.
- AGO: G3P0C3.
- EF: 58kg, 162cm, PA 110/60, FC 88. Tireoide palpável, aumentada de volume, sem nódulos.
- Nessa aula abordaremos uma visão da psicofarmacologia, algumas definições e conceitos sobre NTs,
fármacos na prática psiquiátrica, terapêutica e classes principais.
Farmacocinética e farmacodinâmica
- Enzimas - IMAOs.
- Os medicamentos mais novos são mais seletivos a uns receptores e são menos seletivos a outros
receptores que possam causar danos ao paciente.
Antidepressivos
Antidepressivos IMAOs
- Os IMAOs cessam a atividade da enzima monoamina oxidase (MAO) no SNC e em outros tecidos,
como no intestino e fígado.
- Apesar de sua alta eficácia, seu uso é limitado devido aos seus efeitos adversos e risco amplamente
conhecido para interações medicamentosas com outros fármacos (risco síndrome serotoninérgica) e
com alimentos ricos em tiramina (cheese reaction) causando crise hipertensiva.
- O primeiro tricíclico inventado foi a Imipramina (1957), que é muito utilizada para enurese noturna.
A dose é de 25 a 75mg e o professor prefere associar outro ADT do que aumentar muito as doses. Dá
para associar até um relaxante muscular também, como a Ciclobenzaprina.
- A Nortriptilina tem uma característica própria, ela é menos sedante, porém, para idosos com enurese
noturna, não vale a pena utilizá-la, nesse caso dar preferência à Amitriptilina e à Imipramina.
- Possuem uma estrutura molecular constituída por 3 anéis. Atuam nos terminais pré-sinápticos que
inibem as bombas de recaptação de serotonina, de noradrenalina ou, o que é o mais frequente, de
ambas.
- Os ADTs também agem como antagonistas em receptores 5-HT2A e 5-HT2C – Logo, podem ser
utilizados para insônia em doses baixas. Para pacientes que ainda apresentam insônia de início pode-
se associar um Zolpidem em dose baixa ou uma Prometazina.
- São metabolizados pelas isoenzimas do citocromo P450 = CYP-2C19, CYP-2D6. Logo, tem que fazer
exame de marcadores hepáticos, pelo menos uma vez ao ano.
- A tabela abaixo apresenta os ADTs e suas principais indicações. Na UBS tem disponível os seguintes
medicamentos: Amitriptilina, Nortriptilina Clomipramina e Imipramina.
- Efeitos colaterais dos ADTs: No sistema cardiovascular pode apresentar possíveis alterações no ECG,
como prolongamento do intervalo QT, diminuição da amplitude da onda T, alargamento do complexo
QRS, arritmias.
- Por essa razão, ADTs devem ser evitados em pacientes com bloqueio de ramo esquerdo, alterações
da condução intracardíaca, bloqueio atrioventricular total e infarto agudo do miocárdio (IAM), devido
ao risco de evolução para Torsades de Pointes e, consequentemente, morte súbita.
- Pontua-se a importância de solicitação de ECG antes de iniciar o ADT, e também depois na vigência
de uma progressão para doses mais elevadas, bem como em unidades de emergência, em situações
de super dose.
- São contraindicados também para indivíduos com glaucoma de ângulo fechado, devido ao risco de
precipitação de crise aguda, associado aos efeitos anticolinérgicos dos ADTs.
- Cuidados redobrados são necessários em idosos por diversos fatores, entre os quais: Maiores riscos
de complicações cardíacas, aumento do risco de quedas e fraturas associadas à sedação, hipotensão
e dificuldades de acomodação visual, constipação, podendo agravar chegando a um quadro de íleo
paralítico, retenção urinária, distúrbios cognitivos, estados confusionais e delirium.
ISRSs - Fluoxetina
- É quase completamente absorvido após administração oral. Tem meia vida em torno de um a três
dias para a fluoxetina, e de sete a dez dias para a norfluoxetina, seu metabólito ativo.
- Dose terapêutica de 20mg a 80mg/dia. Como ISRS a dose é de 20 a 40mg. Acima disso passa a ser
um dual.
- Todos os ISRSs apresentam a advertência de maior risco de suicídio (especialmente para pacientes
com menos de 25 anos). Outros efeitos adversos incluem cefaleia, náuseas, sonolência, diarreia,
tremores, fotossensibilidade e perda de peso.
Caso clínico 24
- Mulher, 25 anos, com sinais de ansiedade, sem comorbidades clínicas, sem alterações em exames
laboratoriais. Relata “depressão” diagnosticada pelo clínico, queixa de perda de peso e insônia após
introdução do fármaco. Em uso de Fluoxetina 20mg/dia. Qual a droga de escolha? Amitriptilina em
dose baixa, mantendo ambas em equilíbrio. Faz 25mg de Amitriptilina que já vai ajudar na insônia.
ISRSs - Fluvoxamina
- A Fluvoxamina (Luvox) é bem absorvida após ingestão oral, atingindo seu pico de concentração
plasmática em torno de duas a oito horas. A meia vida é de 15 horas, e seu estado de equilíbrio é
atingido em cerca de quatro a cinco dias.
- Citocromo 1A2, 2C4 e 3A4. É fraca inibidora da 2D6. Não apresenta metabólitos ativos.
- Também pode ser utilizado em quadros de anedonia, como, por exemplo, em universitários que não
fecham critérios para depressão maior, evitando os efeitos indesejados da recaptação de serotonina.
ISRSs - Paroxetina
- Não tem metabólitos ativos, atingindo estado de equilíbrio em cerca de 5 dias após o tratamento ter
sido iniciado.
- É uma potente droga inibidora das isoenzimas 2D6, 1A2 e 3A4, podendo interferir no metabolismo
de outras substâncias que utilizam a mesma via de degradação, como tricíclicos, antipsicóticos,
antiarrítmicos e betabloqueadores.
- Cautela com drogas que atuem nas CYPs 2C9 e 2C19, como os anticoagulantes. É proscrito.
ISRSs - Sertralina
- Tem meia-vida de eliminação de 22 a 36 horas. Para reintroduzir a Sertralina, deve-se dar em baixas
doses, pois pode provocar crises serotoninérgicas.
- A sertralina tem efeitos inibitórios mínimos sobre as principais enzimas do citocromo P450.
- Indicação: Depressão (TDM), TOC, transtorno do pânico, transtorno de estresse pós-traumático, fobia
social (transtorno de ansiedade social), transtorno dos sintomas da síndrome da tensão pré-menstrual
(STPM) e/ou transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM).
ISRSs - Citalopram
ISRSs - Escitalopram
- Tem nas dosagens de 10, 15, 20mg. É bem mais caro que o Citalopram.
- Mulher, 55 anos, crises de ansiedade, em uso de sertralina 50mg. Higiene preservada. Vestimentas
limpas e humor congruente.
- Conversando melhor com a paciente, percebeu-se que ela não aceitava que tinha tricotilomania.
- A hipótese diagnóstica era de TOC, e a conduta foi aumentar a Sertralina para 200mg e acrescentar
o Luvox 50mg (Fluvoxamina).
- Geralmente, os sintomas tiveram início durante a redução gradual. A maioria dos sintomas iniciaram
em um a três dias após a interrupção do medicamento.
- Foram descritos mais de 53 sintomas diferentes. A tontura foi o sintoma mais comum.
- Outros sintomas comuns: Náuseas, vômitos, fadiga, dor de cabeça, instabilidade da marcha, insônia.
Sensações de choque, parestesia e distúrbios visuais foram os mais raros.
- Em alguns casos, os sintomas de abstinência reapareceram quando o mesmo ISRS foi interrompido
novamente.
- A retirada, por exemplo, de um BZD é menos pior que a retirada de um ISRS em muitos casos.
- O primeiro a ser lançado foi o “Efexor XR” / “Venlift od” de 37,5mg, 75mg e 150mg.
- Antes de prescrever o dual, tem que colocar o paciente em alguma escala de depressão. Nesse caso,
utiliza-se a Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HAMD-21).
- Depressão maior: A dose inicial recomendada para Efexor® XR é de 75 mg, administrada uma vez
por dia (1x/dia). Os pacientes que não respondem à dose inicial de 75 mg/dia podem beneficiar-se
com o aumento da dose até, no máximo, 225 mg/dia.
- Fobia social: A dose inicial recomendada para Efexor® XR é de 75 mg, administrada uma vez por
dia (1x/dia). Não há evidências de que doses maiores proporcionem algum benefício adicional.
- Transtorno do pânico: Recomenda-se que a dose de 37,5 mg/dia de Efexor® XR seja usada por 7
dias. Depois, a dose deve ser aumentada para 75 mg/dia. Os pacientes que não respondem à dose
inicial de 75 mg/dia podem beneficiar-se com o aumento da dose até, no máximo, 225 mg/dia.
- Descontinuando o uso: Recomenda-se que Efexor® XR não seja interrompido bruscamente. A dose
deve ser reduzida progressivamente de acordo com as instruções do seu médico. O período necessário
para descontinuação gradativa pode depender da dose.
IRSNs - Desvenlafaxina
- A terapêutica usual varia de 50 a 200mg/dia (dose máxima, mas evitar chegar a isso).
- Concentrações plasmáticas no estado de equilíbrio são atingidas em cerca de quatro a cinco dias.
IRSNs - Duloxetina
- Foi aprovada em 2004 pela FDA, para uso no TDM (isso nos EUA). Em outros países usam para TAG.
- No Brasil não se utiliza tanto para TDM, mas sim para quadros de dor neuropática, fibromialgia, dor
musculoesquelética crônica (paciente anedônico).
IRSNs - Mirtazapina
- Bloqueio sobre os receptores 5-HT2A e 5-HT2C, melhora na ansiedade, no sono e não interferência
na função sexual.
- Efeitos colaterais: Ganho de peso (bastante) e sonolência. Outro efeito que pode surgir é a síndrome
das pernas inquietas - o que pode prejudicar o efeito benéfico sobre o sono e induzir a ocorrência de
pesadelos.
- A Mirtazapina é proscrita para uso diurno, mas pode ser usada para pacientes psicóticos.
IRSNs - Bupropiona
- Usamos a Bupropiona para o TDM junto com um ISRS. Nunca usa isoladamente, pois é um fármaco
de ação muito inespecífica.
- É considerada o antidepressivo com mais evidência científica em relação a não ocasionar efeitos
colaterais sexuais. Pode ser uma medicação de eleição para pacientes deprimidos e que sejam
também sexualmente ativos.
- Considerar contraindicação também para qualquer outra circunstância clínica que possa cursar com
diminuição do limiar convulsivo: Tumores ou infecções do SNC, AVE, traumatismo cranioencefálico,
entre outros.
- Em pacientes com insuficiência hepática leve a moderada, a dose deve ser diminuída (cirróticos
devem receber dose máxima de 75mg/dia).
- Efeitos colaterais: Constipação, boca seca, náuseas, vômitos, cefaleia, agitação. Em destaque, a perda
de peso.
IRSNs - Trazodona
- Foi o primeiro antidepressivo a atuar de forma dual sobre a serotonina, promovendo antagonista
sobre os receptores 5HT2A e 5HT2C, além de ser inibidor da recaptação de serotonina.
- O efeito sobre a recaptação de serotonina só ganha significado clínico em doses de 150mg em diante.
- Doses inferiores a 100mg têm antagonista junto aos receptores de histamina, α1 e α2 adrenérgico, e
tendem a ser mais sedativas, com o mínimo de propriedades anticolinérgicas.
- É indicado como tratamento de segunda linha no TEPT, especialmente pela melhora no sono.
- Outra indicação off-label é o uso para melhora da libido quando sua diminuição é consequência do
uso de ISRSs.
- O priapismo pode ocorrer nos primeiros 28 dias de uso e a partir de 150 mg/dia.
- Mesmo de ocorrência rara, o uso deve ser evitado em homens que tenham outro fator de risco para
priapismo, tais como mieloma múltiplo, leucemia, anemia falciforme, estados prótrombóticos.
- A Agomelatina é um psicofármaco que tem uma estrutura análoga à da melatonina e que promove
uma ressincronização dos ritmos circadianos.
IRSNs - Vortioxetina
- Foi o primeiro antidepressivo denominado multimodal, por atuar para além do metabolismo das
monoaminas, modulando outros sistemas neurotransmissores, como glutamato, ácido gama-
aminobutírico (GABA), acetilcolina e histamina.
- Um dos grandes diferenciais da Vortioxetina diz respeito à atuação na melhora dos sintomas
cognitivos em pacientes deprimidos, tanto em adultos como em idosos.
- Cerca de 30-50% dos pacientes apresentam resposta inadequada à terapia com antidepressivos.
- Opções de tratamento para esses pacientes incluem otimizar a dose, potencializar a droga com outra
terapia, mudar para um antidepressivo diferente.
- A depressão resistente ao tratamento (DRT) define um grupo de pacientes que não respondem às
opções terapêuticas tradicionais e de primeira linha. Contudo, existem várias definições e gradações
da DRT, e falta um consenso bem estabelecido.
- Novas terapêuticas, incluindo cetamina (aprovada nos Estados Unidos a cetamina nasal para DRT),
psilocibina, anticolinérgicos de ação central, modulares GABAérgicos, anti-inflamatórios e novas
abordagens estão em pesquisa.
- Cetamina: Para casos refratários de TDM. Promove redução da suicidabilidade. Administração via
endovenosa 0,5mg/kg (dose subanestésica). Porém, deve ser feita sob supervisão anestésica.
Absorção cutânea
- Quando vamos tratar o paciente com um ativo (corticoide, hormônio), a maior absorção vai ocorrer
em face, axila e bolsa escrotal.
- Alguns fatores vão influenciar na absorção: O tipo de veículo (maior ou menos absorção), se tem
oclusão ou não (se tem, aumenta absorção), concentração do ativo (porcentagem) e a galênica (é a
forma que o medicamento foi preparado).
- Todos esses fatores vão influenciar no tempo de permanência do fármaco na pele (meia-vida local)
e na frequência de aplicação que deverá ser realizada.
Veículos
- Loções // Tinturas // Compressas úmidas: Na Dermatologia, se você quer secar uma lesão, você tem
que usar algo úmido (a umidade faz secar), como uma compressa. São utilizadas para lesões agudas,
isto é, úmidas, com vesiculação, exsudação e formação de crosta.
- Pomadas: Melhor nas lesões crônicas (xerose, descamação e liquenificação). Retardam a evaporação
da água na superfície da pele.
Agentes antimicrobianos
- Associações: Existe a possibilidade de associar corticoide em casos específicos, como, por exemplo,
em eczema com infecção secundária. Porém tais associações geralmente devem ser evitadas.
- Mais comuns: Estreptococos beta hemolíticos do grupo A e Staphylococcus Aureus ou ambos – Deve-
se escolher de forma empírica, baseada na incidência.
- Preparações com mais de 1 antibiótico: Deve usar quando não temos certeza, apenas em infecções
indeterminadas. De forma geral, quando se quer aumentar o espectro.
- Bacitracina: Pega o espectro Gram+ (estrepto, pneumo, estafilo) e cocos anaeróbicos, Neisseriae,
bacilo da difteria e do tétano. Pode associar com a neomicina ou polimixina B. Esse agente produz,
com frequência, eczema de contato.
- Mupirocina: Pega espectro Gram+ aeróbicos, incluindo S. aureus resistente à meticilina. Contém um
álcool (polietilenoglicol), uma substância imprópria para a descolonização do S. aureus nas narinas,
que é irritante à mucosa nasal.
- Neomicina e Gentamicina: Pega espectro Gram-, incluindo E. coli, Proteus, Klebsiella e Enterobacter
e P. Aeruginosa (sobretudo a Gentamicina, que também é mais ativa contra estafilococo e estreptococo
beta-hemolítico). Tem uma resistência crescente pelo uso indiscriminado em ambiente hospitalar. A
neomicina frequentemente causa sensibilização (faz uma sensibilidade cruzada com Estreptomicina,
Canamicina e Gentamicina – Quem é alérgico à neomicina também pode ser alérgico a esses agentes.
- Metronidazol: Gel em base aquosa a 0,75%, muito utilizado na rosácea. Tem efeito antibacteriano,
efeito sobre o Demodex Folliculorum (ácaro). Não deve ser utilizado em gestantes e lactantes.
Antifúngicos
Antifúngicos tópicos
- Ciclopirox Olamina: Tem amplo espectro de dermatófitos e leveduras. Age na membrana basal da
célula fúngica. Tem na forma de creme ou loção a 1% e esmalte a 8%.
- Tolnaftato: Não atua em cândida, apenas dermatófitos. Tem em creme, solução, pós e aerossol 2
vezes ao dia. Recorrências frequentes. Sensibilização alérgica rara.
- Terbinafina: Alilamina (não é azólicos) altamente ativa contra dermatófitos. É pouco ativa contra as
leveduras. Faz inibição seletiva da esqualeno epoxidase, necessária à síntese do esgosterol – que é um
componente essencial das membranas das células fúngicas. Tem em creme a 1%, 2 vezes ao dia. Não
se deve usar em mucosas.
Antifúngicos sistêmicos
Antifúngicos orais
- Griseofulvina.
- Terbinafina.
- Mecanismo de ação: Agem pela diminuição da síntese de ergosterol por inibição das enzimas do
citocromo P450 do fungo, fazem alteração da biossíntese de lipídeos afetando a permeabilidade da
membrana celular fúngica. Apresentam amplo espectro de ação, incluindo micoses profundas, além
de dermatófitos e leveduras. A resistência está em ascensão e podem provocar desconforto intestinal
e hepatotoxicidade.
- Cetoconazol: É apresentado em 1 comprimido de 200mg, 1 vez ao dia. Fazem algum grau de inibição
das enzimas do citocromo P450 também em humanos. Tem maior hepatotoxicidade (cada vez menos
usado devido a casos de hepatite tóxica). Mais interações medicamentosas do que os Triazólicos. Os
efeitos adversos incluem ginecomastia (efeito androgênico), aumento das enzimas hepáticas e hepatite
– usar com cautela em pacientes com história de hepatite e monitoração da função hepática em
tratamentos prolongados.
- Itraconazol: É apresentado em cápsulas de 100mg. Tem maior absorção com alimento e pH gástrico
baixos. O ideal é ingerir após uma alimentação. Tem biodisponibilidade diminuída com rifampicinas.
É a primeira escolha para Histoplasmose, Paracoccidioidomicose e Esporotricose, as quais são micoses
profundas. Amplamente usado em dermatofitoses e onicomicoses. Tem baixa penetração no líquor,
então é pouco indicado para quadros de meningite. As concentrações terapêuticas são detectáveis no
estrato córneo por até 28 dias. Para onicomicoses, utiliza-se o dobro da dose (200mg/dia por 3 meses).
Efeito adverso: Insuficiência cardíaca, hepatotoxicidade. Tem interações com Midazolam e Triazolam
(BZD), causando potencialização dos efeitos hipnóticos e sedativos. Ao uso de estatinas, pode ocorrer
rabdomiólise.
- Fluconazol: Tem apresentação oral (cápsulas de 150mg, dose semanal) e IV. É muito hidrossolúvel,
atravessa a barreira hematoencefálica, sendo ideal para tratar as infecções fúngicas do SNC. Tem maior
penetração no líquor. É o medicamento de escolha na meningite criptocócica. É mais usado para
candidíase mucocutânea. Tem eficácia similar (quando IV) à Anfotericina na Candidemia. Tem meia
vida de 30 horas, portanto acaba sendo o medicamento do grupo com o menor efeito sobre as enzimas
hepáticas.
- Mecanismo de ação: Inibe a mitose da célula fúngica e torna a queratina resistente à invasão fúngica.
- Tinea capitis: São 6 semanas de tratamento, sendo considerado o melhor tratamento, mas não existe
mais, só se encontrar manipulado. Portanto, para micose de couro cabeludo é uma ótima indicação.
- Efeitos adversos: Pode causar cefaleia, vômitos, diarreia, fotossensibilidade, neurite periférica,
leucopenia, proteinúria, alteração da atividade anticoagulante da cumarina.
- Apresentação e doses: Comprimidos de 125mg e 250mg. Abaixo de 20kg faz meio comprimido de
125mg (62,5mg). De 20 a 40kg faz 125mg/dia. Acima de 40kg faz 250mg (1 cápsula de 125mg, 2
vezes ao dia). Adultos é 250mg, 1 vez ao dia.
- Espectro: Maior e mais amplo de todos os antifúngicos. É extremamente tóxico, mas indispensável,
pode ser usado para leptospirose, criptococose e blastomicose. Espectro abrange Cândida albicans, C.
neoformans, H. capsulatum, P. braziliensis e Aspergillus.
- Origem biológica e ação: É um macrolídeo poliênico produzido pelo Streptomyces nodosus. Liga-se
ao ergosterol da membrana basal celular do fungo.
- Administrada via IV, de infusão lenta, 0,5-1mg/kg/dia, até 1-2g acumulados (realizada em ambiente
hospitalar com monitoramento, não se faz em domicílio).
- Indicação: Quase todas as micoses profundas graves e não responsivas a outros agentes.
Antivirais
Antivirais tópicos
- Aciclovir e Penciclovir.
Antivirais orais
- Aciclovir: O metabólito ativo (trifosfato) só se acumula nas células infectadas e inibe a síntese do
DNA viral. Gera tranquilidade em relação à toxicidade. Pode ser via oral ou IV, tem meia vida de 2
horas, com excreção renal. Em geral, é bem tolerado.
- Velaciclovir: Convertido rapidamente em Aciclovir, tem níveis séricos 3-5 vezes maiores que o
Aciclovir. Meia vida de 2,5 a 3,3 horas. Também é bem tolerado.
Imunomoduladores - Imiquimode
- Indicação: Para pacientes adultos com verrugas genitais e perianais externas, queratoses actínicas,
carcinomas basocelulares (CBC) do tipo superficial comprovado por biópsias.
- Posologia: Para verrugas é 3 vezes por semana por 6-10 horas e levar, durante 16 semanas. Para
queratoses actínicas é de 2-3 vezes por semana durante 16 semanas. Para o CBC é 5 vezes por semana
durante 6 semanas.
- Indicação: Crianças maiores de 2 anos e dermatite atópica (uma das principais indicações).
Ectoparasiticidas
- Apresentações: Creme a 5% do pescoço para baixo por 8 horas // Rinse (para usar em pediculose do
couro cabeludo) a 1%, enxaguado em água morna após 10 minutos.
- Modo de uso: Na pele do pescoço para baixo, ao deitar, e lavar no dia seguinte, 3 noites.
Ectoparasiticidas - Ivermectina
Despigmentantes
- Trioxsaleno e metoxsaleno.
- Indicações: Psoríase (ação de inibição do DNA – uma das coisas que acontece na psoríase é o
aumento da divisão celular), vitiligo e também outras dermatoses.
Fotoprotetores
Protetores solares
- Protetores solares: Ação – absorção de radiação UVB ou UVA ou reflexão – dióxido de titânio.
- Espectro: UVB, medido na escala FPS, UVA, medido na escala PPD, infravermelho e luz visível.
- Filtro solar precisa ter proteção UVA e UVB – para ter proteção UVA, precisa ter 3 vezes a quantidade
de proteção UVB.
Tratamento da acne
- Retinóides tópicos: Ácido retinóico ou tretinoína // Adapaleno // Isotretinoína não usa mais na forma
tópica.
- Efeitos adversos clínicos: Teratogênica (anticoncepção por até 2 meses após terminar o tratamento).
Também causa ressecamento cutâneo e de mucosas, cefaleia, pseudotumor cerebral (causa edema
cerebral por ser derivado da vitamina A), anorexia, dores musculares, alterações de lipídeos.
- Origem indicada pela terminação: Ximabe (anticorpo monoclonal quimérico), Zumabe (anticorpo
monoclonal humanizado), Humabe (anticorpo monoclonal humano), Cepte (proteína de fusão).
- Mecanismo de ação: Depleção das células T e subconjuntos das células T, bloqueio da ativação e/ou
migração das células T até o tecido cutâneo, bloqueio das citocinas inflamatórias, entre elas o TNF-
alfa. Desvio imune das células T e modificações do equilíbrio TH1/TH2.
- Alefacepte (Amevive): É uma proteína de fusão humana que impede a ativação e proliferação de
células T. Sua administração deve ser semanal, via intramuscular, 15 mg por semana ou intravenosa,
7,5 mg por semana, inicialmente durante as 12 semanas, com um período de observação de mais de
12 semanas. O paciente pode continuar melhorando nas 8 semanas seguintes a última dose. É
necessária a contagem de linfócitos CD4 antes do início da terapia e a cada 2 semanas (linfopenia).
Um início de ação mais lento, alcançando seu pico em aproximadamente 16 semanas. A remissão
- Em doses maiores do que 40mg/semana, cerca de 80% dos doentes podem atingir o PASI 75, após
24 semanas de uso.
- Dose e aplicação: 5 mg/kg com aplicação IV, infusão lenta por 2 horas ou mais, repetir com 2 e 6
semanas (fase de indução), depois, a cada 8 semanas (manutenção).
- Início de ação rápido, logo nas primeiras semanas. Indicada em quadros graves, tanto cutâneos
quanto articulares.
- Associação com Metotrexato, recomendada para evitar a formação de anticorpos contra o biológico.
- Administração e doses: Via subcutânea, auto aplicada, intervalo de 72 a 96 horas entre elas, 2 vezes
por semana, na dose de 25 ou 50 mg por aplicação, frascos de 25 mg.
- Ação a médio prazo: Pode funcionar precocemente em alguns pacientes, porém a melhora vai sendo
obtida durante os 6 meses seguintes ao início da terapêutica.
- Infecções de vias aéreas superiores e outras podem ocorrer, devendo-se ter cautela em pacientes
propensos a essas complicações, como em pacientes com DM.
- Biossegurança: Teria um perfil de segurança melhor em relação a outros anti TNF alfa.
- No entanto, os estudos em psoríase foram todos realizados com uma dose semanal de 50 mg e a
dose preconizada atualmente é de 100 mg por semana nas primeiras doze semanas.
Agentes anti-inflamatórios
- Corticosteroides tópicos.
- Compostos de alcatrão.
- Absorção comparativa com a de antebraço: região plantar: 15%, palmar 85%, couro cabeludo: 3,5
vezes, fronte: 6 vezes, vulva: 9 vezes, região escrotal: 42 vezes.
- Absorção: Aumenta muito na pele inflamada (exemplo: dermatite atópica), aumenta na pele com
descamação (exemplo: psoríase).
- Corticoides potentes em áreas extensas por logos períodos – maior possibilidade de efeitos sistêmicos.
- Efeitos adversos: Atrofia, telangectasias, tendência a equimoses, dermatite perioral, acne por
esteroide, hipopigmentação, hipertricose, aumento da pressão intraocular – quando administrados em
face, principalmente próximo de pálpebra, favorecimento de infecções.
- Clobetasol: Mais potente dos corticosteroides – usado em líquen plano, por exemplo; não usar em
crianças e quando em adulto, usar por pouco tempo e não em áreas extensas. Na psoríase, pode usar
shampoo de Clobetasol.
- Ácido salicílico: 3 a 6%, queratolíticos. Maior que 5% já destrói o tecido. Nas crianças, risco maior
de salicilismo (vômitos, confusão, zumbido, hipertermia, alcalose respiratória, acidose metabólica e
insuficiência de múltiplos órgãos).
- Ureia: Em creme ou pomada. Provoca amolecimento do estrato córneo, por ação higroscópica. 10
a 19% – hidratante. Concentrações a partir de 20% são queratolíticas (ictiose vulgar, hiperqueratose
palmo plantar e queratoses pilar).
- Podofilina: Para condiloma acuminado. Gera interrupção da mitose celular, efeito citotóxico. Em
tintura de benjoim coloidal (colódio elástico) a 25% por 2 horas. Efeitos adversos: Inflamação, erosão,
dor e prurido. Efeitos sistêmicos tóxicos se em área extensa e grande quantidade. Contraindicação na
gestação.
- Podofilotoxina pura: 0,5% em condilomas genitais, menor absorção, 2 vezes ao dia, faz por 3 dias
e pausa de 4 dias.
- Ácido aminolevulínico (ALA): ALA + irradiação pela luz = fotoquimioterapia. Solução tópica de ALA
a 20% sob oclusão por algumas horas seguido de exposição à luz. Dor e queimações intensas durante
a exposição. Edema, eritema e crostas que permanecem por várias semanas. Ação: precursor de
metabólitos fotossensibilizantes da porfirina e acúmulo de protoporfirina, que é fotossensibilizante, na
célula. Indicação: Áreas com grande quantidade de queratoses actínicas, “campo cancerizável” – área
específica muito fotolesada.
Agentes tricogênicos
- Minoxidil tópico: Indicação – alopecia androgenética masculina e feminina. Apesar de ser indicado
para alopecia androgenética, o Minoxidil não tem a capacidade de reverter a queda de cabelo de um
folículo que já se fechou, ou seja, após a queda de cabelo devido a uma calvície, o Minoxidil não tem
a capacidade de reverter essa perda, somente impedir a sua progressão. Ação: Reverte tendência a
miniaturização do pelo. Dose e uso: Concentrações de 2 a 5% em solução hidroalcóolica 2 vezes por
dia. Uso contínuo: Interrupção leva a recidiva, alguns meses após.
- Finasterida oral: Faz inibição da enzima da 5 alfa redutase, impedindo a conversão da testosterona
em di-hidrotestosterona (DHT). A di-hidrotestosterona é o andrógeno responsável pela alopecia nos
homens geneticamente predispostos. Apresentação: Comprimidos de 1 mg/dia 1 vez ao dia – para
tratamento de hiperplasia prostática benigna usa a dose de 5 mg. Indicação e efeito: Alopecia
androgenética masculina e precisa de cerca de 3 meses para iniciar o efeito. Não reduz a libido de
pacientes homens, porque quem é responsável pela libido é a testosterona e não a DHT.
Agentes anti-seborreicos
Anti-histamínicos
- Efeitos adversos: Sonolência, secura na boca, náuseas, vômitos, depressão medular e são
potencializados por álcool.
- Indicações usuais: Eczemas de contato e atópico, líquen simples crônico, líquen plano, urticária e
edema angioneurótico, farmacodermias, buloses, doenças do colágeno.
- Duração: De médio prazo (maior que 2 semanas) a longas terapias, retirada precisa ser gradual.
- Terapias prolongadas geram risco de tuberculose pulmonar: Necessidade de fazer raio X de tórax e
teste tuberculínico – PPD.
- Considerar morbidades pré existentes: DM, úlcera péptica, osteoporose (fazer acompanhamento
com ortopedista), hipertensão, insuficiência cardíaca, transtornos emocionais.
- Efeitos adversos (geral após 2 semanas): Síndrome de Cushing iatrogênica, úlcera péptica aguda,
pancreatite aguda (grave, porém rara), consumo de massa muscular, redistribuição de gordura
corporal, osteoporose, fraturas espontâneas, soldamento de epífises ósseas em crianças (cuidar com
uso de corticoide crônico em crianças em fase de crescimento), insônia, hiperglicemia, diabetes,
catarata e glaucoma.
- Escolha da dose: Gravidade da doença, idade, peso, comorbidades, condições gerais. Dose
imunossupressiva – a partir de 1 mg/kg/dia de prednisona. Preferência, se possível, pela dose única
matinal.
Anti-metabólitos
Anti-metabólitos - Metotrexato
Anti-maláricos
- Ligam-se extensamente aos tecidos, sobretudo aos que tem melanina (toxicidade ocular). Deve-se
fazer acompanhamento com oftalmologista, antes de iniciar o uso das medicações e com o uso delas
após.
Outros
Outros - Dapsona
Outros - Talidomida
- História: Fármaco sedativo retirado do mercado nos anos 60, devido a efeitos teratogênicos, depois
reintroduzido.
- Ação: Efeitos Imunomoduladores significativos, também tem efeito inibidor da angiogênese e anti
inflamatório.
- Indicações: Estudado seu uso em dezenas de doenças, clássicas – eritema nodoso hansênico, LES.
Questões 12
Antipsicóticos
Antipsicóticos típicos
- Tioxantenas: Zuclopentixol.
- Butirofenonas: Haloperidol (têm efeito colateral de acatisia e acinesia tardios, deixa o paciente
“travado”).
- Difenilbutilpiperinas: Pimozida.
Antipsicóticos atípicos
- Clozapina: É indicada para esquizofrenia resistente ao tratamento, sendo claramente mais eficaz do
que os demais antipsicóticos. Tem características singulares do ponto de vista farmacodinâmico; por
atuação em vários210 receptores, é considerada uma droga “suja”. Devido à tendência de causar
agranulocitose, precisa de acompanhamento hematológico. É excelente também para TDM associado
a quadros psicóticos.
- Risperidona: Recebeu a aprovação nos Estados Unidos para o tratamento da esquizofrenia em 1993,
e foi lançada no mercado norte-americano em janeiro de 1994. A aprovação para o tratamento de
curto prazo de episódios maníacos agudos ou mistos associados ao transtorno bipolar (TB) tipo I
ocorreu em 2003 e, para a irritabilidade relacionada ao transtorno do espectro autista (TEA), em 2006.
Tem no SUS, e é muito utilizada, assim como a Quetiapina. A Risperidona pode aumentar a prolactina,
fazendo galactorreia, por isso tem que dosar os níveis de prolactina.
- Quetiapina (QTP): Após a administração oral, a Quetiapina (QTP) é rapidamente absorvida com um
pico de concentração plasmática atingido em torno de 1 a 1,8 hora. É usada para o tratamento de
esquizofrenia, transtorno depressivo bipolar, episódios maníacos, exacerbação depressiva do TB,
prevenção de recaídas de exacerbações maníacas ou depressivas em pacientes bipolares que
responderam anteriormente à terapia com QTP, estabilizador do humor e como agente adjuvante de
outros antidepressivos para transtorno depressivo maior (TDM).
- Ziprasidona: Pouco utilizada no mercado brasileiro. A ziprasidona foi aprovada nos Estados Unidos
em fevereiro de 2001 para o tratamento da esquizofrenia, como uma alternativa de antipsicótico com
boa tolerabilidade. Menor frequência de efeitos extrapiramidais, pouca ou nenhuma elevação de
prolactina, nenhum ganho de peso significativo e nenhuma alteração adversa no metabolismo da
glicose ou dos lipídios caracterizam a ziprasidona.
- Aripiprazol: É um antipsicótico atípico com um perfil farmacológico um pouco diferente dos outros
atípicos. Ele é um agonista parcial dos receptores D2 e 5-HT1A, e tem as propriedades de antagonismo
5-HT2. O perfil farmacológico do Aripiprazol apresenta propriedades antipsicóticas, antimaníacas e
antidepressivas. Ele foi o primeiro fármaco aprovado para o tratamento adjuvante da depressão maior
unipolar, em 2007, pela FDA.
Brexpiprazol: Resultados de ensaios clínicos de longo prazo com brexpiprazol e análises adicionais
apontam esse fármaco como eficaz na manutenção do tratamento da esquizofrenia, com um perfil de
efeitos colaterais relativamente bem tolerados. No Brasil, a indicação do fármaco é como adjuvante
no tratamento do TDM, com dose recomendada de 2 mg uma vez ao dia. A dose máxima é de 3
mg/dia. Existem apresentações de comprimidos revestidos de 0,5, 1, 2 e 3 mg.
Estabilizadores de humor
- Lítio: É um dos principais psicofármacos utilizados no tratamento do TB. Em que pese o lítio ter sua
eficácia bem estabelecida no tratamento de alguns transtornos mentais, seu mecanismo de ação ainda
não é totalmente claro. Os achados científicos disponíveis apontam que o lítio pode atuar sobre a
liberação de neurotransmissores, cascatas de segundos mensageiros, apoptose celular, fatores
neurotróficos, metabolismo oxidativo e neuroplasticidade. Costuma ser iniciado em doses de 600
mg/dia, divididas em duas tomadas ou dose única na apresentação de 450 mg de liberação
prolongada, com litemia solicitada após sete dias de uso. O lítio é eficaz no tratamento da mania
aguda, sendo considerado opção de primeira linha em monoterapia pelo CANMAT, ou em terapia
combinada com alguns antipsicóticos atípicos. Efeitos terapêuticos do lítio relacionados à redução nas
taxas de suicídio foram descritos em estudo de metanálise que avaliou tanto essas taxas em pacientes
- Valproato: O ácido valproico foi sintetizado em 1881. À época, era usado apenas como solvente
orgânico. Apenas em 1963 se estudaram as propriedades anticonvulsivantes do valproato e, em 1966,
foram descritas suas propriedades como estabilizador do humor. O primeiro grande ensaio clínico que
mostrou os efeitos do valproato como estabilizador do humor foi publicado em 1994, atestando a
superioridade da molécula no tratamento da mania aguda em relação ao placebo e eficácia
semelhante à do lítio. No ano seguinte, a FDA aprovou o valproato para tratamento da mania aguda.
- O valproato é comercializado com diferentes apresentações: como ácido (ácido valproico), sal
(valproato de sódio) e proporção ácido-sal 1:1 (divalproato de sódio). Este último formato apresenta
liberação entérica, com pouca ocorrência de efeitos adversos gástricos. Há uma formulação do
divalproato de sódio que possibilita a cápsula ser aberta e o conteúdo misturado com alimentos
pastosos (apresentações de 125 mg). No mercado brasileiro há apresentações de valproato de 125,
250, 300 e 500 mg, além de formulações em xarope (50 mg/mL). Recomenda-se iniciar com 250
mg/dia, com aumentos a cada três dias até se chegar à dose de 750 mg/dia. As doses terapêuticas
oscilam entre 750 mg e 2.000 mg/dia. A apresentação de liberação imediata precisa ter as doses
divididas em 12/12 horas, e as de liberação prolongada permitem dose única diária. A realização do
exame para detecção da concentração de valproato sérico deve ocorrer 12 horas após a ingestão da
última dose da medicação.
- Carbamazepina: A carbamazepina foi sintetizada no final dos anos 1950, e, por ter desenho
molecular parecido com os ADTs, foi inicialmente utilizada como antidepressivo, mas sem êxito. As
propriedades anticonvulsivantes foram descobertas em 1963. O uso desta molécula como
estabilizador do humor foi feito inicialmente no Japão e de maneira quase que acidental, pois ainda
não tinham acesso ao lítio – o que já ocorria na Europa – e, ao observar os efeitos sedativos em
pacientes epilépticos que tinham comorbidade com TB, se teorizou que a carbamazepina também
poderia ser eficaz nesse grupo de pacientes, o que foi primeiramente evidenciado em estudo publicado
no início da década de 1970.
- A lamotrigina está disponível em 25, 50, 100 e 200 mg, comprimidos e comprimidos dispersíveis.
Com o intuito de amenizar o risco de reações adversas, especialmente rash cutâneo, deve-se iniciar
com 25 mg por dia (manhã ou noite), ajustando para 50 mg após duas semanas. Após a quarta semana,
os ajustes podem ser de 50 mg a cada sete dias, até se atingir a dose desejada. A dose máxima
recomendada para o uso em psiquiatria é entre 200 e 400mg/dia.
Ansiolíticos e hipnóticos
- As necessidades para o uso desse tipo de medicação podem surgir no cenário de um transtorno de
ansiedade ou de distúrbios do sono, perante outros diagnósticos psiquiátricos ou até mesmo em
circunstâncias transitórias consideradas não patológicas.
- Este grupo é composto por medicamentos de classes farmacológicas distintas, estando agrupados
devido aos seus efeitos e aos objetivos de sua utilização.
Benzodiazepínicos (BZDs)
- O primeiro BZD introduzido no mercado foi o clordiazepóxido, em 1960. A partir daí, vários outros
derivados foram sendo lançados, havendo, atualmente, no mundo, pelo menos 21 aprovados para o
uso clínico.
- Exercem funções ansiolíticas e hipnótico-sedativas, que comumente são as mais importantes para a
rotina da psiquiatria, entretanto, também têm propriedades anticonvulsivantes, relaxantes musculares
e de indução de amnésia anterógrada.
- Têm aplicabilidade em uma ampla gama de condições psiquiátricas e não psiquiátricas, e fazem
parte da rotina do médico especialista ou generalista. Considerando suas ações, podem ser indicados
em transtornos de ansiedade e fóbicos, agitação, agressividade, intoxicação por drogas estimulantes,
síndrome de abstinência de álcool, acatisia, insônia, espasticidade, epilepsia (e outras condições que
cursam com convulsões) e em procedimentos médicos que necessitam de sedação.
- Também há a possibilidade de se utilizar um esquema fixo, em que uma dose é administrada a cada
seis horas inicialmente, prolongando os intervalos com o passar dos dias.
- O Lorazepam administrado por via parenteral (IM ou mesmo intravenoso [IV]) costuma ser o maior
expoente para casos de agitação, entretanto, no Brasil, esse medicamento está disponível apenas para
administração oral.
- O Diazepam deve ser feito via EV, pois tem absorção errática via IM.
- Existe um perfil de efeitos colaterais que precisa ser considerado no momento da decisão prescritiva
e há necessidade de que sejam monitorados continuadamente durante o período de uso, que, de
preferência, não deve ser prolongado. Pode haver relatos de tontura, letargia, sonolência diurna,
efeitos residuais de longa duração, déficits cognitivos (memória, concentração e atenção), ataxia,
hipotonia, reação paradoxal, entre outros.
- Por essas alterações, os BZDs podem estar associados a prejuízos funcionais e aumento de risco de
acidentes automobilístico, de quedas e de fraturas.
- Apesar de ter sido levantada uma possível relação causal entre BZDs e demência de Alzheimer,
análises mais recentes concluíram que não há evidências que sustentem essa relação entre o uso dessa
classe medicamentosa (e das drogas-z) e o referido quadro demencial.
- São mais seletivos que os BZDs em relação às subunidades do receptor, atuando preferencialmente
nas subunidades α, de forma ainda mais importante na subunidade α1, resultando em uma ação
hipnótica mais específica sem repercussão ansiolítica relevante.
- Em decorrência dessa característica farmacodinâmica, ficou sugerido que podem ter menor
incidência de efeito residual no dia seguinte, ocasionando menos fadiga e disfunções cognitivas e
psicomotoras.
- Zolpidem: É uma imidazopiridina que atua nas subunidades α1 e α5 do complexo GABAA. De modo
mais relevante nos primeiros dias de uso (com tendência à diminuição com a continuidade), reduz a
latência para iniciar o sono, diminui os despertares noturnos e aumenta a duração e a qualidade do
sono; não modifica a arquitetura do sono em doses mais baixas e, em doses a partir de 10 mg, pode
diminuir discretamente o sono REM.
- Eszopiclona: É uma ciclopirrolona que recebeu aprovação da FDA para insônia inicial e de
manutenção, pela sua capacidade em melhorar esses dois parâmetros. Também há dados
evidenciando melhora da funcionalidade diurna em uso de até 12 semanas. Atua nas subunidades α1,
α2, α3 e α5 do receptor GABAA. Em idosos, aumenta o tempo do estágio II do sono não REM, sem
modificar os demais estágios. Entre os efeitos colaterais, cefaleia, gosto desagradável e nasofaringite
são os mais comuns. A Eszopiclona tem meia-vida mais prolongada que o Zolpidem (de liberação
imediata) e, portanto, é uma opção interessante para insônia de manutenção.
- Zaleplon: Pode aumentar em alguns minutos a latência para o início do sono REM. Foi evidenciado
que é capaz de gerar algum benefício para iniciar o sono e na qualidade do sono, mas não consegue
ser eficaz na insônia de manutenção, já que sua meia-vida é curta.
- Ramelteona: A Ramelteona recebeu aprovação pela FDA em julho de 2005, para uso em indivíduos
com dificuldade de iniciar o sono. É um agonista altamente seletivo para os receptores melatonérgicos
MT1 e MT2. A ação sobre MT1 proporciona sonolência, enquanto atuando sobre MT2 promove
sincronização do relógio circadiano. A afinidade sobre os receptores MT3 é bastante fraca, entretanto,
esse fato não parece impactar sua eficácia terapêutica, haja vista que esses receptores não parecem
estar implicados em ações hipnóticas e cronobióticas.
Questões 13
Caso clínico 26
- Caso clínico: Paciente do sexo masculino, 69 anos, tabagista de longa data, refere história de tosse
crônica e comparece à consulta com dispneia aos moderados esforços que começou há oito meses, e
que nas duas últimas semanas vem piorando (por vezes acontece em repouso).
- Identificação (ID): P.R.M., sexo masculino, 69 anos, casado, natural e procedente de Itaberaba,
Bahia, brasileiro, negro, católico, ceramista, com ensino fundamental incompleto.
- Queixa principal (QP): Paciente refere falta de ar que vem piorando há 8 meses.
- História da doença atual (HDA): Tosse crônica há 2 anos, geralmente seca, sendo algumas vezes
pouco produtivas, sempre associou ao cigarro, mas nunca procurou investigar. Relata também que há
8 meses vem apresentando dispneia aos moderados esforços, especialmente quando estava pegando
peso no trabalho. Essa dispneia veio piorando e, nas últimas duas semanas, vem acontecendo às vezes
até em repouso, impedindo-o de realizar suas atividades de vida diárias. Isso o fez afastar-se da fábrica
de cerâmica em que trabalhava. Não há nada que faça para melhorar os sintomas referidos. Chegou
a reduzir a quantidade de cigarros para 1 ao dia.
- Exame físico (EF): À ectoscopia, regular estado geral, emagrecido, LOTE, anictérico, acianótico,
longilíneo, dispneico com uso de musculatura acessória, sem alterações da marcha, descorado 1+/4+.
PA de 130/90 mmHg, FR de 26 irpm, PR de 100, temperatura axilar de 36.5, SpO2 de 89. Aparelho
respiratório - Tórax com aumento do diâmetro anteroposterior, taquipneico com respiração
prolongada, presença de tiragem intercostal e diminuição da expansibilidade, som hipertimpânico à
percussão, murmúrio vesicular presente, mas reduzido localmente e sem ruídos adventícios.
- O que chama atenção no caso dele? Tabagismo, profissão de ceramista, raça negra. Já dá uma ideia
do que vamos encontrar. Chama atenção a queixa principal dele, com a perda funcional no dia a dia
(ele relata estar cansado ao pegar peso).
- Quais hipóteses diagnósticas? DPOC, asma, bronquiectasias (é uma das supurações pulmonares, na
qual ocorrem alterações da árvore brônquica ao ponto de ocorrerem infecções de repetição), abscesso,
empiema pleural, insuficiência cardíaca. Como última hipótese, a tuberculose (faltou febre, sudorese,
expectoração amarelada).
- Raio-x de tórax: Campos pleuro pulmonares com transparência aumentada, cúpulas diafragmáticas
retificadas, seios costofrênicos livres, arcabouço costal apresenta aumento dos espaços intercostais,
mediastino sem alterações. Os achados radiológicos podem sugerir, em um contexto clínico mais
adequado, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
- Espirometria: Valor de capacidade vital de força (CVF) normal, volume expiratório forçado no
primeiro segundo (VEF1) abaixo do limite inferior. VEF1/CVF abaixo do limite inferior. Achados
espirométricos sugerem distúrbio ventilatório obstrutivo grave.
- Outro dado a favor de DPOC que não está aqui descrito é o “coração em gota”, que é quando fica
mais verticalizado. Também poderia ter uma “traqueia em bainha de sabre”. Em fases mais terminais
do DPOC há a formação de bolhas que podem ser vistas no raio-x.
- Asma brônquica é uma doença somatopsíquica (física que repercute na parte psicológica).
- Só que a definição mais correta é de que a asma é uma doença inflamatória crônica na qual ocorre
hiperresponsividade brônquica, limitação ao fluxo aéreo e reversibilidade com ou sem tratamento.
- A asma tem essa característica da reversibilidade, ou seja, a pessoa pode ter uma crise, por exemplo,
devido à inalação de uma fumaça e com o medicamento tem a melhora, que pode ser verificada pela
espirometria.
- A anamnese é focada também no sono, porque a maioria dos sintomas se manifestam de noite e têm
repercussão na qualidade do sono. Então, durante a consulta se pergunta “como é o seu sono?”. Por
ser uma doença somatopsíquica, deve-se abordar todos os aspectos de qualidade de vida do paciente.
- Predisposição e exposição: Sobre a carga genética, deve-se interrogar se os familiares têm algum tipo
de alergia, deve-se identificar as alergias (poeira domiciliar, animais, carpete, cortina devido aos
ácaros, pólens). No ambiente, fumaças e aerodispersores. Em países andinos (Peru, Bolívia, Equador)
era muito comum o uso de lenha, daí havia bastante exposição à fumaça. Depois a OPAS/OMS em
conjunto com um grupo de engenheiros desenvolveram um fogão que queimava material orgânico
sem gerar fumaça, e isso diminuiu bastante a prevalência de asma brônquica nos países andinos.
- A asma é uma doença inflamatória mediada por citocinas, e isso gera 4 situações - 1) Broncoespasmo,
2) Hipersecreção de muco (incolor, semelhante à clara de ovo, filamentoso), 3) Mudança na função
ciliar, 4) Alterações no epitélio e tecido adjacente (remodelamento brônquico, no qual haverá uma
obstrução fixa, em um contexto de não reversibilidade).
- Faço espirometria na crise da asma? Não, pois vai estar obstruído, mas pode fazê-la em um momento
seguinte. Pelo Peak Flow é bem fácil para avaliar, à beira do leito mesmo, e muitos pacientes têm o
seu Peak Flow e fazem análises seriadas para ver como estão ao longo do dia.
- Falta de ar, tosse noturna, sensação de aperto, desconforto respiratório, sibilos. Na tosse noturna,
deve-se pensar em diagnósticos diferenciais, como DRGE e em algumas verminoses (Mnemônico
NASA - Necator americanos; Ascaris lumbricoides; Stercoralis; Ancylostoma duodenal).
- Sintomas relacionados a fatores ambientais. Perguntar sempre ao paciente como é sua casa.
- História familiar: Asma ou outra atopia, como dermatite, rinite, alergia ao LV, etc.
- Lembrar que a reversibilidade está presente na asma brônquica e não está presente no DPOC, ou
pode estar presente em primeiro grau no DPOC.
- Pico de fluxo (Peak Flow) com queda de 20%, pensar que pode ter broncoespasmo sem sintomas.
- Controlar os sintomas por períodos mais longos. Perguntar como o paciente está e como ele quer
ficar. Focar na qualidade de vida.
- Observar os efeitos colaterais. Existem alguns mais comuns que veremos adiante.
- Melhora da qualidade de vida: Qualidade do sono, atividades de vida diárias, rendimento escolar
ou laboral.
- Sempre se viu a DPOC como uma doença que só podia ser medida pelo VEF1. Depois, com o estudo
GOLD, passaram a considerar outros fatores - fator funcional (VEF1), fator ambiental, qualidade de
vida e exacerbações.
- Definição: É uma enfermidade que pode ser prevenível e tratável com características de limitação
persistente ao fluxo aéreo de caráter progressivo e que se associa à resposta inflamatória pulmonar
anômala a partículas ou gases nocivos.
- Diferencia-se da asma por apresentar uma limitação persistente. Asma é reversível. Em comum, têm
a resposta inflamatória pulmonar.
- A gravidade da enfermidade para o manejo não está baseada somente na obstrução. A classificação
serve como preditora de eventos adversos futuros. Deve-se classificar em GOLD I, II, III e IV.
- Por exemplo, se um paciente teve uma infecção nesse ano, é muito provável que no ano seguinte
ele tenha novas infecções de repetição. E o contrário é válido.
- Custos: 45% com hospitalização, 40% com medicamentos e 15% com o diagnóstico (exames).
- São 3 doenças caracterizadas por obstrução do fluxo aéreo: Asma, e no espectro da DPOC tem-se a
bronquite crônica e o enfisema.
- Tem também o espectro intermediário e até mesmo concomitante à asma (as 3 condições ao mesmo
tempo).
- Alterações laboratoriais que podem indicar DPOC: Hipoxemia e acidose respiratória na gasometria,
aumento do hematócrito (hiperviscosidade sanguínea).
- VEF1: No GOLD, o VEF1 faz uma estratificação da doença, orientando o tratamento. Indivíduos com
VEF1 semelhantes tinham comportamento clínico e evolutivo diversos.
- A Global initiative for chronic Obstructive Lung Disease (GOLD 2020) determina que o diagnóstico
de DPOC deve associar o contexto clínico com a presença de VEF1/CVF pós-broncodilatador < 0,70
confirmando a presença de limitação persistente ao fluxo aéreo.
- Exacerbação: Um evento no curso natural da doença caracterizado pela piora da dispneia basal,
tosse e ou escarro anormal para o cotidiano do paciente de aparecimento agudo e que pode alterar o
tratamento regular.
- 80% das exacerbações são infecciosas (40-50% bactérias, 30-40% vírus, 5-10% bactérias atípicas).
- 20% das exacerbações são não-infecciosas (fatores ambientais e baixa adesão às medicações).
- Com a exacerbação, o paciente perde a função pulmonar progressivamente, depois, se ocorre outra
exacerbação, piora ainda mais a função pulmonar, piora na qualidade de vida, ocorre limitação ao
exercício e isolamento social. Novas exacerbações vão levar às hospitalizações. E este ciclo vai levar
o paciente à morte.
- Estudo ECLIPSE (NEJM, 2010): É importante, portanto, interromper esse ciclo, pois 71% dos pacientes
que apresentaram exacerbações no primeiro ano e segundo ano, eles também tiveram no terceiro ano.
É fundamental diferenciar os fenótipos.
- Resumo do diagnóstico de DPOC: Boa história clínica, espirometria mostrando o VEF1/CVF (IF) <
0.7, raio-x de tórax e dosagem de Alfa-1 antitripsina.
- mMRC: 0 é ausência de dispneia. 1 é quando tem dispneia ao andar rápido ou em rampa um pouco
acentuada. 2 é quando não acompanha outras pessoas ou tem que parar em passos próprios. 3 é
quando para antes de caminhar 100 metros. 4 é quando não sai de casa.
- GesEPOC (guia española de la EPOC): 1 é DPOC não agudizado (bronquite crônica e enfisema). 2
é misto (asma), havendo reversibilidade. 3 é DPOC exacerbador (enfisema). 4 é DPOC exacerbador
(bronquite crônica).
Broncodilatadores
Broncodilatadores - B2 agonistas
- Os agonistas dos receptores adrenérgicos Beta-2 (Beta-miméticos, Beta-2 agonistas) são um grupo
farmacológico de Broncodilatadores que atua sobre o sistema nervoso simpático para tratar a asma
brônquica e bronquite.
- B2 agonistas de longa duração (12 horas): Salmeterol e Formoterol. Não são de resgate. São para o
tratamento tanto da asma quanto do DPOC.
- B2 agonistas de ultra longa duração (12 a 24 horas): Indacaterol e Vilanterol. Não são de resgate.
Facilitam a aderência pois são usados a cada 24 horas. Melhora na qualidade de vida. Começa a fazer
efeito em 30 minutos.
- Broncodilatadores: Orais (causam taquicardia), aerossol, dispositivos em pó, EV ou SC. É mais usado
em aerossol e dispositivo em pó.
Broncodilatadores - Anticolinérgicos
- São antagonistas dos receptores muscarínicos, tendo ação broncodilatadora ao relaxar o tônus da
musculatura das vias aéreas. Demoram mais tempo para entrar em ação.
- A vantagem é que podem ser utilizados juntos com os B2 agonistas (sinergismo). A desvantagem
consiste no alto custo e efeitos colaterais.
Broncodilatadores - Xantinas
- Absorção é errática e fatores como idade, dieta e outras drogas podem influenciar na concentração
e disponibilidade plasmática.
- Aminofilina é EV.
- Na DPOC, existe um fenótipo que quando exacerbado não produz muito muco (exacerbação seca),
nesse caso não precisaria de corticoide, podendo fazer um B2 agonista ou um anticolinérgico.
- Paraefeitos: Agravamento do DM, HAS, gera síndrome de Cushing, osteoporose, alterações da pele
e déficit imunológico.
- De uso IM de depósito: BetaTrinta, Deadronal e Diprospan. Ação de até 30 dias de medicação que
fica na circulação.
- O uso inalatório é mais seguro e pode ser usado por bastante tempo.
Expectorantes
- Hedera helix: Fitoterápico indicado nos casos de tosse produtiva e não infecciosa.
Antitussígenos
- Nariz, seios paranasais, faringe, laringe, pleura, árvore traqueobrônquica, pericárdio, diafragma,
peritônio, esôfago, estômago e até mesmo no canal auditivo externo e membrana timpânica.
- Portanto, é um caso de DPOC, então é importante lembrar da história de tabagismo, dos fatores
ambientais. Saber que pode ser uma vertente inflamatória ou uma perda funcional. Lembrar dos fatores
de risco, fatores ligados à genética. É importante também o status econômico do paciente.
- Professor disse que pediram para que ele fizesse 6 questões para a prova.
Questões 14
Diabetes Mellitus
- Normoglicemia: Glicemia em jejum < 100; glicose TOTG < 140 e Hb glicada < 5,7%.
- DM estabelecido: Glicemia em jejum > ou = 126; glicose TOTG > ou = 200 e Hb glicada > 6,5%.
- DM tipo 1: Aproximadamente 10% dos casos (1 A: deficiência de insulina por destruição autoimune
das células beta pancreáticas comprovada por exames laboratoriais e 1 B: deficiência de insulina de
natureza idiopática).
- DM tipo 2: Corresponde a 85 a 90% dos casos. Perda progressiva de secreção de insulina combinada
a resistência à insulina. Geralmente após os 45 anos.
- Outros tipos específicos: Defeitos genéticos funcionais da célula beta (MODY, neonatal e
mitocondrial); defeitos genéticos na ação da insulina; doenças do pâncreas exócrino; endocrinopatias
(Cushing, acromegalia e feocromocitoma); induzidas por fármacos e agentes químicos (corticoide,
betabloqueador, diurético); infecções (hormônios contrarreguladores); outras síndromes genéticas
geralmente associadas ao DM.
Características
- DM1: início abrupto e sintomático, <10% pai e mãe com DM, 90% em jovens, obeso, normal ou
magro, 30-40% de cetoacidose no diagnóstico, anticorpos antipancreáticos positivos em 70-95%,
peptídeo C baixo ou indetectável.
- DM2: início lento com poucos sintomas, pai ou mãe com DM em 75-100%, <10% em jovens,
obesidade tipicamente presente, acantose nigrans (sinal de resistência insulínica), 5-25% de
cetoacidose no diagnóstico, hipertensão e hiperlipemia, sem anticorpos antipancreáticos, peptídeo C
normal ou alto.
DM1
- Associado a cetose.
- LADA: Diabetes autoimune de início tardio (latente autoimune diabetes in adults). Evolução é mais
lenta, não tem sintomas tão abruptos.
- Secreção estimulada: Glicose é o estímulo + potente, ocorre nos períodos prandiais, bifásica (pico
inicial + patamar sustentado).
- Outros fatores podem estimular a secreção de insulina: CCK, GLP1, acetilcolina (sinergia com
glicose), amplifica a resposta da célula beta.
Ações da insulina
História da insulina
- Insulina animal: Interesse histórico. A insulina suína difere da humana pela presença da alanina no
lugar da treonina na posição 30 da cadeia B. Não é mais usada. Pode desenvolver mais anticorpos.
- Insulina humana: Possui estrutura química idêntica à insulina humana; obtida por técnica de DNA
recombinante (engenharia genética) ou transpeptidação.
- Análogos da insulina: Compostos sintéticos obtidos por alterações na estrutura química da insulina
(troca de aminoácidos nas suas posições ou adição de novas moléculas) por técnica de DNA
recombinante. Mantém o poder biológico da insulina, mas alteram suas características físico-químicas.
- Glargina (lantus): Troca da asparagina pela glicina na posição 21ª e acréscimo de 2 argininas na
extremidade C terminal da cadeia B, formando micro-precipitados no subcutâneo liberando pequenas
quantidades de insulina continuamente, levando a um perfil de concentração/tempo previsível, sem
pico e suave, com duração de ação prolongada, 1x/dia.
- Detemir: Adição de um ácido graxo (ácido mirístico) no lugar da lisina na posição b29; com isso a
insulina pode ligar-se reversivelmente a albumina após injeção SC à absorção mais lenta e efeito
prolongado.
- Glargina u300: Mesma molécula da glargina U100; com farmacocinética diferente por concentrar
mais os agregados de hexâmetros no subcutâneo prolongando o tempo de ação.
- Glulisina: Asparagina substituída pela lisina na posição 3, ácido glutâmico no lugar da lisina na
posição 29 da cadeia B.
- Fast-Asparte (ultrarrápida): Insulina Asparte com adição de nicotinamida (vitamina B3), resultando
em absorção inicial mais rápida (5min), levando a um início de ação mais rápido e maior efeito
hipoglicemiante inicial comparado a Asparte.
Insulinas humanas
- Estrutura químicas idêntica à insulina humana, obtida por técnica de DNA recombinante (engenharia
genética) ou transpeptidação.
- Insulina NPH (Neutral Protamine Hegedorn): Insulina regular com adição de protamina em
proporções exatas com zinco e fenol, mantendo um pH neutro e formação de cristais que prolongam
a absorção e o tempo de ação. Não está pronta para aplicação, deve-se homogeneizar o frasco por
conta do precipitado.
Insulinas basais
- Hipoglicemia.
- Ganho de peso.
- Reações alérgicas: <1%, locais (eritema, endurecimento, prurido, ardência) ou sistêmica (+ raras:
urticária, edema de glote, choque anafilático).
- Outras reações cutâneas: Lipoatrofia (fenômeno imunológico, raro após introdução da insulina
humana), lipo-hipertrofia (aplicação repetidamente no mesmo sítio).
Objetivos da insulinoterapia
Automonitorização glicêmica
Metas no tratamento
- Hb glicada < 6,5% quando: Não aumentar o risco de hipoglicemia; não piorar a qualidade de vida;
não trouxer sobrecarga exagerada no cuidado com o DM; durante fase de remissão (lua de mel, pois
ainda tem produção residual de insulina).
Tratamento no DM1
- Objetivos: Mimetizar a secreção normal de insulina, atingir bom controle das glicemias, diminuir
complicações agudas (hipoglicemias/cetoacidose), prevenir complicações crônicas.
- Fator de sensibilidade (FS): Quanto 1U de insulina bolus reduz a glicemia após 2 horas de
administração. Regra 1800 - 1800/DTD (dose total diária de insulina, somando basal e bolus). Pode
variar de 1800 a 2100 conforme a idade (1800 adultos, 2000 crianças e adolescentes e 2100 bebês).
Já insulina regular 1500/dose de insulina. O FS é útil na redução das glicemias elevadas antes das
refeições ou a qualquer outro momento em que ocorrer hiperglicemia.
- Bolus de refeição (BR): Relação insulina/carboidrato - quantidade de insulina (em unidades) capaz
de metabolizar uma determinada quantidade de carboidratos (em gramas). Inicia com regra dos 500
(atualmente a SBD recomenda usar o valor de 400). Regra de 400 - 400/DTD. Relação varia
intensamente durante as 24h. Maior ao despertar (fenômeno de madrugada), diminui e permanece
estável até o fim do dia, eleva-se de novo ao entardecer e cai progressivamente até alcançar
necessidades menores de insulina durante a noite e a madrugada.
Caso clínico 27
- HDA: Menino, 13 anos, vem ao pronto atendimento com quadro clínico de poliúria e polidipsia há
2 semanas, perda de peso de 4kg. HMP não relevante.
- HMF: pais não consanguíneos, tio materno com DM desde 10 anos e atualmente com retinopatia
diabética e doença renal do diabetes; avô paterno DM desde 50 anos. Sem outros dados relevantes na
história clínica.
- EF: FC 102 bpm, FR 20mpm 36.7º C, PA 100/60 mmHg, estatura 155 cm (-0,22 DP). Peso 45 kg.
IMC 18,7 (+0,19 DP).
- Exames: Glicemia 280 mg/dL // Na 140 mEq/L // K 4,0 mEq/L // HCO3 18 mEq/L // pH 7,3.
- Tratamento: Basal/Bolus.
- Metas: Jejum e pré-prandial: 80 a 140 // 2h pós-prandial: <180 // Antes de deitar e madrugada: 100
a 150.
- Dose total diária de insulina: (0,4 a 1U/Kg/dia) à 0,7 U/Kg/ dia = 31,5 U/dia.
- Bolus: Contagem de CHO. FS: regra do 1800 (Pode variar conforme a idade - 1800 adultos; 2000
crianças e adolescentes e 2100 bebês). 2000/DTD = 2000/32 = 62,5 (podemos arredondar para 60
para facilitar). Cada 1U de insulina bolus reduzirá 60 mg/dL da glicemia após 2 horas da aplicação).
BR: 400/DTD = 400/32 = 12,5 (podemos deixar 15U é paciente virgem de tratamento).
DM2
- Mais um fator dentre os seguintes: HF de DM2 em parente de 1º grau, etnias de alto risco
(afrodescendentes, hispânicos ou indígenas), história de doença cardiovascular, HAS, HDL < 35, TGL
> 250, SOP, sedentarismo, acantose nigricans, pré-diabetes, história de DM gestacional, HIV.
- Deficiência/resistência incretínica.
- Hiperglucagonemia.
- Disfunção incretínica.
- Hiperglucagonemia.
Controle glicêmico
- Reduzir a hemoglobina glicada (HbA1c) para < 7%, promove diminuição dos desfechos
microvasculares (retinopatia, doença renal e neuropatia).
- Metformina: XR pode ser feita 1x/dia. A simples pode ser feita até em 3 vezes por dia.
- Pacientes com hipoglicemias graves tiveram maior risco de eventos cardiovasculares e morte.
- Reações alérgicas: Reação cutânea (prurido e eritema) no local da aplicação e raramente reações
sistêmicas (urticária e edema de glote).
- Paciente do sexo feminino, 44 anos, sem queixas e sem doenças associadas; histórico pessoal de
DMG e familiar de DM2 e HAS.
- Exames: Glicemia 108 mg/dL // HbA1c 5,8% // Cr 0,7 // CT 190 // HDL 40 // LDL 116 // triglicérides
170.
- Modificação do estilo de vida, incluindo redução do peso (pelo menos 5%) com dieta saudável e
aumento da atividade física.
- O uso da metformina, associado a medidas de estilo de vida, deve ser considerado na prevenção do
DM2 em adultos com pré-DM nas seguintes situações: idade menor que 60 anos, obesos com IMC
acima de 35 kg/m2, mulheres com história de diabetes gestacional, presença de síndrome metabólica,
com hipertensão ou quando a glicemia de jejum for maior que 110 mg/dL.
- ISGLT2 e os inibidores da DPP-IV não são considerados na prevenção do DM2, por falta de
evidências.
Caso clínico 29
- Paciente do sexo masculino, 54 anos, assintomático, hipertenso, com histórica familiar de DM2, HAS
e doença coronária prematura.
- Exames: Glicemia 165 mg/dL // HbA1c 7,4% // Cr 0,7 // CT 220 // HDL 40 // LDL 134 // Trigli 230.
- Tratamento no DM: A dose da metformina deverá ser reduzida em 50% quando a TFG estiver entre
30-45 e interrompida se a TFG e estiver abaixo de 30, devido ao risco de acidose lática.
- Paciente do sexo feminino, 60 anos, sintomática (cansaço, perda de peso, poliúria); HAS e
dislipidemia; história pessoal de DMG e familiar de DM2 e cardiopatia isquêmica precoce.
- Exames: Glicemia 300 mg/dL // A1c 9,7% // Cr 0,7 // CT 210 // HDL 38 // LDL 132 // Trigli 200.
Tratamento no DM2
- Em adultos não gestantes com diagnóstico recente de DM2, sem doença renal estabelecida, um
inibidor do SGLT2, com benefício renal comprovado deve ser considerado para a proteção da perda
de função renal.
- Em adultos não gestantes com DM2, sem doença renal crônica, o uso de GLP-1 RA com benefício
renal comprovado pode ser considerado para redução do surgimento de albuminúria.
- Em adultos não gestantes com DM2 sem doença cardiovascular clinicamente estabelecida, mas com
doença aterosclerótica subclínica detectada por método de imagem, devem ser considerados os
agonistas do receptor GLP-1 (GLP-1 RA) com benefício cardiovascular comprovado (Liraglutida,
Semaglutida e Dulaglutida) para redução de eventos cardiovasculares.
- Em adultos não gestantes com DM2, sem doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida,
inibidores do SGLT2 devem ser considerados para redução de eventos cardiovasculares
ateroscleróticos.
- Deve ser considerado o uso da empagliflozina ou da liraglutida, por estarem associadas à redução
de mortalidade cardiovascular.
- HbA1c acima da meta apesar da terapia dupla, é recomendada terapia tripla para melhorar o controle
glicêmico.
- HbA1c acima da meta apesar da terapia dupla, pode ser considerada prioritária a combinação de
metformina, inibidores do SGLT2 e agonistas do receptor GLP-1 desde que não haja contraindicações.
- HbA1c acima do alvo apesar da terapia tripla, é recomendado o uso da terapia quádrupla com
metformina, inibidores do SGLT2, agonistas do receptor GLP-1 e outro antidiabético oral ou com
terapia à base de insulina, para melhorar o controle glicêmico.
Introdução
- Antes: Infecções bacterianas fatais, ¼ dos pacientes cirúrgicos morriam de infecção, mulheres
morriam de febre puerperal.
- Fleming descobriu a penicilina quando estudava a bactéria Staphylococcus aureus, responsável por
causar infecções graves em ferimentos dos soldados. Estudos iniciaram-se em 1928, logo após Fleming
voltar da Primeira Guerra Mundial. Motivação - Estudar essas bactérias a fim de reduzir o sofrimento
dos feridos em guerra.
- Em 1945, Fleming, ao receber o Prêmio Nobel, alertou sobre a importância da resistência. Descreveu
a possibilidade de os microrganismos tornarem-se resistentes à penicilina, quando, em laboratório,
eram expostos a concentrações de antimicrobianos que não fossem suficientes para mata-los,
ressaltando que este mesmo fenômeno poderia ocorrer no corpo humano.
- Essa linha do tempo mostra que alguns antimicrobianos foram lançados em determinados anos e,
pouco tempo depois, ou até no mesmo ano, já havia detecção de resistência.
- Aumento da resistência: O projeto SCOPE mostrou que 60% das infecções primárias de corrente
sanguínea são causadas por bactérias multirresistentes.
- NHSN: 89% SCN e 59% S. aureus são resistentes à meticilina, 29% dos enterococos são resistentes
à vancomicina.
Conceitos
- Sinergismo: Associação de drogas melhorando a atuação dos antibióticos. Exemplo: Uma associação
de beta-lactâmico + aminoglicosídeo, ou sulfa + trimetoprim.
- Temos também uma classificação dos antibióticos em relação a serem hidrofílicos ou lipofílicos.
Sabemos que nosso corpo tem uma quantidade de água maior dentro das células. Se o antibiótico é
hidrofílico, ele tem um volume de distribuição limitado. Se é lipofílico, tem volume de distribuição
maior.
- Tempo-dependente: Concentração constante acima da MIC deve permanecer por 70% do intervalo
de tempo. Exemplos: Penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos.
Uso adequado
- Utilizá-las da melhor forma possíveis. Dose adequada, sítio adequado, tempo adequado, espectro
adequado.
- Qual é a diferença de estrutura básica entre elas? Gram positiva possui uma grande parede formada
de peptidoglicano, e a Gram negativa tem uma parede mais fina e possui uma membrana externa.
- O problema dessa membrana externa é que ela é o local onde as bactérias conseguem concentrar
grande parte dos mecanismos de resistência.
- Bactérias Gram positivas: Principalmente cocos e bacilos. Dos cocos tem o Staphylococcus e os
Enterococcus. Os Staphylococcus podem ser coagulase positivo (S. Aureus) ou coagulase negativo (S.
epidermidis, S. capitis, S. hominis). Dos Enterococcus tem o E. Faucium e E. faecalis. Dos bacilos, tem
a listeria monocytogenes e clostridioides difficile.
- Bactérias Gram negativas (Bacilos): Existem diversas Enterobactérias, outros tipos e bactérias não
fermentadoras de lactose.
Beta lactâmicos
- Ligação irreversível às PBP (penicilin-biding proteins). Ocorre então inibição da síntese da parede
celular. A quebra da parede peptidoglicano acarreta a lise da bactéria.
- Espectro G+: Streptococcus pyogenes, Viridans group streptococcus, alguns S. pneumoniae, alguns
Enterococcus, Listeria Monocytogenes.
- Resistência: Penicilinase.
- Resistência: Betalactamases.
- Espectro G+: Staphylococcus aureus MSSA, Streptococcus pyogenes, Streptococcus Viridans, alguns
Streptococcus pneumoniae, alguns enterococcus, Listeria monocytogenes.
- Espectro G-: Neisseria meningitidis, alguns Haemophilus influenzae, várias Enterobactérias e alguns
outros G-.
- Representante: Piperacilina.
- Resistência: Betalactamases.
- Espectro G+: Staphylococcus aureus MSSA, Streptococcus pyogenes, Streptococcus Viridans, alguns
Streptococcus pneumoniae, alguns enterococcus, Listeria monocytogenes.
- Anaeróbios também.
- Por possuírem dois radicais, uma maior variedade de Cefalosporinas foram desenvolvidas.
- Excreção: Renal, fazer ajuste para função. Cefpiramida e Cefoperazona têm excreção hepática.
- Maior penetração no SNC: Cefotaxima, ceftriaxona e cefepime. Boa indicação para meningite.
Glicopeptídeos
Glicopeptídeos - Vancomicina
- Somente BGN.
- Resistência intrínseca: Burkholderia cepacia, Serratia marcenses, Moraxella catarrhalis, Proteus spp,
Providencia spp e Morganella morganii.
- Somente CGP.
- Impedem a utilização normal pelas bactérias para síntese de ácido, bases purínicas e pirimídicas ->
Ácidos nucleicos = Bacteriostático.
- Sulfametoxazol-Trimetoprim.
- O cromossomo bacteriano é formado por uma única e longa molécula de DNA, bem compactado
pela topoisomerase II (DNA-girase) e IV.
- Inibem as topoisomerase -> DNA com espirais relaxadas, ocupando grande espaço na bactéria.
- Metronidazol.
- Ativado por processo de redução por proteínas de baixo potencial de oxirredução (exclusiva de
anaeróbios).
- Grupo NITRO atua como receptor de elétrons levando à liberação de compostos tóxicos e radicais
livres que atuam interferindo no DNA = Bactericida.
- Aderem à superfície bacteriana e entram na célula por transporte ativo dependente de ATP e O2.
- Bactericida.
- Concentração dependente.
- Entram na célula por transporte ativo -> ligam-se à subunidade 30S do ribossomo -> bloqueia síntese
de RNAt impedindo a síntese proteica = BACTERIOSTÁTICO.
- Liga-se à subunidade 30S do ribossomo e bloqueia a entrada de moléculas aminoacil RNAt no sítio
do ribossomo -> inibe a tradução proteica = BACTERIOSTÁTICO.
- Inibem a síntese proteica dependente de RNA através da ligação na subunidade 50S do ribossomo,
impedindo reações de transpeptidação e translocação = BACTERIOSTÁTICOS.
- Liga-se subunidade 50S -> inibe formação de pontes peptídicas -> cadeias proteicas incompletas =
BACTERIOSTÁTICO.
Oxazolidinonas
- Ligação à subunidade 50S -> Inibe ligação do RNAt, impedindo o início da formação do complexo
peptídico = BACTERIOSTÁTICO.
Caso clínico 31
Caso clínico 32
Caso clínico 33